RUPortagem Nº0

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ISSN 108/2015


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Ficha Técnica

Nota Editorial

Autores:

Adriana Bugalho

Ana Batista Marques

Ana Silva

Ângela Luis

Catarina Fernandes

Diogo Santos

Jéssica Rolho

Maria João Fangaia

Nádia Costa

Nadine Amaro

/// ISSN: 108/2015///Interdita a reprodução parcial ou total dos textos, fotografias ou ilustrações sobre quaisquer meios e para quaisquer fins sem previa autorização escrita da Administração da RUP/ANEP//// Editora: Nádia Costa ///// Administrador: Marco Fernandes ///// Director da Comissão de Revisão Cientifica: João Mena ///// Periodicidade: Trimestral ///// Produção: Organismo Autónomo Revista Universitária de Psicologia da Associação Nacional de Estudantes de Psicologia ///// Propriedade: Associação Nacional de Estudantes de Psicologia – ANEP ////// Associação Nacional de Estudantes de Psicologia - ANEP ///// Faculdade de Psicologia //////////Alameda da Universidade ///// 1649-013 Lisboa ///// Portugal /////// Revista Universitária de Psicologia da Associação Nacional de Estudantes de Psicologia - RUP/ANEP ///// 3000 Coimbra ///// Portugal

Caros leitores, É com muito prazer que vos apresentamos a RUPortagem, o novo produto da Revista Universitária de Psicologia. A RUPortagem é uma revista digital e gratuita para todos os amantes da Psicologia. Pretendemos publicar artigos de interesse escritos por estudantes de Psicologia de todo o país. Aqui podem encontrar notícias acerca de estudos científicos recentes, eventos, livros, estágios, oportunidades de voluntariado, entrevistas e curiosidades. Acreditamos que os estudantes de Psicologia têm muito para mostrar, sonhos e projectos que vão para além das paredes de uma faculdade. Pretendemos uma revista dinâmica, tal como o é a nossa equipa. Para mais informações: editorial.rup@gmail.com A Editora,

Nádia Costa


Texto da Presidente da ANEP Renata Henriques A história da Revista Universitária de Psicologia (RUP) escreve-se em linhas paralelas àquelas que contam a história da Associação Nacional de Estudantes de Psicologia (ANEP). Se no passado as (ir)regularidades de cada mandato da Direccção da ANEP se espelhavam invariavelmente nas edições da RUP, existindo períodos de ausência de ambas as instâncias perante aqueles que representavam e deveriam servir, no actual momento é vivido um período de maior presença, regularidade e estabilidade destas estruturas. Acredito que hoje estamos cada vez mais perto da construção da identidade que a ANEP e a RUP tão avidamente têm procurado alcançar, aproximando-nos da melhor capacidade de resposta às legítimas expectativas dos estudantes de Psicologia do nosso país. Realizando um trabalho ainda não finalizado - se é que alguma vez o estará - estamos mais próximos de garantir que a nossa acção e a daqueles que no futuro estarão nestes mesmos lugares, seja pautada de sentido, congruência, e força.

Recentemente, a RUP tornou-se num Organismo Autónomo da ANEP, tendo por isso maior responsabilidade sobre si própria, e acredito que integrará essa autonomia com seriedade e perseverança, podendo tal resultar num produto mais estável, sério, de maior reconhecimento e com um futuro mais profícuo. O redireccionamento do foco, dos objectivos e das responsabilidades coordenadas entre a ANEP e a RUP não se materializam num distanciamento de valores e de missão. O mandato 2014/2015 da Direcção da ANEP apresenta visões comuns àquelas que esta nova equipa da RUP também procura defender e alcançar. Partilhámos o objectivo de construir uma equipa constituída por estudantes dos vários Membros de Pleno Direito da ANEP, com o intuito de no fim conceder a ambas as equipas o cariz nacional que nos define e a pluralidade de conhecimentos e de posturas que potenciam o germinar de bons resultados e a boa representatividade destas estruturas. Partilhamos a procura de adequação e

realismo dos nossos objectivos face às reais necessidades dos estudantes de Psicologia, e procuramos, e procuraremos, agir de uma forma mais dinâmica, actual, integradora e representativa daqueles que nos inspiram e para quem trabalhamos. É assim o momento de congratular esta nova equipa da RUP, não só pelos resultados já alcançados, mas também pela sua coragem, espírito de trabalho e dedicação e, por aqueles que são os seus objectivos e intenções que, se concretizados como está idealizado pelos seus membros, terão como resultado natural várias edições de dois produtos de grande qualidade. Acredito que a RUP se está a redefinir da melhor forma perante as exigências que a evolução dos tempos (e) da Psicologia lhes lança. Penso que a clivagem mais clara entre a RUP Científica e a RUPortagem permitirá uma maior e mais justa valorização do conteúdo de ambas. Ainda, acredito que o acesso livre e digital a estas revistas, incentivará a sua maior disseminação e uma maior participação de todos os seus leitores.


Continuará assim a existir um espaço em que os estudantes de Psicologia podem divulgar os seus trabalhos científicos, estimulando e incentivando assim o seu gosto pela investigação e pela partilha de resultados. Esse espaço está a tornar-se cada vez mais sério e rigoroso, ao serem publicados nessa revista apenas trabalhos de cariz científico, que a aproximam de uma publicação profissional e, por isso, de maior qualidade e valor, enaltecendo ainda mais o trabalho de quem nela participa. Adicionalmente, a criação da RUPortagem garante que o contributo do estudante de Psicologia não passa apenas pela produção de artigos científicos, podendo também ser realizado através de artigos de opinião e de outras formas de exposição dos seus lados críticos e criativos, comunicando e explanando as suas reflexões e inquietações que, partilhadas e tornadas públicas, poderão ser um motor de desenvolvimento de novas ideias e de novas acções para a melhoria do estado actual e futuro da Psicologia em Portugal. A RUP é assim o meio privilegiado da ANEP comunicar com os estudantes, dando-vos a conhecer as actividades que desenvolve, as

suas preocupações e posições face à realidade com a qual contacta e sobre a qual reflecte. Acredito que este poderá ser também o vosso meio privilegiado de nos fazerem chegar, e aos vossos colegas, não só o vosso trabalho, como também a vossa voz. É na participação individual e colectiva dos estudantes que acredito que está a semente do progresso e do desenvolvimento. Somos o motor da mudança que tanto gritamos ser necessária. Podes entrar em contacto com a ANEP através do mail (direccao@anep.pt), ou do Facebook.


Índice A mão de Deus em decisões de risco Acabei o curso. E agora? Voluntariado Entrevista ao Dr. Vitor Franco Diferenças da Psicologia em Portugal e no estrangeiro Quais os livros que um/a psicólogo/a deve ter na estante Mestrados em Portugal Ai és de Psicologia?

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A mão de Deus em decisões de risco

Diogo Santos

Bem, como a psicologia é uma área em constante inovação, resolvemos trazer-vos um pouco do que tem sido feito ultimamente. Enquanto fazia uma vistoria à página da Association for Psychological Science (APS) no Facebook, deparei-me com um artigo sobre o efeito de referências a Deus na tomada de decisões de risco. Tendo em conta que, nas últimas décadas, a religião tem perdido força e influência na vida da população geral, o título “Thinking of God may make people bigger risk-takers...” deixou-me bastante curioso, e a verdade é que o que li no artigo em si não me desiludiu: ao que parece, uma equipa de psicólogos da Stanford University Graduate School of Business, liderada por Daniella Kupor, decidiu realizar um estudo para demonstrar que as mais diversas referências a Deus com que nos deparamos no dia-a-dia podem tornar as pessoas mais dispostas a incorrer em actividades de risco. Vários estudos anteriores afirmaram que a religião e a participação em actividades religiosas reduzem o risco de // A mão de Deus em decisões de risco

comportamentos de risco, mas Kupor e a sua equipa repararam que nestes estudos, o que era definido como comportamentos de risco envolvia sempre actividades consideradas imorais, como abuso de substâncias perigosas. Desta forma, estes psicólogos perguntaram-se se estes efeitos se manteriam se a conotação imoral fosse retirada aos comportamentos de risco.

