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O Zé do futuro será independente, forte e feliz, à sua maneira

O Zé do futuro será independente, forte e feliz, à sua maneira!

A 15 de agosto de 2002, por volta das 16:50, o mundo via pela primeira vez José Luís Leal Duarte. Nascido na maternidade de Gaia, filho de José Luís Duarte Fernandes e de Carla Susana Leal Ferreira.

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Desde que me lembro, sempre fui uma criança faladora. Nunca gostei de estar quieto e dava-me bem com todos. A

minha infância foi deveras

agitada, desde mudar de cidade a mudar de país. A primeira mudança completa-se aos meus quatro anos de idade quando troco a minha cidade natal (Vila Nova de Gaia) por Gião em Santa Maria da Feira, algo que não foi difícil, dada a minha elevada capacidade de adaptação. O mesmo não posso dizer relativamente à minha mudança de país. Não me adaptei muito bem ao início, mas aos poucos e poucos a situação foi-se amenizando. Porém, ao final de um ano em Angola, voltei à minha querida terra, por motivos educacionais e de saúde, visto que não são as melhores no continente africano. Com o meu regresso a Portugal aos oito anos, entrei para a EB 1 Gião, escola onde passei momentos inesquecíveis, como os míticos jogos de futebol na hora do almoço, no campo de alcatrão, a entrada à socapa na cantina da escola e episódios na sala de aula envolvendo cadernetas de cromos de futebol e pacotes de leite achocolatado, ou até mesmo o momento em que o

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meu colega Filipe se engasgava com uma mola e começava a vomitar em plena aula de Estudo do Meio. A minha passagem por aquela escola acabou academicamente, mas deixou uma grande marca emocional.

Como tinha vindo de Angola, atrasei um ano e aos onze anos entrei para o Colégio Internato dos Carvalhos. Nunca apaguei da minha memória a entrevista de boas-vindas com o professor Raúl, um dos momentos mais marcantes da minha vida, dado que iniciaria uma nova etapa. As minhas amizades no CIC tiveram início de imediato, quando avistei na rampa um miúdo de óculos, João Vilaça. O meu diálogo com ele foi icónico e deveras cómico - «Queres ser meu amigo?», perguntei eu com um relativo entusiasmo e, com agrado ele aceitou.

Guardo na minha memória momentos memoráveis como as aulas de

Educação Visual com a professora Cármen, que insistia no facto de eu e o Kiko não termos jeito para a disciplina, o sprint do professor Luís Marinho na aula de Físico-química, a mítica Bate-Cave que a turma C tinha o hábito de visitar todos os intervalos (que mais tarde se viria a apelidar de Logitech, graças a uma piada do Zé Carlos sobre os fones do professor David Lopes), as aulas de matemática no nono ano no setor J, ou até mesmo as aulas de matemática no oitavo ano com o professor José Lima em que foi contada a história de quando o professor foi apanhado com a boca cheia de açúcar, passo a citar - «Tinha eu açúcar nos meus lábios, quando a minha mãe perguntou quem tinha comido o açúcar. Eu tinha dito que não era eu, e ela bateu-me», as aulas com a professora Isabel Cristina Ferreira, não esquecendo a lenda das Físico-químicas, Manuel Guedes, ou até mesmo as aulas estrondosas de Geografia, com o professor Sá Lima. E, como não poderia faltar a pessoa mais importante naquela instituição, que foi quem me fez interessar pelo meu curso atual, o grandioso professor Rui Jorge. Não tirando o mérito ao professor Luís Marinho que sempre me ajudou dentro do colégio, nunca irei esquecer o quanto me ajudou no oitavo ano a passar por um momento crítico a nível académico. E é com grande carinho que guardo no meu coração a minha passagem pelo Colégio Internato dos Carvalhos.

Tenho a certeza de que o Zé do passado se sentiria orgulhoso da pessoa em que me tornei. Sinto que tomei as decisões corretas ao longo do meu

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percurso, porque mesmo que não tenham sido as mais corretas eu acabei por as tornar, ao meu jeito. Algo que me satisfaz é fazer pessoas rir e deixá-las à vontade comigo, mas à vontade não é a vontadinha. Adoro fazer os meus treinos malucos que só quem é da velha-guarda reconhece. Gosto particularmente de jogar videojogos, visto que sempre tiveram uma grande influência na minha vida e me ajudaram a passar por muitos maus bocados.

O meu percurso futurista já está planeado, com a minha entrada no mundo do trabalho, já aos 19 anos. Aspiro traçar o meu próprio caminho ao som de «My Way» de Frank Sinatra. Daqui a cinco anos, vejo-me com uma casa já própria na região da Foz do Porto, algo que sempre ambicionei. O Zé do futuro será independente, forte e feliz, à sua maneira.

José Duarte

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“Não tenhamos pressa, mas mão percamos tempo.”

José Saramago

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