Seafood Brasil #26

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ESPECIAL

The Seafood Summit abre diálogo propositivo entre empresas e setor público

seafood Indústria 4.0 Os impactos irreversíveis da quarta revolução industrial

MARKETING E INVESTIMENTOS

Prévia da 15ª Fenacam e os caminhos da Semana do Peixe

brasil www.seafoodbrasil.com.br

#26 - Jul/Set 2018 ISSN 2319-0450


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Editorial

Utilidade da imprensa

N

o último dia 10 de outubro, entre envaidecido e encabulado, recebi uma homenagem dos organizadores do VIII Simcope pelos serviços prestados à cadeia do pescado ao longo destes cinco anos de existência da Seafood Brasil. A simbologia do momento me deixou consternado, ainda mais pelos outros homenageados: Dr. Célio Faulhaber e Luiz Ayroza. Ao lado destas figuras seminais do nosso setor, fui agraciado poucas horas depois de ter tido o privilégio de falar para uma plateia muito atenta. Sorte a minha, porque o momento pelo qual atravessamos me fez desviar ligeiramente do nobre tema dos Peixes Não Convencionais (Penacos) e o papel da mídia no seu fomento. Senti urgência de manifestar minha visão sobre o papel da imprensa em um cenário no qual 120 milhões de pessoas no Brasil se informam pelo WhatsApp, conforme a própria empresa. O Facebook calcula que os brasileiros passam 5h30 por dia só nesta rede social: somos, disparados, o país que mais acessa a plataforma. Segundo a consultoria Teleco, 59,47% da população tem apenas um pacote pré-pago no celular. Destes, muitos não conseguem

sequer acessar links externos às redes sociais, como sites de notícias, porque tem pacotes de dados muito limitados. Este é um terreno fértil para as tais fake news e a desinformação. O Brasil nunca consumiu tanto conteúdo como hoje, mas nunca desvalorizou tanto a sua imprensa como o porto-seguro da informação confiável. Com todos os humanos defeitos dos jornalistas, são estes os profissionais imbuídos da missão de filtrar a realidade e apresentá-la com seu recorte mais fiel, por mais duro que aparente ser. Meus colegas e eu erramos muito, assim como os políticos. Peço aqui desculpas pelos meus erros, jornalistas e políticos deveriam fazê-lo com mais frequência. Cada povo tem, porém, a imprensa e os políticos que merece. Façamos todos uma autocrítica e defendamos sempre a democracia. Boa leitura! Ricardo Torres - Editor

Índice

10 Cinco Perguntas

12 Na Água

14 MKT & Investimentos 26

48 Na Gôndola

50 Especial

56 Estatísticas

Na Planta

60 Na Cozinha

28 Capa

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Personagem

Expediente Redação redacao@seafoodbrasil.com.br

Comercial comercial@seafoodbrasil.com.br Tiago Oliveira Bueno

Publishers: Julio Torre e Ricardo Torres Editor: Ricardo Torres Diagramação: Emerson Freire Adm/Fin/Distribuição: Helio Torres Crédito da foto de Capa: Anderson Nagel Fotografias/ Quatro Mares

Impressão Maxi Gráfica e Editora A Seafood Brasil é uma publicação da Seafood Brasil Editora Ltda. ME CNPJ 18.554.556/0001-95

Sede – Brasil R. Serranos, 232 - Casa 1 São Paulo - SP | CEP 04147-030 Tel.: (+55 11) 2361-6000 Escritório comercial na Argentina Av. Boedo, 646. Piso 6. Oficina C (1218) Buenos Aires julio@seafoodbrasil.com.br

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5 Perguntas a Rui Ludovino, chefe do Setor de Instrumentos de Políticas Internacionais da Delegação da União Europeia no Brasil

Entrevista

UE pegou leve com Brasil Ex-inspetor europeu conta como a última auditoria europeia que deslistou exportadores brasileiros poderia ter sido pior

R

ui Ludovino é português, mas conhece muito bem o Brasil. Especialmente o sistema sanitário brasileiro controlado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Apesar de confiar nos colegas brasileiros pela extensa pauta exportadora de alimentos mantida com os europeus, ele ratifica o que o relatório da auditoria realizada há um ano revelou: a autoridade sanitária brasileira assinou certificados de exportação sem saber se poderia assegurar a qualidade dos produtos pesqueiros ofertados à UE.

Embora seja auditor de produtos pesqueiros desde 2001, o atual chefe do Setor de Instrumentos de Políticas

Internacionais da Delegação da União Europeia no Brasil não se envolveu diretamente na mais recente fiscalização. “Trabalhei durante sete anos na área de inspeção e vi muito peixe que se exportava à União Europeia. Fiz parte também da equipe de negociação internacional da Comissão Europeia na área de sanidade em Bruxelas.” Agora na embaixada europeia em Brasília, Ludovino participou do The Seafood Summit, onde disse ser apenas o mensageiro de notícias do bloco. “Não matem o mensageiro”, brincou, diante da evidente ansiedade dos brasileiros em notícias alvissareiras. Mas elas dependem do governo brasileiro, garante o entrevistado.

No caso da recente suspensão de exportadores brasileiros de pescado à União Europeia, a autoridade sanitária brasileira fez seu papel? A conclusão principal em um relatório desses [relatório oficial da mais recente auditoria realizada pelo órgão sanitário da Comissão Europeia, DG Sante] é se uma autoridade sanitária está em posição ou não de assinar este certificado. E ali está dito que a autoridade não se encontrava em posição de garantir in full a sanidade dos alimentos.

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Isso a despeito do prazo, porque sete anos se passaram... Na verdade foram 12 anos. O histórico de auditorias no Brasil, e isso pode ser checado na página da DG Sante na internet, mostra que houve auditorias em 2006, 2007, 2012 e 2017. Todas elas identificaram os mesmos problemas, como por exemplo a pura falta de controle na produção primária (barcos, basicamente). Ao longo dos anos fomos recebendo garantias escritas, planos de ação, mas verificávamos nas auditorias posteriores que elas não eram efetuadas.

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Quanto disso se deve ao desmantelamento do setor no governo? A autoridade empoderada para assinar os certificados, por assinar o atestado completo, deveria ter a garantia de que ela ou outra autoridade tenha feito o trabalho que a coloque em posição de assinar. O mais grave para nós é que havia a emissão de certificados sem que o inspetor conhecesse o que acontecia na produção primária.

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“O mais grave para nós é que havia a emissão de certificados sem que o inspetor conhecesse o que acontecia na produção primária.”

Nossa avaliação, embora não tenha sido eu que fiz a auditoria, é de que fizemos de acordo com normas do compliance, se o controle sanitário brasileiro foi efetuado de forma adequada ou não. Nós não criticamos a forma como foi feita e nem iremos apontar caminhos. Fazemos as recomendações gerais para atendimento à legislação. Nossa legislação não é totalmente prescritiva, tem um certo grau de flexibilidade que permite às autoridades e operadores chegar aos objetivos através de vários caminhos. A principal conclusão é que há a necessidade deste trabalho reforçado entre operadores e autoridades. O caminho a seguir é o clássico de uma auditoria. Neste relatório há recomendações às autoridades. O que esperamos por parte do Mapa é um plano de ação factível e real com metas e datas para recuperarmos a confiança. E que depois, quando sejam implementadas estas ações, garantias

que possam ser enviadas à Bruxelas e, se avaliadas como positivas, estaremos em posição de voltar ao Brasil para uma nova auditoria e ver se o sistema de controle oficial realmente está atendendo aos requisitos. O tempo depende muito do Mapa. A UE trabalha de forma bastante rápida, somos rápidos em planejar a missão. Em seis meses - e isto é apenas uma indicação seria possível organizar algo. Você disse que até “pegou leve” com o Brasil porque as plantas é que foram deslistadas e não o País. Por que esta decisão foi tomada? Foi para facilitar o possível retorno. O correto teria sido deslistar o país, já que a autoridade competente não estaria em posição de garantir [o controle sanitário]. Mas como olhamos para o processo no futuro e até para facilitar a retomada das importações, preferimos o caminho de esvaziar a lista porque é um processo legislativo muito mais rápido e mais célere. É um caminho um pouco mais leve, até pelo histórico de relações intensas com o Brasil, que exporta outros produtos. A autoridade brasileira não nos é estranha, os conhecemos há muitos anos e o nosso único interesse é garantirmos a proteção do consumidor europeu.

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O fato gerou uma caça às bruxas no Brasil, primeiro ao setor privado, logo ao governo brasileiro, para depois chegar à União Europeia, sugerindo algum impacto da negociação do acordo comercial Mercosul e UE, guerra comercial ou outro fator. Como você enxerga isso? Posso assegurar que [a decisão] é totalmente independente. Primeiro que não há guerra comercial: importamos de diversos lugares e seguimos importando do Brasil, sabendo que as coisas não estavam 100%. Isto é totalmente independente do acordo sanitário Mercosul e União Europeia, inclusive ele [o acordo] só reforça a maneira como fazemos as auditorias.

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As responsabilidades são compartilhadas, pois todos sabem quais são os requisitos para se exportar à União Europeia. São informações públicas.

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Não sei quais foram as razões, mas a dificuldade é que não havia controles, asseguramento de que nossas exigências fossem respeitadas e, ainda assim, havia emissão de certificados. O inspetor que assinava o certificado não deveria assiná-lo, pois as informações não estavam em poder dele. Seis em dez fábricas inspecionadas não atendiam aos requisitos. Tem de ver a responsabilidade dos operadores e das autoridades, é um trabalho em conjunto.


Resiste a 100km/h

Na

Água

O novo modelo de estufa agrícola da Tropical se encaixa como uma luva nos sistemas de produção intensiva ou recirculação em espaços abertos. O Euro possui resistência a ventos de até 100 km/hora, as estufas têm larguras de 9,60 e 12,80, sem limites no comprimento e garantia de seis anos do aço galvanizado.

Macrogard. O objetivo é aproveitar a estrutura das regionais da Escama Forte em Natal (RN), Santa Fé do Sul (SP), Aracati (CE), Acaraú (CE), Palotina (PR), Cuiabá (MT), Brejo Grande (SE) e a unidade de produção em Zacarias (SP).

Tecnologia para pesca e criação

Congelando a bordo Compre e venda on-line De alevinos a peixes com despesca programada para a sua necessidade, o site Acqua.Farm (https://acqua.farm/) pretende ser a plataforma definitiva para compras e vendas aquícolas. O marketplace oferece uma busca com filtros específicos e anúncios especializados para encontrar pescado gordo, formas jovens, insumos, propriedades, veículos e até o próprio pescado beneficiado.

Filtragem para carcinicultura O sistema de filtragem a disco, dessalinização e osmose reversa são recursos que encontram aplicação também na aquicultura, além das indústrias químicas, farmacêuticas e de bebidas. Esta é a aposta para a carcinicultura da Vibropac, empresa especializada em sistemas para tratamento de águas residuais.

A longevidade da indústria pesqueira depende da adoção de tecnologias mais avançadas que permitam aumentar o aproveitamento e melhorar a conservação dos recursos pesqueiros. Pensando nisso, a Bombadur, por meio da divisão Conplac, é uma das poucas a fabricar congeladoras por placas de contato de uso embarcado. Feitas de alumínio, suportam a salinidade sem problemas.

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Novas vacinas a caminho

Ingredientes naturais e nacionais A Biorigin fechou parceria com a Escama Forte para dar mais capilaridade à distribuição de produtos naturais para alimentação funcional na aquicultura, como o

A MSD Saúde Animal iniciou em agosto testes a campo de novas vacinas para a tilapicultura. Com lançamento previsto para os próximos meses, as novidades ampliam as soluções para prevenção ativa e gerenciamento das principais patologias da produção com reflexos na diminuição do uso de antimicrobianos.


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Festa de debutante Fenacam chega à 15ª edição estimulada pela nova estrutura de sanidade aquícola na Seap e pela recuperação do protagonismo do Rio Grande do Norte

A

Feira Nacional do Camarão (Fenacam) se tornou um reflexo direto da alternância de protagonismo entre os dois maiores produtores de camarão do País. Com folga, Rio Grande do

Norte e Ceará lideram os volumes mas correm para contornar as doenças e incrementar a produção. De acordo com os últimos dados da Associação Brasileira dos Criadores de Camarão (ABCC), os produtores nacionais

despescaram 65 mil toneladas de vannamei em 2017, um aumento de 9% sobre o ano anterior. Já o IBGE apurou um decréscimo de 21,4% da carcinicultura nacional,


Se tivéssemos a mesma área ocupada pela carcinicultura, seríamos o segundo maior produtor e exportador de vannamei do mundo. Como, segundo a ABCC, a limitação para a expansão de áreas é muito grande, o caminho tem sido buscar tecnologia e é

Uma das vertentes mais demandadas é o melhoramento genético das pós-larvas. A mancha branca acirrou a disputa por animais com resistência e altos índices de crescimento - uma verdadeira quebra de paradigma na produção de formas jovens, já que antes se considerava impossível conciliar os dois fatores. Na visão de Ana Carolina Guerrelhas, sócia-diretora da Aquatec, esta fórmula irá pautar a feira deste ano. “Inovação tecnológica para convivência com a doença, aumento de produtividade e, como consequência, interesse em póslarvas de crescimento” são algumas das tendências elencadas por ela. Apesar de desenvolverem seus próprios programas genéticos com larvas nacionais, como é o caso da Genearch/Aquatec e da Potiporã, os laboratórios nacionais assistem de perto às tratativas para a importação de reprodutores. A nova Instrução Normativa 02/2018, publicada em 28 de setembro pela Secretaria Especial da Aquicultura e da Pesca da

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Disparidade estatística à parte, o fato é a distância para os principais atores do negócio cresce ano após ano. Só o Equador produziu 10 vezes mais que os brasileiros, em sistemas basicamente semi-extensivos, com 15 camarões por m³ e 1800 kg de produtividade por hectare. Enquanto os equatorianos têm 215 mil hectares de viveiros e não pretendem “intensivar” seus sistemas, o Brasil não passa de 30 mil hectares.

justamente aí que a Fenacam se tornou tão concorrida nos últimos anos.

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para 41 mil toneladas (veja mais detalhes a partir da página 56). E recolocou os potiguares na liderança da produção nacional, com 37,7% do total, desbancando o Ceará como um reflexo tardio da chegada da mancha branca. É um diagnóstico distinto da ABCC, que já considera 2017 como o ano em que os produtores aprenderam a conviver com a doença e já incrementaram volumes.


