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PUERICULTURA

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NEUROCIÊNCIAS

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PRIMEIROS 100 DIAS do bebé

GUIA PARA PAIS “CALOIROS”

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TER UM FILHO É A MAIOR DAS AVENTURAS. E OS PRIMEIROS MESES DO BEBÉ CONSTITUEM UM DESAFIO, PRINCIPALMENTE PARA PAIS “CALOIROS”, TANTAS QUE SÃO AS DÚVIDAS E INSEGURANÇAS. PARA ESSES, AQUI FICA ESTE PEQUENO GUIA.

QUANDO OS FUTUROS PAIS saem de casa a toda a pressa, em direção à maternidade, poucas vezes têm consciência de que, quando regressarem com o seu bebé nos braços, já serão uma família. Com um pouco de paciência e muito, muito amor, os “temidos” 100 primeiros dias do bebé serão os mais emocionantes.

APOIO DO COMPANHEIRO

Chegou o momento da verdade: o bebé já está em casa e, a partir de agora, nada será como antes. O ritmo passa a ser marcado por ele: de três em três horas, tem de mamar ou tomar o biberão e, após cada toma, é necessário ajudá-lo a arrotar, mudar a fralda e, muitas vezes, a roupa toda... Por isso, quanto a dormir oito horas seguidas, esqueça!...

É fundamental que a recém-mamã tenha todo o apoio do companheiro. Será ele que deve encarregar-se de organizar os primeiros dias na cozinha, na casa, nas compras, na roupa, ainda que com a inestimável ajuda de alguma das duas avós. A mãe, nesta primeira fase, apenas deve dedicar-se a recuperar do parto.

NÃO À DEPRESSÃO PÓS-PARTO

Poucos bebés resistem uma noite inteira sem uma única mamada: é assim que este ritmo esgotante se repete, ao longo das 24 horas do dia. A mãe, que ainda se ressente do esforço do parto, dos pontos e de uma ou outra hemorroida, começa a suspeitar que as forças lhe falham e que não será capaz de “dar conta do recado”. Trata-se de uma armadilha em que as mamãs novatas não devem cair.

A melhor forma de evitar a depressão pós-parto é saber que existe e, como tal, usar uns quantos truques que a manterão afastada: 4Não tente ser perfeita: ninguém o é! 4Estabeleça uma ordem de prioridades bem definida: o bebé acima de tudo. 4Aprenda a dizer “não”. A última coisa

que deseja um casal com um recém-nascido é ver a sua casa invadida por dezenas de familiares e amigos, sentados no sofá, tomando um copo, como se nada tivesse mudado. O pai é que deve saber manter afastadas as visitas, explicando, delicadamente, o porquê dessa atitude. 4Cuide de si própria. A depressão pósparto ataca, também, através do espelho. Embora não seja o momento indicado de iniciar uma dieta, sobretudo se está a amamentar, pode levantar o moral, por exemplo, indo ao cabeleireiro, para fazer um novo penteado.

APRENDER A DISTINGUIR OS CHOROS

Quando o seu filho tiver cumprido um mês, o mais difícil já terá passado. Continuará a querer comer de três em três horas, inclusive durante a noite, mas estas quatro semanas em comum tornaram-na uma especialista em distinguir choros e gritos.

As dúvidas dos primeiros dias em casa – tipo “porque chora?”, “terá fome?”, “estará doente?” – já não são tão angustiantes. Terá aprendido a distinguir os choros de fome, dos de sono ou de dor.

Embora não seja fácil distingui-los, pode ajudá-la a saber que os gritos de fome são impossíveis de acalmar; que os de sono são muito agitados e acalmam-se se aninhar o bebé nos seus braços; e que os choros provocados por cólicas intestinais, muito frequentes, são acompanhados, habitualmente, de espasmos, que o fazem fletir as pernas. Distinguir porque chora o seu bebé e saber como acalmá-lo proporciona uma tranquilidade especial à mamã.

PASSEAR AO AR LIVRE

A partir da sétima semana, nem se lembrará do parto nem das primeiras noites em casa. Desfrutará da hora do banho sem angústias e dormirá tranquila... o par de horas que o bebé deixar, entre mamadas ou biberões!

Inclusive, atrever-se-á a cortar-lhe as unhitas, isso sim, com o mesmo medo de lhe provocar dano, como todas as mamãs novatas. Mas não receie: umas tesouras de pontas redondas não o magoarão.

É, também, o momento de desfrutar dos passeios ao ar livre com o bebé. No carrinho ou na mochila, o seu pequeno ficará encantado por descobrir a vida da rua e você apreciará o regresso à normalidade.

Quando for sair, prepare uma bolsa com tudo o que necessita: fraldas, toalhetes e uma muda de roupa. Se prevê ficar fora de casa até à próxima refeição, prepare um termo com água morna e um biberão esterilizado com leite em pó. Se estiver a amamentar, não deixe de sair de casa. Pode dar o peito ao seu filho em qualquer local tranquilo.

