22
Direcção
Joana Nicolau Sónia Bento Tó Moisés Regalado
Equipa
Alberto Darame Ivo Alves Vanessa Cardoso Daniela Ribeiro Olheiro A.Silva (Primouz) P.Silva (Primouz) João Coelho Teresa Vieira Ângelo Rodrigues Grilo
Design
Hugo Araújo (Snake) André Almeida (Phomer) Propaganda 13
E como isto toca a todos, finalmente, chegou a minha vez. Edição número 9 é o registo. A partir daqui tudo pode ser possível, tudo pode ser mudado, tudo pode acontecer. O mistério paira no ar como as mudanças que se avizinham. Sintonizem as antenazinhas nerds do Hip Hop e comecem a fazer suposições sobre o que se vai passar ou não. Multipliquem o nosso buzz por 2 e assim chegaremos a todo o mundo. O Universo é o próximo passo. Por: Olheiro
Webmaster
Actualidade Internacional
1
Actualidade Nacional
3
Oeiras Alive
5
UB Squad
7
Beyoncé @ Pavilhão Atlântico
8
Creamfields
9
Soul Wax / 2 Many Dj’s
12
MK
14
Darksunn
17
Antisocial Reords
20
Vokábulo
22
Aztek Clothing
24
Expensive Soul
26
Os ilimitados
28
Criticas de CD´s
29
Vá para fora cá dentro -Aveiro
32
Grandes Malhas
33
Cultuga Nacional
35
Zoom-in Creamfields
37
Head´s up
39
MixTape IVStreet : Praso - Focus 360º
40
Fresh
Colaboradores
Kooltuga Estrofe D. Kid Pedro Simões Ferreira
Sub Escuta
5
24
9 8 26 7
14
Deep Crates Vol.2
KRS- One & Marley Marl HipHop Lives
Dilated Peoples – Release Party A 31 de Julho tem lançamento o documentário em formato DVD RELEASE PARTY, um olhar cronológico sobre a carreira dos Dilated Peoples, desde a sua saída da Capitol Records. Além do documentário, irá contar com um CD bónus com 7 novas faixas, tudo isto num lançamento Decon Media & ABB Record.
Big Shug com novo projecto Aqueles que no passado foram grande rivais, juntam-se agora, 20 anos depois, para lançar o aguardado projecto discográfico HIPHOP LIVES. KRS-One e Marley Marl colocaram de parte os seus desentendimentos, e apresentaram no passado dia 22 de Maio um projecto que promete marcar o ano de 2007, nem que seja pela sua carga simbólica. Kill a Rapper é o primeiro single do disco, que terá lançamento pela Koch Records.
Depois do álbum de estreia a solo WHO’S HARD, o membro da Gangstarr Foundation, Big Shug prepara-se para lançar o seu projecto intitulado STREETCHAMP. Com produções a cargo de Dj Premier e MoSS, o disco irá contar com participações de nomes como Termanology, Lil Fame (M.O.P), Sean Price , Big Twins (Infamous Mobb),Singapore Kane, e Dre Robinson. Podem ouvir o primeiro single It Just Don't Stop em http://www.myspace.com/gangstarrfoundation num projecto aguardado para o 17 de Julho e com lançamento pela Babygrande Records.
Kanye West prepara Graduation Já saiu o segundo volume do projecto DEEP CRATES, um DVD que reúne várias reportagens e entrevistas, a grandes produtores da cena norte americana. Neste segundo volume podem contar com depoimentos de nomes como Pete Rock, 45 King, Grand Wizard, Jake One, Marley Marl, Domingo, Marco Polo, JZone, 88-Keys, entre muitos outros.
Ao contrário do que se esperava, GRADUATION parece estar bem encaminhado para sair ainda este Verão. Segundo a Def Jam, o novo álbum de Kanye West tem data de lançamento marcada para finais de Agosto, sendo o primeiro single o tema Can't Tell Me Nothing. Também em GRADUATION o emcee de Chicago irá contar com colaborações extra-Rap, como é o caso de Chris Martin o vocalista de Coldplay.
Putos qui a ta cria na Semana Europeia da Juventude
Outro Mundo – EP 19/74
Suarez – Visão de um Estranho
Constituído pelos emcees Mess e Máfia, a dupla oriunda do Porto, Outro Mundo, já têm disponível gratuitamente para download o EP 19/74, com algumas produções por parte do beatmaker Kooltuga. Podem fazer o download do projecto em www.1974.web.pt
Decorreu de 2 a 6 de Junho em Bruxelas a Semana Europeia da Juventude. Este evento divulgou bons exemplos de projectos que tenham decorrido ao longo do Programa Juventude. O tema foi a “Inclusão Social e Diversidade dos jovens na Europa” e a Agência Nacional Portuguesa considerou que o projecto Putos qui a ta cria foi um bom exemplo dentro daquilo que a Comissão procura. Trabalharam com jovens desfavorecidos, com origens diversas e com histórias nem sempre fáceis. Produziram um CD e DVD de música, com letras escritas e interpretadas pelos próprios. Parabéns aos Putos qui a ta cria pela representação na Semana Europeia da Juventude.
Duplo – Projecto Escondido Johnny T e Urbano – Identificação
Identificação é projecto que reúne Johnny T e Urbano, e que conta com participações de nomes como Lancelot, Agir, e Pioneiro, entre outros. A venda do álbum está a cargo da DarkMixtapes.
Duplo prepara a sua estreia no mercado discográfico nacional com o seu EP de originais PROJECTO ESCONDIDO. Este projecto já se encontra em fase de gravação e será posto à venda na loja Online DarkMixtapes a partir do mês de Junho. O EP irá contar com participações de nomes como Noia (Do Porto) Stregul (Vila do Conde), e produtores como MK (Esquadrão Furtivo) Né (Barrako 27), Chezter e Multih, entre outros. Podem escutar um pouco do projecto em www.myspace.com/duplomc Depois de ter participado em vários projectos como MC ou Produtor e de ter organizado a compilação ALEM DO TEJO, Suarez está de volta com o seu primeiro álbum de originais intitulado VISÃO DE UM ESTRANHO. Neste projecto podemos contar participação de nomes como Lancelot, Camate, Zikler, Paolo, Bicas, Blackid, Nova, Biex e de Dora Borralho. As produções ficaram ao cargo de Luís Soares e do DJ MCM. VISÃO DE UM ESTRANHO está a venda desde o dia 18 de Junho e em todas as lojas Fnac. A distribuição ficou ao cargo da Compact Records, a masterização ficou nas mãos de Armando Teixeira e a gravação e mistura por parte te Suarez.
Oeiras Alive
Dia: 10 de Junho Local: Passeio Marítimo de Algés Artistas: Tora Tora Big Band, Nigga Poison, Vicious 5, Wraygunn, The International Noise Conspiracy, Sam the Kid, Matisyahu, Da Weasel e Beastie Boys.
No último dia da primeira edição do Festival Oeiras Alive a música urbana era o prato principal da ementa. Num final de tarde iluminado por um sol radiante, a primeira actuação coube aos Tora Tora Big Band, no palco Sagres Mini. Os doze elementos de diversas nacionalidades fizeram ecoar no passeio marítimo de Algés uma mistura de jazz com afro-beat e música latina. No palco Optimus, a pontualidade foi britânica. Eram 18h30 quando “Samuel, o Cachopo” abriu as hostilidades acompanhado por GQ, Snake, Elaisa, David, João Gomes e Francisco Rebelo (dos Cool Hipnoise) e o brasileiro Dj Cruzfader. Começando com “A Partir de Agora”, “Juventude (é mentalidade)”, “Negociantes”, “À procura da perfeita repetição”, “Abstenção” e o clássico “Não Percebes o Hip Hop” foram alguns dos temas entoados por aquele que é um dos nomes mais sonantes do Hip Hop português. Este contou ainda com a colaboração do SP em alguns dos refrões e convidou um elemento feminino da parte do público para o ajudar em “16/12/95”. No mesmo instante em que Sam the Kid fazia
o desfecho do concerto com o aclamado “Poetas de Karaoke”, os Nigga Poison entravam em cena do outro lado do recinto. Guarnecidos de duas bailarinas, vestidas a rigor para o momento, Karlon e Praga espalharam pelo público ainda escasso o ritmo alegre e dançável do “Resistentes”. Um concerto animado com destaque especial para a participação da voz possante de um dos elementos do colectivo Cartell 70. O segundo protagonista do palco Optimus foi o bem conhecido “reggae man” de origem judaica: Matisyahu. O senhor de barba comprida deu início ao concerto com uma curta oração presenteando de seguida o público com o energético reggae de “King Without a Crown”, enquanto que do outro lado do local o colectivo Vicious 5 se preparava para invadir o palco Sagres Mini com o seu punk rock. Depressa caiu a noite sobre Oeiras e com ela brotou mais um concerto da “Doninha”. Pacman e Virgul uniram-se para cantar alguns clássicos como “Toda a gente” ou “God Bless Johnny”, alguns dos temas mais badalados como “Nina”, “Tás na boa” ou “Ready Set Go” e algumas das
faixas mais recentes como “Dialectos de Ternura” e “International Luv” (que contou com um vídeo de Atiba num ecrã gigante a fundo). Foi um concerto sem surpresas, à excepção do momento inesperado em que Matisyahu juntou a sua voz à dos Da Weasel de forma não premeditada. Quem não estava interessado em assistir ao concerto dos Da Weasel pôde recorrer ao plano B e ir assistir ao concerto dos conimbricenses Wraygunn. No palco Sagres Mini, a banda de Paulo Furtado e Raquel Ralha reconstruiu algumas das melodias de “Shangri-La” e “Eclesiastes 1:11”, antes de ceder lugar ao rock dos suecos International Noise Conspiracy. Muitos foram, no entanto, os que se deixaram ficar pelo palco principal aglomerando-se à espera dos cabeça de cartaz. E eram precisamente 23h00 quando o Dj Mix Master Mike pisou o palco, fazendo aquecer o público para o concerto que estava para vir. Com fato e gravata, o trio composto por Mike D, Adrock e MCA deu a sua entrada ao som de “Body Movin”, levando o público ao rubro. Sem espaço para pausas, foram percorridos clássicos como “Root Down”, “Something’s got to give”, “Sureshot”, “Triple Trouble”, “Super Disco Breakin”, “Can’t, Won’t Don’t Stop”, “No Sleep Till Brooklyn”, “The Maestro”, “Brass Monkey”, “Skills to Pay the Bills” e “Pass the Mic”. Deu-se apenas, para desagrado do público em geral, uma interrupção para apresentar os instrumentais do álbum que sairá no final do mês, “The Mix Up”, entre os quais o
“The Rat Cage”. Em jeito de despedida, os nova-iorquinos Beastie Boys fizeram ainda ouvir-se com o recente “Ch-Check it Out” e o estrondoso “Intergalatic”, antes de fazerem o anúncio formal da última música do concerto, “Sabotage”, e de dedicarem a mesma ao presidente George W. Bush.