Marketing & Investimentos LINHA DO TEMPO 2004

2005

2006

CARCINICULTURA BRASILEIRA:

DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO COM SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL E COMPROMISSO SOCIAL

III SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE A INDÚSTRIA DO CAMARÃO CULTIVADO E III FESTIVAL GASTRONÔMICO DE FRUTOS DO MAR

Comercialmente viável, social e ambientalmente responsável. Natal (RN), 03 a 07 de Fevereiro de 2004

472 congressistas, 35 palestrantes (16 nacionais e 19 internacionais), 200 estantes. Natal (RN), 22 a 25 de Fevereiro de 2005

2007

28 palestrantes, sendo 15 nacionais e 13 internacionais. Natal (RN), 21 a 24 de Março de 2006

DESAFIOS DA PRODUÇÃO DE PESCADOS COM

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL

24 palestrantes (13 nacionais e 11 internacionais), 106 estandes. Natal (RN), 12 a 15 de Junho de 2007

2008 MERCADO INTERNO E

INDUSTRIALIZAÇÃO, CAMINHO PARA O CRESCIMENTO DA AQUICULTURA BRASILEIRA

24 palestrantes (13 nacionais e 11 internacionais), 106 estandes, 2.250 visitantes. Natal (RN), 09 a 12 de Junho de 2008

A Fenacam nasceu em 2004, na esteira do sucesso do congresso da World Aquaculture Society, em Salvador (BA). “O que parecia um desafio de difícil realização, foi aos poucos se transformando no evento mais importante da carcinicultura latino-americana e quiçá mundial”, opina Itamar Rocha, da ABCC.

Programação paralela

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Para dar suporte às inovações tecnológicas que serão apresentadas no chão de feira das 14h às 22h, a organização preparou um extenso programa com 39 apresentações mercadológicas e científicas. Depois do tradicional coquetel de inauguração, na noite do dia 13 de novembro, a maratona começa às 8h30 com a palestra do diretor do Departamento de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura da Seap/ PR, João Crescêncio Marinho, sobre a realidade, desafios e perspectivas para a aquicultura brasileira. Veja neste link a programação completa: http://bit.ly/Fenacam_2018

Presidência da República (Seap/PR), disciplina como será feita a Análise de Risco de Importação (ARI) pela própria secretaria, e não mais pelo Ministério da Agricultura. A nova Coordenação-Geral de Análise de Risco da Seap fará a ARI inclusive de formas jovens, além de produtos

destinados ao consumidor que tenham equivalência nacional. Em paralelo, o setor privado já discute inclusive como se dará a instalação de quarentenários para a importação de reprodutores, já que a ameaça de outras enfermidades, como a EMS, ronda a carcinicultura global. A iniciativa pode dar ainda mais munição à guerra declarada entre produtores vinculados à ABCC e a Confederação Nacional dos Aquicultores do Equador (CNA). O presidente da entidade equatoriana, Jose Antonio Camposano, confirmou à Seafood Brasil que o governo daquele país pretende ingressar com uma demanda na Organização Mundial do Comércio (OMC) para restabelecer as exportações ao Brasil. A medida procura levar a discussão a uma instância técnica supranacional, já que juridicamente o tema parece ter se esgotado com as manifestações favoráveis do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Procuradoria-Geral

2009

2010

COMPETITIVIDADE E DEMANDA IMPULSIONAM A AQUICULTURA BRASILEIRA

VII SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE A INDÚSTRIA DO CAMARÃO CULTIVADO; IV SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE AQUICULTURA; VII FESTIVAL GASTRONÔMICO DE FRUTOS DO MAR

24 palestrantes (15 nacionais e 09 internacionais), 104 estandes. Natal (RN), 15 a 18 de Junho de 2009

24 palestrantes, sendo 15 nacionais e 09 internacionais, 126 estandes, 581 participantes dos simpósios e 2.145 visitantes da feira. Natal (RN), 07 a 10 de Junho de 2010

da República (PGR) ao “princípio da precaução”. Em manifestação aos associados, o ex-presidente e agora assessor especial da ABCC Itamar Rocha celebrou a manutenção da liminar que havia sido imposta pela então presidente do STF, Cármen Lúcia, e mantida pela atual procuradora-geral, Raquel Dodge. Segundo ele, a decisão do poder Judiciário acompanhada na IN 02/2018 vão colocar “ordem nesse assunto”, permitindo “que o setor carcinicultor passe a direcionar todo seu esforço e trabalho na estruturação e crescimento da produção de camarão cultivado, que (...) voltará a crescer e a participar de forma destacada do gigantesco (US$ 25 bilhões) mercado internacional já a partir de 2019.” Com o movimento dos equatorianos, no entanto, o próprio Itamar reconhece que a batalha ainda não terminou. Este é o pano de fundo da debutante Fenacam, entre 13 e 16 de novembro de 2016, no Centro de Convenções de Natal (RN).


2013

AQUICULTURA PARA UM MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO

DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA A AQUICULTURA

UM DIFERENCIAL NA PROMOÇÃO DA AQUICULTURA BRASILEIRA

4.390 congressistas, 7.000 visitantes e 120 estandes. Natal (RN), 06 a 10 de Junho de 2011

07 palestrantes nacionais e 14 internacionais, 1.500 congressistas e 5.000 visitantes. Natal (RN), 11 a 14 de Junho de 2012

1.500 congressistas, 5.000 visitantes e 23 palestrantes nacionais e 16 internacionais. Natal (RN), 10 a 13 de Junho de 2013

2014 AUMENTAR A PRODUÇÃO PARA ATENDER A CRESCENTE DEMANDA INTERNA, COM UM OLHAR ATENTO NO PROMISSOR MERCADO INTERNACIONAL

1.800 congressistas, 6.000 visitantes e 42 palestrantes, sendo 15 nacionais e 27 internacionais. Fortaleza (CE), 10 a 13 de Novembro de 2014

2015

2016

2017

2018

CIÊNCIA E INDÚSTRIA UNINDO FORÇAS PARA ATENDER A CRESCENTE DEMANDA DE PRODUTOS AQUÍCOLAS

CIÊNCIA E INDÚSTRIA UNINDO FORÇAS PARA ATENDER A CRESCENTE DEMANDA DE PRODUTOS AQUÍCOLAS

XIV SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CARCINICULTURA; XI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE AQUICULTURA

CIÊNCIA E INDÚSTRIA UNINDO FORÇAS PARA ATENDER A CRESCENTE DEMANDA DE PRODUTOS AQUÍCOLAS

1.600 congressistas, 5.140 visitantes e 33 palestrantes, sendo 25 internacionais e 08 nacionais. Fortaleza (CE), 16 a 19 de Novembro de 2015

24 palestrantes, sendo 18 internacionais e 6 nacionais, 1.080 congressistas, 4.644 visitantes. Fortaleza (CE), 21 a 24 de Novembro de 2016

58 palestrantes, sendo 36 internacionais e 22 especialistas brasileiros, 1.472 congressistas, 3.670 visitantes e 200 estandes. Natal (RN), 15 a 18 de Novembro de 2017

Natal (RN), 13 a 16 de Novembro de 2018

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2012

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2011


Marketing & Investimentos Planta dos estandes - FENACAM 2018

IBRAM

TEMP CLEAN

BIOMAR

ALTAMAR

SIST. AQUÁTICO

GINEGAR

PISCICULTURA AQUABEL

ANDRITZ

FEED BRASIL & OZONIO FOOD

ABCC

DAMARFE

ACPB

HIDROGOOD

13 a 16 de novembro de 2018 Centro de Convenções de Natal - RN

AGROMOTIVA

BNB

AQUATEC

RF COMERCIAL

ALISUL

INDUSCAVA

SENAR

FIFRN

KAYROS

AQUACULTURE

ESCAMA FORTE

AQUADROP

ABCPAN

RESERVADO

ASTEN

CARBOMIL

PANORAMA DA AQUICULTURA

TROJW NUTRITION

AQUASYSTEM TREVISAN

SK BOMBAS

VACCINAR

AQ. INTEGRADA

ASSUNÇ. DRISTR

18 SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2018 •

ACCBA

AMMCO PHARMA

NEXCO

AQUASUL

NUTRIVIL

SEAP - PR

GRUPO BENCHMARK

AQUADROP

PRILABSA

MM WEEMAK

AQUAVITA

ANCC / ACCC

IMEVE

PHYBRO

MCR

TECMARES

MM COMERCIAL

SAPE-RN

PHILEO

FRANCAL


BERNAUER

ALL TECH

PLANTFORT

GUABI

LARVI

Nº 169

INSTRUTHERM

ACPB

Nº 160

KAYROS AMBIENTAL

Nº 167

Nº 147

KERA BRASIL

Nº 173

Nº 149

LARVI

Nº 125

Nº 151

MARINE EQUIPMENT

Nº 175

AGRICOTEC

Nº 176

MCR

Nº 153

AGUABRAZIL

Nº 43

MARINE EQUIPAMENTOS

AGRICOTEC

PCI GASES

MM COMERCIAL

Nº 33 Nº 35

ALISUL

Nº 143

MM WEEMAK

ALLTECH

Nº 61

NANOPLASTIC

Nº 5

ALTAMAR

Nº 7

Nº 51

AMMCO PHARMA

Nº 45

NEOVIA

Nº 53

ANCC/ ACCC

Nº 23

Nº 49

ANDRITZ

Nº 10

NEXCO

Nº 93

AQUACULTURA INTEGRADA

Nº 159

NUTRIVIL

Nº 133

AQUACULTURE BRASIL

Nº 168

PANORAMA ACUICOLA

Nº 174

Nº 137

PANORAMA DA AQUICULTURA

Nº 171

Nº 135

PCI GASES

Nº 177

AQUASUL

Nº 73

PHIBRO

Nº 85

AQUATEC

Nº 99

PHILEO

Nº 131

Nº 81

PISCICULTURA AQUABEL

AQUAVITA ASSUNÇÃO DISTRIBUIDORA

Nº 119

ASTEN

Nº 9 Nº 117

Nº 101

PLANTFORT

BERNAUER

Nº 57

POLI NUTRI

Nº 2

Nº 59

POLYSACK

Nº 8

BIOEXPERT

Nº 1

PRILABSA

Nº 77

Nº 121

BIOMAR

Nº 37

RESERVADO

BRASILOZÔNIO

Nº 13

Nº 141 Nº 127

CAMANOR

Nº 123

RF COMERCIAL

CARBOMIL

Nº 170

SALUS

DAMARFE

Nº 11

Nº 69

SK BOMBAS

FAEP/ AQUICULTURA LAWRENCE

Nº 161

TECELAGEM ROMA

Nº 14

GRUPO BENCHMARK

Nº 145 Nº 65

Nº 105

FEED & FOOD

Nº 47

SAMARIA

ESCAMA FORTE

Nº 3 Nº 27

Nº 39

TECMARES

Nº 41

TEMP CLEAN

Nº 31

Nº 29

Nº 113

TROPICAL ESTUFAS

Nº 4

HIDROGOOD

Nº 12

TROUW NUTRITION

Nº 129

IBRAM

Nº 25

VACCINAR

Nº 139

Nº 97

WENGER

Nº 6

Nº 157

ZANATTA

Nº 109

INDUSCAVA MERCADO AQUA

KERA BRASIL

Nº 55

IMEVE

GIRAQUA

ESTANDE

ACQUASYSTEM/ TREVISAN

GUABI

SAÍDA

CAMANOR

SALUS

ZANATA

ABCPANGA

AQUADROP

SECRETARIA DA FEIRA

SAMARIA

EMPRESA

Última atualização em 09/10/2018

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ENTRADA

NEOVIA

ESTANDE

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BIOEXPERT

POLINUTRI

ROMA

TECELAGEM

TROPICAL ESTUFAS

SOLPACK

WENGER

INSTRUTHERM

EMPRESA


Marketing & Investimentos

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Discrição com resultados Mais tímida que em anos anteriores, Semana do Peixe se sustenta com ações pontuais da Fiesp, PeixeBR e de cadeias varejistas tradicionais

E

la aconteceu, mas muita gente nem se deu conta. Sem uma articulação empresarial que unisse todos os elos do complexo do pescado, a Semana do Peixe chegou à 15ª edição com poucas iniciativas e menor capilaridade que a alcançada em 2017. Ainda assim, quem

não desistiu da campanha apesar dos percalços dos últimos anos enxergou benefícios e apurou bom desempenho. É o caso do GPA, cujas bandeiras Pão de Açúcar e Extra caíram de cabeça na campanha, como explica Rafael Monezi, gerente comercial do grupo.

“O Multivarejo, por meio dos Centros de Distribuição de SP e RJ, conseguiu absorver muitas ofertas de pescado de extrativismo com preços competitivos, que fizeram sucesso nas lojas do Extra Hiper e do Extra Super, onde operamos com o modelo de peixaria móvel em três dias da semana.”


Apesar das dificuldades, Monezi celebra os números e aproveita para

cobrar maior mobilização do segmento. “A campanha teve um resultado dentro do esperado para o cenário atual do setor, que ainda precisa aprimorar a divulgação da campanha. O Multivarejo, por meio das bandeiras Extra e Pão de Açúcar, investiu em materiais de ponto de venda, revistas especiais, jornais, mídias digitais, tudo com apoio do time de marketing e fornecedores parceiros.”

21

com a edição anterior.” O relativo sucesso das espécies nacionais pode ser atribuído em parte à diminuição da oferta importada, segundo ele, “em função da alta do dólar e dificuldades de licenças de importação, que impactaram a venda de salmão, bacalhau, polaca e cação.”

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O executivo confirma que a edição deste ano foi muito impulsionada pelo pescado fresco, com crescimento em todas as praças na casa de dois dígitos, tanto em volume quanto em vendas. A porcentagem de aumento de vendas divulgada antes da campanha era de 15%. “As espécies nacionais de cultivo, especialmente a tilápia e os camarões, também apresentaram crescimento em vendas na comparação


Marketing & Investimentos

PeixeBR foca nos nativos A Associação Brasileira de Piscicultura (PeixeBR) mobilizou seus mais de 100 associados para uma campanha dedicada a distribuir mais informações sobre os peixes de cultivo do Brasil aos consumidores. Com esforço de assessoria de imprensa e produção de conteúdo nas redes sociais, a entidade proporcionou destaque à iniciativa na mídia especializada em agronegócio e também em veículos com foco em economia. As abordagens permitiram um posicionamento comparativo da aquicultura em relação à produção de outras proteínas animais, ressaltando o impacto reduzido ao meio ambiente. À Agência Efe, cujo texto foi replicado em veículos como o Uol, o diretorpresidente da entidade, Francisco Medeiros, sublinhou: “Do ponto de vista da sustentabilidade, estamos melhores.” A associação divulgou ainda receitas e indicações ao consumidor dos aspectos a serem observados para se escolher pescado fresco.

