Revista Universitária de Psicologia - Fevereiro 2021

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RUP

Revista Universitária de Psicologia VOL.1/21

FEVEREIRO 2021

ELEIÇÕES DA OPP OS PROJETOS DAS LISTAS A E B ATUAL BASTONÁRIO RECONDUZIDO

ENTREVISTA FRANCISCO MIRANDA RODRIGUES AS SUAS PAIXÕES O AMOR POR PSICOLOGIA A SUA RECANDIDATURA A SUA OPINIÃO DA PSICOLOGIA EM PORTUGAL

VACINAÇÃO AICMOFOBIA - MEDO DE AGULHAS MOVIMENTO ANTIVACINA EM QUE FASE VAIS SER VACINADO?


Nota editorial

Vamos lá. Força e coragem! Encaremos 2020 como uma espécie de gap year

ao contrário. Em vez de partirmos à descoberta do mundo e de nós próprios, ficamos em casa, por nós e por todos. Não é seguramente um ano que encerre um rol de memórias e histórias inesquecíveis, mas é o ano em que testamos limites, resistências e medos. Um ano que, felizmente, chegou ao fim. 2021 é uma ardósia em branco. Com total consciência de que a magia é ilusão, não estamos à espera de que surjam cartas da manga que resolvam problemas, nem coelhos da cartola que consigam combater males maiores. O alívio que sentimos com a chegada do novo ano é mesmo só o desejo de algo diferente – e melhor, claro. É esse desconhecido (desejado por ser o contraponto a algo negativo) que temos à vista. Mas enquanto celebramos a chegada de 2021 – reminder: a vossa edição nº3 da RUP está aqui! E, como está frio lá fora, recolham-se na vossa companhia e descubram como correram as eleições para o bastonário da Ordem dos Psicólogos e todas as atividades que a ANEP desenvolveu num ano tão exigente!. Além disso, fizemos e embrulhámos só para vocês uma entrevista exclusiva que vos vai dar todo o ânimo para enfrentar os próximos dias: ao incrível Francisco Miranda Rodrigues, psicólogo, especialista em Psicologia do Trabalho, Social e das Organizações e em Psicologia da Saúde Ocupacional, atualmente, bastonário da OPP.

Tenham um excelente 2021. RITA LEITE


Administração

Administrador José Baptista

Dpt. Gestão Dpt. Científico e Revisão Dpt. Editorial Catarina Venda Duarte Tavares Rita Leite

Colaboradores Departamento Gestão Margarida Farinha, PSICUBI

Colaboradores Departamento Editorial Ana Loureiro, AEFPCEUP Ana Mateus, NEPCESS-AAC Carlota Inês, AEFPCEUP Karen Moniz, AEFPCEUP Vítor Luz, AEFPCEUP

Colaboradores Departamento Científico e de Revisão Gonçalo Pereira, NEPCESS-AAC Inês Duarte, NEPCESS-AAC Isabel Moio, NEPCESS-AAC Joana Pereira, AEFPCEUP Paulla Amaral, NEPCESS-AAC Tatiana Matias, NPUÉ


Índice NOTA DO EDITOR Nota editorial

02

ENTREVISTAS Entrevista com o Bastonário Francisco Miranda Rodrigues

05

ARTIGOS Psicólogos

12

Adaptação: passar da vida Académica para a Profissional

14

A vacinação em Portugal já começou, não tenha medo

16

Eleição da Portuguesa

Ordem

dos

Um ano exigente, uma ANEP exemplar

18

CALENDÁRIO DE EVENTOS Calendário de Eventos

20


RITA LEITE & JOSÉ BAPTISTA

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ENTREVISTA COM FRANCISCO MIRANDA RODRIGUES PSICÓLOGO E BASTONÁRIO DA OPP

Revista Universitária de Psicologia (RUP): Comecemos por o conhecer um pouco. Quem é o Francisco, quais são as suas paixões e o que é que o levou à Psicologia? Francisco Miranda Rodrigues (FMR): Eu vou parar à Psicologia a partir do contacto com a disciplina no ensino secundário. Devido ao contacto com essa disciplina, lá me passou pela cabeça que gostava dos temas, que me fascinava aquela ideia um bocado mágica de perceber como é que os outros pensavam e porque é que os outros se comportavam assim. Na altura, era uma ideia um pouco mágica, hoje em dia continuo com esse fascínio, mas numa forma já terra a terra. Depois, eu sou alguém tido como - e eu vejo-me assim - muito persistente. Já dei assim trambolhões grandes na vida, já tive perdas significativas de vários níveis e, enfim, até agora costumo-me levantar. Portanto, tenho também o hábito de dificilmente largar aquilo que estabeleço como objetivos, independentemente de depois ter ou não sucesso em alcançá-los, porque para alcançar muitos deles, significa que houve muitos outros que não consegui alcançar. Apaixono-me muito pelas coisas que faço e talvez tenha até, mais hoje em dia, alguma dificuldade, não quer dizer que não as faça e não as faça de uma forma profissional, mas tenho já uma dificuldade em fazer coisas que não me sinta apaixonado para as fazer. Mas, se olhar para trás, sempre foi uma característica, sempre me envolvi muito a fundo em tudo, desde a infância. Tenho contado esta história ultimamente, a pessoa que foi minha madrinha de curso na Faculdade, a Susana Patrício, estava a tentar desafiar-me para participar na Associação de Estudantes de que ela fazia parte lá na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação de Lisboa e eu dizia-lhe que não, porque tinha uma péssima imagem, de que as pessoas não trabalhavam pela realização das coisas, andavam mais era em festas e

noutras coisas e eu não me revia nada nisso e ela disse-me uma coisa que me ficou para sempre: que também concordava comigo, mas que ela estava lá dentro a tentar mudar as coisas, era a diferença entre nós. E isso marcou-me e acabei por ir trabalhar com ela e, no ano a seguir, passar a ser membro da direção que ela presidiu e depois ser Presidente da Associação de Estudantes e depois a coisa nunca mais parou, de uma forma ou de outra, estive sempre envolvido em projetos associativos. Uns mais a nível local, uns mais a nível nacional, outros até com alguma dimensão de projeto europeu. Criei uma associação a nível local que ainda hoje existe hoje já com amplitude regional, que se chama Académico de Torres Vedras, que já fez 25 anos, foi criada em 1995 e eu fui um dos fundadores, sou o sócio número 1 e com muito orgulho e estive envolvido, a propósito disso, na Federação Nacional de Associações Juvenis e acabei por estar envolvido na negociação europeia daquilo que viria a ser o Livro Branco das políticas de juventude da União Europeia. Fiz durante dois anos um trabalho que me fez correr várias cidades europeias nessa negociação. Essa questão do dirigismo associativo sempre esteve presente na minha vida em termos muito práticos, foi algo que me marcou sempre durante estes anos. Preciso disso, gosto de facto. A Ordem… chegar a contribuir


