ano 7 • nº 23 • jan/fev/mar • 2013
Mude a rotina e saia do sedentarismo A prática esportiva no dia a dia pode proteger contra várias doenças do coração
Colesterol
Cirurgias cardíacas
Infarto
Alimentação ajuda a controlar os índices
Histórico e práticas no novo milênio
Conheça sinais e tratamentos para uma doença muitas vezes silenciosa
Editorial
Expediente Esta revista é uma publicação do Hospital Samaritano São Paulo – Distribuição gratuita/Circulação externa Diretoria do Hospital Samaritano Gestão 2011/2013
Para o Hospital Samaritano, o ano de 2012 representou um período de preparação e adaptação a importantes mudanças no modelo de gestão, refletidas principalmente em seu reposicionamento estratégico no mercado – substituindo a característica generalista de instituição hospitalar de saúde para adotar a postura de um hospital especialista em diversas áreas. Essa fase de transformações impulsionou ainda mais a busca por conquistas e pela excelência no atendimento aos pacientes, assim como uma assistência mais integrada. Entre essas mudanças está o Núcleo de Cardiologia, inaugurado em outubro. Sua estrutura vai desde o atendimento ambulatorial, com exames rotineiros para um check-up completo, até procedimentos de emergência amparados por recursos e especialistas capacitados, a exemplo da UTI coronariana, dos intervencionistas e hemodinamicistas disponíveis 24 horas por dia e das técnicas minimamente invasivas. O Núcleo está apto a realizar procedimentos de alta complexidade, e para isso conta com médicos de diversas especialidades, entre as quais, Insuficiência Cardíaca/Miocardiopatia, Hipertensão, Arritmia, Cardiologia do Esporte, Cardiologia Infantil/Congênita e Cirurgia Cardíaca. Abordando temas relacionados à área, este número da Revista Samaritano com Você destaca como matéria de capa o sedentarismo, com recomendações dos médicos Raffael Fraga e Luciano Harary. Em outra matéria, o Dr. Renato Azevedo explica as diferenças entre o colesterol bom e ruim, enquanto os médicos Francisco Stella e Carlos Marcelino orientam sobre como agir em casos de infarto. A revista reporta as últimas inovações em cirurgias cardíacas, com a médica Valquíria Pelisser, e as explicações e métodos da cirurgia pediátrica, com os especialistas Dr. Renato Assad e Dra. Maria Fernanda Silva Jardim. Por fim, na seção Perfil, um breve relato sobre a experiência profissional e pessoal do Dr. Roberto Cury, coordenador do Núcleo de Cardiologia e profissional do Samaritano há dez anos.
Boa leitura!
Luiz De Luca Superintendente Corporativo
Diretor-Presidente George Osborn Vice-Presidente William Bennet Diretor 2º Vice-Presidente Ricardo Barbosa Leonardos Diretor de Patrimônio Gert Wunderlich Diretor Financeiro Geoffrey David Cleaver Diretor Clínico Dr. Marcus Vinícius Campos Bittencourt Vice-Diretor Clínico Dr. Tadeu Orlando Franconieri Diretores Douglas Jorge, Admilson Gonzaga, Marina Medley de Sá, Timothy Altaffer, Maria Stella Gregori, Geraldo Barbosa, Gustavo Mattedi, Marco Antonio Mattar, Lorraine Elizabeth de Matos e Renata Filipi Conselho Consultivo 2011/2013 Farrer Jonathan Paul Lascelles Pallin, Alastair Macfarlane, Jairo Eduardo Loureiro, Hiran Amazonas Castello Branco, Peter James Boyes Ford, Ivan Ferraretto, Dr. José Antônio de Lima e Derrick Marcus Superintendente Corporativo Luiz De Luca Gerente de Marketing Cristina Ambrogi Leite Collina Designer Gráfico Adriano Balbastro Ortiz Conselho Editorial Luiz Eduardo Loureiro Bettarello e Denise Cavallini Alvarenga Realização Grappa Editora e Comunicação Diretores: Adriano De Luca e Juliano Guarany De Luca Editora: Laura Folgueira Redação: Letícia Iambasso Tiragem: 6.000 Hospital Samaritano São Paulo Rua Conselheiro Brotero, 1.486 01232-010 | Higienópolis | São Paulo | SP | Brasil www.samaritano.org.br comunicacao@samaritano.org.br tel. 11 3821.5300 fax. 11 3824.0070
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Nesta edição
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Atividades físicas previnem doenças do coração
Uma boa alimentação controla os índices de colesterol
Avanços da Cirurgia Cardíaca
Pág. 13 Perfil: Dr. Roberto Cury
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Nosso Hospital
Como evitar o infarto
O Hospital Samaritano, consciente das questões ambientais e sociais, utiliza papéis com certificação FSC® na impressão deste material. A certificação FSC® garante que uma matéria-prima florestal provém de um manejo considerado social, ambiental e economicamente adequado e de outras fontes controladas.