A noite terminou com o kuduro progressivo dos Buraka Som Sistema, que encontraram a receita perfeita para a cura do vazio deixado pelo fim do concerto dos Beastie Boys, ao fazerem da dança uma lei. Texto e fotos: Daniela Ribeiro
Decorreu no passado dia 14 de Maio, a apresentação do primeiro álbum do grupo UB Squad, UNIDADE. O local escolhido para a apresentação e lançamento foi a FNAC do Chiado. O início deu-se por volta das 21h30, 21h45. Neste aspecto foram respeitadas as horas estabelecidas para o início da apresentação. Os UB Squad tocaram cerca de 8 temas do álbum UNIDADE, temas como, "São Desabafos", "6ª Feira (Vida Louca) ", "É assim que eu sou", "Sexy Katrefa Pam Lady", "Unidade Black"... Alguns destes sons foram acompanhados por guitarra acústica por Sescon, e desde já destacase esta ideia, fugir ao comum, e em vez de ter apenas o instrumental a tocar via CD com os artistas em palco, estar um instrumento físico também a ser tocado por alguém. Quanto à prestação dos UB Squad em palco foi muito boa, activos, divertidos e comunicativos. Notouse bastante que os UB Squad já trazem na bagagem uma grande experiência de palco. A apresentação teve a duração de sensivelmente uma hora na presença de umas 100, 150 pessoas na FNAC do Colombo e atrevome a dizer mesmo que a sala estava praticamente cheia. Além dos convidados confirmados pelos intervenientes, quem circulava pela FNAC parava para ver a actuação e por ali
ficava. O único aspecto negativo que se verificou nesta noite foi mesmo a qualidade de som no geral. Além de os artistas estarem com fraca munição em palco, alguns microfones não estavam correctamente equalizados. Penso que a FNAC neste aspecto poderia ter tido mais consideração pelos artistas visto que se tratava da apresentação oficial do primeiro álbum da banda.
Por: D Kid Fotos: Cedidas por Kriação Verbal
@ Pavilhão Atlântico
Dia: 14 de Maio de 2007 Hora: 21:30 Local: FNAC do Colombo
Beyoncé estreou-se ao vivo em Portugal, no Pavilhão Atlêntico, no dia 24 de Maio. A cantora norte-americana veio apresentar B’DAY, o último álbum, e 15 mil pessoas vibraram com ela. Com apenas 25 anos é uma das vozes mais badaladas do momento, na cena pop e rythm & blues e visitou o nosso país resguardada por uma produção de cerca de 200 pessoas e cem mil toneladas de material técnico. Em palco estiveram doze bailarinos (homens e mulheres) e uma banda composta inteiramente por elementos femininos. Três bateristas exibiam um “Suga Mama” nas baterias, duas teclistas, uma asiática e outra negra, uma baixista entusiástica, uma saxofonista que deixava o instrumento falar (num solo admirável), uma guitarrista ritmada ao máximo, três back vocals negras bem ao jeito do gospel que dançavam e cantavam de forma impar. Todas perfeitas! Ao longo de duas horas, Beyoncé tranformouse numa selvagem em palco, mudou de toilete diversas vezes, cantou, gritou, vociferou, suspirou, chorou, dançou... E encantou. Ninguém foi capaz de tirar os olhos do palco, tal foi o feitiço que a cantora lançou. O cenário, em constante mutação de luz e cor, acompanhou a electrizante Beyoncé Giselle Knowles numa prestação altamente qualitativa e emocionante. Não se
ficou pelos hits de B’DAY, como “Irreplaceable”, um dos diversos temas do reportório que vinca o seu feminismo,“Ring The Alarm” que transforma qualquer ambiente no mais dançavel possível ou “Deja Vú”, infelizmente sem Jay Z, contudo, com o mesmo ritmo do R&B. Catapultou-se para DANGEROUSLY IN LOVE, com o qual conquistou cinco Grammys, sem perder de vista “Crazy In Love”, passando pelo percurso das Destiny’s Child e ainda por dois temas interpretados no filme Dreamgirls, por ela também protagonizado. “Listen” teve uma especial atenção, “Survivor” afirma o carácter indpendente da cantora, “Baby Boy” revolta todas as ancas presentes, “Beautiful Liar” incendeia sedução. Pelo meio, ainda interpretou um medley de Jill Scott e Gnarls Barkley. Para além de Beyoncé ter alcançado o estrelato e ser, hoje, uma artista de topo, com todo o mérito, de realçar o excelente grupo selecionado. Os bailarinos mostraram um peculiar aparato e perfeição nos movimentos. As mulheres sempre sedutoras, os homens... também. B-boys de alto gabarito, numa performance excelente. A passagem por Lisboa fez parte da digressão europeia que Beyoncé iniciou em Abril, completando 27 espectáculos.
Dia: 24 de Maio Local: Pavilhão Atlântico Artistas: Beyoncé Texto e fotos:Vanessa Cardoso
Festival de dança e cores diversas
os ritmos de dança e adrenalina foram permanentes. Bacardi Kubik – um dos palcos mais concorridos, representa a junção de cor, e arquitectura. Dominou um ambiente interactivo com efeitos de luz electronicamente controlados e um dos cartazes mais apelativos. . Olá Love2Dance La Isla – os criativos tentaram recriar o ambiente de ilhas tropicais com piscina e palmeiras, onde todos dançaram sem parar os ritmos do House. A iniciar a tarde esteve Rita Mendes. Olá Love2Dance Giant Sphere – uma bolha gigante onde o vídeo se funde com o som, som este, entre a electrónica e o House, com horas de filas no exterior. Super Bock Silent Club – sem dúvida, a tenda mais original e silenciosa do espaço. É um único local do recinto onde não se viam colunas de som, com a actuação em simultâneo de dois DJ’s que disputavam a atenção do público, cada um só tinha que mudar de canal consoante a preferência, nos headphones entregues à entrada. Ao anoitecer, Fernando Alvim e Mónica Mendes (com um reportório delicioso que oscilava entre a Soul, o Hip Hop e o R&B) provocaram reacção positiva e destemida no público.
Música intensa, dança e experiências únicas ao longo de 15 horas seguidas levaram, no passado 19 de Maio, 45 mil pessoas a rumar ao Creamfields Lisboa, no Parque da Bela Vista, Lisboa. A primeira edição deste festival no nosso país teve sete áreas de música distintas, balões de ar quente, voos de helicóptero, um labirinto e um restaurante suspenso do chão. Num evento em que o estilo electrónico ocupa mais espaço, o Hip Hop encheu o palco principal com a presença de Expensive Soul e Da Weasel.
O CIRCUITO Main Stage – ou palco principal, com 300m² de ecran LED. Foram transmitidas imagens características que deram à actuação de cada banda um ambiente personalizado. Coca-Cola Reggae Stage – espaço recriado sob uma cúpula geodésica inteiramente focado nas sonoridades Reggae. Recebeu nomes como
Max Romeo, Dub Incorporation e Nubai Sound System. Axe Radio Soulwax – consiste numa estrutura elevada e linhas futuristas que acolheu as actuações de Soulwax, Who Made Who, Wraygunn.Os reis do mash up, 2 Many DJ’s, fecharam a noite, já de manhã significa que
E as estrelas subiam ao palco. . . Depois de You Should Go Ahead, são os Expensive Soul que entram para o aquecimento a abrir com “Alma”. O último disco, ALMA CARA foi carta de apresentação no Creamfields. Juntamente com a Jaguar Band, “Brilho” e “13 Mulheres” saíam em eco não só pelas vozes de New Max e Demo, como também da audiência, que mostravam saber as letras de cor e salteado. Os convidados foram Virgul e os B -B oys Moment Crew. Max evidencia-se pela excelente forma vocal, já Demo revela preparação física para percorrer kilometros de palco, enquanto que a Jaguar Band, imprescindível, não deixa esquecer o Funk que há neles. “Falas Disso”, ao cair da noite. A jogar em casa, os Da Weasel não tiveram qualquer problema em captar a atenção da assistência desde o primeiro momento, que voltaram a confirmar a destreza e o apelo que encanta os fãs. Era importante testemunhar a apresentação do recém-nascido AMOR, ESCÁRNIO E MAL DIZER, muito na linha de REDEFENIÇÕES mas mais refinado, porém, ao vivo ainda procura por alguns acertos. O alinhamento ainda não está bem afinado. Mesmo
Evento: Creamfields Local: Parque da Bela Vista Data: 19 Maio de 2007
assim, o concerto dos almadenses foi mais um best of do que propriamente a apresentaçãodo novo disco. A abertura da festa foi anunciada pelas vozes de Pac Man e Virgul com “Toda A Gente” e “Tás Na Boa”. De volta ao último registo, o tema ”Internacional Luv” devolve um Virgul como antigamente, no bom sentido da palavra, junatmente com o convidado especial Atiba que veio propositadamente dos Estados Unidos para este concerto, ilumina o palco com um Dance Hall de cortar o fôlego, cativando de imediato os corpos para a libertação dos movimentos. Vontade era que Atiba ali ficasse! Uma grande passagem foi também “Mundos Mudos”. E se fechássemos os olhos, lá ao fundo, conseguiriamos sentir figuradamente a Orquestra Sinfónica da República Checa, os primeiros acordes da faixa foram logo reconhecidos e a frase do refrão “muda o teu mundo que eu mudei o meu...” permanecia em loop. Pelo meio, recordou-se “New Selectah”, “Força” e “Re-tratamento”. De realçar, DJ Glue que, antes do último encore fez um excelente interlúdio com misturas do tempo do old school do Hip Hop americano. Glue está cada vez mais profissional. A doninha fechou o espectáculo, sempre com um bom cenário e jogos de luz brutal, com
“Dialectos da Ternura”, já anuncido como um sucesso de Verão. A terminar os concertos do Main Stage estiveram os The Prodigy. Os britânicos entraram em grande com “Breathe”, como se a malta já não estivese suficientemente quente. É conhecida a dificuldade que esta banda tem em se reunir para entrevistas, no entanto, a cumplicidade em palco é tal, que são capazes de protagonizar um concerto absolutamente frenético e hipnotizante. Os pontos altos ficaram a cargo de alguns temas pertencentes a FAT OF THE LAND como “Firestarter” que, mesmo dez anos volvidos, continuam actuais e vertiginosos. Num evento cheio de diferentes experiências e ofertas, o palco principal do festival conseguiu ser o centro das atenções, apesar de todos os espaços estarem repletos e de as filas intermináveis serem constantes. Filas, essas, também para os pontos de alimentação e WC, instalados em número reduzido ao necessário. Mesmo tendo sido um êxito, este Creamfields, Smartevents, entidade organizadora, ainda tem muito a aprender a nível organizativo, logístico e operacional. Fica a nota. Espera-se para 2009 uma nova edição do Creamfields em Portugal. Por:Vanessa Cardoso
Liderados por David e Stephen Dewaele, o grupo belga Soulwax marcou presença na primeira edição portuguesa deste evento internacional dedicado às sonoridades electrónicas. Soulwax ou 2many Djs? Stephen e David eram respectivamente vocalista e guitarrista numa banda de rock intitulada de Soulwax. Como DJs usavam o nome Soulwax, The flying Dewaele Brothers ou Fucking Dewaele Brothers. Agora, e fora de confusões, 2MANY DJS é o título que estes 2 irmãos
adoptam como DJs e SOULWAX como músicos (banda de rock e remixes). Deste último fazem parte também, Stefaan Van Leuven, Steve Slingeneyer e Dave Martijn. No seu estilo sem tabus, é assim que se apresentam os 2manyDjs, seja em que festa for. O objectivo é sempre o mesmo: por toda a gente a dançar. E o sucesso? Esse vem dos jogos que fazem com a música, misturando estilos como o Pop, Rock, Electrónica, Hip hop, música mais comercial, menos comercial, e até mesmo muito má música.