PÁGINA 06 para a criação da Ordem foi uma coisa e fazer parte dos seus orgãos sociais também foi uma coisa, outra coisa já bem diferente foi quando me candidatei a Bastonário pela primeira vez. Não veio na mesma linha, não teve, na altura, um fio condutor, não estava claramente nos meus planos, já estava até a fazer outras coisas para sair do projeto da Ordem nessa altura. RUP: Entrando nesse ponto, pedia-lhe que olhasse para o mandato 2016-2020 e perguntava-lhe: que balanço faz destes quatro anos e o que o levou a recandidatar-se? FMR: O balanço que eu faço é muito positivo naquilo que diz respeito a conquistas face ao trajeto. Ou seja, são quatro anos de dez anos de órgãos sociais e, portanto, quando comparado, julgo que fizemos muito e bem. Claro que não fizemos tudo nem tudo bem, mas fizemos muito e bem e acho que seria difícil uma equipa poder fazer um balanço realisticamente e no concreto tão rico quanto aquele que nós acabamos por conseguir desenvolver. Acho que tínhamos um bom projeto, um bom programa e, portanto, bastante ambição, e acho que realizamos a esmagadora maioria daquilo que nos comprometemos a realizar. Se, por um lado, nós tínhamos a visão que nos permitiu construir uma Ordem com as condições para fazer face aquilo que fosse necessário a cada momento, também construímos uma Ordem que estivesse sempre capaz de estar pronta para aquilo que não controlávamos. E fomos capazes de aproveitar oportunidades que não fomos nós que as fizemos surgir. Coisas como a crise dos incêndios ou esta pandemia terem-se tornado oportunidades, não foi por acaso, podiam ter sido simplesmente problemas, obstáculos. Foram oportunidades, porque nós as transformamos em oportunidades. Para isso, não foi importante só o que nós fizemos nesses momentos, mas também aquilo que fizemos muito antes para termos uma Ordem com a preparação para dar essa resposta. Por isso, faço um balanço muitíssimo positivo, tenho muito orgulho do trabalho realizado, tenho muita satisfação com o trabalho de muitas pessoas que estiveram nos órgãos sociais neste quatro anos e que contribuíram para isso. Também tenho muito orgulho na equipa de funcionários da Ordem, que vai muito para além

de serem funcionários da Ordem, são pessoas que vestem a camisola e que são ótimos profissionais. E, mais, também fico satisfeito de termos conseguido fazer isso sem abdicar dos princípios que defendemos desde o início. Nós defendemos em todos em todos os processos eleitorais em que estive envolvido que não me candidatava a Bastonário para uma Ordem com menos recursos, que investisse menos, que comunicasse menos, que tivesse menos gente disponível para fazer o trabalho político de influência ou de terreno de proximidade com os Psicólogos e, para fazer isso, é preciso garantir que as pessoas têm essa disponibilidade, que abdicam daquilo que é um percurso profissional numa determinada altura para o fazer. E estar disposto a assumir que isso tem um custo, sempre defendi que deveria ser um princípio de que não se deveria abdicar e nem sempre foi assim. Se hoje em dia se discute se isso é muito ou pouco, há quatro ou há sete anos o que se discutia era se isso devia acontecer sequer. Eu sempre tive a mesma posição que tenho hoje, eu julgo que os Psicólogos e também os seus representantes devem ser pagos de acordo com as suas responsabilidades e o trabalho que exercem. É a valorização que precisamos de fazer, sempre foi algo que nós trabalhamos para garantir e essa estratégia levou a que nós conseguíssemos responder muito rapidamente a tudo o que precisamos até hoje e que conseguíssemos ter pessoas muito qualificadas e com percursos profissionais distintos, mas muito ricos, portanto, pessoas muito competentes e com provas dadas à frente de várias áreas da Ordem dos Psicólogos. Estou muito satisfeito com isso. Nunca se abdicou desse princípio nem de princípios que tem que ver com a Ordem. Por muito que isso até fosse popular, a Ordem até hoje não se transformou numa coisa que, legalmente, está impedida de o ser e nunca teve a tentação a que outros já sucumbiram de se tornar uma espécie de sindicato encoberto. Nós cumprimos com o que está na delegação de competências do Estado. É uma Ordem que está ao serviço da profissão é certo, mas em que o desenvolvimento da profissão não é um fim em si mesmo, o desenvolvimento da profissão está ao serviço de fazer chegar às pessoas que necessitam dos serviços de Psicologia os melhores serviços e o maior acesso possível aos serviços prestados pelos Psicólogos.


PÁGINA 07 É esse o desígnio que nos foi confiado pelo Estado, não é o desígnio que compete a outras organizações, como aos Sindicatos, que é a defesa de melhores condições laborais, uma melhor remuneração. Isso tudo é importante, isso tudo é necessário, e os Psicólogos enquanto classe têm muitos problemas associados a essas dimensões, mas a competência para qual foi criada a Ordem não foi essa. A Ordem pode contribuir para isso, para a valorização da profissão, pelo reconhecimento que é dado pela sociedade e pelo poder político ao trabalho dos Psicólogos e pelo contributo pela maior qualificação contínua e para a excelência do trabalho ao nível do exercício profissional, que acabará por contribuir para a valorização profissional. É por esse caminho que as Ordens poderão contribuir, não é por um caminho que até nos está vedado por lei. Portanto, nós não sucumbimos a isso e estou muito orgulhoso. Existiram três coisas que me levaram a recandidatar. A primeira, foi o facto de existir um conjunto alargado de colegas que insistiram durante bastante tempo para que eu considerasse a minha recandidatura. Não estou a dizer que fosse a principal, mas foi a primeira em termos temporais. Depois, foi também importante o facto de eu fazer uma avaliação positiva do trabalho que realizamos e de sentir que havia muito mais para lançar para o futuro da profissão e para que as pessoas tivessem esse acesso melhorado ao serviço dos Psicólogos. E o facto de estarmos numa crise pandêmica, dava pouco espaço para a meio passar as responsabilidades para outra pessoa. Enfim, seria possível, mas é um contexto mais difícil para o fazer e isso também contou. RUP: Devido à situação de saúde pública que vivemos, a campanha foi quase exclusivamente online. Sente que, ainda assim, foi o suficiente para que os Psicólogos ficassem esclarecidos sobre os projetos apresentados? FMR: Os Psicólogos que quiseram, sim, acho que foi suficiente para ficarem esclarecidos. Mas, a verdade é que houve uma baixa participação eleitoral. Claro que, quando comparamos com outras Ordens ou com outros atos eleitorais de outra natureza ou quando consideramos aquela que tem sido a melhoria permanente até podemos considerar não