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A rede Pão de Açúcar elaborou um caderno especial com foco em espécies não convencionais, como pargo-rosa, olho de boi, sororoca, carapau, olho de cão e xaréu. Os espaços de sushi também contavam com preços especiais para combinados e sashimis. Os aplicativos de ambas as bandeiras e as lojas de bairro (Minuto Pão de Açúcar e Mini Extra) também participaram com descontos específicos. Outras redes tradicionais do varejo também aderiram espontaneamente à campanha, que já se tornou uma datachave para os supermercados nesta época do ano apesar da falta de apoio governamental. “Novamente, e este ano muito mais, ficou na mão do varejo e dos fornecedores o envolvimento para fazer [a Semana] acontecer. Tivemos muito menos apoio do que tínhamos, que já era pequeno nos

anos anteriores”, conta uma fonte de uma grande rede que prefere não se identificar. Ele garante que, por conta da mobilização junto a parceiros, a empresa em que atua teve os melhores indicadores de venda dos últimos quatro anos. “Mas com o apoio forte do governo em mídia e outros canais os números seriam muito melhores.”

A campanha foi lembrada pelo próprio secretário da aquicultura e pesca, Dayvson Franklin de Souza, que lamentou a queda do apoio institucional à campanha. Por outro lado, anunciou a liberação de R$ 1 milhão para ações de fomento ao consumo em São Paulo, como um piloto ao resto do Brasil, ainda este ano.

Por iniciativa própria, as redes construíram suas próprias ações. No Wal-Mart, por exemplo, a campanha ganhou o nome de Temporada Peixe & Cia. As lojas com peixaria fresca apresentam uma criação da rede – a “tilapona”, tilápia de 1,5 kg vendida inteira a R$ 13, 98 o kg. O supermercado Mundial, no Rio de Janeiro, também aderiu à campanha com descontos de até 15% e estimativa de vendas 25% maiores no segmento, conforme indicou o jornal Extra. A rede paulista Hirota Food lançou tabloide específico para a data, com promoções em produtos como camarão, bacalhau, casquinha de camarão, atum equatoriano em lata, tilápia e trutas inteiras. No interior de São Paulo, o Savegnago levou promoções às lojas de Araras, Limeira e outras.

A programação ampla e temas pouco comuns nos eventos do segmento amenizaram a falta de resultados sobre a Semana e deram outras dimensões de entendimento ao público em relação ao perfil do consumidor brasileiro. Antonio Carlos Costa, diretor do Departamento de Agronegócios da Fiesp (Deagro), construiu o fio condutor com base no estudo “Mesa dos Brasileiros”, que aponta tendências para as indústrias de alimentos no Brasil e é uma atualização da pesquisa realizada em 2010 pelo Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) com o título de “Brasil Food Trends 2020”. A atual pesquisa, de perfil nacional e com uma amostra de 3.000 consumidores em 12 regiões metropolitanas trouxe as transformações, confirmações e contradições do mercado brasilero de alimentação.

De São Bento do Sul (RS) e Rio Negrinho (RS), a rede Germânia Supermercados aproveitou as redes sociais para divulgar a campanha com preços promocionais para camarão, filé de bacalhau, merluza, salmão, tainha, tilápia e outros produtos. Já o Atacadão, rede de atacarejo do grupo Carrefour, preparou material educativo no site e nas redes sociais.

Como anda a mesa dos brasileiros Pouco se falou sobre a Semana do Peixe durante o evento “Mesa dos Brasileiros | Oportunidades para a Cadeia do Pescado”, organizado em 21 de setembro pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) no prédio da entidade na capital paulista.

Os convidados e mediadores fizeram o recorte do pescado para repercutir os dados da pesquisa, que pode ser acessada na íntegra em http://bit. ly/Mesa_Fiesp. De maneira geral, ela retrata o cenário de padrões de consumo de alimentos no Brasil, fortemente marcado pela influência do meio on-line e pela conjuntura econômica. Com a crise, a predileção por pratos mais elaborados cresceu nos lares com apoio de receitas e influenciadores digitais, enquanto fora de casa o foco foi preço. Para Anderson Shiba, fundador das redes China in Box e Gendai e um dos panelistas, os brasileiros enxugaram as despesas e buscaram porções menores nos últimos sete anos cobertos


sobre alimentação. Um dos principais colaboradores do “Mesa”, Dolci mostrou a troca da televisão pela internet como principal fonte de informação sobre o tema. “O brasileiro é líder mundial de consumo de conteúdo digital. Em média ficamos 5h30 só no facebook por dia.”

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Divulgação/Fiesp

Ele comentou sobre a necessidade de o setor do pescado construir um discurso capaz de transitar nas “bolhas digitais”: militantes da comida, obcecados por Debate na Fiesp levantou a necessidade de se construir um discurso do pescado capaz de transitar entre as bolhas digitais dieta, curiosos sobre a origem dos alimentos etc. “As pessoas passam adiante não pela pesquisa. Ele ressaltou ainda construirmos a quatro mãos, podemos apenas para transmitir informação, mas o papel da culinária oriental para a criar pratos que eventualmente tepara dizer ‘meu ponto é mais correto que popularização do pescado nas últimas nham grande sucesso. Toda a cadeia o seu ponto’.” Dolci evidenciou ainda décadas, que além da saudabilidade cresce e entramos no ciclo virtuoso do o perigo das notícias falsas: “No ano buscada pelos consumidores ainda empreendedorismo do bem.” Como passado tivemos 800 milhões notícias trouxe saciedade. exemplo ele citou o poke, prato halidas sobre fake news na alimentação vaiano similar ao ceviche. no Brasil, de um total de 8 bilhões de No entanto, sublinhou que o crescinotícias sobre o tema.” Outros dois paimento do consumo de pescado passa Já Renato Dolci, especialista néis completaram a programação, com por uma colaboração maior do setor em ciência de dados, detalhou o debates sobre o marketing, vendas e privado com os operadores do varejo impacto da transformação digital aspectos nutricionais do pescado. e food service. “Se pesquisarmos e no hábito de consumo de conteúdo


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Marketing & Investimentos

The Seafood Summit Brazil Na noite de 30 de agosto, um seleto grupo de convidados participou do jantar especial de abertura e lançamento do I The Seafood Summit Brazil, uma iniciativa da Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca) que pretendeu aproximar entes públicos e empresas do Brasil e exterior. O desafio era grande: 16 especialistas de 12 países discutiram como transformar o País em uma potência mundial do pescado (leia mais na página 24).

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Renato Pinheiro, Alexandre Reis, Manoel Junior (Bomar), Éderson Krummenauer (Frumar), Jorge Cunha (JC Pescados) e Luiz Tondo (Frumar)

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Carlos Rodriguez (Centauro), Roberto Gutierrez (Bom Peixe), Francisco Jardim (Mapa/SP), Meg Felippe (Rede Lopes), Francisco Medeiros (PeixeBR) e Luiz Ayroza (IPesca/Apta/SP)

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Alexandre Llopart e Diego Cortezia (Actemsa/Leal Santos)

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Wilson Santos (Consultor), Cadu Vilaça (Conepe) e Cintia Miyaji (Paiche)

Abraão Oliveira (Projepesca), Altemir Gregolin (Consultor), Meg Felippe, Guilherme Blanke (Noronha) e Teru Tamai (Amasa)

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Thiago Jesus e Luzaldo Pscheidt (Costa Sul) e Estevam Martins (Globalsea)

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Célio Faulhaber (Ex-Mapa/Dipoa), Arimar Filho (Produmar), Meg Felippe, Rui Donizete, Andrea Moura (Mapa/SP)

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Conceição Zeppelini (Francal), Josinete Freitas (Mapa), Marisa Sonehara (Camanor), Uilians Ruivo (Consultoria) e Rui Donizete Teixeira (FAO/ONU)

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José Robson (Potiporã), Éderson Krummenauer e Rodrigo Carvalho (Grupo 5)

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Thiago De Luca (Abipesca/ Frescatto), Marisa Sonehara, Arimar Filho, José Miguel Burgos (Ex-Sernapesca e consultor)

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Abraão Oliveira e Carolina Nascimento (Alaska Seafood Marketing Institute)

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Todos os participantes do I The Seafood Summit Brasil


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prejudica muito a venda do crustáceo, embora não cause problemas à saúde do consumidor.

Em segundo plano

Flexibilidade na embalagem

Design de alimentos

Na

Planta Tecnologia em processamento de pescado

Drenagem e tratamento A ACO Soluções segue recomendações de agências de auditoria como IFS, FSSC 22000 e BRC para oferecer sistemas de drenagem em aço inoxidável desenvolvidos especificamente para as áreas de risco na produção industrial e comercial de alimentos. O portfólio compreende ainda separadores de gordura para o pré-tratamento de efluentes.

A Plasticom opera com uma linha abrangente de plásticos flexíveis em estruturas monocamadas e laminadas, com materiais como polietileno de baixa e alta densidade, polipropileno, polipropileno bi-orientado e laminados sem solventes. A empresa fechou parceria recente com a Quatro Mares para o fornecimento de pouches.

A embalagem secundária de papelão ondulado ainda é a forma mais usada para acondicionar as embalagens primárias de pescado para o transporte pelos modais aéreo ou rodoviário. Com décadas de experiência no ramo, a Urussanga fornece o produto e também as chapas para indústrias interessadas.

A consultoria Food Design já transita em indústria de alimentos há mais de 25 anos com soluções integradas que envolvam gestão da qualidade, proteção de alimentos (food, feed, food packaging), saúde e segurança do trabalhador, meio ambiente e responsabilidade social. Para o pescado, o foco é inserir o setor na rota das demais indústrias de alimentos brasileiras já consolidadas.

Verticalização em embalagens Na planta de sete mil m2 que possui em Carapicuíba (SP), a HP Embalagens extrusa os próprios filmes para PET cristal e colorido e constrói moldes em usinagem para suas embalagens termoformadas fabricadas em sistema de pressão e vácuo. Além disso, recicla todas as aparas e sobras da produção, fechando o ciclo produtivo com menor impacto.

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Contra a melanose A Basf comercializa mundialmente ao setor de pescado o metabissulfito de sódio, que serve como um agente esterilizante, de conservação e anti-oxidação. No camarão o produto da empresa reduz a melanose em até 30%, segundo pesquisas internas. A melanose é um escurecimento natural causado por um processo de oxidação enzimática que


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Pescado 4.0 A Quarta Revolução Industrial já começou, mas setor ainda dá os primeiros passos tímidos no caminho sem volta das tecnologias e práticas disruptivas

Anderson Nagel Fotografias/Quatro Mares

A empresa paranaense se uniu ao frigorífico Quatro Mares, de Itajaí (SC), para construir um sistema de rastreabilidade total dentro da planta. Com apoio do maquinário da paulista

O impacto foi tão positivo (leia mais sobre o case da empresa na página 46) que Gund resolveu se aprimorar no tema para avaliar que outras tecnologias e processos é possível implementar dentro da indústria 4.0. Engenheiro de alimentos, pós-graduado em biotecnologia molecular, o executivo resolveu iniciar uma nova graduação aos 33 anos: análise e desenvolvimento de sistemas. “Eu não diria que já estamos no auge do desenvolvimento tecnológico de máquinas, mas o salto tecnológico de software é muito maior”, explica. Essa “limitação” tecnológica do hardware em contraste com as potencialidades aparentemente ilimitadas do software marcaram a última edição do Whitefish Showhow, um showcase tecnológico organizado

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Se a difusão de computadores no ambiente industrial permitiu a modernização de processos e viabilizou a automação, a indústria 4.0 vai um passo além. “Este novo conceito conecta máquinas, pessoas e processos no processo produtivo, extrapolando a 3ª revolução industrial, que focava principalmente na automação de processos”, explica o diretor da Atak Sistemas, Roberto Pavan.

MQ Pack já adaptado a softwares de gestão de processos como os da Atak, o gerente industrial da empresa sorriu de orelha a orelha. “Agora, 100% do meu processo, turno a turno, é codificado e monitorado em tempo real. Consigo ver a movimentação industrial de onde quiser, no horário em que mais conveniente, com o filtro que me interessa e ainda indicar correções de rota se necessário”, diz Jairo Gund.

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ra 1914 quando Henry Ford decidiu criar uma linha de montagem dentro daquela que viria a ser a maior indústria de automóveis do planeta. A decisão deste empresário visionário marcaria o auge da segunda revolução industrial, que permitiu a produção em larga escala e fundamentou a base para os desenvolvimentos tecnológicos que se seguiram. Na terceira revolução, a busca incessante por maior produtividade a menor custo levou ao desenvolvimento da robótica aplicada aos processos industriais e a disseminação da computação a partir da década de 1960.


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Marel Whitefish Showhow mostrou tendência de integrar automação, robotização e gerenciamento de dados

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Divulgação/Marel

De fato a revolução já parece mais engatilhada no exterior. Já em 2016, a experiência espanhola foi um dos grandes temas em discussão na 7ª edição do Simpósio de Controle do Pescado (Simcope), organizado pela Unidade de Referência em Tecnologia do Pescado (ULRTP) do Instituto de Pesca. Juan Manuel Vieites, secretário geral da Associação Nacional de Fabricantes de Conservas de Pescados e Mariscos (Anfaco-Cecopesca), apresentou os detalhes sobre o laboratório de Tecnologias de Controle, Digitalização e Automatização Avançada (TECDA), estrutura sediada na Universidade de Vigo e dedicada exclusivamente ao desenvolvimento de soluções associadas à Indústria 4.0, como visão artificial, simulação de processos, gestão e análise de dados.

pela Marel em Copenhagen, na Dinamarca. Na última edição, realizada em 28 de setembro último, o objetivo principal foi mostrar a processadores de todo o mundo como como a automação, a robotização e o gerenciamento de dados se integram para aprimorar os resultados. Para Marcelo Serpa, gerente de vendas de pescado da Marel no Brasil, a tendência é irrefreável. “Os principais processadores de pescados

mundiais estão entrando na quarta revolução industrial armados com sistemas interconectados e avanços tecnológicos que estão elevando rapidamente os níveis de automação do processo produtivo.” Uma palavra-chave no entendimento da indústria 4.0 é dados. “Eles são cada vez mais valiosos no ambiente de processamento de alta tecnologia de hoje, e a capacidade de rastreá-los e analisá-los é fundamental para os processadores serem competitivos”, diz Serpa.

A Anfaco possui inclusive um projeto-piloto de unidade mista com a indústria de conservas Calvo, dona da marca Gomes da Costa, que virou um campo de testes. A Smart Tuna Factory (ou Fábrica Inteligente de Atum, em uma tradução livre), como foi batizada, já investigou a taxa de umidade dos produtos de determinada linha - fator considerado fundamental para a padronização da textura e compactação das lascas. Outra tecnologia é a visão artificial para um escaneamento automático de cores da matéria-prima antes do envase final. Além das experiências do exterior, o setor deve estar preparado para acompanhar iniciativas de outras áreas fabris. De acordo com Helio Sugimura, gerente de marketing da divisão de automação industrial da Mitsubishi Electric, todos os mercados pedem um mix maior de produtos, com maior qualidade, menor prazo de entrega e o melhor custo possível. A única forma de atender a este desafio foi incorporar conceitos como a customização em massa.


