Revista Sarau Subúrbio edição #07 ano 01

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EXPEDIENTE Edição: Ano 01 - Nº 07 - Outubro de 2018 Periodicidade da publicação: mensal Idioma: Português (Brasil) Editores: Marcelo Bizar e Marco Trindade Conselho editorial: Marcelo Bizar, Marco Trindade, Sônia Elã, Kátia Botelho Secretária-geral: Sônia Elã Revisão: a revisão dos textos é feita pelo próprio autor, não sofrendo alteração pela revista (a não ser tão-somente quanto à correção de erros materiais). Diagramação: Marcelo Bizar Capa: Marcelo Bizar e Marco Trindade Imagens: todas as imagens não creditadas foram retiradas da Internet, tendo optado o Conselho Editorial da revista por não identificar seus autores quando desconhecidos. Contato: sarausuburbio@gmail.com, https://sarausuburbio.wixsite.com/revista. Distribuição: A distribuição da Revista Sarau Subúrbio é online. Encontra-se em diversas plataformas da Internet. Em seu sítio: https://sarausuburbio.wixsite.com/revista, e também: ISSUU, Calaméo, Sapoblogs e Recanto das Letras. Notas importantes: A Revista Sarau Subúrbio é uma publicação totalmente gratuita, sem fins lucrativos. Não contamos com patrocínio de qualquer natureza. Nosso objetivo, em linhas gerais, é servir de instrumento para que os artistas que não possuem espaço de divulgação nas mídias tradicionais possam apresentar seus trabalhos, nas mais variadas formas, seja na literatura, na música, no cinema, no teatro ou quaisquer outras vertentes artísticas, sempre de forma livre e independente. Todos os direitos autorais estão reservados aos respectivos escritores que cederam seus textos apenas para divulgação através da Revista Sarau Subúrbio de forma gratuita, bem como a responsabilidade pelo conteúdo de cada texto é exclusiva de seus autores e tal conteúdo não reflete necessariamente a opinião da revista.


EDITORIAL Não há momento mais oportuno para lançarmos luz sobre um traço bastante representativo, e que em nosso imaginário está associado aos subúrbios: a afetividade. Aproveitando o dia das crianças no mês de outubro, e o simbólico dia de Cosme e Damião, comemorado em 27 de setembro, o qual, aliás, revela em sua comemoração muito da alma suburbana, tentamos enfeitar um pouco a Revista com a leveza e a graciosidade da infância. Feliz são aqueles que podem gozá-la em sua plenitude. Nesta edição, a Revista Sarau Subúrbio convida aos seus leitores e leitoras, a um reencontro, especialmente aos que perderam a ternura. É possível perceber na canção “BOLA DE MEIA, BOLA DE GUDE”, de Fernando Brant e Milton Nascimento, que a infância nunca deixa de existir dentro de nós, e como sua força é capaz de nos reinventar. Boa leitura! BOLA DE MEIA, BOLA DE GUDE (Fernando Brant/Milton Nascimento) Há um menino Há um moleque Morando sempre no meu coração Toda vez que o adulto balança Ele vem pra me dar a mão Há um passado no meu presente Um sol bem quente lá no meu quintal Toda vez que a bruxa me assombra O menino me dá a mão

E me fala de coisas bonitas Que eu acredito Que não deixarão de existir Amizade, palavra, respeito Caráter, bondade, alegria e amor Pois não posso Não devo Não quero Viver como toda essa gente Insiste em viver E não posso aceitar sossegado Qualquer sacanagem ser coisa normal Bola de meia, bola de gude O solidário não quer solidão Toda vez que a tristeza me alcança O menino me dá a mão Há um menino...

Viva a Democracia! Viva a Liberdade!


SUMÁRIO 02 - Expediente 03 - Editorial 04 - Sumário 05 - Subúrbio é afeto 06- Cinemateca suburbana 07 - A melhor maneira de entender Política é lavando louça 08 - A voz do contracenso 10 - Se liga no afeto 12 - 27 de setembro 13 - Subúrbio é afeto 14 - Um lugar no subúrbio 15 - Biblioteca e Discoteca Suburbana 16 - Lila 18 - Citações e comentários 21 - Por uma Matemática Suburbana 23 - Foi um samba que passou em minha vida 24 - Desculpe-me a redundância 27 - Os poetas choram 28 - Ser criança 29 - Jovem em surto no Itanhangá 31 - Felicidade 32 - Jorge de Sena e o subúrbio portuense 35 - Dez anos sem Luiz Carlos da Vila (1ª parte) 39 - Zé Ketti da Portela e do Carnaval 42 - Um pouco sobre o Dogma Feijoada 45 - Temposição das Almas Íncubas - Segundo Pentakapitel - I. Sonidos 48 - Comida de Pé-sujo 49 - Blog do Tiziu


S u b u r b i o é a fe t o

O segredo guardado para o bem viver também contempla um suburbano como eu , vivi em ruas de paralelepípedos onde sangue suor e lágrimas brotaram repletas de histórias desde a origem das regiões suburbanas lá pelos idos de 1858 e que hoje se renovam junto com o crescimento das necessidades do Povo por moradia e conforto; é notório destacar que o poder publico não acompanhou e não acompanha assertivamente essa expansão da atividade urbana no Rio de Janeiro. A expansão de forma marginal da linha férrea a partir de 1910 foi temperada pelos corações em transe pela sede de viver e prosperar no Suburbio que já então ganhava ares de sub cidade ou de periferia, simplesmente subúrbio onde tive uma Infância muito Feliz experimentando toda a Liberdade em caminhar pelos trilhos do Trem entre Deodoro Marechal Hermes ( primeiro bairro proletário do Brasil ), Muquiço, Guadalupe, Palmerinha e Honório Gurgel. Como era bom Sonhar em embarcar na estação do Trem para conhecer o Mundo, ou melhor Madureira; meu objeto de desejo infantil que desbravei pela primeira vez com uma bicicleta já aos 14 anos de idade num dia inesquecível de 1978 fui sózinho de Marechal a Madureira via Estrada do Portela, foi o início de uma relação afetiva intensa com o Lugar mais espetacular que meus olhos pudessem imaginar e visualizar ah como era bom poder estar lá olhando toda gente se movimentar sem parar nas esquinas, lojas, cinemas , Escolas e tudo mais, uma bagunça adorável me deixava mais forte e muito mais Feliz. Quer saber mesmo, a palavra que melhor pode desvendar a essência da sagacidade suburbana é a afetividade; ela está sempre presente nas relações entre famílias, amigos, no comércio, na rua ; todo subúrbio é uma sub Cidade amorosa e gentil para todos que ali habitam ou estão de passagem; quer saber vou te passar a visão: tem a ver com camaradagem, humildade e solidariedade. Lembro das tardes de Sabado em Marechal Hermes com os amigos de 10 anos de idade na rua Saravatá a chamada rua do Rio, brincávamos por horas seguidas em cima de uma “pontezinha”; era o nosso campeonato Mundial de escorar o lixo que passava pelas águas do Rio usando um pequeno pedaço de pau amarrado com barbantes ou o que fosse possível em suas duas pontas; éramos 5 ou 6 crianças descalças, sem camisa e regadas no melhor afeto suburbano, fruto da Alma fraterna dos bons Corações daquela doce época. Rodolfo Caruso


• C i n e ma te c a s u b u r b a n a


A melhor maneira de entender Política é lavando a louça

Feliz é aquele que lava a louça porque teve comida. Minha mãe dizia. Eu não me importo de lavar, mas ter o que comer, aí eu já não sei. Feijão com farinha e água. É comida, presidente? Deve ser. Tem lugar no mundo que nem isso. Mas não é a comida que eu queria tá comendo não. Aqui acabou o arroz ontem. E eu bem que queria um peixe. Se a Política fosse diferente, eu bem que podia ter comido um peixe hoje. Precisava nem ser salmão, tava bom sardinha. Hum, peixinho agora, hein presidente? Caía bem. Se a Política fosse diferente. Se a política priorizasse o mais necessitado. Vocês ficam brigando de terno e gravata. Discutindo. Complicando. Carece disso não. É fácil entender, presidente. Aqui, lavando a louça, eu consigo explicar direitinho. Tá vendo a esponja? Eu passo o sabão nela. Aí ela vira a Política. Porque ela pode mudar as coisas. Limpando as coisas. A Política que eu aprendi no meu tempo na escola tem que mudar as coisas. Aí vamo pra prática. Eu começo usar a esponja no copo. Sabe por que eu começo o trabalho pelo copo, presidente? Porque o copo é o mais frágil. Se eu lavar a panela primeiro, eu sujo o copo. O copo fica engordurado. O copo morre. Então a ordem é essa, presidente: primeiro o copo, que é o mais frágil. Depois o garfo, a colher, a faca, que já aguentam mais o tranco. E só no fim a panela que eu esquentei meu feijão. Que a panela é a parte mais forte. Se cai nem quebra. Eu sei o que você vai dizer: mas é a panela que faz a comida, dona. Que nem essa história de que é o patrão que dá o emprego. Deixa eu te dizer, presidente, sem comida a panela vira o quê? Hein? O que que é a panela sem arroz, a panela de pressão sem feijão, a frigideira sem bife pra passar nela? É que nem patrão sem trabalhador, é que nem político sem eleitor. E mesmo nessa tua lógica aí. O copo é mais importante que a panela. Na panela vai comida, no copo o quê? Hã? Água, presidente. Num sei você, presidente, mas já passei sede e fome. E a sede é pior. Aí o copo, o mais fraco, se torna o mais importante, o mais... como é que diz mesmo presidente... fundamental. É, o senhor sabe as palavras, só não aplica. É, eu sei. Tem esse problema aí. Os políticos não lavam louça. Não lavam, mas comem. E não é feijão com farinha não que nem eu. É salmão. Falando em salmão, peixinho agora, hein presidente? Caía bem. J o n a ta n M a g e l l a


