25 Actualidade Internacional
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Actualidade Nacional
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Joana Nicolau Sónia Bento Tó Moisés Regalado
Toxic @ Sta. Maria da Feira
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Dj QBert @ Paradise Garage
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Equipa
Dj QBert
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Biografia Amy Winehouse
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Férias na Microlândia
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Críticas de CD’s
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Verbal
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Oker
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Vá para fora cá dentro -Silves
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Head´s up
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MixTape IV Street
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Grafitti
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Grandes Malhas
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Zoom-in V/A
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Zulu Nation
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IV Street @ net
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Direcção
Alberto Darame Ivo Alves Vanessa Cardoso Daniela Ribeiro Olheiro A.Silva (Primouz) P.Silva (Primouz) João Coelho Teresa Vieira Ângelo Rodrigues
Design
Hugo Araújo (Snake) André Almeida (Phomer) Propaganda 13
Webmaster Fresh
Colaboradores
Escu ub
ta
S
Grilo Pedro Ferrreira Estrofe
Parece que ainda no outro dia (apesar de já ter sido há nove ou dez meses) me convidaram a colaborar com uma nova revista de Hip Hop que estaria a ser preparada e que viria a preencher a lacuna deixada no mercado português com o fim da Hip Hop Nation. Já tinha nome e equipa definidos, mas acabou por fracassar. Há males que vêm por bem. Graças ao fim precoce da Freestyle (assim se chamaria), pôde ser idealizada a IV Street. Não só a revista, mas também a família, que continua a ser o meu maior motivo de orgulho, principalmente porque nesta cultura que, supostamente, se rege pelos princípios da paz e da união, é raro ver exemplos como o nosso, por mais incongruente que isso possa parecer. Sem qualquer tipo de pretensiosismo, digo que estamos aqui para marcar a diferença e que representamos o fim dos lobbies no Hip Hop português. Parar é morrer (e é por isso que o vosso rapper favorito ainda é o mesmo de há cinco anos), arriscar é fundamental, e é isso que nos auto-propomos fazer. Depois da introdução de mixtapes nas nossas edições mensais, mais e melhores novidades vêm a caminho - é uma questão de esperarem. Finalmente, resta-me agradecer em nome de todos pelo apoio que temos recebido, vindo dos mais diversos sítios do Mundo - talvez chegar ao Brasil e aos PALOP seja mais importante do que chegar às ruas. Obrigado. Por:Moisés Regalado
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7/9 31
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Dilated a Solo
Muneshine A Walk In The Park IAM - Saison 5 O lendário colectivo do rap francês IAM, constituido pelos elementos Akhenaton, Shurik'n, Freeman, Imhotep, Kheops e Kephren, regressa em grande às lides discográficas com o novo e quinto álbum de originais. Depois de REVOIR UN PRINTEMPS em 2004, o grupo de Marselha lançou no passado dia 2 de Abril o disco SAISON 5, pela editora Polydor. Os singles deste novo trabalho são os temas “Une Autre Brique Dans Le Mur” e “Ca Vient De La Rue”, ficando a produção a cargo dos elementos do grupo e contando apenas com a participação do cantor Jehro no tema “To the World”.
Redman Red Gone Wild: Thee Album
Conhecido pelas suas colaborações com artistas como Pete Rock, DJ Spinna, Little Brother, Wordsworth, Louis Logic e Lightheaded, o mc/produtor canadiano Muneshine surge com um projecto instrumental intitulado A WALK IN THE PARK. Centralizando a sua sonoridade em estilos como o Jazz, Soul e Funk, A WALK IN THE PARK tem o selo Lamplight Arts e é sem dúvida alguma um dos melhores trabalhos instrumentais de 2007 até à data.
Blue Scholars – Bayani A dupla Blue Scholars regressa às lides discográficas já no próximo dia 12 de junho com o seu novo álbum BAYANI. Depois de se estrearem em 2004 com o disco BLUE SCHOLARS, e em 2005 com o EP THE LONG MARCH, o colectivo boom bap de Seattle composto por Geologic e Sabzi regressa já sobre o selo da sua editora independente, a Massline Records, num lançamento em parceria com a Rawkus.
Redman regressou às lides discográficas já no passado dia 27 de Março, com o novo álbum RED GONE WILD. Este será o primeiro de dois esperados lançamentos para este ano, com MUDDY WATERS 2 aguardado para Novembro. Mas, voltando ao mais recente projecto de Redman, a produção ficou a cargo de nomes como Timbaland, Eminem, Erick Sermon, Rockwilder, e Scott Storch, além de participações dos Def Squad e Gilla House family. Tudo isto num lançamento com o selo Def Jam.