ter sido assim tão mau. De facto, há cada vez menos abstenção. Em todos os atos eleitorais da Ordem, tem crescido a participação, mas isso não apaga, para mim, o facto de haver uma percentagem de Psicólogos que decidiram não participar no ato eleitoral. E haverá várias razões para isso. Há gente que não votou porque, porventura, estava tão insatisfeita que achou que não devia votar, outros que não votaram porque acharam que não vale a pena, porque o voto não conta para nada. Há muitas razões para as pessoas não votarem. O que não deixa, para mim, de ser triste. E eu disse isso na minha primeira mensagem após os resultados eleitorais, pese embora a melhoria que existiu, não deixa de ser triste que continue a existir uma abstenção tão grande. O lado positivo disto é que nós, ao contrário das eleições que existem no país para os órgãos de soberania, a nossa abstenção tem vindo a descer, é o único aspeto positivo para o nosso lado. RUP: Durante os contatos que foi tendo ao longo do mandato anterior e durante a campanha, há alguma lição que tenha retirado ou algo que tenha sentido que estava a faltar fazer pela Ordem? FMR: Há sempre aspetos que surgem nas campanhas, mas acaba por ser muito mais determinante, pelo menos para mim, aquilo que fui sentindo ao longo dos anos no contacto que ia tendo com os Psicólogos e com os decisores políticos, e naquilo que eles relatavam como sendo as suas situações e aquilo que podiam ser os contributos da Psicologia e dos Psicólogos, e no que vemos no terreno, nas visitas aos seus locais de trabalho. Coisas como a determinação por parte do Governo de que os serviços de Psicologia devem ser autónomos, que foi algo conquistado durante este mandato, nasceu de um processo que teve uma consulta a muitos Psicólogos por todo o país, sobre os contributos que a profissão podia dar para a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS). E, nesse trabalho, que coordenei quando ainda estava em funções anteriores na direção, ouvi muitos Psicólogos pelo país e aprendi imenso, permitiu-me perceber no SNS quais os obstáculos que existiam a que determinado tipo de papel fosse


PÁGINA 08 assumido pelos Psicólogos. Isto vem como resposta a alguns desse bloqueios que eram sentidos e daquele que é o contacto, seja nos locais, seja quando são pedidas reuniões à Ordem. Por exemplo, durante o processo que existiu para a vinculação dos precários ao nível das escolas, mesmo sendo uma matéria laboral, que não nos cabe ter um lugar assegurado para a sua discussão, como já eramos um interlocutor muito credível junto do Governo na área da educação, houve sempre o cuidado de nos manterem a par. Nós fizemos um trabalho essencial de informação a ambos, permitindo aos Psicólogos que, não encontrando outra via de o fazer, tivessem junto da Ordem forma de expressar os seus receios, as suas dúvidas e pudemos informar-nos junto do Ministério, passar essa informação para os Psicólogos e ajudar com isso a que muitas situações fossem corrigidas e que outras situações fossem evitadas. Aprende-se muito nestes contatos, porque percebe-se exatamente o que está a falhar e quais são as principais dificuldades. Há, por vezes, dificuldades que estão para lá da capacidade da Ordem resolver. Para dizer uma que aflige boa parte da profissão, uma maior precariedade é algo que existe na sociedade portuguesa em geral, é uma tendência de como a sociedade e a economia funcionam hoje em dia, como o mercado de trabalho funciona, ou seja, não é uma coisa que seja um problema dos Psicólogos especificamente. Os baixos salários, não são um problema só dos Psicólogos, são um problema do país e que se inverte, mas eu julgo que se inverte com esforço e com tempo. Os Psicólogos já tiveram muitos mais problemas de desemprego do que aqueles que têm hoje e sem resolver o problema do desemprego, é difícil resolver o problema dos baixos salários, porque significa que existe muita oferta para uma procura que é muito inferior e isso baixa os salários. Para criar muito mais oferta de trabalho, os portugueses todos têm que querer Psicólogos, têm que perceber quais são os benefícios, para que depois o poder político sinta a pressão disso. E nós temos que esclarecer e informar, que contribuir para uma maior literacia em saúde psicológica. Isso não é um trabalho que esteja alguma vez acabado e, certamente, é uma coisa que dá frutos ao longo do tempo. Hoje já começamos a ver frutos, mas esse é um trabalho que demora, para inverter uma coisa

"OS PORTUGUESES TODOS TÊM QUE QUERER PSICÓLOGOS, TÊM QUE PERCEBER QUAIS SÃO OS BENEFÍCIOS" que é uma característica do país. O que nós estamos a querer fazer é crescer na profissão mais depressa do que no país, mas estamos sempre dependentes da economia do país. Se nós tivermos uma economia do país durante anos em queda, só se nós começassemos a ser vistos como uma espécie de magos é que iriamos passar a conseguir ganhar significativamente mais. Essa é uma noção que todos temos de ter, embora isso não nos deva fazer deixar de lutar e de trabalhar para mais reconhecimento, valorização e, para isso, uma visibilidade positiva, que seja associada a credibilidade e a profissão, até hoje, julgo que tem escolhido esse caminho, de querermos uma visibilidade pela construção, por propostas que sejam para construir um melhor futuro para todos. E o desafio que esta equipa aceitou foi de construir um programa que tenha uma visão para o país, inserido no mundo de hoje global. Uma visão que coloque os Psicólogos na resposta aos maiores desafios societais que o mundo tem hoje. Isso não é uma utopia, é feito no terreno hoje pelos Psicólogos, mas nós temos que dar visibilidade. E vai muito para além daquilo que são as áreas tradicionais e mais conhecidas do trabalho dos Psicólogos. A paz, as desigualdades, a sustentabilidade e à crise climática,… RUP: Eu gostava agora de passar para dois temas que são caros aos nossos leitores. Em primeiro lugar, o ano profissional júnior. Sente que foi possível dar um tratamento justo aos que estavam e aos que estavam a realizá-lo quando surgiu a pandemia? FMR: A questão da justiça é sempre relativa. Nós tentámos fazer o melhor possível em condições que nunca ninguém tinha lidado com elas. Mas conseguimos fazer uma coisa: todas as situações foram tratadas de forma bastante personalizada. Os números que nós temos demonstram que as


PÁGINA 09 situações em que houve dificuldade de retoma do ano profissional júnior foram muito poucas. Estamos a falar de um número – não o quero precisar, porque não o tenho de cor – mas estamos a falar de situações que não ultrapassarão as duas dezenas. E todas elas foram acompanhadas da forma mais personalizada que tenha sido requerida pelos próprios e nos casos que detetamos que estava a demorar ainda mais tempo, o que fizemos foi ter a iniciativa do contacto para saber o que estava a acontecer. Portanto, eu julgo que no que nos diz respeito tudo fizemos para garantir que se reduziriam os danos – porque é disso que estamos a falar – que existiriam numa situação deste tipo. E nesse sentido, julgo que fizemos tudo que estava ao nosso alcance, mas com a consciência de que a pandemia afetou os anos profissionais juniores e afetou o início de novos anos profissionais juniores, particularmente nos meses de abril, março e finais de agosto / início de setembro. Os números que temos hoje em dia dizem que, apesar de tudo, se fez uma grande recuperação; que apesar de tudo, se conseguiu reduzir prejuízos. Agora, há perdas e não é um ano igual aos outros e não é um ano com o mesmo número de anos profissionais juniores que tínhamos vindo a conseguir nos anos recentes. RUP: O outro grande tema é sobre a formação dos psicólogos. Recentemente a legislação forçou a que se acabassem os mestrados integrados. Como é que a OPP acompanhou este processo e, visto que para entrar na Ordem é necessário o mestrado, parece-lhe proporcional esta decisão? FMR: Nós pronunciámo-nos sobre isso junto do Ministério e, aliás, eu cheguei a ter uma reunião com a Senhora Secretária de Estado do Ensino Superior, na altura. Nós acabámos por nos pronunciar no sentido daquilo que tínhamos falado com as universidades, na altura, e pronunciámo-nos mostrando alguma preocupação – é um documento que é público, portanto pode ser consultado no repositório que tem a documentação que vamos produzindo e pareceres que vamos fazendo – por um lado, mostrando preocupação naquilo que poderia estar na origem disto e por alguma confusão que poderia ter origem com o fim destes mestrados integrados, mas fizemos isso num equili-