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Mude a rotina e saia do sedentarismo >> Praticar atividades físicas é importante para conservar um equilíbrio saudável no corpo e prevenir doenças do coração
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anter a saúde e a boa forma em dia. É isso que milhares de pessoas buscam diariamente ao frequentar academias, praticar esportes, pedalar, correr ou somente caminhar. Está mais do que comprovado pela ciência médica que a prática de atividades físicas, aliada a uma boa alimentação e a uma dose diária de pelo menos oito horas de sono, ajuda a prevenir e combater doenças, principalmente as cardiovasculares. Os benefícios vêm de forma rápida e conforme a regularidade dos exercícios: a partir de dois meses já é possível ganhar condicionamento físico, mas logo após os primeiros dias do início da prática percebem-se mudanças como a redução da ansiedade e a queda significativa da pressão arterial – benefícios que podem ser obtidos em uma única sessão de atividade aeróbica. “Ao longo dos meses, com uma atividade física metódica e regular ocorre também redução significativa do risco cardiovascular”, explica o cardiologista do Hospital Samaritano Dr. Raffael Fraga. Em seu último anúncio sobre obesidade, o Ministério da Saúde divulgou que quase metade da população brasileira (48,5%) está acima do peso. Fatores como a má alimentação, proveniente da ingestão de gorduras trans e saturadas foram os principais
protagonistas que ajudaram a atingir este índice. Outro fator que também influencia o número divulgado é a doença considerada pelos médicos como o mal do século XXI: o sedentarismo. Um estudo divulgado este ano e publicado na revista britânica The Lancet informou que a falta de exercícios tem causado tantas mortes quanto o tabagismo. Segundo a pesquisa, o sedentarismo é responsável por uma em cada dez mortes em todo o mundo, índice comparável ao impacto das mortes provocadas pelo tabaco. A pesquisa que envolveu 122 países, inclusive o Brasil, estima que um terço dos adultos não pratica atividades físicas suficientes, o que tem causado 5,3 milhões de mortes por ano em todo o mundo. No Brasil, 49,2% das pessoas são inativas, o segundo pior resultado entre os países do continente sul-americano, atrás somente da Argentina. Para Dr. Fraga, este índice não está distante da realidade mundial - mais de 50% da população do mundo é considerada sedentária. “Estes números aumentam significativamente com o avanço da idade, podendo atingir mais de 70% da população idosa. A inatividade física, a obesidade e o sobrepeso são um importante entrave para o controle das doenças cardiovasculares. Estima-
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se que o sedentarismo, ainda que de forma dependente de outros fatores, seja responsável por 22% das doenças isquêmicas do coração”, revela. Benefícios para toda vida Começar a praticar exercícios desde cedo auxilia na prevenção de diversas doenças cardiovasculares. De acordo com Dr. Luciano Harary, cardiologista do Hospital Samaritano, além dos efeitos diretos no condicionamento físico do atleta ou praticante de algum esporte, o exercício tem efeito indireto sobre o coração ao prevenir outros fatores de risco, como hipertensão, diabetes, dislipidemia e obesidade. “O exercício também melhora a resistência de pacientes com insuficiência cardíaca, que sentem falta de ar. Vale acrescentar que indivíduos não sedentários e que são acometidos por infarto recuperam-se mais facilmente e rapidamente que os sedentários. Mas a recomendação para pessoas saudáveis é
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de, no mínimo, 30 minutos de caminhada diariamente ou 40 minutos três vezes por semana”, recomenda. Para combater o sedentarismo as pessoas devem se tornar mais ativas, menos ociosas e dependentes do carro e dos instrumentos automatizados, como por exemplo, o elevador. “Qualquer tipo de atividade que envolva os principais grupos musculares do organismo, incluindo as atividades do cotidiano, como caminhar, subir escadas, limpar a casa ou fazer compras no supermercado é suficiente para reduzir o risco cardiovascular”, revela Dr. Fraga. A falta de tempo é um dos principais motivos alegados por quem não pratica atividade física. Os médicos acreditam que essa desculpa esconde outros fatores, como a falta de vontade ou resistência e a ociosidade. De acordo com os cardiologistas, é preciso ter regularidade e criar laços de hábitos diários. “É como escovar os dentes todos
os dias”, exemplifica Dr. Harary. De acordo com Dr. Fraga, existem três tipos de exercícios físicos: os aeróbicos (por exemplo, caminhar, correr, pedalar, nadar), os treinamentos de resistência ou anaeróbicos (musculação, ginástica localizada, entre outros) e os exercícios de alongamento. “As atividades aeróbicas, principalmente, além de promoverem a melhora da aptidão física, trazem inúmeros benefícios para a saúde de quem pratica regularmente”, diz. Ao adotar os exercícios como parte da rotina, não se pode descuidar também da alimentação balanceada. Uma dieta rica em vegetais, frutas e fibras promove maior disposição e reduz o peso, ao contrário de dietas onde a gordura e o carboidrato simples estão sempre presentes, pois esses alimentos estimulam o ganho de peso e diminuem a disposição para a prática de atividades físicas. “O estímulo à prática de exercícios deve ser sempre acompanhado
Exercício ajuda em uma rápida recuperação A prática de atividades físicas está relacionada diretamente com a prevenção de doenças, mas pode ajudar também na recuperação. O jornalista Albino Castro sofreu um infarto em julho de 2000 e precisou fazer uma angioplastia, com a coloação de três stents nas artérias do coração. Com a assistência do Dr. Luciano Harary, seu cardiologista até hoje, sua recuperação após o desentupimento das artérias foi rápida, mas deixou marcas: o medo de que o infarto acontecesse novamente. Então com 51 anos, ele relembra que desde os 18 não praticava nenhum tipo de exercício físico. “Tinha uma vida bastante agitada por causa de projetos pessoais e da profissão. Porém, nunca me considerei um sedentário, pois durante dez anos trabalhei cerca de 12 horas por dia, inclusive aos finais de semana”, conta. O trauma de passar por um infarto fez com que Albino mudasse seus hábitos: “Comecei a fazer caminhadas naquele mesmo ano, e, desde então, nunca mais parei. Passei a caminhar cerca de 90 minutos todos os dias e segui as orientações médicas sobre a alimentação indicada para meu caso. As duas mudanças me ajudaram no meu dia a dia e hoje esses hábitos refletem na minha saúde atual”, conta. Da caminhada, ele passou à corrida. Durante sete anos correu 10 quilômetros por dia. Hoje totalmente recuperado do infarto, Albino diz que sua maior motivação para seguir com esses hábitos é acima de tudo o amor que sente pela vida. “E também pela minha família e pelos livros que ainda tenho que escrever”, diz.