Espontâneos e muito divertidos, foi assim que David Dewaele e Steve Slingeneyer nos receberam e esclareceram… IVStreet: Foram várias as vezes que vocês estiveram cá em Portugal, mas não demasiadas. O que acharam do público português? David: É complicado para mim de dizer…Steve? Steve: Humm, a última vez que cá tocámos foi muito fixe porque inicialmente estavam 200 pessoas e o resto estava a ouvir os Red Hot Chilli Peppers. De repente começaram a correr na nossa direcção, eram cada vez mais. Acabou por ser muito positivo. IVS: E o que esperam para esta noite? D: Ver as pessoas a serem levadas pelo vento. S: …e pela musica, yeah! IVS, D, S : (Risos) IVS: Crescer numa família de músicos, especialmente com um pai que é Dj, ajuda bastante. No entanto, houve dificuldades no caminho para o sucesso? D: Boa pergunta! S: o meu pai é do estilo: Gosto muito de baixo e drum.(risos) Bem, mas fora estas dicas nunca tive dificuldades, só ajuda positiva e admiração pelo meu trabalho, felizmente. D:Sim, é tudo por causa das drogas. S: Não. D: Não? S: Não, mas vamos passar à próxima questão. IVS,D,S: (risos) IVS: Mesmo não sendo irmãos, como é que é a vossa relação? Dão-se bem ? D: Ele é como o meu irmão mais novo. Gosto muito dele, humm, sim. S: Bem, assim que a porta se fecha não falamos mais um com o outro. Eu tenho o meu manager para falar como o manager dele. E é assim que sucede. IVS: (risos) É assim? S: É verdade. IVS: (risos) O vosso trabalho é conhecido pela banda mas especialmente pelos originais bootleg mixes. Como é o vosso processo de criação? D: Bem, no início havia o Adão e a Eva,… e a maçã, …e o processo de criação…(riso) IVS, D, S: (Gargalhadas) S: Passar vinis, comprar mais vinis, e encontrar os melhores para poder juntar e depois fazer o mix. IVS: E vocês misturam estilos opostos. S: Sim, nós ouvimos mesmo de tudo.
IVS: E qual a sensação de transformar uma sala vazia para um espaço cheio de energia? D: Essa é uma pergunta mesmo muito boa! E nós gostamos mesmo muito de transformar uma sala vazia para um espaço fervoroso e cheio de energia. Deve ser como sentir que tu és o Cristiano Ronaldo a ser treinado pelo José Mourinho. IVS, S: (risos) D: É assim. S: É muito sexy. D: E as mulheres Suecas ficam doidas com isso! S: É por isso que o fazemos! IVS: Mas as suecas ou as portuguesas? S: Eu gosto das portuguesas. IVS: As suecas são muito altas! S: Eu não gosto muito das mulheres altas. IVS: Então as portuguesas são melhores? S: Sim, era o que estava a tentar dizer logo desde o início … (risos) IVS, D, S: (risos) IVS: Este festival decorre em 7 países diferentes. O que é que vocês acham deste evento? S: Eu adoro as mulheres portuguesas. D: Eu também. IVS, D, S: (risos) S: Bem, este aqui em Portugal é o meu preferido. IVS: O teu também? D: Não, mas nós gostamos de estar aqui no Creamfields porque aonde quer que nós vamos, seja no Brasil ou na Argentina, é espantoso, as pessoas que conhecemos. Em particular os amigos dos Djs. IVS: Obrigada. D, S: Obrigada. Texto e entrevista por: Ângelo Rodrigues e Teresa Vieira. Fotos:: Pedro Simões Frerreira.
Depois de vários projectos em que participou como MC e Produtor, MK está de volta com o seu “Capitulo Obsceno”. A IV STREET foi à procura deste jovem nortenho, produtor e MC e saber mais sobre o seu álbum e o que guarda o futuro. IV STREET: Quem é MK? MK: O MK é um Mc natural de Bragança que se dedica ao Hip Hop a 100% desde 2004. Digo a 100% porque antes de me tornar Mc fui vocalista em algumas bandas de garagem, onde o estilo predominante era o New Metal (fusão que também engloba o Rap)! Juntamente com o Mc RaRo temos o projecto Eskuadrão Furtivo e fizemos a nossa primeira aparição na Hip-Hop Nation #18 com o tema “União Nas Ruas”. IVS: Depois de várias participações em compilações tanto como MC ou produtor. Surges com o teu álbum de estreia. Porque sentiste necessidade de fazeres a tua estreia? MK: Achei que era altura, tinha muita coisa para deitar cá para fora, já tinha várias letras a solo onde exprimia a minha opinião sobre o movimento, sobre a atitude “Underground” e sobre várias experiências pelas quais passei. Decidi juntar e acertar tudo e começar a fazer um trabalho a solo. E aqui está ele. IVS: Conta-nos como foi o processo do CAPITULO OBSCENO. Demoraste quanto tempo a reunir tudo? MK: Comecei a reunir tudo no início do ano de 2006, meados de Janeiro. Falei com o meu parceiro do crime Mc RaRo, ele já sabia o que eu estava a preparar e alinhou logo. Depois disso foi só preparar temas e arranjar as colaborações que eu queria. O álbum foi gravado no Verão em Valongo, aqueles que não puderam ir lá (o caso do Psikótico, da Sky e dos dj’s)
enviaram as suas acapellas e scratches. O álbum estava totalmente pronto a sair no final de Novembro. Acabou por sair em Abril deste ano porque tivemos de tratar das cópias, da distribuidora e do videoclip.
MK: Porque foi uma fase da minha vida, uma fase mais obscura, muito pessoal onde me dediquei bastante à escrita e à produção como uma forma de escape de todo o stress e ondas negativas à minha volta. Achei que seria um título adequado para tudo o que exprimo no CD.
MK: O movimento aqui ainda não é muito. Temos representantes das 4 vertentes e seguidores fiéis, mas ainda somos poucos. Temos alguns bares e discotecas onde se vão fazendo umas Hip Hop Sessions, mas as restantes pessoas ainda não compreendem muito bem o Hip Hop… o que é uma pena, mas estamos aqui para abrir essas mentes fechadas.
IVS: CAPITULO OBSCENO conta com vários nomes do Hip Hop Nacional. Faltou alguém que querias convidar para a tua estreia? MK: Faltou, mas isso funciona mesmo assim. É normal…penso. As agendas deles tornaram impossíveis as participações. Faltou o Sir Scratch e o Bob Da Rage Sense que convidei para uma faixa que se iria chamar “Sempre”, cheguei mesmo a dar-lhes o beat, mas não pude contar com a participação deles porque tinham muitos concertos, estava a ser feita a mixtape FREE SPEECH e o Bob estava a gravar o álbum dele na altura. Eu compreendi e segui em frente. IVS: A faixa “Diário de Mágoas” conta com a participação da Sky. Visto que tens uma voz feminina no teu álbum, qual é a tua visão sobre o Hip Hop Feminino? MK: Sempre curti ver as damas a rebentar com o microfone e penso que em Portugal está a evoluir a cada dia, cada vez se vêem mais grupos de Rap, B-girls, damas dj’s ou writters. O que tenho a dizer é que é mesmo assim, não importa o sexo, mantenham a atitude. Big Up! IVS: Lançaste o teu álbum pela recente editora AntiSocial. Como surgiu esta oportunidade? MK: O Dj MPal que é o meu manager foi alguém que acompanhou a gravação do meu álbum desde o dia 1. Quando estava terminado, ele já andava com ideias de criar uma editora e decidiu apostar no meu trabalho para ser o primeiro lançamento. A proposta agradou-me e as condições também por isso alinhei. IVS: Fazes parte dos Eskuadrão Furtivo. Como surgiu este grupo e o que andam a fazer? MK: Surgiu a partir de um grupo de amigos numa conversa na escola, começamos a mostrar umas rimas uns aos outros e vimos que partilhávamos muitas opiniões e ideais. Decidimos juntar-nos, na altura éramos 4, mas devido a algumas divergências o grupo ficou reduzido a 2 elementos, eu e o Raro. Tornou-se um colectivo mais sólido e consciente e foi ai que começamos a trabalhar mais a sério. IV STREET: Porque a escolha do nome CAPITULO OBSCENO para a estreia?
IVS: És de Bragança que é uma zona onde se ouve falar pouco de Hip Hop Nacional. Como anda o movimento por aí?
IVS: Para quem quiser ouvir-te ao vivo. Não queres dizer os locais onde irás actuar? MK: Os concertos geralmente são marcados e anunciados no myspace (www.myspace.com/ mkakanocivo), estejam atentos. As datas para
já estão com o meu manager, assim que eu for informado serão colocadas lá para toda a gente consultar. IVS: Depois do CAPITULO OBSCENO e de concertos. O que podemos esperar de ti no futuro? MK: O meu álbum saiu agora, mas já estamos a preparar o álbum de estreia do Eskuadrão Furtivo, estamos apenas no início, ainda estamos a escolher beats. Vamos ter algumas participações em compilações e mixtapes cujo nome ainda não posso revelar, mas fiquem atentos. IVS: Para terminar a entrevista. Queres dizer alguma coisa? MK: Em primeiro lugar quero mandar um grande big up à revista e agradecer por tudo que vocês fizeram e fazem pelo Movimento Hip Hop Tuga! E aproveito também para mandar um 1 love a toda a gera do movimento, não importa as vertentes, temos de nos manter unidos para criar um movimento sólido e seguro no futuro! Obrigado a todos que compraram ou estão a pensar comprar o CD e a todos os que apoiaram e sempre acreditaram em mim. Estamos Juntos, 1 love!!! Por: João Coelho Fotos: Cedidas por MK
ouvidos e terem a mesma exposição que um trabalho posto à venda.
Apaixonou-se pela música em 1993, nada fez prever que da paixão passesse para um produtor. Depois de ter lançado o EP: “Fractal”, a IV Street foi conhecer DarkSunn e saber o que o futuro nos espera. IV STREET: Quem se esconde por detrás de DarkSunn? DarkSunn: Um homem normal, apaixonado pela música no geral, e pelo Hip Hop em particular. Um daqueles gajos que acordam, vão para o trabalho, chegam a casa, tentam ser criativos e dormem pouco. Posso definir-me como alguém muito activo.