brio com uma outra situação. A maioria da formação existente antes do fim dos mestrados integrados era uma formação que, em si, não era uma formação de mestrados integrados. E, portanto, o histórico de acesso à Ordem sem qualquer tipo de problemas por essa via já acontecia há alguns anos e continuará a existir. A questão é que quem pretende aceder à OPP conseguirá obter os requisitos necessários do segundo ciclo em instituições diferentes. Mas continua a ter que o fazer e a ter que o fazer em ciclos reconhecidos pela agência. Mas isso também já acontecia. Portanto, nem tudo foi novo. Foi novo para algumas universidades. Não foi novo para a maioria e, portanto, tivemos uma posição que tentou refletir preocupações, mas no equilíbrio da relação com as várias universidades. E isso foi, aliás, muito compreendido. O que importa, neste momento, é que existem requisitos muito claros, que não estão em causa, para o acesso à profissão. RUP: Como é que perceciona o estado da Psicologia, hoje em dia, em Portugal? FMR: Por um lado, acho que é mais ou menos consensual que nunca se deu tanto destaque à Psicologia e aos psicólogos em Portugal. Quem quiser perguntar aos nossos colegas das organizações de psicólogos de outros países, em todo o mundo, que tenham contacto connosco, sobre como é que eles veem a Psicologia e os psicólogos em Portugal, certamente ficará muito orgulhoso de ser um psicólogo português e isso dáme uma grande satisfação. O nosso trabalho enquanto organização representativa dos psicólogos é um trabalho muito reconhecido genuinamente lá fora e, hoje em dia, conseguimos ser parceiros ativos de organizações como, p.e., a APA. Não há muitas organizações que possam dizer que foram parceiros da APA a organizar eventos globais. Aliás, não sei se há alguma para além de nós. Se nós estivermos a olhar para aquilo que são os nossos problemas do dia a dia, isso não nos diz nada, porque isso não resolve nenhum problema do nosso dia a dia. Mas se quisermos olhar de uma forma distanciada para o que é que isso significa, acho que podemos estar todos muito orgulhosos daquilo que fizemos num curto espaço de tempo em que existe profissão –


PÁGINA 10 organizada ou não – em Portugal, um período de tempo onde tivemos um boom de formação de psicólogos durante muito tempo sem que isso correspondesse a alguma valorização especial da profissão, desenvolvendo a precaridade e o desemprego, embora essa formação, por ser em quantidade, contribuir para que a Psicologia e os psicólogos chegassem a muitos sítios. Mas do ponto de vista coletivo, isso também deixou um rasto de dificuldades para conseguir realizar o seu projeto de vida. Somos pessoas como as outras e temos esses desejos e necessidades. Isso é um aspeto que eu saliento. Por outro lado, quem já alguma vez trabalhou comigo sabe que eu sou impaciente face às coisas que ainda não estão feitas, e há tanta coisa por fazer... Muitas delas que a nós nos parecem óbvias, mas que acabaram por não acontecer embora tenha sido feito um esforço grande para que elas acontecessem. E isso impacienta-me, particularmente quando vejo que temos muitas pessoas formadas que ainda não podem dar o seu

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contributo porque não lhes são dadas as oportunidades ou por que, à saída da sua formação de base, não têm as ferramentas necessárias para construir oportunidades. Portanto, eu não embarco no discurso facilitismo ou de responsabilização de terceiros. Nós temos responsabilidades nisto. Nós temos a nossa enquanto Ordem para criarmos oportunidades. Eu recuso a ideia de que o ano profissional júnior seja um obstáculo. A questão que se coloca é: há oportunidades de trabalho? A questão de que uma pessoa quando agarra um trabalho, esse trabalho ser o seu ano profissional júnior, isso não é um problema. O que é um problema é se não existir trabalho. A razão de deixarem de se chamar “estágios profissionais” para passarem a ser designados por “anos profissionais juniores” é precisamente porque estamos a falar de profissionais. E, portanto, as empresas e associações escusam de vir com o discurso de que estas pessoas vêm para aprender. Porque estas pessoas vêm para aprender tanto como as outras que têm 30 anos. Mas são profissionais, não são estudantes. Quando fazem o ano profissional júnior, são profissionais. Têm pouca experiência? Têm. A diferença é que se não existisse ano profissional júnior eles não tinham nenhuma orientação. Os estudantes, ou já graduados, antes de fazerem a formação dentro do do ano profissional júnior, tinham a ideia de que isto era muito mau, um grande problema. Hoje em dia, quando acabam de fazer a formação do ano profissional júnior, não é isso que dizem. O que dizem e o que reconhecem é que “ainda bem que a fizeram!” e que o curso foi uma mais valia. E isso crescentemente. E é um curso que vem acrescentar valor. Essa dimensão de desafio que a profissão tem vencido é uma coisa boa. Agora, ainda há muita coisa por vencer, a melhorar as condições. P.e., para que seja mais fácil para quem está a iniciar este ano profissional júnior. Mais fácil no sentido de menos pesado. P.e., o custo de entrada. Este ano reduzimos uma parte dos custos relacionados com isso. Temos de continuar este trabalho de que isto seja o mais leve possível. Depois, temos que garantir que são muito mais as oportunidades. E, para isso, nós temos que olhar para nós enquanto profissionais que dizem que estudam o comportamento. Não está em lado nenhum que somos psicólogos clínicos.


PÁGINA 11 Alguns de nós poderão trabalhar para que as políticas melhorem, outros trabalharão para fazerem sair as pessoas da pobreza, trabalharão para que os decisores consigam fazer as tomadas de decisão que têm de fazer face à emergência climática em que estamos, ou para que atividades humanas sejam mais sustentáveis. E todos somos poucos para não olharmos para este desafio como algo complexo que temos de enfrentar. Temos que colocar as nossas competências enquanto profissionais ao serviço. E temos que olhar para além daquilo que são as nossas necessidades individuais. Porque as nossas necessidades individuais correm o sério risco de deixarem de ser cumpridas para muitos de nós, se não atendermos às necessidades coletivas. E as necessidades coletivas também são, e por isso cooperar nesse sentido, necessidades coletivas enquanto sociedade. Se as sociedades forem sustentáveis - e nós temos conhecimento científico para aplicar, que pode contribuir para isso – se não fizermos isso, também não vai haver nada para nós. E os psicólogos costumam ser, aliás, enquanto classe, bastante altruístas. Mas temos um outro problema, é que grande parte da profissão trabalha demasiado sozinha. Temos que estar mais próximos. Ainda não chega. E é muito isso que temos que fazer. É nessa proximidade que temos que trabalhar para ultrapassar estes desafios societais. Para que vocês e para que aqueles que são novas gerações que nem aqui estão, aqueles que têm, p.e., a idade dos meus filhos, possam ter algo parecido com a qualidade de vida e o bem-estar que nós ainda temos.


