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O INVISÍVEL EXISTE
A luz é bem mais do que nossos olhos podem enxergar. Ao longo da história, vários cientistas se perguntaram quanto a isso e foram fazendo descobertas, hoje, fundamentais para a exploração do universo.
♦ Isaac Newton, em 1665, colocou um prisma no caminho de um raio de Sol e viu sete cores, o que nomeou de “espectro visível”.
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♦ Em 1800, William Herschel fez o mesmo que Newton, mas queria testar a temperatura de cada cor. Com termômetros, percebeu que a temperatura aumentava do azul para o vermelho e decidiu incluir um termômetro fora das cores visíveis, depois do vermelho, acreditando que registraria só a temperatura ambiente. A surpresa foi que o termômetro subiu ainda mais do que no vermelho - fora do espectro visível. O cientista chamou de “raios que vêm do Sol, inadequados para a visão", descobriu a luz invisível, nomeando a luz como "infravermelha”.
♦ No ano seguinte, Johann Wilhelm Ritter fez outro teste, agora usando um material sensível à luz, o cloreto de prata. Colocou um pouquinho da substância em cada cor visível do arco-íris, adicionando também na área escura, depois do violeta. Acreditem! O cloreto de prata na área não iluminada escureceu mais que na área violeta. Era a descoberta de outra luz invisível: o ultravioleta (“ultra” significa “além de”), hoje conhecido como UV.
Olhando Para O Passado
Nossos sentidos só detectam um pouco do infravermelho e dos raios ultravioleta na forma de calor sobre a pele, por isso, quando vamos à praia, precisamos passar filtro solar, para bloquear os raios de Sol prejudiciais que nos queimam. Então, quando olhamos para as estrelas, mesmo usando telescópios terrestres, nós só conseguimos captar a luz visível. É que a atmosfera filtra a maior parte da luz infravermelha e da radiação ultravioleta emitida pelos astros. Ainda bem, ou precisaríamos de protetor com filtro até durante a noite!
Vinda de lugares distantes do universo, a luz percorre um longo caminho para chegar até aqui. Isto quer dizer que muitas estrelas podem já ter morrido quando as observamos. Mas se as “estrelas mortas” não brilham mais, como é possível ver algo que já não existe? Na verdade, não é bem assim. O telescópio é praticamente uma máquina do tempo. Ao vermos as estrelas bem distantes, estamos vendo o passado, como elas eram naquela época, e não sabemos exatamente como elas são hoje.
A luz visível é só uma pequena parte do que os astrônomos chamam de “espectro eletromagnético”. Existem muitas outras ondas luminosas, incluindo os raios gama, os raios X, a radiação ultravioleta, a radiação infravermelha, as micro-ondas e as ondas de rádio. São necessários equipamentos para detectar essas ondas ou sair da atmosfera que bloqueia a maior parte delas.
O Universo Um Bolo De Passas
A ideia do Big Bang como explosão cria uma imagem na nossa imaginação, de que a expansão do universo acontece de forma esférica. A cientista faz uma comparação curiosa: o universo é como uma massa de bolo com passas no forno, as galáxias seriam as passas, e, conforme o bolo vai assando, as passas/galáxias vão se afastando e a massa vai se expandindo. Porém, não no formato oval, mas achatada, como um bolo que assa em uma forma retangular. Só que diferente do bolo, não existe forma, o universo vai se expandindo cada vez mais, se espalhando em ondas e energia, na maior parte das vezes invisíveis aos nossos olhos.
O Que Os Olhos N O Veem
Os primeiros exploradores dos mares só usavam as estrelas como guias, navegavam a partir do que seus olhos enxergavam e usavam lunetas apenas para ver se estavam chegando ao destino. Com o passar do tempo, começamos a utilizar lunetas para observações astronômicas e inventamos telescópios com dispositivos que captam muitas outras faixas de luz além da luz visível. Os telescópios modernos captam o que não conseguimos ver, o que está além da nossa visão no cosmos.
Duília começou a colaborar com a Nasa em 1997 e diz ser fã do Telescópio Espacial Hubble, um satélite artificial que está em órbita ao redor da Terra desde abril de 1990 e já trouxe imagens surpreendentes do universo. Sobre o telescópio, ela diz: “Tenho observado os campos profundos obtidos com o Hubble há décadas, mas ainda acho incrível que, quando olhamos para imagens profundas, estamos vendo o passado, bilhões e bilhões de anos atrás”.