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Uma festa para o programa de resistência às drogas e à violência Divulgação
Ivoti – Uma noite especial, repleta de significado e expectativa. Assim foi a cerimônia de formatura de 260 alunos do 5º ano das escolas municipais na noite de quarta-feira, 8, no Ginásio Municipal.
COBERTURA
O Proerd foi retomado neste ano em Ivoti, sendo realizado em parceria entre o Município e a Brigada Militar. A noite contou com a música tema da campanha, a participação do Leão Dare, um juramento, além da entrega de prêmios às melhores redações e sorteio de brindes da Liquigás. Segundo o comandante da Brigada Militar, tenente Erlon Cesar de Paulo, 90% das mortes no País decorrem das drogas. “Queremos fazer um chamamento aos pais que vieram em grande número nesta noite: continuem participando da vida de seus filhos”, destacando o trabalho das soldados Daiana Cristina da Silveira e Sabrina Chavez Ramirez Fernandes. Sandra Hess
A filosofia como ferramenta para viver o cotidiano
Desde setembro, a noite de terça-feira é reservada pelo NAP- Núcleo de Atendimento Psicológico, de Novo Hamburgo, para relacionar Filosofia com as questões práticas do cotidiano a partir da série espanhola “Merlí”, exibida pela Netflix desde dezembro de 2016. Cada encontro se propõe a assistir um capítulo da série para após, debater com pais, jovens, professores, psicólogos, empresários e profissionais das diversas áreas sobre os temas
Revista MultiFamília é uma publicação da: Ano 3 - Número 13 - Out+Nov/2017 ISSN 2447631-5 Circulação: Bimestral - 4.000 exemplares - Distribuição: Gratuita
Edição: Sandra Hess (Jornalista - MTB/RS 11.860) Diagramação: Cleber Z. Dariva (Jornalista - MTB/RS 11.862) Capa: Sandra Hess Impressão: BT Indústria Gráfica Entre em contato: 51-99961-4410 contato@zmultieditora.com.br
tratados no capítulo. A Revista MultiFamília e a Revista Aprendente puderam acompanhar a noite em que o assunto era os Sofistas. Tudo alicerçado pelo Prof. Cerveira, da IENH - Instituição Evangélica de Novo Hamburgo. Sofistas são considerados profissionais da palavra ou reis da oratória por terem a capacidade de usar bem o argumento. Não importa o que você diz, mas como é dito. A persuasão é ferramenta para se preparar para um mundo prático e que requer a participação ativa do cidadão. No capítulo abordado no encontro 11, o professor Merlí faz uso do sofismo como estratégia para provocar movimentos entre os alunos, alguns insatisfeitos e incrédulos do futuro.
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Dezembro-2017/Janeiro-2018 Kamila Scheffel
Psicóloga CRP 07/14576 Terapeuta de Casal e Família. Mestre em Psicologia Clínica. Autora do livro “Casais Grávidos”
E “
Vivendo o Natal do nosso jeito
ntão é Natal, e o que você fez? Essa
Natal também pode simbolizar a troca de
data traz com ela muitos significados.
presentes, uma vez que as pessoas, a partir desse
Cada pessoa, diante das suas crenças,
ritual, demonstram seu reconhecimento e carinho
vivencia o Natal de diferentes maneiras, e o mais
para com o outro. Todavia, os presentes não
importante é encontrarmos o nosso jeito de
deveriam dar o significado para o Natal, visto que
vivenciarmos esse período do ano.
essa data transcende o material e disponibiliza
Podemos pensar que o Natal é um momento de reflexão e renovação, onde podemos pensar sobre o nosso ano, a fim de reconhecer seus
as pessoas um olhar para si mesmas e para suas escolhas e relações. Enfim, diante de tantas particularidades que
pontos fortes e fracos, para que possamos
o Natal e o final do ano nos presenteiam, acredito
iniciar o novo ano mais fortalecidos. Também,
que o maior presente seja nos permitirmos
podemos entender que o Natal é um momento
vivenciar esse momento do ano do nosso jeito, a
de encontros familiares, de trocas afetivas e
fim de sermos verdadeiros com nós mesmos. Que
de compaixão para com o outro. Momento de
não nos percamos em meio as superficialidades,
olhar para as nossas relações e buscar reciclar
diferenças e a correria que perpassa esse
emoções que estejam paralisadas diante de
momento. E que possamos aceitar as diferenças
aborrecimentos vivenciados ao longo de nossa
e, principalmente nos aceitar e buscar nossa
história, ou mesmo do ano que se finda. Muitas
felicidade e nossos significados para os diferentes
vezes, o espírito natalino faz transbordar o amor
momentos de nossas vidas.
e o perdão, auxiliando as pessoas a ressignificar situações difíceis que em algum momento vivenciaram. Ou ainda o Natal pode representar apenas mais um dia do ano.
A todos um Feliz Natal e um Novo Ano repleto de muitas alegrias! Leia este e outros artigos em:
revistamultifamilia.wordpress.com
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Meu filho chegou à adolescência, e agora?