Respondendo aos rumores que davam como certo o fim dos Dilated Peoples, numa recente entrevista os elementos do grupo, Rakka e Evidence, prontamente desmentiram esses rumores, adiantando que depois de 20/20 o colectivo iria agora passar por uma fase de lançamentos a solo. Fora da alçada de uma editora major (Capitol), esperam-se nos próximos 2 anos projectos a solo lançados por editoras independentes, e prova disso é o recente álbum de Evidence intitulado THE WEATHERMAN, pela ABB Records. E em calha já estão os projectos THE RED TAPE INSTRUMENTALS, pela Decon Media, e um projecto em colaboração com Alchemist, intitulado THE CLOSERS, com data de lançamento previsto para 2008 pela ALC Records. Por outro lado, Rakka está a ultimar o seu álbum a solo CROWN OF THORNSC, e o DJ Babu tem um futuro projecto de nome THE BEAT TAPE VOL. ONE, previsto para ver a luz do dia a 3 de Abril, pela Nature Sounds.
Mais Barulho O álbum BARULHO, da dupla Sp & Wilson, será reeditado pela editora Footmovin' em parceria com a Dance Club, a 26 de Maio, e virá com uma nova roupagem, um novo design e quatro temas originais. Nesses temas, é notória a mescla de influências dos seus criadores, navegando por sonoridades que vão desde o Reggae, ao Drum'n'Bass e ao House. O single é o tema "Sp & Wilson", que conta já com um vídeo animado.
Mente Creativa -EP Em Promoção Mente Creativa é o grupo formado por Rifle, Lu e Kaka que vem da Zona Centro, mais especificamente de Castelo Branco.Depois de vários sons e maquetes a andar pela Internet, este grupo vai marcar a sua estreia na rua com o EP EM PROMOÇÃO. O projecto vai contar com participações de DJ Madkutz, Ob, Inviruz, Mr ECkz, NAD e Dj Lil Pip. Podem encontrar o álbum nas lojas virtuais DarkMixtapes e CBStore a partir de Maio e com o preço de 4€. Para mais informações: www.myspace.com/mentecreativakrew.
Arrastão Verbal já à venda
Já está no mercado desde o dia 1 de Abril aquela que promete ser a compilação do ano, o projecto ARRASTÃO VERBAL do DJ Núcleo (Factos Reais). Com a produção a ficar a seu cargo na íntegra, conta com participações de respeito entre as quais as de Sir Scratch, Royalistick, Valete, NBC, Xeg, SP, Regula, Del Tó, Sniper, Geb, Prince Wadada, Beto, Soul Krioulo, M.A.C, Deski, Nações Diversas, BigKrys entre outros. O álbum tem o selo Footmovin' e, para mais informações, podem aceder a www.myspace.com/djnu cleo.
Duelo Mental já a venda
O projecto DUELO MENTAL do DJ Gijoe e do emcee Spell já se encontra disponível. O disco está à venda em www.kimahera.com por 11 euros, além de contar com distribuição da SóHipHop. No mesmo link podem ouvir um pouco do álbum, tendo acesso a todas as letras e informações adicionais deste projecto. Além disso, podem encontrar o álbum nas Fnacs de todo o país, portanto estejam atentos, confiram este grande projecto nacional e que comece o duelo!
Mundo Complexo - Estamos Juntos Quatro anos depois de ACREDITES OU NÃO, Ridiculo, Tranquilo, Tony Moca e Dj Kwan estão de volta às lides discográficas com o lançamento do seu segundo álbum de originais intitulado ESTAMOS JUNTOS. Com data de lançamento marcado para dia 4 de Maio, o projecto tem selo de qualidade da editora independente do Porto Matarroa. Entretanto podem ouvir o primeiro single do novo álbum, o tema “Pequenos Pormenores”, com a participação de Melo D, em http://www.myspace.com/mundocomplexo. No mesmo dia do lançamento oficial do disco, os Mundo Complexo têm concerto de apresentação do mesmo, no 4º Aniversário da Matarroa a ter lugar no Porto-Rio, que irá também contar com as actuações de Tribuno e Clã da Matarroa e nos pratos os DJ's Spot, Kwan e Bezegol.