CARLOTA INÊS

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ELEIÇÕES DA ORDEM DOS PSICÓLOGOS PORTUGUESES ELEIÇÕES OPP 2020

No dia 30 de julho de 2020, o Presidente da Assembleia de Representantes da Ordem dos Psicólogos Portugueses, Professor Doutor Samuel Silvestre Antunes, convocou as eleições para os órgãos nacionais (incluindo os órgãos das especialidades) e regionais da Ordem dos Psicólogos Portugueses, para o mandato de 2021 a 2024, no dia 27 de novembro de 2020. Nesta data, os membros da Ordem elegeram a Assembleia de Representantes, o Bastonário, a Direção Nacional, o Conselho Fiscal, o Concelho Jurisdicional, as Direções Regionais do Norte, Centro, Sul, da Região Autónoma dos Açores e da Região Autónoma da Madeira. Foram ainda eleitos os Conselhos de Especialidade de Psicologia Clínica e da Saúde, de Psicologia da Educação e de Psicologia do Trabalho, Social e das Organizações. Para este efeito, vigorou-se a criação de duas listas: a lista A – “Psicólog@s pel@s Psicólog@s”, e a lista B – “Mobilizar os Psicólogos”. A lista A apresentou como candidata a bastonária Sónia Pires de Lima Araújo Rodrigues (CP nº 2874), e como vice-presidentes Eduardo Miguel Esteves de Castro (CP nº 605) e Matilde Mariana Conceição Saldanha Fernandes (CP nº 755).

No seu programa eleitoral, é referido que este projeto tem como objetivo, “num espírito colaborativo e positivo, estimular a aproximação d@s profissionais à Ordem e envolver todos os seus membros, visando uma descentralização que favoreça uma maior apropriação das diferentes realidades profissionais e um conhecimento mais amplo da situação d@s psicólog@s em todo o país”. Para isso, são delineados seis eixos, cada um associado a diferentes medidas: (1) a aproximação da ordem a todos os psicólogos (envolvendo medidas como a criação de espaços administrativos descentralizados); (2) a solidariedade e equidade entre os psicólogos (através, por exemplo, da criação de uma quota social com uma redução de 50% em casos de vencimentos iguais ou inferiores ao ordenado mínimo nacional); (3) a abertura, transparência e exigência (com a promoção de uma maior participação e conhecimento dos Psicólogos na vida interna da OPP); (4) o bem-estar e progressão dos psicólogos (por exemplo, através da dinamização de medidas de autocuidado e promoção da saúde mental dos psicólogos); (5) a valorização do papel do psicólogo na sociedade (com o aumento do reconhecimento da Psicologia na sociedade, por exemplo através da promoção de programas de literacia em saúde e bem-estar psicológico para a comunidade); e (6) o apoio à/ao psicólogo júnior (através de medidas como a redução dos custos inerentes ao Ano Profissional Júnior, com o custo atual de 340€). A lista B teve como candidato a bastonário(a) Francisco Miranda Rodrigues (CP nº 3) (bastonário da OPP no mandato de 2016-2020), e como vice-presidentes Sofia Ramalho (CP nº 5838) e Renata Benavente (CP nº 341).

Candidato lista A: Sónia Pires de Lima Araújo Rodrigues

O projeto Mobilizar os Psicólogos (MOP) “tem procurado com perseverança, empenho, envolvi-


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Os resultados provisórios, disponíveis no site da Ordem dos Psicólogos Portugueses no dia 27 de novembro, revelam que “a lista B – “Mobilizar os Psicólogos” conquista todos os Órgãos Nacionais e Regionais”. A tomada de posse dos Órgãos Sociais para o mandato de 2021-2024 ocorreu entre os dias 21 e 23 de dezembro de 2020, estando as gravações presentes no site da OPP (https://www.ordemdospsicologos.pt/pt/noticia/ 3282), bem como no seu canal de Youtube, Facebook ou Linkedin.

Candidato Lista B: Francisco Miranda Rodrigues mento e convicção prosseguir um rumo para a afirmação e valorização da Psicologia”, tal como descrito no programa eleitoral da lista. Definem 8 desafios base: (1) a saúde e bem-estar; (2) a demografia e o envelhecimento; (3) as migrações; (4) a crise climática e a sustentabilidade; (5) o trabalho e o desenvolvimento sustentável; (6) a educação, justiça e equidade; (7) a pobreza e inclusão; e (8) a paz. Com base nestes desafios, foram desenvolvidas 100 medidas, que resultarão num compromisso com os psicólogos portugueses, com a psicologia e com o país. Exemplos destas são: a revisão do Código Deontológico da OPP, adequando-os às novas realidades, desafios e exigências da prática profissional; a promoção da mediação ética; discussão do futuro da profissão; o investimento em novas ações e plataformas de promoção do desenvolvimento profissional; mapeamento dos recursos de psicologia disponíveis no país; redução e eliminação de taxas e emolumentos; melhoramento das plataformas e promoção de uma melhor comunicação com os membros, e a promoção do autocuidado e dos processos de intervisão e supervisão. Além da informação disponível nos sites de cada uma das listas (https://www.psispelospsis.pt/ Lista A, e https://www.mobilizarospsicologos.com/ - Lista B), os membros da Ordem puderam também ter em consideração para o seu voto dois debates entre os candidatos a bastonário, nas datas de 27 de outubro e 18 de novembro, onde foi possível explorar em maior detalhe os objetivos de cada um dos projetos.

"OS RESULTADOS DISPONÍVEIS PROVISÓRIOS NO SITE DA ORDEM DOS PSICÓLOGOS PORTUGUESES NO DIA 27 DE NOVEMBRO, REVELAM QUE A “ LISTA B MOBILIZAR OS PSICÓLOGOS" CONQUISTA TODOS OS ÓRGÃOS NACIONAIS E REGIONAIS. ” Além da informação disponível nos sites referidos anteriormente, o site da OPP apresenta também uma página com todas as informações referentes às Eleições OPP 2020, onde se encontram documentos como a convocação, o calendário eleitoral, a constituição de cada uma das listas, os resultados provisórios e ainda os dois debates. Esta informação está disponível em https://www.ordemdospsicologos.pt/pt/p/eleico es-2020.