Indústria 4.0

a 3ª revolução industrial, que focava principalmente na automação de processos Uma das fábricas do grupo produz 14 mil itens diferentes. A solução foi adotar um modelo com seis células produtivas paralelas e independentes forradas de robôs, mas colaborativas, com interligação total e pessoas em funções com a flexibilidade que as máquinas não conseguem fazer, como a alimentação de matéria-prima. Além disso, conforme conta Sugimura, mudou-se um paradigma interno de gerenciamento de resultados para gerenciamento de processos. “Antes trabalhamos com controle de qualidade aprovado e reprovado. Hoje capturamos o desvio e o corrigimos antes de ele acarretar problemas contínuos.” Estas e outras medidas renderam uma produtividade 30% maior, queda de 55% nos processos e uma área instalada 85% menor. A busca de referências também pode e deve contar com interferência externa. “A empresa não deve ser uma ilha”, sublinha o consultor Uilians Ruivo. “É preciso que o entorno também esteja se mobilizando, ofertando cursos de atualização tecnológica dentro da empresa, que as escolas tradicionais visualizem os novos momentos e hori-

zontes, que os institutos de pesquisa e que as universidades dialoguem mais com as indústrias.” Ruivo lembra com carinho de quando trabalhava em uma empresa na qual uma das câmaras ainda era de alvenaria, revestida com isopor e recheada com palha de arroz, na função de isolante térmico. O contraste é que, na mesma planta, havia um equipamento importado para descascar camarão, outro para eviscerar vieira e um filtro para separar resíduos sólidos de líquido. “Exportávamos camarão, vieira e sardinha, para 3 países, além de fazer marca própria para uma grande empresa transnacional. Tudo isso em 1980, há 38 anos.” Desde então ele viu muita evolução de ponto de vista de maquinário, mas indica que é preciso repensar também os processos. “Prestei serviços para uma empresa que se programou para que os seus fornecedores de tilápia não estivessem mais distantes do que 50 km em relação ao frigorífico. Isso é planilhar e limitar os custos na cadeia produtiva.” Ele recomenda começar na indústria 4.0 com peque-

Apesar do conhecimento à disposição e o payback alcançado com a nítida melhora da produtividade, a realidade ainda revela poucas empresas com aderência a estes conceitos, ressalta a diretora técnica do laboratório de tecnologia do pescado do Instituto de Pesca, Érika Fabiane Furlan. “Temos algumas poucas indústrias de pescado com partes do processo de industrialização robotizados e/ou apenas com a organização dos dados sistematizados num banco de dados, ou seja, muito aquém da era da indústria 4.0.” Ela enxerga a necessidade de um passo atrás, na direção da melhoria da qualidade da oferta ao consumidor. “É preciso a indústria ter em mente que sem qualidade na produção, ou seja da matéria-prima não se justifica investir na industrialização.” Furlan coloca os equipamentos do laboratório à disposição para substituir análises subjetivas, como análise sensorial, de forma a conferir maior padronização dos resultados. Inspirado por experiências como a da Anfaco espanhola, o Instituto também pretende inaugurar em breve uma estrutura de processamento de pescado que permitirá projetos em parceria com a indústria.

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pessoas e processos no processo produtivo, extrapolando

nos projetos e avalia que instituições como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) estão prontos para isso.

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Este novo conceito conecta máquinas,


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O poder da nuvem N ão confunda: Tecnologia da Informação (TI) é muito mais do que aquela área da empresa aonde mandamos nossos pedidos desesperados de ajuda quando o computador dá pau. A Cisco Systems, uma das lideranças mundiais deste segmento, calcula que a área de TI vai injetar US$ 19 trilhões na economia global nos próximos três anos, conforme indica Carlos Arantes, gestor de Inteligência de produto e responsável pelo desenvolvimento de produtos digitais e novos negócios em tecnologia e inovação na Sotreq, revendedora da Caterpillar no Brasil. Ele enxerga grandes impactos econômicos e sociais em um curto espaço de tempo com o avanço das transformações do TI, que deixarão as organizações ainda mais interligadas. “Segundo projeções da Cisco[...], até 2020 cerca de 50 bilhões de fatores, entre máquinas, sistemas, objetos e

pessoas, serão conectadas por meio da internet, o que pode acarretar em um aumento de 21% nos lucros gerados pela iniciativa privada.” E o ambiente ideal para que isto aconteça é a nuvem, termo derivado do conceito de cloud computing que migrou do Vale do Silício para todos os segmentos produtivos uma década atrás. A popularização do cloud é diretamente proporcional ao número de pessoas conectadas: o IBGE calcula que o Brasil tenha 116 milhões de pessoas conectadas à internet e o mundo possui mais de 4 bilhões. O advento da nuvem foi tão revolucionário que deixou para trás a necessidade de se expandir a capacidade de armazenagem de dados de suportes físicos para o usuário comum, como HDs e cartões de memória. A hospedagem de sites na internet também nunca mais foi a mesma, já que o uso de diversos servidores des-

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Avanço das transformações do TI deixará frigoríficos mais interligados com todas as etapas da cadeia

centralizados aumentou a segurança e reduziu muito o risco de queda com picos de tráfego. Por outro lado, softwares pesadíssimos instalados nas máquinas deram lugar aos Software As A Service (SAAS), modelo em que o fornecedor do sistema se responsabiliza pelos servidores, conectividade e cuidados com segurança da informação, enquanto o cliente paga pelo uso do software que opera no próprio navegador. E de que forma isso chegou às empresas? Toda a infra-estrutura de TI, como bancos de dados comerciais, por exemplo, podem migrar à nuvem, conferindo segurança e acessibilidade em praticamente qualquer dispositivo. Na indústria processadora de alimentos a afinidade é total, como explica Marcos Queiroz, da MQ Pack, que fornece equipamentos de pesagem e classificação que já nasceram dentro da indústria 4.0. “Já tínhamos todos os nossos equipamentos com conectivida-


de em ethernet, mas a novidade é que agora eles estão na nuvem, possibilitando que o cliente os acesse remotamente de qualquer lugar.” O sistema coleta dados segundo a segundo sobre todo o comportamento de determinada linha e joga na nuvem. “De qualquer lugar o cliente consegue acessar, ver o histórico e fazer comparações para melhorar o desempenho. Temos casos de clientes das nossas balanças que analisam a matéria-prima e conseguem determinar mudanças no corte ou classificação no meio de modo que a máquina tenha uma melhor performance matemática e gere melhor aproveitamento na ponta da linha.”

A MQ Pack tem cerca de 40 máquinas instaladas em plantas de pescado, mas atua em diversos segmentos, como aves, carne bovina e panificação, mais receptivos às novas tecnologias, segundo Queiroz. “Vejo um certo atraso no pescado, mas aos poucos esta nova geração que chega às empresas vai atualizando os processos, sinto que não tem volta.” Para ele, o impacto financeiro já não é mais impeditivo. “O impacto é de 5% no custo do equipamento para ter esta conectividade, o projeto já é feito contemplando o conceito.” Resolvida a questão financeira, é preciso promover uma mudança cultural. Todos os colaboradores pre-

cisam entender que dados de qualidade geram um diagnóstico fiel do processo, permitindo correções de rota praticamente instantâneas e de alto retorno em um cenário de margens tão espremidas. Logo, se a sua empresa ainda está na era do TI tradicional, está na hora de migrar ao TI Bimodal: “a geração de valor focada em performance de tecnologia da informação da empresa. Essa TI bimodal é responsável pela transformação do negócio e é onde está baseada a receita e a experiência que o sistema vai trazer. É uma tendência que além de automatizar processos contribui para a mudança cultural da empresa”, conclui Arantes.

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PERCORREMOS O MUNDO PARA TRAZER OS MELHORES PESCADOS


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Inteligência nada artificial A foto acima é quase enganosa. A robotização muitas vezes é interpretada como um elemento moderno e, por isso mesmo, parte da quarta revolução industrial. Fato é que a mecanização de processos e os robôs já representam uma fase anterior do desenvolvimento industrial. O pulo do gato está na integração sistêmica destes “operários”

às plantas dotadas de conectividade, captura e gestão de dados produtivos. Quem dá aulas sobre isso é a Mitsubishi Electric. Helio Sugimura, contou em webinar recente que a empresa japonesa fabrica robôs desde a década de 1980. “Quando visito empresas que falam de indústria 4.0, mencionam robôs. Isso é uma confusão,

indústria 4.0 é ter a fábrica conectada, desde o desenvolvimento do produto até a cadeia logística, com ou sem robôs.” Claro que um robô pode ajudar muito, principalmente em tarefas repetitivas e no trabalho em condições inadequadas ou arriscadas para seres humanos, como é o caso da operação logística em câmaras frias. Mais que


fase do protótipo de um carro elétrico autônomo. O Auto-AI é destinado a movimentação de cargas e deverá reduzir custos com deslocamento e armazenagem em áreas industriais. Com comercialização prevista para 2020, o projeto é 100% nacional e pode se tornar o primeiro carro

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robôs, um caminho pode ser a adoção de veículos autônomos elétricos nãotripulados. Duas empresas do interior de São Paulo, a Synkar, do Grupo Data H, de Ribeirão Preto, especializada em Inteligência Artificial (AI); e a Unipac, braço do Grupo Jacto, em Pompéia, fabricante de veículos elétricos, concluíram recentemente a primeira

elétrico autônomo com IA no Brasil criado fora das universidades. “Com o sistema de AI, o próprio carro poderá decidir e aplicar a forma mais rápida de levar equipamentos e objetos entre prédios, se comunicar com outros equipamentos e receber aviso de uma carga que acaba de chegar e ir buscá-la. E também fazer a leitura de movimentação no pátio, uma forma de gerar dados de apoio para a gestão da empresa”, afirma o presidente da Unipac, Gabriel Pires. Outras possibilidades do Auto-Ai estão o fornecimento de informações para

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Divulgação/Atak Sistemas

Identificação por Rádio Frequência (RFID) automatiza processos e acelera fluxo de produção


Divulgação/Mitsubishi Electric

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Modelagem virtual de plantas pode ser feito por etapas do processo, para viabilizar o investimento e reduzir eventuais prejuízos: no diagrama acima, as ilustrações correspondem aos robôs de que a Mitsubishi dispõe para a linha industrial e são uma referência de desenvolvimento modular, embora não sejam diretamente indicados para indústria alimentícia

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outros sistemas de tecnologia para otimização de recursos ou tomadas de medidas de segurança, como fotos, mapas, rotas e históricos de ações. Em muitos casos, no entanto, o trabalho exige a flexibilidade humana que a IA ainda não conseguiu dar aos robôs. “Robôs podem trabalhar em condições extremas, 24h por dia, mas não têm a experiência, flexibilidade e criatividade do operador humano”, sublinha Sugimura. Nos casos em que o robô não serve, é preciso ver de que forma é possível agilizar o processo. As soluções muitas vezes são simples, como notou a Atak Sistemas por conta da normativa NR-36, do Ministério do Trabalho, segundo a qual em uma planta de 1.200 colaboradores, a cada 1h40 de trabalho, o colaborador

deveria realizar uma pausa de 20 min de descanso térmico. O frigorífico em questão deveria fazer três pausas diárias, nas quais o colaborador se ausenta do seu posto de trabalho e vai para uma área de conforto e descanso térmico. No modo tradicional, o colaborador teria que registrar esta ausência nas tradicionais catracas mecânicas, o que geraria filas enormes, perda de tempo e desgaste. O diretor da Atak, Roberto Pavan, lembra que o caminho foi desenvolver uma aplicação com tecnologia de Identificação por Rádio Frequência (RFID). “Instalamos portais RFID (leitores + antenas) nas barreiras sanitárias e etiquetas RFID nos EPIs dos colaboradores. Desenvolvemos um software gerenciador que registra a passagem dos colaboradores pelos

portais sem que estes tenham de passar por catracas, leitores de códigos de barras, ou qualquer outro controle.” O sistema processa os dados e executa autonomamente a gestão da pausa, registrando histórico do colaborador, alertando líderes e os próprios colaboradores sobre não conformidades na execução da pausa. Outro caminho foi aplicar o RFID na área de expedição. “O sistema valida as caixas de produto que serão enviadas ao cliente apenas pela passagem pelo portal RIFD, sem que haja a necessidade de leitura do código de barras individual de cada caixa.” Segundo o executivo, a aplicação permite, por exemplo, gerar solicitações de ressuprimento conforme as quedas de matériasprimas em estoque.


Simular para baratear

A multinacional islandesa tem equipamentos tanto na C.Vale quanto na Copacol, empresas que buscaram soluções já adaptadas à quarta revolução industrial. “As fábricas estão se tornando mais inteligentes à medida que o software se torna uma parte ainda maior do processo de produção. Os dados são cada vez mais valiosos no ambiente de processamento de alta tecnologia de hoje, e a capacidade de rastrear e analisar dados é fundamental para que os processadores de pescado sejam competitivos.” É por este motivo que a empresa orienta seus principais desenvolvimentos para o software, e nem tanto mais ao hardware que a tornou uma potência mundial. “O software Innova controla e monitora toda a jornada da água até o supermercado e dá tranquilidade aos processadores.” O sossego vem da garantia de controle de origem durante todo o processo, demanda crescente em todo o mundo.

Novamente o custo da tecnologia (e do erro) não precisa ser necessariamente um impeditivo. Dá para desenvolver protótipos e simular toda a performance da linha com tecnologias já disponíveis, como a impressão 3D: parte do conceito de manufatura aditiva, um dos pilares da quarta revolução industrial, como detalha Pavan, da Atak. “É a fabricação de objetos sem moldes, por impressoras cada vez mais baratas, e a junção destes objetos em peças formando conjuntos.” A capa do 4º Anuário da Seafood Brasil, uma foto da impressão 3D do logotipo feita pela Immersus Tecnologia, foi justamente uma homenagem ao conceito. Outra ferramenta essencial são os sistemas ciber-físicos, que simulam o mundo físico no universo digital, com a ajuda de ferramentas de IA. Sugimura, da Mitsubishi, lembra que todo o fluxo produtivo pode ser simulado, inclusive de forma fragmentada. “É possível fazer uma parte, coletar os dados, fazer melhoria de linha e implantar isso aos poucos.” A implantação da modelagem virtual da planta, segundo ele, pode ser filtrada pelos segmentos da planta onde o payback será rápido, já que em geral o capex (despesas de capital ou investimento) para estas tecnologias é baixo.