Vários estudos anteriores afirmaram que a religião e a participação em actividades religiosas reduzem o risco de comportamentos de risco

Assim, ao longo de sete actividades experimentais testaram o efeito de diferentes referências a Deus (desde jogos de palavras, excertos de textos, slogans, etc.), todos Rumos da Investigação

referenciando a palavra “Deus” e palavras relacionadas, na tomada de decisão de 900 participantes através de questionários online. A peça publicada no site da APS dava como exemplo duas das actividades experimentais.

A primeira questionava os participantes sobre o seu interesse em participar numa de duas actividades: uma envolvia um pagamento monetário aos participantes, mas estes teriam que olhar para uma cor extremamente forte que poderia potencialmente causar danos à sua visão; na outra, apenas teriam que olhar para uma cor mais escura e inofensiva, pelo qual não receberiam qualquer tipo de pagamento. O resultado foi que 95.5% dos participantes que antes de tomarem a sua decisão foram sujeitos a referências a Deus optaram pela primeira e potencialmente perigosa actividade, enquanto apenas 84.3% página 7 \\


dos que não foram sujeitos a referências escolheram a primeira actividade. Na segunda actividade experimental, foram apresentados aos participantes diferentes variações de três anúncios publicitários online: lições sobre como subornar pessoas (alto risco e imoral); venda de videojogos (sem risco); lições de queda-livre (alto risco, sem conotação moral). Foi registada a quantidade de vezes que estes participantes acederam a cada um dos anúncios. Algumas das variações destes anúncios continham referências a Deus (o exemplo dado foi “God knows what you’re missing! Find skydiving near you.”), e os resultados mostraram que o interesse dos participantes pelo anúncio que promovia a queda-livre aumentava quando este continha referências a Deus, que diminuía para o anúncio de uma actividade imoral e de alto risco, enquanto se mantinha inalterado para o anúncio sobre os videojogos. Em todas as actividades experimentais, os resultados foram claros: referências a Deus

// A mão de Deus em decisões de risco

eliminam, em parte (pelo menos), a noção de perigo e tornam as pessoas mais dispostas a aceder a actividades arriscadas. É verdade que estes efeitos foram mais acentuados em participantes que revelaram mais confiança em Deus, mas ainda assim não deixa de ser fascinante como é que pequenas referências que todos nós ouvimos todos os dias podem ter um efeito tão acentuado no nosso comportamento, especialmente quando este implica riscos. Dá que pensar, não?

95.5% dos participantes que antes de tomarem a sua decisão foram sujeitos a referências a Deus optaram pela primeira e potencialmente perigosa actividade

Rumos da Investigação

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1º CICLO – LICENCIATURAS Licenciatura em Ciências da Educação Licenciatura em Serviço Social MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA (MIP) Áreas de Especialização: 

 

Psicologia Clínica e Saúde Subáreas: - Intervenções Cognitivo Comportamentais nas Perturbações Psicológicas e Saúde; Psicopatologia e Psicoterapias Dinâmicas; Psicoterapia Sistémica e Familiar; Psicologia Forense; Psicogerontologia Clínica Psicologia das Organizações e do Trabalho Psicologia da Educação, Desenvolvimento e Aconselhamento

2º CICLO – MESTRADOS (no início de cada ano letivo, deve-se contactar os Serviços Académicos da Faculdade)       

Ciências da Educação Educação e Formação de Adultos e Intervenção Comunitária Educação Social, Desenvolvimento e Dinâmicas Locais Supervisão Pedagógica e Formação de Formadores Temas de Psicologia do Desenvolvimento Intervenção Social, Inovação e Empreendorismo (em parceria com a FEUC) Serviço Social

MESTRADO EUROPEU  Psicologia do Trabalho, das Organizações e dos Recursos Humanos, apoiado pelo Programa Erasmus Mundus 3º CICLO – DOUTORAMENTOS Com curso  Doutoramento em Ciências da Educação, especialidade: Formação de Professores Sem Curso (candidaturas ao longo do ano) http://www.uc.pt/fpce/cursos/doutoramentossemcurso  Doutoramentos em Psicologia  Doutoramentos em Ciências da Educação PRAZOS DE CANDIDATURA 1ª Fase: 16 de fevereiro a 30 de abril 2ª Fase: 04 de maio a 15 de julho Para mais informações: http://www.uc.pt/futurosestudantes http://www.uc.pt/candidatos/apoio_candidatos SERVIÇOS À COMUNIDADE Centro de Prestação de Serviços à Comunidade (CPSC)   

Consultas de Psicologia (diferentes áreas de intervenção) Consultoria (Procedimentos Concursais e Avaliação Psicológica de Condutores) Formação não graduada/Formação ao longo da vida

Para mais informações: http://www.uc.pt/fpce/CPSC

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Acabei o curso. E agora? Ana Silva e Nadine Amaro

Para todos aqueles que já terminaram o curso - ou até para os que estão a caminho - a pergunta do título não é desconhecida. Pelo contrário, é uma questão que se torna omnipresente e que é feita várias vezes. É a pensar em todos vocês que este artigo será escrito. Aqui pretendemos dar-vos algumas dicas que vos ajudem a responder à pergunta inicial. Há três coisas essenciais que têm que fazer a partir do momento em que terminam o vosso curso: Inscrição na Ordem Portuguesa dos Psicólogos (OPP), procurar um estágio profissional e criar um bom CV. Vamos, já de seguida, explicar em detalhe cada um destes pontos. Inscrição na OPP Estágio Profissional Criar bom CV *Ordem Portuguesa dos Psicólogos // Acabei o curso. E agora?

Inscrição na OPP

A primeira coisa que deves fazer após terminares o curso é inscreveres-te na Ordem Portuguesa dos Psicólogos. Isto por dois motivos: 1) é obrigatório a inscrição na OPP para poderes exercer funções de psicólogo e auto-intitulares-te como tal; 2) para realizares o estágio profissional (também obrigatório) tens que estar inscrito/a na OPP. Para te inscreveres, só precisas de ter concluído o teu curso e possuir o Certificado de Habilitações. Já está? Então só tens que te dirigir ao site da OPP (www.ordemdospsicologos.pt) e efectuar o teu registo como membro estagiário. O processo de inscrição pode demorar alguns dias, uma vez que terás que enviar um conjunto de documentos via correio para a sede da Ordem. Seguidamente, terás que efectuar o pagamento da tua inscrição (80€) e, após a documentação ser validada, terás que pagar mais 100€. Após todos estes passos, e depois de a Comissão Técnica de Admissão terminar a

avaliação da tua inscrição, receberás um e-mail a informar que o processo está concluído. A partir desse momento, estás inscrito/a como membro estagiário da ordem e tens um prazo de 6 meses para te registares na Plataforma de Estágios e submeter o teu projecto de estágio.

Estágio profissional

Pois é. Para poderes exercer funções como psicólogo/a não basta estares inscrito na ordem; também tens que fazer um estágio profissional de 12 meses (1600 horas). É obrigatório e não há excepções. No site da Ordem está tudo explicadinho (https:// estagios.ordemdospsicologos.pt/), mas nós deixamos aqui já algumas dicas.

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De acordo com a OPP, o estágio profissional pode ser feito “em qualquer entidade, singular ou colectiva, pública ou privada, cuja actividade compreenda o domínio da Psicologia e que proporcione condições adequadas à prática profissional do psicólogo estagiário”. Outro aspecto importante a reter é que os estágios profissionais podem ser realizados no estrangeiro, caso os candidatos assim o desejem. Assim, o que tu terás que fazer é procurar os locais em que gostavas de estagiar, propor o estágio à instituição ou entidade e, caso seja aceite, deves estabelecer um Protocolo de Colaboração entre a OPP e a entidade que te vai receber. Depois, só tens que submeter o teu projecto de estágio na Plataforma de Estágios Profissionais, esperar que o mesmo seja validado pelo teu orientador de estágio e voilá! E os estágios são remunerados? Perguntam vocês. Pois… é uma óptima questão. Na teoria, é obrigatório que sejam mas, na prática, sabemos que as coisas não são exactamente assim. No entanto, existe uma alternativa que, embora não seja a ideal, é muito útil. Os

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candidatos aos estágios podem beneficiar dos apoios previstos na medida EstágiosEmprego, do IEFP, desde que estejam elegíveis para tal. Podem confirmar os critérios no site: https://www.iefp.pt/estagios. É importante saberes ainda que o estágio profissional para a OPP implica um custo de 210€: 70€ em cada semestre e 70€ na entrega do relatório final.

nome, data de nascimento, número da carta de condução e informação de contacto. Posteriormente, a formação académica e a formação complementar; a experiência profissional no mercado de trabalho; experiências de voluntariado; projectos, prémios ou reconhecimentos. Pede-se ainda informação relativa à fluência dos diferentes idiomas falados.

