Seafood Brasil #33

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CINCO PERGUNTAS

Rabobank crava: Brasil é uma “usina aquícola”

seafood

MKT & INVESTIMENTOS

Produção, venda e consumo iam bem no Brasil até o mundo colapsar

brasil

#33 - Jan/Mar 2020 ISSN 2319-0450

www.seafoodbrasil.com.br

Pandemia expõe fragilidades setoriais, mas abre oportunidades aos sobreviventes

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Momento crucial


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Editorial

Nova velha edição

H

á um risco enorme em se fazer uma revista trimestral sobre um setor dinâmico como o nosso: a notícia fica velha rápido. O que dizer então de um período em que as notícias da manhã já envelheceram à tarde? A pandemia da Covid-19 trouxe à Seafood Brasil a obrigação de atualizar, às vésperas desta circulação, uma série de pautas já encaminhadas.

Em MKT & Investimentos, investigamos como andava o custo de produção no primeiro trimestre e as perspectivas do produtor diante do cenário adverso - já há quem pense em fusões e aquisições. Nos supermercados, a venda de congelados reage às compras de pânico, mesmo padrão registrado nos EUA, China e União Europeia.

Interatividades: na capa, no índice abaixo e nas fotos da edição, procure pela setinha para ir diretamente ao ponto ou abrir conteúdos interativos. O ícone acima indica quando há vídeos relacionados. Para uma experiência completa de conteúdo interativo, porém, sugerimos baixar os apps Issuu e Adobe Acrobat em seu celular. Baixe aqui todas as edições.

Além da profusão de notícias, a crise nos forçou a mudar paradigmas. Seguimos com a crença no impresso, mas nossa presença digital teve de se aprimorar. Esta edição é um laboratório de conteúdo on-line, com apoio de recursos interativos, como vídeos, infográficos, links, downloads e fotos, que já captura os primeiros impactos desta Semana Santa sob coronavírus e aponta alternativas, como explicitamos na matéria de Capa. O cenário global com vírus, guerra comercial e Brexit é o tema de uma entrevista especial que fizemos ainda em fevereiro com o analistasênior em pescado do Rabobank, Gorjan Nikolik.

Boa leitura! Ricardo Torres - Editor

Índice

06 Cinco Perguntas

38 Capa

08 Na Água

64 Na Gôndola

10 MKT & Investimentos

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Estatísticas

76 Na Cozinha

36 Na Planta

84 Personagem

Expediente Redação redacao@seafoodbrasil.com.br Publishers: Julio Torre e Ricardo Torres Editor: Ricardo Torres Repórter: Fabi Fonseca Diagramação: Emerson Freire Adm/Fin/Distribuição: Helio Torres Montagem de capa: Emerson Freire com foto de Shutterstock

Comercial comercial@seafoodbrasil.com.br Tiago Oliveira Bueno Impressão Agradecemos à Máxi Gráfica pela compreensão neste período sem tiragem física A Seafood Brasil é uma publicação da Seafood Brasil Editora Ltda. ME CNPJ 18.554.556/0001-95

Sede – Brasil R. Serranos, 232 São Paulo - SP - CEP 04147-030 Tel.: (+55 11) 2361-6000 Escritório comercial na Argentina Av. Boedo, 646. Piso 6. Oficina C (1218) Buenos Aires julio@seafoodbrasil.com.br

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5 Perguntas a Gorjan Nikolik, analista-sênior de pescado do Rabobank

Entrevista

“Brasil é uma usina de aquicultura” Cenário caótico no mercado mundial de proteínas animais abre oportunidades ao pescado brasileiro

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erá um ano interessante”, diz Gorjan Nikolik, analistasênior de pescado do banco holandês Rabobank - uma das principais referências em análises internacionais sobre o cenário global das proteínas animais e do agronegócio. Com coronavírus, Brexit, Acordo China-EUA e

peste suína africana, dá para perceber como Nikolik pegou leve. Desde fevereiro, quando esta entrevista foi realizada, este 2020 já despontava como um dos mais desafiadores dos últimos anos, por conta dos fatores acima. Mais uma vez, o Brasil desponta como uma fonte segura de alimentos para um mundo

em convulsão, inclusive no caso do pescado. Além de comentar o impacto de todas estas questões no mundo do pescado, o especialista mostra otimismo com a possibilidade de realizarmos nosso tão alegado potencial. Um dos relatórios recentes do Rabobank diz que as perspectivas globais para 2020 são dominadas pelo declínio na produção de suínos, com a aquicultura e as aves domésticas liderando o crescimento. Quais são os países que liderarão esse processo e por quê? O pescado deve ser um dos beneficiários, ao lado das aves. Para o fornecimento de peixes e frutos do mar à China, esperamos que o crescimento seja parcialmente doméstico e parcialmente estrangeiro. Os chineses têm uma grande indústria de aquicultura doméstica que agora enfrenta uma demanda maior, o que beneficia muitos exportadores. Os maiores centros de exportação do mundo são Chile, Noruega e Ilhas Faroe para salmão, além da Austrália, Rússia e Canadá para diversas espécies selvagens capturadas. Peru para farinha de peixe, Equador e Índia para camarão, Vietnã para Pangasius e se a primeira parte do acordo comercial EUA-China for implementada conforme planejado, os EUA também enviarão mais pescado selvagem para a China.

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O Brexit traz consigo um monte de questões relacionadas à pesca na Europa. Os pescadores franceses

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“Estamos otimistas de que o potencial [brasileiro] será realizado.”

Qual é o impacto inicial do acordo comercial EUA-China no comércio de frutos do mar e o que você espera da segunda fase? A Fase 2 ainda não é conhecida, é muito cedo para especular o que poderia ser. A Fase 1 recebeu alguns sinais positivos, especialmente com a China reduzindo tarifas e assumindo grandes compromissos para comprar produtos agrícolas dos EUA. Se continuar assim, veremos um aumento na oferta de frutos do mar dos EUA

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para a China, no entanto, isso não se concretizará enquanto o efeito do coronavírus ainda estiver em vigor. O objetivo é aumentar o comércio agrícola em US$ 12 bilhões a partir da base de 2017. Estimamos que este ano será um desafio, já que 2017 foi um ponto alto e será ainda mais difícil devido ao vírus. Como a China planeja honrar esse acordo nós veremos ao longo de 2020. O coronavírus está totalmente conectado aos frutos do mar, desde a origem do vírus (Mercado Atacadista de Frutos do Mar Huanan em Wuhan, China) até os impactos nas exportações e importações em todo o mundo. Enquanto o vírus está se espalhando, qual você acha que será o impacto exato no comércio global de frutos do mar quando fecharmos este ano?

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O efeito é múltiplo. Primeiro haverá uma diminuição da demanda por frutos do mar que a China importa para consumo próprio. As principais espécies impactadas serão camarões, pangasius, lagostas e outros produtos que dependem da demanda chinesa. O outro impacto é a redução da produção e processamento da aquicultura chinesa para exportação. Isso ocorre por causa do armazenamento de mão-de-obra devido às proibições de viagem e às limitações de transporte, evitando que a matéria-prima chegue ao destino. Isso afetará aqueles que processam na China e aqueles que importam da China também. Também esperamos uma mudança de longo prazo no consumo chinês de frutos do mar, longe dos mercados úmidos e em direção ao varejo moderno e

on-line, devido a sustos do vírus. A curto prazo, o vírus diminuirá toda a demanda por frutos do mar da China. Por outro lado, os benefícios da peste suína africana na demanda de importação chinesa só serão visíveis quando o coronavírus for erradicado. A aquicultura brasileira está crescendo em bom ritmo, enquanto algumas de nossas pescarias (como atum e lagosta) estão em boa forma. O consumo interno se fortalecia até o coronavírus também se disseminar por aqui, mas você acha que há espaço para o Brasil desempenhar um papel importante no comércio global, seja em nichos de mercado para espécies nativas como pirarucu e tambaqui ou commodities, como tilápia, atum, lagosta e camarão? No papel, o Brasil tem todos os ingredientes necessários para ser uma usina de aquicultura. Espécies de camarão, tilápia, espécies amazônicas ou até algumas espécies marinhas ou de água salobra podem ser produzidas em larga escala no País, beneficiando-se inicialmente de um grande mercado doméstico e posteriormente se tornando produtos exportáveis globalmente, ​​ já que poucas regiões podem fazer frente ao baixo custo da matéria-prima para rações no Brasil. Infelizmente, o País não alcançou seu potencial em frutos do mar. O pescado é uma proteína saudável, com boa demanda e baixa pegada ambiental, e cada vez mais empresas estão focadas no Brasil, por isso continuamos otimistas de que, eventualmente, o potencial será realizado.

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dizem que 30% de suas capturas são praticadas nas águas do Reino Unido, enquanto os pescadores britânicos estão obviamente comemorando. Quais são as extensões do impacto que você espera que a decisão britânica de deixar a União Europeia tenha no pescado? No momento, ainda não está claro qual será a resolução em termos do acordo UE-Reino Unido sobre comércio de frutos do mar e direitos de pesca. A UE prometeu apoiar as empresas de pesca e garantir que elas ainda tenham acesso às águas do Reino Unido. E eles estão em uma posição de barganha, pois o Reino Unido precisa do mercado de frutos do mar da UE, do qual dependem mais de 60% de suas exportações. Mas a questão principal é que os desdobramentos na indústria de pescado farão parte de uma negociação muito maior e mais complexa envolvendo outras indústrias. Ainda não podemos prever exatamente qual será o resultado, mas o pior cenário pode ser perturbador para as empresas e comunidades de pesca, aquicultura e processamento de frutos do mar nas duas regiões.


agalactiae sorotipo Ia e sorotipo III. Rodrigo Zanolo, gerente de mercado da MSD, vislumbra crescimento produtivo e sanitário sustentável da cadeia da tilapicultura com o produto.

Na

Água Tecnologia para pesca e criação

Ponte produtiva O AquaIn é um app de celular criado para aproximar o produtor das empresas do setor. A plataforma permite a busca de fornecedores em todo o Brasil em diversas categorias, como aditivos nutricionais, probióticos, premix e ingredientes, qualidade da água, aeradores, alimentadores, tanques de criação, antibióticos e vacinas.

Dupla Proteção

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A MSD Saúde Animal lançou no final de 2019, em Paulo Afonso (BA), AquaVac Strep Sa1 para proteção dupla contra as estreptococoses causadas pelo Streptococcus

Ração para qualquer temporada A Tilapia Season é uma linha de produtos com soluções exclusivas formuladas para cada faixa de temperatura da Presence, marca da ADM (Archer Daniels Midland Company). Segundo a empresa, a linha composta pelos produtos Nutripiscis Season Cold, Nutripiscis Season Hot e Nutripiscis Reinforce assegura rápido crescimento e alta sobrevivência em qualquer fase do ano, reduzindo, assim, custos de produção.

Certificada Feed & Food Safety A Yes, que atua na aquicultura com betaglucanos, conquistou a certificação Feed & Food Safety, que valida a empresa como BPF, certificada HACCP e certificada Nível 3 do Mapa. O selo contempla a unidade fabril de Lucélia (SP), no escopo de produção de aditivos e prémisturas para alimentação animal, nas categorias DI e K.

Parceria promissora Fruto da parceria de pesquisa iniciada em 2019 entre a Aller Aqua e a produtora

de ingredientes marinhos TripleNine, o 999Vital é composto por ingredientes funcionais concentrados com matérias-primas marinhas para beneficiar o desempenho em termos de saúde e crescimento de peixes.

Cuidados no tanque O biorremediador para tratamento de ambientes aquícolas N- Control faz parte da linha de aquicultura da Kayros Ambiental e Agrícola. Trata-se de um acelerador biológico com ação probiótica que oferece entre outros benefícios a redução de fósforo, amônia, algas e aumento do teor de O2.

Para peixes e camarões Para auxiliar na recomposição da microbiota intestinal de peixes e camarões, o DBP ENZ da Imeve, é um premix mineral e vitamínico enriquecido com probiótico e enzimas. Segundo a empresa, a ação enzimática melhora o valor nutricional de rações com inclusão de cereais e farelos de sementes oleaginosas, e ainda reduz a viscosidade do conteúdo intestinal dos animais.


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Marketing

Divulgação/PeixeSF

& Investimentos

Músculos para a retomada SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2020 • 10

Em uma viagem pré-coronavírus, produtores de todo o País revelaram como estavam os custos da produção no primeiro trimestre do ano

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Texto: Fabi Fonseca produção aquícola havia começado bem o ano. Essa é uma notícia que favorece o cenário pós-Covid-19, já que em muitas regiões consultadas no final de março os impactos da pandemia não haviam alterado significativamente a dinâmica produtiva. Outra

possibilidade é a de consolidação entre grupos. A fim de evitar prejuízos ou baixar as portas, como em toda crise, empresas maiores poderão adquirir ou fundir-se com menores. Ainda não há clima para ofertas concretas, mas a crise precipita estas análises por jogar para baixo o preço dos ativos. Só os

próximos meses poderão nos mostrar com clareza os efeitos da pandemia no setor produtivo nacional. A jornada da reportagem précoronavírus mostra como estavam os custos de produção aquícola no Brasil no primeiro trimestre do ano. O


No Nordeste, o presidente da Associação de Aquicultura do Rio São Francisco (Peixe SF), formada em Paulo Afonso (BA), Anttonio Almeida Jr., ressalta que até o momento não houve interrupção na produção local que encontrava-se “no pico da comercialização”. Apesar de vendas atuais sem impactos, ele destaca que ainda é cedo para projeções do cenário pós-Covid-19. “Se a cadeia de insumos continuar funcionando, certamente o setor vai reagir bem e vamos continuar a produção”. Em fevereiro, Almeida Jr., comemorava os meses iniciais positivos para a atividade na região. Não havia dificuldades em vender o peixe. “O que se produz se vende. O mercado está

Arquivo ProRural (Órgão do governo de Pernambuco)

crescimento tímido de 4,9% em 2019, com 758.006 toneladas produzidas, conforme dados do Anuário 2020 da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), mostrou a oscilação no setor. Até o fechamento desta edição, não se podia calcular a extensão dos impactos da pandemia na caminhada de expansão.

equilibrado e com tendência positiva de aumento na procura”, sublinhou. No mesmo período de 2019, o custo da ração na região representava uma média de 70% dos custos de produção da tilápia; quase um ano depois, a média permaneceu estável ou subiu para até 75%. Um saco de ração com 32% de Proteína Bruta custava R$ 47,50. Já o custo final médio, que varia de acordo com o grau de tecnologia e da escala de produção, seguia na média de R$ 4,70 a R$ 5,10. “A margem do produtor fica entre 18% e 25% de margem final, já retirado o custo do investimento”, explicou Almeida Jr. Conforme ele, fevereiro e março registraram melhor preço de venda dos últimos três anos, o que, por consequência, também aumentou um

pouco a margem dos produtores. A PeixeSF já havia anunciado no final do ano passado a criação de uma holding para viabilizar uma fábrica de ração e um frigorífico local, ou seja, a empresa será integradora da cadeia produtiva da piscicultura na região. A tilápia também seguia forte em um principais polos de produção do País. Ramon Amaral, diretor do Grupo Ambar Amaral, em Santa Fé do Sul (SP), registrava bom desempenho do peixe neste começo de ano. O atual momento do mercado era o melhor visto nos 12 anos na atividade no segmento. Na região, há seis meses o preço do kg estava em R$ 4. Em fevereiro o mesmo kg saiu por uma média de R$ 5,50. Já a comercialização de filé pela Brazilian Fish na época havia subido 10% nos 30 dias anteriores. “Se eu tivesse hoje o

OUR

A Siam Canadian acaba de chegar à América do Sul e oferece, a partir do

YEAR!

continente, bem como nossa extensa gama de itens de frutos do mar congelados de nossos escritórios na Tailândia, Vietnam, Indonésia, Índia, China e Mianmar. Incluindo: - Filé de Merluza, Filé de Panga, Filé de Polaca do Alasca, Filé de Salmão, Bacalhau, Abadejo, Sardinha - HLSO camarões, Centola/King crab, Lula, Polvo, Vieira, Mexilhão - Peixes empanados , Kani kama, Atum enlatado & pouch

Siam Canadian Group, South America Division

Email: mathieu@siamcanadian.com | Tel: +54-9 11 35 02 26 05 Website: www.siamcanadian.com Thailand | Vietnam | China | Myanmar | Indonesia | India | Bangladesh | Poland | South America

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nosso novo escritório, uma ampla gama de produtos de alta qualidade de todo o


Marketing & Investimentos Ramon Amaral, da Brazilian Fish: cenário também cria oportunidades de fusões e aquisições

(IPS), pesquisa que avalia os itens com maior variação de preço no ano passado. No mês de dezembro, as carnes bovinas subiram 15,66% - maior crescimento mensal na década.

No início do ano, o aumento da demanda se devia à expansão do consumo e alta nos preços de vendas de outras proteínas: só na carne bovina o acúmulo foi de 30,15%, conforme dados da Associação Paulista de Supermercados (Apas) e da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Os números fazem parte do Índice de Preços dos Supermercados

Mas, a situação de mercado apresentou algumas mudanças com a chegada da pandemia no País. No começo de março, o quilo do peixe na região estava entre R$ 6 e R$ 6,40, com uma queda posterior apenas no final do mês, a patamares de R$ 5,50 e R$ 5,30. O peso médio entre 800 Kg e 850 Kg também não está “desesperador” para o produtor. “Ainda dá para segurar

A pandemia pode acelerar a expectativa de aquisições e negócios a partir do Grupo Ambar Amaral, revela Ramon. “Com a crise, as muitas empresas param pela falta de capital e acabando fechando ou se colocando à venda - o que tende a acontecer. Tínhamos negociações em andamento e pode ser que isso acelere neste momento.”

Arquivo Pessoal/Brazilian Fish

dobro de produtos no meu estoque, com certeza venderia em quinze dias. Nunca vivi um momento como esse de falta de produto e de bons negócios”. destacava Amaral.

Antes do Covid-19 a produção destinada da Brazilian Fish ao food service era de apenas 20%, porcentagem “migrada” ao varejo devido à interrupção da demanda. Amaral destaca que a empresa não registrou impactos significativos no momento e a indústria continua com a produção normal. “Acredito que, se continuar desta forma, o pessoal vai migrar para outras proteínas mais baratas no primeiro momento e depois vai comer o que tiver. Se demorar quatro meses pode ser que volte para a tilápia, embora não acredite que as coisas vão continuar assim. A roda vai voltar a girar”, sublinhou.

Arquivo pessoal/Brazilian Fish

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mais uns 15 ou 30 dias, mas se passar disso vamos começar a ter problemas” falou.


A Tilabras, em Selvíria (MS), apontava já em fevereiro uma quebra no povoamento. Para o diretor da empresa, Nicolas Landolt, o aumento da demanda contrastava com uma produção temporariamente estagnada. Segundo ele, uma crise na produção de alevinos em meados de 2019 gerou essa “quebra” no povoamento.

“Mas temos que pensar adiante”, ponderou. “As relações estão sendo cada dia mais profissionais e de longo prazo, em que prevalecerá a equação ‘win-win’ de longo prazo. Se no momento é favorável para o produtor da tilápia, a história cíclica diz que em breve essa curva deve mudar. A construção da relação profissional de longo prazo fará a diferença.”

Além disso, o executivo identificou fabricantes de ração pressionados por alta nas commodities “Isto posto, com a demanda em alta e produção temporariamente estagnada, podemos afirmar que há espaço para os produtores de tilápia se posicionarem e criarem excelentes relações com a indústria e demais clientes”, frisou.

A dualidade entre as regiões norte e oeste na piscicultura do Paraná ganha novos contornos neste momento, segundo o professor Ricardo Pereira Ribeiro, associado do Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá. No Norte, o custo médio de produção do quilo de tilápia no primeiro bimestre estava na faixa de

R$ 4,10, enquanto no Oeste estava em R$ 3,64. “Isto se deve exatamente às características distintas dos sistemas de produção adotados em cada uma das regiões, mas apresenta uma redução sensível comparado ao ano anterior com forte readequação na produção por parte dos produtores devido à crise no mercado 2018/19”, frisou. Conforme Ribeiro, tal crise foi iniciada no começo de 2018, com a redução da demanda por peixe pela restrição da exportação de frango para a Europa. A greve dos caminhoneiros veio na sequência e desestabilizou a oferta de outras carnes no Brasil com a redução de preços e consequente diminuição do consumo de peixes. O próximo passo foi diminuir ou até

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Crises cíclicas


Marketing & Investimentos

Custos de produção em 2019 Os custos de produção têm como componente principal a ração, dividida, de modo geral, para duas ou três fases do cultivo. Na sondagem da Seafood Brasil para o Paraná, segundo informações do professor Ricardo Ribeiro, a nutrição da primeira alevinagem tinha custo aproximado entre R$ 4,70 e R$ 5,70/kg. Já na próxima fase o custo médio era de R$ 3,00/kg e na seguinte com custo de R$ 1,80 a R$ 2. por kg. “No ciclo de produção o insumo ração representa entre 77,21% a 79% do custo total de produção, sendo o insumo que mais impacta o custo de produção”, frisou. Nos alevinos, segundo principal insumo para a produção, a diferença entre as regiões aparece especialmente em virtude da disponibilidade e oferta. No Oeste, com a maior concentração de empresas produtoras de alevinos de tilápias do País, os preços oferecidos aos produtores são de R$ 80,00 a R$ 150,00 para alevinos revertidos, enquanto no Norte do Paraná este valor é entre R$ 130,00 a R$180,00.