A v o z d o c o n tr a s e n s o

A chama da vela que vaga Na escuridão do eterno que se apaga É a ascensão do tempo sobre o nada Com a fuga da arma que dispara Da vida do homem que se arrasta Pela sombra do bem que se cala. Do branco do sal que te marca À culpa do fel que amarga A mão do mundo que te esmaga É o doce da boca que se fecha A mão do mundo que te esmaga É o sentido do eu que te persegue O ventre do filho que se paga A fome do solo que se data É a folha que encolhe e desbota O verbo do ser que relata É o poema do tudo e do nada O medo da peste e da praga É o crime da natureza do homem É a visão do feio que consome O velho, o negro e a criança É o ópio da alegria de ver É a tristeza do ato de ser É a face do meio termo Do berço da água corrente A corrente da mente livre


A pátria amada vossa É o Deus que nada força O seu que é meu e que é morte É o pão, que é santo e é fraco O arco que eu traço É março que finda o sol O dia que o vento carrega A chuva de ácido que cega É o olho que a lágrima encerra O choque que te reprime Pelo ato que te define É a flor que cresce Pela mãe que padece Pelo filho que esquece Do amor que existe e resiste. Silvio Silva


S e l i g a n o a fe t o ! *

Hoje eu vou de papo reto: Se liga no afeto! Afeto no subúrbio não é coisa rara Os mano e as mina sabem disso, cara As famílias e os amigos sempre estão por perto Sabe o que é isso? Isso é afeto! No churrasco dos amigo você é convidado Se trouxer mais gente boa são todos chegado Só respeita nosso jeito e o nosso dialeto Sabe o que é isso? Isso é afeto! Nas quebrada, padaria, nos morrão e nos barzinho Todo mundo nos abraço, nos sorriso e no carinho Não rola palavra torta, o verbo aqui é direto Sabe o que é isso? Isso é afeto! No subúrbio o partido é o que dá pé Não vacila, tirando onda, sendo um Zé Mané Presta atenção na lição que nos ensina o grande Aniceto Sabe o que é isso? Isso é afeto! Chega um e mais uns dois e já fazemo a festa O samba sempre come solto de forma modesta Todo mundo se mistura, vira um só, ninguém é seleto Sabe o que é isso? Isso é afeto! Na pelada de domingo fechamos a rua O jogo é animado, as camisa sua Se começa confusão a paz vem logo no "deixa quieto!" Sabe o que é isso? Isso é afeto!


O carro para na esquina pro idoso passar E já vem uns moleque firmeza pra compra carregar As bisa são ajudada pelos seus bisneto Sabe o que é isso? Isso é afeto!

Chegado o mês de outubro as criança pira Correndo atrás de doce, açúcar na mira! São Cosme e São Damião fazem coro em dueto Sabe o que é isso? Isso é afeto! Bala, brigadeiro, bolo, suco, refri, bananada, pirulito, pé-de-moleque, jujuba, cocada... Crianças abençoada pelo Grande Arquiteto Sabe o que é isso? Isso é afeto!

Hoje eu vou de papo reto: Se liga no afeto!

* O texto foi concebido e redigido de forma a aproximá-lo do falar popular dos 'MCs' e "Rappers" da periferia paulistana. Pra ouvir o hip-hop:

link: https://soundcloud.com/marcelo-bizar/se-liga-no-afeto

Marcelo Bizar


27 de setembro

Milhares de rostos pequenos, num doce vaivém de alegria. Festa do povo, da plebe. Festa do riso e da graça. Bodas de ouro do subúrbio Com a sua gente. Buzinaço, grito, quizomba, caruru. Terreiro pintado de glacê, deixai vir os Erê, porque deles é o reino dos céus. Vamos beber guaraná. Brincar sem parar. Vamos ser criança, e celebrar a bem aventurança dos pequeninos dessa Terra.

Marco Trindade

* (Este poema é parte do novo livro do autor, que será lançado em breve)


S u b ú r b i o é a fe t o

Márcia Lopes

Rodolfo Caruso

Ana Cristina de Paula

Marco Trindade e Luis Henrique

Júnior da Prata e seus netos


• U m l u g a r n o s u b ú rb i o

Tem horas que chega aquela fome! Se você estiver no Méier tem um lugar que alguns escritores da Revista Sarau Subúrbio costumam ir porque sabem que "Quem quiser comer um autêntico podrão tem que conhecer o indispensável MC ROGER LANCHES"!. Instalado na rua Galdino Pimentel, em meio a diversos bares, resistindo ao tempo e à “gourmetização” da vida, o espaço oferece deliciosos sanduíches, com bastante simplicidade e ótimo atendimento. O clássico X-TUDO, alimento predileto de boêmios e diletantes que vagam pelas madrugadas suburbanas, é um dos pontos altos do cardápio. Então nossa dica de um lugar no subúrbio deste mês é de um lugar que preserva nossa raiz gastronômica suburbana. Quem sabe o leitor não encontra um dos escritores da revista sentado por lá! Vale a pena conferir!


• Bi b l i o t e c a S u b u r b a n a

· · · ·

Nova História do Cinema Brasileiro – Volume 1 Cinema Brasileiro e Coprodução Olhares Sobre o Cinema Brasileiro: 2001-2016 Jeferson De – Dogma Feijoada: O Cinema Negro Brasileiro

• Di s c o t e c a S u b u r b a n a

· Deus e o Diabo na Terra do Sol · Quilombo · A Ópera do Malandro ·


Li l a

Seis e quinze da manhã. Próximo a Cobal do Irajá, a fila do 350, já está enorme. Todo dia no mesmo horário estamos lá amontoados. Nunca é uma fila uniforme, ela vai inchando. A turma é boa. A maioria no primeiro emprego, outros se aposentando. Quase uma hora e meia para chegar na cidade. Fazíamos festa de aniversário: dos passageiros, do motorista, do trocador -é, nessa época tinha trocador - Teve começo de namoro e rompimento, tinha Dona Daise, que era a consultora sentimental, e outros afins, tipo caixinha de empréstimo. A volta era no 296. Pegávamos no Buraco do Lume. Aí já se formava fila 1, 2, 3 para cada carro. A nossa era a 3, para dar tempo de chegar todo mundo. Rolava uma cerveja, uns petiscos e quando entrávamos no ónibus, íamos cantando todos os sambas do Cacique... (meu primeiro amor enche de alegria). Até chegar ao Iraja, Lila era minha amiga de fila no 350. Um dia confidenciou que precisava de ajuda, pois desconfiava que tinha engravidado. Em que posso ajudar? Você não quer? Quase chorando, disse que não naquele momento, porque tinham projetos: ela passar para faculdade, ele terminar o curso do Senac. Não tinha espaço para um filho agora. Não iria contar para ele. E precisava de uma companhia para ir na clínica de aborto. Perguntou se eu poderia acompanha-la. Fomos na semana seguinte, ali próximo as capelas do cemitério, não gostei do ambiente, fiquei preocupada, mas ela disse que foi bem recomendado, e era onde podia pagar. A enfermeira veio pegá-la. Aguardei preocupada. Depois de um tempo saiu, ainda meio grogue. A levei para minha casa, dei uma sopa e o remédio receitado. Dormiu toda tarde. No horário da volta do trabalho ela foi para casa. No outro dia não vi Lila na fila. Pensei, deve ainda estar descansando. Passo na casa dela mais tarde. O que nos torna diferente? Nós, os amontoados no ponto, que inventamos coisas para nos fortalecer e nos dar esperança? Aqueles que não tem atenção da sociedade, essa que afirma que a cidade é maravilhosa?


Aqueles que se viram, abrindo sua vendinha, fazendo rezas, e batuques? Nós sofridamente diferentes, que temos que dar nó em pingo d’agua? Nos virar nos trinta? Tirar leite de pedra? Na real, continuamos dando murro em ponta de faca. E Lila não voltou mais para fila do 350. Do r i n a G u i m a r ã e s


C i ta ç õ e s e c o me n tá r i o s

"Mesa de bar é onde se toma um porre de liberdade", Gonzaguinha, genial como sempre. O que mais gostei quando fui convidado para escrever na Revista Sarau Subúrbio foi que me disseram "Não, na revista você pode escrever crônica, poema, conto. Não tem importância." Gostei muito disso. O texto não precisa ter uma forma de antemão. E veio a condição: "Bem, só precisa ser do subúrbio." Não me lembro quem falou isso: o Marcelo ou o Marco? Mas não me importo com isso agora. Fiquei foi é muito feliz de ter o subúrbio carioca (ou qualquer subúrbio ou periferia brasileiros) como Universo. E explico-me. Acho que já falei isso em alguma coluna anterior. Repito para convencer o leitor. Eu já tenho essa minha tese como certeza. As periferias, os subúrbios periféricos, subúrbios operários, os subúrbios do mundo todo na verdade, tem uma riqueza sem igual. Participar de uma sociedade é se movimentar nela e o suburbano caminha em toda a cidade. O mesmo não ocorre com aqueles que vivem nas suas zonas de exclusão. Uma conversa com um suburbano típico: - Jonas, eu moro em Ramos, trabalho no Leblon de jardineiro num condomínio e estudo à noite num cursinho de cuidador de idosos no Centro da cidade. Ali pertinho da Uruguaiana." E eu não pude deixar de perguntar pro amigo Luizinho, num bar de Marechal Hermes: - E a diversão de final de semana, parceiro! Onde rola a gelada tranquila? - Amigo, onde o dinheiro deixar! E rimos muito no entendimento mútuo do significado daquelas palavras. O suburbano é antes de tudo um adaptado! "Nada funciona bem, com exceção do medo." Inspetor Bauer em O ovo da serpente, filme magnífico dirigido por Bergman. - Aí, amigo... agora até no Instagram aparece a propaganda da nova chuteira da marca *$%#@ pra eu comprar. Se eu falo que estamos sendo espionados todo mundo diz que é a tal teoria da conspiração. Tô dizendo...