O
seu filho já lhe disse: “não me chateie”, “me deixa em paz!”? Tranca-se no quarto para ouvir música aos berros e não acata a sua ordem? Já sentiu que ele prefere estar com os amigos a sair contigo? Pois é, o seu filho… é um adolescente!! A adolescência é o período de transição entre a infância e a vida adulta, caracterizado por impulsos do desenvolvimento físico, mental, emocional, sexual e social e por esforços do indivíduo para alcançar os objetivos relacionados às expectativas culturais da sociedade em que vive. A adolescência inicia-se com as mudanças corporais da puberdade e termina quando o indivíduo consolida o seu crescimento e a sua personalidade, obtendo, progressivamente, a sua independência económica, além da integração no seu grupo social. Os limites cronológicos da adolescência são definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) entre os 10 e os 19 anos. Este período poderá revelar-se como uma fase do desenvolvimento humano particularmente complicada, quer para o adolescente, quer para os seus pais, que muitas vezes revelam incapacidade em compreender e lidar com as mudanças comportamentais dos seus filhos. É uma fase em que procuram a sua própria identidade e questionam as regras e limites impostos. Existe uma enorme instabilidade emocional e a vontade de crescerrápido impõe-se. Para os pais, torna-se um verdadeiro desafio diário lidar com este turbilhão de emoções e comportamentos. Ainda ontem eram crianças e, hoje, cresceram e têm um espírito crítico para pôr tudo em causa. A adolescência é a fase do diário, do segredo, do primeiro grande amor, da intimidade e dos heróis. Sim, os heróis influenciam a vida dos jovens nas suas primeiras tentativas de identidade do ego. Além dos heróis, os pais têm um papel determinante na construção da identidade do filho. Mas, atenção! O adolescente não se identifica com os modelos parentais, mas sim revolta-se contra eles, rejeitando o seu domínio. Esta rejeição é necessária para separar a sua identidade da dos pais e da necessidade de pertença a um grupo social de referência. A diferença de gerações também pode ser um obstáculo à relação entre pais e filhos. A forma de ver o mundo é diferente, a tolerância escassa e a polarização de pretensões entre filhos e pais provoca confrontos na relação, o que aumenta o comportamento rebelde e de oposição. O jovem desvia o interesse do mundo exterior, para se concentrar
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cada vez mais em si próprio. Procura diferenciar-se de todo o resto e, por esse motivo, rompe com a autoridade, tanto dos pais como dos professores. Procura autonomia, o que por vezes implica um período de crítica, e lhe faz perder, por exemplo, o interesse em participar nas atividades familiares. Cresce a fantasia, através da qual compensa as inseguranças que experimenta no mundo real. Por isso é tão difícil falar com ele: está no seu próprio mundo. Surgem questões de comparação e de queixa: “os pais do J. não proíbem a Internet”, “os pais da S. deixam trazer a namorada para casa, na minha casa eu não tenho liberdade”. Crescem as dificuldades de aceitar a autoridade dos pais e estes perdem a paciência para lidar com tanta instabilidade. Assim, seguem algumas sugestões, dicas, reflexões sobre a relação entre pais e filhos para que haja um equilíbrio e um entendimento saudáveis. Costuma dizer ao seu filho que sabe perfeitamente pelo que ele está passando, pois já viveu tudo aquilo e, portanto, acha que pode dizer qual é o melhor caminho? Então evite! É necessário respeitar o momento do seu filho sem impor o seu modo de pensar. Por mais que tenhamos ideia de como é, agora é a vez deles e é impossível impedir o seu sofrimento, para além de que a sua experiência será certamente diferente da dos pais. Os adolescentes consideram-se maduros e não gostam de dar satisfações. Mas precisam. E o ideal é fazer com que isso aconteça naturalmente, sem a necessidade de cobrar explicações. Se os adolescentes forem tratados com respeito, geralmente, retribuem da mesma maneira. O importante é dar espaço para que o seu filho desabafe, partilhe, sem que sinta medo de ser julgado. Ameaçar cortar a mesada, caso o seu filho não obedeça, é muito comum. Assim como dizer que, enquanto ele viver às suas custas, não poderá tomar certasatitudes. Talvez devemos mudar de estratégia. Deve-se explicar as razões que o leva a proibir determinados comportamentos do seu filho, mas com ameaças, o jovem apenas obedece para não perder um benefício. Deve interessar-se pelo “mundo” do seu filho: a linguagem que usa, as musicas e ídolos, quem são os amigos, mas sem invadir a privacidade dele. Esta individualidade deve ser respeitada. Deve estar sempre disponível para conversar sobre qualquer assunto, incluindo drogas, sexo, doenças sexualmente transmissíveis, sem constrangimentos. Não se esqueça de três coisas muito simples: afeto, independência e diálogo. E tudo vai correr bem! Autora: Sara Guelha Oficina de Psicologia