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Marcelo Serpa, da Marel, vê uma disposição cada vez maior na adoção destas tecnologias por conta da expansão de volumes processados, inversamente proporcional à disponibilidade de matéria-prima. “As empresas estão cada vez mais preparadas para investir em tecnologia para compensar a redução da oferta de mão de obra. Na indústria de tilápia, o anseio em processar volumes maiores também está impulsionando a automação.” Ele acha que o forte investimento das cooperativas do

Paraná no processamento de tilápia deve ser o fator indutor deste processo.

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Com a crescente customização de produtos alimentícios, a operação logística se torna cada vez mais complexa. É aí que reside uma das maiores vantagens de se levar isso ao pescado. “O mercado de proteína animal tem um consumidor cada vez mais exigente, querendo produtos selecionados que exijam menor grau de manipulação em suas casas, com certificados de origem”, opina Pavan. A demanda leva a indústria a aumentar o mix de produtos. “Mais produtos, mais complexidade na produção, mais setup [configurações de máquinas e processos], menores lotes. Tudo isto sem tecnologia fica inviável.”


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Coisas com internet V A Internet das Coisas (IoT, sigla para o termo Internet of Things) permite que “objetos físicos estejam conectados à internet e possam se comunicar e executar ações de forma coordenada”, como relata Roberto Pavan, da Atak Sistemas. Isso serve tanto para uma geladeira doméstica quando para uma filetadora automática de pescado ou um sistema de refrigeração.

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A Mayekawa do Brasil está em pleno processo de aperfeiçoamento dos equipamentos para trilhar esta rota, de acordo com Claudio Carvalho de Godoy, da divisão de aves e pescado. O controle automático através de Controladores Lógicos Programáveis (CLPs) combinado com software interliga todo o controle do sistema do frio. “[Tudo] em busca da melhor condição de operação, em que se consegue uma temperatura final do produto e do ambiente mais estável com o menor consumo de energia possível.” A empresa acaba de completar 50 anos de atuação no Brasil e enxerga um futuro totalmente dependente dos conceitos da indústria 4.0. Godoy cita o exemplo das unidades satélites, como as salas de máquina que operam de forma totalmente independente da indústria. “Faz todo o monitoramento da parte de frio do frigorífico através do supervisório com informações de processo. Através de parâmetros programados, ele monitora e controla o funcionamento dos compressores, atendendo à demanda

de frio com a melhor eficiência energética possível.”

Além disso, ele garante, a estrutura é capaz de fazer todo o controle de segurança do sistema com detectores de vazamento do fluido refrigerante, detectores de vibração nos compressores, monitoramento das pressões e temperaturas de trabalho e possíveis acionamentos de segurança conforme a necessidade. Enri Tunkel, gerente de marketing LAM de Refrigeração Industrial da Danfoss, cita um sistema análogo. “A nova plataforma digital de detectores de gás permite um monitoramento constante e um controle remoto das instalações, tais como sala de máquinas e áreas de processo, permitindo um ambiente seguro e controlado.”

Ele aproveita para indicar o próximo passo destes sistemas. “Em teoria, com a indústria 4.0 as próprias máquinas teriam capacidade e autonomia, seja para operar ou programar manutenções. Consequentemente, seria uma oportunidade de reduzir o orçamento e melhorar os resultados”, explica. Enri Tunkel, gerente de marketing LAM de Refrigeração Industrial da Danfoss

Fernando Almeida, engenheiro de aplicação da Johnson Controls, dá um exemplo prático desta aplicação no mercado peruano, onde a multinacional tem forte atuação. “Podemos utilizar estas informações para atender às necessidades da embarcação durante o deslocamento sob os aspectos de suprimentos de peças e mão de obra, otimizando, assim, eventuais paradas de manutenção programada ou corretiva.” Segundo ele, a estratégia minimiza os gastos com deslocamento da embarcação, assegura a qualidade dos produtos estocados e garante o planejamento da viagem. “Conseguimos manter um estoque mínimo de peças para reposição e otimizar o tempo de nossa mão de obra.” O passo complementar é integrar os equipamentos a uma central de monitoramento remoto. “Essa infraestrutura é provedora de monitoramento 24/7 e também fornece relatórios e indicadores de performance.” Com tudo integrado fica mais fácil dizer ao equiDetector de metais da Fortress coíbe fraudes e manda relatórios com integração à nuvem e IoT

Divulgação/Empresas

ocê está trabalhando e o iogurte da sua filha está no fim, mas a própria geladeira já se encarregou de fazer o pedido de reposição. No fim do dia você passa pelo colégio e, quando chega em casa com a filhota, o iogurte já está na porta te esperando junto aos cachorros latindo. E não foi mérito do seu marido, que sempre esquece a lista de compras quando vai ao mercado.


Sala de máquinas autônoma: em um futuro próximo, as próprias máquinas se encarregarão de solicitar suas próprias peças de reposição, evitando quebras ou paradas inesperadas para manutenção

pamento conectado o que ele precisa fazer por sua conta e (sem) risco. Isso se estende ao processamento, como demonstram os detectores de metais e controladores de peso da Fortress Technology. “Eles já automatizam grande parte da produção, muitas vezes sem a necessidade da intervenção humana nos processos”, pondera o gerente comercial, Alexandre Bueno Madalena. Com suporte à IoT, a linha pode emitir dados e relatórios e subi-los à nuvem por servidores interligados e descentralizados. O sistema coibe até fraudes, como no caso da pesca da lagosta: alguns pescadores adicionam chumbo ao crustáceo para ganhar mais no peso, mas os detectores de metal

acusam a violação. A Condessa é uma das potências do segmento que já aderiu ao serviço. Na visão de Tunkel, o pescado se beneficia diretamente destas tecnologias. “Processos mais controlados, descentralizados e mais modulares permitirão mais flexibilidade na produção, trazendo inúmeros benefícios, tais como otimização de recursos, redução de estoques e aumento de produtividade, entre outros.” O principal, na sua ótica, é a pressão por adaptação em toda a cadeia produtiva. “Isso tende a gerar estoques menores, porém mais eficientes, e um giro maior o que é muito interessante para a indústria de pescado”, finaliza.

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Blockchain e o criptopescado O SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2018 •

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brasileiro comum (leia-se o não iniciado na deep web ou mercados negros virtuais) foi tomado de assombro quando, em 2015, o País bateu um novo recorde financeiro não associado à inflação, juros ou dívida pública: transações equivalentes a R$ 9,3 milhões, ou 10 mil bitcoins. A popularização da criptomoeda (dinheiro eletrônico criptografado) mais famosa do mundo e seu alto potencial de rentabilidade ofuscaram a tecnologia que a tornou viável.

O blockchain opera como uma rede ponto-a-ponto, como as criadas no início dos anos 2000 pelos softwares de download de arquivos de música ou filmes. As semelhanças, no entanto, acabam aí. Esta tecnologia, como o nome indica, é uma cadeia integrada em milhares de computadores que hospedam uma cópia de uma sequência

de dados. No caso do bitcoin, trata-se de um banco de dados pulverizado globalmente com todos os saldos e transações já realizadas. No sistema tradicional há instituições bancárias e um organismo regulador que controlam e centralizam o estoque de moedas. No bitcoin não existe um sistema bancário ou órgão central e as compras e vendas são feitas pelos próprios indivíduos ou corretores e depois peneiradas e registradas automaticamente pelo próprio sistema. Se o leitor chegou até aqui ileso (vale pesquisar mais), deve se perguntar se isso tudo é seguro. A resposta é sim. As carteiras digitais que armazenam as chaves de cada usuário tem criptografia dupla, uma privada para acesso aos fundos e outra pública para os recebimentos. Mais ou menos como seus dados de usuário e senha e os dados bancários que você divulga para

receber dinheiro no banco. O efeito do roubo dos seus dados é o mesmo para real, dólar, euro ou bitcoin. Enquanto o bitcoin segue por aí com seus altos e baixos, como qualquer moeda, um novo assombro está em curso. A mesma tecnologia do blockchain pode criar o modelo de rastreabilidade definitiva para o pescado. No início deste ano, o escritório da ONG World Wildlife Fund (WWF) na Nova Zelândia anunciou um ambicioso projeto com parceiros da área de TI para tornar realmente possível e confiável o conceito “do mar ao prato”. Um dos principais problemas relativos à rastreabilidade é a qualidade dos dados apurados ao longo da cadeia de produção de determinado produto pesqueiro ou aquícola. Mesmo nas pescarias certificadas, é


impossível garantir 100% do tempo que determinado armador está fornecendo a localização precisa do local da pesca, que a tripulação trabalhou em condições adequadas à legislação local e que o tamanho dos peixes capturados corresponda ao permitido na região e no período. Mesmo no caso em que um observador faça este acompanhamento, os seres humanos são falíveis. Mas os dados são imparciais - e implacáveis. A tecnologia do blockchain aplicada à rastreabilidade permite que todo o histórico daquela captura ou despesca seja imputado em um sistema hospedado em múltiplos computadores (lembra do bitcoin?). A descentralização impede que haja fraude ou alteração dos dados, já que uma cópia idêntica ao dado original está em outro computador desta rede.

O piloto do WWF está em execução na pesca de atum em linha no Pacífico e funciona da seguinte maneira, conforme publicou o site norte-americano The Conversation: uma vez a bordo, o peixe recebe uma tag RFID reutilizável; dispositivos instalados no barco e na linha de processamento fazem a leitura automática do atum e sobem estas informações à rede; na sequência, a tag RFID é trocada por um QR Code, mais barato, que irá rastrear a jornada deste pescado até que o consumidor escaneie este código na gôndola do supermercado ou na mesa do restaurante. Como está em estágio inicial, o projeto ainda não tem resposta para problemas como o porcionamento e troca de espécies, mas parece ser uma questão de tempo até que a teoria se torne realidade. Recentemente, o site

Undercurrent News trouxe à tona a credibilidade e interesse comercial da matriz do Carrefour. A rede francesa anunciou em março o lançamento do primeiro programa de blockchain no varejo mundial de pescado. O plano, como revelou o site, é iniciar no pescado com o salmão norueguês de cativeiro para chegar a 400 produtos no total, incluindo outras proteínas animais e vegetais. Na prática, todas as informações relativas ao cultivo de determinado peixe, da ração que ele comeu até o caminhão que descarregou o filé nos supermercados, seguem para esta rede. No celular, além de selecionar os descontos no clube de fidelidade, o consumidor vai poder saber, passo a passo, toda a história daquele produto.

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MERLUZA PREMIUM CONGELADA A BORDO


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Governança tecnológica N o início de 2017, a Seafood Brasil foi recebida em Itajaí (SC) por Jairo Gund, então recém-saído da indústria de aves e suínos do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Este engenheiro de alimentos pós-graduado em biotecnologia molecular tinha uma

história para contar sobre as mudanças que implementou no frigorífico de forma a alcançar um sistema efetivo de rastreabilidade.

Nos 4 mil m2 de área construída do frigorífico Quatro Mares, cuja área técnica é gerenciada por Gund, a terceira

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Coleta de informações no laboratório da empresa: harmonização de bancos de dados é chave para a indústria 4.0

revolução industrial estava em pleno vapor - sem trocadilhos com a primeira revolução. Um túnel estático e cinco esteiras transportadoras haviam substituído 25 pessoas, enquanto uma posteadora automática inventada por ele em parceria com a Dosetec cortou outras 20. De um total de 234 funcioná-


Leitura de código de barras, QR Code ou RFID abastecem sistema na nuvem que permite diagnóstico e correções remotamente

rios, a estrutura passou a funcionar com 90 pessoas. O aumento de produtividade de 110% não foi alcançado apenas com a instalação do maquinário: Gund já esboçava em 2017 o que viria a concretizar quase dois anos depois. A MQ Pack havia acabado de impregnar a área de embalagens da planta com o conceito de monitoramento remoto de máquinas, enquanto a rastreabilidade dava seus primeiros passos com um código de barras nas caixas, capaz de oferecer dados sobre o peso, horário, origem e supervisor responsável.

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Em outubro de 2018, a Quatro Mares está em pleno processo de integração à Indústria 4.0. Gund voltou para a facul-


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Uma destas informações que talvez passem batidas pelo consumidor é o número do cadastro do fornecedor no Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP). A falta desta indicação às autoridades nas notas fiscais de compra pode custar caro, como ilustrou a suspensão, pelo Ibama, da comercialização de pescado nas redes Walmart e Assaí em julho deste ano. Só a multa superou R$ 2 milhões, afora o prejuízo de imagem e com o descarte da mercadoria.

Com QR Code impresso na embalagem, cliente pode acessar o lote daquele produto e descobrir até o registro no RGP

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dade para uma segunda graduação em análise e desenvolvimento de sistemas e a MQ Pack ganhou uma companhia para tornar viáveis os planos do gerente: a Atak Sistemas, especialista em desenvolvimento de softwares de gestão industrial de frigoríficos. “O software tem aderência ao setor frigorífico pela estrutura da programação, que me dá parametrização personalizada sem perder o conceito da programação original”, defende Gund. A personalização deu segurança ao executivo para dar um próximo passo. A empresa acaba de lançar o que considera o primeiro projeto de rastreabilidade do pescado que chega até o consumidor. Por meio de um QR Code impresso na embalagem, o cliente pode acessar o lote daquele produto e descobrir diversas informações. “Código interno de fornecedor, código do supervisor de produção responsável pela embalagem (tenho 4 supervisores), data de fabricação, validade, dados de conservação daquele produto, país de origem e outros dados informativos.”

Colocar o RGP e a foto do produto frente a frente com o cliente gera sensação de transparência que ajuda a amenizar os problemas com a fiscalização. “A rastreabilidade é um conceito de gestão industrial e não só uma exigência do Serviço de Inspeção Federal (SIF) ou do departamento de qualidade”, aponta Gund. “Serve para você melhorar desde custos, produtividade e indicadores de desempenho e criar governança, atendendo às políticas de compliance da Anvisa, Mapa, FDA, FAO etc. Isso mudou até o relacionamento com a fiscalização.”