- Pois é, isso acontece mesmo. Ouvi dizer que nós concordamos com toda essa espionagem quando aceitamos (por imposição) os tais termos quando instalamos programas ou abrimos uma conta de "imeiu". Um hábito que tenho, muito recomendável por sinal, é o de ler artigos de áreas do conhecimento que me são completamente desconhecidas. E ainda mais interessante é quando conseguimos conversar com alguém da tal área que desconhecemos e lhe dizer qual foi a nossa interpretação do que lemos. Muitas vezes é fantástico o que acontece. Parece algo impossível à primeira vista, mas depois se torna interessante para quem o faz. Experimenta só. Então, lendo assim a esmo que me deparei com uma teoria da Linguística: a Teoria da Relevância. Descobri numa rápida pesquisa que a tal Teoria da Relevância se preocupa em resolver "uma das afirmações centrais de Grice: a de que uma característica essencial da maior parte da comunicação humana, verbal e não verbal, é a expressão e o reconhecimento de intenções." Não sei quem é o teórico Grice mas achei interessante o assunto e fui lendo um pouco mais. A tal afirmação seria fundamental pra um modelo alternativo ao modelo clássico de códigos comunicacionais. Ei, espera aí, isso é muito interessante. Pelo que li, entendi que no modelo clássico importante seria a comunicação em si sendo o objetivo seu conteúdo não estar corrompido. O que se quer comunicar chegar ao outro da forma mais original quanto possível: o código que vai deve ser o mesmo que chega. O significado seria o mais importante. Pela nova perspectiva o comunicador forneceria evidências de sua intenção de comunicar um certo significado que o ouvinte percebe fundamentado nestas evidências. E segue, o que pra mim foi a parte mais interessante: os enunciados criariam automaticamente expectativas no ouvinte, e tais expectativas guiariam o ouvinte na direção que o falante desejasse. "A afirmação central da Teoria da Relevância é a de que expectativas de relevância são precisas e previsíveis o suficiente para guiar o ouvinte na direção do significado do falante." Teoria da Relevância, autores: Deirdre Wilson e Dan Sperber, in: Linguagem em Discurso, revista eletrônica da UNISUL. Disponível em: <http://www.portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/Linguagem_Discurso/article/vie w/287/301>, acesso em 11 de outubro de 2018. O dito acima é pano de fundo de umas ideias que me ocorreram após ler sobre a tal Teoria da Relevância.


Na minha interpretação, pelo pouco que li, os conhecimentos de tal teoria podem ser facilmente utilizados nas áreas de Propaganda, Marketing, manipulação virtual e manipulação através de meios comunicativos "sem persona": mensagem comunicada por "novidades falsas" nas redes sociais como Face, zap, insta, Youtube, Google e coisas assemelhadas. "Vote em Tiririca, pior do que tá não fica!" Tiririca A Política é um dos conhecimentos humanos que é objeto de estudo da Sociologia. No início da Sociologia (agora já é bem diferente), a "ciência das sociedades" se preocupava com o homem e suas relações em sociedade. Muitos teóricos quiseram tornar a Sociologia uma disciplina científica nos moldes antigos: estudar o homem no gigantesco laboratório que seria a Sociedade. Pra entender como isso é falho, até mesmo as ditas ciências exatas foram contestadas quanto à sua "exatidão científica" no decorrer do século passado, o tão extremista século vinte. A Física, a Matemática e recentemente até a Biologia foram contestados. Mas a Política, assim como a Sociologia, continuam objeto de estudos importantes e interessantíssimos. Discordando do palhaço Tiririca, ficamos por aqui no presente mês. Abraços!

J o n a s H é b ri o


Por uma Matemática Suburbana

A Matemática nos cerca no subúrbio. Um conhecimento que pode ser prático ou totalmente abstrato mantém-se firme em torno das sociedades humanas, sempre se manteve na verdade. Um campo recente da Matemática se chama Etnomatemática. Já falamos um pouquinho sobre ela numa crônica anterior, falaremos na atual e sempre que tivermos oportunidade. A Etnomatemática, simplificando bem mesmo, seria o estudo das Matemáticas dos povos. Sim, Matemáticas no plural. A ciência em questão procura olhar, acolher, aprender, rever e ensinar a outra Matemática (a oficial). Pelas lentes da Etnomatemática a Matemática é vista como produto histórico, científico e até político da sociedade. A Matemática é vista como um conjunto de saberes de todas as gentes e de todos os povos e não de um conjunto de pessoas com notável inteligência abstrata pra números que tirariam tudo de suas cartolas mágicas. Vamos pincelar um pouco o assunto. Ficaremos em três exemplos somente. No sentido histórico a Etnomatemática conseguiu entender que o denominado "Teorema de Pitágoras", tão importante e que todos nós aprendemos ou ouvimos falar na escola, não era um conhecimento restrito aos gregos. Babilônios e chineses conheciam muito bem as relações racionais que estudamos num triângulo retângulo e as operava com extrema presteza muito antes dos gregos imaginarem tal possibilidade. No sentido científico a Etnomatemática observou, pesquisou e classificou as geometrizações das arquiteturas africanas que possuem conhecimento adquirido em mais de trinca e cinco mil anos de atividades e a correlação existente entre saberes tão antigos da humanidade e a Matemática contemporânea mais avançada. Acabaram concluindo que diversas comunidades africanas da antiguidade manejavam conceitos de uma área atualíssima da Matemática, a dos fractais. No sentido político sabemos que certos conhecimentos matemáticos ao longo de nossa História foram propositalmente escondidos pelo receio das consequências sociais que sua divulgação poderia trazer. Sublinhamos a Escola Pitagórica que teria "escondido" a existência dos números irracionais na Grécia Antiga, pois tal fato derrubaria por terra a ideia pitagórica de que o mundo seria perfeito e que os números (racionais) governariam o mundo, mas esse fato é tema de uma futura


As práticas, manipulações e saberes matemáticos utilizados pelos feirantes, pelo peixeiro, pelo pedreiro, pelo padeiro, pelo jovem suburbano convivendo no bailes funks, pela jovem suburbana que convive com o samba da rua, pela dona de casa indo ao mercado e fazendo o dinheiro render de forma muto mais eficaz muitas vezes do que faria um economista. E em nossa primeira crônica em busca de uma Matemática Suburbana falaremos sobre um objeto utilizado pelos pedreiros: o prumo. Um fio provido de um peso numa das extremidades, simplificadamente é disso que se trata um prumo. É um instrumento utilizado por muitos pedreiros no subúrbio, principalmente porque é possível improvisar fazendo-se prumos com garrafas de plástico pets vazias. Um pedreiro bem humorado poderia nos responder ao ser perguntado de pra que serve o prumo, que o prumo serve para "fazer a prumada". Caso insistíssemos ele ainda poderia dizer o seguinte: "é a prumada que vai garantir que as paredes da casa sejam feitas retas, feitas no prumo". E é isso mesmo. Talvez e digo talvez pois desconheço as leituras e a escolaridade desse nosso pedreiro hipotético, ele não saiba os conceitos matemáticos que ele está manipulando. O prumo serve para verificar por paralelismo a verticalidade das paredes que serão erguidas (e de colunas também). Verticalidade é subir reta, e por paralelismo é o conceito matemático por trás de toda história do prumo, de sua utilização precisa e da tal da "prumada". Também chamado de "fio de prumo", o prumo é o equivalente vertical do nível de água (utilizado para horizontalidades geralmente). Quando duas retas são separadas por uma mesma distância no decorrer de toda a sua extensão dizemos que elas são paralelas. As duas retas que o pedreiro está utilizando são a "reta-fio" e a "reta-parede" e com o prumo parede obtém a verticalidade ("retidão") da parede por paralelismo ("prumada"). Terminamos com as ilustrações abaixo que nos permite visualizar o que ocorre. Até futuro encontro.

As "retas" que ficam paralelas As três sitações que podem H e r a l d C o s ta


• Foi um samba que passou em minha vida

Na vida de todos nós que amamos o samba existe aquele em especial que nos marcou. Este é o espaço para os depoimentos apaixonados, compartilhe com os leitores aquele samba inesquecível.