da conscientização da necessidade de alimentação mais rica”, aconselha Dr. Luciano. Se você já está querendo entrar nessa nova vida, há apenas uma recomendação: “É importante sempre consultar um médico especialista e fazer avaliação física antes de começar qualquer esporte”, completa o médico. Para Dr. Luciano, pacientes que já possuem algum tipo de problema cardiovascular estão liberados para a prática de esportes, desde que passem por uma avaliação médica antes de iniciar um programa de atividade física. A recomendação é reforçada no caso de obesos e pessoas com diabetes, problemas cardíacos, hipertensão arterial, má circulação nas pernas e histórico de derrame cerebral. “A prescrição e a intensidade do exercício vão depender dos problemas de saúde e da cardiopatia apresentada pelo individuo”, diz.
Mexa-se e evite riscos sérios à saúde Quem pratica atividade física possui um objetivo, logo, um programa de exercícios direcionados ao seu condicionamento, aptidão e metabolismo. As atividades aeróbicas conseguem promover o bem-estar da mente e do corpo, auxiliam no controle do peso e ainda são capazes de reduzir importantes riscos para a saúde. Saiba quais:
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Colesterol – bom ou ruim? >> A alimentação adequada é um dos fatores que mais influencia os índices de ambos os tipos de colesterol
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lgumas das mais graves doenças cardiovasculares, como o infarto agudo do miocárdio e o acidente vascular cerebral (AVC), possuem uma causa em comum: o famoso colesterol. Mas, na hora do check-up anual, é preciso notar uma importante distinção entre dois tipos diferentes de colesterol: o HDL, considerado bom – pois é capaz de proteger o coração de doenças e, por isso, deve apresentar níveis elevados no sangue –, e o LDL, chamado de ruim, pois seu aumento está diretamente relacionado a maiores incidências de problemas no coração. De acordo com Dr. Maurício Jordão, cardiologista do Hospital Samaritano, para as gorduras serem transportadas pelo sangue, elas precisam estar agrupadas a proteínas condutoras, formando as lipoproteínas. “É a elas que os termos ‘colesterol bom’ ou ‘colesterol ruim’ se referem. As lipoproteínas que tiram gorduras das células e levam para o fígado para serem metabolizadas formam o colesterol HDL. Já as lipoproteínas que transportam gordura para ser armazenada nas células, facilitando seu acúmulo, é o colesterol LDL”, define. Segundo ele, o colesterol
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bom (HDL) deve ser pelo menos maior que 40 mg/dl e o ruim (LDL) geralmente abaixo de 130 mg/dl ou até menos, caso o paciente já tenha sofrido um infarto. Para prevenir este acúmulo de gorduras nas células, o principal remédio é a alimentação adequada. Cardiologista do Hospital Samaritano, Dr. Renato Azevedo explica que a maior parte do colesterol é proveniente do próprio metabolismo do corpo, mas que mudanças na alimentação conseguem reduzi-lo em 15 a 20%. “Recomendamos para as pessoas com colesterol ruim alto uma dieta que é, basicamente, evitar gordura de origem animal, como a presente em carnes e laticínios”, diz. A lista de recomendações também inclui não consumir as gorduras do tipo trans – presentes principalmente em produtos industrializados – e as saturadas, encontradas no óleo e derivados de coco, óleo de algodão e de dendê - e em produtos de origem animal como bacon, banha de porco, carnes gordurosas de maneira geral e laticínios integrais. Mas nem toda gordura fica de fora do cardápio: há um tipo mais que liberado. Segundo Dr. Jordão, as gorduras insaturadas são benéficas para a