Sensei D – A Viagem Sonora à Mente de Sensei D Depois da mixtape HIPHOP – ESTRATÉGIAS DE AUTO-EVOLUÇÃO, o produtor Sensei D lançou no passado dia 25 de Março o seu primeiro álbum com produções totalmente da sua autoria, projecto esse intitulado A VIAGEM SONORA À MENTE DE SENSEI D. Sendo um disco na sua maioria instrumental, este conta, porém, com três participações, sendo elas as de Criatura, Discipulo e Geb One dos Factos Reais. Como o próprio nome sugere, é um álbum continuo e intimista em forma de viagem, como se de uma jornada ao interior da psique do seu autor se tratasse, encontrando-se todo interligado através de skits e interlúdios. O álbum está já disponível para compra pela quantia de 5€ em lojas da especialidade como a Supafly, Low Budget e a For Street.
H2T Apresenta Duelo Verbal H2T Duelo Verbal é o nome do campeonato freestyle MC's que vai ocorrer dia 28 de Abril, na edição 2007 do encontro Arte Urbana em S.Marcos. A organização está a cargo do H2T, MC Enigma e Junta de Freguesia de São Marcos e terá lugar na Alameda de S.Marcos (em S.Marcos, concelho de Sintra), ao ar livre, a partir das 15h num evento gratuito
@ Sta. Maria da Feira
Toxic
Artistas: Sam The Kid, Halloween, Specta, Nigga Poison, Kacetado, Tekilla, Dealema, Regula, Bezegol, Super Shore, Dj Cruzfader, Dj Kronic, Dj SAS, Lexo, SK/TR e Crewcial Local: Big Cansil, Santa Maria da Feira Data: 7 de Abril de 2007
Apesar do frio que se fazia sentir cá fora começavam-se a notar um grupo cada vez maior à espera que as portas se abrissem, como se algo de muito espectacular fosse acontecer no seu interior. E não era para menos, que toda a gente tivesse essa perspectiva, não fosse o vasto leque de bons artistas que desfilavam pelos nossos olhos no cartaz. Lá dentro o ambiente era calmo e começavase a adivinhar que a noite ia ser longa. Por volta da 01:30 lá subia ao palco Cruzfader acompanhado de Tekilla para começar a chamar o público à linha da frente e para dar inicio à festa. Tekilla a provar que é um dos melhores entretainers de Portugal. Entre animações, Tekilla ainda tinha tempo para prestar homenagens a alguns mc´s já falecidos. E, como o senhor por trás da festa não podia faltar, Kronic sobe ao palco também e a partir daí as mesas iam sendo intercaladas por Cruzfader e Kronic. Como a festa ainda se tratava da promoção do DVD Toxic TV, antes de qualquer entrada dava sempre uma pequena parte do mesmo e era escrito o nome de cada artista à medida que subisse ao palco, numa tela atrás dos Dj´s. Specta era o primeiro, mas a sua passagem foi curta - cantou apenas um som. Seguindo-se Kacetado, que em jeito de
antevisão nos desvendou um pouco o véu do seu novo álbum, a conseguir uma boa interacção com o público presente. Super Shore e Don Mac foram a equipa a seguir-se em palco acompanhados pelo Dj SAS. O role de artistas não parava e deste modo surgem os Crewcial, com um membro lesionado a ter de vir de muletas, mesmo assim a darem um bom espectáculo, sempre com os nomes Afro Click e Flow Release a serem "cuspidos". Outro dos mc´s que nos deu a conhecer um pouco do seu futuro álbum foi Tekilla, sempre com o seu estilo inconfundível e a manter um bom relacionamento com o público. Mudando um pouco de ares (o que não agradou muito a quem lá estava), Bezegol sobe ao palco com a sua voz peculiar. Sentindo que o público não era propriamente o dele, lá tentou despachar um pouco a sua actuação. De seguida, Cruzfader tinha os holofotes apontados para si novamente, agora a ter oportunidade de mostrar os seus skillz, e o seu ponto alto foi quando meteu o som "Canal 115" do álbum SERVIÇO PÚBLICO. De volta à carga com os mc´s, segue-se Halloween para promover o álbum MARY WITCH PROJECT, com uma actuação muito boa, a fazer jus ao seu álbum. O próximo a pisar era Regula e, com ele, a vir