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Paola Roos
Advogada, mestra em Direito (OAB/RS 63.876)*
Alienação Parental auto infligida: o outro lado da moeda da alegação de alienação parental
A
alienação auto infligida consiste na suposta vítima acusar o outro genitor de alienação parental, alegando que os filhos não querem conviver com ele/ela ou que sua imagem ou de seus familiares estão sendo manchadas pelo outro genitor, quando, na verdade, isso não passa de uma interpretação que ela faz mudando a ótica dos fatos, propositalmente ou não”. Tenho certeza que todo mundo já presenciou essa situação alguma vez na vida: um pai (ou uma mãe) após o divórcio assume uma vida de oba-oba, negligenciando por bastante tempo o filho, fruto da união falida. Por vezes a negligência afetiva dura para sempre, instalando-se o afastamento total do filho. Em outras situações a pessoa amadurece e, com o tempo, conscientiza-se dos danos que causou à relação pai-filho. É comum acontecer, ainda, de alguém lhe chamar a atenção para o fato de que agora outra pessoa está assumindo a referência paterna/materna em seu lugar: um
padrasto ou uma madrasta. Este despertar, ainda, pode ser motivado por outro conceito jurídico bem conhecido: dever de pagamento de pensão alimentícia. Seja por qual razão for - sentimentos verdadeiros, caprichos egóicos ou apenas por não querer arcar com a obrigação legal de pagamento de alimentos - neste momento o “oba- oba” ameniza e a energia passa a ser catalisada para a “reconquista” do carinho do filho. Contudo, cegos por sua própria incompetência/incapacidade de fazer um vínculo sincero e honesto com o filho, é comum que estes genitores falhem em todas as oportunidades que lhe são oferecidas. Em alguns casos, não conseguem sequer enxergar as oportunidades. Eles tentam fazer com que seu filho passe a amá-los por seu estilo diferenciado (oba-oba/ bacanão). Não dando certo, passam a querer comprar o filho: vídeo games, brinquedos novos, tênis maneiros, ingresso para jogos do time de
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futebol do filho.... os famosos pais e mãe “Mac Donalds”. Se comprar a criança não funciona, esses genitores passam infantilmente a exigir que a criança os ame, ajuizando para tanto um processo judicial contra o outro cônjuge alegando alienação parental. Afinal a lei, a princípio, lhes garante isso. As atitudes a partir daí são uma repetição bem conhecida pelo arcabouço jurídico e podem ser representadas nas seis fases a seguir: 1) Primeiro, o genitor(a) tenta defender seu ponto de vista, mas não consegue convencer nem a si mesmo das razões de não ter convivido com o filho durante tanto tempo; 2) Passando ao segundo estágio, ataca o ponto de vista daquele que julga ser seu oponente [o outro genitor ou mesmo o próprio filho]; 3) Sem argumentos palpáveis para derrubar o ponto de vista de seu opositor, passa a enaltecer suas capacidades como elemento diferenciador e, portanto, justificador de sua razão (alguns maus advogados e psicólogos o acompanham fazendo o mesmo ou pior!); 4) Sem conseguir progresso, ataca a pessoa do outro genitor ou a competência jurídica daqueles que o apoiam, numa tentativa de denegri-los moralmente e desacreditá-los; 5) Sem argumentos para tal, passa a atacar o próprio sistema jurídico, taxando-o de cômodo e covarde; 6) Não sendo aceito o rótulo que
se pensa capaz de colocar no sistema jurídico, veste a camisa de mártir injustiçado e levanta a bandeira de oprimido, alegando estar sendo vítima de alienação parental. Neste momento chegamos a um ponto delicado e perigoso, no qual as circunstâncias podem levar a enganos fatais. As capacidades “teatrólogas” de certas pessoas podem (não tão facilmente, mas podem!) iludir os expectadores menos atentos à coletânea de fatos e assim confundir a alienação parental auto infligida com a alienação parental propriamente dita. O elemento mais importante e fundamental do conceito de auto alienação parental é o quanto o alienado contribui positivamente para a sua alienação, ou seja, quando passa da situação de estranho (ou pouco presente) para a situação de conhecido não-desejado pela criança. Isto ocorre no normalmente quando este indivíduo tenta impor à força sua vontade de ser amado pelo filho ou pelo menos, reconhecido como pai ou mãe. E, como é obvio para as pessoas de bom senso, isto é impossível de ocorrer desta maneira. Que fique claro: não é possível ganhar o amor e o vínculo com uma criança a força! Pior, se esta criança experimentou um amor paternal ou maternal verdadeiro, então a reconstrução do vínculo acaba sendo ainda mais difícil. Sobretudo quando a situação é conduzida por advogados e oportunistas ou psicólogos incompetentes, pois crendo que existe algum pingo de razão em sua atitude, este pai ou mãe negligente assume as vestes de “super-pai” ou “super-mãe” ofendido no seu pátrio poder.
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Carolina Antunes
Psicopedagoga do NAP ABPp 0413
Psicóloga do NAP CRP 07/27580
“Onde está meu presente?”