saúde, ajudando a diminuir os níveis de colesterol. “As principais fontes de gorduras monoinsaturadas são: azeite de oliva, abacate, óleo de canola, girassol, gergelim e amendoim. As principais fontes de gorduras poli-insaturadas são: peixes e frutos do mar (ômega-3, 6 e 9), soja, óleo de peixe e grãos”, aconselha. A nutricionista do Hospital Samaritano Weruska Barrios recomenda o consumo dessas gorduras, preferencialmente, de duas a três vezes por semana. “O importante é mais a frequência da ingestão do que a quantidade, pois a troca de gorduras ruins pelas boas já ajuda a manter os níveis de colesterol adequados”, define. Além disso, segundo Dr. Jordão existem dois tipos de colesterol: o exógeno e o endógeno. O primeiro é proveniente da dieta e corresponde a 25 a 30% do colesterol total presente no corpo. Já o endógeno é produzido pelo fígado, e responde por 65 a 70%. “Dessa forma, uma produção exagerada de colesterol influenciada pela hereditariedade tem um grande impacto nos níveis de colesterol e nem sempre a dieta será suficiente para reduzir os níveis, havendo frequentemente a
necessidade de medicamentos para esse objetivo”, revela. Mexa-se! Entre as causas de aumento do colesterol ruim, a alimentação não está sozinha: o sedentarismo também tem papel importante nesse quadro. “Com pouca queima destas gorduras, ocorre aumento indevido da fração LDL do colesterol na corrente sanguínea, o que irá aumentar a probabilidade do indivíduo vir a ter infarto ou acidente vascular cerebral”, relata Dr. Azevedo. Segundo ele, outra condição para o nível alto de colesterol ruim é a chamada hipercolesterolemia familiar, de origem geneticamente determinada e que deve ser controlada com remédios. Outro fator condicionante para o desenvolvimento do colesterol ruim é a obesidade. Entretanto, os médicos afirmam que há obesos com níveis de colesterol normal, assim como há pessoas magras com colesterol alto. “A obesidade leva ao aumento das triglicérides, outro tipo de gordura presente em nosso organismo. Nestes casos, a maioria apresenta também elevação do LDL ou diminuição do HDL”,
ressalta Dr. Azevedo. O controle e a prevenção devem ser feitos por um médico especialista que irá determinar as medidas necessárias para a redução do colesterol, quando necessário. Os níveis elevados de colesterol não geram sintomas. Por isso, os médicos recomendam a realização anual do exame de sangue como a única maneira de saber e controlar os níveis. “É dosando no sangue o colesterol total e também as frações que o compõem (colesterol ruim e bom) para estimativa do risco cardiovascular que vamos conseguir ter um diagnóstico”, explica Dr. Jordão. A Sociedade Brasileira de Cardiologia orienta que todas as pessoas acima de dez anos de idade devem ser submetidas à análise do perfil lipídico – essa idade diminui para dois anos quando houver história familiar de doença aterosclerótica prematura ou de dislipidemia. “E também se a própria criança apresentar sinais de depósito extravascular de colesterol, fatores de risco (hipertensão arterial, diabete melito, obesidade) ou doença aterosclerótica”, complementa Dr. Azevedo.
Feito o diagnóstico, uma meta para os níveis de LDL é definida com base no risco cardiovascular individual, que contempla a presença dos fatores de risco tradicionais (hipertensão, diabetes, tabagismo, sedentarismo e história familiar de doença aterosclerótica prematura, obesidade) e a ocorrência anterior de doenças ateroscleróticas como o infarto do miocárdio. “Os níveis de LDL devem ser checados a cada seis semanas até atingir a meta definida. A partir daí, mensurações a cada 4 ou 6 meses são aceitáveis”, esclarece Dr. Jordão. Ainda assim, caso haja decisão médica de prescrever medicamentos para o controle do colesterol, os médicos devem se basear tanto nos valores quanto no perfil de risco individual do paciente. “Os medicamentos mais usados na redução do colesterol são as chamadas estatinas, que devem ser empregadas sempre sob prescrição médica, quando as medidas de mudança de hábito de vida como a dieta e a prática de atividades físicas não surtirem efeito satisfatório ou quando não houver possibilidade de aguardar os efeitos destas medidas por prioridade clínica, a julgamento do médico”, conclui Dr. Maurício.