uma agradável surpresa, Zuka. Os dois a conseguirem uma boa actuação - Zuka ainda vai dar que falar. Sem estar no cartaz, Puffy aparece a ter uma missão corajosa, de conseguir alguém do público para uma pequena brincadeira. A próxima dupla seria Nigga Poison a trazer a sua fusão de estilos. Entre novos e outros menos novos (do álbum) a concretizarem uma das melhores actuações da noite, que só teve duas desilusões, logo seguidas. A primeira foi com Bambino, muitos tiques e pouca fruta, e a consequência foi ter umas 6 ou 7 pessoas em frente ao palco. Com a próxima actuação o público lá se recompôs, Dealema eram os seguintes, mas só Fuse e Maze é que apareceram. Mundo, Ex-Peão e Guze estavam em Espanha. Após 3 sons (2 de Fuse, um dos quais "Façam Barulho", e um de Maze, do seu EP) dá-se a sua saída. A estarem muito distantes da força que já nos habituaram. E como o melhor fica para o fim, eram 04:50 quando Sam The Kid e Snake pisam o palco. Entrando com "Ignorância" e seguindo-se com "A partir de agora", chegava a vez de Snake se mostrar em "Negociantes". Uma boa actuação por parte dos dois, com uma boa comunicação com o público, mas o melhor estaria mesmo para o fim. "Poetas de karaoke" era a música
que faltava e Sam The Kid resolve ir cantála para o meio do público. Abriu-se um roda em redor dele e entre fotos e filmagens um ouvinte ainda cantou o refrão com Sam a segurar-lhe o microfone. Assim chegava ao fim a noite, era o que se pensava. Tekilla, Karlon, Specta e muitos dos artistas presentes ainda tiveram tempo para improvisos. Resta dizer que, apesar de a casa não ter tradição em eventos de Hip Hop, tudo correu ás mil maravilhas e o espaço era mesmo muito bom. Das melhores condições a todos os níveis para actuações ao vivo. O único senão foi o pouco público presente. Mas fica o apelo de que se voltem a fazer festas lá.
Por: Olheiro Fotos: Catarina
@ Paradise Garage
DJ QBert
Artistas: Dj QBert, Dynamic Duo, Fader Conspiracy, MK, Shadowlight Local: Paradise Garage, Lisboa Data: 29 de Março de 2007
Portugal teve direito a mais um excelente evento de Turntablism. DJ QBert esteve no Paradise Garage, Lisboa, no passado dia 29 de Março. A acompanhar estiveram as duas duplas de DJ’s mais conceituadas da actualidade a nível nacional: Dynamic Duo (Cruzfader e Stick Up) e Fader Conspiracy (Kwan e Ride, a dupla campeã nacional da última edição do IDA). MK apresentou o novo álbum CIDADE DO PECADO e ShadowLight fez uma antevisão daquilo que será o próximo disco. O tiro da largada foi dado pela dupla Dynamic Duo. Stick Up marcou presença com pormenores mais técnicos, relembrando a passagem pelo IDA. Uma performance muito mais técnica do que musicalmente sequencial. Mais scratch, mais malabarismo, precursão, inclusive. Já Cruzfader rompe com um set à la mode contemporaine. Uma espécie de nouvelle vague do Hip Hop, contrariando com a sua existência. Sabe bem assistir um DJ old school com alinhamentos frescos e actuais. O scratch asssalta corpo e alma, sem dó nem piedade. Massive Attack, deliciosamente, intercala uma parte e outra. Quem pisou o palco a seguir foi MK. Sotaque minhoto, anuncia o disco de estreia CIDADE DO PECADO. Começa com “Perguntas ou Resposta”, sem ninguém para o apoiar, num beat nervoso de X-Acto, vincado de agressividade, integrandose num reportório na mesma linha. Mesmo tendo construído temas de conteúdo já explorado, sente-se a vontade de expressão do MC de Bragança. Em contagem decrescente para o expert do Turntablism, QBert, entram os DJ’s Kwan e Ride. Denominam-se Fader Conspiracy e eu chamo-lhes a conspiração mais honesta que conheço no Djing português. Kwan explorou inicialmente um “Go” de Common, de forma tão maravilhosa e apaixonante quanto maquiavélica e perversa. Ride interpela lançando pontes no gritar do beat, ilustrando cada pedaço, cada pausa, dando-lhes significado. Como se fosse necessário… Senhor QBert, doutor dos pratos, seja bemvindo! Trata os pratos por tu há longos anos. Nesta noite não foi diferente. Esquartejou o vinil em cada milímetro do seu corpo, empestou-o de Soul, dos clássicos da Soul, sublinhe-se. Dedilhou, em simultâneo, discos, como se tivesse sido criado por ele, como se tivesse nascido com as mãos postas numa mesa. Levou todos a crer que a intensidade do ritmo ia baixar quando, subitamente, não nos largou e aguçou ainda mais os dedos. Ele não queria ir embora! Com uma energia impressionante, uma vitalidade séria, um perfeccionismo fora do normal, uma
concentração penetrante, DJ QBert é considerado justamente um dos melhores DJ’s do mundo, um génio do Turntablism, uma lenda viva do Djin’g.