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o darmos muitos presentes para as crianças no Natal, será que estamos premiando ou compensando os pequenos por algo? Estes questionamentos sempre batem a porta do meu consultório, mas recentemente com a repercussão da entrevista que Mila Kunis e Ashton Kutcher, dizendo que o casal não dará presentes para os filhos no Natal. Cabe a discussão. A atriz diz, se referindo aos filhos, que “Eles nem sabem o que estão esperando, eles apenas esperam alguma coisa”. Quando passamos por certas privações em nossa infância, é comum querer que os filhos não sofram o mesmo e com isso cometemos o erro de dar presentes demais e assim podemos gerar crianças consumistas, que pedem e querem cada vez mais. Não precisamos ser radicais e acabar com presentes, mas refletir “meus filhos vivem ganhando coisas fora de hora?”. Ninguém nasce consumista, esse é um hábito que se aprende, e pode criar um sentimento constante de insaciabilidade com relação as coisas materiais. O essencial é ensinar seus filhos a lidar com as frustrações, pois ter um objeto material não deve ser a alternativa para compensar algo. Precisamos pensar que a felicidade baseada em coisas materiais, não vão nos dar sustentação emocional. O exemplo vem de casa, então incentive seu filho a não ser desde cedo consumista. Não se deixem levar pelas datas, lembrem que eles precisam de afeto, carinho, de paciência e amor, esses presentes são os mais valiosos.
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O que nossos filhos realmente precisam
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a vida corrida que levamos, às vezes priorizamos o que o dinheiro compra e, nem sempre, é o que nossos filhos precisam. A sociedade em geral vive preocupada com o acúmulo de materiais. Pessoas estão perdendo contato com as fontes de felicidade que não exige sucesso ou lucro. É desafiador evitar a cultura de “quanto mais melhor” a partir do resgate dos prazeres simples da vida. Não é fácil lidar ao mesmo tempo com as exigências de trabalho, da casa, da comunidade, da família. É doloroso, por vezes, termos a sensação de sermos, em determinado momentos, incapazes ou insuficientes frente às necessidades emocionais dos nossos filhos. Julgo importante expressar com clareza e efetividade o nosso amor. Cabe aos pais dedicar uma pequena parte do seu dia aos filhos ou reservar um tempo para conversar, contar uma história, realizar tarefas escolares, enfim se conectar. Encontre um momento do seu dia que seja relaxante, que permita que seu filho se abra e conte o que está acontecendo em sua vida. Nossos filhos precisam de amor, atenção, acolhimento, escuta e momentos em família. Algumas vezes basta um aconchego, um abraço. Nossas crianças e adolescente precisam se sentir amados e admirados. Nossa vida é feita de momentos, aproveite todos possíveis com seus filhos.
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Um gene rebelde, uma nova solidariedade e a refeição em família
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á uma década, Porto Alegre é brindada com um evento cujo nome diz tudo: “Fronteiras do Pensamento”. Em 2015, conferimos algumas das conferências com outras centenas de pessoas no Salão de Atos da UFRGS. Era o ano que tratava do desafio em viver juntos. As cidades, as migrações, os conflitos, o desenvolvimento, o meio ambiente. Tudo junto. Naquele ano, o biólogo britânico Richard Dawkins falou na lei da natureza e no gene rebelde. Ele pediu ao público para imaginar uma floresta com árvores de troncos nus e copas muito altas. Todas buscando a luz do Sol e crescendo disformes. Depois, pediu que imaginássemos uma floresta planejada, em que todas árvores concordariam crescer somente 2 metros de altura, garantindo Sol de modo igualitário. Para Dawkins, é possível que esta estabilidade seja quebrada, pois haverá sempre um “gene rebelde” e uma árvore mutante que acabará com a convenção estabelecida. Outro pensador que assistimos foi o escritor português Valter Hugo Mãe, que falou sobre a necessidade vital do homem em “conviver”, da importância do respeito pelo lugar do outro, sendo que a generosidade a característica mais admirável numa pessoa. Noutro momento, o sociólogo e historiador norte-americano Richard Sennet debateu a “nova solidariedade” que se apresenta. “É uma habilidade saber ouvir, entender o significado e não impor sua preferência. A ambiguidade é importante, pois deixa espaço para desenvolver coisas novas, promove relacionamento”, disse, naquela noite. Aí, conferindo os pensadores de 2017, destacamos a fala da psicóloga Susan Pinker que trata sobre o sucesso profissional e os bons hábitos de saúde para garantir a longevidade. Ela fez uma pesquisa num vilarejo da Itália, Villagrande Strisaili, onde o número de centenários é 10 vezes mais alto do que nos Estados Unidos e em outras áreas da Europa. Ela descobriu que a vida social daqueles
moradores é constituída por relações cotidianas e menos profundas até as relações com pessoas próximas. Resumindo: o segredo está nas interações sociais presenciais, deixando de lado os dispositivos digitais. Ela sugere restabelecer a tradição das “refeições familiares”. “Comer com os filhos, sem telefones à mesa, pelo menos uma vez por dia. Isso tem um impacto enorme no desenvolvimento infantil. Nas famílias que têm refeições em conjunto pelo menos três vezes por semana, as crianças têm melhor desempenho escolar, menos problemas com drogas na adolescência, e menos comportamentos arriscados em geral. Então, o primeiro efeito da alimentação em conjunto é o de dar uma coesão à família, mas também há estes efeitos adicionais interessantes e é algo que acontece naturalmente”. Outra participante do Fronteiras do Pensamento, em 2012, foi a física e ativista ambiental Vandana Shiva. “O ser humano esqueceu-se que a água vem da chuva e a comida vem do solo. É hora de perceber que tudo o que nos mantém vivos vem da terra e não das empresas”, disse ela a uma repórter. Shiva argumenta que sair daquilo que consumimos para *viver o que somos* é um caminho para a felicidade, o bem-estar e a autoconfiança. O assunto que ela abordou também passou pela mudança na cultura de trabalhar para ganhar dinheiro, mas trabalhar para ser feliz. Aqui estão ideias-chaves de pessoas que estão pensando sem fronteiras... Pensando para existir, pensando em conviver para ter vida longa. Sementes que podem germinar e crescer. Que venha mais um dia, aliás, outros 365 unidades deste 2018.