Há estudos para a implantação de grandes projetos de integração nas regiões norte e noroeste, a partir da aposta no crescimento do consumo e da exportação por parte de cooperativas e empregadoras, ainda não oficialmente divulgados. Ele pontua que a remuneração dos produtores do oeste continua vinculada ao sistema de integração da Copacol e C.Vale: pagamento pelo kg de peixe produzido. O produtor fornece instalações, mão de obra e energia elétrica e a integradora banca os demais insumos, como ração, alevinos, transporte e assistência técnica. No norte e restante do Estado, a remuneração varia de acordo com as nuances de mercado no momento da venda. A princípio nada muda na produção dos polos do Estado em relação ao efeitos do Covid-19, mas Ribeiro ressalta que se a quarentena for longa e houver retração no consumo, poderá desencadear uma nova crise

de liquidez no mercado de peixe gordo. Outro ponto decisivo é sobre os produtores não vinculados a projetos verticalizados, que poderão encontrar problemas para comercializar peixe novamente. Os indicadores de comercialização apresentavam ânimo ao produtor no início do ano, embora com redução de oferta ao consumidor final. “Depois da crise de 2018/2019, havia maior oferta de produtos, maior variedade e, principalmente, perspectivas de aumento nas exportações com o dólar acima dos R$ 4, posição geográfica do País e possibilidade de ampliar rapidamente a produção”, completou Ribeiro.

Nativos: cenário em reorganização A PeixeBR calculou uma leve queda de 0,6% na produção de peixes de cultivo na Região Norte, embora os nativos tenham crescido em 2019, conforme o anuário da entidade. Paragominas, no sudeste paraense, apresentava alta nos custos de produção neste primeiro trimestre do ano, como informa Maurício Brandão,

Maurício Brandão, CEO da piscicultura Paragominas Fisher: custos em alta no PA

No Oeste, a conversão alimentar fica entre 1,1 a 1,2:1,0, enquanto no Norte, como a única fonte de alimento dos animais confinados nos tanques-rede é a ração ofertada, a conversão alimentar fica em torno de 1,79:1,0. O fator explica a grande diferença nos custos de produção entre os dois polos. Os demais componentes dos custos de produção se referem aos custos operacionais e administrativos, impostos e taxas, que somam até 4%, e, por fim, mão de obra, que gira em torno de 8%.

Divulgação/Paragominas Fisher

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Para Ribeiro, outro impacto nos custos de produção é a vacinação dos peixes. No norte, estes custos podem aumentar em mais 1,5% a 2% os custos totais de produção. Com medicamentos, sal, cal virgem, aditivos e probióticos diretamente na água dos tanques estes podem chegar a até 4% do custo total. Quando se trata do cultivo em tanques-rede, este percentual pode superar os 5% por conta das vacinações, já que nos escavados a prática ainda não é comum.

interromper o povoamento diante da queda nos preços de peixe gordo.


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Marketing & Investimentos

Divulgação/Jenner Menezes

reagiu e os valores recuaram para o normal”, avalia o engenheiro Jenner Menezes, da Biofish Aquicultura. O custo local de insumos seguia “relativamente estável”. “Com custos em torno de 70% e a margem média variando em torno de 30% - a depender da espécie e demanda”, destacou.

Despesca de tambatinga em RO: bimestre reverteu desempenho ruim do segundo semestre de 2019; no destaque, Jenner Menezes comenta em vídeo os resultados da Semana Santa

CEO da piscicultura Paragominas Fish, que atua na produção de tambaqui, tambatinga e pirarucu.

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Brandão sinalizou alta dos preços de produção em relação ao ano passado: o saco da ração de 25 kg custava R$ 52 em março, enquanto o custo girava em torno de R$ 48 em 2018. O custo de produção girava em torno de R$ 5,50 para o produtor, com margem de lucro em cerca de 30%. “A margem está estagnada”, lamentou. Os produtores locais também esbarram no desafio das vendas do pescado no município e isso se deve principalmente à entrada de peixes de outros Estados, como Maranhão e Mato Grosso. “A gente encontra dificuldades de vendas porque os outros Estados têm incentivo e produzem em alta escala”, explicou. “Como vou concorrer com o peixe de outro Estado que entra aqui a R$ 4,50?”, refletiu. Para o CEO, a competitividade deve se ajustar com maior fiscalização nas barreiras estaduais.

Outra esperança dos produtores paraenses para alavancar a atividade está no lançamento do programa para piscicultura do governo estadual. Conforme Brandão, um relatório com as principais dificuldades das regiões produtoras do Pará deverá ser apresentado ao governo em breve, para então lançar um programa de incentivo à piscicultura estadual. Para ele, tal programa deverá colocar o Estado entre os principais produtores do País em poucos anos. “A estrutura do Estado já está pronta. Temos 15 frigoríficos sifados e outros aptos à exportação para destinos como os EUA, além das fábricas de ração na região. A ideia é fazer a integração entre pesca e aquicultura dessas estruturas”, sublinhou. Também no Norte do País, a comercialização em Rondônia havia apresentado uma melhora neste começo do ano. “Esteve ruim no segundo semestre, com queda de até 10% no valor de venda. Agora em 2020

O Estado exibe grande potencial de produção de peixes nativos. Recentemente, ampliou a área destinada à atividade nos últimos três anos, para cerca de 16 mil hectares de espelho d’água, conforme a Peixe BR. Em contraste, a produção regional em 2019 caiu 5,5%, com cultivo de 68.800 toneladas de peixes nativos. Em meio à pandemia, os insumos na região tiveram altas representativas, principalmente na ração com um acréscimo entre 20% e 25%. “No começo do ano pagava R$ 34 e agora está entre R$ 38 e R$ 40”, calculou o presidente da Associação dos Criadores de Peixe de Ariquemes e Região (Acripar), Francisco Hidalgo Farina, conhecido como Paco. Farina revela que as margens vinham caindo enquanto o mercado já sinalizava uma competitividade acirrada, mas no final de março ficou mais difícil. O custo de produção do pequeno está em R$ 4,80 e R$ 5, mas o preço de venda também é ofertado entre R$ 4,80 e R$ 5,20. “O nosso custo encostou muito no preço de venda e pior ainda, queremos que tenha venda já que esse é outro detalhe importante”. Se nas outras regiões do País, a saída tem sido o processamento e congelamento, o Norte deverá sofrer precisamente pela falta dessa opção. Ele explica que em sua região a maioria do pescado ainda é consumida in natura ou vendido mesmo que seja para outros locais como o Centro-Oeste.


Presidente da Associação dos Criadores de Peixe de Ariquemes e Região (Acripar), Francisco Hidalgo Farina, em vídeo institucional do do Governo de Rondônia

Ainda assim há redução do preço e aumento dos insumos, especificamente da ração. “Com essa problemática toda o preço também está achatado e as nossas margens basicamente não existem mais. Estou falando hoje, porque ainda estamos sobrevivendo em uma época propícia do consumo do pescado, mas o cenário daqui a alguns dias ainda é preocupante”, destacou.

Com um futuro próximo incerto, Farina não sabe se o setor local terá musculatura para resistir, sobretudo porque antes da pandemia a cadeia estava ainda em fase de crescimento e estruturação. “Estávamos em uma ascendência sem as devidas condições e agora estamos sem o devido mercado, é uma condição pessimista, mas todos os dias coisas mudam. A gente só precisa de um suporte financeiro para

a movimentação, talvez alguns milhões de reais no mercado e a manutenção de empregos. A cadeia produtiva do peixe é muito cara e não tem como fazer o negócio rodar sem investimento pesado.” Uma consolidação entre empresas no Norte nesse pós-Covid-19 é um dos caminhos apontados pelo presidente da Acripar. Ele explica que a região é formada por

empresas pequenas e uma maior que é a Zaltana Pescados, mas ainda faltam investimentos. “Nosso sonho de consumo é que as pequenas empresas de processamento sejam incorporadas por indústrias maiores ou quiçá surja uma possibilidade de formar um grupo forte para atrair investimentos e transformar a nossa matéria-prima principal, o tambaqui, e assim alcançarmos a estabilidade no mercado”, finalizou.

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Os produtores locais já estão “tirando o pé” e ainda buscam estender mais os prazos para a finalização do peixe. “Nós entendemos que o mercado ficará muito ruim, vai trazer uma dificuldade de consumo porque a renda vai encurtar. É catastrófica a nossa condição para ser sustentada. A gente imagina que haverá créditos, mas não vai adiantar nada sustentar a classe produtiva se lá na ponta o consumidor não consumir”, refletiu.


Marketing & Investimentos

Nostalgia de fevereiro SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2020 • 18

Redes do varejo e atacado enxergavam ano positivo para a compra e venda de pescado no pré-Covid-19 Texto: Fabi Fonseca

A

inda no já longínquo comecinho de março, a Associação Paulista de Supermercados (Apas) acreditava que a Páscoa teria mais um ano de expansão na procura de pescado junto ao ovo e o vinho. Março

e abril de 2019 haviam rendido um crescimento de vendas de 5,1%, mais que a média anual, enquanto o Natal representou 23%. Segundo o economista da entidade, Thiago Berka, desde 2012 as vendas

de pescado em geral sobem 2,46%. A projeção em fevereiro era mais próxima dos anos pré-crise, com aumento de vendas de 2,1% até 2,5%. O cação foi o peixe que menos aumentou durante o ano de 2019, mas deverá sofrer uma alta no período entre 1,5% e 1,9%


No começo do ano, os supermercados do Paraná também estavam confiantes com as vendas no período, conforme a Associação Paranaense de Supermercados (Apras). A montagem da estrutura especial para a Semana Santa foi antecipada e se

esperava um incremento nas vendas em 8% com o mesmo período do ano passado. Este crescimento era baseado na retomada econômica e do emprego no Brasil. Peixes, crustáceos, azeites, refrigerantes, vinhos e cervejas também estavam projetados com um aumento de aproximadamente 8% nas vendas.

expectativas positivas reveladas antes da pandemia. O atacado e varejo de pescado na rede fecharam 2019 com vendas satisfatórias e um crescimento próximo de dois dígitos, ainda que tenham enfrentado dificuldades econômicas no País e, principalmente, no Rio de Janeiro.

No Rio de Janeiro, a tradicional rede carioca Supermercados Mundial permanecia em abril com as

Segundo Marcelo Leite, responsável pelo setor, a meta de crescimento de vendas de pescado da rede permanece

SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2020 • 19

em 2020. Na visao dele, a merluza poderia registrar um aumento de 0,5%, enquanto o camarão pode subir entre 0,9% e 1,9%.


Marketing & Investimentos Na quarentena, venda saúde! Um estudo realizado no final do ano passado pelo Mintel Group Ltd, empresa privada de pesquisa de mercado sediada em Londres, apontou as oportunidades que as marcas têm em explorar o papel que o consumo de peixe pode ter para ajudar os consumidores a se prepararem para uma vida útil mais longa e saudável. Em tempos de isolamento social, a associação com a saúde fica ainda mais válida. Conforme a pesquisa, o segredo está em conseguir destacar os nutrientes naturais dos peixes e suas funções, ou adicionando ingredientes funcionais que os consumidores podem associar naturalmente à saúde cognitiva, óssea, muscular, cardíaca ou a outros atributos saudáveis ​​do envelhecimento.

Entre as dicas da Mintel estão: Reproduza atributos de envelhecimento saudável - Os consumidores já vêem o peixe como um bom alimento, mas podem capitalizar ainda mais o perfil nutritivo do pescado e o interesse do consumidor pelo envelhecimento saudável, inovando em atributoschave como saúde do cérebro, coração, ossos e músculos.

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Capacitar os consumidores através de reivindicações positivas - Inspirar o consumidor a gerenciar ativamente sua saúde, de maneira proativa e constante. Também enfatizar o alcance de um futuro ativo e saudável ao comer alimentos integrais, como peixes, em vez de usar suplementos. SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2020 • 20

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Use maneiras alternativas de transmitir os benefícios - O posicionamento do envelhecimento saudável pode ser aprimorado com ingredientes funcionais que não sejam os peixes que os consumidores consideram benéficos (por exemplo, antioxidantes, vitamina D adicional), especialmente em mercados onde

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alegações diretas de saúde podem não ser permitidas. Conforme a pesquisa, os nutrientes dos peixes também podem ajudar no tratamento de algumas das limitações associadas à velhice, como declínio cognitivo e da massa muscular, além de mitigar as consequências negativas associadas à desnutrição, sobrepeso / obesidade e suas deficiências nutricionais relacionadas, especialmente proteínas. A tendência global de alimentos e bebidas de 2019 da Mintel já destacava o interesse do consumidor em se preparar para uma vida útil mais longa e saudável. Quando perguntado aos consumidores se estão dispostos a considerar soluções funcionais para melhorar o envelhecimento com uma dieta balanceada, 76% dos que responderam na Irlanda do Norte e 82% da República da Irlanda, acham que uma dieta equilibrada é essencial para a saúde na terceira idade. Quando perguntados sobre soluções direcionadas, 78% dos consumidores norte-americanos que usam vitaminas, minerais ou suplementos estariam interessados ​​em suplementos direcionados aos sinais visíveis de envelhecimento. Já ao serem questionados sobre outras preocupações, 43% dos idosos chineses entre 55 e 74 anos demonstram interesse em alimentos com benefícios que auxiliem no combate ao envelhecimento; coração (55%) e imunidade (54%). Segundo o estudo, as alegações funcionais e ‘positivas’ são subutilizadas nas introduções de produtos de peixes em apenas 7% desses itens. A maioria das informações diz respeito à saúde das proteínas e do coração, sinalizando uma oportunidade para outras sugestões de bem-estar.

Saúde do coração Apesar da correlação entre nutrientes em peixes como ácidos graxos ômega-3 e saúde do coração, menos de 2% dos produtos fazem alegações relacionadas, como os filés de cavala de Asda.

Saúde óssea e articular O produto da Almar Salmon & More Wedzony Losos e Vitamina D3, é dito “enriquecido com a vitamina D3” para reforçar ainda mais a ideia de que o salmão é rico nesta vitamina. E o conteúdo de vitamina D também é exibido com destaque na embalagem.

Saúde Cerebral Conforme a Mintel, apesar do crescente interesse na saúde cognitiva e sua importância para o envelhecimento, produtos de peixe com alegações de saúde cerebral são raros. O Meridian Lightly Salted Salmon Slices possui uma rara indicação de função cognitiva e reivindicação de humor permitida no mercado russo. O pacote afirma que o salmão é rico em ácidos graxos poliinsaturados ômega-3, que “ajudam a diminuir os níveis de colesterol, dão suporte à função cerebral e melhoram o humor com o consumo regular”.


Suplementos e produtos de beleza

A chegada da Covid-19 fez uma mudança pontual de maior procura, nas últimas semanas, pelos peixes congelados no varejo de pescado, mas a venda da Semana Santa surpreendeu e gerou desabastecimento em algumas lojas

em 10%, apesar do temor de que os impactos do coronavírus na economia nacional tragam dificuldades não programadas. “Muito do nosso pescado é importado, logo sofrem não só com a falta de produto como com o câmbio, encarecendo assim os itens do setor. Nossa aposta será ainda maior no pescado fresco, onde atuamos sempre

com muita força, visto que somos uma das poucas redes que possuem peixaria fresca em todas as lojas”, explicou Leite. No varejo de pescado em 2019, as bandeiras Pão de Açúcar e Extra encerraram o ano com vendas consideradas “sólidas” nas peixarias frescas, seguido por itens congelados

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Já o produto para a pele com colágeno de peixe da Skinglo Collagen Drink for Men, é descrito como um suplemento antienvelhecimento para fortalecer a região. O ingrediente principal é o colágeno marinho hidrolisado, que a marca descreve como a forma mais biodisponível com um baixo peso molecular.

Divulgação/AquaYamaki

Os produtos de peixe também podem criar um vínculo mais forte com os benefícios saudáveis ​​do envelhecimento, já que suplementos e produtos de beleza levaram os consumidores a ver a conexão através de ingredientes derivados de peixe, como o Óleo de peixe “pílulas para jovens”. A IOMA 3 Renew Beauty Miracle Capsule diz conter ingredientes antienvelhecimento como DHA e EPA do óleo de peixe para combater os sinais da idade, reduzindo as rugas em até 25%.


Marketing & Investimentos

Apas segue feiras internacionais

SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2020 • 22

Na esteira das feiras internacionais e nacionais do primeiro semestre, a Apas Show foi adiada a partir das indicações globais da Organização Mundial da Saúde (OMS) de evitar grandes aglomerações e das restrições a eventos previstas no Decretos Estadual, número 64.862, de 13/03/2020 e Municipal, número 59.283, de 16/03/2020. Marcada inicialmente para os dias 18, 19, 20 e 21 de maio, a Associação Paulista de Supermercados (Apas) informou que a intenção é realizar o evento em outra data, que levará em conta o

e bacalhau seco salgado. A chegada da Covid-19 fez uma mudança pontual de maior procura, nas últimas semanas, pelos peixes congelados, dado o cenário de consumo em que os clientes privilegiaram compras abastecedoras e, portanto, produtos que pudessem ser estocados. A predileção do brasileiro, no entanto, pelos peixes frescos é

ciclo de evolução da doença. Fontes consultadas pela Seafood Brasil indicam que o evento será em julho. A Seafood Show North America, programada para março, em Boston (EUA), foi transferida para os dias 23 e 24 de setembro. Já a Seafood Expo Global / Seafood Processing Global foi transferida para o período entre 23 e 25 de junho, mas a organizadora, Diversified Communications, fez questão de indicar que as datas são provisórias e serão submetidas ainda à avaliação dos expositores da feira.

uma demanda que deve se fortalecer no restante do ano, segundo acredita André Artin, gerente comercial do Extra e Pão de Açúcar. “Com a ampliação do acesso à informação e a busca por um estilo de vida mais saudável, as pessoas passaram a se interessar e procurar mais por novas opções de produtos, especialmente em alternativas nutritivas e que se adequem a dietas equilibradas. Por isso, acreditamos que a categoria de pescado deve se

beneficiar dessa mudança de cultura em hábitos alimentares e seguir com crescimento ao longo dos próximos anos com base especialmente no apelo de saudabilidade dos produtos”, destacou Artin. Com a aproximação da Semana Santa, as redes realizaram diversas iniciativas para garantir o abastecimento das peixarias. Além da diversidade de opções que os


s entare os alim a crianças ar Cuidad ades p ID-19 e ativid pos de COV m em te

Peixe em 50% da Quarentena Em Portugal, o Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS) da Direção-Geral da Saúde (equivalente ao Ministério da Saúde) criou uma cartilha com cuidados alimentares e atividades para crianças em tempos de COVID-19. Ela sugere a criação de uma programação de refeições em que o peixe deva estar em ao menos 50% delas.

consumidores poderão encontrar nas lojas do Pão de Açúcar e Extra, também realizam ativações comerciais por meio de aplicativo ou o e-commerce para estimular o consumo de pescado na data. Na indústria, o presidente da Noronha Pescados, Guilherme Blanke, mostrava um otimismo com o mercado antes da pandemia.

Segundo ele, era esperado forte crescimento e consolidação. A empresa de Blanke passa por mudanças estruturais: a área de produção da indústria em Recife segue em ampliação e deverá duplicar a capacidade produtiva da empresa de 20 para 40 toneladas por dia. Com esta implantação estava previsto a inclusão de uma nova linha de valor agregado. Ainda estamos definindo os produtos, mas será uma

linha de peixes temperados e uma linha skin pack”, revelou Blanke. O crescimento das operações deverá impulsionar em cerca de 20% as vendas dos produtos da Noronha neste ano. “O ano passado já foi bem positivo, fechamos com um crescimento e esperamos ainda mais”, destacou. Com a chegada da Covid-19, a empresa viu uma queda em torno de 20% do faturamento mensal projetado no food service em março, mas um aumento de vendas registrado no varejo fará os números se igualarem ao ano passado. E, apesar da incerteza dos próximos meses, ainda há espaço para boas expectativas no futuro. “Vai depender de quanto tempo durar a crise. Mas acredito que vamos ter oportunidades de desenvolver novos mercados depois dela”, finalizou.

SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2020 • 23

PÔ R A VAMOS ÇÃO TA ALIMEN EL SAUDÁV A EM CAS


Marketing & Investimentos

Salvação do primeiro trimestre Apesar de ver participação afetada pela pandemia, feira Anufood estima US$ 27 milhões em negócios gerados

A

SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2020 • 24

lguns estandes internacionais vazios, visitantes ressabiados, sem euforia. Este foi o clima da 2ª edição da Anufood Brazil, a única feira para o setor de alimentos e bebidas que se manteve em pé no primeiro semestre do ano. O evento ocorreu entre 09 a 11 de março com mais de 400 marcas expositoras e estimativa de 9 mil visitantes de 31 países. Setor alimentício representado na feira faturou R$ 699,9 bilhões no ano passado, em torno de 9,7% do PIB. A Abipesca e Abrapes cancelaram a participação com estande próprio, mas o pescado foi representado pela Camanor, C.Vale, Coprimar, Zaltana, Alaska Seafood Marketing Institute (ASMI), King Pelagique Group (Marrocos) e Promperú.