Saudável acúmulo de informações O sistema de rastreabilidade total gerenciado por software rende controle de parâmetros antes dificilmente monitoráveis. O rendimento do corte, por exemplo, é obtido a partir do cruzamento das informações com o rendimento do congelamento. “Se tenho uma quebra de congelamento padrão, é sinal que houve algum desvio na etapa do porcionamento. Consigo checar e auditar este processo em tempo real e também já posso corrigir o desvio no mesmo momento.” Hoje a Quatro Mares já é capaz de acumular um grande volume de dados gerados no processamento, o que permite confrontar as informações das diferentes etapas em rol de melhores resultados. O importante é harmonizar as bases de informação para não haver conflito de plataformas. “Se você usa

um [sistema de banco de dados como] SQL [Linguagem de Consulta Estruturada] e a máquina usa outro banco de dados não vai dar certo.” Gerar tanta informação exige não apenas um grande poder de processamento, facilitado pela computação em nuvem, mas uma infra-estrutura que torne tudo mais ágil. É por isso que Gund enxerga o RFID como o próximo passo. A radiofrequência não é uma tecnologia nova, mas ainda não se popularizou na indústria de alimentos por conta do custo - coisa que está prestes a mudar. Se no passado recente cada tag poderia custar R$ 10, hoje o milheiro não sai por mais de R$ 250. A escala e a entrada da China na história tornaram o RFID uma tecnologia mais acessível, mas a qualidade dos dados em todas as etapas produtivas se tornou mais importante que o custo na implantação de sistemas de rastreabilidade. Há limitações legais e questões culturais que impedem um cenário de controle total da origem. Já é possível saber, com a tecnologia disponível atualmente, qual foi a pescaria, período de pesca, zona de pesca e o barco envolvido, mas o desafio é tornar tudo isto público. Outro enorme desafio é implantar os mesmos conceitos da rastreabilidade da água à planta. Na captura, Gund anseia por uma melhor comunicação entre o barco e a terra. “Se conseguíssemos aplicar à pesca o controle da matéria-prima a caminho, conseguiria fazer uma melhor gestão desta tecnologia.” Saber a latitude e longitude e quando o barco vai atracar já geraria uma informação muito importante para o departamento comercial, indica o executivo. Na aquicultura o processo parece ser ainda mais fácil, já que os ambientes de cultivo são de certa forma mais controlados e há mais previsibilidade. No entanto, só saber quando será a despesca não é suficiente. “Com a biometria integrada ao sistema da indústria e


Na Quatro Mares o caminho é similar, descreve Gund. “No nosso

A médio prazo o gerente do frigorífico vislumbra uma integração do ambiente pré e pós-industrial. Fornecedores de insumos poderiam codificar no mesmo padrão usado pela planta frigorífica. “Quando fizessem a transferência para cá eu não precisaria fazer o que faço hoje: todos os fardos são codificados aqui. Eles poderiam man-

dar um arquivo XML dos códigos em transferência e eu já faria o inventário do estoque.” Quando os materiais chegassem tudo já estaria inventariado, bastando uma conferência manual ou mesmo por RFID com o uso de tags. Se a linguagem também fosse adotada pelos clientes, a lógica seria igual: mandar o arquivo e processar o inventário. “Isso facilitaria até o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC): se houver alguma devolução por desvio, consigo localizar exatamente o código de barras.” Afinal, por mais sedutoras que sejam as novidades da quarta revolução industrial, quem continua ditando as regras é o consumidor.

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Com a Indústria 4.0 o ambiente industrial foralece ainda mais o vínculo com o administrativo e comercial. Os Sistemas Integrados de Gestão Empresarial (ERPs) nunca foram tão populares, mas agora já precisam incorporar outras funcionalidades. Luiz Tondo, gerente de comércio exterior da Frumar, conta que a empresa implantou recentemente um ERP na nuvem, “com estruturas modulares, flexíveis, customizáveis e acesso pelo celular”.

Business Intelligence colocamos quais são as variáveis de negócios que serão base para se tomar uma decisão e o sistema captura os dados, traçando um delineamento do negócio e tendências, baseado no histórico.” A conclusão é que se sabe exatamente o custo de produção para a construção de preço mais adequado.

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uma previsão meteorológica, por exemplo, consigo fazer um delineamento de como chegarei ao peso que se deseja.”


todas em 800g, ganharam novas embalagens que dão sequência ao plano de expansão da marca. E vem mais por aí, garantem os diretores.

Na

Gôndola A oferta de peixes, crustáceos e moluscos

Opergel em expansão A marca Oceani, da Opergel, reforça o lema ‘tradição aliada à modernidade” que pauta a nova fase da empresa. As embalagens de panga, polaca e posta de cação,

marca premium que leva o nome da companhia passou a contar com o lombo de atum (400g) e filé de salmão (400g), ambos em pedaços. Todas as embalagens saem da planta com ziplock, para o controle de porções.

Família cresceu A Buona Pesca e Frescatto receberam novos integrantes na família recentemente. A linha de combate incluiu medalhão de merluza (800g), filé de tilápia (500g) e de linguado (500g), enquanto a

Massas e pratos prontos

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A Vivenda do Camarão acaba de lançar a linha de pratos prontos completos com o crustáceo, em duas vertentes. As massas vêm em embalagens de aproximadamente 420g nos sabores Penne ao 4 Queijos ou ao Molho Tailandês e Fettuccine ao Molho Alfredo, Di Mare ou Provençal. Já os pratos incluem arroz, batata palha e os molhos 4 queijos, Alfredo, Provençal. Completa a linha uma paella em embalagem de 380g.


Shoyu da Tailândia À base de anchova, o molho Nam Pla está para os tailandeses como o Shoyu está para os japoneses. A Frumar aposta fortemente no produto para incrementar a linha de soluções para a gastronomia oriental, a Nikkei. Já há um contêiner a caminho diretamente da Pantai - uma das marcas mais tradicionais daquele país.

800g soltinhos A Vitalmar aposta em uma nova roupagem, de linhas mais modernas, para a embalagem de 800g dos filés de tilápia cultivados pela própria empresa. No mesmo padrão de destaques de outras embalagens, a empresa frisa que os filés são “peças soltinhas” com poucas espinhas. No verso, uma receita incentiva o preparo.

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Com direito a apoio de Ana Maria Braga, a Copacol preparou para este mês de outubro uma ação especial em prol do tratamento de pessoas com câncer. A campanha inclui não apenas uma embalagem alusiva à campanha, mas uma dinâmica em que a cada venda de pacote de 600 gramas de filé de tilápia, R$1 será destinado a hospitais de referência em Cascavel (PR),

Barretos (SP), Curitiba (PR), Campo Grande (MS) e Brasília (DF). A expectativa é fechar o mês com 100 toneladas e R$ 160 mil doados.

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Outubro Rosa


Pacto pacificador SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2018 •

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The Seafood Summit junta Mapa, indústrias e autoridades nacionais e internacionais e dá verniz conciliador a diálogo com autoridade sanitária brasileira

P

oderia ter sido com “A Paz”, mas o presidente interino da Associação Brasileira da Indústria do Pescado (Abipesca), Thiago De Luca, usou outro clássico de Gilberto Gil para mandar seu recado de união do setor privado e entes públicos durante a abertura social do The Seafood Summit Brazil. “Metade, o busto de uma deusa maia. Metade, um grande rabo

de baleia”, leu no discurso em jantar oferecido aos mais de 100 convidados selecionados a dedo pela entidade. A novidade veio dar à praia em pleno Planalto Central, logo no tradicional Brasília Palace Hotel, solene local da primeira edição do evento. Depois do jantar em 29 de agosto, os participantes puderam acompanhar no dia seguinte

a intenção da Abipesca de trazer experiências nacionais e do exterior para um diálogo franco com autoridades brasileiras. Havia grande ansiedade no ar para a busca de uma conciliação entre visões muitas vezes antagônicas de operadores e autoridades reguladoras. O tom pacificador pautou as discussões, do jantar ao último painel de


Souza apresentou ainda um cálculo sobre a demanda de pescado ainda não atendida no Brasil para equipa-

O secretário se disse contente com o resultado da reunião da Comissão Internacional para a Conservação do Atum Atlântico (ICCAT), em julho, onde o Brasil reportou dados estatísticos que mostram uma recuperação dos estoques e devem recolocar o País na mesa O Chile é o oitavo país aquícola de decisões do órgão. Embora não do mundo, com oferta fortemente tenha comentado o assunto apoiada em salmonídeos e diretamente, o ex-semexilhões. Em 2017, viu as Saldo do cretário-executivo do exportações do segmento evento mostra ICAAT Driss Meski crescerem 16,8%. Parte foi ao evento para disso se deve a um como integração apresentar o papel entendimento de que efetiva entre academia, institucional dos a regulamentação governo e empresas órgãos de gerenciatem de gerar compegerou potências como mento regional de titividade na indúspescarias (RFMOs). tria, segundo Burgos. Chile e Espanha Citou como exemplo a Há cerca de 50 certificação eletrônica RMFOs no mundo, codos centros de cultivo. “Em brindo diferentes oceanos e torno de 60% das informações mares, e o ICAAT é apenas um deles. sobre aquicultura são fornecidas O regulamento exorta estados memon-line. Isso facilitou muito porque as bros a assegurar compatibilidade entre empresas possuíam um verdadeiro medidas estabelecidas para o alto mar e batalhão de pessoas fazendo relatóáreas sob jurisdição das espécies. Meski rios ao governo.” defendeu o fortalecimento de comitês científicos que produzam dados confiáA flexibilidade governamental veis, ponto determinante para operações também permeia a visão da União comerciais no exterior. “Se compradores Europeia, segundo o chefe do japoneses consultam o sistema, por Setor de Instruexemplo, e descobrem que seu barco mentos de não está registrado, não aceitam a merPolíticas Intercadoria e você precisa retornar isso com nacionais da todos os custos associados.” Sem dados, Delegação sublinhou o especialista, a pesca pode da União ser caracterizada como IUU (ilegal, não Europeia no reportada ou não regulada). Brasil, Rui

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apresentações, com direito a um sutil mea culpa do Secretário de Defesa Agropecuária (SDA/Mapa), Luis Eduardo Pacifici Rangel durante discussões sobre aspectos técnicos da inspeção federal. Antes, porém, a manifestação institucional do setor ficou a cargo de Dayvson Franklin de Souza, secretário da Pesca e Aquicultura (Seap/PR), que abriu o primeiro painel (“Matéria-prima”) reforçando o compromisso de trabalhar em consonância com os interesses do setor.

A gestão pública do setor depende de pesquisa científica, asseverou José Miguel Burgos, ex-diretor do Serviço Nacional de Pesca e Aquicultura do Chile (Sernapesca), indicando os itens que levaram a salmonicultura local ao terceiro posto no PIB com exportações de US$ 6 bilhões. “No Chile nós definimos um acordo que atravessou vários governos em que a organização setorial deveria atacar cinco níveis: investimento em pesquisa e tecnologia, leis direcionadas ao aumento da competitividade, monitoramento, relatórios eletrônicos, transparência e dados públicos.”

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rarmos o consumo per capita aos níveis mundiais (10 kg per capita no Brasil contra 20,3 kg per capita no mundo). “Temos um déficit produtivo de 2.146.520 toneladas se quisermos atingir este índice mundial. Potencial não falta, faremos o que estiver ao nosso alcance para desburocratizar e remover os entraves necessários à expansão do segmento.”


Rangel, da SDA/Mapa: “Peço que vocês calcem os meus sapatos. A intenção da secretaria não é fechar estabelecimentos, sabemos que a marca é o grande patrimônio das empresas. Mas o combate à fraude chegou a 40% do nosso esforço [...] o setor fica rotulado”

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Ludovino. “Nossa legislação não é totalmente prescritiva, tem um certo grau de flexibilidade que permite às autoridades e operadores chegar aos objetivos através de vários caminhos.” Para a qualidade, no entanto, não existe flexibilidade, assegurou. “Os operadores têm a obrigatoriedade de respeitar os controles oficiais, mas não adianta termos operadores privados altamente capacitados se não houver autoridades capacitadas para a fiscalização.”

PROCESSAMENTO No segundo painel, Carlos Rodriguez, diretor da Pesquera Veraz/ Centauro, ecoou a decepção argentina com as autoridades brasileiras. Trouxe aos presentes um resgate dos prejuízos recentes dos exportadores argentinos com as medidas sanitárias que provocaram o rechaço de contêineres de produtos pesqueiros daquele país. “Estudos argentinos mostram que o pH não é, por si só, um índice de frescor do pescado. Houve uma videoconferência [entre as autoridades sanitárias de ambos os países], mas o problema ainda não se resolveu.” Ele deu um exemplo de problema sanitário com a Espanha, mas que a pesquisa científica ajudou a debelar com a ajuda dos próprios importadores espanhois, reabrindo as exportações de engráulidos. “Eles

acusaram alta presença de chumbo na matéria-prima. Mas um estudo realizado entre nossos especialistas, a Anfaco [Associação Nacional de Fabricantes de Conservas de Pescados da Espanha] e outros órgãos descobriu que houve uma mudança de corrente no Círculo Polar Ártico e isso gerou a contaminação.” “Outro problema grande que temos é a proibição da entrada de camarão argentino”, indicou o executivo, reforçando não compreender o motivo pelo qual o crustáceo é impedido de entrar no mercado brasileiro. “Não temos as doenças que nos acusam ter, mas mesmo assim não entendo como um animal selvagem congelado pode representar risco ao camarão de cultivo brasileiro.” Na sequência, em fala amplamente aguardada, Rangel defendeu o livre-comércio, mas se esquivou de comentar


nicos para evitar critérios subjetivos. Isso pode gerar a percepção de que há perseguição ao setor.”

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Em comentário na discussão que se seguiu ao painel, o presidente da Câmara Setorial da Produção e Indústria do Pescado no Ministério da Agricultura, Eduardo Lobo, usou a mesma expressão de Rangel para mostrar disposição do setor privado em construir coletivamente as normas que regem o setor. Rangel

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sobre a sanidade dos crustáceos - tema Especificamente sobre o caso do pH, que saiu da alçada do Dipoa Rangel negou perseguição ao para o novo departamento setor e abriu margem para de sanidade aquícola reconhecer eventuais Debates criado dentro da nova erros: “Às vezes nossos entre autoridades Seap. Adotou tom fiscais erram. O pronacionais e conciliador e chamou cesso organoléptico o setor a se colocar é a primeira etapa, estrangeiras tocaram em seu lugar. “Peço mas é discricionário em temas polêmicos, que vocês calcem os e subjetivo. Por mais como os critérios do SIF meus sapatos. A intreinado que esteja e a importação de tenção da secretaria o técnico, você dá não é fechar estabemargem à interpretacamarões lecimentos, sabemos ção.” Por outro lado, ele que a marca é o grande defendeu que a secretaria patrimônio das empresas. não tem usado só o pH como o Mas o combate à fraude chegou a 40% único parâmetro, é apenas a “bala de do nosso esforço, o que não é trivial. E o prata do processo. É importante que a pescado tem muita fraude, o setor fica gente recicle técnicos e faça um procesrotulado.” so de nivelamento e reciclagem dos téc-


leve o produto pra casa sem desperdiçá-lo?’” Com base em dados coletados a pedido da indústria conserveira, Araújo indicou que o pescado representa em torno de 10% das vendas de produtos perecíveis no Brasil. “O brasileiro gasta R$ 1,4 bilhão com pescado e R$ 10 bilhões com perecíveis”, sublinhou. A oportunidade para a expansão está, além do preço, no aspecto da saudabilidade. “54% dos brasileiros estão evitando comer gordura saturada. 22% evitam comer carboidrato, 55% evita comer sódio e 18% evita o glúten. Isso cria oportunidades para o pescado.” Para Carolina Araújo, da Nielsen, queda em alimentos no ano passado deve ser revertida com expansão das compras multicanais

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disse sua gestão trabalha para encurtar, desburocratizar e transferir responsabilidades a quem produz. “A rotulagem, por exemplo, foi totalmente modernizada, deixando as empresas sabedoras das regras.” Outra medida mais recente é a criação de “núcleos de inteligência proteica, com pessoas especializadas”. “O setor conta com um núcleo de pensamento do pescado no Ceará.” Para comparar os sistemas de inspeção sanitária entre Brasil e os países em que sua empresa atua, José Antonio Gómez Díaz, da espanhola Mascato, surpreendeu os presentes acostumados ao perfil sanitário brasileiro. “Na Espanha, por exemplo, não há fiscais nas plantas. Além disso, o registro de novos produtos não precisa ser submetido à aprovação prévia dos órgãos reguladores.” Há inspeções periódicas que variam conforme a atividade da empresa; no caso da Mascato, ocorrem a cada quatro anos.