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Alzheimer: cuidadores e familiares devem estar preparados Fotos: Divulgação
Público acompanhou atentamente as palestras
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ABRAz Sub-regional Novo Hamburgo (Associação Brasileira de Alzheimer) realizou, no Sinfonia Hotel Residência, o encontro para familiares e cuidadores sobre a Doença de Alzheimer. O evento contou com a presença de 80 pessoas que prestigiaram a apresentação da neuropsicóloga Daniela Henkel Blauth e dos médicos João Senger e Raul Cassel. As palestras abordaram, entre outros aspectos, a importância do cuidado com o cuidador, além de sintomas, estágios da doença, tratamentos e a melhor forma de auxiliar portadores de Alzheimer. A ABRAz realiza encontros periódicos na terceira 4ª feira do mês. Algumas dicas para quem cuida: - Procure dividir as funções e responsabilidades; - Estabeleça boa comunicação com os familiares; - Sempre que possível, busque momentos de lazer; - Concilie as atividades de cuidado com autocuidado e atenção à vida pessoal, social, familiar e profissional; - Use técnicas de relaxamento, como respiração e meditação e pratique atividades físicas; - Acolha e aceite as dificuldades, oferecendo oportunidades para compartilhar sofrimento e momentos agradáveis.
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Dezembro-2017/Janeiro-2018 Wilson Corrêa Vieira Psicólogo - CRP 07/25933
Qual é a tua obra?
G
osto da ideia de que humildade,
Cortella, cito exemplos de grandes obras que
é saber que não se sabe tudo.
merecem destaque.
Assim como ideias, devemos tê-
Penso que os leitores concordam. Pessoas
las e humildemente copiá-las quando boas,
que ficarão eternamente na lembrança,
necessárias para nosso eterno aprendizado.
imortalizadas pela “OBRA REALIZADA” Pelo
Citando Mario Sérgio Cortella, filósofo,
exemplo de humildade, doação, liderança
educador, pensador contemporâneo. Diz ele
e humanidade. Falo das pessoas que fazem
que nós humanos temos uma única certeza,
parte da LIGA FEMININA DE COMBATE AO
“que todos vamos morrer” e nos preocupamos
CÂNCER E VOLUNTÁRIAS DO HOSPITAL de
com isso, temos medo da morte, diferente
Dois Irmãos. Esses grupos são merecedores
dos animais, vivem tranquilos. Ainda que
de nossa admiração, respeito e consideração.
possivelmente a grande maioria dos humanos
Merecem, e já são eternas, imortais pela obra
gostaria de ser eterno, e serão mesmo, outros
realizada, sei que elas não vão parar por aí.
não.
Quanta dignidade. Penso que, se alguma delas
Digo que muitas pessoas, quando morrem
tem a preocupação de que vai morrer, não tem
serão logo esquecidas porque não fizeram
saída, mas também uma certeza, um lugarzinho
por merecer, ficar na lembrança das outras
a direita de Deus pai está reservado a cada uma
pessoas. Não deixaram um legado digno para
delas.
ser eterno. Diferente de muitas outras, que ficam eternamente lembradas, imortalizadas através da “OBRA DEIXADA”. Porque essa
Leia este e outros artigos em:
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minha citação? Concordando plenamente com
O ARTIGO DE WILSON CORRÊA VIEIRA TEM O PATROCÍNIO DE:
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Fabiane Horlle Hoff
Diretora da H. Maria Joias Contemporâneas e filha de Maria Helena Horlle Hoff
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O que importa é o amor
um momento em que estamos tão
ele é multi? Que quando se ama algo de verdade
expostos a adjetivos, qualidades, status
e surge uma nova faceta de possibilidade de
e o diabo a quatro me questiono sobre
amar, não é preciso realocar o amor. A gente
quem efetivamente somos? Será que ainda
tão simplesmente aumenta o amor. Ao mesmo
sabemos? Ou será que algum dia já soubemos?
passo que não amo mais ou menos de acordo
Sabe, penso que o que realmente importa
com variáveis. O amor “ama” o que é bom. Ele
são duas coisas: que eu realmente saiba quem
não “desama” por algo de ruim, nesta caso ele
sou e o que eu de fato seja para aqueles que ME
“inexiste”.
importam que saibam. Não importa parentesco, nível de amizade, se somos próximos ou não. Importa se ME agrega ou não. O que não
Tudo bem, Faby, mas é aí, tive vários relacionamentos que um dia envolveram amor e depois acabaram, e então, cadê o tal amor?
ME agrega, com o perdão da palavra, estou
Pois bem, o amor ficou no passado onde estava
como cavalo em desfile de Sete de Setembro:
aquilo que ME fazia bem e hoje não faz mais.
desfilando, cagando e andando!