01

02

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07

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08

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Larissa Dezem e Bruno Correa (JBS)

03 04 05 06

Roberto Imai (Fiesp/Sipesp) e Larissa Dezem

07 08

Delegação do Estado de Rondônia presente à feira

Conceição Zeppelini (Seafood Show Latin America) e Marisa Sonehara (Camanor)

Nicolas Carcovich (Seafrost) Marta Gabira (Zaltana) Conceição Zeppelini, Edson Sápiras (Acripar), Marta Gabira e Ricardo Torres (Seafood Brasil)

Cristiano dos Santos, Fernando Aguiar e Robson Vargas (C.Vale)

SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2020 • 25

04


Marketing & Investimentos CHINA

Casos confirmados de coronavírus (milhares)

O surto inicial de infecções por COVID-19 atingiu pico na China, mas ainda não nos EUA e na Europa Maior bloqueio de cidades

100

Padrão de relatório atualizado: casos diagnosticados clinicamente são contados como casos confirmados

50

Ano Novo Chinês; escolas e empresas fechadas para feriado

Os bloqueios começam em outras cidades; Xangai e outros limites de entrada e saída para áreas residenciais

0 20

8 dez

Janeiro

Primeiro caso relatado em Wuhan

22

24

26

28

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2

Fevereiro

4

6

8

Escolas são fechadas até novo aviso

Lockdown de Wuhan: começa construção de hospitais de campanha

10

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18

20

Política de retomada do trabalho anunciado, para incentivar negócios a reabrir Começa construção de hospitais de campanha

Transmissão humano a humano confirmado; Conselho de Estado da China anuncia surto

Chaves mundiais SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2020 • 26

Espiral de contágio global afeta as principais origens e destinos do pescado, mas o caminho da recuperação passa por onde tudo começou

O

gigante asiático fechou 2019 com um ano espetacular para todas as origens de pescado: um incremento de 32,2% sobre o ano anterior nos gastos com importação, que totalizaram US$ 15,7 bilhões. Só no primeiro bimestre deste ano, mesmo em meio ao pico

do contágio, lockdown em diversas cidades e o estrago nos festejos de Ano Novo, a China importou o equivalente a US$ 2,22 bilhões em itens de pescado. Como a população beira 1,4 bilhão de habitantes, o gasto per capita com peixes, crustáceos e moluscos importados foi de US$ 1,58

neste período. Em todo o ano passado, o gasto per capita foi de US$ 11,24 - como comparação, o Brasil gastou US$ 5,79 por habitante em 2019. Já os Estados Unidos, o segundo maior comprador de pescado do mundo depois da União Europeia, gastou em


Nota: para conferir a evolução da doença em tempo real, acesse o painel da Johns Hopkins University: https://coronavirus.jhu.edu/map.html

China Itália Estados Unidos

Hubei (exceto Wuhan) suspende a proibição de viajar; Wuhan deve suspender sua proibição em 8 de abril

Interprovincial trânsito trânsito retoma em 85% das províncias

Bloqueio nacional na França; UE fecha fronteiras

França

Itália impõe lockdown nacional

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2

Março

4

6

8

Primeira morte no Reino Unido Nenhum novo caso confirmado fora de Hubei Novos casos no exterior excedem novos casos na China pela primeira vez

10

12

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EUA-Europa anunciam proibição de viagens

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Fronteira EUA-Canadá fechada; primeiras solicitações de isolamento social Número de mortos na Itália supera a China

Fontes: Boston Consulting Group citando Relatórios de Situação da Organização Mundial de Saúde; comunicado de imprensa do Conselho de Estado da China, Comissão Nacional de Saúde da RPC, Governo da Província da China; relatórios de mídia.

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22

Reino Unido


Marketing & Investimentos País

Período*

Exportação (US$ mil)

Anterior

% sobre ano anterior

Importação (US$ mil)

Anterior

% sobre ano anterior

União Europeia

Jan/20

1.330.660

2.479.553

-46,33%

3.626.848

4.133.449

-12,26%

2019

30.820.116

30.410.793

1,35%

48.640.518

47.926.049

1,49%

Até fev/20

489.987

544.032

-9,93%

2.809.367

2.560.551

9,72%

2019

4.878.738

5.252.381

-7,11%

17.474.729

17.523.231

-0,28%

Até fev/20

2.303.505

2.923.678

-21,21%

2.225.929

2.351.493

-5,34%

2019

19.936.938

21.544.530

-7,46%

15.748.744

11.912.972

32,20%

EUA

China

*Dados mais recentes disponíveis

Mercados de pescado como o de Wuhan, na província de Hubei (leste da China), são fontes regulares de itens frescos para os consumidores chineses, tanto quanto as feiras livres ou mercados públicos no Brasil. Da mesma forma como em algumas cidades brasileiras, alguns destes pontos de comercialização apresentam animais silvestres comuns à cultura local, mas que oferecem riscos. Os coronavírus como o Covid-19 encontram nestes animais hospedeiros perfeitos e grandes disseminadores de doenças em locais de ampla aglomeração como mercados atacadistas. Testagem feita pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China apontou o mercado de Huanan como um ponto de alta concentração do vírus e o local a partir do qual a doença se espalhou pelo planeta.

2019 US$ 17,4 bilhões. E o ano havia começado bem aquecido, com uma evolução de 9,72% nas compras de janeiro e fevereiro contra o mesmo período de 2019. Os 329 milhões de habitantes dos EUA gastaram US$ 8,53/ pessoa no período, enquanto no ano passado o dispêndio per capita foi de US$ 47,86.

SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2020 • 28

Veja neste impressionante infográfico do New York Times como se deu o contágio global a partir de uma cidade com 11 milhões de habitantes e um hub logístico.

A retomada dos consumidores chineses aponta um sinal de esperança para todos os atores do comércio global de pescado, que ultrapassa US$ 160 bilhões. A curva de recuperação da China é a chave para entender como se comportará o negócio ao longo de 2020 e o que se espera de 2021. Enquanto a extensão dos impactos da crise sanitária mundial na Europa e nos Estados Unidos ainda está em pleno cálculo, as principais cidades chinesas já flexibilizaram as recomendações de isolamento social e veem a população mais confiante em sair de casa depois de dois meses de confinamento.


SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2020 • 29


Marketing & Investimentos

China

O

hábito de consumo nunca mais será o mesmo depois desta crise, mas o jogo de xadrez do pescado também está com o tabuleiro em processo agudo de transformação. Dado o surpreendentemente positivo ritmo do primeiro bimestre, em pleno pico de contágio, o primeiro efeito esperado é que a China siga sua trajetória de ascensão dos últimos anos como cliente mundial de peixes e frutos do mar e rivalize com o Japão no primeiro lugar no balanço deste ano.

decorrência da gripe suína africana, em parte por conta do crescimento do poder de compra da população e “preocupações crescentes sobre segurança alimentar na produção local”. Ainda assim, ficariam atrás dos Estados Unidos e União Europeia, mas esta previsão pode mudar - o golpe do coronavírus no consumo e na capacidade produtiva dos europeus e norte-americanos praticamente sacrificou o segundo trimestre do ano, enquanto a China já respira fora d’água.

No ano passado, o Rabobank fez a previsão de que a China superaria os japoneses em breve, em parte como

No fim de março, o índice de compras da indústria chinesa ficou em 52 pontos no mês, após

ter afundado a 37,5 pontos em fevereiro. Analistas esperavam que o indicador oficial chegasse a 45, depois de uma baixa recorde de 35,7 no mês anterior. Este e outros indicadores mostram que a economia chinesa já entrou em processo de recuperação. Com isso, os consumidores voltam às compras com hábitos reformulados: 87% dos chineses afirmou ter mudado o estilo de vida como resultado do vírus, de acordo com esta pesquisa do Boston Consulting Group divulgada em 31 de março.

Reativação gradual e segura

VIAGEM

REFEIÇÕES

dos hotéis no país reabriram em 27 de fevereiro

dos restaurantes do país (consumo dentro local) reabriram em 18 de março

80 SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2020 • 30

%

73

%

MANTIMENTOS

SHOPPING CENTERS

dos super e hipermercados em Xangai reabriram em 19 de março

dos principais shoppings em Xangai reabriram em 19 de março

99

%

100

%


Indicadores macroeconômicos começam a se recuperar...

99%

50%

...assim como os padrões de gasto do consumidor

135%

Negócios reabriram (em 17 de março)

Recuperação dos passageiros de metrô (em 26 de março)

crescimento nas transações de restaurantes (entre março 2-10 e fevereiro 2-10)

85%

90%

70%

Recuperação do consumo de carvão (em 27 de março)

Recuperação de transações de propriedades (em 25 de março)

recuperação de vendas diárias de loja líder de roupas (1-15 de março sobre 2019)

7x

crescimento nos salões de beleza de Xangai (entre março 2-8 e 24 de fevereiro a 1º de março)

2x

Vendas gerais por e-commerce durante período de promoções (8 de março sobre 2019)

Reabertura do apetite e estrutura do agro

• Relatórios apontam que 88% das empresas do setor agrícola já teriam retomado suas atividades. Segundo a “National Food and Strategic Reserves Administration”, 97% das principais empresas nacionais de fornecimento agrícola e 63% das empresas de processamento de grãos também já teriam retomado suas atividades; • O Ministério dos Transportes adotou medidas conjuntas com o Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais (MARA) para assegurar o transporte nacional de insumos agrícolas com vistas a viabilizar o plantio da safra 2020/2021; • De acordo com consultorias privadas, a pandemia do Covid-19, somada aos impactos da epidemia de peste suína africana na produção chinesa de proteína animal e do avanço da praga “fall armyworm” na produção de milho do país, teriam afetado severamente a produção agrícola doméstica, havendo riscos reais de desabastecimento de alimentos ao longo do ano; • As autoridades chinesas estão preocupadas com os novos casos “importados” do Covid-19 no país. Com o fim das quarentenas e a recente liberação dos deslocamentos na província de Hubei, as autoridades estão em alerta para a possibilidade de um novo pico da doença. Em vista disso, novas medidas de contenção estão sendo implementadas nos últimos dias, incluindo o fechamento

de locais públicos e medidas de distanciamento social em algumas cidades; • Redução de voos internacionais tem dificultado envio de documentos originais e carregamentos de soja; • O Porto de Xangai, que chegou a registrar queda de 20% no processamento de contêineres durante o mês de fevereiro, tem conseguido reduzir o acúmulo de cargas refrigeradas, mas mantém a ocupação próxima de 80%; • Nos últimos meses, foram adicionadas 7 mil novas posições para conexão de contêineres refrigerados nos portos de Xangai e Tianjin, aumentando a capacidade de armazenamento de cargas refrigeradas em cerca de 40%; • O comércio eletrônico de carnes registrou, em meados de março, aumento de 400% de suas vendas em relação ao mesmo período do ano anterior. Diversos produtos processados e congelados apresentaram desempenho de vendas 200% superior à média histórica; • Segundo depoimentos, a logística para comércio de soja está operando normalmente; • Os supermercados na cidade de Guangzhou (Cantão) têm aumentado a oferta de carne, legumes, frutas e outros produtos alimentícios. A venda de carne nos mercados da cidade subiu 400% e de legumes 10%; • Durante a pandemia, foi prejudicada a produção de sementes, fertilizantes, pesticidas, alimentos para animais, bem como a logística de distribuição em Cantão.

SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2020 • 31

A

Confederação Nacional da Agricultura (CNA) fez uma análise sobre a retomada gradual do mercado chinês a partir de março. A redução dos casos de contaminação local motivou o progressivo retorno das atividades econômicas e, com elas, a reabertura às oportunidades no agronegócio.


Marketing & Investimentos

Estados Unidos

O

food service é a chave para entender o tamanho do impacto da pandemia nos negócios do pescado nos Estados Unidos. Em meados de março, uma pesquisa do instituto Datassential já mostrava que apenas 11% dos norteamericanos se sentiam confortáveis em comer nos restaurantes ou deliveries. 54% pretendiam diminuir a frequência em comer fora. A escala do contágio no EUA provocou o fechamento destes espaços e acelerou o processo de colapso da categoria.

SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2020 • 32

Em 3 de abril, o Ministério do Trabalho indicou que um total de 701 mil norte-americanos ficou desempregado em março: 419 mil trabalhavam no setor de bares e restaurantes - 60% do total. Os distribuidores acusaram rapidamente o golpe. Em torno de 15 mil empresas de distribuição de alimentos viram os negócios caírem 70%, segundo uma entidade local chamada International Food Distribution Association (IFDA). Diante do pandemônio que se avizinhava, os fornecedores de pescado de todo o país se uniram para dimensionar os prejuízos e acionar as conexões políticas no Congresso. Com isso, costuraram a inclusão do setor no pacote de ajuda econômica de US$ 2 trilhões aprovado pelo Congresso norte-americano. Pescadores e

aquicultores deverão receber, até setembro de 2021, um apanhado de auxílios no valor de US$ 300 milhões. Uma das medidas prevê uma compensação financeira de até 35% do faturamento médio dos últimos cinco anos. O pacote ajudou a dar esperança na recuperação do setor no segundo semestre e a feira de Boston também pegou carona nesta onda. A Diversified Communications, organizadora da Seafood Expo North America, remarcou o evento para o período entre 23 e 24 de setembro, com uma conferência marcada para o dia 22. Normalmente o evento tem 3 dias, mas diante da pandemia mundial eles decidiram encurtar a exposição para 2 dias. Outra boa notícia é o crescimento das vendas de produtos congelados nos supermercados. Os norteamericanos fizeram compras para 60 dias no início de março e algumas categorias, como filés de tilápia congelados, tiveram tanta demanda que geraram uma nova corrida dos compradores do varejo pelo produto, na qual até o Brasil foi beneficiado (veja mais na reportagem de Capa). Neste cenário, o governo dos EUA anunciou a remoção de 25% de impostos sobre a tilápia chinesa, que havia sido fixado em maio de 2019

em meio à guerra comercial entre os dois países. O lockdown de muitas cidades, assim como no Brasil, atrapalha o fluxo de matéria-prima que flui das capturas locais e das origens asiáticas para as indústrias. É o problema do Alasca, por exemplo, que está totalmente ligado à região de Seattle, e do sudeste asiático, onde ficam os maiores fornecedores de camarão aos norte-americanos - há perspectiva de desabastecimento no segundo semestre, já que os produtores estão temerosos com a situação global e evitam repovoar seus viveiros. Outra incógnita é o comportamento do consumidor. A Kantar Worldpanel se dedicou a traçar cenários pós-crise para o consumo e o âmbito institucional nos EUA. Segundo o estudo, uma recessão moderada tomará conta durante os meses de combate, mas a ajuda agressiva do governo auxilia no controle do cenário. “A confiança do consumidor começa a crescer com o declínio do contágio e se recupera no fim do inverno, com retomada dos níveis anteriores de consumo depois de meses de controle de gastos”, diz a pesquisa. O novo normal, no entanto, será o distanciamento social, que impactará decisões de todos por alguns meses. A população irá conviver com o receio de uma próxima epidemia e as empresas terão de se adaptar a picos de oferta e demanda.


5 ANOS DE IMPORTAÇÃO DE PESCADO DOS EUA | DISPÊNDIO EM US$ GRUPO DE PRODUTOS

2015

2016

2017

2018

2019

2020 - até fev.

Crustáceos

6.242.927.739

6.569.090.386

7.369.675.890

7.182.087.068

7.490.120.200

1.074.119.717

Filés de peixe fresco ou congelado

5.044.750.496

5.240.673.678

5.744.987.306

6.265.275.864

5.976.864.816

1.087.645.866

Peixe vivo

48.300.896

54.673.099

56.907.257

61.233.659

59.204.447

11.042.655

Peixe congelado

60.052

651.595.995

669.151.117

733.862.464

736.607.307

116.833.769

Moluscos

872.213.478

916.727.123

966.858.157

1.012.497.118

901.452.729

135.393.215

Peixe inteiro fresco

1.450.730.400

1.707.157.198

1.807.634.205

1.958.851.082

1.981.085.037

331.223.597

Peixe defumado, salgado etc

299.112.198

296.659.199

298.157.622

268.725.339

289.491.176

43.388.326

Invertebrados

38.537.722

40.202.512

48.859.721

40.698.267

39.903.539

9.720.283

TOTAL

13.996.632.981

15.476.779.190

16.962.231.275

17.523.230.861

17.474.729.251

2.809.367.428

%

-11,65%

10,58%

9,60%

3,31%

-0,28%

9,72%

Pescados com qualidade

Matéria-prima da melhor procedência, ótimas práticas de fabricação, instalações que respeitam a legislação e equipamentos de congelamento ultrarrápido são alguns dos fatores que garantem o padrão de qualidade Natubrás. São camarões, lulas, mexilhões, polvos e cortes nobres de peixes, em embalagens práticas e seguras ao consumidor.

www.natubras.com.br

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Um empr a respe esa que ita o mei ambi ente o

SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2020 • 33

do Exija cedor e n r fo seu alidade a qu dutos pro dos ás ubr a N t

O sabor que faz a diferença


Marketing & Investimentos

Europa

N

ão à toa a Seafood Expo Global, em Bruxelas, teve sua realização adiada e, até o fechamento desta edição, ficou sem remarcação de data. A evolução dos impactos na Europa é

imprevisível. Não houve uma reação coordenada dos países-membros sobre as medidas de isolamento social e a curva não se achatou na Itália e Espanha, grandes consumidoras de pescado.

Em meados de março, o Observatório Europeu para o Mercado de Pesca e Aquicultura (Eumofa) cravou: a importação de pescado fresco de todas as partes do mundo pelo bloco caiu 25% em duas semanas; os

É mais provável que os consumidores chineses aumentem seus gastos do que consumidores americanos ou europeus

Planeja gastar menos

SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2020 • 34

0%

Apenas pequenas mudanças planejadas

Planeja aumentar gastos (líquidos)

Planeja diminuir gastos (líquidos)

Gasto do consumidor expectativas mistas

20%

40%

60

%

0%

20%

40% Planeja gastar mais

Fonte: BCG COVID-19 Consumer Sentiment Survey, março

60%


congelados, no entanto, subiram na mesma proporção. Os filés de polaca do Alasca continuaram a representar a maior preferência dos europeus na categoria de congelados, mesmo em meio à crise: as importações registraram um total de 25 mil toneladas, aumento de 41% ante o mesmo período de 2019. Entre os produtos frescos, as maiores quedas foram no salmão, bacalhau e bonitolistrado. A Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia, anunciou um pacote de apoio ao setores pesqueiro e aquícola europeus. O orçamento do Fundo Europeu para Pesca e Recursos Marítimos (5,7

bilhoes de euros) poderá ser usado para projetos de compensação da produção ou processamento de pescado até 2023. Outra linha procura ajudar diretamente pequenas e médias empresas com liberação de até €120 mil em forma de empréstimos ou vantagens tributárias Os países da zona do Euro também adotam medidas intranacionais. Portugal aprovou uma linha de crédito até €20 milhões para pesca e aquicultura e suspendeu por 90 dias a cobrança da taxa de acostagem devida pelas embarcações no contexto da pandemia. A ajuda vem em boa hora, já que os dados são desanimadores. Na

Espanha, as peixarias apuraram um declínio de 30% na média na véspera da Semana Santa, mas algumas chegaram a perder 70% do faturamento. Em geral, 20% do que faturam estes estabelecimentos provêm do food service. Na Galícia, os leilões de pescado viram as vendas despencarem 32% em volume e 64% em receita durante as três primeiras semanas de confinamento total adotado pelo país a partir da expansão descontrolada da pandemia. Lá a limitada capacidade de estocagem também se tornou um problema e agravou ainda mais os impactos do vírus econômico.

Ritmos de recuperação de consumo

Consumidores não chineses planejam mais decréscimos substanciais nas compras em maior extensão que consumidores de outros países

SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2020 • 35

Os consumidores na China planejam aumentar os gastos em maior medida do que consumidores em outros países

China EUA França Itália Reino Unido

A recuperação mais rápida na China também se reflete na decisão de compra. A comparação com países europeus e os Estados Unidos mostra que os chineses vislumbram gastar mais nos próximos meses.


Pouches de alta resistência

Na

Planta Tecnologia em processamento de pescado

A Maquiplast desenvolveu uma alternativa nacional para as embalagens importadas usadas para processamento em autoclave. A linha ultra-therm conta agora com pouches especiais laminados com alumínio e de alta resistência térmica, desenvolvidos especialmente para produtos mantidos fora de geladeira e com necessidade de alta barreira ao oxigênio, como atum em pedaços, patês ou pratos prontos.

Balanças de bancada A Marel segue na vanguarda da tecnologia de pesagem com as balanças de bancada M1100, que saem da fábrica com garantia de sete anos. De acordo com a empresa, os equipamentos exigem manutenção mínima e podem suportar décadas de uso diário em condições adversas. Com equipamento de vida útil maior, a indústria de pescado evita substituições frequentes e minimizam o impacto ambiental.

Porta corta-fogo de enrolar

SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2020 • 36

A Rayflex, especialista em portas automáticas industriais, apresentou recentemente uma porta corta-fogo da DockSteel, que dispensa lubrificação ou tarefas periódicas em ambientes com altura elevada. Segundo a empresa, o equipamento é indicado a locais que necessitam de limpeza e higienização constante, como indústrias alimentícia e farmacêutica: o núcleo não é de madeira, o que evita aparecimento de fungos e bactérias.

Caixas inox com proteção IP69 A Schmersal lançou recentemente as caixas Inox IP69, com design indicado a aplicações mais severas e ambientes de constante limpeza, como nas indústrias de alimentos. Com furos de diâmetro de 22mm nas opções de 1, 3 e 5 furos, as caixas usinadas possuem superfície lisa e vedação em silicone para fixação. A vantagem, diz a empresa, é que máquinas e equipamentos industriais podem ser higienizados facilmente com esta caixa, que não acumula resíduos.

Filme compostável E se você pudesse selar a bandeja do seu produto com um filme compostável? Esta é a proposta da BASF com o novo filme aderente para alimentos frescos desenvolvido em parceria com o Grupo Fabbri. O Nature Fresh é um filme esticável (stretch) e transparente para embalar manual ou automaticamente qualquer pescado fresco. O filme combina a barreira a gases com transparência e propriedades mecânicas para o empacotamento automático.


Software ERP A modernização da gestão chegou à catarinense Fort Mares recentemente com a contratação do sistema ERP Cigam, fornecedora de software de gestão empresarial (ERP, CRM, BI, RH, PDV e Mobile). A companhia, que processa 100 toneladas/dia e tem capacidade para armazenar mais de 900 toneladas, contratou o sistema para ter maior integração entre o administrativo e a operação industrial.

Postas em velocidade As novas máquinas de corte em posta da Branco Máquinas são vendidas em dois modelos: o primeiro para processamento de tilápia, tambaqui e pacu; já o segundo se adequa a outras espécies, como pintado, panga, bagre, corvina, castanha, entre outros. Na tilápia, ambos os modelos conseguem efetuar os cortes a uma velocidade de 1600 kg/h.