MARIA RIBEIRO

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ADAPTAÇÃO: PASSAR DA VIDA ACADÊMICA PARA A PROFISSIONAL ATO DE ADAPTAR E COMPETÊNCIA DE ADAPTAÇÃO Adaptação - o ato de adaptar - é o processo de integração progressiva de algo ou alguém. A vida é construída por sucessivas adaptações a pessoas, lugares, contextos. A passagem da vida académica para a profissional será provavelmente a adaptação mais desafiante e não há melhor palavra para descrever o meu primeiro ano de experiência profissional. Por um lado, o culminar da vontade de exercer na área de preferência, por outro a incerteza do mercado de trabalho, o peso da responsabilidade e o ainda maior peso das expectativas criadas ao longo de cinco anos. Questionamo-nos várias vezes acerca de qual o caminho a seguir - se ele sequer existe-, se temos as ferramentas necessárias para enfrentar o mundo profissional. É normal a inconsistência de pensamentos e vontades. A área de Psicologia das Organizações, Social e Trabalho oferece uma multiplicidade de campos de intervenção. Na minha experiência, permitiume desenvolver uma área distinta do normativo – compensação e benefícios no contexto organizacional. Pode ser assustador estudar 5 anos de psicologia e as suas várias aplicações e posteriormente exercer numa área não tão explorada no percurso curricular. Descobri então que o desafio transforma-se em assimilar as bases e encontrar as pontes com a psicologia, manter e desenvolver a empatia, procurar o bem estar dos colaboradores e promover a felicidade no local de trabalho. Assim, adaptamo-nos não só ao novo desafio, aos primeiros dias ou meses em que nos sentimos absorvidos pela nova informação e não a absorvê-la, como também a colegas, a formas de estar e trabalhar e, mais importante, começa a procura incessante pelo nosso lugar.

Relembrar que temos vários anos de vida profissional e de escolhas pela frente pode ser reconfortante para quem inicia. Ao mesmo tempo, o medo da estagnação pode aparecer visto que durante a maioria da nossa vivência foi a par de um sistema de educação em que nos sentamos e ouvimos, em que o conhecimento e a inovação nos chegam quase sem questionarmos. A entrada no mundo profissional agrega o desafio de desenvolvimento contínuo, de sermos os únicos responsáveis pelo mesmo. Na minha experiência, senti-me desde o início confrontada com uma sede de saber, de aprender, de procurar onde e como posso continuar na roda viva do conhecimento e da evolução.

"ADAPTAÇÃO - O ATO DE ADAPTAR - É PROCESSO DE INTEGRAÇÃO PROGRESSIVA DE ALGO OU ALGUÉM." A adaptação é não só uma descoberta do que somos enquanto profissionais e técnicos de psicologia como também do contexto onde desenvolvemos a atividade profissional. Na minha opinião, nem todas as organizações, estruturas e formas de trabalhar se adequam a todos nós – é preciso refletir também acerca da descoberta do nosso espaço. Por exemplo, uma empresa jovem pode trazer a ambiguidade com que um profissional mais inflexível não consegue lidar ou uma organização mais conservadora pode não ter espaço para a criatividade de um jovem acabado de se formar. Assim, é necessário e sempre importante não descurarmos não só o poder do autoconhecimento como também nos permitirmos aprender através das nossas relações com os outros e com o ambiente.


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A entrada no mercado de trabalho permite-nos isto mesmo: lidar com profissionais das mais variadas áreas e percursos, fazer-nos perceber que o caminho que começámos com a entrada num curso não tem necessariamente de nos levar ao ponto que esperávamos, que estarmos abertos à experiência e aos outros é o melhor que podemos fazer para nos (re)descobrir-mos, para aprendermos e para termos a ousadia de arriscar e mudar o rumo da nossa carreira as vezes que forem necessárias A capacidade de adaptação, a procura de feedback e o desenvolvimento contínuo foram as minhas três ferramentas chave para uma entrada no mercado de trabalho bem sucedida e que me permitiram a descoberta do que realmente gosto de fazer - por agora. O meu primeiro ano de experiência profissional foi isto mesmo: perceber acima de tudo que o que o nosso percurso académico nos dá são aprendizagens de base para começarmos a construir algo, para nos descobrirmos enquanto profissionais, para nos adaptarmos ao que quer que aconteça e para conhecermos diferentes áreas de atuação – mas que nada é estanque e que existirão sempre novos caminhos a explorar.

SUBMETE AQUI O TEU ARTIGO CIÊNTÍFCO

FORMULÁRIO DE SUBMISSÃO EM: https://bit.ly/3ebaXFK

REGULAMENTO CIENTÍFICO EM: 1https://bit.ly/3kF1mhW


VITOR LUZ

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A VACINAÇÃO EM PORTUGAL JÁ COMEÇOU, NÃO TENHA MEDO

SÓ EM 2020 MAIS DE 16.701 PROFISSIONAIS DE SAÚDE JÁ FORAM IMUNIZADOS

A vacinação contra o Covid-19 já começou em vários países ao redor do mundo e no último ano, só em Portugal, foram vacinados 16.701 profissionais de saúde. Com a chegada do novo ano, a vacina Pfizer desenvolvida pela alemã BioNTech chega como um sinal de esperança e alento para os portugueses, mas também há quem esteja com medo de se vacinar, tanto pelo movimento antivacina, pela fobia a agulhas ou simplesmente pela desinformação face a essa corrida da imunização. Ao voltarmos um pouco no tempo podemos encontrar o segredo da primeira vacina da humanidade, que erradicou a varíola. Foi no século XVIII, que um inimigo invisível matava 400 mil europeus por ano e em apenas um século cinco reis foram ceifados. Um médico rural inglês, Edward Jenner, havia observado que mulheres contaminadas pela benigna varíola das vacas não sofriam com a varíola humana e em 1796 ele realizou uma experiência ousada para seu tempo, ele colheu o líquido da espinha de uma mulher infectada, Sarah Nelmes e após isso inoculou em James Philipps, uma criança de apenas oito anos. Após um mês e meio, o médico realizou uma transpiração de um doente no braço de James e para sua surpresa o garoto não morreu. Foi neste momento que Jenner acaba de inventar a imunização, invenção essa que segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância - UNICEF, salva nove milhões de vidas por ano. O nome vacina se deu pelo modo como todo o processo foi realizada, devido a observação das vacas e das mulheres que as ordenhavam,

Corrida para produção da vacina Uma das inseguranças da sociedade face a vacina do Covid – 19 é quanto ao tempo em que ela foi

elaborada, movimento esse que gerou vários memes e piadas nas redes sociais, mas o virologista português do Instituto de Medicina Molecular, Pedro Simas, assegura que a rapidez a qual a vacina contra o Covid-19 foi criada não compromete a eficácia do antiviral. Ele explica que a vacina contra o coronavírus já existia e era utilizada em animais domésticos, ou seja, a estratégia para fazer a vacina já era conhecida. Pedro também enfatiza os avanços tecnológicos realizados na última década, fator esse que permitiu a aceleração do processo de criação desta imunização. Outro fator que contribuiu fortemente para a produção desta vacina foi o corte burocrático e o engajamento da comunidade científica e industrial.