Criar um bom CV

Não é assim tão incomum chegar ao fim do curso sem nunca se ter feito um CV. Se é o teu caso, não te preocupes porque vamos dar algumas dicas. Se por acaso já fizeres parte do grupo que tem um CV actualizado, podes sempre ver se há alguma dica que te seja útil. Actualmente existem já modelos pré-definidos sobre aquilo que deve constar num CV, tal como o Europass. Este pode ser construído online, e de modo gratuito, no site https:// europass.cedefop.europa.eu/pt/documents/ curriculum-vitae. Na plataforma existe uma série de dicas que te ajudam a perceber os espaços que devem ser preenchidos e o tipo de informação que deves lá colocar. De um modo geral, as informações pedidas são o

No fundo - e esta é a mensagem importante a reter - um currículo tem que narrar não só a história da nossa vida profissional e salientar aquilo que sabemos fazer bem, como também o que pode ser uma mais-valia para a empresa ou entidade a que nos estamos a candidatar. Por essa razão, convém que seja o mais completo e interessante possível. Tendo em conta essa premissa, aqui ficam algumas dicas que podem fazer a diferença na hora da decisão:

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1. Informações básicas: Não há uma maneira certa ou errada para escrever um CV – alguns são mais arrojados, outros mais tradicionais. Contudo, existem algumas secções que todos, sem excepção, devem conter. Nomeadamente: informações pessoais e de contacto; educação e qualificações; experiências profissionais; competências relevantes para a área que te estás a candidatar; interesses próprios e, se possível, algumas referências ou recomendações ficam sempre bem. Além disso, na hora de escrever um CV, é muito importante ter em conta os erros. Para não se correr riscos, o ideal é sempre pedir a um amigo ou familiar para o ler. 2. Adaptar o currículo: Este é um aspecto crucial. Quando se envia um currículo para uma determinada empresa/entidade, deve-se ter sempre em conta as suas características, a sua filosofia e o perfil do candidato que procuram. Cada currículo que envias para um potencial empregador deve ser sempre adaptado para esse trabalho. Por isso, não sejas preguiçoso/a e coloca sempre as informações que essa

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empresa em específico aprecia e que podem valorizar a tua candidatura. Não tens que reescrever toda a informação, mas deves adaptar os detalhes. 3. Menos é mais: Em consonância com o ponto anterior, não se deve colocar informação só para ‘encher chouriços’. Toda a informação que colocas no teu currículo deve ser escolhida a dedo e de acordo com as funções a desempenhar. Deve-se evitar colocar dados irrelevantes, uma vez que os CV’s maçudos tiram o foco e são chatos de ler. Lembra-te: menos é mais. 4. Cativar a atenção: Lembras-te do efeito de primazia? Pois, nos currículos funciona mais ou menos da mesma forma. Os recrutadores lêem centenas de currículos por dia, por isso, a uma determinada altura, começam a descartar CV’s se a parte inicial não for cativante. Por esse motivo, deves apresentar as tuas competências e experiências mais relevantes logo na parte inicial, de modo a motivar o recrutador a ler o documento até ao fim. 5. Experiências, experiências, experiências: Este ponto é muito importante. É normal

que ao saíres da faculdade não tenhas tanta informação para colocar no currículo como alguém que já está no mercado de trabalho há alguns anos. Mas isso não é desculpa. Todas as experiências que tiveste antes e durante o curso contam. Fazias parte da Tuna? Mete! Fizeste voluntariado numa associação? Boa! Conjugavas o curso com um part-time? Excelente! Pelo meio fizeste intercâmbios, participaste em projectos académicos e dedicavaste a fazer alguns trabalhos de freelancer? Grande! Os empregadores gostam de pessoas proactivas e que não estão paradas muito tempo. Por isso, valoriza as tuas experiências e coloca-as. 6. Sê criativo/a: Ainda que o conteúdo dos CV deva ser adaptado à proposta de emprego ou estágio e os vários concorrentes de uma mesma proposta se possam diferenciar através das suas competências de comunicação, organização ou de trabalho, a verdade é que chegam todos os dias às empresas pilhas de currículos pré-formatados e todos iguais. Assim, para fazeres a diferença e passares à frente dos

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inúmeros CV’s que todos os dias entopem as caixas de e-mail dos recrutadores, deves ser criativo/a. Alexander Graham Bell enunciava “Nunca ande pelo caminho já traçado, pois ele conduz somente até onde os outros foram”. E é precisamente este princípio que deve ser tido em linha de conta quando se pensa “como me vou destacar?”. Apesar de ainda haver muitos estudantes que criam o seu currículo segundo o modelo Europass, outros já começam a que rer distinguirse e a apresentá-lo em formato de vídeo. Além disso, há quem prefira entrega-lo em mãos, criando desde logo uma primeira impressão ao vivo, enquanto muitos ainda escolhem enviar online segundo as ofertas de emprego que correspondem às suas competências e preferências. Além disso, o Linkedin também se está a tornar numa ferramenta bastante útil para os recrutadores. Por isso, se ainda não aderiste, vai dar uma espreitadela à plataforma e cria o teu perfil. Além de ser uma excelente via para estabelecer uma rede de contactos na tua área, já há casos em que os empregadores se limitam a pedir

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o endereço do perfil de Linkedin, ao invés do tradicional CV.

E o que se pode fazer para além do curso? Apostamos que esta é uma pergunta que a maioria de vocês já colocou. De facto, perante um trajecto universitário mais ou menos universal a todos os estudantes de Psicologia do país, em que apenas variam algumas unidades curriculares e os trabalhos realizados, é natural que se comece a pensar em formas de complementar e sobressair ao nível da formação. É sabido que existem diversos cursos na área, no entanto, muitos deles têm preços demasiado elevados que impossibilitam a sua frequência. Mas e se nós disséssemos que há uma solução mais simples e, melhor ainda, gratuita? É verdade. Basta teres acesso à internet e fazeres o teu registo numa plataforma de cursos gratuitos. Sim, leste bem! Existem sites que, em parceria com universidades mundialmente prestigiadas, como a Universidade de Harvard ou a Universidade de Oxford, têm disponíveis cursos gratuitos, dos mais

diversos temas e leccionados via online por professores especialistas na área, dando ainda possibilidade de aceder a material de apoio. A somar a isso tudo, existe ainda a possibilidade de obter um certificado no final do curso (o qual, esse sim, tem um custo, mas que normalmente não ultrapassa os 10 euros e depende de uma avaliação final). Aqui ficam alguns exemplos de sites com cursos gratuitos: Coursera: esta é talvez a plataforma mais conhecida, com 984 cursos de 116 instituições parceiras. No site é possível fazer pesquisa por áreas de interesse.

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Cursos recomendados: • “Psicologia Social”, • “Psicologia Positiva”, • “Recuperação de Crianças Expostas a Traumas, Desastres e Guerras: Perspectivas Globais”, • “Psicologia Clínica Aplicada a Crianças e Jovens”, • “Compreender a Violência”, • “Neurociência Médica”; • “Empreendedorismo Social”; • “Pense Melhor: Como raciocinar e Argumentar”.

MITOpenCourseWare: do Instituto de Tecnologia de Massachussets, com inúmeros cursos na área do Empreendedorismo. Além disso, também tem oferta de temas mais científicos e humanistas, como “Neuroscience and Society”. Todos os cursos têm uma data de início. Portanto, o ideal é subscreverem a newsletter de cada site para estarem sempre actualizados em relação aos que mais vos agradam! Existem muito boas razões para enveredar por uma ou mais destas ofertas. Não deixem de lado estas oportunidades de colocar a negrito o vosso currículo!

MiríadaX.net: esta plataforma ministra a maior parte dos seus cursos na língua de nuestros hermanos. Cursos recomendados: • “Pensamento Computacional en La Escuela”; • “Estadística para investigadores: Todo lo que sempre quiso saber”; • “Gestión del Clima Organizacional y Bienestar en el Trabajo”, especialmente desenhado para os psicólogos da área organizacional. Eduke.Me: em português e com vários módulos na área do Empreendedorismo.