CONSUMO Discutir a viabilidade do consumo de pescado, seja por aspectos de preço ou de saudabilidade, é ainda mais complexo no cenário atual de queda da alimentação. De acordo com Carolina Araújo, diretora geral da Nielsen Brasil, o mercado de alimentos fechou 2017 com queda de 5%, mas neste ano já uma certa estabilidade e mesmo expansão de alguns canais. Araújo confirmou que a tendência de compra multicanal parece ter chegado para ficar. “Antes o consumidor comprava em 4 canais até 2014. Hoje ele finaliza a compra em 7 locais, porque faz muitas concessões de preço.” Ela confirmou o atacarejo como o canal de maior ascensão, porque custa 12% menos que os demais. “Por isso, se fosse uma indústria de pescado, estaria me perguntando ‘cadê meu pack de 4kg? Como fazer com que o consumidor

Fernando Perri, CEO da Vivenda do Camarão, assumiu o microfone na sequência do painel e ilustrou o prejuízo do food service nos últimos anos como decorrência da crise político-financeira que se abateu sobre o País. O empresário deu um testemunho sobre a luta que empreendeu para liberar a importação de camarão, mas confessou seu cansaço. “Tivemos de construir uma fazenda de camarão em sistema intensivo para poder sobreviver a esta situação, mas não é nosso negócio. Além das dificuldades na produção, nos deram 13 multas à propriedade.” Já o varejo foi representado por Rafael Guinutzman, gerente do Multivarejo GPA - dono das marcas Pão de Açúcar, Extra e Assaí. O executivo confirmou a ascensão do atacarejo, mas confirmou que o canal funciona para produtos congelados. “A realidade dos perecíveis é mais complicado, o consumidor acaba indo para os modelos de super e hiper.” Tudo por uma questão de confiança, assegurou. “O pescado hoje no super-


SUSTENTABILIDADE A costa brasileira, com seus 8 mil km de extensão, é um prato cheio para a pesca, certo? Não exatamente, segundo o relato do professor Lauro Madureira, da Universidade Federal do Rio Grande (Furg). “A costa brasileira tem baixos índices de produtividade por conta das altas temperaturas, mas o cenário muda muito”, indica. “A ressurgência de Cabo Frio e o Farol de Santa Marta são os principais pontos de águas mais frias.” A Furg monitora a temperatura do mar entre Vitória (ES) e Mar del Plata

(Argentina) todos os dias da semana, há seis anos. “Isso nos gerou a possibilidade de entender esta dinâmica e fazer o monitoramento de barcos pesqueiros.” A pesquisa científica é chave para conseguir entender o comportamento dos oceanos e criar subsídios para políticas públicas, como cotas de pesca. Madureira citou o exemplo da sardinha, recurso que colapsou nos últimos anos. A equipe do pesquisador estudou as anomalias térmicas provocadas pelos fenômenos climáticos, como El Niño ou La Niña, e constatou que nos anos de águas mais frias a safra de sardinhas foi muito superior. Outra descoberta foi a baixa correlação entre os defesos (de recrutamento e desova) e a captura, indicando a baixa eficácia deste método para o planejamento dos estoques.

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Por outro lado, o movimento contrasta com a diminuição das peixarias frescas, como explica Guinutzman. “Alguns anos atrás decidimos fechar peixarias de algumas lojas por conta do custo, logística, quebra, manutenção da fábrica de gelo etc, e conseguimos criar um modelo que é a peixaria móvel para 80 lojas.” Sem a necessidade de todo o equipamento, as estações compreen-

dem balcões com 1,5 a 2 metros, que são instalados até 3 vezes por semana em lojas de periferia. “O consumidor que compra o peixe leva outros produtos e assim o fidelizamos.”

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mercado traduz uma relação de confiança. Se tem pescado com qualidade o cliente entende que o restante também tem, por conta da dificuldade que é oferecer pescado fresco.” Os modelos de lojas de bairro, com produtos em atmosfera modificada, são uma das tendências nos grandes centros. “Temos um potencial de 350 lojas de conveniência para produtos de peixaria fresco em ATM.”


Estatísticas

IBGE: aquicultura em queda Divergência com dados da PeixeBR se acentua e levantamento do IBGE mostra queda da produção aquícola em 2017

O

volume total da produção aquícola (peixes, moluscos e crustáceos) no Brasil caiu 5,67% em 2017 ante o ano anterior, segundo a mais recente edição da Pesquisa Pecuária Municipal (PPM) – publicação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) elaborada anualmente. O desempenho negativo foi puxado por uma queda acentuada da carcinicultura, que saiu de 52,1 mil toneladas produzidas em 2016 para 40,9 mil toneladas no ano passado. A Associação Brasileira dos Criadores de Camarão (ABCC) já havia soltado balanço que apurou 65 mil toneladas produzidas em 2017 e 60 mil toneladas em 2016. A mancha branca e seus reflexos continua a ser apontada como a causa da queda de 21,4% e, na avaliação do IBGE, inverteu a liderança dos Estados produtores. Rio Grande do Norte passou a liderar com 37,7% da produção nacional, enquanto o Ceará ficou com 28,9%.

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Já o volume de produção nacional da piscicultura caiu 2,6% em 2017 ante o ano anterior, para 485,2 mil toneladas, motivada em grande parte pela forte diminuição da produção na Região Norte, que deixou de liderar o ranking no estudo do IBGE. O indicador contrasta com a pesquisa da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), que mostrou variação de 7,99%. Na visão do presidente executivo da entidade, Francisco Medeiros, a disparidade se deve a fatores como a metodologia de captação de dados do IBGE e o receio de retaliação a produtores pela informalidade. “Temos Estados em que produtores conhecidos têm produção superior aos dados do IBGE. Vai demorar um pouco até que o produtor tenha confiança no

VOLUME (TON) - 2017 | IBGE E PEIXEBR PISCICULTURA

CARCINICULTURA E MITILICULTURA IBGE - CAMARÃO

IBGE - OSTRAS E MEXILHÕES

627

50

27.500

2.087

43

10.229

7.000

11.857

820

1.500

-

Espírito Santo

3.737

12.000

14

Goiás

16.502

33.000

-

Maranhão

27.775

26.500

175

29

Mato Grosso

36.609

62.000

Mato Grosso do Sul

18.041

25.500

Minas Gerais

31.327

29.000

Pará

12.164

20.000

50

56

Paraíba

2.394

3.000

2.599

Paraná

98.004

112.000

120

Pernambuco

20.594

17.000

2.199

Piauí

7.679

18.000

2.723

Rio de Janeiro

1.402

4.800

12

Rio Grande do Norte

2.172

2.300

15.434

Rio Grande do Sul

13.741

22.000

Rondônia

39.884

77.000

Roraima

9.379

16.000

Santa Catarina

31.796

44.500

São Paulo

47.539

69.500

Sergipe

2.690

6.600

Tocantins

11.542

14.500

ESTADO

IBGE

PEIXEBR

Acre

3.899

8.000

Alagoas

10.970

3.500

Amapá

754

1.000

Amazonas

7.574

28.000

Bahia

16.038

Ceará Distrito Federal

fornecimento destes dados.” Segundo ele, a omissão se deve ao receio de fornecer dados que, por vias jurídicas, podem expor fragilidades no licenciamento da propriedade.

284

77

76

20.537 69

2.786

4

No gráfico abaixo, a área entre a linha azul (dados do IBGE) e a linha vermelha (PeixeBR) dão uma dimensão do volume da subrepresentação da PPM:


Mapa da aquicultura Confira os destaques da PPM no link bit.ly/IBGE_PPM17_SeafoodBrasil

EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DA PISCICULTURA 2015>2017 | IBGE E PEIXEBR IBGE

PEIXEBR 691,700

638,000

640,510

507,122 485,255

Elaboração: Seafood Brasil Fontes: IBGE (Pesquisa Pecuária Municipal 2017) e PeixeBR (apenas piscicultura)

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Na PPM, os dados são obtidos pelo IBGE por meio de consulta a entidades públicas e privadas, produtores, técnicos e órgãos ligados direta ou indiretamente à produção, comercialização, industrialização, fiscalização, fomento e assistência técnica à agropecuária. A unidade de investigação da pesquisa é o município. Se na maior parte do País os dados estão aquém do levantamento da PeixeBR, há exceções, como os casos de Alagoas, Pernambuco e Minas Gerais, cujo volume é superior ao levantado pela entidade. Há casos de muita diferença, como Amazonas: o IBGE registrou apenas 7.574 toneladas, enquanto a PeixeBR calculou 28 mil toneladas.

Clique nos ícones dos produtos aquícolas para ver os dados de produção da piscicultura, carcinicultura e mitilicultura de 2017 nos Estados. Veja ainda quais são os 20 municípios que mais produzem peixes, camarões, ostras e mexilhões, clicando nos ícones de estrela.

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485,652


Estatísticas

Campeões nacionais | IBGE PPM 2017

NATIVOS (TAMBAQUI, PINTADO E SEUS HÍBRIDOS E PIRARUCU)

Estado líder: Rondônia A queda da Região Norte foi um dos principais destaques da PPM 2017, mas os rondonienses seguem à frente, com 37,4 mil toneladas de nativos Campeã da engorda: Nossa Senhora do Livramento (MT) A jóia da piscicultura mato-grossense produziu 8,46 mil toneladas em 2017, seguida por Sorriso (MT) e Amajari (RR), evidenciando a queda de outros pólos, como Ariquemes (RO) e Almas (TO)

OSTRAS, VIEIRAS E MEXILHÕES

Estado líder: Santa Catarina Com 20,5 mil toneladas, Santa Catarina mantém a liderança folgada na maricultura nacional enquanto os demais Estados têm produção marginal

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Campeã da engorda: Palhoça (SC) O litoral continental catarinense tem a cidade como a principal origem dos mexilhões nativos, com 13,8 mil toneladas Berçário dos moluscos: Florianópolis (SC) 61,5 milhões de sementes de moluscos produzidas em 2017 colocam a capital catarinense na dianteira, seguida por Angra dos Reis (RJ), com 3,8 milhões e Curuçá (PA), com 2,2 milhões


CAMARÃO

Estado líder: Rio Grande do Norte Com 37,7% da produção nacional, ultrapassou novamente o Ceará que, com a mancha branca, passou a deter 28,9% da carcinicultura nacional. Campeã da engorda: Aracati (CE) Apesar da liderança potiguar, a capital cearense do camarão continua a ser a capital nacional de produção do crustáceo Berçário do camarão: Canguaretama (RN) Sede de vários laboratórios, a cidade potiguar é o principal pólo produtor de pós-larvas, com 3,2 bilhões em 2017

TILÁPIA

Estado líder: Paraná As cooperativas seguem na dianteira da tilapicultura e puxam seus integrados para a liderança, com 20,2% do volume da piscicultura nacional Campeã da engorda: Nova Aurora (PR) Muito próxima à Copacol, a cidade de Nova Aurora compreende o maior volume nacional: 12,6 mil toneladas da tilápia nacional saíram de lá em 2017

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Berçário da piscicultura: Paulo Afonso (BA) Glória já é a capital da tilápia no Nordeste, mas é a outra cidade baiana que leva os louros pela intensa produção de alevinos: 112,7 milhões de alevinos em 2017


Na Cozinha

Sustentabilidade

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Depositphotos

Gastronomia mete a colher Chefs, restaurantes e o varejo aumentam envolvimento com ONGs, entidades de classe e pescadores - de grande e pequena escala para construir sustentabilidade em conjunto

J

ornalistas, “ongueiros”, chefs e gestores públicos acompanharam no início de abril o lançamento de uma campanha da World Wildlife

Fund (WWF) para uma campanha de consumo sustentável de pescado. A ONG dedicada à conservação, pesquisa e recuperação ambiental chamou par-

ceiros para fortalecer a campanha de conscientização de compradores e fornecedores sobre a necessidade de diminuir a sobrepesca dos estoques pesqueiros.


De concreto, a WWF pretende começar com a pesca artesanal do carapau (Caranx crysus) na Área de Proteção Ambiental do Litoral Norte Paulista (APA Marinha Litoral Norte). A espécie é capturada por pescadores da região por meio de cercos flutuantes, arte de pesca predominante na região e que, segundo o entendimento da ONG, causa menos impacto ambiental e elimina a captura acidental de outros seres vivos no hábitat marinho, como tartarugas. Por este motivo, deve embasar a criação de um Programa de Melhoramento Pesqueiro

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O seleto público presente ao almoço do restaurante Le Manjue mostrou sintonia com a situação. Anna Carolina Lobo, coordenadora do Programa Mata Atlântica e Marinho do WWF-Brasil, traçou um cenário crítico à falta de dados e de gestão dos estoques pesqueiros no Brasil. “O cenário de sobrepesca impacta mais de 80% dos nossos estoques de

pescado daqui. Por outro lado, a pesca impacta em R$ 5 bilhões no nosso PIB, é muito importante enquanto geração de emprego e renda, mas vivemos em um País que não tem dados estatísticos pesqueiros e não há monitoramento.”

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A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO/ ONU), corrobora a visão. A versão 2018 do relatório State of The World Fisheries and Aquaculture (Sofia) traz a informação de que os estoques pesqueiros marinhos estão em queda contínua. A porcentagem de estoques capturados em níveis biológicos insustentáveis saiu de 10% em 1974 para 33,1% em 2015, com as maiores altas em 1970 e 1980.