" O MOVIMENTO ANTIVACINAÇÃO É CONCEBIDO PELA OMS COMO UM DOS MAIORES RISCOS A SAÚDE GLOBAL (...)"

Movimento Antivacina Uma lista das 10 grandes ameaças a saúde em 2019 foi divulgada pela Organização Mundial da Saúde - OMS e o medo de vacina é uma delas. Essa é uma questão que pode gerar muitas vítimas ao longo dos anos, tendo em vista que a vacinação é a forma mais eficiente para prevenir uma série de doenças, movimento esse que evita 2 a 3 milhões de mortes por ano.


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O movimento antivacinação é concebido pela OMS como um dos maiores riscos a saúde global, atitude essa considerada tão perigosa quanto aos vírus existentes, pois ameaçam reverter o progresso alcançado no combate a doenças que podem ser evitadas por vacinações, como o sarampo e a poliomielite. Outros fatores que a organização aponta para as pessoas não desejarem se vacinar é a falta de confiança, complacência e dificuldades no acesso a elas. Quando pessoas escolhem não se vacinar neste momento cria-se um grupo suscetível a contrair o Covid-19. Se eles forem portadores deste agente infeccioso, eles acabarão propagando a enfermidade para outros dois grupos: os que também não tomaram a vacina e aqueles que não podem tomar por algum motivo e estão vulneráveis, sem falar daqueles que estão fora do plano de vacinação elaborado pela direção de saúde de Portugal, o que deixaria a sociedade ainda mais exposta a surtos.

Aicmofobia - Medo de Agulhas A aicmofobia, também conhecida como aiquimofobia, belenofobia ou medo de agulhas, é uma fobia que afeta aproximadamente 3,5% a 10% da população mundial. Ela se apresenta como um medo irracional e exclusivo de agulhas e alfinetes. Fazendo parte de um grupo de transtornos fóbicos compostos também por fobia de sangue, injeção e ferimentos. A professora de saúde pública da Universidade de Michigan, Mary Rogers, afirma que 20 a 30% da população dos 20 aos 40 anos tem medo de agulhas e em 2018, ela foi co-autora de um artigo publicado no Journal of Advanced Nursing, que revelava que é por esse motivo que 16% dos adultos evitam tomar a vacina contra a gripe. Diante da vacina contra o Covid-19 os portugueses vão precisar lidar com o medo e reduzir a ansiedade. De acordo com a Associação Psiquiátrica Americana, 80% dos pacientes que são diagnosticados com algum tipo de fobia podem alcançar a cura, desde que um tratamento psicológico e medicamentoso possa ser realizado.

Vacinação em Portugal

No último dia 3 de dezembro de 2020, o Governo Português apresentou o Plano de Vacinação contra a Covid-19, que foi dividido em três fases de execução: 1ª fase: Destina-se a pessoas com mais de 50 anos com patologias associadas; residentes e profissionais em lares e unidades de cuidados continuados; profissionais de saúde; profissionais das forças armadas, forças de segurança e serviços críticos. Nesta fase deverão ser vacinadas cerca de 950 mil pessoas. 2ª fase: Nesta fase serão vacinadas 1,8 milhões de pessoas com mais de 65 anos e cerca de 900 mil com patologias associadas e mais de 50 anos. 3ª fase: Toda a restante população. Os grupos desta fase serão revistos consoante o ritmo de entrega das vacinas Nesta primeira fase, aproximadamente, 1.200 pontos de vacinação estarão em atividade, o que incluí centros de saúde, nos lares e unidades de cuidados continuados. Os centros de saúde estarão destinados às 400 mil pessoas com mais de 50 anos e comorbilidades associadas, enquanto os utentes e profissionais de lares serão aí vacinados pelas equipas de enfermagem residentes. Vale lembrar também que a vacina também está sendo administrada aos profissionais de saúde e dos serviços essenciais no âmbito da medicina no trabalho. Portugal adquiriu cerca de 22 milhões de doses e isso custou aos cofres públicos um montante entre 180 a 200 milhões de euros. Portanto, fica claro que quanto mais pessoas se vacinarem, mais a população estará protegida contra o Covid-19, pois assim a disseminação da doença será reduzida. Esse fenômeno em que constatamos que a maioria da população é vacinada, reduzindo a propagação do vírus e protegendo aqueles que ainda não se vacinaram, é conhecido como efeito rebanho ou imunidade de grupo. As vacinas já possuem sua eficácia comprovada pela ciência, pela medicina e pelas estatísticas, movimento esse que salva dois milhões de pessoas por ano ou quatro vezes a Guerra Civil Síria.


SALOMÉ MATEUS

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UM ANO EXIGENTE, UMA ANEP EXEMPLAR ANEP E O ANO 2020 Chegando ao fim de um ano de tal modo atípico e atribulado, a Associação Nacional de Estudantes de Psicologia (ANEP) não deixa de merecer ser congratulada pelo seu contributo notável no que diz respeito à manutenção e dinamização de eventos, projetos e iniciativas, que de outra maneira poderiam ter sido abandonados face às exigências do atual panorama. De forma segura e criativa, potenciou a ligação entre os estudantes e o contexto prático de trabalho, através de eventos online, conferências e vídeos com relatos de profissionais das mais diversas áreas abrangidas pela Psicologia.

Estudos Em fevereiro, a ANEP realizou um estudo sobre a perceção dos estudantes acerca do ensino da Psicologia em Portugal, no qual foram apontados aspetos pouco satisfatórios, tais como a falta de preparação para o mundo do trabalho, resultante de uma metodologia excessivamente teórica e escassa em atividades interativas, e a falta de contacto com profissionais de diferentes áreas. Foi, portanto, acentuada a necessidade de um rearranjo dos planos curriculares em prol de uma formação mais abrangente e que incite a proximidade entre os contextos académico e profissional.

tas e respostas sobre a gestão de ansiedade num período de isolamento. Ainda no âmbito da COVID-19, foram recolhidos dados relativos à adaptação dos estudantes de Psicologia ao processo de ensino-aprendizagem, e promovido o preenchimento de um questionário sobre alterações no estilo de vida elaborado pelo Fórum Nacional de Estudantes de Saúde (FNES).

Projetos e Eventos A nível de projetos desenvolvidos, foi criado o “Psinternacional”, que consiste num conjunto de vídeos em formato de vlog, disponíveis no canal de YouTube da ANEP, em que estudantes de Psicologia, portugueses e estrangeiros, partilham as suas experiências internacionais, com vista a elucidar, encorajar e despertar outros estudantes para as possibilidades que lhes podem ser abertas. Em junho foi lançada a minissérie “Compreender para Agir”, onde foi abordado o tema das desigualdades sociais e do racismo.