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Voluntariado Maria João Fangaia

Voluntariado é o conjunto de ações deinteresse social e comunitário, realizadas de forma desinteressada por pessoas, no âmbito de projectos, programas e outras formas de intervenção ao serviço dos indivíduos, das famílias e da comunidade, desenvolvidos sem fins lucrativos por entidades públicas ou privadas.

( art.º 2.º da Lei n.º 71/98, de 3 de Novembro)

Como tal, ser voluntário é uma atitude que requer o adoptar de um compromisso, com vista ao desenvolvimento de acções deliberadas, para com uma organização promotora ou para como os indivíduos que se pretende ajudar. Demandando o equilíbrio consciente entre as obrigações de quem o exerce e o seu tempo livre.

O voluntariado pode assumir-se quase como um elemento essencial de um bom currículo.

Nos dias que correm, e tendo como pano de fundo a profissão em Psicologia, o voluntariado pode assumir-se quase como um elemento essencial de um bom currículo, como uma porta para a experiência, prática e outros conhecimentos que não se aprendem na faculdade. Afinal de contas, o contacto com a experiência apenas está formalizado no estágio, que decorre na fase final do mestrado integrado. Efetivamente, se fizermos uma rápida introspeção, concluímos, na maioria dos casos, // Voluntariado

que o que vem escrito nos livros e artigos não é suficiente, nos primeiros anos do curso, para nos capacitar com o how to e a abordagem ao outro necessária para a profissão. No entanto, pode ser complexo o caminho a escolher para quem quer dar o primeiro passo e concretizar este desejo, seja por desconhecimento de como começar ou falta de informação disponível.

Fora da faculdade, existem organizações promotoras de voluntariado de cariz variado.

Não obstante, podemos encontrar na maioria das faculdades de Psicologia do país recursos que nos permitem a auto-capacitação. Assim, estas dispõem, na sua maioria, de informação e apoio para quem deseja ser voluntário-nos Gabinetes de Apoio ao Estudante é fornecida informação e ajuda a quem deseja ingressar nos projectos que as faculdades desempenham em parceria com organizações ou entidades socias, existindo até projectos desenvolvidos por estudantes.

Voluntariado

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Sob outra esfera de acção, fora da faculdade, existem organizações promotoras de voluntariado de cariz variado, seja por tipo de actividade a realizar, por concelho, por população-alvo, ou ainda os bancos locais de voluntariado. APATI

Segue-se uma pequena lista de organizações do País receptivas ao apoio voluntário e projectos nacionais:

Associação Promotora de Apoio à Terceira Idade

Associação de Cegos e Ambliopes de Portugal ASAS

Associação de Serviço de Apoio Social

Associação de Voluntariado Universitário IPDJ

ACAPO

VO.U.

Instituto Português do Desporto e Juventude Associação Auxilio e Amizade Associação Conversa Amiga

Para além disto, o Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado, assume-se como uma plataforma de informação útil e diversificada. Por último, aquelas que podem ser consideradas as opções mais populares - voluntariado em hospitais- nos quais // Acabei o curso. E agora?

podem ser desempenhadas tarefas de apoio aos doentes internados, sejam adultos ou crianças com patologias mais ou menos graves e delicadas. Para além disto, existe a possibilidade de ser voluntário nos Institutos Portugueses de Oncologia, nos quais as acções possíveis podem ir desde conversar, Voluntariado

acompanhar os doentes ou ajudá-los a melhor lidar com a doença, por fim, nas instituições como a Santa Casa da Misericórdia pode prestar-se serviços voluntários com idosos.

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Entrevista: Dr. Vítor Franco Presidente da Sociedade Portuguesa de Psicologia Clínica Adriana Bugalho A RUPortagem terá em todas as edições uma rubrica denominada “Entrevista”, que tem início neste primeiro número, e que pretende evidenciar um olhar crítico e reflexivo sobre a Psicologia. Nesta edição o nosso entrevistado é o Doutor Vítor Franco, Presidente da Sociedade Portuguesa de Psicologia Clinica.

1.Fale-me um pouco de si e da sua formação académica… Eu fiz a minha licenciatura em Psicologia na Universidade de Coimbra, ainda na fase inicial dos cursos de Psicologia nas universidades portuguesas. Mais tarde fiz ali também o mestrado, e depois o doutoramento e a agregação já na Universidade de Évora. Pelo meio tinha feito também a minha formação na área da Psicoterapia Psicodinâmica e trabalhado em diversas áreas de intervenção. 2.Quais as expectativas que tinha quando ingressou no Ensino Superior? No fim dos anos 70 eram poucos os psicólogos a trabalhar em Portugal. A própria profissão era pouco conhecida, e o contexto social era muito diferente do de hoje. Por tudo isso, as expectativas de quem ia para a Psicologia não tinham muito a ver com emprego (que não havia) mas essencialmente com o desejo // Entrevista

de ter um papel social útil, de trabalhar com pessoas e de desenvolver uma leitura critica do mundo, em contacto as novas ideias que chegavam a Portugal. 3 . A l i ce n c i a t u ra co r re s p o n d e u à s expectativas que tinha? Eu não sei se é bom sinal quando aos cursos universitários correspondem às expectativas. Deviam ser sempre oportunidades de encontrar muito mais do que se espera. Até porque as expectativas sobre o que não se conhece podem ser uma limitação. Por isso, não correspondeu porque foi uma oportunidade de viver coisas que não podia ter esperado. Isto é diferente de saber se tinha criticas a fazer ou se o curso tinha fragilidades ou aspectos que eram menos bons. Mas nessa altura tínhamos consciência de que quem fazia o curso éramos nós, alunos.

Entrevista

as expectativas (…) não tinham muito a ver com emprego mas essencialmente com o desejo de ter um papel social útil, de trabalhar com pessoas e de desenvolver uma leitura crítica do mundo 4.O que acha da qualidade da formação académica actual, em termos de conteúdos? Eu acho que a Psicologia, como ciência, vive uma época critica, pobre, demasiado invadida quer pelo senso comum quer por ideologias, de diferentes tipos, que dela se tentam aproveitar. Com tudo isso vai perdendo o seu foco. O mundo académico tem ainda mais dificuldades. Preocupa-me que a maior parte da formação em Psicologia esteja entregue a não psicólogos, ou seja, pessoas que, tendo uma formação académica em Psicologia, nunca puderam desenvolver competência práticas e profissionais. Isso desvia o foco página 18 \\


da formação. Não que ache que um curso de Psicologia deva, ou possa, ser um curso profissional, mas pior do que isso é ficar reduzido a pequenas explicações, quando se perde a compreensão do humano, das pessoas e da sua vida real. 5.Acha que existem diferenças substanciais em relação à formação que existe noutros países? Há muita diversidade na formação. Mesmo quando os currículos tendem a ser idênticos, como acontece na generalidade dos países europeus. As principais ênfases, as teorias mais populares e o lugar que cada uma ocupa são, no entanto, diferentes. Creio que quando, como aqui, se conseguem colocar os alunos perante a diversidade de perspectivas, práticas e experiências, isso é um ganho e aumenta a qualidade.

// Entrevista

6.Na sua opinião o processo de Bolonha trouxe mais vantagens ou mais desvantagens ao ensino?

A nossa tendência é para mudar mantendo tudo na mesma. Essa avaliação ainda está por fazer com clareza e profundidade. Há aspectos, muito importantes, que Bolonha nos trouxe. Por exemplo a facilidade de mobilidade entre escolas e, principalmente, o foco na aprendizagem e não no ensino. O pior é o modo como nós vamos integrando essa mudanças. A nossa tendência é para mudar mantendo tudo na mesma. E se assim for, é péssimo, porque seria manter um paradigma antigo mas escondido sob roupagens aparentemente novas. Isso é que deve ser combatido. Mas exige que os alunos cheguem à universidade com outra autonomia e outra capacidade critica, e que os professores encontrem um lugar e um papel diferente daquele que conheceram quando eram alunos.

Entrevista

7.Qual a sua opinião relativamente ao numerus clausus?

privilegia um certo tipo de aluno, muitas vezes demasiado ignorante Tem alguns efeitos perversos, o maior dos quais é que a competitividade pela entrada não faz entrar os melhores alunos, mas os alunos com melhores notas. O que privilegia um certo tipo de aluno, muitas vezes demasiado ignorante. Na Psicologia (e noutros cursos é bem pior) é grave que daí resulte que entrem alunos que nada conhecem do mundo em que vivem, das pessoas, da vida, ou com pouca capacidade crítica e de análise. Do ponto de vista institucional, a ausência de numerus clausus poderia implicar uma distorção maior nas escolhas (com encerramento de escolas que não teriam candidatos) e, por outro lado, exigiria necessariamente, sistemas altamente selectivos no primeiro, ou primeiros anos (como acontece nos países sem numerus clausus). O que criaria problemas talvez maiores com insucesso e fracasso de expectativas.