COMUNICAÇÃO ÍNTIMA Ao cabo de dois meses num mundo totalmente novo, o bebé passará o dia a satisfazer a sua insaciável curiosidade.

O pediatra é um amigo

O médico pediatra é importante, não só para efetuar o acompanhamento mensal do bebé, mas também para esclarecer, em qualquer altura, as dúvidas e apagar os medos dos pais. Por isso, além de ser um bom profissional, o pediatra ideal deveria satisfazer os seguintes “requisitos”: 1. Que possa localizar-se a qualquer hora, do dia ou da noite, em caso de necessidade. 2. Que visite a criança em casa, no caso de urgência. 3. Que escute e que fale: um bom pediatra deve deixar que lhe coloquemos as nossas dúvidas, dedicando-nos, depois, o tempo suficiente para as esclarecer. 4. Que respeite os nossos pontos de vista – por exemplo, a opção da mãe por amamentar ou não o seu filho.

Distinguir porque chora o seu bebé e saber como acalmá-lo proporciona uma tranquilidade especial à mamã

Você também já se terá habituado ao seu papel de mãe e juntos terão conseguido uma comunicação íntima e única.

O bebé, que começa a ver a cara da mãe com mais clareza, aproveitará as refeições para a olhar atentamente e “gravar” a sua imagem, tal como você faz com a dele.

Você começará a dizer, em voz alta, “eu sou a mamã do/da...”, sobretudo ao marcar a consulta do pediatra e isto enche-a de orgulho.

AMAMENTAR: um projeto em família

A “transição para a parentalidade” é a transição maior das nossas vidas. Conscientes dos desafios que aí vêm, os casais “grávidos” prepararam-se, procurando obter conhecimentos para se sentirem seguros e melhor tomarem decisões em prol das suas saúdes e da saúde do seu bebé, nomeadamente através dos cursos de Preparação para o Nascimento e para a Parentalidade.

Muitas vezes, “batem-nos à porta” para perceberem quais as temáticas abordadas, porque, ao contrário do que acontece com a mulher grávida, que tem enquadramento legal para frequentar todas as sessões (será o equivalente a uma consulta de assistência pré-natal), o pai tem, muitas vezes, de fazer uma seleção dos temas que considera mais importantes, gerindo a sua vida profissional por forma a dispor daquela hora para assistir a essas temáticas.

Ora, de entre todos os temas abordados, aquele em que os homens habitualmente menos se esforçam por estar presentes é o tema da amamentação, com o argumento: “quem tem mamas é a mulher, eu ajudarei em tudo o resto”. Ou seja, veem a amamentação como um tema exclusivamente inerente à mulher.

No entanto, com base na minha experiência de alguns anos a acompanhar muitos casais, não restam quaisquer dúvidas de que é de extrema importância que a decisão sobre o tipo de alimentação seja, tal como as restantes, uma decisão conjunta do pai e da mãe do bebé que está para nascer. A decisão tomada terá um forte impacto na construção de saúde, facto inequivocamente comprovado por toda a evidência atual e suportada pela OMS/ UNICEF.

Então, de que forma pode o pai ter um papel determinante no sucesso do processo de amamentação do seu bebé?

Se a decisão pelo aleitamento materno for de ambos os progenitores, ambos estão igualmente vinculados a esta decisão. Devidamente informados, os pais estarão conscientes dos benefícios inerentes ao aleitamento materno, dos desafios possíveis e das estratégias que melhor respondem a esses desafios, bem como de quais os profissionais mais habilitados para dar resposta eficaz às dificuldades que surgem na maior parte das famílias.

No processo de amamentação, é verdade que é a mãe que amamenta, mas o pai é o “gestor do processo”. O que significa isto? Significa que o pai está envolvido e consciente, por exemplo, dos sinais de ingestão nutricional suficiente num bebé alimentado em exclusividade (“como posso ter a certeza de que o bebé está a ingerir a quantidade que precisa se eu não consigo medir?”). Significa que compreende a evolução espetável de peso num bebé alimentado exclusivamente com leite materno (a sociedade e os profissionais de saúde estão habituados ao que é espetável em bebés alimentados com fórmulas para lactentes, que são hipercalóricas), e que compreende o significado de um percentil. Significa, fundamentalmente, que consegue assegurar-se e dar feedback à mulher que amamenta, e que naturalmente se sente insegura, mostrando-lhe que ela está a fazer um bom trabalho. Significa que, quando surgem dúvidas, ambos unem esforços para procurar informação fidedigna antes da tomada de decisões precipitadas, muitas vezes pressionadas por opiniões menos informadas/atualizadas, que muitas vezes levam ao fim do projeto de amamentar o bebé.

As evidências mostram-nos que pais igualmente informados, envolvidos e que participam no processo de amamentação levam a que as mulheres consigam amamentar durante mais tempo os seus bebés.

