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A DIVERSIDADE ESTÁ NAS ESTRELAS

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ALAN ALVES BRITO

ALAN ALVES BRITO

Uma das imagens mais conhecidas da astronomia foi feita pelo telescópio espacial Hubble: uma captura dos primeiros instantes do universo que permite a observação de galáxias, como elas eram há mais de 13 bilhões de anos. “A diversidade é uma potência no universo: são galáxias de diferentes cores, formas, composição química, temperaturas e idades. Se o universo é assim, por que não termos um ambiente científico que represente essa diversidade?”, Alan pergunta a si mesmo e a nós.

Como trazer o olhar sobre o céu de outras culturas? Para que a visão de ciência deixe de ser unicamente europeia (eurocêntrica), o pesquisador defende que profissionais de outras áreas do conhecimento, como arqueólogos, antropólogos e historiadores da arte contribuam com essa ideia de pluralidade, criando laços entre as descobertas. Um diálogo não só feito nas universidades, mas envolvendo pessoas que tenham diferentes vivências, como artistas da dança, músicos e, é claro, representantes dos povos originários, indígenas e quilombolas.

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O C U Iorub

Os povos Iorubá foram forçadamente trazidos ao Brasil e desembarcaram na Bahia nos séculos XVIII e XIX. Sua tradição conta que Ilé-Ifé é a cidade sagrada onde o mundo se origina: o início de tudo começa com Odùduwà, o ancestral de todos os povos que, encaminhado por Olódùmarè (o grande senhor do céu), teve a missão de ajudar na construção do mundo.

Na Cosmologia Iorubá, o mundo está dividido em dois hemisférios distintos que se complementam para formar a cabaça da existência: Òrun (céu: mundos invisíveis, abóbada celeste) e Àiyé (terra: mundos visíveis).

Arte Tamb M No Cosmos

O povo Tabwa, do Congo, utiliza uma cesta como representação do céu: a tampa da cesta é a superfície terrestre; as pernas são os pontos cardeais e a alça é uma referência à Via Láctea. Os desenhos triangulares (bala mwezi) ao longo da cesta remetem ao nascer da Lua Nova, ligados, portanto, às fases da Lua.

Constela O Do Homem Velhopovo Ind Gena Guarani

Podemos olhar para o céu e ligar os pontos, criando constelações - áreas celestes com conjunto de estrelas agrupadas por estarem aparentemente próximas, sendo as mais acesas os principais pontos de atenção. As figuras dependem de quem observa os pontos brilhantes na noite do céu. Onde os europeus viam uma cabeça da constelação de Touro, os indígenas enxergavam a cabeça de um homem velho; no Hemisfério Norte, via-se a constelação das Três Marias; No Brasil, os indígenas enxergavam a imagem de um dos joelhos da perna arqueada do mesmo homem velho; e onde há uma estrela de luz avermelhada que os europeus chamam de Betelgeuse e é o ombro do herói Órion, os povos originários acreditam ser a perna do homem velho. Além da constelação de Homem Velho, a cultura Guarani formou figuras como a Ema e o Cervo do Pantanal, o Colibri... Grande parte das estrelas do céu era vista nos dois lados do mundo. Apesar de admirarem os mesmos pontos no céu, cada civilização formou seus próprios desenhos a partir de suas vivências e referências.

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