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8.O que pensa relativamente ao estágio obrigatório de acesso à OPP? O Estágio é sempre o primeiro patamar numa carreira profissional. Não acho que deva ser entendido como uma limitação da entrada, ou um obstáculo prévio, mas precisamente como o primeiro ano de uma vida profissional. Tutelado, obviamente, e mais alargado do que a simples experiência em local de trabalho. Por isso, fazer um estagio apenas para cumprir um requisito não é a atitude mais útil ou sensata. 9.Hoje em dia fala-se muito de empreendedorismo, em ser activo… acha que o psicólogo terá, na sua prática profissional, que desenvolver maioritariamente projectos inovadores? Sem dúvida. A dois níveis: um, fundamental, que é o da procura de práticas de maior qualidade, inovadoras, mesmo nos contextos tradicionais. O outro, é o da importância que o psicólogo pode ter em novas áreas, que vão muito além daquilo que são os lugares já criados. Creio que o grande impacto da Psicologia será a este nível e de modo nenhum pela duplicação de lugares já existentes. Alguns

// Entrevista

dos nossos melhores alunos trabalham hoje em áreas altamente inovadoras e inesperadas. 10.É um desafio para si ser Presidente da Sociedade Portuguesa de Psicologia Clinica? Tudo aquilo com que nos comprometemos é um desafio. E a SPPC tem sido. Trata-se de uma das Sociedades mais antigas em actividade permanente, e que faz formação psicoterapêutica, de orientação psicanalítica, dos psicólogos, desde há 25 anos. Esse é um desafio triplo: manter e consolidar a estabilidade associativa, a qualidade, e, ao mesmo tempo, também inovar face às exigências sociais, que vão mudando.

Tudo aquilo com que nos comprometemos é um desafio.

Entrevista Entrevista

11. No actual contexto social e económico que vivemos em Portugal, quais são na sua opinião as necessidades a que um psicólogo pode dar resposta e por outra, quais serão os desafios do psicólogo? Um desafio é trabalhar em conjunto. Nós, em geral, temos uma tradição corporativa do trabalho, em que cada um sabe de si e tende a trabalhar sozinho ou numa área bem delimitada. Face à especialização, ou seja, a nossa cada vez maior ignorância (das outras áreas) um desafio é trabalhar com os outros. Seja na saúde, na educação, nas empresas, no desporto... O modelo psicólogo-consultório é mais uma representação do passado. Outro desafio é o da qualidade: há muitos psicólogos, mas poucos bons. Hoje, as pessoas que procuram um psicólogos já foram antes a 2, 3, 4.... e não gostaram, não encontraram a qualidade desejada. A especialização, em todas as áreas, é fundamental para a qualidade e não passa por cursos, mas por aprendizagens a partir da prática. Um terceiro é o das pessoas. A Psicologia está cheia de questionários, instrumentos, métodos, mas muito menos disponível para

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ouvir as pessoas, entendê-las, perceber o que sentem ou como pensam. Continuar assim, mesmo que em nome da investigação, seria o definhar da Psicologia como ciência, mesmo quando se procura equiparar a outras ciência no seu método.

O modelo psicólogo-consultório é mais uma representação do passado.

que abre todas as perspectivas de futuro. Não vai ser abrindo consultórios que vai haver trabalho ou emprego. Mas há lugar para novas práticas e para os psicólogos serem mais-valias em diferentes domínios sociais. Desde que saibam o que valem, se consigam diferenciar, e não ficar numa atitude passiva e resignada.

12.Em termos de empregabilidade, quais são as perspectivas futuras? No inicio dos anos 80 a perspectiva de empregabilidade dos psicólogos era nula, pois praticamente não havia a profissão, nem lugares, nem procura. Hoje, felizmente, não é assim. Claro que há muitos licenciados e mestrados e os lugares no Estado estão todos ocupados e sem grandes perspectivas de abrirem mais. Mas a sociedade, as pessoas, valorizam o papel do psicólogo, e as instituições e organizações entendem a utilidade que ele pode ter. É isso, e só isso,

// Entrevista

Entrevista

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Diferenças da psicologia em Portugal e no estrangeiro: As diferenças que existem nos cursos e na prática da Psicologia Queres adquirir experiência em Psicologia lá fora mas não sabes para onde ir? Aqui ficam alguns testemunhos que te podem ajudar a decidir.

FRANÇA Segundo Le Figaro, França tem das taxas mais elevadas de empregabilidade nas chamadas “ciências humanas”, incluindo psicologia, . A Université de Picardie Jules Verne (em Amiens), onde Sofia Nunes, aluna do terceiro ano do Mestrado Integrado de Psicologia da FP-UL se encontra a estudar ao abrigo do programa Erasmus, possui uma taxa de inserção profissional nos três anos depois da conclusão do curso, de 96%. Segundo Sofia, depois da licenciatura, as opções de mestrado em Amiens e Paris dividem-se essencialmente em duas vias: clínica, mais orientado para a prática, e investigação, que abre portas para o ensino (no caso de seguir o doutoramento). Sofia // Diferenças da psicologia em Portugal e no estrangeiro

refere também que as áreas mais influentes parecem ser a psicanálise (com um grande foco em Freud) e neuropsicologia e a sua ligação com neurociência e psicolinguística. Os psicólogos trabalham essencialmente em clinicas de psicoterapia e hospitais, em estreita colaboração com psiquiatras. Contudo, Sofia considera que o ensino é pouco actualizado e organizado, quando comparado com o ensino de psicologia português.

ITÁLIA Segundo Claúdia Marrucho, estudante do terceiro ano do Mestrado Integrado em Psicologia da FP-UL, que se encontra a estudar na Universitá LUMSA (Roma), o ensino é totalmente focado na teoria, não existindo qualquer componente prática nas aulas. A avaliação não é contínua; os exames finais são o único elemento de avaliação. Do seu ponto de vista, a área mais valorizada é a clínica.

Catarina Fernandes

ESPANHA Vânia Soares, aluna do 4.º ano do mestrado em Psicologia dos Recursos Humanos, do Trabalho e das Organizações da FP-UL, que no ano passado realizou o seu período de mobilidade Erasmus na Universitat de Barcelona, ressalta a importância dada ao carácter prático da aprendizagem em Psicologia nos 4 anos de duração da licenciatura. Embora a prática seja muito valorizada, Vânia refere que a utilização dos instrumentos de avaliação não é supervisionada. Também menciona que a área mais valorizada parece ser a clínica, mas que a formação é muito eclética e permite a experiência em áreas não tão trabalhadas em Portugal, tais como a Psicologia do Desporto.

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BRASIL No Brasil, a formação académica necessária para exercer psicologia consiste no bacharelado (ou, bacharelato), cuja duração é de 4 anos e meio a 5 anos. Contrariamente ao que se faz em Portugal, a componente prática está presente nos vários anos e os estudantes têm a oportunidade de estagiar nas diferentes áreas, entre as quais: comunitária, clinica, escolar, etc., enquanto continuam as aulas na faculdade. Para cada estágio, o aluno elabora um relatório escrito, que vai depender das directrizes da universidade em causa. Solange Ester Koehler, anos depois de concluir o bacharelato em psicologia no Brasil, mudou-se para Lisboa, onde se encontra neste momento a fazer o doutoramento em Psicologia da Educação. Refere que uma das diferenças sentidas foi em relação à aprovação profissional do psicólogo. Em Portugal existe a Ordem dos Psicólogos, a nível nacional, cuja inscrição depende não apenas da conclusão da licenciatura e do mestrado, do estágio académico e da dissertação final, mas também de um estágio profissional, o que pode alongar

// Diferenças da psicologia em Portugal e no estrangeiro

o tempo de aprovação como profissional. No Brasil, a Ordem tem como equivalente os Conselhos, existentes por região, cuja inscrição depende apenas da conclusão do bacharelato, e o seu processo de aprovação dura poucos meses. Segundo Solange, na região de Rio Grande do Sul, onde fez a sua formação académica, as áreas mais valorizadas são a clinica, principalmente psicanalítica e aplicada em hospitais, e a intervenção comunitária. Solange também refere que a psicologia tem vindo a crescer no país, especialmente depois do “movimento anti manicómios”, que levou as pessoas a procurarem cada vez mais o apoio de psicólogos e conduziu os mesmos a “saírem do consultório para a rua”.