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Inovações em cirurgias cardíacas >> O procedimento, realizado no país desde o século passado, passou por diversos avanços e hoje os riscos já são comparados aos das demais cirurgias
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esde o início da cirurgia cardíaca no Brasil, no século passado, as inovações tecnológicas evoluíram de forma a aperfeiçoar as técnicas cirúrgicas e os materiais e dispositivos utilizados nos procedimentos. Por exemplo, a estimulação cardíaca artificial – conhecida popularmente como cirurgia para implante de marca-passo – evoluiu de tal forma que hoje os dispositivos são dotados de múltiplas funções. “Sua finalidade é oferecer ao paciente um ritmo cardíaco o mais próximo possível do fisiológico, normal”, explica Dra. Valquíria Pelisser Campagnucci, cirurgiã cardíaca do Hospital Samaritano. Segundo Dra. Valquíria, outra inovação é o tratamento da doença valvar aórtica em idosos. Dependendo da idade do paciente, uma cirurgia cardíaca convencional é de grande risco, considerada proibitiva pelos médicos. “Porém, atualmente é possível oferecer como alternativa para os portadores dessa doença o implante de uma prótese através de cateteres ou pela ponta do coração, num procedimento mais rápido, evitando os riscos da cirurgia convencional”, afirma. Outra técnica que trouxe benefícios na área de cirurgia cardíaca é a intervenção minimamente invasiva. Diferentemente da cirurgia convencional – realizada por meio de um corte no meio do tórax – a cirurgia minimamente invasiva é feita com incisões pequenas e múltiplas denominadas de port-access, e tem a
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finalidade de reduzir o trauma cirúrgico relacionado à incisão. “A aplicação da cirurgia minimamente invasiva ainda é restrita a casos selecionados. Para a realização destes procedimentos é necessário o auxílio de câmeras de vídeo ou até mesmo de robôs”, relata a cirurgiã. Ponte de safena X Angioplastia As cirurgias mais frequentes realizadas na área da cardiologia são as revascularizações do miocárdio, conhecidas como “ponte de safena”. De acordo com dados divulgados pelo SUS (Sistema Único de Saúde), em 2007, cerca de 20 mil cirurgias deste tipo foram realizadas no sistema público em todo país. Até 30 anos atrás, a cirurgia de ponte de safena era o método tradicional para tratar problemas coronários, sendo a solução para 95% dos casos. Nessa época, outra técnica foi realizada pela primeira vez no país: a angioplastia. O método representou uma revolução no tratamento de obstruções nas coronárias e atualmente é o mais utilizado em casos de cardiopatia isquêmica e infarto do miocárdio. A angioplastia é realizada através de cateterismo, com a punção de uma artéria, geralmente a femoral, localizada na virilha. É feito um minúsculo furo na artéria e coloca-se no seu interior um introdutor, com cerca de dois milímetros de diâmetro. Pelo interior desse introdutor, o cateter desloca-se até as artérias coronárias. Antes, era colocado apenas um balão, que era insuflado
sobre a lesão, desobstruindo a artéria. “Desde o seu início até o momento atual, houve evolução da técnica com o advento dos stents e mais recentemente com os stents farmacológicos”, diz Dra. Valquíria. De acordo com ela, a angioplastia é um tratamento intervencionista, mas não é considerada cirurgia. Quem realiza o procedimento não é um cirurgião cardíaco e sim o hemodinamicista, médico especialista na realização de diagnósticos cardíacos através de cateterismo. “Ao contrário da angioplastia, as cirurgias de ponte de safena são reservadas a pacientes com obstruções coronarianas mais graves e complexas ou que sejam portadores de outras doenças cardíacas cirúrgicas”, detalha. A cirurgiã ressalta ainda que os pacientes que passam por um procedimento de alta complexidade como as cirurgias cardíacas ficam em média de cinco a sete dias no hospital. Além disso, permanecem afastados de suas atividades laborais por aproximadamente 30 dias com retorno parcial após este período e em 60 dias em geral retornam à atividade plena. Entretanto, para a reabilitação completa acontecer, seu estilo de vida deve ser alterado: “Os pacientes são orientados quanto à importância do controle dos fatores de risco para evitar recorrência da doença, uma vez que tratamos uma complicação e não a doença propriamente dita”, explica Dra.
Valquíria. Assim, é fundamental deixar o tabagismo, controlar doenças como diabetes, dislipidemia e hipertensão arterial e praticar atividades físicas. Cirurgias pediátricas A cardiopatia congênita, doença cardíaca desenvolvida no período fetal durante a formação do coração, é a principal causa das cirurgias pediátricas hoje. Estima-se que no Brasil nasçam aproximadamente 26 mil crianças por ano com a doença, sendo que quase metade delas necessita de tratamento cirúrgico ainda no primeiro ano de vida. De acordo com Dr. Renato Assad, cirurgião cardiovascular do Hospital Samaritano e especialista no assunto, a cardiopatia congênita pode ser dividida em malformações univentriculares, que comprometem o desenvolvimento de um dos lados do coração e malformações congênitas, que apresentam os dois lados do coração bem formados. Para ele, a idade da criança não é um risco para a cirurgia cardíaca, visto que hoje é possível realizar procedimentos médicos no feto ainda durante a gestação, se necessário. “É preciso reestabelecer a circulação normal o mais precoce possível, para evitar as sequelas das alterações do fluxo sanguíneo pulmonar, da sobrecarga de volume sanguíneo e/ou de pressão no coração”, informa. Segundo ele, a cirurgia favorece o crescimento e desenvolvimento normal do paciente, com o reestabelecimento da fisiologia e anatomia do coração no período neonatal.
Atualmente, a correção definitiva das cardiopatias congênitas no período neonatal ou precocemente na vida intrauterina é o principal objetivo dos profissionais da área. Dra. Maria Fernanda Silva Jardim, cardiologista pediátrica do Samaritano, explica que, como em qualquer cirurgia, há riscos associados à anestesia geral prolongada, mas a maioria das operações tem risco baixo de morte ou outras complicações. “As mais frequentes são arritmias, sangramentos, inflamação pós-
operatória, circulação sanguínea inadequada no cérebro, parada cardíaca e até o óbito”, esclarece. Com os novos avanços no cuidado de fetos e recém-nascidos e com uma estrutura hospitalar eficiente, o sucesso do procedimento é ampliado. “O Hospital Samaritano vem se consolidando como hospital de referência em cirurgia cardíaca pediátrica de alta complexidade. Os neonatos representam mais da metade desta população operada”, conclui Dr. Assad.