Payback em 5 meses

SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2020 • 37

A MQ Pack aposta na precisão e no volume de produção desta balança separadora. Segundo a empresa, a precisão é de 2 gramas no pacote, o que rende uma economia de 10 kg/hora por hora em peso. Se o cliente produz 15 horas por dia, a economia mensal chega a 3 toneladas, alcançando retorno sobre investimento (payback) em 5 meses.


Capa

VÍRUS ECONÔMICO

Tão acelerados quanto o ritmo de contágio, impactos econômicos do coronavírus expõem fragilidades da cadeia

SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2020 • 38

Texto: Ricardo Torres

N

ada mais falso do que comparar os efeitos da Covid-19 na cadeia produtiva do pescado com as demais proteínas animais. A começar pelo mercado: o Brasil alimenta o mundo com os grãos, carnes bovina, suína e de aves, mas nem de longe ocupa o mesmo lugar de destaque com a proteína aquática, praticamente toda ela destinada ao mercado interno.

As importações também têm papel fundamental: nossa balança comercial é altamente deficitária em mais de US$ 1,3 bilhão. No Brasil, a porta de entrada do consumo de pescado - uma alternativa ainda pouco popular se comparada às demais carnes - é o food service. Não houve setor mais impactado com o isolamento social que os bares e

restaurantes. As medidas adotadas pelos governos estaduais para ralentar a expansão do contágio, em linha com as indicações mundiais da Organização Mundial da Saúde (OMS), tiveram o efeito de um fósforo num rastilho de pólvora. O fio era tão curto quanto a trajetória da doença. Passaram-se 25 dias entre o primeiro contágio


confirmado até os primeiros mil casos (26/02 a 21/03). Foram seis dias para confirmação de 2 mil contaminados pelo novo coronavírus (21/03 a 27/03). O número de casos chegou a 4 mil na semana seguinte (27/03 a 02/04), atingindo 8 mil casos. Desde a adoção das primeiras medidas de quarentena, na semana de 16/03, começou uma reação em cadeia. Primeiro foram os fornecedores de atum e lagosta, que imediatamente se depararam com cancelamentos de encomendas, postergação de pagamentos, cheques sustados e parceiros comerciais em declínio acentuado rumo à falência. Além do encaixe nos restaurantes especializados nas capitais, os dois itens são os produtos mais valorizados da nossa curta pauta exportadora e viram os mercados norte-americano e chineses se esfacelarem.

SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2020 • 39

Atacadistas de centrais de abastecimento assistiram, incrédulos, ao movimento minguar em plena Quaresma, época na qual se vende 1/4 de todo o pescado comercializado em todo o ano: a Semana Santa na maior


Capa

TOP 10 PAÍSES EXPORTAÇÃO | MAR/MAR 2010-2020 KG Países

2020

2019

2018

2017

2016

2015

2014

2013

2012

2012

2010

1

Estados Unidos

939.613

766.722

978.069

812.002

869.901

464.080

350.002

349.638

460.376

341.492

432.264

2

China

219.090

341.927

241.958

133.705

155.113

140.419

36.348

28.234

1.485

48.414

0

3

Guatemala

174.761

299.780

100.000

0

0

0

0

0

0

0

0

4

Peru

154.934

47.260

86.205

37.255

22.530

48.450

24.300

0

0

0

0

5

Equador

135.185

713.240

817.451

0

0

0

0

0

0

0

0

6

Coreia do Sul

116.228

323.599

92.637

84.423

303.901

282.165

144.079

217.535

283.989

320.127

208.624

7

Hong Kong

109.415

63.810

56.640

37.173

51.448

30.027

29.420

14.192

21.672

8.665

9.077

8

Congo, República Democrática

82.500

0

0

0

26.500

0

0

0

0

0

0

9

Uruguai

76.500

0

0

0

0

0

0

0

0

0

229

10

Colômbia

73.062

76.889

53.990

0

25.050

0

0

18.790

55.937

25.900

119.516

2.482.177

3.186.809

2.851.146

4.126.087

2.919.481

1.931.487

1.825.448

2.202.317

3.194.908

2.001.386

2.177.580

TOTAL

IMPACTOS GLOBAIS A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO/ONU) publicou, por meio do serviço estatístico Globefish, uma síntese dos impactos globais no pescado. Seguem os principais pontos: • Demanda fortemente reduzida e preços em queda para muitas espécies, principalmente aquelas que são importantes para a indústria de restaurantes; • Fornecedores e processadores enfrentam problemas com o fechamento de negócios em toda a cadeia de suprimentos, além de várias outras dificuldades logísticas, como fronteiras rodoviárias fechadas ou restritas, cancelamento de voos e atrasos nas inspeções sanitárias;

SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2020 • 40

• Na aquicultura, atraso nas despescas devido à falta de mão-de-obra e à queda na demanda; • Desaceleração prolongada do mercado, já que um relaxamento das restrições não leva a uma recuperação imediata. A oscilação das indústrias do setor também será um entrave à recuperação em grande escala da cadeia de serviços, como fábricas de gelo, companhias aéreas, distribuição; e • Diminuição de suporte financeiro estatal ao setor no pós-crise, já que os governos estão alocando bilhões para combater o vírus.

central da América Latina rendeu um faturamento 40% menor ante 2019. O peixe fresco virou um mico na mão de qualquer peixeiro, feirante ou indústria. O grande varejo repensou rapidamente toda a estratégia de sortimento montada para a Páscoa, mas para muitas categorias já era tarde demais - como o bacalhau e o salmão. A cadeia ficou anestesiada diante dos acontecimentos. Aos poucos, alguns segmentos reagiram. As compras de pânico para estocagem alçaram as vendas de congelados às alturas com relato de três dígitos em lojas especializadas, o que ativou a rota dos filés mais acessíveis: importadores dedicados à merluza e filés asiáticos o varejo sem estoque e as indústrias nacionais especializadas em tilápia passaram a receber mais consultas do que o previsto para uma “Santa Quarentena”. As vendas da Páscoa foram melhores do que o esperado dado o


Origem

2020 (Jan-Mar) US$ KG

2019 (Jan-Mar) US$ KG

Variação % US$ KG

Origem

2020 (Jan-Mar) US$ KG

INTEIRO FRESCO Chile Espanha SUBTOTAL

2019 (Jan-Mar) US$ KG

Variação % US$ KG

SECO/SALGADO

117.690.986

21.399.785

134.879.497

21.400.573

-12,74%

0,00%

Noruega

45.483.983

8.422.261

55.050.464

9.775.930

-17,38%

-13,85%

110.389

5.254

179.135

7.726

-38,38%

-32,00%

China

28.719.223

5.449.057

18.992.939

3.998.988

51,21%

36,26%

117.801.375

21.405.039

135.058.632

21.408.299

-12,78%

-0,02%

Portugal

8.211.934

991.216

5.513.374

682.758

48,95%

45,18%

45.536

2.502

0

0

Chile

INTEIRO CONGELADO

Japão SUBTOTAL

4.550

156

224.026

18.591

-97,97%

-99,16%

82.465.226

14.865.192

79.780.803

14.476.267

3,36%

2,69%

12.000

-76,79%

-75,00%

15.651

900

72,48%

90,00%

156

224.026

18.591

-97,97%

-99,16%

120.510

371.051

12.900

220,23%

834,19%

Marrocos

18.138.316

20.023.018

19.592.838

19.847.390

-7,42%

0,88%

Portugal

18.125.430

2.640.224

19.711.900

2.854.493

-8,05%

-7,51%

Chile

6.279.646

1.627.567

0

0

Taiwan

5.867.717

2.875.898

4.693.190

2.123.961

25,03%

35,40%

Equador

910.717

97.300

0

Uruguai

3.772.612

2.000.227

3.761.958

1.789.326

0,28%

11,79%

Índia

168.004

18.500

0

0

Omã

3.025.281

4.660.000

3.244.060

5.103.000

-6,74%

-8,68%

82.500

3.000

355.400

Argentina

Chile

2.303.300

1.752.831

2.243.470

1.475.658

2,67%

18,78%

26.995

1.710

Estados Unidos

Noruega

1.535.511

319.399

1.511.435

268.048

1,59%

19,16%

Japão

4.550

Países Baixos

1.188.216

1.431.326

2.234.562

0

0

China

1.272.143

334.200

824.272

278.020

54,34%

20,21%

Peru

457.109

150.214

1.362.644

712.482

-66,45%

-78,92%

China

5.031.227

1.367.228

4.167.673

1.101.066

20,72%

24,17%

Espanha

435.886

251.165

1.746.895

956.832

-75,05%

-73,75%

Peru

4.119.718

996.624

1.636.063

348.231

151,81%

186,20%

Equador

377.510

175.545

646.034

591.507

-41,56%

-70,32%

Portugal

1.057.335

118.693

51.722

7.126

1944,27%

1565,63%

-51,17%

Argentina

390.909

130.274

976.526

386.454

-59,97%

-66,29%

Estados Unidos

314.307

34.000

59.540

24.000

427,89%

41,67%

260,50%

4,48%

4,54%

17,50%

Noruega

CRUSTÁCEOS

SUBTOTAL

221.763

109.334

357.575

223.885

-37,98%

0

MOLUSCOS

Singapura

217.782

122.013

40.430

24.971

438,66%

388,62%

Panamá

198.644

39.633

225.349

53.000

-11,85%

-25,22%

África do Sul

Espanha

262.655

29.116

72.859

27.867

52.676

24.853

0

0

Equador

226.434

75.090

0

0

Uzbequistão

36.000

24.000

0

0

Canadá

203.509

7.500

194.673

6.383

Chile

180.342

46.244

0

0

Vietnã

724

46

0

0

Tonga

400

20

2.297

104

-82,59%

-80,77%

SUBTOTAL

11.787.560

2.804.835

7.161.353

1.901.231

64,60%

47,53%

TOTAL

359.208.718

103.422.596

393.410.287

104.298.862

-8,69%

-0,84%

México

11.327

20.460

410.636

749.895

-97,24%

-97,27%

Canadá

0

0

97.505

20.110

-100,00%

-100,00%

Chile

0

0

7.857.145

1.522.695

-100,00%

-100,00%

Islândia

0

0

287.629

42.601

-100,00%

-100,00%

Vietnã

0

0

661.858

160.946

-100,00%

-100,00%

63.759.979

39.385.143

69.276.823

38.798.820

-7,96%

1,51%

Trimestre estável nas importações

FILÉS CONGELADOS Argentina

26.857.019

8.964.189

23.379.463

7.252.021

14,87%

Vietnã

20.310.830

8.644.438

27.317.364

8.394.274

-25,65%

2,98%

Chile

13.511.867

1.699.120

14.345.518

1.540.491

-5,81%

10,30%

China

13.000.860

3.692.211

24.334.377

7.392.320

-46,57%

-50,05%

Portugal

3.244.723

439.227

2.576.988

373.118

25,91%

17,72%

Nova Zelândia

1.760.977

188.090

1.509.374

164.820

16,67%

14,12%

Equador

963.727

333.143

2.249.236

775.159

-57,15%

-57,02%

Uruguai

745.852

285.604

1.308.301

432.079

-42,99%

-33,90%

Islândia

681.968

188.742

1.858.761

453.630

-63,31%

-58,39%

Estados Unidos

526.718

291.143

919.964

330.777

-42,75%

-11,98%

Taiwan

314.412

45.250

241.667

43.675

30,10%

3,61%

Peru

179.977

60.690

1.376.300

451.688

-86,92%

-86,56%

Noruega

107.432

10.030

32.371

16.800

231,88%

-40,30%

Espanha

0

0

141.162

58.493

-100,00%

-100,00%

Marrocos

0

0

13.663

6.000

-100,00%

-100,00%

Tailândia

0

0

157.116

16.000

-100,00%

-100,00%

82.206.362

24.841.877

101.761.625

27.701.345

-19,22%

-10,32%

SUBTOTAL

23,61%

Não houve uma grande oscilação nas importações e despachos do pescado brasileiro ao exterior. Na análise de março a março de 2020, para evitar sazonalidades de espécies, as exportações caíram 22% neste ano em volume ante o mesmo período do ano anterior. O movimento capta menos os efeitos do coronavírus (China caiu 35%) que a dinâmica do fluxo de matéria-prima das conserveiras para suas plantas em toda a América Latina. Hong Kong chama a atenção, com uma evolução de 71%. Já em relação às importações, o primeiro trimestre do ano mostra estabilidade: queda de 0,84% no volume e 8,7% no dispêndio, reflexo do derretimento do real diante do dólar. O Chile, por exemplo, quase não teve variação no volume dos embarques de salmão inteiro fresco (21,4 mil toneladas em 2020) até março, mas os efeitos do coronavírus se refletem no início da venda de salmão congelado ao Brasil - forma pouco usual. Entre os destaques, Taiwan e Cingapura com o cação azul, Argentina com filé de merluza, China com seco/salgado, o Peru com vieiras e outros moluscos e Portugal com seco salgado.

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SUBTOTAL


Capa

União setorial A Seafood Brasil proporcionou um primeiro encontro virtual da série de boletins analíticos “Pescado em Análise” , em 03/04, com os presidentes das principais entidades representativas da cadeia produtiva do pescado: ABCC, Abipesca, Abrapes, CNA, Peixe BR, Fiesp e a recém-criada Camarão BR. Com participação expressiva do público, o debate evidenciou os principais impactos da Covid-19 entre os associados e as saídas que cada entidade busca para sanar os problemas. O grande ganho na crise, consenso geral, foi a atuação do Mapa em prol da manutenção do fluxo de insumos para a cadeia de proteínas animais, mas o setor ainda carece de um suporte que contemple todos. “Não adianta proteger X, Y ou Z, se o elo posterior ou anterior morre e você quebra a cadeia”, disse Roberto Imai, diretor da cadeia produtiva da aquicultura e pesca do Deagro/Fiesp. Sintetizamos a conversa em oito pontos: • Varejo teve bom desempenho, mas colapso do food service impactou imediatamente as cadeias do atum, camarão e as indústrias ligadas aos bares e restaurantes. Inadimplência disparou; • Exportadores perderam muitos clientes nos EUA com colapso da cadeia e problemas logísticos. União Europeia fechada agrava cenário da busca por alternativas, mas aprovação de 108 plantas para a China é alvissareira; • Aquecimento relativo do setor piscícola para a Semana Santa em algumas praças, com destaque para a tilápia no núcleo de Paulo Afonso (BA); • Mercados de fresco e feiras livres podem continuar funcionando com adaptações em prol da segurança dos clientes e funcionários. “Feira segura”, da CNA, é um modelo viável; • Governo federal e bancos públicos precisam apoiar a cadeia com crédito facilitado para custeio e fluxo de caixa, parcelamento ou adiamento do pagamento de tributos;

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• Campanha para incentivar o consumo de pescado em tempos de isolamento social é bem-vinda; • Isonomia do PIS/Cofins incidente na ração para a cadeia aquícola e dispensa do licenciamento para financiamento do custeio; • Venda de camarão fresco despenca, indústrias congeladoras altamente estocadas, com dificuldades de armazenagem e carcinicultores suspendem novos povoamentos; e • Destravar análises e contra-provas de matéria-prima importada e/ou destinada ao reprocessamento e distribuição a partir dos frigoríficos. • A Câmara Setorial do Pescado do Mapa concentrou estas demandas e realizou uma reunião fechada para sintetizar os pontos que mais afligem as cadeias, bem como encaminhamentos possíveis com vistas a um pacote de auxílio ao setor.

cenário tão contaminado, mas o temor é de que a ressaca neste ano seja muito pior que em anos anteriores. Os indicadores econômicos não são animadores. Relatório divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que a economia brasileira deve “encolher” 9% no segundo trimestre em relação ao primeiro trimestre, e fechar o ano com uma retração de 1,8%, caso o período de isolamento social se prolongue por três meses. Antes da pandemia do coronavírus, a expectativa era de que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil crescesse 2,1% este ano. No estudo, o Ipea mostra que, quanto menor o período de isolamento social, menos intensa deve ser a queda da economia, mas que, por outro lado, a agilidade no controle da pandemia e na implementação das medidas econômicas já anunciadas podem garantir uma retomada mais rápida a partir de agosto. Com a disrupção em curso, a Secretaria da Aquicultura e Pesca (SAP/Mapa) já recebe pressão para oferecer mais do que inserir a cadeia nos pacotes de ajuda econômica já anunciados pelo governo. Na dificuldade inerente a todos, abrem-se janelas de oportunidades para a resolução de problemas crônicos, como a falta de isonomia na incidência do PIS/Cofins na ração da aquicultura e a redução de opções internacionais para encaixar a produção nacional com o bloqueio das vendas à União Europeia. Há muitos pontos de intersecção entre a cadeia, seja na aquicultura, pesca, indústria ou comercialização. Se há um legado positivo desta crise sem paralelo na história do pescado mundial, possivelmente será o alinhamento das entidades representativas na busca por soluções coletivas e o endosso de todos a mazelas pontuais de cada elo.


COVID-19 X PESCADO X ENTIDADES Em vídeo, Eduardo Lobo (Abipesca), Eduardo Ono (CNA) e Francisco Medeiros (Peixe BR) analisam os impactos da pandemia Nas próximas páginas, elencamos todos os impactos da pandemia apurados por nós, mas também tentamos apontar caminhos. Afinal, o ideograma chinês para crise - que pode ser interpretado como a soma de perigos e oportunidades - compreende como uma de suas definições o termo ‘momento crucial’. O tempo é já: ou nos unimos para dar peso às reivindicações, ou permaneceremos à deriva.

PARTICIPAÇÃO DOS PRODUTOS DE EXPORTAÇÃO | MAR/MAR 2010-2020 US$ Outros peixes inteiros frescos ou congelados

2020

Cabeças, caudas e bexigas natatórias, de peixes

2019

Corvina (Micropogonias furnieri), congelada

2018

Filés de tilápias (frescos, refrigerados ou congelados)

2017

Albacora-laje congeladas

2016

Pescadas congeladas

2015

Raias congeladas

2014

Pargo congelado

2013

Albacoras-bandolim frescos Espadarte frescos

2012

Bonito-listrado congelado

2011

Lagostas

2010

Camarões

2.500.000

5.000.000

7.500.000

10.000.000

12.500.000

SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2020 • 43

0


Capa 8000

Linha do tempo Covid-19 x Cadeia do Pescado Apuração: Ricardo Torres Arte: Emerson S. Freire

6000

23/01/2020 Ministério da Saúde convoca imprensa para explicar o plano de contingência e ações de combate à Covid-19

23/02/2020 Encerramento da Operação Regresso com 34 brasileiros termina sem casos infectados

26/02/2020 Região Sudeste: 1º caso confirmado no Brasil

14/02/2020 Piscicultura brasileira avançou 4,9% em 2019, com uma produção de 758 mil toneladas, anuncia PeixeBR

CASOS ACUMULADOS

4000

11/03/2020 Distrito Federal suspende aulas e eventos 1º distanciamento social do Brasil

16/03/2020 Engorda paulista de tilápia está escassa e a previsão é faltar peixe para a Semana Santa

03/03/2020 Seafood Expo North America, em Boston, é adiada para data indefinida

16/03/2020 Movimento nos supermercados paulistas é 18% maior que o registrado um mês antes

0

Janeiro

Fevereiro 01/02

17/03/2020 .Feira Apas Show é adiada para data indefinida

20/03/2020 Começa a fase da transmissão comunitária

21/03/2020 Casos confirmados chegam a 1000

23/03/2020 Fazendas de tambaqui do Mato Grosso apontam queda de 50% nas encomendas com cancelamentos de cargas programadas

17/03/2020 Vale do São Francisco opera com preços em torno de R$ 7,50 o kg, mas falta tilápia

17/03/2020 Exportadores de peixes marinhos registram aumento em sondagens e encomendas da Ásia

10/03/2020 Seafood Expo Global, em Bruxelas, é adiada para data indefinida

2000

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19/03/2020 Casos confirmados chegam a 500

18/03/2020 Cadeia do atum sofre redução de 70% nos negócios e grandes distribuidores do NE acusam 30% de redução nas compras do food service

19/03/2020 Abrasel indica que bares e restaurantes brasileiros devem cortar até 3 milhões de empregos nos próximos 30 a 40 dias

19/03/2020 Pescado congelado apura crescimento de duplo dígito em algumas redes ante a mesma semana de 2019

20/03/2020 Conserveiras apontam valorização de 22% na matéria-prima importada e revisão para cima nos preços de produto final nos próximos meses

23/03/2020 Importadores solicitam liberação automática de pescado importado nos portos e fronteiras no casos de reinspeção

23/03/2020 Ceagesp suspende venda de pescado às segundas, quartas e sextas-feiras

20/03/2020 Chile anuncia 14 medidas para evitar emergência sanitária nos cultivos de salmão

23/03/2020 Mapa prorroga por 240 dias prazo das autorizações de pesca e publica portaria de mensuração de risco para retomada de exportações à UE

23/03/2020 Comissão Europeia anuncia liberação de 5,7 bilhões para projetos de compensação da produção ou processamento de pescado até 2023

Março 03/03 08/03


25/03/2020 Casos confirmados ultrapassam 2000

Varejo

Indústria

Institucional

Casos acumulados

Óbitos acumulados

01/04/2020 Casos confirmados ultrapassam 5.000, com 203 mortes

31/03/2020 Fábricas de ração, fornecedores de alevinos e frigoríficos operam em 90% da atividade normal

25/03/2020 Reservatório do Castanhão ultrapassa 7% da capacidade e anima piscicultores; Cheias no Piauí provocam despescas antecipadas

28/03/2020 Paulo Guedes detalha como pretende injetar mais de R$ 700 bilhões para sustentar a economia até o fim do primeiro semestre

25/03/2020 Encomendas do varejo superam em 15% o que estava programado para a Semana Santa em algumas indústrias

25/03/2020 Filés de tilápia e merluza, pescada e porções menores de salmão elevam vendas em 60% em algumas redes

Produção

27/03/2020 Começam testes oficiais com quatro tratamentos

24/03/2020 EUA começam a sondar oferta de tilápia inteira congelada do Brasil

24/03/2020 SAP/ MAPA envia ofício a diferentes pastas para incluir aquicultura e pesca em pacotes de apoio

Economia

26/03/2020 Congresso americano aprova pacote de ajuda de US$ 2 trilhões, com US$ 300 milhões para aquicultura e pesca

27/03/2020 Mapa publica portaria nº 116 que detalha serviços essenciais no agro, como toda a cadeia de insumos e transporte do pescado

30/03/2020 Senado aprova coronavoucher de R$ 600 para autônomos, informais e MEI

30/03/2020 Ministério da Saúde de Portugal recomenda que ao menos 1 em cada 2 das refeições em quarentena sejam com pescado

31/03/2020 Mapa cria comitê de crise para evitar desabastecimento

03/04/2020 DF, SP, CE, RJ e AM entram em fase de aceleração descontrolada

04/04/2020 Casos confirmados ultrapassam 10.000, com 445 mortes

05/04/2020 Governo chinês habilita 108 plantas frigoríficas de pescado para exportação

02/04/2020 Seafood Expo North America é transferida para período entre 23 e 24 de setembro de 2020

02/04/2020 Mapa prorroga em 45 dias prazo da Consulta Pública sobre boas práticas para concessão do Selo Arte ao pescado

07/04/2020 Câmara Setorial do Pescado faz reunião extraordinária

Abril 31/03 01/04

08/04/2020 Câmara Setorial do Pescado divulga documento com problemas e propostas de todo o setor frente à Covid-19

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24/03/2020 São Paulo declara Quarentena por 15 dias e STF decide que é prerrogativa dos gestores Estaduais

Saúde

08/04/


Capa

O apetite das “compras de pânico” e a aprovação das 11 plantas que processam exclusivamente produtos da aquicultura brasileira pelo governo chinês deram alento, mas há riscos

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O Aquicultura: foco nos congelados e exportação

ano despontou promissor para a cadeia aquícola, com aceleração da carcinicultura (120 mil toneladas produzidas em 2019, segundo a Associação Brasileira dos Criadores de Camarão (ABCC) e crescimento moderado da piscicultura brasileira para 758 mil toneladas (+4,9%), segundo a Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR). O entendimento era de que os viveiros alojavam “a maior safra de todos os anos neste momento, devido ao aumento do mercado interno e, principalmente, pelo incremento das exportações iniciadas em 2019”. A partir de março, porém, restrições nos Estados decorrentes da pandemia e as compras de estocagem no varejo desorientaram completamente a cadeia.