IVS: Como surgiu a paixão pela Cultura Hip Hop? DS: Bem, por volta de 93/94. Ainda vivia no Monte de Caparica, Margem Sul, nessa altura e comecei aí a ter contacto com o Hip Hop. Viviase muito a música que vinha dos EUA, em especial da costa oeste. Comecei a ter contacto com o G-Funk e com o graffiti também. O meu momento crucial foi quando um amigo meu, o Yuri, me emprestou uma cassete com o álbum “ENTER THE 36 CHAMBERS” dos Wu-Tang aí para 95/96. Foi um choque completo, nunca tinha ouvido nada semelhante. O meu foco virou-se para NY. A partir daí foi sempre para cima, tentava descobrir tudo que tivesse remotamente
a ver com a cultura. Tive também oportunidade de passar uns meses em Basileia na Suiça, onde os meus pais estavam emigrados, onde o movimento já estava bem estabelecido e alicerçado, com muitas lojas, muito spots e muita, muita informação, algo que faltava ainda por cá, o que me possibilitou aprender muito, tanto sobre o que passava na actualidade, como sobre o que estava para trás, alicerçando assim o meu conhecimento, mas acima de tudo a minha fome. IVS: Em 2006, disponibilizaste para download o teu EP: FRACTAL. Desde aí que tornaste a ter mais buzz pelo movimento. O que sentiste com este salto? DS: Foi excelente. Além da receptividade que tive com o EP, senti que foi passado muito de mão em mão. Isso fez-me ficar muito feliz, porque apesar de o primeiro ouvinte, neste caso eu, ser o que mais me interessa, sentir que o nosso trabalho é apreciado por outras pessoas é sempre um sentimento muito bom. Tive muito pessoal a dar-me props directamente e indirectamente, no geral foi muito positivo. A partir daí tive contacto com muita gente, o que me possibilitou trabalhar com estilos de mc’s muito diferentes e estender um bocado os tentáculos, tocando muitas frentes. A escolha de disponibilizar os trabalhos gratuitamente e numa edição online acaba muita vez por “diminuir” o trabalho, porque nos dias que correm, considera-se que uma edição online/gratuita tem menos valor que uma edição “física”, tornando assim o online algo a evitar por parte de quem quer lançar algo. Eu discordo completamente. Claro que estamos a falar de investimentos monetários completamente diferentes, mas a nível de investimento no trabalho ou propriamente a qualidade do mesmo, não podemos assumir que tem mais ou menos valor que um trabalho que encontras à venda numa loja. Os trabalhos que são “oferecidos” na net devem ser, além de respeitados por isso,
IVS: Conta-nos o processo pelo qual FACTAL passou, desde as ideias até a devorares samples. DS: A ideia base do FRACTAL já tem algum tempo, ou seja, a ideia de criar um registo instrumental em formato EP. Comecei as bases dos instrumentais sem ter bem a noção do que o EP se iria tornar. Foi numa altura em que nós em FDR estavamos parados, com o Sommerset a trabalhar com o Sun to Shine num EP que acabou, infelizmente, por não ver a luz do dia. Nessa altura, tinha uma grande quantidade de instrumentais “parados”, então comecei a deliniar o que seria o FRACTAL. A partir daí, foi o processo de triagem dos instrumentais para tentar criar um fio condutor e uma sonoridade própria para o EP. Todo o processo de sampling adicionalacabou por ser intuitivo à medida que as faixas começavam a ganhar corpo. Este EP acabou por ficar marcado pelo falecimento de uma das pessoas mais importantes da minha vida, a minha Avó, mais ao menos a meio do processo conceptual. Ao mesmo tempo, fezme mergulhar mais ainda na parte criativa, um bocado também para me ajudar a ultrapassar essa perda. A música acaba sempre por ser a terapia mais valiosa. IVS: FRACTAL foi considerado por muitos como o melhor álbum de instrumentais. Isto aconteceu devido ao facto como produzes. Qual é o método que usas para produzir? DS: Bem, antes de mais, para mim é complicado pôr esse peso no FRACTAL. O “melhor” e “pior” são conceitos altamente relativos, prefiro pensar que foi um trabalho diferente, que acabou por ser bem recebido. O meu método é simples: samples. Na minha opinião, o Hip Hop é uma cultura de referências. Como tal, a cultura do sampling para mim é essencialmente uma cultura de referências. Prestar um tributo à música que poderia ter sido esquecida se não houvesse quem voltasse a pegar nela. Toda a minha produção roda à volta disso, presto tributo ao artista, à música, ao conceito, à época, até ao meio circundante enquanto samplo. É o ponto de partida da minha produção, bem como o ponto de chegada. Samplo de todo o lado, não me importa a origem, desde que saiba de onde estou a samplar. A partir daí, uso o mesmo material usado por tantos outros. O meu setup é basicamente constituído por software, um Oxygen8, uma MPD16 e um prato. E vinil. IVS: Para além de produzires com o teu
nome, tens a Triplo7. Quem são os sete que fazem parte do Triplo? DS: Cap’s, Farai, Sun to Shine, Sommerset e eu. Dentro de Triplo 7 tens também outro grupo, composto pelo Sommerset e por mim, de nome Formas de Raciocínio. Triplo 7 é basicamente um conceito. São 5 amigos de longa data onde o amor pela música, a maneira de a encarar e de a viver acaba por ser o principal ponto de encontro. A partir daí tens 5 inputs diferentes que, do mesmo modo, geram outputs completamente diferentes, com sonoridades bem distintas. Triplo 7 é o nosso ponto de união, basicamente é a nossa “casa”. Funcionamos de maneira independente de cada um, portanto, não nos podemos considerar um grupo, a designação mais correcta será crew. Acreditamos muito no conceito de música disponibilizada gratuitamente, sendo que em www.triplo7.com encontram-se vários trabalhos de todos os membros disponíveis para download gratuito. IVS: Recentemente num concurso organizado pela Zona6, ficaste em terceiro lugar. O prémio foi um Vinil com uma faixa do teu EP, qual foi a sensação de ouvires o teu trabalho num vinil? DS: Foi uma sensação incrível. Fiquei muito feliz de ter ficado entre os três seleccionados, mas não sabia como iria ser o vinil. Quando me chegou um 10” transparente a casa com o Diatrabalhonoite foi um choque completo, fiquei a bater mal! Tenho pena do mercado de vinil em Portugal ser praticamente inexistente, mas tenho fé que as coisas possam mudar um bocado. Eu, quando compro algum trabalho, se existir em vinil e cd, compro sempre em vinil, é completamente diferente, o som é mais quente, mais orgânico. Os graves enchem uma sala, entendes? Além de que acrescenta muito mais valor à música que um cd, na minha opinião. A Footmovin ainda vai pondo algumas coisas em vinil cá fora, mas é muito pouco... Recentemente, a Gumalaka também lançou dois 7” de reggae nacional, o que é muito bom também, mas o papel que o vinil desempenha no Hip Hop tem-se perdido um bocado, com equipamentos como o Serato e o Final Scratch, mas pronto, tenho fé. Pode ser que veja mais um projecto meu em vinil, quem sabe? Falta mais turntables em casa do pessoal. IVS: Projectos para o futuro? DS: Bem, eu sou aquele tipo de gajo que tem sempre 50 mil projectos em cima da mesa, mas acabo sempre por deixar cenas para trás, na maior parte das vezes por falta de tempo. Para breve, além de instrumentais meus em alguns
trabalhos que vão sair, tou a preparar um EP deremisturas, beats meus, acapellas de diversos mc’s. Em seguida, deve aparecer um projecto com mc’s. E no meio disso tudo, tenho um EP em preparação com o meu mano brasileiro Enigmátiko, vai ser uma espécie de split-cd, metade beats dele, metade beats meus, metade voz dele, metade minha voz. Vai ser algo com uma sonoridade diferente. E esperem mais alguns trabalhos em preparação. Vão passando em www.myspace.com/darksunn777 e www.triplo7.com para mais novidades. IVS: Queres deixar algum recado / mensagem? DS: Antes de mais, obrigado à IV Street pelo convite, um big up a toda a equipa e continuem o bom trabalho. Shoutout a Triplo7, Marina, love pós meus indies, Stray, Pulso, Nerve e Notwan, big up para o Hip, Ilegal Records, Mc Ary, Splinter, Karabinieri, Biru, Enigmátiko e o clã Ultra-Secreto, Jagga, Ikonoclasta, Valete, Hitdabreakaz, Margem Sul, todos os mc’s que têm trabalhado comigo
e todo o pessoal que tem mostrado love e respeito. Stay Up e continuem a largar bombas! Pooow! Por: João Coelho Fotos: Cedidas por DarkSunn
Depois do impacto causado pela organização do campeonato nacional de DJs, a DuploD pereceu para abrir caminho a um novo projecto, em formato mais focado na edição de música, a Antisocial Redords. Marcando a diferença logo à partida pelos artistas que desde já lhe pertencem, a Antisocial pretende continuar a tecer o seu caminho dando especial atenção às colaborações internacionais. que a compunham, as partes da distribuição e edição de música agruparam-se como AntiSocial Records. Mesmo assim, as outras facções ainda ligadas à música da extinta DuploD, continuam e continuarão a trabalhar em sintonia com a Antisocial. IVS: Que vem a Antisocial acrescentar ao panorama de editoras já existentes? ASR: Não queremos ser mais uma label independente que surge em Portugal a seguir formatos que já existem, e que infelizmente, devido ao nosso pequeno mercado, não duram o suficiente para marcar a sua posição. Desde o “open mind” a todos os tipos de música de cariz urbana, à abertura e constante contacto internacional, tentaremos ser diferentes. Queremos também ser um espaço aberto a todos aqueles que pelos seus próprios meios não conseguiriam fazer-se ouvir. Estamos abertos e muito receptivos a propostas que nos cheguem. Enfim, vamos devagar, mas vamos longe..