Cirurgia complexa realizada em bebê prematuro Em junho de 2010, o filho de Geni Nogueira, Cauã, nasceu prematuro, com oito meses de gestação e apenas 1,9 kg. Cinco dias após seu nascimento, foi transferido para o Hospital Samaritano, já com o diagnóstico de transposição das grandes artérias. Dr. Renato Assad, médico que o atendeu e realizou seu procedimento cirúrgico, explica que o bebê nasceu com as principais artérias do corpo invertidas e, por isso, houve a necessidade da cirurgia. “No oitavo dia de vida ele foi submetido a uma cirurgia cardíaca com o auxílio da circulação extracorpórea para corrigir a transposição das artérias”, ilustra. Para o cirurgião cardiovascular, o bebê apresentou excelente evolução, recebendo alta hospitalar em um curto espaço de tempo. “Mesmo com o risco operatório elevado, sua recuperação foi rápida e eficiente. O sucesso deste tipo de cirurgia, pioneira no Samaritano em um prematuro de baixo peso, reflete a eficiência e harmonia da nossa equipe multiprofissional ”, comemora. Segundo a mãe, atualmente ele continua fazendo acompanhamento médico no Samaritano, com a realização periódica de exames de ecocardiograma e eletrocardiograma. “Em 15 dias, ele se recuperou totalmente. Hoje ele está com dois anos e cinco meses, saudável, e esperamos que continue assim”, diz.
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Nosso Hospital Hospital Samaritano inaugura Núcleo de Cardiologia
núcleo de
cardiologia Em 2012 o Hospital Samaritano iniciou a formação de Núcleos com foco de atuação em suas especialidades estratégicas: Ortopedia, Cardiologia, Oncologia, Neurologia, Gastroenterologia, Urologia/ Nefrologia, Medicina Fetal e Perinatal. Em agosto foi implantado o Núcleo de
Ortopedia, em outubro foi inaugurado o Núcleo de Cardiologia, em novembro o Núcleo de Medicina Fetal e Perinatal e em janeiro de 2013 foi implantado o Núcleo de Gastroenterologia. O objetivo do Núcleo de Cardiologia é prestar assistência completa aos pacientes com problemas cardiológicos. Para isso, uma equipe médica completa e integrada está à disposição tanto para atendimento no Pronto Socorro quanto para consultas ambulatoriais, exames diagnósticos, cirurgias e internações. A equipe médica é composta por renomados cardiologistas nas áreas clínicas e cirúrgicas de diversas especialidades, como Coronariopatia, Insuficiência Cardíaca/Miocardiopatia, Hipertensão, Arritmia, Cardiologia do
Esporte, Cardiologia Infantil/Congênita, Cirurgia Cardíaca, Cardiopatia na Gravidez. O Núcleo está apto a realizar procedimentos de alta complexidade e técnicas minimamente invasivas. Os pacientes podem agendar consultas com os cardiologistas e contam ainda com o apoio de equipe de enfermagem. Além disso, o diagnóstico e o tratamento cirúrgico também são agendados e realizados de maneira rápida pelo ambulatório. “O objetivo é oferecer todo o suporte para os pacientes em todas as etapas, de prevenção a atendimento de emergência e procedimentos de alta complexidade. É um tratamento completo em apenas um local”, destaca o coordenador do Núcleo de Cardiologia do Hospital Samaritano, Dr. Roberto Caldeira Cury.
Disney Institute promove workshop para lideranças do Hospital Samaritano Entre os dias 29 e 31 de outubro, lideranças do Hospital Samaritano de São Paulo participaram de um workshop especial para conhecer estratégias, conceitos, filosofias e táticas aplicadas com sucesso pela The Walt Disney Company. Criado em 1986, nos Estados Unidos, o Disney Institute já realizou workshops em 45 países, treinando milhões de executivos. Os profissionais da Disney ministram sessões interativas com foco na execução de suas práticas, ensinando as estratégias que fizeram da empresa um fenômeno mundial também em administração. Para o Hospital Samaritano, o programa foi desenvolvido por meio de uma colaboração estratégica entre o Disney Institute e a Johnson&Johnson. Foi a primeira vez que o conteúdo, customizado, foi aplicado em uma
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instituição de saúde na América Latina. Foram três dias de intensas atividades. No primeiro os participantes aprenderam os detalhes do Modelo de Excelência em Liderança da Disney. Nos outros dias houve visita às instalações do hospital, em especial as áreas de atendimento ao cliente, e entrevistas individuais e no modelo focus group com profissionais assistenciais e de atendimento, com o intuito de entender a instituição e identificar oportunidades de melhorias. Para o superintendente corporativo do Hospital Samaritano, Luiz De Luca, o programa foi uma importante oportunidade para os profissionais aprofundarem o conhecimento de um case de sucesso e poderem adaptar estratégias e práticas. “Foi um momento ímpar para troca de informações, que
visou promover melhorias ainda mais importantes no atendimento ao nosso cliente”, afirma De Luca. Em 2013, o Hospital continuará promovendo estas atividades.