A performance de QBert, o americano nascido nas Filipinas, reinou no Paradise Garage com música negra. O triunfo é partilhado com tudo aquilo que é música Afro-Beat, Soul, Funk, Electro. Progressivamente, mostrou uma sequência fantástica de ritmos que interagiram com o bom Hip Hop mais o scratch puritano, e pinceladas de rock. Anos 80 em alta. Foi energia massiva descarregada em neurónios habitados em gente como eu. Mais uma vez, lamenta-se a casa vazia. Texto: Vanessa Cardoso Fotos: Bruno Grilo
Dj
IV STREET: “Mahumbai!” ... Em Filipino? Q-Bert: Oh, Mahubai! (Risos) IVS: Como é que se diz? Q: Mahubai ou “como ‘stá?” (Aperto de mão) IVS: Sim, a minha irmã esteve lá e ensinoume… Portanto, “como está”? Q: “Como está”. (Risos) IVS: Então, que tal o público português? Q: Achei espectacular. Houve breakdance, isso surpreendeu-me imenso. E quando chegámos havia montes de graffiti nas paredes e isso. Há Hip Hop por aqui, é surpreendente.
É Filipino, Espanhol, Chinês, Turco…e um grande exemplo para qualquer um de nós. Q-Bert começa a sua carreira musical em 1990 num grupo, o FM20, juntamente com Mix Master Mike e Apollo. Numa das suas actuações o grupo é convidado pelo célebre b-boy e writer Crazy Legs, para o seu grupo Rock Steady Crew. Aceitaram o desafio, conseguindo, no ano de 92, levar a crew ao título mundial na DMC (Disco Mixing Club). Q-Bert é também um dos fundadores dos Invisibl Scratch Piklz, uma crew de DJ's que não se aproximou do fim, mas de uma evolução distribuída a solo. Foi claramente uma honra recebermos, pela primeira vez, o master do DJ'ing dos dias de hoje. E, claro, poder entrevistá-lo!
IVS: Esta visita a Portugal foi agendada duas vezes antes de se concretizar. Porquê os atrasos? Q: Porquê o quê? IVS: Porquê os atrasos? Q: Ah, não sabia! IVS: Okay. E quais são as tuas maiores inspirações e referências? Q: Hum… Inspirações em que sentido? IVS: Na música. Q: Ah, sim, são tantas... É tudo. Eu gosto de tudo, mas principalmente de jazz, de Louis Armostrong, Miles Davis, coisas desse tipo, e… Dizzy Gillespie, e mais quem? Lester Young, Billy Holiday… ya, mais quem? São muitos. IVS: O que é que sentes ao ver o scratch tomar este caminho a nível internacional e haver novos DJ's a utilizar parte das tuas técnicas? Q: É fantástico. É do estilo, UÁU, eles estão a fazer uma coisa para a qual eu contribuí. É fixe, fico muito contente. Além disso, eles fazem-no à sua maneira e então sou eu que aprendo com eles, do estilo “Oh, okay, isso é fixe”. IVS: Nas Filipinas não há celebridades conhecidas a nível mundial, mas tu és visto como um ídolo filipino. O que é que pensas disso? Q: Ai sou? Nunca pensei nisso dessa maneira! (Risos) IVS: Eu já. (Risos) Q: Como eu não vivo nas Filipinas, não sei essas coisas. Manager de Q-Bert: O Eglesias é parte filipino. Q: Henrique Eglesias? Não acredito!