Neste caso, o amor ficou lá. Ele existiu e não se
Pode parecer um tanto excêntrico da minha
apagou. O erro é querer preencher esta lacuna
parte estar dizendo isso. Mas entenda, ME
que imaginamos ter com sentimentos opostos...
importa apenas o que é bom. ME importa apenas
preencher com mágoas, com raiva, com ódio, com
e simplesmente aquele que ME proporcione
culpa, com indiferença. Pra quê, meu Deus?!
amor. Quando falo de amor, falo de recebê-lo,
Eu ME ocupo apenas com o que é agora,
mas principalmente da oportunidade de doá-lo.
apenas com o que flui. Meu exercício diário é
Falamos aqui de uma energia matemática cuja
procurar me relacionar com amor.
única conta compreende apenas duas operações: a adição e a multiplicação. Você entende que o amor é expansivo? Que
Que tal para 2018 e anos seguintes a gente se proponha a amar mais?
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Sandra Pinheiro Zambiasi
Assessora e consultora empresarial, estrategista em marketing. Especialista em organização e desenvolvimento de equipe e planos.
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Sucesso na vida tendo autoestima
utoestima é você se amar antes de esperar que outro te ame, auto estima é saber que sempre em tudo o que você fizer você dará o seu melhor, é depositar forças e energia boa e positiva em tudo o que faz. Se adquire auto estima fazendo o bem, fazendo certo, vivendo de forma clara e transparente. Uma pessoa que vive de máscara ou numa rede de mentiras não consegue ter auto estima, pois passa a vida vivendo um personagem e correndo o risco de ser pego em uma mentira a qualquer momento. Não espere jamais a academia dar resultado para daí sim você passar a se amar, por favor te ame pelo teu interior, pelo que você sabe e conhece de si. Não faça coisas ruins em sua vida para não ter vergonha de ti, mesmo as coisas feitas em segredo, seus pensamentos ruins e invejosos, eles estão com você e isso irá como uma ferida te apodrecer e nem você conseguirá gostar de si mesmo, e isto reflete. Pense na escola em quantos colegas que eram feios por fora, mas que eram os mais legais, os mais engraçados? Com certeza eles não vestiam personagens, eles eram sinceros e não perdiam tempo com pensamentos degenerativos e maldosos. Vamos começar limpando nosso interior, fazendo uma faxina nos pensamentos e ideias negativas e que nos fazem mal, vamos fazer mais coisas para nós mesmos nos admirarmos.
Pequenos atos e pensamentos que forem alterados conseguirão aumentar sua autoestima, você se amando conseguirá tomar as rédeas de sua própria vida, conseguirá administrar melhor sua vida e conquistará o sucesso na vida que é tão almejado. Faça o que fizer com amor, dando o melhor e sabendo que existe limitações, mas dê seu passo com firmeza e segurança. Jamais pise em alguém, seja humilde e com ciência de que você sempre responderá pelos seus atos não de outros. Viva um dia de cada vez, e no final da noite faça um pequeno balanço, deite no travesseiro com a consciência limpa, admirando a si mesmo. Estes dias eu estava em uma avenida lotada, hora do “HUSH”, o trânsito não andava, estava atrasada para buscar meus filhos na escola, e na rua lateral surge um carro, que com dificuldade devido a subida aguarda oportunidade de ingressar na via, apesar do meu atraso, eu me coloquei no lugar dele, que iria demorar muito para ele conseguir entrar pois o trânsito estava intenso e dei passagem, isso me fez tão bem, fiz o bem a uma pessoa que assim como eu deveria estar querendo retornar logo a sua casa, mas o maior bem eu fiz a mim mesma. A beleza exterior conquista ao primeiro olhar mas a beleza interna é a que fixa e garante nossa autoestima!