O ideograma chinês para crise pode ser interpretado como a soma de perigos e oportunidades. Uma de suas definições seria o equivalente ao termo ‘momento crucial’. É por isso que utilizamos os ideogramas para identificar os impactos e alternativas ao setor nesta crise.

Mercado: o ciclo de descompasso entre oferta e demanda de tilápia ocorreu novamente em 2020: Santa Fé do Sul (SP), Três Marias (MG) e Paulo Afonso (BA), registraram escassez de peixe gordo para a indústria no momento em que o varejo mais necessitou do produto. A remuneração chegou a disparar com primeiros preços de até R$ 7,50 o kg em algumas regiões, mas a forte competição com os estoques disponíveis baixou o patamar para até R$ 4,50. Pesquee-pagues fecharam e deixaram sem opção piscicultores dedicados a este perfil de clientes. As empresas mais prejudicadas foram as nãoverticalizadas. “Quem compra peixe perdeu competitividade. Quem vendia e estava esperando vender a R$ 6,00 teve de se contentar com R$ 4,50”, diz Medeiros. No Norte e Nordeste, a interrupção das feiras livres no interior prejudicou tanto os fornecedores de tilápia quanto de peixes nativos durante a Quaresma. A dependência da carcinicultura dos bares e restaurantes (food service) força o congelamento de matéria-prima que seria vendida fresca e provoca corrida a estruturas de armazenagem, cujos custos não previstos devem impactar ainda mais a margem do produtor. Tambaquis e híbridos produzidos em Rondônia e Mato Grosso seguiam com fluxos regulares para os mercados de peixe fresco em Manaus, Belém e Brasília até a Páscoa, quando a evolução da doença obrigou a interrupção ou adaptação de funcionamento dos mercados públicos e centrais atacadistas, como a

Oportunidade

Mercado: a alta demanda por produtos processados e filés congelados das indústrias ajudou a equilibrar o caixa das empresas verticalizadas da piscicultura e pode favorecer a retomada no pós-crise. Fábricas de ração, fornecedores de alevinos e frigoríficos operavam em 90% da atividade normal às vésperas da Semana Santa. Entre os clientes internacionais, os Estados Unidos assistem a uma escalada da doença e do medo, forçando mais ciclos de compras de estocagem. Isso fortalece a demanda por filé de tilápia, o que motivou o governo norte-americano a isentar a tarifa de 25% aos filés congelados da China. A medida abre oportunidades à tilápia brasileira, já competitiva pelos custos de produção e câmbio: a exclusão da tarifa só serve para filés abaixo de 115 g, foco de 30% a 40% de indústrias chinesas dedicadas à tilápia. Tributação: a crise ofereceu uma janela para a aprovação do Projeto de Lei Nº 6418, de 2019, de autoria do presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Pescado, o deputado Luiz Nishimori. Ele prevê a isonomia do PIS/Cofins incidente sobre as rações da aquicultura, cujo recolhimento é isento nas cadeias de suínos e aves. A medida pode salvar a margem do produtor, já que em algumas cadeias a isenção permite uma redução de 8% no custo de produção. Crédito: O Banco Central publicou resolução em 09/04 em que autoriza a prorrogação do reembolso

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Perigo


Capa

Ceagesp. A venda caiu mais de 50% de uma semana a outra, mas na Semana Santa houve novo fluxo de compras. No Pará, produtores de pirarucu encaixaram o produto às vésperas da Sexta-Feira Santa a R$ 15 margem de apenas R$ 3. Insumos: matérias-primas importadas, como vitaminas e aminoácidos utilizados na ração, tiveram alta elevação de preço e provocaram escassez de produtos, como bioremediadores. Fornecedores de insumos na Ásia e Europa não querem fazer cargas fracionadas, enquanto operadores logísticos nacionais chegaram a cobrar 45% a mais pelo ‘risco de aumento de contágio entre seus motoristas e entregadores’. Nas fábricas de ração, há casos de escassez pontual de farinha de carne e osso e hemoglobina. A soja e o milho registraram valorizações em março, influenciadas pela demanda aquecida, estoques baixos e manutenção do câmbio alto. Resultados: alta de até 15% no preço da ração. Risco sanitário: preocupadas com a contaminação entre seus funcionários e impacto decorrentes na produção, fazendas de engorda e centros de alevinagem começam a adotar protocolos particulares para manter o manejo e o trato (alimentação) intactos no período. Muitos fornecedores são impedidos de entrar nas instalações.

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“Inverno” nordestino: a temporada de chuvas é a melhor dos últimos anos, mas também causa impactos negativos. As cheias do Rio Parnaíba provocaram custos não programados com despescas antecipadas ou transferências para viveiros mais afastados dos braços do rio. Exportações: baixa estocagem no período da crise pode motivar escassez no segundo semestre, justamente quando indústrias pretendem aproveitar a retomada da economia mundial e o câmbio favorável para fortalecer as exportações. A habilitação de 11 plantas da aquicultura à China foi comemorada, mas a alta produção local de tilápia e a lista de plantas chinesas habilitadas ao Brasil (128 empresas) geram temores de que os brasileiros só exportarão subprodutos, enquanto os chineses aumentarão a pressão para exportar a espécie ao Brasil.

do crédito rural de custeio e investimento e autoriza financiamento para garantia de preços, mas não há menção no texto à dispensa de licenciamento ambiental como condição para a obtenção do suporte financeiro. A medida deixa de fora 99,21% dos produtores aquícolas - dados do Censo Agropecuário divulgado em 2019. “Estes não têm licenciamento ambiental e são os que mais estão precisando do recurso”, diz Francisco Medeiros, da Peixe BR. Segundo ele, o caminho é o Banco Central emitir uma circular aos bancos dispensando o licenciamento ambiental como critério para obtenção de financiamento. “Da mesma forma como foi feito com a dispensa do RGP da aquicultura”, acrescenta. Ele dá o exemplo dos piscicultores do Paraná. “Dos R$ 300 milhões que a aquicultura captou de custeio, R$ 110 milhões foram do Paraná, porque todos têm licenciamento.” A carcinicultura endossa o pleito da piscicultura, mas já conquistou auxílio do Banco do Nordeste (BNB) com três medidas para aliviar os impactos da pandemia: suspensão ou renegociação das parcelas até setembro/2020 para cliente com operação de investimento; suspensão ou renegociação das parcelas de cliente com operação de custeio; e contratação de operação de pré-comercialização para novo cliente que não tenho feito operação de custeio em outro banco. Desempenho: é momento de o produtor aumentar a competitividade ou sair do negócio, com gestão mais eficiente em busca de redução de todos os custos possíveis, ganhos de margem e diversificação dos itens produzidos para ampliar os mercados compradores. “Quando o mercado está bom ninguém quer fazer diferente. Cada 1% que você tira é 1% que você acrescenta ao caixa”, afirma o consultor do Sebrae Francisco Emídio. “Inverno” nordestino: as chuvas trazem alento ao Ceará. O Castanhão, cujo pólo de aquicultura se desfez com a estiagem prolongada, registra aumentos sucessivos e chega perto de 7% - o que já anima produtores locais que se deslocaram à região de Paulo Afonso (BA) no vale do Rio São Francisco. Concorrência debilitada: se a carcinicultura brasileira tiver produto no segundo semestre, pode se beneficiar e construir pontes de longo prazo com compradores


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A onda de máscaras protetoras chegou a empresas do segmento dentro das práticas de prevenção do contágio entre os funcionários; a Tilabras foi uma das que apostou em uma versão personalizada

eventualmente desabastecidos de camarão de tamanhos menores. No Equador, o colapso do sistema de saúde em Guayaquil - centro camaroneiro do país - motiva as indústrias a operarem em 50% da capacidade e os pequenos e médios empreendimentos dependentes do mercado interno correm o risco de fechar. No sudeste asiático, as rotas de insumos para as fazendas asiáticas e o receio dos desdobramentos na China e EUA reduziram os povoamentos, derrubaram os preços e pode faltar camarão no segundo semestre a situação no Vietnã, segundo veículos internacionais, é de calamidade já que há escassez de demanda e de câmaras frigoríficas. Enquanto isso, há notícias de um novo vírus mortal para a carcinicultura chinesa. A Coreia do Sul abriu o mercado para o camarão brasileiro, decisão muito comemorada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) - que articulou junto ao Ministério da Agricultura a medida a partir de uma demanda da nova entidade Camarão BR. China, Reino Unido e Malásia são os próximos destinos em negociação.


Capa

Pesca: colapso no atum e safras sem mercado Safra de sardinha reage em plena crise, mas falta de mercado faz exportadores do pargo e lagosta pedirem adiamento da temporada para manter o estoque no mar

A

escalada do dólar desde o ano passado deixou animados armadores e indústrias especializadas na exportação da matéria-prima de captura. Apesar do aumento do custo de alguns insumos, a competitividade brasileira seria um trunfo em plena ascensão do apetite do mercado consumidor norte-americano. Ninguém contava com a explosão global dos impactos da pandemia, que até fevereiro ainda pareciam muito distantes e circunscritos à Ásia. Ela veio forte e, assim como no próprio ciclo da Covid-19, matou rapidamente quem estava mais suscetível: as cadeias de produtos mais valorizados e dependentes dos mercados externos. O food service deu lugar às compras de pânico e aos produtos de primeira necessidade para consumo doméstico, o que força todos a se reinventarem.

Perigo

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Atum fresco: a cadeia do espinhel ou longline no Rio Grande do Norte se desestruturou em poucas semanas com o fechamento do food service em todo o mundo, inclusive no Brasil. O bigeye capturado aqui é líder no mercado norte-americano na classificação 2+, enquanto os restaurantes japoneses de São Paulo e outras capitais aceitam bem o 2-. Sem mercado, as empresas com capacidade de estocagem imediatamente congelaram os volumes desembarcados em meados de março, auge da safra, mas outras simplesmente tiveram de comercializar o produto a menos de R$ 10/kg, quando ele vale mais de R$ 60/kg. A frota parou e a logística

Oportunidade

Crédito: o setor pesqueiro nunca obteve uma linha de financiamento específica nos bancos, pela impossibilidade de oferecer garantias que não as próprias embarcações ou estoques - não aceitas pelos bancos comerciais. O colapso de muitas pescarias, no entanto, pode viabilizar modelos de fundo garantidor para custeio e capital de giro. Há sugestões para que o crédito tomado seja no mesmo valor do que o estoque de algumas empresas ou volumes esperados de captura. Postergação de safras: enquanto armadores e indústrias reorganizam o caixa, há forte pressão para


Lagosta: a cadeia de lagostas capturadas no Brasil viu seu principal mercado atual, a China, desmoronar com o surgimento da doença. Dado os impactos econômicos, sanitários e sociais de longo prazo da pandemia, não se espera uma reação destas compras em curto e médio prazo. A safra havia sido antecipada para 1º de maio e iria até 31 de outubro, período de entressafra para os concorrentes caribenhos, mas o que era uma vantagem agora se tornou um sério problema mercadológico de capturar, desembarcar e processar sem demanda internacional. Tripulações expostas: faltam orientações para preservar a saúde da tripulação respeitando as

adiar o início das safras de pargo e lagosta para ajustar a oferta ao período de recuperação mundial da demanda prevista para o período a partir do último trimestre do ano. O governo mostra sensibilidade, mas há receio de aumento de despesas públicas com o pagamento do seguro-defeso aos pescadores destas espécies e uma eventual ameaça à sustentabilidade destes estoques. A proposta conjunta do setor é adiar o início de ambas as safras para 1º de julho com fim em 20 de novembro, encurtando em um mês para proteger o recurso e os preços de comercialização. Sardinhas em alta: justamente no momento em que o consumo de conservas explodiu e a matéria-prima importada passou a impactar em até 50% no custo de produção das indústrias, a captura nacional reagiu. Entre 1 de fevereiro e 31 de março, foram capturadas cerca de 9 mil toneladas, de acordo com o consultor Wilson Santos, quando em todo o ano passado a safra não passou de 15 mil toneladas. Enquanto isso, os barcos no Marrocos não encontraram os cardumes

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aérea simplesmente deixou de funcionar: os últimos voos aos EUA foram interrompidos pela Latam em 13 de abril. Antes da crise, a isca (calamar argentino) já havia saído de US$ 1.000 para US$ 4.000 a tonelada, o que encareceu muito as operações realizadas em 2020 com o dólar a R$ 5,00.


Capa

recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde. Há risco iminente de contágio da enfermidade na tripulação das embarcações em cruzeiros de pesca com mais de 5 dias de duração. Pargo: Em 2019, as exportações de pargo inteiro e em filé superaram 4,5 mil toneladas, mas os mapas de bordo preenchidos pelos armadores e apresentados à SAP totalizam 1.466 toneladas. Ainda há descrença no mecanismo do mapa de bordo e receio de fiscalizações, embora haja uma determinação legal passível de suspensão de 90 dias no caso de irregularidades. O mercado para o red snapper, como a espécie é conhecida no mercado internacional, está em suspensão por conta da doença e a safra começa em 1º de maio e se estende a 14 de dezembro, o que oferece a este recurso o mesmo risco da lagosta. Logística comprometida: a falta de voos frequentes se soma à carência geral de contêineres retidos em portos de todo o mundo. Assim, as poucas encomendas internacionais não podem ser despachadas e acarretam mais custos de armazenagem nas indústrias e quebras de recursos já capturados. As indústrias com capacidade de receber matéria-prima congelam toda a carga em sacos de ráfia para processarem no momento de recuperação.

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Inadimplência e falência: cresce a preocupação com a saúde financeira dos compradores quando a demanda começar a se recuperar. Logo no início da crise, muitos compradores e intermediários aproveitaram para sustar cheques, alongar pagamentos e deixar de liquidar boletos com o argumento dos efeitos da doença. Fornecedores ficarão muito mais seletivos com seus clientes, dada a insegurança do recebimento depois de tantos cancelamentos e suspensões do período atual. Tainha: a safra da tainha 2020 nas Regiões Sudeste e Sul foi estabelecida em 627,8 toneladas para a frota industrial de cerco/traineira e 1.196 toneladas para frota de emalhe anilhado de Santa Catarina. O volume é 72% menor que em 2018, o que na prática torna quase inviável as operações de pesca industrial e mesmo para as comunidades artesanais, o que pode estimular operações ilegais e de difícil fiscalização pelo governo. Por outro lado, o mercado também está comprometido: os tradicionais festivais de tainha da Região Sul podem não ocorrer por conta das medidas de isolamento social.

Falta de um protocolo de segurança padrão para as embarcações de pesca coloca em perigo de contágio as tripulações nacionais

antes do defeso e do coronavírus, agora estão impedidos de sair para pescar. Se o ritmo nacional persistir em abril, maio e junho, a demanda pela matéria-prima deve gerar pressão pela suspensão do defeso do meio do ano (15 de junho a 31 de julho). Subvenção devida: no âmbito das discussões sobre o pacote governamental de apoio ao segmento, armadores e indústrias do Nordeste cobram o ressarcimento imediato do recurso do óleo diesel que está parado. Direito previsto em lei, o recurso está parado há mais de 6 anos, o que é um passivo federal não relacionado à crise mas que, por causa dela, pode ser destravado. Na gôndola: produtos pouco usuais no mercado nacional, como o espadarte (meca) em postas, podem começar a frequentar os supermercados para cumprir a demanda por pescado de qualidade a preços mais baixos. O fluxo de atum porcionado e em sashimi para os supermercados deve aumentar nos próximos meses a partir da mudança da atuação comercial das indústrias do segmento rumo ao mercado interno. Espécies de combate: cabrinha, castanha, pescada, sarda e peixe gó são algumas das espécies que podem compensar a demanda por proteína aquática de baixo preço em mercados como os Estados Unidos, Taiwan e Coreia do Sul. Neste países o medo da pandemia fez crescer ainda mais a preocupação com a saúde e a diversificação da dieta.


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Capa

Indústria: flexibilidade dá sobrevida Especialização em mercados ou produtos se torna risco para a maior parte das indústrias, que buscam se reinventar para entregar ao consumidor o que ele precisa; prevenção do contágio ao grupo de risco se torna desafio laboral

A

incerteza no consumo doméstico e externo cria enorme apreensão nas indústrias de pescado brasileiras. Logo no início de março, o setor se deparou com uma desaceleração brusca no ‘food service’, com restaurantes, bares, navios e hotéis com ‘uma retração inédita’ na compra de produtos de alto padrão, como lagosta, bacalhau e camarão. Por outro lado, quem opera com produtos congelados e preço acessível aproveitou os impulsos de abastecimento pré-Semana Santa e deve surfar na tendência de substituição por produtos ainda mais baratos. A expectativa é que os impactos sejam fortes nos próximos cinco meses, o que favorece quem estiver capitalizado: estes poderão fazer boas compras e atravessar este período com baixos custos.

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Perigo

Matéria-prima: o alcance dos impactos nas fontes de pescado internacional para reprocessamento ou embalagem ainda está em análise. O temor de desabastecimento por conta de lockdowns em países mais afetados e estrangulamentos logísticos nas cidades deve diminuir a diversidade dos produtos internacionais, já impactados pela disparada do câmbio. Capital de giro: com faturamento tão dependente de sazonalidades, as indústrias se veem diante de um novo cenário de incerteza total sobre os próximos

Oportunidade

Desabastecimento: a experiência na Europa mostra a importância de costurar um fluxo de matérias-primas nacionais e importações com variedade e baixo custo para manter os clientes abastecidos de produto, principalmente as grandes superfícies. A indústria de congelados prevalece sobre o fresco na situação atual, mas quando a curva de contágio diminuir e as cidades flexibilizarem suas medidas restritivas, haverá uma retomada do ‘food service’ e é preciso estar preparado. Mix variado: Indústrias com maior capacidade de estocagem e mix variado de produtos e clientes devem


Alta rotatividade: a necessidade de proteger o grupo de risco e aliviar o custo operacional com férias e dispensas causa impacto no volume de produção. Altas empregadoras, as indústrias de conservas tiveram de fazer contratações emergenciais para dar conta do aumento da demanda e substituir os afastados - só uma empresa de Santa Catarina abriu contratação de 200 pessoas. A ausência temporária de pessoas-chave na rotina dos frigoríficos sem matriz de responsabilidades e um programa de gerenciamento de riscos em pontos críticos de controle pode impactar na segurança dos alimentos.

enfrentar a crise em melhores condições. Empresas com esse perfil têm adotado a determinação de suspender novas compras, enquanto exploram o estoque disponível para manter o abastecimento. Emissão de LIs: o Mapa indica que acelerou a análise das solicitações de Licenças de Importação (LI) de produtos de origem animal. O prazo estabelecido em legislação para as análises de LI é de 30 dias, porém o tempo médio nacional de análise está atualmente em 3,7 dias. Em São Paulo as LIs chegam a ser liberadas em 24 horas. Em março, foram analisadas 4.580 LIs, sendo 3.767 deferidas e 813 indeferidas. A maior agilidade no processo é um entrave a menos no encaixe de produtos importados.

Pescado é o mais impactado: agronegócio de grãos e proteínas animais estão muito bem posicionados no exterior e dispõem de grande carteira de clientes, o que suaviza o impacto da pandemia. A maior pressão sobre as commodities eram entraves logísticos, já em grande parte superados no âmbito doméstico. Já o pescado, sem tanta diversificação de canais e baixo consumo interno, sofre mais profundamente a crise e exige atenção diferenciada.