Quem está devidamente informado e atualizado em relação à amamentação “fala a mesma língua”. Por isso, costumo dizer que o pai, quando se envolve, se consciencializa e está informado, tem o potencial de se tornar uma extensão dos profissionais lá em casa, tornando-se um verdadeiro “gestor” de emoções.

Pela

ENFª CONCEIÇÃO SANTA-MARTHA

Especialista em Saúde Materna e Obstétrica

Claro que tudo isto não exclui o pai. As primeiras semanas do bebé estiveram reservadas à mãe e ao filho: tinham tantas coisas a “dizer” um ao outro, após nove meses de espera! Mas, decorrido esse tempo, a figura do pai deve adquirir uma importância semelhante. Até o mais temeroso dos papás é capaz de mudar a fralda ou de dar banho ao seu bebé. Pouco a pouco, a mãe deixa de se sentir tão pressionada pelo seu protagonismo.

DORMIR SEIS HORAS SEGUIDAS

A partir dos dois meses e meio, já são muitos os bebés que resistem uma noite inteira com uma única toma. Isso significa que poderá dormir... seis horas seguidas!

Pouco a pouco, poderá regressar à sua própria vida. O bebé passa mais tempo acordado durante o dia, mas as suas sestas, à tarde, tornam-se mais longas, o que permitirá ler um livro ou conversar com as amigas, sem que seja interrompida pelo seu choro a cada momento.

A sua relação conjugal também será beneficiada pela dose extra de tempo. Por isso, pode começar a planear alguma vida noturna com o seu companheiro. Para tal, basta que uma avó desejosa de ter o neto só para ela tome conta do bebé, durante algumas horas... E não pense que está a faltar ao seu papel de mãe por deixar o bebé ao cuidado de outra pessoa. Se está feliz, se se sente bem, o seu filho saberá captar essa serenidade. Não renuncie àquilo que lhe dá prazer.

ESTABELECER ROTINAS

Passados os três primeiros meses, ficaram para trás as noites em branco, embora, uma vez ou outra, o bebé se encarregue de “recordar os velhos tempos”.

Agora, já é possível impor uma certa rotina: biberão às 9h, passeio às 11h, biberão às 12h no parque, sesta a seguir, outra toma às 4h, banho ao fim da tarde, nova toma, esperar o papá, brincar um pouco, nova toma e dormir.

Passados esses temidos primeiros 100 dias, os ritmos conjugam-se, libertam-se as tensões e toda a gente tira partido dessa fantástica instituição: a família!

Obstetras, pediatras, parteiras e organizações médicas, todos concordam em afirmar que o aleitamento materno é a melhor forma de alimentar o bebé

Redução do RISCO DA SÍNDROME DE MORTE SÚBITA do latente

Pela

ENFª DAVINA FERREIRA

Especialista em Saúde Materna e Obstétrica

A síndrome de morte súbita do latente (SMSL), tal como o nome indica, é uma morte súbita, sem explicação, de um bebé, durante o primeiro ano de vida. Esta situação raramente acontece durante o primeiro mês; contudo, 95% dos casos ocorrem nos primeiros 6 meses de vida do bebé.

A SMSL ocorre, sobretudo, durante o período de sono, daí também ser conhecido pela “morte no berço”. No entanto, alguns hábitos e medidas simples podem reduzir significativamente a taxa de mortalidade por SMSL.

EM QUE POSIÇÃO DEVO COLOCAR O MEU BEBÉ A DORMIR?

Sempre de costas (decúbito dorsal). O risco de SMSL aumenta se o bebé for colocado a dormir de bruços ou mesmo de lado. O risco de bolsarem ou de aspirarem o vómito não aumenta, se o bebé estiver a dormir de costas.

Quando o seu bebé está acordado pode e deve ser colocado noutras posições, nomeadamente de bruços para fortalecer a musculatura do pescoço e costas.

QUE CUIDADOS DEVO TER COM O BERÇO?

O bebé deve ter o seu próprio berço. Este deve ser de grades, com um colchão firme e adaptado ao próprio berço (normas da U.E.).

O berço deve crescer com o bebé. Os pés do seu filho devem bater no fundo da cama, de modo que, durante o sono, não haja espaço para que o bebé desça para debaixo das cobertas.

Não sobreaqueça o bebé. O cobertor não deve passar dos ombros, a cabeça não deve ser tapada. A temperatura do quarto deve rondar os 18 a 22ºC.

O bebé não precisa de almofada para dormir. O berço não deve ter bonecos ou outro tipo de objetos que possam abafar o bebé.

QUE OUTROS CUIDADOS PODEM DIMINUIR O RISCO DE SMSL?

Evite fumar durante a gravidez e mesmo depois. O risco aumenta se a progenitora fumou durante a gravidez e se continua a fumar após. Se o companheiro também fumar, este risco ainda é maior.

Não permita que ninguém fume perto do seu filho.

O uso de chupeta pode ser um fator protetor do síndrome de morte súbita do latente.

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