Lançamento de campanha por consumo consciente atraiu chefs, ONGs e jornalistas


Na Cozinha

Debate do quarto “Seminário Pesca e Aquicultura: buscando soluções sustentáveis” fomentou participação de pequenos pescadores às grandes redes de varejo

(FIP ou PROME) específico, com vistas a uma futura certificação.

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A WWF-Brasil reconhece que a inexistência de produtos pesqueiros brasileiros certificados é um entrave para a campanha, mas afirma que outros FIPs em andamento, como o do pargo e da lagosta, mostram que o caminho para a sustentabilidade no pescado já começou. Renato Caleffi, chef do Le Manjue, tornou-se uma espécie de embaixador da iniciativa. “Temos uma filosofia de fornecer produtos saudáveis e orgânicos, com mínimo impacto ambiental e valorização dos produtores. Por este motivo, apoiamos esta campanha de consumo consciente”, disse. A proposta, no entanto, não encaixa em qualquer bolso. O carapau ainda não faz parte do cardápio fixo do restaurante, que tem entre seus sócios o ator Bruno Gagliasso e vende o prato mais barato de pescado a R$ 70. Essa elitização da sustentabilidade é um desafio para a popularização do conceito associado ao pescado, bem como o engajamento de outros atores além do “público convertido”. “Focamos primeiramente na pesca

Mexilhões cultivados em SC e servidos no Le Manjue, em SP: restaurante aposta em orgânicos com mínimo impacto ambiental

artesanal porque pode dar resultados mais rápidos e já tem um ponto de comercialização muito próximo do ponto da pesca nas regiões produtoras. Mas temos interesse de falar com a pesca industrial. Não somos contra que se compre panga e polaca, por exemplo, mas que se procure consumir o produto certificado”, sublinhou no evento o analista de conservação da WWF-Brasil Caio Faro. O próprio Le Manjue é um bom exemplo, já que além das espécies nacionais serve o salmão certificado da pesca industrial do Alasca. Ao saber da iniciativa da WWF-Brasil, Cadu Villaça, oceanógrafo e diretor técnico do Coletivo Nacional da Pesca e Aquicultura (Conepe), demonstrou apoio com ressalvas. “A iniciativa WWF é muito bem-vinda. Naquilo que pudermos e formos convidados vamos nos comprometer, sempre com uma postura de produção sustentável, de geração de empregos e renda e de desenvolvimento, não puramente conservacionista.” De acordo com Villaça, a pesca tem papel claro na segurança alimentar e nos princípios de renovação que esta

produção sustenta. Ele cita ferramentas com os FIPs como caminho para o setor. “As ferramentas propostas, como FIPs, tem se mostrado eficientes no mundo. Chega um momento que o governo precisa se incorporar ao movimento, criar normativas e alinhamento com prerrogativas indicadas pelos FIPs.” Villaça é um dos articuladores do FIP da lagosta cearense, projeto coordenado pela ONG Cedepesca. Na última avaliação de resultados, o FIP apurou melhoria nos indicadores que colocam a pescaria na rota de uma certificação de sustentabilidade. “É uma pescaria muito complexa. Termos levado quase cinco anos para efetivamente ver a ideia ganhar reconhecimento demonstra que ela é verdadeira e fruto de persistência e trabalho”, conta. Mas o projeto enfrenta novos desafios e sobreposições. A Seap/PR publicou em 12 de setembro um termo de execução descentralizada para um projeto de monitoramento da pesca da lagosta intitulado “Projeto de Monitoramento da Pesca da Lagosta no Brasil” a ser executado pela Universidade Fede-


Selos de sustentabilidade expostos da Seafood Expo Global, em Bruxelas: certificação ainda não é realidade no Brasil

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O texto questiona ainda a experiência dos envolvidos, apesar de reconhecer a importância da UFC no acompanhamento da indústria pesqueira. “O que preocupa é que os dados, as análises e conclusões derivadas, têm reflexo e percepção nos usuários primários dos recursos, nas suas comunidades, na cadeia comercial e finalmente no consumidor desta riqueza natural”, sinaliza Vilaça.

Outra manifestação enfática do Conepe foi em apoio ao sistema de cotas para a tainha, implantado pela primeira vez este ano com resultados considerados satisfatórios pelo Subcomitê Científico do Comitê Permanente de Gestão (CPG Pelágicos). Houve registro de desrespeito a cotas, o que gerou críticas de órgãos ambientais. No entanto, tanto o Conepe quanto a própria ONG Oceana reconhecem os erros como esperados e passíveis de correção. “Cabe agora ao CPG Pelágicos SE/S rever os pontos da norma que necessitam de ajustes e tomar uma decisão sobre a pesca industrial no próximo ano. Exceder cotas estabelecidas é algo que já ocorreu em diversas partes do mundo”, indica Martin Dias, diretor científico da Oceana em artigo publicado no site da

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ral do Ceará por meio do repasse de um montante superior a R$ 1,575 milhões. “[O termo] chamou negativamente a atenção de atores desta cadeia produtiva e suas representações pela relativa informalidade e pela pouca discussão em torno da proposta”, diz Vilaça em artigo recente.


Na Cozinha

Miyaji, Simone Lenz (Seafood Watch/ Monterey Bay Aquarium) e a pesquisadora Daniele Vila Nova. A pluralidade dos participantes permitiu a exposição e debate de distintas visões, da pesca artesanal à aquicultura de grande escala. Na esfera da pequena escala, o papel dos intermediários e engajamento das comunidades locais foi evidenciado por Luis Henrique de Lima, coordenador do projeto Pesca para Sempre, da Rare. “Há perda de valor desde o início, com alto nível de atravessadores e ausência de conexão com o setor privado.” Segundo ele, a cadeia como está não beneficia o pescador. “Como faço pro pescador deixar de receber 80 centavos por caranguejo, passar por três atravessadores e chegar à mesa a R$ 8?”

Martin Dias, diretor científico da Oceana, apoia sistema de cotas para a tainha, implantado pela primeira vez este ano, mas ressalta que é preciso rever pontos

Seafood Brasil. Uma das ideias sugeridas por ele é abater da cota do ano seguinte o excedente do ano anterior.

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Aliança sustentável A falta de uma coordenação central de ações do gênero é oriunda da perene reconstrução da pasta responsável pelo setor. Enquanto isso não ocorre, outras iniciativas assumem a função. O “Seminário Pesca e Aquicultura: buscando soluções sustentáveis” chegou à quarta edição em 24 de julho mais abrangente do que nunca, com representação de ONGs e entidades da sociedade civil, empresas privadas do setor, chefs renomados, grandes redes varejistas e artífices do segmento, como o próprio Conepe e a PeixeBR. O evento é uma iniciativa da Aliança Brasileira pela Pesca Sustentável, agora coordenada diretamente pela consultoria Paiche, da professora Cintia

Renata Pereira, coordenadora de projetos da Conservação Internacional, cobrou a necessidade de incrementar a estatística pesqueira. “Entendemos como pescaria sustentável no tripé da sustentabilidade e a primeira premissa é o estoque estável, que precisa de estatística. Além de proporcionar uma pescaria com baixo impacto ecossistêmico e gestão eficaz, precisamos garantir que seja uma atividade viável economicamente para aquela comunidade.” Um dos projetos apoiados pela ONG com resultados concretos ocorreu na Lagoa de Araruama (RJ), em processo de recuperação depois de ter a morte decretada nos anos 2000 (leia mais na seção Personagem na pág. 66). Outro caminho é respeitar o “saber tradicional das comunidades”, como sublinhou Fernanda Alvarenga, da ONG americana Conservation Strategy. A instituição apoia projetos de manejo comunitário de pirarucu no Amazonas, que já proporcionaram recuperação de estoques com uma política de cotas. A aquicultura entrou no debate com a participação do diretor-presidente da PeixeBR, Francisco Medei-

ros. Ele mostrou o menor impacto da atividade aquícola na comparação com outras proteínas animais. “Em bovinos se usa 7 kg de ração para produzir 1 kg de carne. Frango tem conversão de 1:2,2 e suínos 1:3. A tilápia, por exemplo, tem 1:1,2.” André Brugger, gerente de sustentabilidade e compliance da Netuno USA, deu sequência mostrando como projetos de escala no Brasil também já se engajam nos conceitos de sustentabilidade. Ele citou o case da certificação da tilápia produzida na região de Paulo Afonso (BA) e certificada pela Aquaculture Stewardship Council (ASC). Falou ainda sobre as iniciativas da certificação da pesca do pargo e da lagosta, negócio que rende a maior parte do faturamento de US$ 100 milhões que a empresa apura nos EUA. A chef Bella Masano deu sequência à abordagem aquícola com o projeto da maricultura em Florianópolis que provê ostras, mexilhões e vieiras ao restaurante Amadeus, em São Paulo. Masano mostrou como a experiência de cultivar os próprios frutos do mar transcende a tradicional relação de mercado que envolve a compra de pescado por chefs. “No momento em que a ostra é cultivada em uma área limpa e com água de boa qualidade, sem dúvida nos dá uma ostra com sabor especial. O seminário abriu espaço ainda para as iniciativas de sustentabilidade do grande varejo. Pelo Carrefour, o diretor de sustentabilidade e responsabilidade social, Paulo Pianez, apresentou a parceria com o Seafood Watch e a Paiche, que irão mapear a cadeia do pescado, iniciando por tambaqui e tilápia no continente e atum e crustáceos no mar. Dois dias antes do Seminário da Aliança, o executivo apresentou o projeto aos fornecedores, que terão de se adequar a um sistema que pretende conferir rastreabilidade ao suprimento ofertado nas lojas. Elane Santos, da área de desenvolvimento comercial do GPA, apresentou


Penacos: a riqueza da mistura a transversalidade da proposta da multinacional, que inicia com o monitoramento da origem, passa pelo acompanhamento das plantas frigoríficas parceiros e do entreposto próprio e desemboca nas lojas. Com o treinamento dos peixeiros e apoio de material impresso, o objetivo é apresentar ao consumidor uma abordagem 360º, educando sobre a origem da matéria-prima. Neste âmbito, Santos destacou o tablóide preparado para a 15ª Semana do Peixe da bandeira Pão de Açúcar. Segundo ela, tudo faz parte de um projeto de incentivo a diversidade de consumo de pescados para colaborar com os recursos pesqueiros.

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do Exija cedor e n r fo seu alidade a qu dutos pro dos ás ubr a N t

O chef santista Fábio Leal se deu conta de que a boa variedade de peixes do litoral paulista não chegava aos restaurantes, feira livre e supermercado. “Fui atrás de aldeias de pequenos pescadores, indústrias de pesca, para saber quais os peixes saídos do mar.” Ele viu troca de espécies, desinformação e problemas crônicos que impedem maior popularização dos Peixes Não-convencionais (Penacos). Leal foi um dos palestrantes elencados pela organização do VIII Simpósio de Controle de Qualidade do Pescado (Simcope) para tratar do tema, junto aos colegas Márcio Okumura, Fábio Leal, Daniel Stucchi e José Monteiro Júnior. O objetivo foi tratar da influência destes profissionais na formação de opinião, popularização e aumento de consumo de Penacos como cabrinha, cioba, guaivira e betara.

O sabor que faz a diferença


Personagem

Elo entre saberes Um dos principais responsáveis pela recuperação da Lagoa de Araruama (RJ), Chico Pescador transita entre governantes, ambientalistas e pescadores artesanais

O

s anos 2000 marcaram a morte da Lagoa de Araruama, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro. A laguna - termo mais apropriado para esta que é a maior porção permanente de água hipersalina do mundo - não sobreviveu ao colapso da renovação de água aprofundado pela total falta de tratamento de esgoto, dragagens para remoção de conchas e outras intervenções. Francisco da Rocha Guimarães Neto, ou Chico Pescador, estava lá. Como estava também em 1990, quando um processo de diminuição de malhas das redes de pesca de cerco de emalhar praticamente dizimou a população de tainhas da lagoa. “”Eu não tinha essa referência, pegávamos os pequenos e não deixávamos crescer”, reconhece o pescador, cuja família está toda conectada à pesca local. Chico não leva apenas o nome do avô, mas a experiência ancestral. “Comecei com o meu pai aos oito anos. Aos 15 já comandava uma das duas canoas que meu pai tinha.” Quando o pai enfrentou uma cirurgia, Chico assumiu o “timão” da família para sustentar 11 pais de família que dependiam da atividade. Pouco tempo depois, começou a reestruturar a Colônia de Pescadores Z-06, fundada por seu bisavô. Entre os anos de 93 a 97 no mandato da colônia de pescadores Z-06, atuou na reforma e implantação de ambulatório médico e dentista e preparou a implantação de fábrica de gelo. Já em 1997, Chico foi chamado a trabalhar na formação e extensão pesqueira de comunidades locais. Na virada do século, diante do desastre ambiental que também enterrou consigo toda a atividade econômica dos municípios ribeirinhos, Chico participou da constituição do Consórcio Intermunicipal Lago São João para tratar das questões ambientais em conjunto por toda a sociedade civil.

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Foi quando aprofundou o convívio com pessoas de todas as origens e formações. “Nós pescadores fomos os elos entre a sociedade civil, pesquisadores, órgãos locais, estaduais e federais. Com o nosso conhecimento prático e o técnico dos especialistas, o ambiente se tornou muito propício para fazer as coisas acontecerem.” Depois de uma série de medidas adotadas nos primeiros cinco anos da década, em 2006 já foi possível notar a recuperação dos estoques. A atuação da Câmara Técnica de Pesca do Comitê de Bacias do São João determinou várias ações de ordenamento pesqueiro. Uma delas foi a criação de um período de defeso, em 2013, que veda a pesca local entre agosto e outubro para evitar a captura de exemplares sem o tamanho mínimo para maturação. O resultado foi a recuperação de 50% do estoque apurado em 1997, que chegou a 1 milhão de toneladas e chegou a zero em 2000. Outra conquista foi a aprovação de áreas de preservação. “Em vez de área de exclusão de pesca, chamamos de área de produção de peixe. O linguajar é muito importante.” Para quem já sofreu ameaças e ataques de colegas, Chico sabe do que está falando. “Com esta linguagem o pescador começa a enxergar que ali estão os indivíduos menores e temos de pegar os maiores em outro local.” Tanto cuidado rendeu à tainha de Araruama a participação no programa Pesca + Sustentável da ONG Conservação Internacional: as tainhas recebem um tag com numeração e os clientes conseguem rastreá-la pela internet. O desafio agora é competir com a tainha sem fiscalização de traineiras industriais, que a vendem em Cabo Frio a preços até 50% mais baixos.


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