Percepção de fraude: a Operação Semana Santa 2020, realizada pelo Mapa, mostrou conformidade de 94,8% dos produtos sob a fiscalização do Serviço de Inspeção Federal (SIF) em relação à correta identificação do pescado na rotulagem. O índice é superior ao detectado no ano passado (93,9%). A operação coletou 231 amostras de pescado nacional e importado em 17 Estados e no Distrito Federal. Nos produtos importados, não foi detectada nenhuma análise fora do padrão. O alto índice de conformidade na rotulagem de produtos sob SIF mostra que o consumidor não deve ter experiências desagradáveis com troca de espécies no período de isolamento social, o que ajuda a sedimentar a relação de confiança do consumidor com as grandes marcas e pontos de comercialização. Os frigoríficos sob Serviço de Inspeção Estadual (SIE) ainda têm alto índice de nãoconformidade.

Pós-crise sem produto: com um buraco no fluxo de caixa e estrangulamento social, algumas indústrias sem estoque terão dificuldades em costurar um fluxo mínimo de matérias-primas nacionais e importações

China desabastecida: com parceiros asiáticos desestruturados pela doença, a China oferece oportunidades em diversos itens com a retomada gradual da economia nas principais cidades. Os

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meses. Uma Quaresma fortemente impactada na maior parte das categorias compromete o caixa para a tradicional ressaca pós-Páscoa, o que deve ocasionar um aprofundamento da alavancagem financeira em bancos para financiar o capital de giro. As dívidas contraídas no período e a dificuldade de solvência de compromissos anteriores comprometem a capacidade de investimentos, modernizações e ampliações. A inadimplência só cresce e a estimativa é de um rombo superior a R$ 1 bilhão às companhias.


Capa

com variedade e baixo custo para manter os clientes abastecidos de produto durante e no pós-crise, principalmente as grandes superfícies. Quando a curva de contágio diminuir e as cidades flexibilizarem suas medidas restritivas, estas empresas estarão menos preparadas para a retomada do food service e de categorias específicas de produtos frescos. Importações travadas: a rotina de liberação de cargas no ponto de entrada foi modificada para a proteger servidores e evitar uma maior disseminação do vírus. Com isso, há temores de que a espera na liberação de um contêiner que exija contraprova para checagem de parâmetros ultrapasse 40 dias, extrapolando os custos previstos de demurrage - indenização sobre a sobrestadia cobrada nos portos quando o importador ultrapassa o período de 30 dias em posse de um contêiner.

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Salmão: o produto foi fortemente penalizado. A maior parte das indústrias reagiu ao colapso dos clientes do food service com cancelamentos de encomendas do Chile. O cancelamento em massa de pedidos de fresco a partir da terceira semana de março determinou uma reprogramação nas despescas dos centros de cultivo. Os fornecedores mais afetados estão ao Sul, já que a passagem do Canal Chacao, na ilha de Chiloé, encontra-se intermitentemente fechada. Os custos do transporte subiram e os preços de venda caíram com a quebra da demanda, causando uma tempestade na origem com efeitos para os importadores brasileiros. Muitos importadores brasileiros estão renegociando prazos de pagamento para 60 dias e os chilenos temem que o agravamento da situação financeira dos restaurantes, muitos em processo de falência, provoque uma situação de insolvência para a cadeia do salmão. O preço em meados de março esteve próximo de US$ 4,20/kg para o salmão 10/12, uma queda de US$ 1/kg entre março e abril. A demanda migrou ao congelado. Camarão importado: As indústrias interessadas no crustáceo importado devem assistir a um aumento de preços além do câmbio por problemas na safra argentina e nas despesas equatorianas e indianas. Os dados de captura de camarão vermelho (Pleoticus muelleri) na Argentina indicam o pior desempenho para o mês de março desde 2013. Pólos pesqueiros tradicionais neste recurso, como Chubut, interromperam completamente a atividade em decorrência do coronavírus e queda da oferta em mercados tradicionais como Itália e China. O Equador, como falamos na seção de aquicultura desta matéria, enfrenta problemas similares, enquanto a Ásia enfrenta um nó logístico.

Filés de baixo custo devem ser vendidos como ferramentas para aliar praticidade, preço e saúde nas refeições da quarentena

equatorianos já fazem projeções de um desempenho ao menos similar na exportação de camarões de cultivo: a Câmara de Aquicultura local vislumbra US$ 2 bilhões em exportações. Ajuda na imunidade: a percepção de saudabilidade que o pescado já tem entre a população nunca foi tão importante. Ainda em março começaram a surgir estímulos ao consumo de pescado como ferramenta para preservar a saúde e a imunidade em canais nacionais, como a campanha “Coma Mais Peixe”, e internacionais: o Ministério da Saúde de Portugal publicou uma cartilha em que sugere a presença de pescado em ao menos metade das refeições do período de isolamento social. Pacote de auxílio: as empresas dependentes de produtos importados solicitam a inclusão nos pacotes de auxílio ao setor de medidas pontuais no campo tributário, como o diferimento por 90 dias do Imposto de Importação recolhido em mercadorias constantes do Capítulo 3. A medida seria um alívio a boa parte da cadeia, já que o Brasil importa um volume equivalente a mais de US$ 1,3 bilhões anuais em produtos acabados e em matériaprima para o reprocessamento em indústrias nacionais. Em outra frente, negocia-se o dilatamento do prazo de 360 para 540 dias para liquidação das operações de câmbio amparadas por instrumentos de Adiamento de Contrato de Câmbio (ACC), assim como isentar operações vencidas desde 1º de fevereiro dos encargos e tributos previstos em circulares do Banco Central, além do IOF e IR por descaracterização da operação.


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Capa

Varejo: sem padrão Grandes varejistas ficam atônitos com o comportamento do consumidor, que cria novos hábitos de frequência às lojas e compras pela internet; venda de pescado fresco tem novo pico na Semana Santa

P

airam em todos os canais dúvidas sobre o padrão de estocagem de alimentos dos brasileiros e o nível de recompra nos próximos 60 dias. Há apreensão com produtos frescos, cujas vendas decaíram até a Semana Santa com a necessidade de adquirir pescado congelado para armazenar em casa. Houve uma reação perceptível na maioria dos canais nas compras de Páscoa, com relatos de filas e aglomerações em mercados públicos e supermercados, mas a ressaca do Outono desponta como a pior em muitas décadas e exige reação. A escalada de casos e óbitos deve forçar novas ondas de isolamento social e, consequentemente, de compras de estocagem. A necessidade de diversificar a dieta é outra oportunidade - chefs caseiros são a nova tendência nas redes sociais e devem ser exploradas pelos canais para manter relacionamento com os clientes e ativar o e-commerce e delivery.

Perigo

Leitura difícil: divisão social entre o isolamento social e a reabertura torna muito difícil antever o comportamento de compra do consumidor. Depois de uma escalada do confinamento em meados de março, diversos Estados, como SP, MS, MT, TO e PR registraram índices baixos em plena Semana Santa. Grandes redes indicaram que as compras de estocagem aconteceram nos dias de semana em março, mas não se sabe qual é o novo padrão e nem se há um padrão.

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Abismo pós-Páscoa: consenso entre todas as cadeias de pescado, há um temor de que o consumo de itens

Oportunidade

Interior reage: com as grandes capitais absorvidas pelas medidas de isolamento, que devem ser prorrogadas ao longo de abril, no interior do País, algumas ilhas de otimismo brotaram com a proximidade da Semana Santa. Congelados: nos supermercados, as vendas continuam aquecidas. Na venda de congelados, há relatos de comercialização em meados de março superior a 60% na comparação em período semelhante de 2019. Entre os produtos congelados mais vendidos constavam filés de tilápia, pescada e porções menores de salmão

Peixarias, supermercados e feiras livres de adaptaram aos novos tempos para manter os níveis de comercialização: o consumidor saiu de casa para comprar


do setor tenha retração acentuada neste ano após a Páscoa. A crise financeira se aprofunda em meio à escalada de casos e mortes e pode inibir compras nãoessenciais. O varejo teme ainda que as indústrias não consigam fornecer matéria-prima suficiente. A peixaria é a categoria que menos apresenta estabilidade de vendas, com picos de crescimento de venda, sem responder como os demais setores - como de pré-preparados e congelados. Há expectativa de sobra de estoque no pós-semana santa. Produtos de alto padrão e grande saída na Páscoa, como salmão e bacalhau, tiveram índices ruins de comercialização na Semana Santa, o que sugere uma queima em abril e baixa decisão de recompra.

e outros peixes. Na Quaresma, houve relatos de crescimento em duplo dígito ante o mesmo período de 2019, tanto em vendas como em volume. Há dúvidas sobre como isso permanecerá na ressaca da Páscoa, mas a disseminação da pandemia e aumento dos casos pode provocar novas ondas de compras de pânico. Vendas on-line: o e-commerce começa a render bons resultados para quem já está posicionado na modalidade. Entender e se relacionar com o público em isolamento é fundamental para definir o sortimento, mas também é essencial ter uma operação sólida de entrega com qualidade, embalagens adequadas e indicações de preparo. Redes sociais são grandes aliadas neste momento. O caminho ideal do e-commerce, com plataformas estruturadas, conectadas ou não a marketplaces, é um dos caminhos. É hora de ativar bases de cadastro para tentar vender os estoques, já que a tendência é a

Centrais de abastecimento: o alto giro dos Ceasas para as feiras livres, mercados públicos, peixarias e restaurantes foi substituído por pânico durante a Quaresma. Permissionários da Ceagesp reduziram os

Índice de isolamento social

43,1% 49,4%

50,5%

52,8%

50,9%

47,5%

49,6% 49,9% 51,5%

52,6%

45,3% 43,8%

41%

48,5% 45,8%

41,2%

Média do índice de isolamento por Estado

54,2% 45,8% 00,0%

50,0%

46,7%

47,6%

40,0%

46,7% 48,8%

44,3%

20,0%

44,2%

0,0% 28 de jan

12 de fev

27 de fev

13 de mar

2020

28 de mar

12 de abr

47%

Dados de 9/4/2020

Indice de isolamento 0,0%

100,0%

Fonte: Startup inloco, que faz o monitoramento de sinais de celular em todo o Brasil. Não representa a população em sua totalidade.

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Índice médio

60,0%


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horários de funcionamento da maior feira atacadista do País após colecionarem prejuízos e passaram a cancelar compras ao longo de todo o mês de março. No dia 23 de março, a Ceagesp suspendeu a comercialização e distribuição de pescado às segundas, quartas e sextasfeiras. O funcionamento permaneceu inalterado às terças, quintas e sábados. A alteração obedece às políticas de restrição de contato físico adotadas pela entidade, mas também segue a lógica dos clientes – que estariam separando apenas três dias por semana para fazer as compras. Houve uma reação na Semana Santa, mas o movimento caiu 40% em relação a 2019. Os novos horários permanecerão durante tempo indeterminado. Grupos de risco: o desafio nas grandes redes é remanejar o quadro operacional em loja para atender à demanda, em vista da dispensa de funcionários do grupo de risco. Em meio a este debate, a Associação Paulista dos Supermercados (Apas) indicou que pelo menos 5 mil vagas temporárias devem ser criadas até abril nos supermercados da região metropolitana de São Paulo por conta da demanda de consumo presencial e on-line e da taxa de rotatividade de pessoas do grupo de risco à Covid-19.

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Aglomerações e imagem: as redes de varejo entram em um momento delicado. Enquanto algumas optam por cancelar anúncios em TV e campanhas promocionais para evitar aglomerações nas lojas, outros apostam no aumento do fluxo para compensar a oscilação. A mudança de comportamento se deve às recomendações para sair o mínimo possível de casa. De acordo com a consultoria Kantar, 78% das pessoas buscam sair de casa somente para o necessário, além de estarem mais preocupadas com a saúde. Mudança da política de descontos é uma tendência, com preços mais baixos diluídos ao longo da semana em vez de concentrar as grandes ofertas em ou ou dois dias da semana. Renda precarizada: Metade das famílias terminou o ano endividada, o que pode agravar o cenário em meio ao coronavírus. Os dados são da Kantar, que aponta busca por um consumo mais racional. Houve também um movimento de migração de classe social. Entre 2014 e 2019, mais de 500 mil lares saíram da classe AB. Com o bolso curto e poucas perspectivas positivas em relação à economia, o consumidor pode adotar hábito espartanos - ou seja, gastar apenas com itens essenciais para a sobrevivência. Como o pescado ainda não faz parte da dieta doméstica da maior parte da população, existe pouca chance de os brasileiros mais afetados pela crise manterem ou incrementarem o consumo destes itens neste momento.

expansão do isolamento e o vendedor ir até o cliente. A depender da experiência do consumidor no período, a migração das compras para o e-commerce veio para ficar. O número de novos consumidores em varejistas on-line de autosserviço cresceu 96% entre os dias 19 e 25 de março, na comparação com a semana anterior acima da média de 13% do e-commerce total, segundo o monitoramento Ebit|Nielsen. O aumento nas vendas de produtos de giro rápido foi expressivo na semana. Itens da cesta básica, por exemplo, cresceram 165%, seguidos por frios (+106%), hortifrutigranjeiros (+93%), carnes (+59%) e padaria (+52%). Esta categoria de produtos representou 7% das vendas do e-commerce brasileiro, contra 4% no começo de março. Feira segura: A proximidade da Semana Santa expôs procedimentos distintos dos governos estaduais e prefeituras sobre as feiras livres. Algumas foram completamente canceladas, enquanto outras funcionaram com adaptações. A CNA estimulou a adoção do conceito de “Feira Segura”, um projeto para estimular a realização de feiras livres em todo o País seguindo as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitar o contágio por coronavírus. A ideia é que comercializem seus produtos diretamente na feira e também pelo sistema de drive thru, sem manuseio dos alimentos, com embalagens apropriadas para cada tipo de produto e com a higienização adequada das máquinas de cartão. Se o modelo pegar, pode ser uma saída para manter um nível mínimo de comercialização nas feiras livres de todo o Brasil. Outra tendência é a solidariedade nas redes: consumidores, prefeituras e influenciadores digitais divulgam os contatos dos feirantes nas redes, dentro do espírito estimulado pelo Sebrae #compredopequeno. Campanhas de consumo: esforços de marketing para compensar os graves efeitos citados acima devem mobilizar empresas e entidades no pós-Semana Santa. É uma oportunidade de se conectar com o consumidor com as mensagens de saudabilidade, sabor e variedade dos itens de pescado disponíveis no Brasil em diversos canais.

A julgar pelo ritmo de compras pós-Domingo de Páscoa, Rodrigo Joaquim (Grupo 5) acredita que não haverá ressaca da Quaresma neste ano


Food Service: 6 milhões de desesperados Bares e restaurantes por todo o Brasil enfrentam as consequências do vírus como nenhum outro setor: de joelhos, suplicam apoio governamental para sobreviver a este período, enquanto tentam manter um faturamento mínimo via delivery

A

Perigo

Injeção letal: o início da aplicação das medidas de isolamento social reduziu a zero o faturamento e a capacidade de muitos restaurantes cobrirem a folha de pagamento de um dia para o outro. A gastronomia japonesa foi uma das mais prejudicadas: alguns estabelecimentos tradicionais que operam no sistema à la carte desistiram do delivery após maus resultados iniciais. Já outros estabelecimentos que fazem combinados e rodízio mantiveram o ritmo de entregas em domicílio, apesar de já identificarem temor dos consumidores com segurança alimentar pelo fato de ser um produto cru. Renegociações: os restaurantes passaram a pleitear junto aos credores, prestadores de serviços e vendedores de produtos prazo maior ou parcelamentos, redução ou cancelamentos pela devolução de produtos adquiridos, suspensão de

Preparações grelhadas serão uma das saídas de utilização dos estoques para quando os restaurantes japoneses reabrirem

Oportunidade

Classe A quer pescado: a mesma pesquisa da consultoria Galunion mostra que o estrato mais alto da sociedade quer experimentar sabores diversos e complexos. Peixes e frutos do mar estão em 35% das intenções de compra de refeições neste período, seguidos de culinária japonesa (24%), comidas étnicas (24%), culinária chinesa (24%) e vegetariana/vegana (15%). Delivery em alta: só o iFood, líder de entregas no Brasil com presença em mais de 1 mil cidades, recebeu em março o dobro de inscrições de candidatos interessados em atuar como entregadores da plataforma (175 mil) ante o mês anterior. O dado é um termômetro da atividade destes aplicativos, que se tornaram a saída para muitos estabelecimentos que funcionavam apenas com balcão. Quem já estava adaptado ao modelo reagiu mais rápido e com mais eficiência ao aumento do número de pedidos.

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maior parte dos operadores do food service no Brasil vende o almoço para pagar a janta. Literalmente. Com capital de giro que se esvai em uma semana, os estabelecimentos que dependem da frequência plena de comensais estão no limite do colapso. Segundo estimativas da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o setor deve cortar até 3 milhões de empregos até meados de abril, o que significa metade da força de trabalho. Cálculos da ECD Consultoria, de Enzo Donna (in memorian) indicam que os restaurantes brasileiros gastam anualmente em torno de R$ 1 bilhão com peixes, moluscos e crustáceos.


Capa

contratos sem pagamento de multas. Pagamentos projetados para os próximos 160 dias pelos fornecedores de pescado estão comprometidos e a perspectiva é de que muitos estabelecimentos tenham de fechar as portas sem pagar as dívidas remanescentes.

Cupons e vouchers: emitir cupons e vouchers se tornaram uma medida corrente em muitos estabelecimentos, principalmente os renomados e de clientela fiel, para antecipar a receita. Além do suporte financeiro, o recurso estabelece um vínculo do local com os clientes para que voltem a consumir ali assim que puderem. A crise gerou uma onda de solidariedade que atingiu as grandes marcas e estimulou a criação de ações como “Apoie um Restaurante”, que já vendeu 55 mil vouchers para ajudar 2591 restaurantes.

Matéria-prima: produtos de alta perecibilidade, como o salmão fresco, tiveram de ser congelados nos estabelecimentos, mas não poderão mais ser usados em preparações cruas, como sashimi. Muitos restaurantes não possuem capacidade de estocagem local.

Chefs em casa: muitos restaurantes estão liberando o acesso a receitas de suas casas para que os consumidores cozinhem no período de confinamento. Este estímulo também vem de programas de televisão e das redes sociais, o que pode causar efeitos mais duradouros de estímulos a uma dieta mais diversificada, saudável e saborosa - conceitos de alta fixação com o pescado. 93% dos entrevistados da pesquisa Galunion estão cozinhando e preparando comida em casa neste atual estágio da pandemia.

Sem isolamento, sem clientes: há descompasso entre as medidas de prevenção do contágio e recuperação econômica por conta da decisão de o cliente sair de casa. Algumas prefeituras já adotaram a reabertura gradual e liberaram o funcionamento de restaurantes com regras rígidas de veto ao self-service e à aglomerações, mas a clientela ainda se mantém em isolamento - seja por opção própria, seja pela operação das empresas em tempos de quarentena. Essa indefinição pode se agravar com o aumento do número de casos e óbitos.

Decisões judiciais: em Brasília, o sindicato patronal da categoria obteve decisão liminar impedindo todos os cartórios de protestos do Distrito Federal, a Serasa e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) de registrarem e protestarem títulos de empresas do setor pelo prazo de 60 dias, a contar de 6 de abril. A medida abre jurisprudência para outros sindicatos regionais.

Acordos individuais: a “MP do Salário” surgiu como um alento às entidades patronais. A MP dava ao estabelecimento o direito de suspender os contratos de trabalho ou combinar com seus funcionários uma redução na jornada e no salário de até 70%. O governo federal pagaria o percentual de redução com base no valor do seguro-desemprego. Mas o STF já condicionou a flexibilização das regras da CLT aos

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Qual culinária gostaria de comprar durante a pandemia? 67

Pizza Hambúrgueres Brasileira Sanduíches Massas Grelhados/Churrascos Doces e Bolos Salgados Açaí Sorvetes

47 44 41 39 36 32 31 29 23 22

Peixes e frutos do mar 18

Saladas cruas/folhas Comida japonesa cozida Comida japoneza crua Comida étnica (Árabe, Francesa, Alemã, Americana, Mexicana, Peruana etc.) Comida Chinesa Comida vegetariana/vegana

14 14 14 13 8 Fonte: Consultoria Galunion/Abril 2020


sindicatos dos trabalhadores, que podem questionar os acordos individuais de redução de salário e jornada de funcionários de empresas privadas. A Abrasel caracterizou a decisão do STF como um “tiro mortal” no setor. Até o fechamento desta edição, o entendimento era de que os acordos já firmados não seriam suspensos.

Influenciadores gastronômicos, como Rita Lobo, podem fortalecer o movimento “chef em casa”: restaurantes também aderiram à tendência para fidelizar seus clientes

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Novos hábitos: pesquisa da consultoria Galunion indica que a pandemia mudou drasticamente os hábitos de alimentação. Em torno de 99% das pessoas diminuíram a ida a bares, restaurantes e lanchonetes, 99% estão evitando aglomerações, 95% evitam sair de casa, 94% deixaram de visitar amigos e parentes, 91% diminuíram a ida ao supermercado e 90% passaram a evitar comer fora. A variedade da alimentação caiu, segundo a mesma pesquisa: os pratos desejados pelos entrevistas para este período são pizza (67%), hambúrgueres (47%), comida brasileira (44%), sanduíches (41%), massas (39%), grelhados/churrascarias (36%), doces e bolos (32%), salgados (31%) e açaí (29%). Peixes e frutos do mar é a 11ª opção mais mencionada (22%), entre 17 disponíveis.

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Na

Gôndola A oferta de peixes, crustáceos e moluscos

repleta de carotenóides naturais e produzida nas instalações da TrutasNR, em Sapucaí-Mirim (MG).

Empanados da Argentina Tilápia certificada A certificação do pescado chega à linha de marca própria Qualitá, do GPA, com os filés de tilápia embalados em skinpack e chancelados pela ASC. Segundo a rede, o preço de venda é 30% inferior a similares no mercado. A expectativa é aumentar o mix de produtos de pescado com o selo ASC.