Onesio Meirelles

link: https://soundcloud.com/sarau-suburbio/depoimento-de-onesio-meirelles


Desculpe-me a redundância

Minha vida, hoje, segue mansa Numa passada que quase não cansa. A paciência esfriou a presença da ânsia Que me acometia com abundância. Não é “aqueeele“ tempo de bonança! Apenas administro as circunstâncias, Doso com parcimônia a esperança E me embriago com doses de tolerância. Para cada música, ajeitei uma dança E para os aromas a adequada fragrância. Não sou mais a ponta da lança Untada com o veneno da jactância. Já não mais estoco a quem se lança Empertigado com a goma da arrogância, Inflexível na retórica do que afiança E com reiterada e renitente redundância. Ajustei, do meu jeito, o fiel da balança, Aliviei o peso das discordâncias E diminui o preço das cobranças Sem oferecer quase nenhuma relutância. Acomodei-me, paulatino, às mudanças. Percebi que existe imensurável distância Entre os polos de partida e chegança Separados por enormes discrepâncias. Quem persevera sempre alcança! Ouço isto desde a distante infância. Máxima que jamais apago da lembrança E, hoje, revisto de total importância.


Já nas casas legislativas grassam intolerâncias. Políticos e empresários de imensas panças, Vorazes e insaciáveis nas suas ganâncias, Dilapidam nossos sonhos, direitos e finanças. O momento é de inteira destemperança, Esquerda e direita, à margem da beligerância, Rosnam entre dentes, sem dignas lideranças, Apenas para fazerem valer sua predominância. Afinados pelo diapasão da discrepância E em descompassada contradança, Desafinam num discurso de implicância, Mas se acomodam aos compassos de vantajosas alianças. É um indisfarçável desfile de arrogâncias Entre interesses fatiados com desconfianças. Um festival de deslavadas cenas de petulâncias Em meio a lavação de inúmeras lambanças. Um puro reflexo da famigerada herança Deixada por um fatídico tempo de intolerância Que, hoje, se renova e multiplica com pujança E se alastra com inacreditável consonância. Nesta pútrida, farta e restrita festança, Cujo ultraje ao caráter é a deselegância, Nossos representantes se refestelam com exorbitâncias. Exibindo uma voracidade que não se amansa Já o povo, em meio a um atropelo coletivo, avança, Resoluto e obtuso em suas discordâncias Numa cega marcha com sentimento de vingança, Sob o aboio dos capatazes da dissonância. Uma corja eficiente que jamais descansa E conduz sua manada com relevância Apoiado num discurso falaz e sem substância Tão próprio das nocivas lideranças.


Palavras que pintam, com exuberância, Um quadro de renováveis nuanças, Que oscilam de acordo com as circunstâncias E anseios daqueles de quem são ordenanças. Estas nocivas e nefastas militâncias, De incansável e renhida perseverança, Apostam todas as fichas na ignorância De um povo abastado de desesperança. Kaju Filho


Os p o e ta s c h o r a m . . .

Na noite todos os poetas Liberam emoções Se entregam as suas secretas ilusões tem na poesia sua resistência Vislumbram belezas no amanhecer. Viver é renascer Corre água na cachoeira É dia de pedir pedir perdão

Xangô lá pedreira bradou Pediu agô para seu filho Foi entregue o Amalá Na casa de Pai Oxalá.. Sofrimento não pode entrar Limpa os nossos caminhos Bons momentos hão de chegar A vida que se percebe é de luta Mas também é de paz, o que se almeja é o melhor para transformar a sociedade E a liberdade alcançar. Chega de sofrer, perder, morrer A lágrima que escorre em meu rosto Vem junto com um sorriso de criança A luz da Esperança Que é a força para sobreviver.. E chega o dia.. Márcia Lopes


S e r C ri a n ç a

Quero ser criança de novo. Jogar bola de gude, soltar pipa, rodar o pião. Quero ser criança de novo. Jogar futebol, admirar o balão. Quero ser criança de novo. Pular amarelinha, de ciranda brincar. Quero ser criança de novo. Dizer a bênção Mamãe. Na hora de me deitar e levantar. Quero mergulhar na Lagoa, Tomar banho de chuva, Desenhar um Sol com giz! Quero ser criança de novo. Que é pra ter esperança De um Mundo mais feliz... Vem brincar comigo, vem cantar. Vem fazer amigos, vem girar. Nessa roda viva com amor e alegria, Vem viver e sonhar... Júnior da Prata


J o v e m e m s u r to n o I ta n h a n g á

Nunca tinha dito ainda, pro meu único leitor, que sou formado em Direito. Estudei numa universidade pública aqui do Rio de Janeiro. Conhecida por oferecer um curso de qualidade. Na minha modesta opinião, Direito bem cursado é o curso feito com muita leitura, não só das leis, mas de livros de diversas e diferentes matérias, principalmente Filosofia e Sociologia. Mas, vejamos. Aqui no meu subúrbio do Itanhangá tem um pouco de tudo e muito de poucas coisas, pois é, e justamente no meu pacao prédio veio morar um jovem com umas tendências esquisitas. Deixe-me explicar pois o meu único leitor pode deixar de sê-lo, fazendo um julgamento apressado da minha pessoa. O tal jovem era estranho no sentido e pelos fatos que passo a narrar aqui embaixo. Foi numa madrugada de domingo pra segunda. Todos nós do prédio fomos acordados por gritos de "Eu disse que estávamos sendo vigiados... não existe governo brasileiro... o comando vem de outras regiões... mas acabam errando seus alvos... eu estou sendo perseguido e posso ser assassinado agora..." Todos no prédio se assustaram bastante, óbvio. Eu fiquei calmo pois não tenho como agir diferente nesses casos. Um plano de fuga é complicado para um cadeirante. O que pude fazer foi esperar com o ouvido colado à porta de entrada do meu apartamento. Quando o portão de entrada bateu lá embaixo fui rapidamente (na medida do possível) até a janela na tentativa de avistar o jovem. E o vi. Ele brigava com o espaço ao seu redor com murros no vento que passava. Esbravejava e gritava que estávamos todos sendo perseguidos pelo governo. Depois de um tempo, sentou-se num dos bancos da praça com a cabeça entre as mãos e os cotovelos entre suas coxas. E ficou ali parado. Talvez pensasse num modo de sair do próprio desespero. Eu o observei durante algumas horas, sim foram horas, com pequenos intervalos para fazer um chá-preto com torradas de pão dormido e voltar à janela. Ele acabou por dormir num banco ao relento. Mas é só aqui que começa a história do porquê falei em Filosofia e Sociologia lá no início do texto.


Passei a confabular o que teria acontecido ao jovem. O que era de se notar era o medo extremado em sua fala. " - O medo é uma das formas de dominação!", dizia meu professor de Sociologia Jurídica nos bons idos da faculdade. Ainda não andava pra lá e pra cá com minha querida cadeira nessa época. Na aula o que ele queria nos explicar era de como o Direito tentava "dominar nossos impulsos mais animalescos", isso dito em suas palavras. O professor Osvaldo era uma figura, como dizem por aí atualmente. Um camarada extremamente polido e formal, bem diferente do que se poderia esperar de um professor de Sociologia. Tinha feito seu mestrado na França. O doutorado na Inglaterra. Uma formação estranha, conflituosa, pelo menos eu pensava assim, imaginando culturas ditas europeias, mas que sabíamos tão conflituosas. Lembrando de suas aulas sei que a Sociologia tem um sentido de dominação diferente do senso comum. Seria uma forma de encontrar obediência a um comando. Bem, posso estar errado, mas é o que lembro das leituras do Max Weber. Os que obedecem não o fazem porque são bonzinhos. Longe disso. Uma dominação bem-feita deixa transparecer que haverá para os obedientes muitas vantagens: “ficando quietinho terá seu docinho”, numa lembrança típica de nossas infâncias. A obediência além de vir da lei poderia vir de outras duas formas ditas puras pelo sociólogo (tive que decorar tudo isso para uma prova de primeiro período). As outras duas formas de obediência pura se dariam pelo costume e pelo afeto. O sociólogo Max Weber explicava que os que nos dominam tradicionalmente, trazendo-nos o costume de obedecer, por exemplo, podem ser personificados na figura de nossos pais e há ainda os dominados pelo afeto, que seriam os dominados simplesmente por uma mera inclinação pessoal. E terminava a matéria sobre “A dominação em Sociedade” com uma analogia interessante: - Observem alunos que os que lutam por manter a Tradição, Família e Propriedade, os que defendem este slogan, estão defendendo a continuidade da dominação social por meio tradicional, carismático e legal, com palavras sinônimas às analisadas pelo Weber!" Não falei nada da Filosofia né mesmo. Ela fica pra outra oportunidade. E quanto ao jovem luco, o Malaquias, ele teve foi um surto causado pelo consumo de drogas. O desfecho de seu surto é interessante e um pouco inesperado, mas fica pra um mês futuro. Antero Catan