NORUEGA Susana Costa Ramalho, que durante a sua estadia em Bergen se focou na investigação e intervenção com casais, afirma que, em relação a Portugal, a investigação é desenvolvida de forma mais articulada. Existem equipas,

a nível nacional, integradas em grandes estudos, o que permite o acesso a amostras de grandes dimensões (por exemplo, 20 000 participantes). Não se valoriza a quantidade de horas extra de trabalho; este é mais focalizado, intensivo e articulado. Realça também o facto de a Psicologia estar “verdadeiramente ao serviço dos indivíduos e das famílias”, com observatórios que identificam as necessidades da sociedade, promovendo o seu bem-estar. HOLANDA Marta Rosa, estudante do 4.º ano do Mestrado Integrado em Psicologia Clinica CognitivoComportamental da FP-UL, que no terceiro ano estudou na University of Groningen, realça a perspectiva muito positiva em relação à Psicologia, diferente da visão de “sentença de desemprego” em Portugal. Em termos académicos, para se ser psicólogo é necessário completar o mestrado numa área de Psicologia, tal como em Portugal. Quanto às áreas mais estudadas, Marta refere a importância da investigação em Psicologia Cognitiva-Comportamental.

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NOVA ZELÂNDIA Carla Crespo, professora na FP-UL da secção Clínica Sistémica, esteve na Nova Zelândia durante o seu doutoramento e posteriormente como Research Fellow na Victoria University of Wellington. A professora considera que, contrariamente ao que ocorre em Portugal, a Psicologia encontra-se mais disseminada na sociedade, nomeadamente nos meios de comunicação (que divulgam os resultados das investigações) e na ligação entre as Universidades e os órgãos de decisão política (os diferentes ministérios informam os investigadores sobre os tópicos mais relevantes a investigar e, por sua vez, as decisões tomadas têm em conta as evidências empíricas das investigações). Quanto ao percurso académico, a grande diferença reside na existência de bacharelatos mais diversificados e no facto de os estudantes puderem estudar Psicologia em conjunto com outras disciplinas diferentes. A experiência académica ou profissional no estrangeiro permite, por um lado, conhecer e descobrir novas formas de fazer e, por

// Diferenças da psicologia em Portugal e no estrangeiro

outro lado, valorizar e elevar ao máximo de potencial todas as aprendizagens que levamos connosco na bagagem. Esta dialética entre o que aprendemos desde cedo e o que é novo permite uma visão mais ampla e complexa do que é ser um investigador em Psicologia, um psicólogo e também do que é ser-se pessoa em constante crescimento. É uma experiência que alarga o leque das nossas escolhas e quem não gosta de poder escolher? É um ganho fantástico porque nos permite navegar o futuro com mais aventura e segurança (Carla Crespo).

Agradecimentos: C a r l a C r e s p o , P r o f e s s o ra A u x i l i a r na FP-UL, Secção Clínica Sistémica; Cláudia Marrucho, 3ºano do Mestrado Integrado em Psicologia da FP-UL; Marta Rosa, 4ºano do Mestrado Integrado em Psicologia da FP-UL, Secção Clínica Psicoterapia Cognitiva-Comportamental e Integrativa; S o f i a N u n e s , 3 º a n o d o M e s t ra d o Integrado em Psicologia da FP-UL; Solange Esther Koehler, frequência do Doutoramento em Psicologia da Educação na FP-UL; Susana Costa Ramalho, Doutoramento na FP-UL, Secção de Psicologia da Educação; Vânia Soares, 4ºano do Mestrado Integrado em Psicologia da FP-UL, Secção Recursos Humanos, do Trabalho e das Organizações.

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Quais os livros que um(a) Psicólogo(a) deve ter na estante? Jéssica Rolho Quer sejas psicólogo ou estudante de psicologia, sabes que “Um livro nunca é demais”. Durante os anos académicos, vamos adquirindo uma espécie de biblioteca, que aos poucos e poucos vai ficando cada vez maior. O conhecimento que é adquirido através dos livros é algo que muitas das vezes nos ajuda, como pessoas a conhecer melhor o mundo que nos rodeia e no caso de seres estudante de psicologia, os livros ajudam a conhecer a tecnicidade por detrás do senso comum.

Para uma melhor atuação do psicólogo é essencial estar em contaste atualização, quer seja a ler artigos ou livros // Quais os livros que um psicólogo/psicóloga deve ter na estante?

científicos, quer seja a ler literatura corrente e/ou de lazer. Este artigo destina-se aos amantes da leitura, mas também àqueles que se querem iniciar nesta aventura bibliográfica. Na minha opinião há determinados livros que são indispensáveis numa estante de um estudante de Psicologia. Para começar o livro “Tornar-se Pessoa”, de Carl Rogers, onde este partilha a sua experiência de terapeuta com quem tem a audácia de ler este livro. Das melhores frases deste livro, destaco esta: “A pessoa tornase no que é, como o paciente diz com tanta frequência durante a terapia. O que isto parece querer indicar é que o indivíduo se torna – na sua consciência – aquilo que é – na experiência.” Outro livro (ou livros) que devem ter é os de Daniel Goleman, que na minha opinião é um óptimo autor para aqueles que iniciaram agora o curso, e também para aqueles que querem explorar um pouco sobre “Inteligência Emocional” (ou “Inteligência Social”). Outro autor que na minha opinião é indispensável ler é José Luís Pio Abreu, do qual destaco o livro “Quem nos faz como somos”, onde é discutido o debate entre genes e ambiente… afinal o que nos molda, e nos torna quem somos.

Biblioteca

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As sugestões de outros alunos de Psicologia: Beatriz Monteiro, 2º Ano de Psicologia da Universidade de Lisboa: Acho que na estante de um estudante de psicologia não pode faltar pelo menos um livro do psiquiatra Irvin D. Yalom. É um escritor espetacular, que escreve tanto ficção como não ficção, mas inclui sempre nos seus livros o tema da psicoterapia e da relação terapeuta-paciente. Embora tenha formação psicanalítica, o seu pensamento aproximase mais ao humanismo de Rogers, o que é bem visível no seu livro “A psicologia do amor”, onde são retratados pequenos estudos de caso, onde foi aplicada o que ele chama de psicoterapia existencialista. Outros bons livros de ficção deste autor são “Quando Nietzsche chorou”, “Mentiras do Divã” e “A cura de Schopenhauer” que misturam psicologia, filosofia e intriga. Vanessa Santos, 2º Ano de Psicologia da Universidade de Lisboa: Para mim, “A criança perante a morte dos pais”, de Paddy Greenwall Lewis e Jessica G. Lippman, que é o livro que estou ler agora, iria ser útil a qualquer pessoa da área de psicologia. Outro livro que acho que seria bom para ter na estante, seria “O que podemos aprender com os psicopatas”, de Kevin Dutton, mas este já é um pouco direcionado para

// Quais os livros que um psicólogo/psicóloga deve ter na estante?

uma área mais específica da Psicologia, a Psicopatologia, no entanto acho que também é bastante interessante. O livro “O homem que confundiu a mulher com um chapéu” de Oliver Sacks, é outro livro que recomendaria a qualquer psicólogo ou estudante de psicologia. Rita Carvalho, 2º Ano de Psicologia da Universidade de Lisboa: Acho que “Psicologia” do Gleitman deveria estar na estante de qualquer estudante de psicologia, porque é um livro que aborda de uma forma geral os diversos temas da psicologia. É também um bom livro de introdução aos mesmos temas, pois aborda-os de uma forma muito clara. Amanda Silva, 2º Ano de Psicologia da Universidade de Lisboa: Eu tenho um livro que já li um pouco dele em que dizia: “Um bom livro para fazer parte da estante de um estudante de psicologia seria o “Subliminar” do Leonard Mlodinow que explica a forma como o nosso inconsciente controla o nosso comportamento.”