Perfil
Responsabilidade e Otimismo
À frente do Núcleo de Cardiologia do Hospital Samaritano, Dr. Roberto Cury tem planos ambiciosos na vida profissional e também na pessoal Há quase dez anos no Hospital Samaritano, Dr. Roberto Cury, 37, é o que se chama de “prata da casa”. Iniciou sua jornada no hospital no serviço de emergência em 2003, fazendo visitas de cardiologia, plantões no pronto-socorro e consultas clínicas. Atualmente coordena o Núcleo de Cardiologia, além de fazer a gestão operacional de Tomografia e Ressonância Magnética Cardíaca. Formado há 13 anos em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa, onde iniciou sua residência em clínica médica, Dr. Cury tem passagem pelo Instituto Dante Pazzanese e pelo Instituto do Coração, onde realizou especialização em Tomografia e Ressonância Magnética Cardíaca. Também possui MBA em Gestão Hospitalar pela Fundação Dom Cabral. Sua dedicação à profissão o levou ao sucesso em outros países: além de participar de congressos internacionais como palestrante – em 2012 foi a Baltimore e a Miami – ele completou a formação de Tomografia Cardíaca com cursos no Massachusetts General Hospital. Atualmente, em parceria com a Society of Cardiovasculat Computed Tomography e o Baptist Health of South Florida, organiza cursos de treinamento prático relacionados à área de tomografia cardíaca, respectivamente, em São Paulo e em Miami. Dr. Cury concluiu seu doutorado na FMUSP em 2011, com a tese "Avaliação da perfusão miocárdica de estresse com dipiridamol pela tomografia computadorizada com 64 colunas de detectores", um estudo pioneiro no Brasil. A pesquisa rendeu três
Dr. Cury: foco no trabalho e bom relacionamento com sua equipe
publicações internacionais: uma no American Journal of Cardiology e duas no Journal of Cardiovascular Computed Tomography, além do prêmio em primeiro lugar no Congresso Brasileiro de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia em 2010. Em seu dia a dia profissional, Dr. Cury gosta de manter um ambiente sério e responsável, mas tendo como principal método um ótimo relacionamento com toda a equipe que o cerca. Seu bom-humor e otimismo estão sempre visíveis, pois a transparência é uma das características mais fortes em sua personalidade. “Conviver de forma agradável com todos, mas sem perder o foco na responsabilidade do que fazemos, acaba gerando qualidade, comprometimento e retorno para o paciente”, acredita. Em sua família, Dr. Cury é rodeado por profissionais de medicina: seus pais, seu irmão e até sua esposa, Letícia, são médicos de diferentes especialidades. Mas ele garante que isso não influenciou sua escolha, embora tenha convivido desde criança com exemplos tão significativos. E a medicina divide espaço com outra paixão: desde os primórdios da faculdade, as equipes de basquete e handebol contaram com a ajuda de Dr. Cury para vencer torneios como a Intermed, uma das mais tradicionais
competições esportivas disputadas por faculdades paulistas. “Minha turma conseguiu ganhar o primeiro campeonato de calouros para a Santa Casa e ajudar na conquista do único título da Intermed que a Faculdade possui até hoje”, lembra. Pai de dois filhos, uma menina de seis anos e um garoto de quatro, ele se divide entre o trabalho e a família e tenta dar a máxima atenção enquanto está em casa, além de sempre definir pessoalmente a viagem de férias da família, desde reservar passagens e hotéis a programar o roteiro de passeios. “Adoro viajar e organizar a viagem é como um hobby. Assim, fico mais à vontade para escolher onde queremos ir, o que vamos visitar e as atividades dos períodos de descanso.” Para o futuro, Dr. Cury almeja alcançar um projeto ambicioso junto ao Samaritano: transformar o setor de Cardiologia em uma das principais referências em São Paulo e, consequentemente, no Brasil. Já no nível pessoal, sua meta de constituir família já foi alcançada e com isso ele revela ter outros planos: “O meu projeto pessoal maior agora é poder dar uma boa formação para os meus filhos. Que eles possam crescer com um desenvolvimento sólido de conceitos e com uma base em relação à família e aos bons conceitos da vida.”