Pandemia A atuação da equipa da ANEP no emergir da pandemia foi objeto de grande atenção e apreciação por parte de toda a comunidade estudantil, não só no campo da Psicologia. Foi reunido e disponibilizado um conjunto de sugestões de como manter rotinas saudáveis e contacto regular com as pessoas próximas, aproveitar o tempo, filtrar informação e gerir a ansiedade. Relativamente ao último tópico, a ANEP organizou também uma sessão de pergun-

Foram também muitos os eventos dinamizados pela ANEP este ano. O ANEP All Around foi adaptado para o ANEP All At Home, que decorreu entre maio e junho, tendo tido a 2ª edição em novembro.


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Pandemia Em 2020 a ANEP estabeleceu parcerias relevantes: primeiramente, com a ReConstruir Psicologia e Desenvolvimento Pessoal, e, mais tarde, com a British Council. Ambas possibilitam aos estudantes de Psicologia e aos Membros de Pleno Direito da ANEP o usufruto de descontos e ofertas especiais em cursos e formações.

O evento online contou com a presença de vários oradores em palestras e conferências sobre temas atuais, tais como gaming e dependência de ecrã, violência doméstica, desafios do casal na pandemia, e competências socioemocionais no contexto educacional. Em outubro teve lugar o anual Encontro Nacional de Estudantes de Psicologia (ENEP), que, embora desta vez circunscrito ao espaço online, não deixou de cumprir o seu objetivo de estimular a partilha de pensamentos e perspetivas entre os demais presentes, alertar para o estado da Psicologia nos tempos que correm e clarificar o papel do Psicólogo em domínios como a saúde pública, o trabalho, a intervenção social e comunitária, entre outros. No mesmo mês foi organizado ainda um evento cujo mote foi “Um olhar sobre a crise dos refugiados”. Com a colaboração de 5 equipas de estudantes de Psicologia, profissionais experientes na área, e de uma refugiada, esta iniciativa teve como principal objetivo a elaboração, por parte de cada equipa, de um projeto de intervenção com esta população, tendo em conta as aprendizagens adquiridas a partir dos relatos expressos. Em novembro ocorreu o Online Youth Exchange, um intercâmbio de 4 dias entre os estudantes de Psicologia de Portugal e da Bósnia e Herzegovina, composto por palestras, workshops, sessões informais de troca de ideias, e atividades sociais que tiveram como finalidade comum dar a conhecer e a experienciar os vários elos possíveis entre a Psicologia e outros campos de estudo, da sociedade e da vida, como a Inteligência Artificial, a música, a política e a resolução de conflitos intergrupais.

Datas Importantes Como não podia deixar de ser, as causas sociais e datas importantes não foram colocadas de parte. No Dia Mundial da Consciencialização do Autismo, no Dia Nacional da Luta contra a Homofobia e Transfobia e no Dia Mundial da Criança foram convidados a refletir acerca destes temas profissionais das diferentes áreas, por meio de vídeos disponibilizados nas redes sociais. Foi também organizada uma conferência de forma a assinalar o dia do Luto Nacional pelas Vítimas de Violência Doméstica, na qual foi aprofundado este fenómeno e foram reconhecidas as formas de atuação possíveis

Rematando... Embora envolta em condicionantes e incertezas, a equipa do mandato de 2020 da Associação Nacional de Estudantes de Psicologia continuou a garantir a qualidade da representação dos estudantes de Psicologia no país e no exterior, proporcionando-lhes recursos para construírem carreiras profissionais que reflitam os seus interesses e o seu potencial.


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CALENDÁRIO DE EVENTOS O QUE SUGERIMOS NOS PRÓXIMOS 3 MESES PARA TI

Perturbação do Espetro do Autismo - Avaliar e Intervir

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Violência Filoparental: Avaliar e Intervir 2, 9 e 23 de Fevereiro For Your Mind 40 euros

Avaliação Psicológica de Vítimas de Abuso Sexual 3, 10, 17 e 24 de Fevereiro For Your Mind 50 euros

Cyberbullying: Avaliar e Intervir 4 de Fevereiro For Your Mind 10 euros

Workshop

onlime:

Promoção

da

autoestima

crianças/adolescentes 4 de Fevereiro Reconstruir 16 euros

Curso Intensivo e-learning de Intervenção em Agressores 5 de Fevereiro ReConstruir 55 euros


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Workshop Online: "Medos e Ansiedade na Infância" - 9º ed

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6 de Fevereiro

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Workshop Online: "Neurospicologia das Emoções" - 7ª ed 6 de Fevereiro

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Desenvolvimento Emocional Da Criança 6 de Fevereiro ANIP Intervenção Precoce 65 euros

Consulta de Psicologia Aberta - Semana Aberta 9 de Fevereiro ReConstruir Gratuita

Workshop Online: "Primeiros Socorros Psicológicos" - 19ª ed 13 de Fevereiro Reconstruir 16 euros

Alzheimer: Plano de Bem-Estar na Demência 15 a 19 de Fevereiro CPF - Centro de Psicologia e Formação 40 euros

Webinar com Peter Fraenker, PhD - Terapia da Ùltima Oportunidade 18 de Fevereiro Institut CRIAP 20 euros


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Curso Breve de Sexologia Clínica e Intervenção Conjugal

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Perturbações Alimentares: Avaliar e Intervir 11 de Fevereiro

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Consulta Psicológica no Adulto: Entrevista e Métodos de Avaliação 12 de Fevereiro For Your Mind 45 euros

Workshop

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com

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Adolescentes" - 7ª ed 18 de Fevereiro Reconstruir 16 euros

Workshop Online: "Disciplina Positiva: Importância Prática - 1ª ed 19 de Fevereiro Reconstruir 16 euros

Workshop Online: "Intervenção em Desenho Infantil" - 8ª ed 19 de Fevereiro Reconstruir 16 euros


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Workshop Online: "Intervenção em Psicologia do

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Desporto" - 1º ed 20 de Fevereiro Reconstruir 16 euros

"Era uma vez" Contos Infantis: Uma Ferramenta Psicoeducativa

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20 a 27 de Fevereiro For Your Mind 35 euros

Workshop Online: "Mindfulness para Crianças" - 12ª ed 27 de Fevereiro ReConstruir 16 euros

Reabilitação Neurocognitiva do AVC - 6º ed (Online) 27 de Fevereiro Centro Cérebro 25 euros

Intervenção com vítimas de Tráfico de Seres Humanos

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Workshop Online: "Gestão das Emoções no Adulto" - 5ª ed

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Prática Psicológica com a População Idosa: Principais

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Linhas Orietadoras

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10 a 17 de Março For Your Mind 45 euros

Workshop

Online:

Instrumentos

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Avaliação

Neuropsicológica 27 de Fevereiro ReConstruir 16 euros

Curso Intensivo de Avaliação Psicológica nas Dificuldades de Aprendizagem (e-learning) - 1ª ed 13 de Fevereiro ReConstruir 55 euros

Introdução à Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) 24 e 31 de Março For Your Mind 45 euros

Escala de Avaliação das Competências no Desenvolvimento Infatil - Nível 2 26 de Março a 2 de Abril ANIP Intervenção Precoce 50 euros


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