Biblioteca

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Beatriz de Almeida, 2º Ano de Psicologia da Universidade de Lisboa: “Blink” de Malcolm Gladwell, pois mostra-nos até que ponto as nossas decisões instantâneas podem ser poderosas. Maria Ramos, 3º Ano de Psicologia da Universidade de Lisboa: Posso dizer que dos livros que li, gostei muito de um sobre Linguagem Corporal da Barbara e do Allan Pease, intitulado “Porque é que os homens coçam a orelha e as mulheres mexem na aliança”. Existe ainda outro, “Verdade ou mentira? Como saber o que os outros pensam mas não dizem”, também sobre linguagem corporal igualmente bom, do Joe Navarro, um ex agente do FBI. Depois, outro livro que li e que gostei muito, foi o “Cada um vê o que quer... Num molho de couves” da Isabel Abecassis Empis. É um livro que apesar de ser de formação em Psicanálise, tece muitas críticas à forma meio cega com que alguns psicanalistas levam a sua prática (em especial aqueles muito ortodoxos, que se centram mais em fazer “explicologia” em vez de “psicologia” - duas expressões que ela usa, para dizer que o importante não é pôr rótulos em tudo e mais alguma coisa ou atirar explicações para o ar que possam servir ao porquê do paciente estar como está, mas sim compreender o paciente na relação que se forma com ele; ao invés de inventar explicações só porque somos

// Quais os livros que um psicólogo/psicóloga deve ter na estante?

profissionais e queremos mostrar que sabemos, dizendo coisas ao paciente que por vezes nada têm a ver com o que ele nos conta, ouvir o paciente, estar lá, e fazê-lo chegar à “explicação”, aquilo que o atormenta, e trabalhar a partir daí). “Como se tornar doente mental” do Pio Abreu, é um daqueles livros que aconselho mesmo. É um psiquiatra que, para além de também criticar a mania dos psiquiatras tentarem encaixar as pessoas à força em mil critérios e em mil sintomas - para poderem fazer os seus adorados diagnósticos -, teve a ideia genial de escrever um livro a explicar às pessoas como é que elas podem ficar doentes - para ver se, finalmente, assim, elas deixam de ficar. Segundo o autor, isso até é um dois em um: as pessoas assim já conhecem todos os sintomas da sua patologia e podem ir treinando e adquirindo os sintomas que ainda não tinham, facilitando o trabalho dos psiquiatras e dos psicólogos, que finalmente ficam com pacientes a chegar até eles que mimetizam na perfeição o que vem nos livros, e assim facilita-se o diagnóstico (diz isto sempre em tom irónico; quase todo o livro é ironia pura, sem deixar de ter seriedade).

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Ana Mesquita, 4º Ano de Psicologia da Universidade de Lisboa: Destaco dois livros: O Psicanalista, de John katzenbach, que representa a entrada num mundo em que a verdade é difícil de perceber, é uma ótima maneira de entender a mente retorcida de um psicopata, e de alertar o futuro psicólogo para aquilo que a mente humana, levada ao extremo, consegue fazer. Mais, envolve-nos num mar de ficção bem realista, do qual só se consegue sair continuando, e Psicologia, de Henry Gleitman, Alan J. Fridlund, Daniel Reisberg, porque é a bíblia da psicologia. Tudo o que é necessário saber para ter a bases sólidas para uma viagem alucinante no mundo da psicologia, fundamentada na ciência. Não se trata, no entanto, apenas de psicologia teórica, tendo também uma secção de análise estatística (o quebra cabeças da maioria dos psis). É um livro bastante bem escrito, traduzido e organizado, que responde de forma sucinta e concreta àquelas dúvidas existenciais cujas respostas ficaram algures na matéria do primeiro ano, ou que nos prepara da melhor forma para o início do estudo de uma nova área. Espero que tenham gostado destas sugestões e que aproveitem as “férias” ou os tempos livres para porem a leitura em dia.

// Quais os livros que um psicólogo/psicóloga deve ter na estante?

Biblioteca

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EM TEMPO DE PROBLEMAS, SEJA A SOLUÇÃO.

01.

LICENCIATURA EM PSICOLOGIA O 1º ciclo de estudos em Psicologia pretende contribuir para a formação inicial dos Psicólogos, de acordo com as diretrizes internacionais da EuroPsy, a Certificação Europeia em Psicologia, e da Ordem dos Psicólogos Portugueses, com vista à normalização da formação tanto a nível nacional quanto europeu.

Porquê escolher este curso?

A proposta de estudos no âmbito do 1º ciclo na área da Psicologia assenta numa metodologia de ensino ativa que privilegia, a par da construção do conhecimento científico, a realização de investigação científica e antecipação da prática do exercício profissional da Psicologia através de atividades curriculares e extracurriculares. Este ciclo de estudos pretende efetuar a preparação para a frequência bem sucedida do 2º ciclo de estudos de Psicologia, através de um percurso de aprendizagem significativa nas diferentes áreas científicas.

02. MESTRADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA E DA SAÚDE

O Mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde permite-lhe desenvolver processos de construção do conhecimento ao nível dos diferentes modelos de intervenção psicológica e do uso de instrumentos psicométricos. O objetivo deste Mestrado é que o estudante seja capaz de aquirir competências profissionais que permitam compreender, predizer e avaliar as perturbações e desajustamentos individuais, bem como favorecer o desenvolvimento e adaptação pessoais em diferentes contextos de intervenção psicológica no domínio clínico e da saúde.

Porque escolher este curso?

O Mestrado em Psicologia garante a continuidade de formação aos licenciados em Psicologia, o cumprimento das diretrizes emanadas do espaço europeu, competências que habilitam para a prática profissional e favorecem a mobilidade dos Psicólogos em espaço europeu. No sentido de promover as competências necessárias às solicitações do mercado de trabalho, este ciclo de estudos oferece uma formação que alia a transmissão de conhecimentos científicos sólidos a situações práticas e reais dos contextos de trabalho. Coordenação mest.psicologia@upt.pt Diplomas que confere Mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde Vagas: 40

Curso de continuidade: 2º Ciclo de Estudos em Psicologia Contactos: ingresso@upt.pt

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Mensagem do Núcleo de Estudantes de Psicologia da Universidade Portucalense Infante D. Henrique Estudar na Universidade Portucalense Infante D. Henrique e, em particular, no curso de Psicologia, é uma oportunidade única. A Universidade Portucalense Infante D. Henrique é uma instituição credível, geradora de aprendizagens e de evolução. O Núcleo de Estudantes de Psicologia (NEP) da Universidade Portucalense (UPT), foi criado em meados de 2010 e nasceu da ambição de dinamizar as atividades do 1º e 2º ciclos de estudos em Psicologia, nos âmbitos curriculares e extra curriculares, como meio de fomentar uma maior proatividade dos alunos e ex-alunos de Psicologia da UPT. Na UPT, temos a possibilidade de continuidade entre ciclos de estudos, com uma elevada articulação entre os docentes dos diferentes ramos científicos. O Mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde conta com uma oferta formativa variada, incluindo Unidades Curriculares dos diferentes Modelos teóricos, e Unidades Curriculares mais

práticas, visando a nossa profissionalização. Relativamente aos locais de estágio que a UPT oferece, há uma oferta plural, não excluindo a hipótese de apresentarmos auto-propostas de estágio. Nos locais de estágio destacamse, entre outros, Hospitais públicos, Liga Portuguesa contra o Cancro, Comissões de Proteção de Crianças e Jovens, Santa Casa da Misericórdia, Agrupamentos de Escolas, Associação Nacional para o Estudo e Intervenção na Sobredotação, Associação recreativa Cultural e Social de Silveirinhos, e Associação Católica Internacional ao Serviço da Juventude Feminina). Todo o trabalho dos estagiários de Psicologia da UPT, finalistas de mestrado de psicologia clínica e da saúde, é supervisionado semanalmente na UPT, com sessões de orientação tutorial da responsabilidade de docentes do ciclo de estudos. O Núcleo de Investigação interdisciplinar de Desenvolvimento Pessoal e Social (NIDEPES), no enquadramento das linhas axiais de publicidade