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Infarto: não seja vítima >> Como identificar os sintomas e causas da doença cardiovascular que mais mata no Brasil
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cada cinco minutos alguém morre de infarto no Brasil. A última estimativa divulgada pelo Ministério da Saúde registrou cerca de 300 mil infartos por ano no país, provocando, em média, 80 mil mortes anualmente. A maioria das mortes por infarto ocorre nas primeiras horas de manifestação da dor – 65% dos óbitos são registrados na primeira hora e 80% até 24 horas após o início do infarto. O fator primordial para este número pode ser a falta de sintomas ou a dificuldade em reconhecêlos - uma pesquisa do Datafolha em parceria com a Sociedade Brasileira de Cardiologia revelou que dos mais de 600 entrevistados que já sofreram um infarto, apenas 2% souberam reconhecer os sintomas. De acordo com Dr. Carlos Marcelino, cardiologista do Hospital Samaritano, 30% dos pacientes apresentam como primeiro sintoma a dor do infarto agudo do miocárdio (IAM), pois até o momento eram assintomáticos, isto é, não tinham dor ao realizar esforços físicos. O índice restante corresponde a pacientes que já apresentam dor torácica desencadeada por esforços físicos (que facilita o diagnóstico) ou que cede com
interrupção do esforço. Caso a dor surja em repouso, o paciente é considerado de alto risco para IAM. “A dor do infarto tipicamente se manifesta como dor no meio ou à esquerda do peito, como um aperto, pressão ou peso. Às vezes com irradiação para o braço esquerdo, para a mandíbula e/ou costas, desencadeada pelo esforço, estresse emocional e até mesmo em repouso, sendo que pode durar mais que 20 minutos”, descreve. Segundo o médico ela não cede espontaneamente e pode ser acompanhada de suor frio, palidez, falta de ar, náuseas, vômitos e inquietação. Mas o que causa o tão falado ataque cardíaco? Dr. Marcelino explica que o infarto é a consequência da morte do tecido cardíaco por falta de suprimento sanguíneo ou por aumento da necessidade de oxigênio ou nutrientes. A causa principal que leva a essa necrose do miocárdio é a obstrução de uma artéria coronária, devido à ruptura de uma placa de gordura existente na sua parede: “Assim, há formação de trombo sanguíneo que leva à obstrução total ou parcial do fluxo de sangue para uma região do miocárdio”. Segundo o cardiologista Dr. Francisco
Stella, responsável pelo Serviço de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista do Hospital Samaritano, o acúmulo de células gordurosas estreita o vaso sanguíneo e diminui o fluxo de sangue, o que facilita a formação de coágulos que podem obstruir completamente o vaso sanguíneo e provocar o infarto. “Porém, caso só tenha a redução do fluxo de sangue, a pessoa pode ter dor no peito – chamada angina – geralmente nos esforços (mas também em repouso). Muitas vezes, alguns dias antes do infarto os sintomas já aparecem com a angina, um extremo cansaço ou fadiga diferente e mais intensa”, relata. O médico explica que a partir desses sintomas já é preciso procurar atendimento médico, para que uma investigação possa evitar o infarto. Os médicos alertam que o infarto é mais frequente em homens entre 50 e 70 anos, e em mulheres após a menopausa. Contudo, um estudo realizado na Watson Clinic, na Flórida, e publicado na revista da Associação Médica Americana, revelou que as mulheres em geral apresentam uma maior probabilidade de ser vítima de doenças de insuficiência cardíaca do que os homens da mesma
idade. Além disso, são mais propensas a sofrerem um infarto sem apresentarem os sintomas, como dor no peito ou mal-estar. “Os grupos de risco são, principalmente, pessoas com histórico familiar de infarto, hipertensão arterial, diabetes, alterações no colesterol, fumantes, estresse contínuo e as sedentárias”, informa Dr. Stella. Os médicos informam que a hipertensão arterial não controlada acarreta alterações nas paredes das artérias, facilitando a formação da placa de arteriosclerose e sua eventual ruptura, aumentando o risco de o paciente sofrer um infarto. “Uma pressão arterial excessivamente elevada, conhecida como crise hipertensiva, pode levar ao infarto agudo do miocárdio por causa do aumento do trabalho cardíaco e do aumento da demanda de oxigênio pelo miocárdio”, revela Dr. Marcelino. De acordo com Dr. Stella, quem desconfia que está sofrendo um infarto deve pedir para alguém levá-lo ao hospital o mais rápido possível ou, ainda, solicitar ajuda médica com envio de ambulância, caso esteja sozinho. Assim que o paciente der entrada na emergência médica deve ser realizado
imediatamente um eletrocardiograma para a confirmação do diagnóstico. “Os cuidados seguintes dependerão do estado clínico do paciente. A atitude a ser tomada é a desobstrução da coronária com cateterismo cardíaco e recanalização mecânica com angioplastia e stent, ou com medicamentos específicos chamados trombolíticos, caso o Pronto Socorro não disponha de cateterismo. A recuperação da célula muscular cardíaca leva aproximadamente 15 dias”, explica. De acordo com ele, nos primeiros dias, a musculatura do coração se contrai pouco ou até mesmo não se contrai. Durante a estadia no hospital, as ações essenciais para a recuperação do paciente devem incluir repouso e medicações, assim como o constante monitoramento do eletrocardiograma para verificar alguma alteração do ritmo cardíaco que possa piorar o quadro clínico. “Com as condições clínicas estabilizadas, a alta hospitalar pode acontecer ao redor de sete dias. O retorno às atividades, prudentemente, deve ser progressivo, a partir da terceira semana. Antes da completa liberação para exercícios físicos, atividade sexual, viagens, deve haver uma consulta para
nova avaliação cardiológica”, informa. Para esses casos, ele conta que o Hospital Samaritano possui uma equipe médica e os recursos tecnológicos necessários disponibilizados no Pronto-Socorro, na UTI Coronária e na equipe de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, que realiza procedimentos como cateterismo cardíaco e angioplastia com uma infraestrutura disponível 24 horas por dia. Entretanto, para a recuperação total do paciente, os médicos recomendam mudanças de hábito como o abandono do vício do tabaco, controle rigoroso da hipertensão arterial, controle do diabetes, controle do colesterol e triglicérides, controle da obesidade e a prática de atividades físicas, evitando o sedentarismo. “A recuperação depende da eficácia do tratamento, que depende também do tempo que o paciente levou até chegar ao hospital depois de ocorrido o fato, do tamanho do infarto, do comprometimento do miocárdio e da existência de sequela. Por isso, quanto mais precoce o atendimento, menor é o comprometimento do miocárdio, menores serão as sequelas e melhor é a recuperação”, finaliza Dr. Marcelino.
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