Manager do Q-Bert: A sério! Q: O mais novo? Que cena! E o Prince também
Biografia Legendary girl Amy Winehouse é uma jovem inglesa, crescida na cosmopolita cidade londrina, cantora, compositora e alcoólica. Nasceu numa família de músicos de Jazz, em adolescente foi expulsa da escola por furar o próprio nariz em frente aos colegas e cantou em grupos de Rap. Feznos chegar FRANK em 2003, foi a estreia discreta. Mas hoje, Amy, com a maioridade cimentada, entrega-nos o segundo disco de originais, BACK TO BLACK. Um dos discos Soul mais inspirados dos últimos anos. Com os braços cobertos de tatuagens de pin up’s, ela representa o retrato imaculado de artista comovente e picante, rasgado de dor, inteligente e trocista, num universo dito decadente mas intocável se falarmos de bom gosto.
REBELDE COM OU SEM CAUSA?!
é!
isso treino todos os dias.
IVS + manager de Q-Bert: Não posso! (Risos)
IVS: Fasquia elevada. Q: Ya, sempre! Eu quero ser bom. Ainda me sinto um estudante.
Q: Juro por Deus que ele é um bocadinho Filipino! (Risos) IVS: Quais foram os teus melhores e piores espectáculos até agora? Q: Melhores e piores? Txxx… Acho que quando me embebedo, quando bebo muito álcool, já não consigo funcionar. Fico lento, estás a ver? Ya, por isso já não bebo. Mas, em vez disso, bebo muita água. IVS: Como é que foi quando o documentário SCRATCH saiu? Tendo em conta que foi dos documentários mais conhecidos na história do Hip Hop… Q: É pá, como já tinha dito, gostava de ter feito mais. Quem me dera saber na altura o que sei hoje, mas é difícil, sabes. Claro que estou sempre a aprender. Mas sim, acho que foi bastante fixe. IVS: Ainda pões a hipótese de entrar outra vez no DMC ou noutras competições a nível mundial? Q: Eu ainda sinto… Neste momento, estou sempre a tentar competir, estás a ver. Estou sempre a tentar melhorar a cada minuto, e por
IVS: Sempre a aprender. Q: Exacto! IVS: Nem toda a gente tem a sorte de ser bem sucedida a fazer o que gosta e onde possa inovar. Qual é o segredo para se ser um bom profissional, sendo DJ ou qualquer outra coisa? Q: Eu acho que desde que ajudes as pessoas e as faças sentir bem, faças o mundo um sítio melhor, a energia volta para ti. Dinheiro é energia, por isso nunca podes dá-lo ou tirá-lo a ninguém, porque tu recebes sempre o que mereces. Por isso, o que quer que seja que estejas a fazer para ajudar o Universo a melhorar, ou isso, retorna a ti. Pode não ser dinheiro. Pode ser só felicidade. IVS: Todos os dias. Q: Ya, exacto. IVS: Bem, muito obrigada! Q: De nada. Obrigada também. Entrevista: Teresa Vieira Fotos: Bruno Grilo
Amy Jade Winehouse nasceu a 13 de Setembro de 1983, e cresceu em Southgate, norte de Londres, numa família de judeus que fizeram história no mundo do Jazz. Apenas com 10 anos fundou os Sweet n’ Sour, um grupo amador de Rap. Depois da expulsão do Sylvia Young Theatre School, alegadamente por não se aplicar nos estudos e por furar o próprio nariz nas aulas, acto impróprio para uma menina de 13 anos, ingressou no Brit School em Croydon. Cresceu, definitivamente, a ouvir um vasto leque de géneros musicais, desde Salt n’ Pepa a Sarah Vaughan e começou com aulas de guitarra acústica, o que despoletou ainda mais o apetite para a actividade musical, e começou a cantar profissionalmente com 16 anos. Foi quando assinou um contrato discográfico com a actual editora, a Island/Universal.
AMY SOA A… A origem de Amy assenta, como já referi, no Jazz. A estreia da cantora com FRANK em Outubro de 2003 traça ambiências diferentes das que marcam o novíssimo BACK TO BLACK. O primeiro álbum foi, maioritariamente, produzido por Salaam Remi, preenchido de influências Jazz, com uma perninha nos Blues e na Pop. A voz, essa, começa a despertar e a espicaçar a rudeza, mesmo assim, fica pela serenidade, se é que nela é possível. Mas é capaz de ter músicas imperdíveis como “Stronger Than Me”, que abre o disco, ou “What Is It About Men”, melancolicamente arrebatador. BACK TO BLACK é uma novidade por estas andanças. Um apanhado contemporâneo de alguns dos melhores segmentos da música Soul da década de 60. É curioso que BACK TO BLACK surja no mercado na mesma altura em que vemos “Dreamgirls”
no cinema, filme inspirado nas Supremes, com Beyoncé no papel principal. Não que o disco de Winehouse seja de inspiração fatal nas meninas Supremes, nada disso, mas verdade seja dita, parece haver no meio artístico, nos dias de hoje, uma certa vontade em recuperar algum legado Soul de décadas passadas. E ainda bem, pois a Amy assenta-lhe na perfeição. Ou talvez fosse mais feliz se tivesse nascido há três ou quatro gerações.