Felicidade Infância, novela, literatura e subúrbio. O ano era 1991 e eu contava então com dez anos de idade (façam as contas e percebam que eu já sou uma “jovem senhora”, rs). Em uma época sem internet, uma das principais distrações da população, principalmente a do subúrbio, eram as telenovelas. Foi no referido ano que começou a passar a novela “Felicidade” de Manoel Carlos e que marcou muito a minha infância. Tal novela contava o romance entre Helena e Álvaro, que se conheceram numa cidadezinha mineira no início da década de oitenta, e ao longo de dez anos têm encontros e desencontros. Desse amor nasce Beatriz, uma menina alegre e doce que não sabe quem é o seu pai. A história era inspirada em oito contos do escritor mineiro Aníbal Machado: O iniciado do vento, Viagem aos seios de Duília, O Piano, Monólogo de Tuquinha Batista, O telegrama de Atarxerxes, Acontecimento em Vila Feliz, A morte da portaestandarte e Tati, a garota. Os anos se passaram, e eu não li nada de Aníbal Machado, mas por conta da novela, o seu nome sempre permanecia na minha memória. Um belo dia, numa feirinha de livros usados (algo que eu amo de paixão), estava lá um exemplar de A morte da porta-estandarte, Tati, a garota e outras histórias, uma edição de 1982 da editora José Olympio, baratinha, baratinha. Logo me recordei da novela, e finalmente comprei o livro. Ao longo da leitura, fui identificando e relacionando as histórias e os personagens dos contos com os da novela. Foi uma delícia de leitura. A narrativa de Aníbal é leve e harmoniosa. Outra alegria foi descobrir que diversos personagens dos contos viviam no subúrbio carioca. Tuquinha Batista, que também foi personagem da novela, morava em Madureira e amava o seu subúrbio, jurando que não iria jamais para a Zona Sul. No conto Tati, a garota, Manuela, a mãe de Tati, sai de um badalado bairro à beiramar e vai morar com a irmã em Deodoro. Em A morte da porta-estandarte, diversos blocos de carnaval do subúrbio desfilam na antiga Praça Onze. Na novela, parte dos personagens se muda do interior de Minas Gerais para uma singela vila suburbana no Engenho Novo chamada Vila Duília (provavelmente uma referência a um dos contos inspiradores da novela). Recordar coisas boas da infância, viajar através da literatura envolvente de Aníbal Machado, ver meu querido subúrbio representado com carinho na TV e nos livros, tudo isso me faz sentir muita “Felicidade”. Fica aqui a minha recordação de criança e a sugestão de uma ótima leitura. E que a nossa criança interior, que sonhava e brincava pelas ruas de algum bairro suburbano, nunca seja esquecida, afinal, subúrbio é afeto. Ana Cristina de Paula


Jorge de Sena e o subúrbio portuense

O escritor português, Jorge de Sena (1919 a 1978), naturalizado brasileiro em 1963, foi ensaísta, tradutor, crítico literário, professor e estudioso da literatura, com destaque para seus estudos renovadores sobre a obra de Luis de Camões e Fernando Pessoa; além de ter escrito vários contos, um romance e uma novela, foi, acima de tudo, poeta. Perseguido pela ditadura de António de Oliveira Salazar, mudou-se para o Brasil em 1959. Sena construiu uma obra marcadamente testemunhal, vasta e variada. Diante dessa breve biografia do poeta destacado, que nos deixou precisamente há 40 anos, proponho a vocês a leitura de dois poemas fundamentais que aqui procuro separar em dois blocos temáticos: o primeiro poema chama-se “Conheço o sal” cuja temática é o amor. Sena ilustra-nos sugestivamente um ato sexual temperado com o que há de mais reacionário na química: o cloreto de sódio. Conheço o sal Conheço o sal da tua pele seca depois que o estio se volveu inverno da carne repousada em suor noturno. Conheço o sal do leite que bebemos quando das bocas se estreitavam lábios e o coração no sexo palpitava. Conheço o sal dos teus cabelos negros ou louros ou cinzentos que se enrolam neste dormir de brilhos azulados. Conheço o sal que resta em minhas mãos como nas praias o perfume fica quando a maré desceu e se retrai.


Conheço o sal da tua boca, o sal da tua língua, o sal de teus mamilos, e o da cintura se encurvando de ancas. A todo o sal conheço que é só teu, ou é de mim em ti, ou é de ti em mim, um cristalino pó de amantes enlaçados. Retornando à proposta inaugural do parágrafo acima, apresento-lhes o poema “Rendimento”, que traz ao leitor a realidade de um pedinte do subúrbio portuense que se encontra em condições deploráveis por conta das ações capitalistas do século XX. Rendimento Estava sentado no degrau da porta. encostado à ombreira, numa rua de ligação, sem montras, onde só passam carros e as pessoas a encurtar caminho. A face pálida, boca entreaberta, barba por fazer e o cabelo em repas desoladas. Dificilmente respirava, nada seguia com os olhos, era muito abertos, ora piscando muito. No regaço, e protegido pelos joelhos agudos, tinha um boné no qual esmolavam os transeuntes. Da lapela, preso por um alfinete, pendia amarrotado e sujo um boletim da Assistência Nacional aos Tuberculosos. Era o cartão de visita, o bilhete de identidade, a certidão, a carta de curso, a apólice de seguro, o título do Estado. E, no boné, como se vê, caía o juro.


A análise a que chego é de que Jorge de Sena fora um leitor voraz de Karl Marx, e seus poemas refletem uma tendência denunciativa das mazelas pelas quais os excluídos passam no mundo por conta da crescente desigualdade na distribuição da riqueza. Lembro, mais uma vez, que a ideia é provar que a obra seniana está a serviço das classes sociais desassistidas e desamparadas por governos egoístas e corruptos, como a ditadura salazarista. Não precisamos evidentemente ir longe. Basta cruzar o Atlântico e chegar à América do Sul. Precisamente ao Brasil, país que acolhera o poeta português. No entanto o gigante adormecido em berço esplêndido o fez buscar novo refúgio em virtude do nosso Golpe Militar de 64. Fugira aos Estados Unidos da América e lá morrera. Feliz? Talvez pela totalidade e potência de sua obra que fica para as novas gerações. Quem sabe onde esteja - se existe onde - esteja, perdão pela anáfora, desinteressado pelo que passa aqui uma vez que outro golpe se avizinha.

Leonardo Bruno


Dez anos sem Luiz Carlos da Vila (1ª parte)

Era uma manhã ensolarada de junho de 1998. Entro no último vagão do metrô, na Estação de Vicente de Carvalho, sentido Centro da Cidade. E lá estava ele dentro do trem: Luiz Carlos da Vila. Sem cerimônia, me dirijo a ele e o saúdo: "Fala, Luiz Carlos da Vila". Ele, meio sem jeito, me cumprimentou: "Opa, tudo bem!". Passamos a viagem em silêncio. No dia seguinte, lá estava eu no bar "Papo de Esquina", Vila da Penha. Estabelecimento comercial cujo nome fantasia tinha o nome da coluna esportiva de Sérgio Cabral, no jornal "O Globo" nos anos oitenta. Lá onde, o jornalista disse que os sambas de Luiz Carlos da Vila eram tão bonitos como uma jogada do craque Leandro do Flamengo. Naquela época, no "carnaval das Diretas" e alguns carnavais depois, só dava Luiz Carlos da Vila: sua composição "Um dia de graça" estourara na voz de Simone, acompanha de Neguinho da Beija-Flor, um hino contra a ditadura que se findava. Luiz também ganhara o carnaval na Unidos do Cabuçu, a levando para o grupo principa, com o enredo homenageando a sua madrinha, Beth Carvalho. Eu já ouvia falar de Luiz Carlos desde o samba que reconduziu a Vila ao primeiro grupo, em 1979, "Os anos dourados de Carlos Machado". Para mim, melhor do que "Kizomba, a Festa da Raça", opinião coincidente com a do seu irmão Betinho. Bom, chegando ao bar, lá estava ele, trazido por Luiz Carlos Máximo, que depois ganharia sambas na Portela e na São Clemente. Nos cumprimentamos. Fui para a casa de Chico Pereira, futuro compositor do grupo "Cambada Mineira", digitar um manifesto do Movimento dos Sem Mídia: o movimento, criado no ano anterior, juntava artistas independentes e pelo esforço do cantor Jonas Ribbas tinha conseguido quatro matérias no jornal O Globo. Eu fazia parte de um programa na Rádio Comunitária Bicuda, comandado por Luiz Carlos Patropi, e tentava alavancar o movimento dos "Sem Mídia". Li o manifesto dos "Sem Mídia", cheio de palavreados da militância política. Luiz ouviu e brincou: "entricheirados". Depois, cantou um samba seu em parceria com Maurição, recém-gravado por Zeca Pagodinho, que deu o maior pé (como ele gostava de dizer) na rapaziada menos politizada do bar, "Água no Côco". Dias após, ao cruzar com Luiz Carlos Máximo, comentou: "sabe, aquele bar não tem o meu dialeto".