IV STREET: Como surgiu a ideia da editora? Falem-nos um pouco da sua história, o que motivou a sua criação, quem faz parte… Antisocial Records: A ideia de nos organizarmos como editora vem de projectos antigos. Já desde essa altura que reservavamos um espaço para a distribuição de musica. A ideia de termos uma maneira de editar/distribuir os discos que nos agradavam, mas que não chegavam as bancas, sempre nos atraiu. Na altura da DuploD tínhamos um pequeno catálogo, principalmente de battle breaks, mas composto de itens exclusivos em Portugal. Quanto ao nascimento da Antisocial, este surgiu do desmembramento da DuploD. Das várias áreas
IVS: Que artistas já pertencem ou estão em vias de pertencer à Antisocial? ASR: A nossa primeira edição foi, como é sabido, o álbum de estreia do MK. Não era um álbum que estivesse nos nossos planos iniciais, mas visto a relação de amizade e conhecimento mútuo que já existia, antecipámos ligeiramente o início da Antisocial, para o fazer. E estamos muitos satisfeitos com isso. É um excelente exemplo do que queremos fazer. Há muito talento por aí fora que espreita uma oportunidade. Os ShadowLights são outros dos “antisociais” que já pertencem à família. Estão connosco desde o início, e brevemente estarão por ai a fazer estragos nas aparelhagens. Sem dúvida um nome a fixar. Uma maneira de fazer Hip Hop que não vai deixar ninguém indiferente. Não são
certamente, “mais uns”... Para alem dos artistas nacionais, temos tambémos nossos comparças internacionais, que foram vestindo a nossa camisola muito à custa dos campeonatos de DJs em Portugal e no estrangeiro. A música independente e alternativa de Espanha, França, Alemanha, Bélgica, Polónia, USA, etc. será mais ouvida por cá, assim como a nossa o será por lá. IVS: Que feeback tiveram da festa de apresentação, com Q-bert como cabeça de cartaz? ASR: Pensamos que é ideia geral que o evento correu às mil maravilhas (excepto o pouco público). Recebemos os parabéns de toda a gente que lá esteve. Foi muito gratificante para nós ver que o “deus” Q-bert adorou a sua passagem por Portugal e que toda a gente tenha achado o mesmo quanto a ele. Bem, aquele final de espectáculo, quase com mais gente no palco do que na plateia, foi arrepiante. Um muito obrigado aos nossos DJs que lá estiveram, não só os que apareceram no cartaz mas todos os outros. Foi lindo... IVS: Muitas editoras optam por se estrearem com uma compilação com temas dos seus artistas. Nunca foi posta esta hipótese? ASR: A ideia sempre esteve na nossa cabeça. Mas mais uma vez, não queremos cair no formato “standart” do Hip Hop Português. Essa compilação vai sair, mas será uma reunião mundial de MCs, DJs e produtores. Vai ser uma maneira de mostrarmos o que por cá se faz ao mundo, assim como o mundo mostrar alguns valores que tem a Portugal. Se alguém que estiver a ler sentir que tem uma palavra a dizer, não hesitem em contactar-nos. IVS: Qual é o plano de acção da Antisocial para o futuro? ASR: Vamos continuar a lançar artistas Portugueses, vamos cada vez mais aumentar o nosso catálogo com músicas, estilos e formatos diferentes, vamos continuar a apoiar os artistas “antisociais” nas suas carreiras, vamos estreitar cada vez mais os laços internacionais, vamos investir na qualidade dos nossos DJs/produtores e criar uma colecção Portuguesa de battle breaks, enfim, vamos contribuir à nossa maneira para que a música urbana, com o Hip Hop à cabeça, seja cada vez mais reconhecida, sem nunca perder as características que tão bem o identificam.
IVS: Próximas edições? ASR: O projecto Luso-Británico ShadowLights como álbum THERE’S NO SHADOWS WITHOUT LIGHT; o disco de Battle Break do DJ Bordallo, de Espanha, em colaboração com a Level Records; uma compilação internacional com produtores, DJs e MCs de todo o mundo; criação de uma colecção Portuguesa de BattleBreaks em vinil, em estreita colaboração com os nossos melhores DJs/produtores nacionais. Estes são os projectos a pequeno, médio e longo prazo a que nos vamos dedicar com maior atenção. Isto sem nunca excluir a edição de trabalhos de bandas Portuguesas. Afinal é um dos objectivos primários da Antisocial. IVS: Mensagem final? ASR: Em jeito de despedida, não se esqueçam de visitar www.antisocialrecords.net, onde encontrarão as nossas edições nacionais, o nosso catálogo feito através das parcerias internacionais e a secção de booking. Todas as secções estão em constante desenvolvimento e crescimento, portanto, vão dando um saltinho. Grande abraço... Por:Joana Nicolau
Depois de participar nas mixtapes “Sorte Quase Nula” e “The C.E.O.”, o mc Vokábulo dá agora voz a um MANIFESTO FUTURISTA, o seu álbum de estreia. IVStreet: Como surgiu a motivação que te levou ao MANIFESTO? Vokábulo: A motivação surgiu de vários factores. Eu já andava desde 2001 a querer fazer um álbum mas não tinha tudo o que achava necessário para fazer um disco que me deixasse satisfeito, por isso optei por passar primeiro por algumas mixtapes de forma a promover o meu nome como mc. O público em geral aderiu à cena de uma forma saudável e gratificante, o que me fez de imediato ganhar mais força e meios para fazer o que realmente queria. Depois as coisas foram aparecendo com o tempo, fui montando o meu estúdio a pouco e pouco até ter a qualidade que pretendia, fui conhecendo pessoas dentro do movimento, ganhando alguns contactos, quando dei por mim já tinha exactamente o que queria para me apresentar num primeiro disco… Posso dizer que a motivação vem de um processo de aprendizagem que nunca acaba. IVS: Porquê um MANIFESTO FUTURISTA? V: MANIFESTO FUTURISTA porque o objectivo deste disco é alertar as pessoas para que tenham certos cuidados no presente para usufruírem de benefícios no futuro, ou seja é uma maneira de manifestarmos o futuro que nos espera para que possa ser bom para a população em geral. IVS: Com o lançamento deste teu álbum surge o nome de uma nova editora. Como se deu a criação da Uprising Records? E quais os seus objectivos? V: A criação da Uprising Records deu-se pelo facto
de querer ajudar os novos talentos cujo nome não é reconhecido apenas por uma questão de não haver oportunidade ou meios para a concretização de um disco, um ep ou uma maquete... O objectivo da Uprising não é
chegar a ser a número um em Portugal, muito pelo contrário, a filosofia desta editora é que não é preciso ter nome para se fazer música com qualidade, e que todos têm o direito de poder concretizar o seu sonho. "Não queremos dinheiro para ir de férias ou comprar roupa, mas sim para vos dar mais discos cada vez com mais qualidade" IVS: Para quando está marcado o lançamento do álbum MANIFESTO FUTURISTA? Já há datas para concertos de apresentação? V: O lançamento do álbum está marcado para dia 25 de Junho. O álbum vai estar disponível em qualquer Fnac do país, em www.sohiphop.com.pt e em www.myspace.com/vokabulo ou www.myspace.com/uprisingrecs. Em relação a concertos, dia 28 de Junho irei apresentar o meu álbum na Fnac de Cascais às 21h30. De resto ainda está tudo a ser marcado mas brevemente serão anunciadas várias datas. IVS: Podes falar-nos um pouco de quem convidaste para te ajudar a dar voz a este trabalho? V: Eu quis que o álbum fosse de certa forma um álbum de família, daí que todos os artistas que participam e que dão voz juntamente comigo ao álbum sejam pessoas que me são muito próximas. Temos por exemplo o Royalistick, o Raptor, o Iniciado, Sp & Wilson, a Carla Sousa, o Dengaz, o Neutro, o Viza, o Martinez , o Dj Tombo, o Dj X-acto e o Dj Sinistro. Todos com um enorme talento e sobretudo com uma grande humildade, razão pela qual tenho o prazer de poder contar com os seus nomes no meu disco e na vida em si. IVS: Antes deste teu álbum de estreia fizeste a tua honra na produção do tema “Visão Periférica” do Royalistick. Qual foi o prazer que te deu este contributo? V: Esse foi um dos meus primeiros passos e o primeiro trabalho editado em que participei. Foi um enorme prazer ter trabalhado juntamente com o meu mano Raptor nesse instrumental que deu nome ao primeiro álbum do Royalistick, VISÃO PERIFÉRICA. Claro que tenho muito orgulho em ouvir um grande mc como o Royalistick a fazer um clássico por cima de algo que eu criei. Acho que qualquer um ficaria satisfeito. IVS: Como produtor álbum esteve inteiramente por tua conta ou contaste com alguma colaboração? V: Pode-se dizer que cerca de 60 % do álbum é produzido por mim, uma vez que também quis mostrar o meu lado de produtor neste primeiro
disco. O resto das faixas ficaram a cargo do Sp, Raptor, Kantig, Tee, Tombo, Musik, Kamões e MekO. IVS: Para além desta, já há planos para mais edições da Uprising? V: Sim. A Uprising neste momento é constituída por 4 artistas (Vokábulo, Neutro, Dengaz e Iniciado). O próximo disco a ser lançado será o álbum do Neutro, UMA BENÇÃO, e tem data de lançamento prevista para Setembro ou Outubro deste ano. Depois seguem-se os discos do Dengaz e do Iniciado, que ainda não têm data prevista pois ainda estão em processo de gravação. Seja como for, brevemente poderão saber essas informações no myspace da editora que está constantemente a ser actualizado.
IVS: Para quando podemos esperar algum trabalho sob o nome dos 6º Sentido? V: Vai demorar um bocado até poderem ouvir algo vindo desse nome, mas acreditem que a espera vai compensar. Estou agora a começar o processo desse disco uma vez que saindo o meu álbum já neste mês fiquei com um pouco mais tempo para trabalhar em novos projectos. Seja como for, vamos ficar a espera que o Raptor e o Dengaz terminem os seus discos para podermos trabalhar somente no projecto da banda (cada coisa no seu tempo…). Mas ficam já com alguma info sobre 6º Sentido: é constituido por Vokábulo, Carla Sousa, Raptor e Dengaz e estamos ainda à procura de um dj para fazer parte desse projecto, alguém que tenha minimamente o nosso sentido e que leve a música exactamente da maneira que nós levamos. IVS: Queres deixar alguma mensagem final? V: Bom. Queria agradecer a toda a equipa da IV STREET por todo o trabalho que tem feito para ajudar o hip hop em Portugal, é de louvar. Um grande abraço para todos os apoiantes e ouvintes da música portuguesa, comprem os álbuns originais (não só o meu, mas também (risos)) e surjam nos concertos para dar apoio aos artistas portugueses, que eles bem merecem… Bless yah people...