alimentares, anorexia e bulimia. Afinal, é ela que nos fala e canta sobre namorados, separações, monumentais e recorrentes bebedeiras e como costumava gastar 200 libras por semana em erva. Atrevo-me a finalizar este texto com um excerto de uma entrevista que Amy deu a Sylvie Patterson para a revista The Word. Atrevo-me também a afirmar que não haverá forma mais deliciosa de rematar a ainda breve biografia de Amy Winehouse, pois ficou ainda muito por dizer. Por: Vanessa Cardoso
"She's in her natural habitat, in what she calls "a proper pub", at 1am in New York, drinking Jack Daniels and coke and playing pool to the Sound of The Specials' A Message to You Rudi just like the "boy's boy" she'll tell you she is. Amy Winehouse is wearing extra-low-rise skinny denim jeans and a miniscule sleeveless black T-shirt, a galaxy of tattoos across her arms and midriff including a huge new anchor and the words "Hello Sailor". The hair is big, backcombed and black, half doo-wop '60s bee-hive, half Morticia Addams ghoul, while the golden-lettered pendant swinging round her neck spells "Legendary"".
A COMPLEXIDADE DE AMY Amy Winehouse é uma artista complexa, não só musicalmente mas, acima de tudo, a níveis mais pessoais. Este segundo álbum é resultado directo de tudo isto, e é um grande disco. Sensual, intenso, não raras vezes doloroso. A voz assumidamente negra em corpo de branca de Winehouse cai que nem uma luva no repertório da artista, uma feliz combinação de vivências pessoais e versatilidade exímia em termos de escrita musical. Este disco tresanda a álcool, cigarros e ambiente de pub inglês. A cantora e compositora despeja a honestidade da sua atribulada vida num registo de uma maturidade invejável – ainda para mais tendo a cantora apenas 23 anos de existência neste mundo. Conhecem-se o vício em bebidas alcoólicas, em marijuana e em tabaco. Fala-se de distúrbios Por: Vanessa Cardoso
Os Micro, da zona de Carcavelos, apareceram em 1996, tendo como membros D-Mars (que participou na colectânea RAPÚBLICA, em 1994, como elemento dos Zona Dread), Sagas (que também já nessa altura fazia Hip Hop) e DJ Assassino (autor de quatro mixtapes chamadas de ASSASSINATOS). Lançaram um primeiro álbum três anos mais tarde, MICROESTÁTICA e, a partir daí, estas “vozes da rua” nunca mais pararam. Veio o DEMOSTYLE em 2001, MICROLANDESES em 2002, mais um CD a solo de D-Mars, intitulado FILHO DA SELVA, outro álbum do mesmo, desta vez de instrumentais (PYRAMID SESSIONS), um dos poucos, e em seguida as duas colectâneas, mais recentes, do DJ Assassino (também conhecido por Nel Assassin), com o nome de TIME CODE e A VIDA NA PONTA DOS DEDOS (como Sr. Alfaiate), intercalados com um CD a solo de Sagas, ROSTU LIMPO. Nel Assassin é o mesmo que ganhou o ITF 2005 realizado em Portugal. Isto tudo sem contar com os inúmeros projectos em que o grupo esteve e está envolvido (a título de exemplo, D-Mars é co-fundador da Loop Recordings). Recentemente estive a ouvi-los, pois comprei os originais à pouco tempo na Daklub. Já conheço o grupo há muito tempo mas não tinha nada deles. Este é daqueles grupos da old school que nunca sobe o suficiente para dar nas vistas
fora da comunidade Hip Hop Tuga, mas que tem imensa qualidade e é muito importante para todo o que se diz sábio nesta cultura. Os Micro fazem, como eles próprios dizem, “Pura Matemática”. Indubitavelmente melódicos, os “microlandeses” são especialmente directos e originais, tanto nas rimas como nos instrumentais (em que todos participam). São dos poucos grupos que teve participações de outras nacionalidades (Rodney P, Braintax, Iman Iran, Majobiese) e representam um lado distinto do Hip Hop Tuga, que se situa na Grande Lisboa (em conjunto com Mundo Complexo, Melo D, Tony MC Dread, etc.). Há quem goste, há quem não goste, o que é certo é que vieram há muito tempo e para ficar. É como diz o povo: “quem pode, luta, quem não pode, escuta”. No entanto, é de salientar que eles também já se uniram com outros estilos diferentes, como é o caso de Fuse, dos Dealema, ou Nigga Poison (os quais participaram no álbum a solo do Sagas). Rever os álbuns faz saudade destas “rimas sem fim” e, apesar do DJ Assassino ter lançado um álbum ainda no ano anterior, não consigo deixar de fazer esta pergunta: para quando um “regresso dos três”? E fica um conselho: “Micro, não deixem o hip hop em paz”! Por: Estrofe