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Dezembro-2017/Janeiro-2018 Ingried Maria Weber
Especialista em Estudos Avançados em Inglês e Formação Pedagógica para Docentes e diretora da Cliff Idiomas
A realização de sonhos e a felicidade
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hegamos ao final de mais um ano, a chamada reta final para a concretização de muitos objetivos, metas e resoluções traçadas no início deste ou de algum ano, mais recente ou mais remoto. Para alguns, apenas o final de mais uma etapa de trabalho e projetos de qualquer ordem e, para muitos estudantes, o sentimento de felicidade na conclusão do ensino fundamental, médio, superior ou de algum curso de curta ou longa duração, a exemplo, um curso de idiomas. Qualquer que seja o objetivo estipulado, o resultado dependerá, em sua maior parte, de nós mesmos, exceto no acaso de algum infortúnio fora do nosso controle. O foco e as ações em direção a este objetivo exigem concentração quase total e, para muitos, a crença e o espírito otimista estão presentes o tempo todo. Inevitavelmente, somos alertados pela nossa própria consciência ou pelos nossos pais e/ ou responsáveis, professores, orientadores, instrutores e chefes sobre a importância nesse foco, na persistência e na necessidade de abrir mão de muitos confortos, da convivência com familiares e amigos e das atividades prazerosas, como os recursos tecnológicos, os quais podemos obter facilmente e que nos remetem a uma felicidade momentânea. O sentido da palavra felicidade é adverso. Para alguns, ela está na aquisição de tudo o que é novo, inovador, tecnológico e moderno, ou antigo, no caso dos colecionadores de antiguidades. Para outros, a felicidade está na
conquista de mais conhecimento a medida em que concluem etapas na educação e adquirem, além do conhecimento, prestígio e títulos. Para muitos, a felicidade está no reconhecimento do trabalho, seja como funcionário, empregador ou autônomo. Para os mais aventureiros, a prática de esportes, radicais ou não, e viagens pelo Brasil ou mundo afora, eis o sinômino de felicidade. Podemos chamá-los de utópicos, idealistas ou sonhadores, a felicidade para alguns é simplesmente praticar e exercer a vontade de ser bom, acreditar e amar ao próximo. Mas como seria este mundo sem eles ou de nós mesmos se, às vezes, não deixarmos nos levar pela fantasia? A caminhada em busca dos sonhos, dos objetivos, da felicidade e dos projetos que cada um de nós elege no início do ano pode ser longa e cheia de imprevistos e dificuldades. Todavia, quando esses projetos de vida são traçados com realismo e planejamento e executados dentro da moral e da ética, eles podem ser alcançados com mérito, com a merecida vitória e a recompensa, e a maior delas é o verdadeiro sentimento de felicidade e de missão cumprida com dignidade. Que a magia do Natal, com o seu espírito de paz e esperança, e a euforia do Ano Novo, com as suas aspirações por um ano e um mundo melhor, iluminem nossos corações e nos abençoem com saúde, paz e amor para uma convivência mais harmoniosa e amena em nossos lares, ambientes de trabalho e estudo, clubes, nas ruas e em todos os lugares.
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Juliana Birk
Acadêmica de Nutrição
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Escolhas mais saudáveis
correria do dia a dia à qual a maioria das pessoas está submetida atualmente, faz com que dediquemos menos tempo e atenção à nossa saúde, principalmente no que diz respeito à alimentação. Não é mais um hábito sentar-se à mesa para almoçar, com refeições cada vez mais rápidas, alimentando-se muitas vezes com lanches e industrializados. Isso tudo vem fazendo diferença na saúde da população, pois a alimentação e a falta de atividades físicas refletem diretamente na vida das pessoas. Temos que dar atenção às nossas escolhas, no que estamos comendo, e onde estamos comprando nossos alimentos. Verificar a qualidade do produto e ver quais benefícios ele nos trará. Geralmente, fazemos escolha pelo que gostamos, pelo paladar, e acabamos esquecendo que a alimentação deve ser feita em primeiro lugar como um nutriente para o corpo. Vamos preparar mais os nossos alimentos, ingerir menos industrializados e processados. Devemos fazer o resgate de nossas gerações passadas onde se plantava uma boa parte do que se ingeria, fazer o resgate de receitas de nossas avós, mamães, e
por a mão na massa. Incentivar e educar nossas crianças sobre a origem dos alimentos, fazer com que eles tenham essa vivência e conhecimento de plantar, colher e comer direto de uma horta ou de uma árvore. Chegando a época de férias, vale salientar a todos para dar uma atenção especial à saúde. Fazendo escolhas saudáveis hoje, lá na frente não precisaremos de muitos remédios e teremos uma longevidade muito maior. Vamos investir mais na alimentação e menos em farmácia. O cuidado que tivermos hoje vai refletir positivamente na nossa saúde amanhã. Avalie o seu prato e pense no que pode fazer para melhorar a sua alimentação, pensando em nutrir o corpo e a mente e deixando o paladar para momentos especiais. Então, vamos desembalar menos e descascar mais?
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Dezembro-2017/Janeiro-2018 Vicente Fleck
Advogado - OAB 73.662
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Adeus Direitos Velhos. Feliz Ano Novo?
sociedade evolui e o direito também, países ricos e pobres mudam constantemente suas leis, o motivo é simples o que antes era proibido ou imoral com o tempo pode ser normal e muitas vezes se reconhece que leis estavam erradas. A escravidão é um grande exemplo de uma lei que permitia a propriedade de um ser humano, algo impensável nos dias de hoje. Por outro lado comportamentos antes aceitáveis, hoje são expressamente proibidos, como por exemplo dirigir embriagado. Entretanto, nesse ano que se encerra tivemos uma enorme mudança de paradigma, uma lei antes extremamente protetiva ao trabalhador mudou para uma lei que impede o ajuizamento de ações, condenando os trabalhadores que ajuizarem ações e não comprovarem os seus pedidos. Evidente que não se quer uma lei que permita o ajuizamento de ações infundadas, entretanto, a nova lei impede o acesso do trabalhador à Justiça. A próxima tentativa de mudança de paradigma está na reforma da previdência,
certamente o começo do ano de 2018 será marcado pela tentativa da reforma da previdência. Veja-se que é louvável e natural que as leis evoluam conforme a sociedade, porém jamais a lei pode anteceder essa mudança, sob pena de ser uma lei inaplicável (como tantas em nosso país). Exigir que homens trabalhem até os 65 e mulheres até os 62 anos não seria o grande problema, uma vez que todos querem ter saúde para trabalhar até depois desta idade, porém hoje nós temos homens e mulheres com empregos depois dos 60 anos? A lei poderá mudar e retirar direitos conquistados a duras penas, porém será uma evolução da sociedade ou o pagamento de dívidas do governo em benefício de políticos corruptos? Que 2018 seja um ano em que daremos adeus a leis ultrapassadas, para termos verdadeiramente um Feliz Ano Novo.