Passado um mês, novo encontro com Luiz Carlos Máximo. Da Vila, enfim, confessou: "sabe, não saio mais daquele bar". Comigo o papo ainda continuou meio atravessado: ele falava que tinha tentado participar da disputa do samba-enredo da Mangueira em homenagem ao Chico Buarque e fora limado pelo Darcy da Mangueira e eu rebatia, dizendo que não concordava com ele participar do certame interno, pois ele não era mangueirense. Quando ele me perguntou qual o melhor samba, "Kizomba" ou "Cem Anos, Liberdade, Realidade ou Ilusão?", de Jurandyr da Mangueira, Hélio Turco e Alvinho, na "lata", eu respondi que era o da minha escola, o da Mangueira. Seguimos, eu e ele, por seis meses não nos entendendo muito, no bar que era o centro do movimento cultural da Vila da Penha. Até que um dia, passou lá os agitadores da Lona Cultural Gilberto Gil, em Realengo, Ulyssinho e Birigu. Sérgio do Carmo sugeriu um show de Luiz Carlos da Vila e Marquinhos de Oswaldo Cruz (o Dia Nacional do Samba, o Pagode no Trem, ainda estava se afirmando) na Lona. Show marcado, a Lona só cedeu o lugar, não divulgou. Antes do evento, Luiz convidou a galera do movimento cultural do bar, para ir com ele na casa do seu amigo Pedreira, no bairro Araújo, em Irajá. Ele ia cantar com o Zé Luís do Império. Éramos menos de trinta pessoas. Luiz cantou com tanta vontade e me chamou atenção uma música gravada por Leci Brandão, "Fogueira de uma Paixão". Eu falei para mim mesmo: esse cara não merece nunca mais um show vazio. Fui divulgar até no Terreirão do Samba o panfleto do show. Me lembro entregando o panfleto para o Dudu Nobre e dizendo: "É samba de raiz de verdade, Luiz Carlos da Vila e Marquinhos de Oswaldo Cruz". Conseguimos levar 60 "cabeças" de fora da Zona Oeste, pagamos os músicos, mas ficamos devendo o dinheiro do som para a Lona. Combinamos, então, fazer um Bingo, com roda de samba, com o Luiz e o Marquinhos, para levantar o dinheiro. No dia do evento, Marquinhos não pode ir, porque tinha apresentação no interior de São Paulo. Além do mais, caiu uma chuva da grossa. Nossa sorte é que o bar estava lotado, ninguém arredava o pé com a chuva, ninguém queria saber de bingo, apesar de todas as cartelas vendidas. Só queriam ouvir samba: Wanderley Monteiro vnha com o seu cavaco, Toninho "Romário", violonista "marrento" do bairro da Vila da Penha, lá estava, acompanhado de um outro Sérgio, com o seu violino. A atriz e ex-guerrilheira Beth Mendes "pintou" por lá. Ao ver Sérgio com seu violino, ligou para Noca da Portela: "Noca, estou numa roda de samba aqui na Vila da Penha que tem até violino". Noca respondeu: "É Beth, o subúrbio tem dessas surpresas". Sucesso total, Da Vila ficou eufórico e, apesar do temporal de verão, acabamos pagando a Lona e eu estreitando relações com o autor do "O show tem que contiunar". O movimento cultural no bar tomou um impulso maior, após o bingo que não se realizou.


No início de 1999, lá estava eu e o Luiz Careca, outro colaborador do programa de rádio comunitário, no quintal da casa do Das Vilas, vendo ele mostrar três sambas para o CD do Toque de Prima para o saudoso Ovídio. Entrou um. E assim passamos o ano de 1999. Levávamos alguém para a Rádio Bicuda para ser entrevistado (e foi tanta gente de 1999 a 2001, como Euclides Amaral, Zé Luís do Império, João de Aquino, Afonsinho do Botafogo, Bandeira Brasil, Ivan Milanez, Marquinhos de Oswaldo Cruz, Renatinho Partideiro, Dorina, Beth Mendes, Walter Alfaiate, Wilson Moreira, Wanderley Monteiro, Bira da Vila, Ernesto Pires, Cláudio Jorge, Paulinho Pedra Azul, Barbeirinho do Jacarezinho, Luíza Dionísio, artistas independentes como Ybys Maceioh, Theo Azevedo, Amarildo Silva, Jonas Ribbas, Johnny Maestro, Chico Pereira), o Das Vilas aparecia na maioria das vezes no pedaço para participar da entrevista. Sabíamos da insegurança Luiz Carlos da Vila em relação ao seu real valor (um dia disse a Luiz Carlos Máximo que se sentiu envergonhado, vendo que o grande Élton Medeiros conversava de igual para igual com ele, depois de um evento no Museu da Imagem e do Som); do seu trauma de ter sido buzinado no Cassino do Chacrinha, nos anos setenta e de ter sido vaiado no bairro, depois do programa. De ter usado peruca muito tempo para esconder a ausência de cabelos. Tinha dificuldades de se desvencilhar de situações (se escondeu dentro de casa para não encontrar um antigo intérprete de escola de samba, que insistia em ter parceria com ele em uma composição). Deu parceria em um samba que fez por inteiro, para garantir os excessos da boemia, combustível para a criação, bem ao estilo de Nélson Cavaquinho. Ou por generosidade, seja para um famoso compositor, que só entrou com os acordes iniciais, seja para sua companheira por duas décadas, Jane Pereira. Afinal, como ele mesmo me disse, "tudo que é meu,tem que ficar também no nome de Jane". Mas, sabíamos também que estávamos diante de um gênio. Os versos finais de "Kizomba, A Festa da Raça" - juntando o fato da Vila Isabel estar sem sede, com o luar de Luanda que ele tinha visto em visita à Angola (na comitiva organizada por Martinho da Vila, a pessoa que ele mais respeitava no samba), somado à luta contra o apartheid racial e social - são geniais, deram-lhe o estandarte de ouro no sambaenredo e o título inédito para Vila, confirmando a orientação de Martinho: "Os seus parceiros são bons. Mas, faça mais você o samba!" . Mas, nem tudo foram flores nesse desfile campeão: Luiz brigou com a Ala de Compositores por direitos autorais, foi expulso da mesma e só desfilou porque Martinho, autor do enredo, bancou a sua entrada na avenida. Poderíamos ficar só no "Kizomba" para resumir a sua genialidade, mas "O show tem que continuar" trazia nos versos como o cotidiano lhe invadia. Enfadado com o programa de final do ano de Roberto Carlos na Rede Globo, assistido religiosamente por sua mãe, dona Esmerilda, mandou na letra: "E pobres das rimas da "Nossa Canção", se referindo a composição de Luys Airão, gravada pelo Rei.


Dentro desse contexto, poderíamos lembrar de "Além da Razão", quando fez a letra de um "golpe", em cima de um capô de um carro, por ter sido desafiado minutos antes por Jorge Aragão: "Você não vai botar letra na melodia do Sombra e do Sombrinha? Então, eu vou colocar! Ou mesmo os versos de "Oitava Cor". Segundo Das Vilas, Sombrinha, seu parceiro, implicou com "Sim, assim é o nosso amor! Do arco-íris, a oitava cor!". Retruquei: "Mas aí é que está a genialidade da parada!". Também sabíamos do seu bom humor. Ao comentar com ele que um dos seus mais belos samba "Solidão e gás" - feito em um momento de dor e separação, no qual ele pensou em morrer - era cantado nas rodas de samba, como se ele se lamentasse de não ter energia para mais uma transa, Das Vilas se divertiu e me perguntou: "É mesmo? O pessoal levou pra esse lado? Que legal!". Estava tudo ali (como ele gostava de dizer) para Luiz dar uma grande guinada na sua carreira: era um intérprete razoável, bom melodista, o melhor letrista da sua geração, insuperável, muito inteligente, tinha negritude de sobra ("Nas Veias do Brasil" é uma obra-prima) sabia fazer de samba de partido alto a samba-enredo, tinha algumas composições antológicas, que tinham virado sucessos. Para um produtor musical famoso, Luiz tinha "perdido o trem da História" e só ia ficar nos sambas de "doideiras" como "Água no Côco". Mas o grito do Zumbi viria. Ele sairia alguns dias antes do show em que ele ia comemorar os seus 50 anos de vida, no dia 21 de julho de 1999, no Teatro João Caetano. Essa história contamos na próxima edição da revista, coincidentemente, a edição especial sobre o Dia da Consciência Negra.

Alex Brasil - Historiador


Zé Ketti da Portela e do Carnaval José Flores de Jesus, Compositor da Portela popularmente conhecido como Zé Ketti, ingressou na Ala de Compositores aos 16 anos em 1937, levado pelas mãos do compositor Armando Santos que posteriormente viria a ser Presidente da Agremiação. Nesta época, os ensaios eram com sambas de terreiro e na década de 50, Zé Ketti compôs um samba de terreiro que fazia muito sucesso na Escola Leviana, e foi com esse samba de terreiro, que a Portela se apresentou numa festa de confraternização no GRES Estação Primeira de Mangueira, e caiu no agrado do cantor Jamelão em inicio de carreira. Jamelão pediu permissão ao compositor Zé Ketti para gravá-lo. Leviana, foi o primeiro sucesso do cantor. Leviana: O Azar é seu Em vir me procurar Me abandona, me deixa Eu não quero mais ver a luz do seu olhar Você manchou Um lar que era feliz, E agora quer voltar, Leviana, sinto muito, mas vá tratar da sua vida, Leviana, precisando lhe posso, Dar uma guarida, mas o meu lar, Senti vergonha como eu, O nosso amor morreu. Em 1954, deu uma passada na União de Vaz Lobo e compôs o seu mais famoso Samba de terreiro “ A Voz do Morro” e que depois fez parte da trilha sonora, do filme Rio, Zona Norte de Nelson Pereira dos Santos, surgindo ai o Cinema Novo, A Voz do Morro Eu sou o samba, A voz do Morro, Sou eu mesmo, sim senhor, Quero mostrar ao mundo que tenho valor, Eu Sou o Rei dos terreiros...