IV Street: Em primeiro lugar como surgiu o projecto Aztek Clothing? Aztek: Somos dois designers com formação ao nível do design gráfico. Desde pequenos que estamos virados para o mundo artístico, criamos, desenhamos. Surgiu a oportunidade de apostar no que fazemos melhor e optámos por criar a Aztek Clothing. IVS: Qual o conceito da marca Aztek, o target que pretende atingir? A: A Aztek Clothing é uma marca portuguesa de roupa, que tem como conceitos principais o design, estilo e descontracção, daí definir-se como Urban Wear. É baseada na possibilidade de personalizar, dando a hipótese de escolher a cor dos designs, dentro dos existentes, assim como a cor das peças. Desta forma, cada peça é exclusivamente concebida para o cliente individual. Pretendemos atingir as pessoas dos 8 aos 80. Não temos um target definido. Criamos para quem se identifique connosco e com a nossa imagem. Claro que o público jovem é quem se insere mais no conceito do nosso projecto. IVS: Fala um pouco sobre o estilo que o catálogo da Aztek oferece, a nível de lettering, diversidade de vestuário, entre outros aspectos que queiram referir. A: Todas as criações, assim como o lettering são nossos. O melhor para definir a nossa marca é mostrando-a. Para tal, escolhemos umas fotografias de algumas peças e de alguns designs para esta pergunta. VS: Quais têm sido os resultados até ao momento? A: Os resultados têm sido surpreendentemente positivos. Temos uma grande aceitação por parte do público em geral, e não só ao que determinámos como público-alvo, embora este seja abrangente. Para além da roupa da marca, temos recebido imensas encomendas para personalização das peças, criação de logótipos, decoração de interiores, exteriores e viaturas, em que os clientes fazem questão que sejamos
nós a criar o design. Ao nível da expansão da marca, encontra-se em dois programas de televisão, ambos na Sic Radical, sendo eles o Iprograma Vai Tudo Abaixo e Curto-circuito. Na edição de Julho, temos também uma página na secção Bazar da revista FHM, por iniciativa deles. IVS: E no seguimento da questão anterior, quais são as dificuldades com que vocês, como marca de Street Wear relativamente recente, se deparam no mercado de consumo urbano em geral? A: Consideramo-nos como uma marca de Urban Wear, que julgamos ser um conceito mais abrangente que Street wear. A nossa maior dificuldade tem sido alargar os horizontes do consumidor português para a qualidade e design do produto nacional. Muitos dos nossos clientes já compraram as nossas peças pensando que somos representantes de uma marca americana. As marcas que vêm de fora são as mais competitivas devido à maior aceitação dos portugueses pelo produto estrangeiro. IVS: A vossa marca já tem significativa representação. Como aconteceu essa abordagem a artistas como o Sir Scratch ou X-Acto? Tencionam alargar esse patrocínio a representantes de outros estilos musicais? A: O X-Acto é nosso amigo há bastante tempo e vemo-lo como um óptimo profissional. Acreditamos no talento dele e apoiámos da maneira que pudemos. O contacto com o Sir Scratch aconteceu através de amigos em comum e como é, sem dúvida, um dos Mcs com maior projecção em Portugal, apoiámo-lo também. Em relação a alargar o patrocínio a outros estilos musicais, não pomos de parte essa hipótese. Recebemos imensos pedidos de patrocínio, maquetes e vídeos mas, infelizmente, não podemos aceitar todos os pedidos. Estudamos aqueles que nos poderão dar maior projecção.
IVS: E noutro particular como surgiu o patrocínio ao pessoal do programa “Vai
Tudo Abaixo”? A: O patrocínio ao programa “Vai Tudo Abaixo” surgiu através do Tó dos Factos Reais. O Vasco do “Vai Tudo Abaixo” tinha-o contactado a propósito de um novo personagem, o “Puto Samuel”, e o Tó entrou em contacto connosco para que a personagem utilizasse a nossa roupa. Passámos então a patrocinar as personagens Puto Samuel, Giló da Kid e o Mamarek, interpretado pelo Vasco, assim como o próprio Vasco, em nome individual. IVS: Estão a fazer remodelações na loja do Tó dos Factos Reais, a For Street. E em que consiste essa remodelação? Como está a correr o trabalho? A: Como mencionámos anteriormente, o nosso trabalho enquanto designers, não se limita ao têxtil. O Tó queria uma imagem nova para a loja e nós criámos e decorámos a montra. O resultado final podem ver pela foto.
IVS: Vocês fazem a venda dos vossos produtos através da loja online, mas passa pelos vossos planos alargarem horizontes e abrirem um espaço próprio como loja? A: Sem dúvida. O nosso maior objectivo a médio prazo é o de abrir um espaço nosso. Temos imensos projectos neste sentido e esperamos concretizá-los. Quanto à comercialização actual das nossas peças, podem encontrá-las também na Loja For Street que fica no Centro Comercial da Cruz de Pau. IVS: E no que diz respeito a expandirem o vosso projecto além fronteiras, o futuro da marca passa também por uma internacionalização? A: Sim. Gostaríamos de ter alicerces seguros no nosso país para avançarmos então para fora, mas há diversos países onde há mais receptividade a novas marcas do que no nosso a marcas nacionais. Já existem contactos com o exterior, em França, Espanha e Alemanha. Vamos esperar pelo melhor. Por: Ivo Alves
Depois de um exaustivo concerto no palco principal do festival Creamfields, trocamos umas palavras com os responsáveis pela “ALMA CARA” dos Expensive Soul. Uma conversa agradável com algumas novidades à mistura. IV Street – É a primeira vez que este evento se realiza em Portugal. Sentem-se uns privilegiados por fazerem parte desta iniciativa? New Max: Para nós é sempre bom podermos tocar num festival com estas dimensões. E claro, podermos estar no palco ao lado de grandes nomes da música nacional e internacional, Demo: Sim, claro que é um enorme prazer.
IVS: Se pudessem organizar um evento deste calibre, quem convidariam? N M: Convidaria por exemplo o Bilal, NBC, Sam The Kid, The Roots, Prince, Common e claro, Da Weasel. D: Acho que os mesmos. São grandes bandas, cada uma na sua área. IVS: Vocês ganharam três prémios na Gala da Nova Era 2007 na categoria de melhor single (“13 Mulheres”), melhor Hip Hop / R&B e melhor nacional. Foi o vosso melhor ano a nível profissional? N M: Acho que foi um bom ano, mas nós sonhamos com muito mais... Agora é só trabalhar para melhorar e inovar a nossa música. D: Acho que temos vindo a crescer, mas sentimos cada vez mais o
reconhecimento do público.
qualquer.
IVS: Acham o perfeccionismo essencial para um bom músico? N M: Acho que para se ser bom em qualquer área tem que existir muito trabalho e dedicação, e a música não é excepção... Nunca se sabe tudo, há sempre qualquer coisa nova para apreender e descobrir. Demo: Sim, mas às vezes fugir à regra dá bons resultados.
IVS: E tu Demo, pretendes enveredar pela tua carreira como DJ? D: Sim, faço o que gosto. Tudo que envolva música é bom para mim.
IVS: New Max, Bilal é uma das tuas grandes referências musicais. Terias coragem em desafiá-lo para uma colaboração? N M: Claro que sim, adorava! Acho que no futuro essa colaboração poderá acontecer... É uma questão de estar no local certo à hora certa. IVS: E para além do sucesso que já alcançaste com os Expensive Soul, continuas a tocar com a banda do teu pai aos fins-de-semana. Que importância teve a tua família na paixão pela música? N M: Sempre tive a sorte de ter músicos na família. Desde logo me deram todo o apoio que precisava, e perceberam que a música não é apenas um hobbie, mas um trabalho como outro
IVS: Já se encontram a preparar o novo álbum? N M: Para já estamos a desfrutar o último disco, mas já temos alguns beats que poderão vir a ser temas para o próximo álbum. D: Já andamos a falar sobre isso, estamos a juntar ideias. IVS: Vão continuar com o que têm feito até agora a nível de sonoridade ou já sentem a necessidade de reciclarem? N M: Os nossos trabalhos têm que inovar qualquer coisa, pois ao contrário perderíamos todo o interesse, embora nos próximos trabalhos a sonoridade “Expensive Soul” permanecerá sempre. D: Acho que sentimos necessidade de inovar, mostrar o que somos e o que sentimos pela música. Por: Ângelo Rodrigues.
“Conhecidos por pôr o dedo na ferida”, entre muitas outras coisas, os Mind Da Gap são já uma marca no Hip Hop Tuga. Na altura em que se formaram, em 1993, havia pouca gente que gostasse de Hip Hop a viver no Porto. Contudo, isso não os fez recuar e em 1995 saiu o EP, dois anos depois veio o famoso SEM CERIMÓNIAS, em 2000 trouxeram-nos A VERDADE, mais dois anos depois o SUSPEITOS DO COSTUME e, finalmente, no último ano, o espantoso EDIÇÃO ILIMITADA. Pelo meio vai um EP com os Blind Zero e músicas em conjunto com caras tão conhecidas como Da Weasel, Dealema e La Família. Quanto a trabalhos a solo, existe o álbum INTENSAMENTE de Ace e o BRILHANTES DIAMANTES do DJ Serial, que mostraram outras facetas dos autores até então desconhecidas. Muitos consideram-nos um grupo “à parte”,
o que poderá estar relacionado com o facto de terem recusado participar na colectânea RAPÚBLICA (“nessa altura já tinham sido abordados pela editora deles”, afirma o manager). Outra explicação muito provável é eles serem do Porto pois, queira-se ou não, as atenções estão centradas em Lisboa. Mas todos os discos que lançaram, todos os concertos e participações fazem com que os Mind Da Gap sejam importantes não só no panorama do Hip Hop nortenho mas também a nível nacional. “Acho que somos uns históricos em Portugal”, afirma Presto em entrevista no programa de rádio Nação Hip Hop. Sem dúvida que são e, grupo “à parte” ou não, ninguém lhes poderá tirar isso: o nome estampado na história do Hip Hop português. Por: Estrofe
Marco Polo
Port Authority Soulspazm/ Rawkus Records
Track doce e suave na voz da cantora J.Davey, um final em beleza. Veredicto final? Um grande álbum, um disco de produtor que já não ouvia desde ‘Soul Survivor 2’ de Pete Rock, e que só um segundo semestre completamente espectacular de 2007 conseguirá passar para um plano secundário um dos discos mais fortes do ano. Por:André Silva
De regresso àquilo que chamo de discos de produtor, aquela espécie de álbuns à responsabilidade de um único produtor que convida um monte de mc’s e estes depois que se desenrasquem pois o nível de produção está garantido neste caso, logo só falta o dom da palavra devidamente aplicada. Temos de congratular Marco Polo pelo elenco escolhido, onde nomes como Masta Ace, Kool G Rap, BuckShot, O.C, Large Professor e Edo O.G são apenas alguns exemplos do que podemos encontrar. Contudo outra questão nos assalta, num leque tão vasto de estilos e abordagens, conseguiria Marco estabelecer alguma coerência ao longo de 18 faixas? A resposta supera o positivo porque este tanto consegue ser harmonioso em duas ou três faixas como salta de repente para uma batida bem mais agressiva sem sequer ferir os ouvidos. Este àlbum tem uma vibe que nos faz viajar para meados da última década, relembrando tempos em que alguns dos seus participantes brilhavam e se calhar por isso, tudo nos soe tão naturalmente, mas no fim de contas apercebemonos que é a nostalgia que nos leva a pensar isso. Quanto a destaques individuais, posso-os deixar aqui mas será apenas uma opinião pessoal, pois para outros, o protagonismo poderá estar noutros sons, graças a uma versatilidade anormal num só álbum. A nota de realce irá então, para ‘Rollin’ e as primeiras quatro faixas do álbum ‘ Get Busy’, ‘ Marquee’, ‘War’ e a faixa que vou recordar nos próximos nos, ‘Nostalgia’ de Masta Ace. Quando tudo parece terminar e damos por nós satisfeitos, somos confrontados com uma Bónus
Krs-One & Marley Marl HipHop Lives Koch Records
O senhor que um dia ousou afirmar “ I am HipHop” junta-se agora com outro que à 20 anos atrás juntamente com Mc Shan e Juice Crew protagonizaram um dos beefs mais históricos da nossa cultura e que lançou Krs-One para o reconhecimento global. Passados 20 anos, Krs e o produtor old school de Queens Bridge, Marley Marl, reuniram esforços para lançar um álbum que mais parece uma aula de história e nada melhor que um professor para a dar e explicar devidamente. Início da aula, os alunos ainda se estão a sentar e logo em ‘Hip Hop Lives’ é nos dada uma definição da nossa cultura, seguindo-se uma enumeração de vários acontecimentos relevantes no desenvolvimento e crescimento do Hip Hop em ‘ I Was There’, em ‘Rising to the Top’ é nos narrada na primeira pessoa a subida do professor ao topo devido ao beef que protagonizou com Mc Shan e a dívida que este tem para com ele e Marley Marl, por esse facto ter sido preponderante na sua carreira, e acima de tudo por a batalha permanecer verbal, algo que na actualidade seria um pouco estranho. A aula prossegue interessante e em ‘Kill a Rapper’ são mencionados alguns casos em aberto de rappers que desapareceram deste mundo
B.I.G, Big L, Tupac ou mesmo o companheiro de Krs em Boggie Down Productions, Scott La Rock, e deixa palavras que nos deixam a pensar “It seems like when a rapper dies it don’t matter/He simply becomes a poster, something to run after/A reason for these kids to pull their guns faster/Trying to emulate and be like dead rappers”. O álbum conta ainda com as prestáveis participações de Magic Juan, Blaq Poet, Dj Premier e ainda o veteraníssimo Chief Rocker Busy Bee. Se todas as aulas fossem assim, não existiam tantos problemas no ensino em Portugal mas à parte destas questões do dia-a-dia, o facto a realçar é sem dúvida a parte em que um beef não significa violência ou até morte, mas reflecte apenas o espírito competitivo intrínseco num Mc e por isso não existiu qualquer constrangimento entre estas duas personagens a fazer este álbum porque ambas compreendem a essência de que falei, acabando por fazer um álbum com um conteúdo bastante significativo para actualidade. Um exemplo de “Real HipHop”. Por:André Silva
picos baixos. Com pontos altos como “Mwangolê”, “Fingidas” e “Biznos”. “Mwangolê” a trazer o espírito das raízes africanas de volta. Com um enorme sentimento por parte dos seus intervenientes. Tanb a ter a produção da melhor faixa (“Biznos”) do álbum. Um storyteller a fazer jus á realidade. Um álbum muito estético e muito artístico a notar-se a preocupação de muitos pormenores, pequenas correcções e adições que fazem a diferença. Um trabalho constituído por 19 faixas de fácil digestão, até Dair (filho de NGA) já sabe o refrão da faixa “Sexy”. Força Suprema a marcar o seu carimbo no mercado português com a sua personalidade característica. Podemos não saber o nome da música mas sabemos que é Força Suprema. Por: Olheiro.