A Costa Sul incrementa a linha de empanados com tirinhas de merluza, peixitos (empanados em formato de peixes e estrelas para o público infantil) e medalhões com sabor de espinafre e queijo. Tudo por meio de uma parceria exclusiva com uma empresa argentina.

Truta rosa A linha de produtos orgânicos e sustentáveis da Korin continua a ganhar novos itens. Depois dos filés de tilápia e truta arco-íris branca sem antibióticos, a marca agora aposta na truta rosa alimentada com ração

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Caixetas de delícias A Bom Peixe aumenta o portfólio de produtos pré-preparados com coxinha de camarão, casquinha de salmão, bolinho de bacalhau e bolinha de salmão com catupiry. As caixetas de 300g a 360g procuram atender ao momento do petisco, com facilidade de preparo via aquecimento ou fritura na air fryer.

Confira aqui os produtos que haviam sido lançados para as feiras mais importantes do setor de pescado em todo o mundo, que não aconteceram no primeiro quadrimestre em virtude da pandemia de Covid-19.

Defumados e adocicados A Acme Smoked Fish Corp. preparou o lançamento de dois produtos com salmão defumado: as fatias com açúcar mascavo para petiscar e um blister com 4 pacotes do salmão defumado tradicional selados individualmente - a empresa frisa que cada embalagem fornece 12g de proteína e 1100 mg de ácidos graxos ômega-3.

Caixa para o varejo A caixeta com bacalhau selvagem do Alasca, batatas fritas e massa para empanar seria uma das novidades da Alaskan Leader Seafoods para o evento. Outros dois produtos são os pouches com pré-preparados: bacalhau selvagem com molho marinara e cobertura de parmesão; e polaca do Alasca empanada para tacos.


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Na

Gôndola Madeira de macieira A Ocean Beauty ampliou a linha Echo Falls com estas fatias de salmão selvagem defumado em madeira de macieira e temperado com ervas aromáticas. A embalagem de 113g é um envelope com janela para expor os produtos e temperos.

Drinks e tempero O aproveitamento integral do pescado tem dois novos expoentes. O mix do drink Bloody Mary da Bar Harbor leva suco de amêijoas e de tomate na garrafa de 240 ml, enquanto o molho de pimenta piri piri da Barnacle Foods contém algas kelp do Alasca na sua formulação.

Pérolas marinhas A Bristol Seafood quer facilitar a vida dos chefs domésticos com esta vieira selvagem acompanhada de

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manteiga defumada. Com o mote pegue, cozinhe e aproveite, a empresa apresenta o produto em embalagem skin pack de 198g.

ela destacou os sabores de lagosta e pargo em embalagens de 340g.

Instituição nacional A lagosta do Maine é uma tradição histórica nos Estados Unidos e a Cozy Harbor aproveita para apresentar as garras succionadas da Homarus americanus nesta embalagem a vácuo de 200g com uma grande janela que evidencia o frescor e coloração única do produto.

Do RAS ao prato O European seabass, conhecido como branzino na Itália e robalo em Portugal, já é produzido em sistema de recirculação pela Ideal Fish nos EUA em setembro de 2018. Em dezembro, a marca desembarcou no varejo com esta embalagem individual de até 400g do peixe inteiro e defumado.

Capitão Ômega A ofensiva da Mowi (exMarine Harvest) nos EUA cresce com a linha de apelo infantil Capitão Ômega: cortes empanados a partir de bacalhau ou polaca do Alasca. A marca programou ainda para abril uma série de desenhos animados com o personagem, para aumentar a conexão com o público infantil.

Cortes de salmão Ao público adulto que gosta de cozinhar, a Mowi preparou cortes especiais. Os lombos escallopino, royal e saku facilitam a vida de

Salsicha de pescado A Maine Fresh tem uma linha ampla de salsichas produzidas a partir de aparas de pescado e com ingredientes vegetais sem glúten. Para a feira


quem quer fazer receitas grelhadas ou sashimi. Apesar desta embalagem ao varejo, a empresa também oferece os cortes a restaurantes orientais e “bistrôs de precisão”.

Mexilhões empanados Um novo snack deve ganhar em breve as prateleiras norte-americanas com a iniciativa da Nextwave. Em caixetas de 340g, os nuggets de mexilhões chilenos são empanados

nos EUA e indicados para o cozimento em air fryers.

Panga gourmet As cinco peças de panga empanado em tempurá da Northern Wind oferecem uma nova abordagem ao peixe cultivado no Vietnã. A linha Bon Cuisine também apela aos chefs domésticos.

o macarrão, arroz, sopas, ceviches e molhos do consumidor com conveniência no preparo.

Crosta selvagem Este empanado da Trident envolve uma cobertura crocante feita com batata cozida para manter a suculência da polaca do Alasca capturada e processada nos Estados Unidos. O pouch de 488g contém 3 ou 4 peças.

Pote de mix A Phillips Foods inova com este pote de 226g com mix de pescado com camarão, lula, polvo, amêijoa e garras de caranguejo. O objetivo é incrementar

67


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Estatísticas

Em menor ritmo


Anuário da PeixeBR evidencia como montanha-russa do ciclo produtivo ainda impede expansão vertiginosa da piscicultura no País Texto: Fabi Fonseca | Edição: Ricardo Torres

A

piscicultura brasileira segue na rota de expansão. O crescimento em 2019 foi de 4,9% em 2019, com 758.006 toneladas produzidas, conforme dados do Anuário 2020 da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR) divulgados em 14 de fevereiro. Trata-se de um aumento tímido se comparado a 2017, quando a produção nacional deu um salto de 8%, para 691.700 toneladas.

Em 2018, o desempenho foi apenas 4,5% maior, para 722.560 toneladas de peixes de cultivo. A PeixeBR confessou certa frustração na divulgação dos números, já que as expectativas de crescimento da entidade para o ano apontavam para um salto de 10% no desenvolvimento na produção aquícola nacional. Francisco Medeiros,

presidente executivo da PeixeBR, disse no lançamento do anuário que “a grande oferta de tilápia entre o segundo semestre de 2018 e o primeiro semestre de 2019 provocou redução do povoamento e escassez no segundo semestre.” O ritmo lento da atividade econômica do País também prejudicou o desempenho. “Praticamente toda a

GRÁFICO EVOLUTIVO DO VOLUME PRODUZIDO (TON) X REGIÃO | PEIXEBR (2014 A 2019) X IBGE (2014 A 2018) PeixeBR Centro Oeste

PeixeBR Nordeste

IBGE Norte

IBGE Sudeste

PeixeBR Norte

PeixeBR Sudeste

IBGE Sul

Centro-Oeste

PeixeBR Sul

IBGE Nordeste 229.400

200.000

198.600

178.500

139.128 128.800 123.500 123.000 113.500 104.144

100.000 90.000 90.047 88.264

164.560 164.500 153.020 141.153

134.800 133.500

134.330 125.460

117.368 116.600 101.500

86.709

120.670 104.680 103.830

88.118 79.958

72.345 61.557

152.096

144.159

122.000

124.120

115.300 111.400

112.490

138.980 127.330

110.200

98.808 85.301 84.176

92.388

71.973 63.840

63.736

54.393

50.000 2014

2015

2016

2017

2018

2019

SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2020 • 69

151.600 147.673

150.000

158.900 152.430 149.745

180.170


Estatísticas

Exportação de tilápia cresce 35,78% Entre as espécies aquícolas para consumo humano, a tilápia em filés também aparece como a mais exportada. Dados do ComexStat indicam que os volumes despachados ao exterior foram superiores a 1.045 toneladas, correspondente a uma receita de US$ 5,6 milhões. Na comparação com 2018, a performance foi 35,78% superior no volume e 28,25% na receita. 2019 Item

US$ FOB

2018 x 2019

KG

2018 x 2019

US$/KG

Filés de tilápias (frescos, refrigerados ou conelados)

4.927.152

44,32%

733.134

53,21%

6,72

Filés de tilápias (Oreochromis spp.), congelados

422.976

-35,68%

152.490

15,06%

2,77

Tilápias (oreochromis spp.), congeladas

166.518

-47,51%

86.189

-36,32%

1,93

Outras carnes de tilápias, bagres, carpas, enguias, congeladas

117.157

15396,96%

48.455

27588,57%

2,42

Tilápias (oreochromis spp.), frescas ou refrigeradas

53.344

18,54%

24.938

7,45%

2,14

5.687.147

28,25%

1.045.206

35,78%

5,44

TOTAL

produção de peixes de cultivo – com liderança da tilápia – é direcionada ao mercado doméstico. Como o desempenho econômico não avançou como previsto, a demanda de peixes de cultivo também foi impactada, com picos em momentos específicos, mas decréscimo em algumas regiões e períodos”, disse.

SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2020 • 70

Se a explicação para a performance de 2018 foi a soma dos processos de regulamentação, greve dos caminhoneiros, problemas sanitários, mercadológicos e climáticos, a justificativa para 2019 foi o PIB, certamente o desempenho de 2020 será o coronavírus (leia mais na seção MKT & Investimentos). Mas o movimento cíclico de contração e expansão do povoamento e engorda, que ainda permanece fora de compasso com as variações da demanda ao longo do ano, segue como a maior explicação para uma expansão contida.

Volume em alta De qualquer forma, se avaliamos os últimos seis anos da produção piscícola no País, de acordo com a PeixeBR, o volume saltou 31%. “A boa notícia é que, indiscutivelmente, a piscicultura brasileira está avançando. Nos últimos seis anos (período com levantamento dos números pela PeixeBR), a produção de peixes de cultivo saltou de 578.800

toneladas (2014) a 758.006 toneladas (2019)”, diz Medeiros. A tilápia permaneceu na liderança das espécies aquícolas produzidas no Brasil em 2019, alcançando 432.149 toneladas, ou seja, uma representatividade de 57% de toda a piscicultura nacional. O resultado foi 7,96% superior ao de 2018, quando a atividade registrou 400.280 toneladas da espécie, avançou 11,9% e ficou com 54,1% de representatividade. Os números mantiveram o Brasil como o 4º maior produtor de tilápia do mundo, ainda segundo a PeixeBR. O ranking de produção global ainda é liderado pela China com 1,93 milhão de toneladas produzidas no ano passado, e expectativa de 2 milhão em 2020, depois aparece a Indonésia com 1,35 milhão de toneladas, seguida por Egito, com 940 mil de toneladas, Brasil e Tailândia com 350 mil.

Produção estadual de tilápia No ranking de produção da espécie, os quatro primeiros lugares permaneceram os mesmos de 2018. Paraná continua na primeira posição ao alcançar 146.212 toneladas em 2019, correspondendo a 33,8% do total. A segunda colocação permanece com São Paulo, que apresentou uma

leve queda. No ano passado o Estado produziu 64,9 mil toneladas do peixe, enquanto havia encerrado 2018 com 69,5 mil toneladas. Em seguida aparece Santa Catarina, com produção de 38.559 toneladas contra 33.800 toneladas do ano retrasado. Minas Gerais ocupa o 4ª lugar com 36.350 toneladas em 2019. Conforme a Peixe BR, a surpresa foi a 5ª colocação ficando com Pernambuco: o Estado foi responsável por 25.421 toneladas no período e apareceu na lista pela primeira vez. Em 2018, o lugar pertencia ao Estado da Bahia, que na ocasião produziu 24.600 toneladas, mas ficou com 23.398 toneladas em 2019.

Nativos estagnados Entre os peixes nativos, o anuário considera que produção em 2019 se manteve “estável” com 287.930 toneladas, um aumento de apenas 20 toneladas. O resultado coloca o segmento com 38% da produção total. Entre os principais entraves, destacam-se os problemas sanitários e estruturais, incluindo processamento e comercialização, assim como as dificuldades para obtenção de licenciamento ambiental. “Sob o ponto de vista da produção e oferta de peixes nativos, o resultado é positivo,


VARIAÇÃO POR GRUPOS DE ESPÉCIES 2018 X 2019 | PEIXEBR +10,35% Carpas, trutas e panga Nativos (Tambaqui, pintado, pirarucu e híbridos)

5

%

+0,01

%

Tilápia

+ 7,96%

Tilápia reina

57%

SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2020 • 71

38%

Embora dentro e fora do País todos queiram presenciar um crescimento mais acentuado dos peixes nativos e outras opções, como o panga BR, o Brasil parece mesmo vocacionado a brigar pelas primeiras posições mundiais da tilápia. A participação da espécie é fortemente dominante - e ainda deve crescer mais.


Estatísticas PRODUÇÃO DA PISCICULTURA NO BRASIL | 2015 X 2016 X 2017 X 2018 X 2019 | IBGE X PEIXEBR 2015 IBGE TOTAL

485,652

2016 PEIXEBR

IBGE

2017 PEIXEBR

2.03%

638,000

10.23%

507,122

4.42%

640,510

IBGE

0.39%

547,162

-14.57%

ESTADO

TON (1000)

Var. %

TON (1000)

Var. %

TON (1000)

Var. %

TON (1000)

Var. %

TON (1000)

Var. %

Paraná

69,264

20.79%

80,000

6.67%

76,065

9.82%

93,600

17.00%

98,201

9.82%

São Paulo

32,772

19.69%

60,000

20.00%

48,347

47.52%

65,400

9.00%

47,608

47.52%

Rondônia

84,491

12.62%

65,000

62.50%

90,636

7.27%

74,750

15.00%

39,884

7.27%

Santa Catarina

33,311

5.41%

35,300

17.67%

34,706

4.19%

38,830

10.00%

52,618

4.19%

Mato Grosso

47,438

-22.16%

74,000

-1.33%

40,412

-14.81%

59,900

-19.05%

36,609

-14.81%

Maranhão

21,170

16.69%

23,000

15.00%

24,427

15.39%

24,150

5.00%

27,979

15.39%

Minas Gerais

20,838

17.02%

25,000

0.00%

32,804

57.42%

23,000

-8.00%

31,327

57.42%

Mato Grosso do Sul

6,783

36.71%

23,000

15.00%

6,891

1.60%

24,150

5.00%

18,041

1.60%

Goiás

15,637

-27.67%

34,000

3.03%

15,472

-1.06%

34,000

0.00%

16,503

-1.06%

Bahia

11,502

12.33%

25,000

0.00%

10,762

-6.44%

25,500

2.00%

18,168

-6.44%

Pernambuco

6,625

39.25%

11,000

10.00%

6,580

-0.69%

12,100

10.00%

22,792

-0.69%

Pará

13,980

17.42%

18,000

20.00%

12,909

-7.66%

19,080

6.00%

12,269

-7.66%

Rio Grande do Sul

14,793

-2.68%

19,500

8.33%

14,689

-0.70%

20,000

2.56%

13,741

-0.70%

Amazonas

22,636

0.48%

25,000

8.70%

21,079

-6.88%

27,500

10.00%

7,574

-6.88%

Piauí

8,201

6.62%

16,000

23.08%

8,807

7.39%

17,000

6.25%

10,402

7.39%

Roraima

10,978

-22.42%

21,000

5.00%

10,473

-4.60%

14,700

-30.00%

9,379

-4.60%

Espírito Santo

6,669

-16.10%

12,000

9.09%

5,357

-19.68%

10,800

-10.00%

3,751

-19.68%

Tocantins

8,870

-7.74%

16,000

-20.00%

9,544

7.61%

15,200

-5.00%

11,542

7.61%

Alagoas

3,517

33.54%

2,700

8.00%

4,371

24.30%

2,830

4.81%

11,648

24.30%

Rio de Janeiro

1,278

1.84%

4,500

12.50%

1,610

26.04%

4,630

2.89%

1,490

26.04%

Acre

6,072

12.42%

6,000

20.00%

4,418

-27.25%

7,020

17.00%

3,899

-27.25%

Sergipe

3,026

-34.37%

6,500

8.33%

3,119

3.06%

6,100

-6.15%

5,479

3.06%

Rio Grande do Norte

2,506

4.85%

3,300

10.00%

2,390

-4.62%

2,500

-24.24%

17,607

-4.62%

Paraíba

2,266

50.34%

1,100

10.00%

2,131

-5.95%

2,500

127.27%

4,993

-5.95%

Ceará

27,896

-23.13%

28,000

-15.15%

17,371

-37.73%

12,000

-57.14%

22,087

-37.73%

Distrito Federal

2,487

-1.32%

2,500

212.50%

1,066

-57.13%

2,620

4.80%

820

-57.13%

646

27.69%

600

20.00%

686

6.18%

650

8.33%

754

6.18%

Amapá

¹Até o fechamento desta edição, os dados mais recentes da Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE eram relativos a 2018

SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2020 • 72

Metodologia Como os dados da PeixeBR e IBGE ainda contrastam de maneira evidente, indicamos aqui as justificativas da entidade para a metodologia adotada. Segundo o Anuário, os dados são fruto de parcerias com instituições como Sindicato Nacional da Indústria de Ração Animal (Sindirações), associações e cooperativas de produtores estaduais e regionais, órgãos estaduais vinculados à produção e à assistência técnica, produtores de alevinos e peixes de cultivo, principais frigoríficos, atacadistas e varejistas.

pois inverteu a tendência de queda verificada nos anos anteriores”, avalia Medeiros. O tambaqui puxou a produção dos nativos em 2018 e 2017, que no ano passado recuou 4,7%. “O trabalho de reorganização da cadeia produtiva de peixes nativos está sendo realizado. Alguns Estados da região Norte avançaram mais que outros. Porém, ainda há um longo caminho a percorrer. É preciso investimentos

em infraestrutura (plantas de processamento, desenvolvimento de novos produtos etc), controle sanitário, logística e licenciamento ambiental. A parceria da iniciativa privada com o setor público, incluindo os governos municipais, estaduais e federal, precisa ser intensificada”, frisou Medeiros. Em 2019, o segmento representou 38% na produção total, com uma leve queda em relação aos 39,84% do ano anterior. Já entre os Estados, Rondônia


2018 691,700

IBGE

7.99%

579,262

TON (1000)

Var. %

112,000

19.66%

69,500

PEIXEBR 5.87%

722,560

TON (1000)

Var. %

121,479

23.70%

6.27%

51,628

77,000

3.01%

44,500

14.60%

62,000

IBGE

PEIXEBR

4.46%

758,006

4.91%

432,149

287,930

37,927

TON (1000)

Var. %

TON (1000)

129,900

15.98%

154,200

Var. %

Tilápia

Nativo

Carpas, trutas e panga

18.71%

146,212

4,194

3,794

8.44%

73,200

5.32%

69,800

-4.64%

64,900

4,200

700

50,181

25.82%

72,800

-5.45%

68,800

44,445

-15.53%

45,700

2.70%

50,200

-5.49%

0

68,800

-

9.85%

38,559

3,092

8,549

3.51%

33,975

-7.20%

54,510

-12.08%

49,400

-9.37%

3,100

46,280

20

26,500

9.73%

27,699

-1.00%

39,050

29,000

26.09%

35,429

13.10%

33,150

47.36%

45,000

15.24%

4,019

38,511

2,470

14.31%

38,600

16.44%

36,350

1,350

900

25,500

5.59%

13,891

-23.00%

33,000

-2.94%

15,537

-5.85%

25,850

1.37%

29,800

15.28%

25,300

4,500

-

30,630

-7.18%

29,500

-3.69%

17,641

11,744

115

27,500

7.84%

15,351

-15.51%

30,460

10.76%

28,600

-6.11%

23,398

5,202

-

17,000

40.50%

20,000

4.82%

22,789

-0.01%

23,470

38.06%

25,500

8.65%

25,421

61

18

13,631

11.10%

23,720

18.60%

25,500

7.50%

383

25,005

112

22,000

10.00%

14,246

3.67%

23,000

4.55%

25,000

8.70%

6,828

1,868

16,304

28,000

1.82%

18,000

5.88%

8,162

7.77%

15,270

-45.46%

20,596

34.88%

13,127

26.20%

19,310

7.28%

19,890

3.00%

16,000

8.84%

12,000

11.11%

10,818

15.35%

17,100

6.88%

18,400

7.60%

4,073

8.59%

13,190

9.92%

14,230

7.88%

13,756

474

-

14,500

-4.61%

11,367

-1.51%

14,600

0.69%

13,300

-8.90%

35

13,265

-

3,500

23.67%

9,344

-19.78%

8,250

135.71%

8,000

-3.03%

5,398

2,602

-

4,800

3.67%

1,258

-15.60%

4,580

-4.58%

4,700

2.62%

3,852

678

170

8,000

13.96%

3,826

-1.88%

8,500

6.25%

4,400

-48.24%

64

4,336

20,596 7,544

9,217

3,129

18,400

6,600

8.20%

4,372

-20.20%

3,550

-46.21%

3,690

3.94%

1,338

2,151

201

2,300

-8.00%

22,165

25.89%

2,410

4.78%

3,200

32.78%

1,733

95

1,372

52

73

3,000

20.00%

5,116

2.47%

2,930

-2.33%

3,100

5.80%

2,975

7,000

-41.67%

24,197

9.55%

4,900

-30.00%

2,000

-59.18%

2,000

1,500

-42.75%

334

-59.33%

1,500

0.00%

1,500

0.00%

1,259

241

-

1,000

53.85%

823

9.24%

1,030

3.00%

1,100

6.80%

84

1,016

-

permanece na liderança isolada da categoria com 68.800 toneladas. Depois vem Mato Grosso com 46.280 toneladas e Maranhão com 38.511 toneladas, seguidos por Pará com 25.005 toneladas e Amazonas com 20.596 toneladas - o Estado ganhou a quinta posição de Roraima que produziu apenas 18.400 toneladas de peixes de cultivo em 2019.

Panga segue em ascensão As “outras espécies” (como carpas, truta e panga) saltaram 8,72% em 2019,

indo de 34.370 toneladas para 37.927 toneladas. A participação no total da produção cresceu de 4,6% para 5%. Segundo a PeixeBR, a presença do panga em Estados das regiões Sudeste (principalmente em São Paulo) e Nordeste, além do aumento das carpas e trutas na região Sul, são alguns motivos do aumento da produção do segmento. No ranking por Estados o Rio Grande do Sul aparece na dianteira

-

com 16.304 toneladas, seguido por Santa Catarina com 8.549 toneladas e Paraná com 3.794 toneladas. Já o Piauí ocupa a 4ª colocação com 3.129 toneladas e Maranhão com 26.470 toneladas fecha a lista.

