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“A minha perpétua atenção sobre mim perpetuamente”

“A minha perpétua atenção sobre mim perpetuamente”

“A minha perpétua atenção sobre mim perpetuamente” acompanha-me na busca de novas e inéditas ambições, heterogéneas perspetivas de raciocínio e energia capazes de me nutrir e compor para a concretização dos momentos que, aos poucos, me arquitetam, esculpindo uma menina, uma jovem, uma mulher que, espontaneamente, encontra harmonia nos ambientes e

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contextos que enfrenta. Assim, “tenho em mim todos os sonhos do mundo”. O meu mundo, a minha jornada, a minha vida.

A dinâmica da mudança opera como o catalisador que desperta o crescimento pessoal, proporcionando oportunidades para o desenvolvimento de processos de melhoria contínua própria. No entanto, pondo de parte formalismos e didáticas laboriosas, contemplo a vida como um simples complexo, um acumular de memórias e vivências que se desvanecem no tempo, um espelho abstrato e intangível que reflete a imagem que o meu cérebro distorce consoante o que sinto: uma batalha incessante e vigorosa entre o racional e o emocional, sabendo, então, que me manterei “oscilante entre a razão e o desejo” face a todas as decisões que me inquietam o coração ou fortalecem o pensamento, reavivando episódios passados

que, instintivamente, me desencerram os limites da análise de tentações correntes e me encorajam a abordar vorazmente curiosidades futuras.

“Agir, eis a inteligência verdadeira” que me governa e exalta o vício salubre que expresso pelo movimento e pela intensidade, pelo exagero e pela paixão, pelo desafio e pela conquista. Porém, talvez devido à lucidez imensa que me usurpa, sempre sonhei inquieta a presença de algo que tornasse autêntico e palpável o amor em mim: serei eu digna da compaixão, de reconhecer e prosperar o afeto? Bastantes perplexidades me invadem, contudo, a verdade que absorvo é simples: o sentimento é uma “sombra que passa através das sombras” graças à sua natureza absoluta e invencível, uma fuga ao universal deliberado, uma dimensão indefinida que abraça sem escolher razões.

Elucidar a realidade torna-se uma obsessão, a constante demanda pela compreensão dos cenários que me ladeiam engendra uma comodidade ilusória, pois apenas a segura e ousada exposição dos meus atos me escuda do abismo que confina os adversários da vida: a apatia, a inércia e a covardia. Posto isto, concebo o eixo que me equilibra por entre o que fui, o que sou e o que serei, por entre o que não fui, o que não sou e o que, sem me restringir e reduzir ao óbvio, afirmo que não serei: alguém vulnerável aos fervores do futuro, incapaz de manifestar os valores da sua educação, dominado pela cegueira que quebra a sensatez e pela umbra que regela a febre da emoção exorbitante.

Rita Marques

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