Cilvaringz I
Babygrande Records
Força Suprema De corpo e alma MadRap
Depois de muitas Mixtapes pessoais ou do grupo (Força Suprema) surge o primeiro álbum do mesmo, DE CORPO E ALMA. Sem preconceitos da música que fazem, assumem o que querem e como lá chegar. Desde faixas radio friendly, a faixas mais hardcore e ainda a faixas ego-trip. NGA "o rei de LS" a ser o expoente máximo deste grupo e a destacar-se em todos os aspectos. Danny L a ser a participação mais influente a par de Geny no álbum. É um álbum muito constante e homogéneo, a não existirem
Eis o álbum mais aguardado de sempre no universo dos álbuns mais aguardados pelos seus próprios autores. Incansável nos seus esforços para ingressar na família Wu-Tang, Cilvaringz não descansou enquanto RZA não cedeu o seu talento de produtor a “I”, o seu álbum de estreia a solo. O mar de opiniões que banha este álbum dividese em infinitas partes, desde os fervorosos apreciadores de RZA que deliram com a sempre presente sonoridade Wu-Tang até à legião de haters que o acusam de estar gasto e repetitivo. No entanto, uma coisa é certa: de todos os membros que se têm juntado e afastado do clã, Cilvaringz é dos mais interessantes e talentosos que os fãs já tiverem oportunidade de ouvir. Fãs incondicionais de Wu-Tang, se ainda não ouviram Cilvaringz há uma parte da vossa vida preocupantemente vazia. Polémico, assertivo,
Vá para
fora
Convidado:
realista e completamente apaixonado pelos WuTang, é assim que podemos descrever o som de I. Não há dúvida que os pozinhos da produção de RZA ajudaram (e só quem não é viciado em Wu-Tang é que pode dizer que este produtor não está no seu melhor), proporcionando uma combinação perfeita de ambiente sonoro e conteúdo lírico. Este é também um álbum inteligente. A segunda faixa, “Wu Tang Martial Expert”, é o clássico som de Wu-Tang, todo ele espadas, samples de diálogos, ruído e breaks que, somando os recadinhos para outros artistas, “You see them Arabs, they hooked on 50, they go to rehab / they come back yelling Ji-Ji-Ji-Jihad!”, e os props à tropa Wu, “And so I went and got RZA, GZA and Meth / Plus I went and got Ghost, Killa and Chef”) nos faz chegar ao fim da faixa na primeira audição do álbum e concordar com o sample final “Good, Wu-Tang Martials Expert / His technique was perfect”. Mas nem só de props se faz este álbum. A glorificação da nação Islâmica é constante e presente em várias faixas como “In The Name of Allah”, “Jewels / Christ & Judas” e “Damascus”, em que política e religião se tornam em duas faces da mesma moeda. “Death To America” não deixa dúvidas. O ego-trip atravessa todo o álbum, encontrando-se maximizado em “The Weeping Tiger”. “Brothers Ain’t Brothers” é claramente dedicado aos companheiros Killer Beez, que aparentemente não se sentiram muito confortáveis com o sucesso de Cilvaringz. É ainda objecto de homenagem Michael Jackson em “Forever Michael”, embora o maior destaque seja dado às diferenças culturais entre a sociedade árabe e ocidental, como podemos ouvir em “Elephant Juice” e à insensibilidade da sociedade em geral, como ilustra “Deaf, Dumb & Blind”. A revolta explode em “Valentine Day Massacre”, com uma lista de participações de inspirar respeito. Com a participação do Wu-Tang Clan inteiro, este é sem dúvida um dos melhores álbuns de 2007. Por: Joana Nicolau
Em que lugar é que podemos encontrar Hip Hop em Aveiro? Onde é que o pessoal se costuma juntar? Diga-se de passagem que Aveiro sempre careceu de bons espaços para a comunidade Hip Hop e o pouco que já tivemos já não temos. Este é o caso do único bar, exclusivamente, de Hip Hop que tínhamos, o Estrondo. Por outro lado, Aveiro também não é um meio social muito grande, e assim toda a gente se conhece, e de forma proporcionalmente directa, todos se "odeiam". Digo com isto, que como meio pequeno, existe um alto nível de picardias entre focos, que deviam apontar na mesma direcção, andam a tentar cegar-se mutuamente. Enquanto assim for, será difícil haver espaços para o pessoal se juntar. Até lá, vamo-nos juntando cada um no seu bairro, na sua zona, no seu território. Quem são os intervenientes activos no Hip Hop, nas suas quatro vertentes, neste momento em Aveiro? Neste momento Aveiro está-se a mexer e é bom de ver que assim é. O Kooltuga lançou material novo no fim de Abril, os NAD, colectivo que eu faço parte, estamos a receber boas propostas para investir no álbum, os 2forty (beatbox) também já andam em estúdio... os homeboyz também tem material novo quase a sair, o governo sombra, ganhou novo fôlego com a Gov Som e também está a preparar material para rebentar...a única vertente que estagnou e de certa forma retrocedeu foi o breakdance… mas vamos ver se isto anda para a frente, que há-de andar enquanto houver b-boys a querer por o chão em fire. Que paredes ainda estão por pintar? Muitas man.. (risos) há altos níveis de picardia também no graffiti, mas acaba por ter resultados positivos. Por exemplo, é conhecida cá na zona a desavença entre os BTS e os ASK, e isso, mesmo que indirectamente, acaba por levar os writers a quererem pintar cada vez mais e melhor para se beefarem uns aos outros... é assim que vão aparecendo cada vez mais paredes pintadas...mas ainda faltam muitas... mesmo muitas... não sei se algum deles vai ler isto, mas eu gostava de ver alguma cor no fórum Aveiro (risos). Como vês o panorama a nível de Hip Hop
cá dentro
Multih
em Aveiro? Está melhor, pior que há uns tempos atrás? Tem futuro? Como disse antes, isto está a começar a mexer. É verdade que Aveiro nunca foi um centro de Hip Hop evidente, mas sempre um sítio de Hip Hop eminente. Quero dizer com isto, que sempre tivemos bons mc's, writers, b-boys e dj's. O que nos faltou sempre foi a projecção de uma capital ou de uma invicta. Acho que actualmente a principal falha no movimento nas nossas bandas é mesmo de estruturas. De editoras, de produtoras, de organizadoras de festas... de malta que ponha o Hip Hop de Aveiro na boca do povo. Quem sabe se quando a gera toda ler isto, se lembre em se unir, fazer um mega festa de Hip Hop, sem stresses, represálias e confrontos, e damos o nosso grito de independência por Aveiro, e mostramos que somos bons e sabemos bem o que fazemos. Se optarem por este caminho, adicionem: (risos). Aveiro é como se fosse a Veneza de Portugal, os NAD contribuíram para a ria de Aveiro no que toca a "meter água"? (risos) Acho que "meter água" é importante para qualquer um... pondo o trocadilho um pouco de lado, este "meter água”, por "pôr a pata na poça", acaba por ser sempre positivo. Enquanto mc, enquanto pessoa, enquanto cidadão tu só tens a ganhar com as tuas falhas: aprendes, cresces, evoluis. Olho para trás, e não vejo muita água no percurso dos NAD. Se calhar devia ter existido mais, se calhar devia ter havido menos mas a que houve fez bem a todos. A nós que aprendemos, aos que nos apoiam que viram que aprendemos, aos que não nos apoiam que ganharam ânimo para continuar a tentar atingir-nos.
Por: Olheiro
Big L
Lifestylez ov da Poor & Dangerous 1995
Jaylib
Champion Sound 2003
Danger Doom The Mouse and the Mask 2005
Immortal technique Revolutionary Vol. 2 2003
Acredito que existam almas gémeas na música, e sempre considerei Jaylib um belíssimo exemplo apesar de toda a distância geográfica que separa Detroit de L.A, pois embora tenhamos uma audição estranha inicial, à segunda e terceira tentativa, esta torna-se mais compreensiva e entusiasmante. É difícil destacar alguma coisa no meio de tanta qualidade, mas pessoalmente inclino-me para faixas como ‘Champion Sound’, ‘The Red’, ‘Raw Shit’ e ‘Starz’. Já agora aproveitem o facto de a Stones Throw recentemente ter lançado uma Deluxe Edition (CD duplo e com muitos extras) em homenagem a Jay-Dilla e também uma forma de toda esta categoria não passar ao lado de alguns. Dono de uma voz e flow contagiantes, Doom depois de uma aliança com Madlib, surge-nos agora com um produtor igualmente engenhoso e inventivo, Danger Mouse, que soube criar o ambiente sonoro adequado à sua excentricidade. Por vezes, ficamos com a sensação que a caricatura que Doom nos transmite tem vida própria superando até o próprio homem por detrás daquela máscara, embora não passe de forma peculiar e espectacular de abordar a realidade, espelhando-a ou esboçando-a em todas as faixas deste entusiasmante álbum. Quando falamos de Hip Hop como música de intervenção, um nome é obrigatório no nosso dicionário, Immortal Technique, com questões sociais e políticas em mira constantemente, unido a um discurso agressivo e frio que demonstra o espírito revolucionário que domina I.T. O álbum esta repleto de dicas ao estilo daqueles documentários ‘Toda a Verdade…’que põe qualquer sistema político de rastos para não falar nas referências ao racismo, pobreza, criminalidade e religião, não passando incólumes aos olhos deste Mc que parece ter resposta e opinião para tudo. Aquele mc que mais se assemelha ao nosso caro Valete tanto a nível de intervenção da sua música como no conhecimento abrangente da realidade que não passa na TV. E já agora não se fiquem pelo Vol.2 porque Vol.1 é igualmente interessante.