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Dezembro-2017/Janeiro-2018
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Maiga Sabo Sandri Psicóloga e Psicanalista CRP 07/07240
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Então é Natal... E o Ano Novo já vem...
cada ano, parece que o Natal chega mais cedo!”, sempre ouço essa exclamação por aí. Sim... As vitrines e apelos comerciais antecipam cada vez mais esta data. Pouco a pouco, a agitação vai tomando conta das pessoas: agendas com eventos e festividades, correria para as compras, decorar as casas, sem falar nos rituais de organização, faxinas e reformas, dando uma sensação geral de que o tempo é escasso. O Natal, tão importante na cultura cristã, adquire um clima em que festejar é a ordem da vez, o que pode ir aos extremos de um entusiasmo excessivo e euforia, estendidos para toda a época de final de ano. Será que tudo é só felicidade? Ou o quê isso nos revela? Penso que o Natal e o Ano Novo geram uma mistura no ar. A aproximação das festas natalinas tem seu significado maior na comemoração junto à família e aos valores cristãos, tem a ver com união, afeto, dividir os sonhos e esperanças. É uma data mágica especialmente para as crianças. Para os adultos, retornam lembranças da sua infância, da família e alegrias do passado. Por outro lado, traz a nostalgia pela perda do encanto de outrora, e convoca cada um a ocupar o seu lugar na família atual, dentro do quadro em que ela se encontra, às vezes numa configuração diferente da que se gostaria de ter, dentro do tempo atual em que se vive. Refiro-me quanto às perdas e separações, pessoas que já não estão mais entre os membros da família. Estes são os lugares desocupados que, quando não elaborados
saudavelmente, não remanejados ou realocados, provocam incômodos nem sempre sutis. Outra fonte de angústia, pode- se citar também os desencontros, tanto os reais (quando as pessoas não se reúnem no mesmo lugar para passarem o Natal) quanto os conflitos de relacionamentos familiares. Após as diversas emoções de Natal, vem o Ano Novo, momento de finalizar algumas etapas (por ex. estudos e trabalhos) e planejar outras, organizar ou tirar as férias, etc. Enfim, um tempo que inevitavelmente nos leva a refletir sobre o ano que termina e o novo que está por vir. O futuro é um alvo de esperanças, mas que gera certo temor pelas incertezas, por aquilo que não dominamos. A correria excessiva e a euforia, na maior parte dos casos, tem por detrás a necessidade de controle, de ter que organizar as coisas, ao invés de lidar com sentimentos ambivalentes, nem sempre conscientes. Sobreviver ao “bombardeio” de fim de ano requer tempo de reflexão para analisar o que faz sentido a cada um, sem medo das frustrações, angústias, ou do sentimento de desamparo. Requer buscar o seu “alimento” através de palavras e gestos verdadeiros consigo mesmo e com os outros, e, em especial, aceitar que a vida é uma continuidade, e que sempre podemos nos dedicar a sermos melhores a cada novo dia, a cada novo ano, se formos tolerantes com as mudanças graduais, e que assim, isso tudo possa renovar mais serenamente as esperanças, os sonhos e os projetos.
Dezembro-2017/Janeiro-2018 19 19 Dezembro-2017/Janeiro-2018 Paulo Link
Produtor de plantas ornamentais Autor do livro “Encantos e lições da colônia”
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Férias
empo em que se dá uma trégua nas tarefas rotineiras, visando ao descanso físico e mental. Recordome bem das férias escolares, especialmente nos primeiros cinco anos de escola, na época denominado período primário. Pois, em 1960, com 7 anos, entrei na escola. Já falei uma vez que não gostava do ambiente no colégio, uma vez que o tratamento e pressão dispensados aos alunos eram muito severos. Então, para minha alegria, as férias duravam três meses. Por que tão compridas? Porque a exigência dos dias letivos era menor, havia menos feriados, e as tais pontes ainda não estavam na moda. Voltando às férias, era um período mais
descontraído, sem o compromisso do acordar e sair cedo e, principalmente, não tinha o tema de casa. Não precisar fazer tema era o melhor que poderia existir. Até porque ia-se à aula pela manhã; à tarde, ajudava-se nos serviços da roça e, à noite, sob a luz do lampião a querosene, era hora de fazer a tarefa escolar de casa. Nas férias tinha-se um pouco mais de tempo para brincar. Dos tempos de férias na vida profissional não tenho recordação de em alguma ocasião gozar do benefício. Hoje aposentado, experimento o que vem a ser férias: nada de horários fixos; sem comprometimento rígido nas tarefas; sem compromissos fixos diários... Assim, gostaria de gozar, pelo menos, mais trinta férias! Leia os artigos em revistamultifamilia.wordpress.com
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