Peixes de cultivo por Estados O Paraná permanece com a liderança da produção nacional peixes de cultivo por Estados em 2019 com 154.200 toneladas. Já São Paulo foi outra vez o 2º colocado com 69.800

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PEIXEBR

2019


Estatísticas Índice de confiança dos piscicultores A PeixeBR inovou este ano com um novo monitoramento feito pela Texto Assessoria. Os associados indicaram o nível de confiança na economia em 2020 (pré-Corona).

ÍNDICE DE CONFIANÇA DA PISCICULTURA NA ECONOMIA BRASILEIRA EM 2020

ÍNDICE DE CONFIANÇA DA PISCICULTURA NA ATIVIDADE EM 2020

9% Confiantes

55%

36%

17,6%

36,2%

Confiantes

Muito confiantes

Muito confiantes

Extremamente confiantes

Extremamente confiantes

36,2%

toneladas, mas o Estado não esteve tão bem na atividade no ano passado se comparado a 2018, quando produziu 73.200 toneladas e assumiu a viceliderança do ranking. Problemas como a demora na liberação de águas da União para produção e na política tributária estadual, que beneficia os vizinhos, como Mato Grosso do Sul foram alguns dos motivos apontados que impediram o crescimento da atividade na região. Com outro ano em queda, Rondônia produziu 68.800 toneladas em 2019 e continua com a terceira colocação, vale lembrar que a região já vem de uma queda de 5,5% em 2018, ao registrar 72.800 toneladas de peixes de cultivo no geral.

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Santa Catarina apresentou uma variação positiva de 9,8% e ocupou a 5ª colocação do ranking com 50.200 toneladas. Já o Mato Grosso teve queda de 9,4% na produção e desceu uma posição na tabela com 49.400 toneladas. A 6ª e 7ª colocações se mantiveram com Maranhão e Minas Gerais produzindo 45.000 toneladas e 38.600 toneladas, um aumento de 15,2% e 16,4%, respectivamente, em relação a 2018. O Estado do Mato Grosso do Sul também elevou sua produção, saindo da 10ª para a 8ª colocação com 29.800 toneladas, um aumento de 15,3% sobre o ano anterior. As principais espécies

são a tilápia (80%) e os peixes nativos (20%). Já Goiás caiu 3,7% e fechou o ano com 29.500 toneladas. A Bahia também apresentou queda de 6,1% e desceu uma posição com 28.600 toneladas.

Demais Estados Já nos Estados fora do “Top 10” de produção anual, Pernambuco encerrou a atividade de 2019 com 25.500 toneladas, seguido por Pará que também esteve com 25.500 toneladas e Rio Grande do Sul na 13ª posição com 25.000 toneladas - o Estado lidera o segmento de “Outras Espécies”, principalmente com a produção de carpas. A 14ª colocação ficou com Amazonas, com salto de 34,9% e encerrando 2019 com produção total de 20.596 toneladas. O Piauí cresceu pouco e caiu uma posição na tabela com 19.890 toneladas. Logo atrás vem Roraima com seu salto de 7,6% para 18.400 toneladas. Com 14.230 toneladas em 2019, o Espírito Santo subiu uma posição na tabela e cresceu 7,9%. Já Tocantins ficou na contramão e caiu 8,9% com 13.300 toneladas. Quem também teve recuo foi Alagoas em 3%, embora tenha subido uma posição no ranking com 8 mil toneladas no ano. O Rio de Janeiro subiu duas posições e ocupa o 20ª do ano com 4.700 toneladas. O Acre aparece na sequência ao despencar 48,2% e ficar

na 21ª colocação com 4.400 toneladas. Fatores como a falta de legislação ambiental, elevada tributação, insegurança jurídica, pouca tecnologia disponível, baixos níveis de controle de qualidade da água e altos custos de energia e alimentação formaram um combo negativo que levaram a produção cair pela metade no último ano. Sergipe fechou a produção anual com 3.690 toneladas e um crescimento de 3,9%. Com um salto de 32,8%, o Rio Grande do Norte ganhou duas posições no ranking ao alcançar 3.200 toneladas. Com a produção de tilápia estável, o panga agitou a atividade que, segundo estimativas locais, já representa mais de 40% da produção do Estado. A Paraíba aparece na mesma colocação de 2018, porém, com crescimento de 5,8%, para 3.100 toneladas. Para o Ceará a situação ficou feia, responsável por uma das maiores quedas da tabela com 59,2%, o Estado despencou da 21ª para a 25ª colocação com 2.000 toneladas. O clima é apontado como o principal fator: a seca fez a produção de tilápia migrar a outros polos e despencar. Já as últimas duas colocações permaneceram as mesmas: Distrito Federal sem variação nas 1.500 toneladas e o Amapá com crescimento de 6,8%, mas firme na lanterna do ranking com 1.100 toneladas.


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Divulgação/Mr. Poke

Na Cozinha

Mais fresco impossível


Método “Escolha e Coma” faz sucesso nos restaurantes com pescado vivo, mas esbarra em desafios regulatórios e ainda é pouco explorado no País Texto: Fabi Fonseca

O

Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), os restaurantes que investem no formato de conservar pescado vivo para abater e oferecer aos clientes não possuem legislação específica. “Como o pescado irá ser consumido direto, ele precisa vir de estabelecimento registrado no SIF, SIE ou SIM”, indica Lucio Akio Kikuchi, coordenador geral de programas especiais do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (CGPE/ DIPOA). Isso implica na observância às exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que rege o comportamento dos Estados e municípios.

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“Escolha e Coma” é um método comum na Espanha e na Ásia, mas pouco utilizado pelos restaurantes que oferecem pescado no Brasil. Escolher o próprio pescado e saboreá-lo ali mesmo no local enquanto ainda está fresco parece ser uma opção irresistível aos amantes de peixes e frutos do mar, mas este formato no food service esbarra, entre outras questões, nos desafios regulatórios.


Na Cozinha

Ao prato Assim que é capturado pelo cliente e levado em um puçá por um funcionário, o pescado é levado para a cozinha para ser filetado pelo chef enquanto ainda está fresco. O preço do peixe capturado pelos clientes é mais barato do que o preço normal do pedido. A rede Zauo costuma reunir principalmente famílias com crianças e estrangeiros. O cardápio é variado, mas a diversão de “pescar” é certamente o maior atrativo. O objetivo do Zauo é oferecer uma experiência além das expectativas para que os clientes compartilhem a surpresa e emoção com os demais. “Embora cada país tenha suas próprias circunstâncias, o conceito ‘Experimentação do sabor próprio da comida’ tem aceitação por todo o mundo”, assinam os irmãos Takahashi.

Pescado bom é pescado seguro A pesquisadora científica do Instituto de Pesca da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de SP, Rúbia Tomita, esclarece que a legislação indica que o abate de animais deve ser realizado em estabelecimentos sujeitos à inspeção e fiscalização federal e que devem atender às exigências e critérios dispostos no RIISPOA (DECRETO No9.013, de 29/03/2017). “Os animais para abate são inspecionados ante e post mortem, ou seja, antes e após o abate”, informou.

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Conforme ela, não há menção sobre a possibilidade de utilização de matéria-prima “viva” ou da realização de abate na estrutura comumente disponível em estabelecimentos destinados aos serviços de alimentação. Tomita destaca ainda a preocupação com a ocorrência de contaminação cruzada nos restaurantes como uma situação primordial para a exigência de áreas distintas destinadas às várias etapas no preparo de alimentos. “Atualmente, o RIISPOA é soberano para a questão do abate no território nacional, assim, seja para consumo ou para o processamento (industrialização), qualquer animal e estabelecimento estão sujeitos ao que está disposto neste Regulamento, sendo ponto fundamental para a Saúde Pública e destacando a importância dos serviços de inspeção e vigilância sanitária no processo alimentar da população”, sublinhou. A segurança do alimento é unânime entre os profissionais da área. Sarah de Oliveira, médica-veterinária e sócia da Lex Experts, explica que a primeira medida para a garantia da segurança dos produtos de origem animal se dá já na origem. E que ao considerar os sistemas de cultivo, é preciso considerar a sanidade animal (controle de doenças, vacinação, qualidade da água, ração etc.) e as questões sanitárias que se iniciam já na despesca. “Quando pensamos nos locais de manipulação temos os programas de qualidade como requisitos legais, como as Boas Práticas de Manipulação (BPF), Programas de Autocontrole (PAC) e a Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC). Os estabelecimentos precisam garantir a origem da matéria-prima e por meio de procedimentos descritos, implementados e monitorados devem garantir o controle do processo produtivo”, frisou.

Segundo Oliveira, mesmo para um restaurante que tem produção própria de pescado é obrigatório ter toda parte de sanidade e sanitária com registro da produção, área de abate, inspeção do produto e responsabilidade técnica referentes aos produtos que vai oferecer com registro no Serviço de Inspeção Municipal, Estadual ou Federal. Na forma atual não tem como fugir da inspeção do pescado antes do consumo. Os estabelecimentos que receberem pescado vivo e realizarem o abate terão que ter uma área específica para isso, dentro do serviço de inspeção. Inclusive os que queiram comprar direto do produtor precisam, por exemplo, higienizar o pescado antes de transformar em postas, filé ou outras apresentações. Já para os restaurantes que escolhem compram o pescado direto dos produtores, e então abater no estabelecimento, uma das suas propostas é sempre trabalhar com a questão de associações e cooperativas, como cita o exemplo do Projeto de Lei do vereador Marquito (PSOL), protocolado em Florianópolis (SC), para que estes estabelecimentos possam comprar direto dos pescadores artesanais. “No meu ponto de vista a ideia é muito interessante e deve ser trazida para discussão visto o universo de especificidades que temos na cadeia pesqueira. É importante estimular o comércio local, no entanto todas as medidas de garantia a saúde pública devem ser consideradas. A mesma situação se aplica aos “Escolha e Coma”, já que, embora o cliente pesque o seu peixe, o estabelecimento de alguma forma acaba manipulando o pescado”. Num possível modelo de associação defendido, como numa colônia de pescadores, por exemplo, poderíamos pensar num único local devidamente regularizado para manipulação do pescado. Desse modo haveria a diluição dos custos para adequação das áreas de manipulação e a oportunidade da expansão da comercialização dos produtos artesanais, uma vez que devidamente inspecionados e rotulados podem ser apresentados em diferentes pontos de venda e até mesmo nos restaurantes locais. “A regulamentação brasileira determina que se tenha inspeção e ponto. Temos muitas peculiaridades para o pescado que devem ser trazidas para discussão, porém como já mencionei, não se pode afrouxar porque precisamos pensar na saúde pública”, cravou.


Essa brecha regulatória não é exclusividade brasileira, mas não impede que o modelo seja um sucesso em diversos países. Takuya Takahashi, vice-presidente do restaurante Zauo, com casas espalhadas pelo Japão e uma delas em Nova York (Estados Unidos), indica que no cenário norteamericano a autoridade sanitária local reconhece a Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) como mecanismo suficiente para assegurar a qualidade dos alimentos.

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O Zauo teve origem de uma empresa de vestuário profissional, a Harbour House Co., Ltd. que depois mudou para o ramo de restauração com o desejo de “Surpreender os clientes” acima de tudo. Esse era


Na Cozinha objetivo do pai dos irmãos Takahashi, Noriki Takahashi, que se preparava para a abertura do terceiro restaurante em Noma, na província de Fukuoka, em fevereiro de 1999, quando teve uma ideia de instalar um aquário equipado com uma grande roda d’água no espaçoso salão do restaurante. Quando se deu conta da dificuldade de construir uma roda d’água no local, decidiu construir um grande barco. Na sequência, instalou um sistema de “pesque e coma” que mais tarde seria a marca mundial da rede - atualmente com 20 filiais. A oportunidade de pescar seu peixe favorito no aquário e comêlo no local em várias preparações encanta inúmeros clientes todos os anos, enquanto ainda está fresco. São oferecidos pratos diretamente no menu, mas a preferência de quase 90% do público é pescar. Cada cliente pode alugar uma vara e fisgar seu peixe favorito, como pargo, dourada, linguado, carapau e camarões, entre outros. Em 2014, o conceito chegou aos EUA. “Decidimos abrir uma loja em Nova York porque é uma cidade de diversidade, que aceita o conceito único do Zauo”, explicou à Seafood Brasil Takuya, que divide o comando da empresa com o irmão e presidente, Kazuhisa Takahashi.

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Em Nova York, quase 90% do público prefere alugar sua própria vara para “pescar”. Eles ainda podem escolher entre os dez tipos de peixes oferecidos diretamente no menu.

Em solo americano, o Zauo oferece atualmente 10 tipos de peixes, mas o mais buscado na cidade é a truta arcoíris. “Compramos cerca de 2000 a 3000 peixes por mês”, ressaltou Takuya. Sem planos de expandir a empresa no país, o foco dos irmãos está em proporcionar aos visitantes uma experiência única na “pesca do próprio peixe”. Ele faz questão de dizer que protege fortemente o “segredo comercial” do sucesso do sistema de peixes vivos da rede.

Traíra para todos os gostos Não é um barco gigante que atrai o público ao Sabor da Traíra, mas as diversas opções de pratos com o peixe de água doce. Há nove anos, a traíra em várias formas têm conquistado turistas que passam por Santa Maria, em Marechal Floriano, no Espírito


Há nove anos, o restaurante da família Lorenzoni atrai turistas que passam por Santa Maria, no Espírito Santo

Santo. Na propriedade existe um lago para a criação do peixe, que abastece cerca de 50% do restaurante.

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A traíra é o carro-chefe do negócio da família Lorenzoni, que nasceu com a ideia de seguir o estilo “Pesque e Coma”. “Meu pai aprendeu a filetar e começamos a fazer no formato ‘Escolha e Coma’”, lembrou Wolfgang Steve Lorenzoni, co-proprietário do Sabor da Traíra junto a mãe, pai e irmã. Ainda que conte com uma produção própria dos peixes comercializados no restaurante, Lorenzoni explica que a média de 150 kg de traíra vendida no local não é 100% produzida na região. “A produção da traíra depende da época do ano, às vezes chega a ser em 50% de todo o consumo do


Na Cozinha Isca de traíra, moqueca de traíra e traíra espalmada dividem a preferência do público do Sabor da Traíra

aquário de caranguejos em destaque que são comercializados no local. Fundado em 2010, o restaurante familiar tem como público principal os turistas e funcionários das empresas na região. Com o conceito “Escolha e Coma”, embora exclusivo aos caranguejos, também está disponível às ostras - que em breve ganharão um aquário na recepção da casa, conforme João Batista de Oliveira, o Júnior, administrar do local junto a seus pais João e Maria da Paz Silva de Oliveira.

restaurante; o restante é comprado fora”. Um exemplo é a tilápia, cujas vendas são mais tímidas. O menu da casa dá mais destaque à isca de traíra, moqueca de traíra e traíra espalmada. “A tilápia não é produzida aqui e costuma ser comprada em filés”, destacou o proprietário. Na propriedade de 25 hectares da família, a fiscalização acontece no restaurante e é feita pela Vigilância Sanitária do Município de Marechal Floriano.

Sucesso dos caranguejos na terra dos camarões O restaurante Monte das Oliveiras é vizinho de grandes laboratórios de produção de póslarvas de camarão como a gigante Aquatec e a Tecmares, em Barra do Cunhaú, no Rio Grande do Norte. Mas, na casa, este crustáceo perde feio a preferência dos clientes para os caranguejos das espécies uçá e guaiamum. E o motivo está bem na entrada do estabelecimento: um

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Em frente às famosas piscinas naturais em Cunhaú, o cardápio do Monte das Oliveiras faz sucesso com os caranguejos uçá e guaiamum, além do camarão, ostras, tilápia e espécies nobres

O sistema de peixe vivo foi associado à fazenda de camarão da família Oliveira, localizada a 300 metros do novo estabelecimento onde antes funcionava o primeiro restaurante. No antigo local havia uma estrutura de pesca esportiva que atraía um bom público, embora o modelo tenha sido deixado de lado. “Os clientes pescavam e fazíamos o pescado na hora”, conta. Além do camarão, a produção é completada com tilápia e ostras. Já os caranguejos são trazidos de fora. “Toda nossa produção de ostras e tilápia é voltada para o restaurante”, explicou Júnior.


A fazenda de camarão tem 70% do volume destinado ao estabelecimento e o restante é vendido a terceiros para ajudar nas despesas. Indiscutivelmente o queridinho do público do Monte da Oliveiras é o uçá, em seguida aparece o

guaiamum, camarão, ostras e tilápia. O cardápio amplo ainda conta espécies nobres como cioba, cavala, arabaiana e dourado entre os mais procurados. À beira da praia de Cunhaú, o local passa por mudanças para

abrigar suítes para aluguel. A ideia é oferecer todo o suporte ao cliente com estadia e alimentação em frente às famosas piscinas naturais em Cunhaú. “Neste ano ainda pretendo fazer uma expansão e montar umas filiais em Natal e na praia de Pipa”, revelou Júnior.

Edo Zushi

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A ambientação com peixes vivos pode ser uma alavanca para o consumo, ainda que os animais não sejam abatidos e consumidos no local. É o caso do Edo Zushi, restaurante sediado em São José dos Campos, em São Paulo, que opera no modelo de buffet livre com preços que variam entre R$ 109,90 (almoço de terça a sexta) a R$ 119,90 (fins de semana). O proprietário, Eduardo Suga, acumula experiência internacional no Japão e nos Estados Unidos, e leva ao aquário a mesma obsessão por qualidade que tem com os pratos. O resultado é um ambiente confortável e prazeroso, que encanta tanto quanto as próprias receitas que fogem do tradicional.


Personagem

Para aparecer na estatística Zootecnista paranaense Márcia Bussons realiza sonho de viver no campo enquanto se esforça para aquicultores fluminenses aparecerem no mapa

E

stagiários de todo o País aproveitam a didática e o foco na atividade prática que Márcia Regina Fragoso Machado Bussons e o marido, Iurych, cultivaram durante o período em que fizeram parte do corpo docente da Universidade Nilton Lins, em Manaus; ela zootecnista e doutora em aquicultura pelo Caunesp/SP, ele engenheiro de pesca e mestre pelo programa de pós-graduação em ciências pesqueiras nos trópicos da UFAM. Ambos ex-professores da instituição da Região Norte, decidiram mudar de vida a partir da aprovação de Iurych em um processo seletivo do Grupo Guaravita, em 2018. Hoje vivem na fazenda do grupo em Casimiro de Abreu, no interior do Rio de Janeiro, onde cuidam da produção e recebem os estudantes. “Trabalhamos exclusivamente com a tilápia, desde a larvicultura até a engorda. O objetivo é produzir os peixes e beneficiar o filé da Fazenda Dona Branca, já que possuímos o SIE/Prosperar e estrutura de beneficiamento para abastecer todo o Estado do RJ”, descreve Márcia.

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A paranaense se apaixonou pelo Rio de Janeiro quando teve a chance de estudar robalos do Rio São João no seu doutoramento em Macaé e Região dos Lagos. Hoje ela considera que realizou um sonho. “Gostava da vida de professora, mas sempre quis voltar ao campo. Hoje posso criar meus filhos na fazenda e ainda estamos perto da cidade.” Cidades próximas, como Rio das Ostras e Macaé, tem forte demanda por tilápia fresca. O apetite local é um termômetro de todo o Estado, que tem baixa oferta e não figura nas posições de destaque dos rankings de piscicultura do País. Este é um cenário que Márcia, em parceria com outros produtores, se comprometeu a mudar a partir do pouco suporte governamental e disponibilidade de insumos, como alevinos. “Não havia peixes de qualidade na região quando entramos, comprávamos do Espírito Santo, Minas Gerais ou São Paulo. Percebemos que existe este espaço e hoje temos uma larvicultura própria, mas o foco do grupo é em ter o melhor filé de tilápia do Rio de Janeiro.” Agora o desafio é aumentar a engorda local, o que deve ser acelerado com a constituição da Peixe RJ. “Comecei a conversar com a Marilsa [PeixeSP] e o Francisco [PeixeBR] para abrir a Peixe RJ e já estamos aprovando o estatuto baseados no modelo paulista. Fizemos um evento em outubro do ano passado e atraímos 100 piscicultores da região, mas esperávamos a metade”, pondera. Agora, mais de 50 produtores pretendem ingressar na entidade, o que anima a paranaense. “Com a formação da Peixe RJ, um dos nossos objetivos é fazer com que a produção de tilápia cresça no Estado do RJ de forma tecnológica e sustentável.” Para quem têm o cooperativismo no sangue, este é um movimento natural.


ABRAPES CONTRA O COVID-19 A Associação Brasileira de Fomento ao Pescado - ABRAPES informa que todas as suas empresas associadas estão cientes das orientações do Ministério da Saúde e estão adotando as medidas preventivas cabíveis para combater o coronavírus. Trabalhamos constantemente para evitar o desabastecimento e garantir a disponibilidade de pescado nos pontos de venda nestes dias tão difíceis que atravessamos. Ressaltamos a importância do consumo de peixe, proteína rica em vitaminas e sais minerais, para o fortalecimento da imunidade. Seguiremos fazendo a nossa parte, com muita força e foco no combate ao COVID-19!

ABRAPES AGAINST THE COVID-19 The Brazilian Association for the Fish and Seafood Promotion – ABRAPES informs that all its associated companies are aware of the Ministry of Health’s guidelines and are adopting the appropriate preventive measures in order to avoid coronavirus spread. We are constantly working to avoid shortages and to guarantee the availability of fish and seafood at points of sale in these difficult days we are going through. We emphasize the importance of fish consumption, a protein rich in vitamins and minerals, to strengthen immunity.

+55 11 5105 8269

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We will keep doing our part, with great strength and focus on fighting COVID-19!


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