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orientação do projecto científico e cultural da Universidade, fomenta a interdisciplinaridade entre as áreas da Psicologia e da Educação. Enquadrados pela coordenação conjunta dos Professores catedráticos James Meredith Day e Maria das Dores Formosinho Sanches, os projectos em curso articulam-se em torno de 4 linhas de investigação: Práticas educativas e desenvolvimento; Trajetórias evolutivas e processos de vulnerabilidade; Fatores psicossociais de ajustamento psicológico; Desenvolvimento de carreira e culturas organizacionais. Pretendemos com o serviço e com as iniciativas do NEP UPT assegurar a todos os alunos a sua representação com um elevadíssimo sentido de responsabilidade, rigor e empenho. Faz, também parte das nossas preocupações, o alargamento do conhecimento no âmbito da Psicologia bem como no âmbito de todas áreas envolventes e a antecipação do desempenho profissional de cada um de nós. O NEP UPT tem desenvolvido, iniciativas com elevado sucesso. Destaca-se a Semana da Psicologia, Encontros Científicos, Ciclos de Conferências, Aulas abertas, participação em eventos internos e externos à UPT, acolhimento

intencional e estruturado aos novos alunos de psicologia no início de cada ano letivo, divulgação de iniciativas de mobilidade internacional, divulgações de eventos, sessões de apresentação e/ou divulgação de iniciativas internas e externas à UPT. A presidente do Núcleo de Estudantes de Psicologia da Universidade Portucalense Infante D. Henrique, Ana Micaela Medeiro

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Mensagem da diretora do Departamento de Psicologia e Educação da Universidade Portucalense Infante D. Henrique A chegada de cada aluno a um dos ciclos de estudos de Psicologia à Universidade Portucalense Infante D. Henrique constitui motivo de agrado e orgulho. Na escolha da Psicologia nesta Universidade encontramos um motivo de comemoração. A escolha da nossa oferta formativa no domínio da Psicologia deverá basear-se no quanto temos feito pela formação e qualificação nesta área do conhecimento, esta escolha significa também o reconhecimento social, de cada um de vós e das vossas famílias, do nosso trabalho; do já feito, mas principalmente das expetativas e da confiança no trabalho em curso. Na qualidade de mentora do Núcleo de Estudantes da Universidade Portucalense, tenho tido o privilégio de testemunhar que as expectativas de rigor e de empenho se têm concretizado, que a ânsia de saber tem sido alimentada, a capacidade de trabalho incrementada, a aprendizagem e domínio das diversas matérias concretizados. Assim é com orgulho que assumo que a Universidade Portucalense tem contribuído para uma

melhor formação dos Psicólogos. Cabe-me a responsabilidade partilhada de salvaguardar a prossecução dos objetivos de quem escolhe estudar Psicologia na Universidade Portucalense. Fá-lo-ei com cada novo aluno que nos escolha, como tenho feito até hoje com os alunos cujo percurso tenho tido o privilégio de acompanhar na Universidade Portucalense: com responsabilidade, com rigor, com moderação, e com perseverança. No interesse maior de cada aluno de Psicologia da Universidade Portucalense, estamos a dar seguimento às já muito eficazes rotinas de formação lideradas por um corpo docente qualificado e empenhado, com práticas de rigor, explícitas atualização científica e atualização pedagógica e com elevados níveis motivacionais. Faço votos que, cada aluno de Psicologia da Universidade Portucalense sinta este percurso académico um tempo de comunicação, de desenvolvimento de competências e de aprendizagem, de prolongada reflexão, de aquisição de saber, de aquisição de saber ser

e de aquisição de saber fazer. A mentora do Núcleo de Estudantes de Psicologia, Coordenadora do 1º ciclo de estudos de Psicologia, e diretora do Departamento de Psicologia e Educação da Universidade Portucalense Infante D. Henrique, Cristina Costa Lobo

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Mestrados em Portugal Ângela Luís

A formação de um psicólogo passa por concluir o 1º e o 2º ciclo de estudos em Psicologia, acrescentando-se ainda o estágio profissional. Como tal, se estás a terminar a licenciatura, aproximas-te de um período de tomada de decisão: a escolha de mestrado. Na licenciatura foste confrontado(a) com uma variedade de áreas da Psicologia e adquiriste conhecimento e capacidades que te possibilitaram um melhor entendimento desta área do saber. Agora, preparas-te para aprofundar e especializar esse conhecimento e essas capacidades, mas em que mestrado? Antes de tomares a tua decisão definitiva é importante conheceres todas as tuas possibilidades de escolha. Alguns mestrados vêm já integrados no plano da licenciatura (mestrados integrados), nos quais a escolha da especialização que se realiza, por norma, no final do 3º ano após se concluir os 180 ECTS correspondentes à licenciatura. O Mestrado Integrado em Psicologia existe nas Universidades de Coimbra, Lisboa, Porto // Mestrados em Portugal

e Minho. Se te encontras a tirar um mestrado integrado provavelmente estarás a pensar em optar por uma das especializações que se encontram no teu plano de estudos. Por outro lado, podes antes estar a pensar em mudar para uma outra universidade ou instituto. De qualquer das formas é importante ficares a conhecer quais as possibilidades que existem.

Formação Superior - que opções?

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Mestrados Integrados em Psicologia – Opções de Especialização Universidade de Coimbra - Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação: • Intervenções Cognitivo-Comportamentais nas Perturbações Psicológicas e Saúde; • Psicogerontologia Clinica; • Psicologia Forense; • Psicologia da Educação, Desenvolvimento e Aconselhamento; • Psicologia das Organizações e do Trabalho; • Psicopatologia e Psicoterapias Dinâmicas; • Psicoterapia Sistémica e Familiar;

Universidade de Lisboa - Faculdade de Psicologia: • Disciplinas optativas no âmbito da Área Estratégica das Ciências Sociais • Secção de Cognição Social Aplicada • Secção de Psicologia Clínica e da Saúde • Secção de Psicologia da Educação e da Orientação • Secção de Psicologia dos Recursos Humanos, do Trabalho e das Organizações

Universidade do Porto - Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação Intervenção Psicológica, Educação e Desenvolvimento Humano: • Psicologia Clínica e da Saúde; • Psicologia do Comportamento Desviante e da Justiça; • Psicologia das Organizações, Social e do Trabalho. Na Universidade do Minho, o Mestrado Integrado em Psicologia Aplicada integra a especialização apenas no 5º ano sendo a mesma realizada numa das seguintes áreas:

// Mestrados em Portugal

Formação Superior - que opções?

• • • • •

Psicologia Clínica e da Saúde; Psicologia Escolar e da Educação; Psicologia da Justiça e Comunitária; Psicologia das Organizações; Psicologia do Desporto.

A escolha do mestrado incide muito no significado pessoal que determinada área tem para ti. No entanto, existem outras variáveis a ter em conta, como por exemplo: o percurso académico que existe até então, a tua localização, as saídas profissionais, o plano curricular e claro, o esforço financeiro que estará associado. Para além dos mestrados aqui referidos, existem ainda outros mestrados académicos no ensino publico e no ensino privado. Se queres saber mais sobre quais são as tuas opções, não percas as próximas edições da RUPortagem. Terás também oportunidade de ler testemunhos de estudantes a frequentar os vários mestrados em Psicologia. Fica atento(a)!

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Ai és de Psicologia?

Ana Batista Marques

É indiscutível, todo o estudante de Psicologia já foi alvo de uma ou outra piada sobre a área escolhida, desde a típica questão “vocês são os que lêem a mente?”, até às mais robustas de cariz intelectual onde se nota conhecimento na temática direcionando a anedota ao velho, mas sempre na moda, Freud. Algumas são geniais e dão origem a camisolas cómicas que até quem não é “dos nossos” quer usar por vontade própria, e outras elevam-nos à dimensão de mágicos, telepáticos ou mesmo videntes.

– “esta noite tive um sonho muito esquisito…” e deixam no ar, como quem espera ver surgir um charuto e um divã, um rosto atento e o incentivo “fala mais sobre isso”. Não falha, é imperativo, como respirar, somos parte central de uma mesa de café e todos têm uma ideia prévia do que afinal fazemos nós. Sorte a nossa que sabemos em antemão a opinião do outro sem a mesma ser pronunciada. Já viram o avanço que isto nos dá?

Mas é incrível, há sempre uma piada de bolso que sai de imprevisto na eminência da conclusão “sou de Psicologia”, é automático, não se enganem, estava já gravada a frase “tenho de ter cuidado contigo”, como se fossemos detentores de um poder sobrenatural que, aliás, foi o grande mentor da nossa escolha. Mas ainda há os que vão mais longe e num golpe de coragem avançam com um início de conversa que tinha pano para mangas // Ai és de Psicologia?

Como vemos a Psicologia?

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