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“Marisol, agora são férias, guarda os livros!”

“Marisol, agora são férias, guarda os livros!”

O passado, o presente e o futuro constituem as três fases que podem resumir a nossa vida. Nós, tal como o mundo que se encontra em constante rotação, mudamos constantemente e, ao longo destas três fases, vamos crescendo e aprendendo sobre a preciosidade que é a vida.

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O passado é, provavelmente, a fase mais fácil de descrever e transmitir. Posso dizer que fui uma criança normal. É claro que fazia algumas coisas que não devia, mas esta é a beleza de ser criança. Na realidade, sei que algumas coisas foram incorretas, nomeadamente, quando pintei a parede de minha casa e achava que aqueles desenhos eram lindos, mas hoje tenho de admitir que ainda bem que a parede foi pintada, pois foi nessa altura que percebi que não poderia seguir uma carreira nas artes. Sempre sonhei com a minha entrada no ensino secundário, no entanto, esta entrada foi um bocadinho diferente do que sempre imaginei. Quando ingressei no secundário tive de mudar de colégio. Poderia dizer que foi uma fase complicada visto que, para além da adaptação ao novo ensino, teria também de me ambientar a uma nova escola. No entanto, tenho que admitir que a adaptação se tornou fácil. Os colegas, bem como todas as pessoas que trabalham no colégio, fizeram-me sentir como se estivesse a integrar uma nova família. Tive sorte em conhecer pessoas tão fabulosas e que muito me fizeram crescer enquanto pessoa. Recordo-me de vários momentos que passei! A vida é maravilhosa pela sua inconstância e acredito que estava no meu destino conhecer pessoas que me

tinham tanto para dar. Existem palavras que recordo com muita estima e gestos que, muito possivelmente, os professores e os colegas não têm noção do bem que me fizeram. Desde um simples carinho, a um “Tem calma, Marisol!” ou quando me dizem “Marisol agora são férias, guarda os livros!”. A pandemia trouxe muita coisa má, é verdade! Contudo, o sentimento de carinho nunca faltou.

O meu “eu” do presente pensa e reflete várias vezes sobre a passagem do tempo e como o quero aproveitar da melhor forma. Sinto-me triste por o meu ensino secundário estar a acabar, mas tal como Fernando Pessoa dizia “O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”. Ao mesmo tempo que a nostalgia me invade, sinto uma felicidade que me rodeia e me tranquiliza por saber que se nunca tivesse passado pelo colégio nunca teria vivido o que vivi e, certamente, não teria tão boas memórias do meu secundário. Desde os risos aos choros, porque a vida muda constantemente e é esta mudança que a torna tão bela e, ao mesmo tempo, nos permite aprender.

O que me poderei tornar no futuro depende de mim. De uma coisa eu tenho a certeza, estarei sempre com a minha família, com os meus colegas e nunca me esquecerei das lições e valores que me transmitiram. Também não tenho dúvidas que darei o meu melhor para me superar todos os dias e para que no dia de amanhã possa ser melhor do que no dia de hoje. Tenho a certeza de que vou sentir muitas saudades do tempo em que vestia o meu uniforme com orgulho e do tempo em que ver o professor com a típica pasta de testes me fazia borboletas na barriga. São estas fases da vida que nos fazem crescer e que nos fazem ser melhores.

Na minha bagagem levo um pouco de cada uma das pessoas que passaram na minha vida até hoje e que, de alguma forma, me permitiram evoluir, que contribuíram para o meu crescimento ou que permitiram aprender algumas lições que levo para a vida.

Marisol Costa

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