No final desta década, a sede da Portela, que não tinha cobertura, entrou em obras para ser coberta. Para isso era necessário derrubar uma Jaqueira frondosa que servia de sombra para os componentes quando o sol castigava. A arvore, foi derrubada para a conclusão da obra. O compositor Zé Ketti num dos vários momentos de inspiração, compôs A Jaqueira da Portela que Paulinho da Viola gravou e foi sucesso. A Jaqueira da Portela Quem é que não se lembra da Jaqueira Da jaqueira da Portela, Velha Jaqueira amiga e companheira, Eu sinto saudades dela, Guardei algumas folhas, pra recordação, Ninguém viu mais eu fiz a minha oração, Na hora do seu sacrifício eu chorei, Ninguém me viu chorar, mas juro que chorei, Acompanhou as nossas glórias, nossas histórias em idos carnavais, Eu quero morrer sambando assim, que nem ela, Minha fiel saudosa companheira, Que caiu pra defender nossas cores, Hoje nossa Escola só tem flores, lalara A quadra da Portela ganhou uma cobertura e a Jaqueira morreu, Zé Ketti brilhou no Zicartola, onde foi Diretor Artístico, e fazia muito sucesso com as suas composições opinião, acender as velas, diz que fui por ai, e caiu nas graças da Musa da Bossa Nova a Nara Leão, que gravou as três composições de Zé Ketti. Mas como ele era arrojado, também compunha músicas de carnaval para ser cantada nos Salões de Bailes de Carnaval da Sociedade e nos Blocos de Sujo e no ano de 1967 sua marcha rancho Máscara negras, gravada por Dalva de Oliveira e por ele, estourou no carnaval do Rio e do Brasil, essa música é cantada até hoje e entrou para a lista das Músicas imortais. Máscara Negra Tanto Riso, Oh! Quanta alegria, Mais de mil palhações no salão, Arlequim está chorando pelo amor da Colombina, No meio da multidão... Zé Ketti ganhou muitos Prêmios, teve várias participações em Rádios e Televisões. Mas, diga-se de passagem, ele já estava mais do que consagrado.


O Show Opinião, cujo titulo foi tirado de um samba do compositor e que teve atuando ao seu lado o compositor João do Valle e a cantora Nara Leão ( depois Maria Bethânia em inicio de carreira) Em 1968, ainda participando de ”Festivais de Músicas de Carnaval promovidos pela RIOTUR E REDE RECORD, Zé Ketti lançou “ Amor de Carnaval” e 1969 “Avenida Iluminada” não tiveram tanta repercussão, mas foram bem cantados e premiados. Foi condecorado “ Cidadão Samba” SALVE ZÉ KETTI, Compositor consagrado na Portela e no Carnaval Carioca dos anos 60 e 70.

Onésio Meirelles


O Dogma Feijoada

Para que um filme seja considerado produzido de acordo com o Dogma Feijoada devem ser observadas as seguintes regras orientadoras: 1. Quem vai dirigir o filme tem que ser um realizador negro brasileiro; 2. Um negro deve ser protagonista do filme; 3. O filme deve seguir uma tematica relacionada com a cultura negra brasileira; 4. O cronograma do filme tem que ser exequível, são "filmes-urgentes"; 6. Proibidos os personagens estereotipados, negros ou não; 7. O negro comum brasileiro deve ser privilegiado no roteiro, assim, super-herois e bandsidos devem ser evitados. As regras são polêmicas com certeza. O lançamento do manifesto Gênese do Cinema Negro Brasileiro, que divulgou o Dogma Feijoada acima, aconteceu no ano de 2000 o 11º Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo e foi escrito pelo cineasta Jefesron De. O Dogma Feijoada faz parte de um movimento cinematografico de direotres e profissionais negros de São Paulo que começou a ser formatado no final da década de 1990. Os realizadores do movimento buscam produzir filmes que gravitem em torno da temática racial para desenvolverem o que seria o cinema negro brasileiro, causando muitas controvérsias e polêmicas no meio cinematográfico brasileiro. O movimento pretende assim ressignificar as representação audiovisuais do negro e sobre o negro no universo do cinema brasileiro. No festival, seis filmes (curas e documentarios) participaram do programa Dogma Feijoada - Mostra da Diversidade Negra. Foram os seguintes filmes: Dia de alforria (Zózimo Bulbul, 1981), Aba (Raquel Gerber e Cristina Amaral, 1992, Almoço executivo (Marina Person e Jorge Espírito Santo, 1996), Ordinária (Billy Castilho, 1997), O catedrático do samba (Noel Carvalho e Alessandro Gamo, 1999) e Gênesis 22 (Jeferson De, 1999). A retomada do cinema brasileiro em meados da década de 1990, principalmente por conta do advento dos incentivos fiscais tais como Lei Rouanet e Lei do Audiovisual, teve como característica filmes ditos "leves", comprometidos com a diversão, o espetáculo. Preocupação com a contestação e o experimentalismo, quase nenhuma, as regras mercadológicas se sobressaíram na dita retomada do cinema brasileiro, o que levou à crítica e pesquisadora de cinema Ivana Bentes a dizer que a estética da fome deu lugar à cosmética da fome (filmes agradáveis de se ver, sem reflexões ou críticas sociais).


A retomada do cinema brasileiro em meados da década de 1990, principalmente por conta do advento dos incentivos fiscais tais como Lei Rouanet e Lei do Audiovisual teve como característica filmes ditos "leves", comprometidos com a diversão, o espetáculo. Preocupação com a contestação e o experimentalismo, quase nenhuma, as regras mercadológicas se sobressaíram na dita retomada do cinema brasileiro, o que levou à crítica e pesquisadora de cinema Ivana Bentes a dizer que a estética da fome deu lugar à cosmética da fome (filmes agradáveis de se ver, sem reflexões ou críticas sociais). Ocorre que essa nova fase do cinema brasileiro não implicou em quaisquer mudanças significativas quanto à representação do negro brasileiro na produção audiovisual. Continuava-se a dobradinha tradicional da imagem do negro no audiovisual brasileiro: ou ausência ou papéis esteriotipados (empregadas domésticas, músicos populares, esportistas e posições secundárias ou subalternas na maior parte das vezes). Com a retomada da produção cinematográfica brasileira, o que se notava era que as desigualdades raciais no setor se manteriam. Assim, produtores, realizadores e documentarias negros de São Paulo colocaram em xeque as representações do negro no cinema nacional (dentre eles o proprio Jeferso De, Noel Carvalho, Ari Candido, dentre outros). No a de 1999 ocorreu o 1º Encontro de Realizadores e Tecnicos Negros no Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo (encontro organizado por Jeferson De e Daniel Santiago). No mesmo que se discutiu a possibilidade de se realizar um cinema negro brasileiro, preparando terreno para o Dogma Feijoada de 2000. Certo é que o Dogma Feijoada se inspirou num outro movimento cinematográfico, o Dogma 95, publicado ne Dinamarca em 1995, idealizado por Lars von Trier e Thomas Vinterberg, que preconizavam um cinema mais realista, mesno hollywoodiano. Entretanto, enquanto o Dogma 95 deveria observar dez regras de cunho estético e técnico, verdadeiros "votos de castidade", como vieram a ser apelidados, o Dogma Feijoada mostrava-se já no seu nome a provocação, combinando a palavra dogma, que lembra regra a ser obedecida com rigidez, com a palavra feijoada, que nada tem de dogmática, mas que contribuiu e muito para divulgar as ideias dos seus idealizadores. O Dogma Feijoada não foi visto com bons olhos por alguns cineastas brasileiros. Enquanto alguns aderiram ao movimento ou recepcionaram suas ideias com entusiasmo, muitos realizadores e diretores cinematográfico não o viam com bons olhos, classificando-o de sectário, jogada de marketing e até mesmo de racista. Um nome para o grupo que gravitou em torno do movimento Dogma Feijoada foi criado, Cinema Feijoada. Mantiveram de 2000 até o ano de 2004 um site na internet com os dados pessoais e cinematográfico dos integrantes do grupo. O importante é que mostras e debates foram promovidos para se discutir a representação do negro no cinema brasileiro, o que já é um avanço em torno do tema.


Para conhecer um pouco mais do movimento Dogma Feijoada seria bom assistirmos aos filmes do diretor Jeferson De, tais como: “Distraída Pra Morte” (2001), “Carolina” (2003) e “Narciso RAP” (2005). Recomendável também é a leitura do livro “Dogma Feijoada e o Cinema Negro Brasileiro”, do próprio Jeferson De, do ano de 2005. Malkia Usiku


Temposição das Almas Íncubas I. Sonidos

Segundo Pentakapitel

Urrogritos, batepeitos, grunhidosom, pé-na-terra. Antes o bater cardíaco, o flatosomcorneta, o riso, o ritmo do próprio choro, o ritmoengasgos de risadas. Tantosom. O imitarpássaros, imitarelefantes, imitarienas. Primevos tambores de frutasecas, primogênitos chocalhos de frutasecas, gênese tamborzão em frutasecas. O som. A música sem harmonia ainda. Ritmosvibrosdecorpinteirobatendopésnochão: dança vem junto! A monomelodia, tudo num único sonorossom. Mantra primogênito de quase-tudo. A Sonoricriação fundindo os primeiros Existentaquis do nosso Universonoro. O mais perto das Supercordas que vibram em dez dimensões do nosso Universom! Universomssonoro. O monocórdio em pequenas melodias. Os sons tribais em melodias. Perfuro de ossos. Cordas vibrandemventos. Escalas de tantasculturas. O Cantochão. Mas as criações nunca se seguram (se sucedem, se sonoram, se surfam, se sucessam) e as melodias querem vir juntas, juntascriam, criando as harmonias. Os códigos são revelados pros ouvidumanos. Coros. Danjos? Sim! Coros dumanos? Sim! A Linguafelicitá! Cantam as Almas Íncubas no início e para sempre assim cantarão. Aqui no Centrão de Madureira muitos sons envolventudo. Muitos suburbosons. E minha memória se descapsula dissonantemente e eu vou lembrando, ou tentando lembrar, não lembro, que o som primeiro, o somfetogênico, o “Princípio Era O Verbo”, é estopim de tantos Universonorosinfinitos. Mantras e ladainhas devem semprestaremnós: o mais perto que chegamos das sementesons! O mais perto que chegamos dos coros danjos. O mais perto que chegamos do


OM… OM... OM... Passo pelo Mercadãodetodos! Vou pra Portela! Sambandandando, sambalangando, no ritmo do ziriguidum, batecumbum, telecotecoteco, bambolêtereco. Portão aberto da quadra. O terreiro estava quase que completamente vazio e apenas um grupo de crianças estavam nos fundos da grandiosa quadra numa roda. Alguns batem tambor e outros em palmas, cântico e danças. É roda de jongo. O jinongonongo entre os batuquebuns do tambu, candongueiro e o ranrrono do mpwita acompanhados do bate-sementes do guará. Jongo. As crianças articulavam bem suas ancestralidades e os caminhos bem abertos estavam naquela roda. A comunicação se fazia plena entre nosso Banheirumundo e o Mundãozãoespírito. O cântico que se ouvia quando cheguei era daqueles bem tradicionais. Natureza, homem fazendo coisas naturais, ancestralidade feminina. Vovó. A Grande Mãe. A sábia. A que indica, envolve, ensina, continua, alimenta, afetiza, ama. Purãozão afeto! Afetozão de Vovó. E as crianças cantavam assim: “Vovó mandou acordar Vovó mandou acordar a cachoeira do céu vai desaguar no quintal correr pro mar!”