Dr.Dre
The Chronic 1992
Nascido, criado e falecido nas ruas de Harlem, New York, será pouco para descrever a curta carreira que Big L acabou por ter, pois se ainda fosse vivo certamente que seria outra lenda viva, todavia este álbum é uma herança que ficará para eternidade. Storyteller, punchliner e freestyler, tudo isto aliado a um street knowledge invejável, proporcionou-lhe um registo marcante, arrastando consigo uma sonoridade crua e habitual da East Coast da última década. Destes já não se fazem!!!
Apresentações parecem completamente dispensáveis ou até mesmo uma ofensa, para este senhor do Hip Hop norte-americano e certamente uma das razões para não esquecer o importante papel do Gansta Rap na história do Hip Hop. Após a sua rotura com NWA, surgiu a solo juntamente com o seu G-Funk e acompanhado pelo até então desconhecido Snoop Dogg, entre muitos outros que começaram as suas carreiras a partir daqui. Álbum inteiramente produzido por si, apesar de dar uns toques nas rimas, e bem, é inegável que o seu talento está na produção, e aí sim, fez a diferença, numa altura em que a West Coast ofuscava a outra costa e Dre era um desses holofotes. Tem 15 anos mas não fica a dever em nada ao que se faz na actualidade, porque estamos a falar de mais um pedaço de história, que vale a pena descobrir. Por: André Silva
António Calvário – Chorona / A Primeira Pedra (Single)
GNR (Grupo Novo Rock) – Sê Um GNR / Instrumental Nº1 (Single) Este mês começo por vos apresentar um disco de uma banda bem conhecida entre nós: os GNR. Este disco, datado de 1981, foi editado quando o grupo ainda se chamava “Grupo Novo Rock”. Na altura Rui Reininho ainda não fazia parte da banda, juntando-se apenas em 1982. No LadoA temos “Sê um GNR”, um hino a banda e ao alistamento massivo no movimento GNR. Letras como “Se tens 18 anos e a 4ª classe…” em cima de um ritmo rock mais compassado mas com uma batida bem forte, capaz de funcionar no corte e costura... O tema começa com uma grande linha de guitarra e prossegue sempre com uma veia bem funky e mais alguns pontos sampláveis. Mas aqui o LadoB é a pérola do disco: “Instrumental Nº1”. Este é o primeiro de um conjunto de 4 temas instrumentais (Instrumental Nº 1 – 4) que se podem encontrar pela discografia dos GNR. É sem duvida um grande tema, respira um ambiente de quase Jam-Session entre o grupo. Este tema tem uma presença incontornável, com várias passagens a merecer homenagem. Não será por acaso que este tema tenha sido escolhido numa iniciativa do respeitadíssimo www.hitdabreakz.blogspot.com. Para assinalar o seu 2º aniversário (e está aí outro a porta…), foram pedidas várias remisturas deste tema aos utilizadores. Podem conferir o resultado aqui: (http://hitdabreakz.blogspot.com/2006/07/canyou-dig-it-yes-you-can-hdb-faz-2.html).
Mena Matos – Os 6 Maestros da Orquestra Sinfónica Nacional (Single) Tragos-vos com este disco um artista do qual, confesso, pouco conhecia. Pelo que tenho descoberto, foi uma figura incontornável na vertente mais humorística. Reza assim: “Mena Matos, considerado um dos maiores humoristas portugueses, notabilizou-se pela sua excepcional capacidade em imitar vozes das personalidades e figuras públicas da época.” Sempre presente também na Rádio e na TV, será talvez mais reconhecido por nós como a voz do Sr. Pitosga (clássicos desenhos animados – Mr. Magoo). Este disco é um disco vocal, que contem no LadoB um pseudo-discurso que mistura política pós-revoluçionária, mas sempre num contexto musical dos grandes maestros, hehe... É uma peça muito bem-disposta que contém inúmeras frases vocais de grande interesse, bem como pequenos separadores musicais altamente utilizáveis. Tambores, trompetes, drama, vozes à cocas e orquestrações grandiosas, tudo serve de apresentação aos Grandes Maestros ;) Este disco está em alta, com o LadoB já samplado pelo Sam The Kid no tema “Abstenção” (a linha de piano que percorre a música… Deve estar aí a rebentar o Vídeo ;-) e algumas produções caseiras ;-). Pode também ser encontrado em algumas compilações alusivas ao 25 de Abril disponíveis em CD editadas mais recentemente. E Viva Portugal…
Este disco traz-nos 2 grandes temas, que são um óptimo cartão de visita para este senhor maior da música Portuguesa. Estamos em Portugal no inicio da década de 60 e depois de uma triunfante passagem pelo Festival da Canção Portuguesa realizado no Coliseu do Porto em 1960, António Calvário transformase numa das coqueluches da época. Em 1961, Calvário ganhe o seu primeiro título de Rei da Rádio, uma das votações populares mais participadas e um autêntico acontecimento nacional. Este disco marca o melhor do seu som: Grandioso nas orquestrações, magico na voz e na melodia dos temas. O clássico todopoderoso dum país. No LadoA, “Chorona”, énos apresentada uma maravilhosa canção com direito a castanholas e tudo… Romântica na melodia, cheira a Lisboa e ás esquinas da saudade. “Dois beijos tenho na alma chorona, que sempre recordarei…” No LadoB temos o ponto alto do disco: “Lance a Primeira Pedra”. Um estrondoso tema, pujante e incitador, com um bom começo a convidar ao loop. Toda a música é uma escalada de intensidade até ao destino final… “Se eu andar em maus caminhos, ninguém pagará por mim…”
António Calvário – Chorona / A Primeira Pedra / Canção da Juventude / Digam o Que Digam (Single) Além dos 2 temas do disco anterior, nesta edição diferente temos um LadoB completamente novo com 2 temas que não estavam presentes no outro disco. “Canção da Juventude" é uma ode a inocência e aos saudosos tempos de juventude. O tema mais “feel-good” do disco. Um bom momento, mas nada de muito relevante a nível de potencial de sample ;) Depois do intervalo, o jogo muda de figura… “Digam o Que Digam”, forte e imponente, é uma fonte monstruosa de samples, loops e melodias como já não ouvia a algum tempo. Leva o lendário e imaginário GALO DE OURO do digging tuga ;) Mais um nome a reter nessas buscas poeirentas pelo país, sempre a procura da perfeita repetição… “Digam o que digam… os demais…”
Acabo com alguma história: O Sr. Calvário foi o primeiro artista a representar Portugal no Festival da Canção, em 1964… Sobre isso tem a dizer: "A participação no Festival da Canção é uma marca muito importante na minha carreira, será sempre uma referência da minha vida profissional. Muito embora eu já fosse uma figura muito popular antes de ter participado no Festival da RTP. Já tinha concorrido aos festivais da Emissora Nacional. Aliás, devo o meu nome à rádio. Por isso, convidaramme para ir ao Festival da RTP e acabei por vencer a primeira edição. Foi com muito orgulho e com muita honra que representei Portugal na Eurovisão." (AC / Diário de Notícias).
…Pelos caminhos de Portugal, eu vi tanta coisa linda, vi um mundo sem igual…
Por: Kooltuga
PacM an
d e b p o B Ex
Virgu
omptlexo
t t e l m w o H
Por: Ivo Alves
THE SOUND PROVIDERS "Realness Indeed"
Formado no ano de 1998 em San Diego, o colectivo Sound Providers, ao contrário do que se verifica actualmente, era originalmente constituído por um trio, ou seja, além dos actuais produtores Jason Skills e Soulo, também fazia parte do grupo californiano o emcee Profile, que saiu pouco depois de terem assinado com a ABB Records. Nesse seguimento, em 2004 os Sound Providers lançaram o álbum de estreia AN EVENING WITH THE SOUND PROVIDERS, com participações de nomes como Asheru, The Procussions, Wee Bee Foolish, Maspyke e os Little Brother. Aqui se começou a construir o buzz em redor das skills de produção destes geniais beatmakers, que fazem do Jazz, Funk e Reggae estilos presentes nas suas paisagens sonoras, interligadas claro está, no background musical do HipHop, e complementadas por escolhas acertadas de liricistas que abordam temáticas de teor socialmente conscientes e positivas. É neste particular, que em 2006 surge o projecto TRUE INDEED, numa parceria com o emcee Surreal, mais uma vez num lançamento ABB Records, e sem dúvida alguma um dos melhores álbuns do underground norte-americano desse ano. Para trás, e além dessa colaboração discográfica com o emcee da Flórida, fica o álbum LOOKING BACKWARDS: 2001 - 1998, uma compilação que reúne faixas nunca antes editadas e raridades. Estas são razões mais que suficientes para ficarem atentos a esta talentosa dupla de produtores.
http://www.myspace.com/ soundproviders
UGLY DUCKLINg "How to diss a Gangsta Rapper"
Directamente de Long Beach surge o trio Ugly Duckling, constituído pelos elementos Dizzy Dustin, DJ Young Einstein e Andy Cooper. Estes grandes malucos são uma espécie de Beastie Boys mas sem as vozes irritantes, e o seu estilo é caracterizado por um Comedy Rap alternativo com influências da Old School. “Jovem, se até a tua mãe te chama Nerd, se sempre foste massacrado pelos G's do teu bairro, e se as miúdas só olham para os players e se riem na tua cara, então Ugly Duckling é o som para ti!” Se não fores nada disso, mas mesmo assim gostares de punchlines a gozar com a cena Gangsta Rap, analogias dignas de um stand up comedian, e parvoíce aos kilos, então UD também é para ti! Este grupo californiano conta na sua discografia com projectos como o EP FRESH MODE de 1999, o álbum JOURNEY TO ANYWHERE de 2001, o disco TASTE THE SECRET de 2003, e mais recentemente BANG FOR THE BUCK pela Fat Beats Records no ano de 2006, que conta o tema Smack, tema esse que tem um videoclip no mínimo hilariante. Ugly Duckling, confiram essa cena!
http://www.myspace.com/ uglyduckling
http:// www.freshstyle.net/praso