Uma bela e melodiosa cantiga infantil… só praqueles que não conhecem a tradição do Jongo. Ouvindoelendo parece algo tão natural.


Uma belezura: a vó convidando seus netos pra ver a chuva caindo firme no quintal. E ainda um ensinamento geográficotradicional que informa: “as águas correm para o mar!”. Chego perto de um jovem sentado com seu violão num canto da quadra da tradicional escola de samba Portela. O jovem muito concentrado nos acordemelodiarmonias que dedigulha. Ele com as mesmas vestimentas dos outros, deve fazer parte do grupo, pensei comigo. “- Com licença, amigo. Sabes o significado codificado das palavras do ponto jongueiro que entoam os erezinhos?”, pergunto-lhe. E ele me responde sem virar o rosto pro meu, ainda reclinado sobre seu violão olhando suas mãos-no-pinho. “- Estão combinando uma fuga. O primeiro verso informando que foi a Vovó quem mandou é um alerta da importância de acordar (abrir os olhos) pra mensagem que será dita. E como foi a avó a mensagem é de suma importância. A cachoeira do céu que vai desaguar no quintal é o próximo dia de chuva que vier após o dia da roda de jongo. E pra onde as águas vão é pra onde eles devem ir em sua fuga. Resumindo: prestem atenção, assim que chover façam como a chuva: corram em direção ao mar pelo caminho que a chuva fará. O jovem então vira o rosto abruptamente e vejo-o finalmente. Seus olhos… seus olhos… o jovem era na verdade um Ser-de-Outrora. E tonteei. O jongo iavinhaiavoltavairevinha e cada vez mais rapidamente iavinhaiavoltavairevinha. Antes de desmaiar pude ouvir ainda: “- … as Almas Íncubas conhecem bem a mensagem deste Jongo...” Ele falou coisas antes… e disse coisas depois… mas só isso consegui ouvir antes de desmaiarcair.

Escute no link abaixo o jongo das crianças da Portela:

link: https://soundcloud.com/user-860593343/vovo-mandou-acordar

Pazuzu Silva


Só uma coisa a dizer... meu negócio é beber. Chego num bar só quero beber mesmo, biritar e "pesquisar a onda"... por aí! Mas, o confrade Bizar me pediu pra "em poucas palavras..." escrever um petisco de buteco que conheço... vai então um bem atrevido... lá das bandas de Quintino... só não digo o nome do BM (Buteco Maneiro). Segue:

AZEITONA EMPANADA

INGREDIENTES: 300 g de azeitona sem caroço (pode ser recheada) 1 xícara de farinha de trigo 1 xícara de farinha de rosca 1 colher (sopa) de queijo ralado 2 ovos inteiros batidos óleo para fritar Fácil de fazer: Primeiramente misture o queijo ralado a farinha de rosca. Pegue as azeitonas e escorra bem. Passe as azeitonas na farinha de trigo para tirar o restante da umidade. Após isso, passe-as pelos ovos batidos. Em seguida, passe na mistura de farinha de rosca e queijo ralado. Esse passo de empanar, pode ser feito quantas vezes desejar. Quanto mais fizer, mais crocante ficará. Repetindo o mesmo processo, farinha de trigo, ovos e a mistura de rosca e queijo. Se preferir, pode deixar um tempo na geladeira, para firmar melhor o empanado, lembrando que é muito importante apertar as azeitonas nas misturas, para que fique bem preso os ingredientes, e não se soltem na hora de fritar. Agora é só aquecer bem o óleo, e fritar até que elas fiquem douradas. J o n a s H é b ri o


Dois passarinhos conversando enquanto navegam pelas redes passarinhais... -Tava aqui vendo no piu-piu-zap: "Viagem para pássaros nativos brasileiros. Destinos confirmados: USA, Europa e Ásia. Tudo de graça. Sem sustos com taxas adicionais! Não se preocupe com com passagens e acomodações. Tudo pago pelo passarinheiro! Embarque em breve! Para usufruir desta promoção basta entrar no primeiro alçapão que encontrar na mata! Venha voar e conhecer o mundo com a Feiquinius Turismo! São anos de tradição desde 1964!" -- É mesmo!? Que legal! Tô pensando mesmo em ir para Portugal. Dizem que lá é muito seguro e não tem os Piutralhas pra atrapalhar tudo. Mas, olha o que eu estou vendo aqui no Penabook: "Cansado dos Piutralhas? Não tem mais condições, não é verdade!? Os Piutralhas quase exterminaram com os pássaros da mata com essa história de que todos os pássaros são iguais. Afundaram a economia da Floresta Atlântica com o Alpiste Família. Eles são uma piuada de mal gosto! Vamos exterminar ou expulsar esses Piutralhas com estilingues de última geração!" - Caramba! Que bom! Finalmente esses pássaros vermelhos vão embora daqui. Devem ir pras matas de Cuba ou Venezuela, né não!? Quem disse que vai acabar de vez com os Piutralhas? -- Foi um águia que vive no lado bem à direita da mata. - Amigo, as águias não costumam caçar e comer os da nossa espécie? Principalmente as que vivem na parte bem à direita da mata? -- Sim, é verdade! Mas essa águia dizem que é diferente. É doidinha. Pia um monte de canto que ninguém entende nada na maior parte das vezes. - Além de ser uma águia é "doidinha"? Amigo, isso não é furada na certa, não!? -- Né não! Foi essa águia que disse que vai acabar com os Piutralhas! Tá aqui no Penasgram e também no Piuitter! Geral piando que é uma águia maneira! E que vai até trazer mais segurança para os passarinhos! - É mesmo! Que bom, né! A mata anda muito perigosa com todos esses animais à solta! Outro dia quase fui levado por um humano! -- Não! Verdade? - Sim, verdade! Precisamos mesmo de mais segurança! Eu quero essa águia pra ser nossa líder na mata. Mas, me explica uma coisa: essa águia ficou só na promessa ou disse o que vai fazer pra termos mais segurança?


-- Tá de brincadeira, não! A águia disse! É algo moderno demais, poucos ouviram falar disso aqui na nossa mata dentro da reserva. - Diz logo o que é, amigo! -- Gaiola! Gaiola é o novo conceito de segurança! Já ouviu falar? - Não, nunca tinha ouvido falar. -- Tô dizendo que a águia é maneira! A tal da gaiola te dá segurança através de cercamentos. Cercamentos são grades e tampas que nos separam dos perigos externos da mata. E olha só a regalia... essa águia é demais!... ainda temos dentro desta tal de gaiola água, comida, casinha, poleiro pra fazermos exercícios, passeios quase que diários, tudo dentro da tal gaiola! - Nossa essa águia vai nos salvar dos Piutralhas e ainda teremos segurança! Que demais! -- Nem vou mais pra Portugal!

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Um estudo da Universidade de Oxford revelou que mais da metada de tudo que trafega pela internete é feito por bots. O problema é que muita gente não acredita no estudo. Os internautas dizem que o estudo não foi devidamente divulgado nos grupos de zap, logo, nos dizeres de um internauta brasileiro: "Deve ser fequinius (sic) essa tal de Osford (sic). No grupo de zap do meu bairro... o nome do grupo? É Curupaco News! Bem... lá ninguém postou nada sobre esses bots!" Não se preocupem que o Tiziu vai abrir suas asinhas e explicar, caro leitor. Imagina só o seguinte: programas de computador capazes de realizar uma simulação como se fossem pessoas reais agindo, realizando ações humanas de comunicação de maneira padronizada. Como são programas, os "robôs" não se cansam. Então imagina a seguinte cena, você de um lado tentando abrir os olhos de alguém quanto a uma notícia falsa, só que enquanto você faz isso milhões de "robôs" estão ao mesmo tempo propagando que a notícia é verdadeira... quem você acha que vai se cansar primeiro? Quem você acha que vai convencer com a notícia de falsidade ou veracidade? Eu diria pra você: Desista! Você já perdeu! Pois os milhões de robôs trabalham sem parar durante vinte quatro horas por dia. Com o trabalho dos "robozinhos bots" uma notícia ainda que falsa vira verdade. Afinal de contas, o nosso internauta brasileiro diria: "Geral tá dizendo a mesma coisa... geral! Com certeza é verdade!". Eu costumo dizer que com a atuação dos "robozinhos bots" tem passarinho comprando pedra moída pensando que é alpiste. Tiziu


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