EL-P
I'll Sleep When You're Dead Definitive Jux
O patrão da Def Jux abre 2007 a atravessar o Hip Hop indie com um devastador álbum de 13 faixas. O título reflecte o estado de sítio em que os EUA estão nos dias de hoje, paranóia e crise egocêntrica em colisão directa com o sonho perdido de prosperidade e realização. El-P está finalmente em sintonia com o resto do mundo, ou antes, o mundo mudou para que EL-P possa finalmente ser compreendido. Primeiro surpresa, depois choque e por fim fanatismo descontrolado. EL-P combinou uma explosiva mistura na produção (seguindo a tendência jukie, apresentando sonoridades cada vez mais preenchidas e pormenorizadas) com uma forma de rimar doentia e absolutamente genial. É, aliás, nas letras que EL-P cativa a crítica norte-americana, que encontraram em I’LL SLEEP WHEN YOU’RE DEAD o reflexo mais fiel do sindroma “big brother” que se instalou sobre a sociedade após o 11 de Setembro. O medo de tudo e todos é um tom subjacente a todo o álbum, personalizado por zombies executivos, soldados de cérebros chippados e jovens intoxicados de drogas, depressão e desespero. Uma nação em estado de sítio produz um zunido fininho que causa um lento mas inevitável desequilíbrio nas massas, tornandoas violentas, irracionais e subservientes. Da revolta contra a entidade criadora nasce uma fé inabalável em Deus – ninguém pode contrariar que EL-P é o autor da faixa religiosa mais interessante de sempre, “Flyentology” – desde “I know I don’t deserve it, but save my ass” (“eu sei que não mereço, mas salva-me o coiro”) até “there’s no scientists in the way down” (“não há cientistas quando estamos em queda livre”), ELP fala do seu reencontro com Deus após – durante – um acidente de avião ao qual
sobreviveu de forma milagrosa. “Habeas Corpses”, com Cage, é a faixa com o instrumental mais perturbador do álbum, tornando uma história aparentemente romântica de um soldado e uma prisioneira que partilham a mesma prisão para traidores, embora com papéis diferentes, numa ideia perversa e aterrorizadora. Em “Run The Numbers” Aesop Rock encontra a cura para o cancro mas não era ‘rádio-friendly’ e EL-P farta-se de estar sentado a fingir que não é perigoso – no entanto, se lhe puserem quatro dedos à frente da cara e ele for ensinado a dizer que são cinco, é exactamente isso que ele fará. O single “Smithereens”, que anda a conquistar os ciclos habituais de música, é um carrossel de flashes imagéticos e observações insurrectas: “Why should I be sober when God is so clearly dusted out his mind?” (“porque é que hei-de estar sóbrio se Deus está tão clara e obviamente pedrado?”) e deixa o recado, para pessoas como eu: “critics all see me twisted, they don’t get my whole existence” (“os críticos vêem-me distorcido, não percebem a minha existência”), como quem diz que, à partida, de nós não espera nada. Mas nós dele esperamos tudo. E EL-P pode parafrasear-se a si próprio e dizer “it was no surprise… I maintain”. Por: Joana Nicolau
V/A Definitive Swim Definitive Jux / Adult Swim
E ninguém pára a aposta da Adult Swim no Hip Hop. Depois de CHOCOLATE SWIM, OCCULT HYMN e CHROME CHILDREN, parcerias com a Chocolate Industries, DangerDoom e Stones Throw correspondentemente, chegou
a vez dos indies esquisitos terem o seu pequeno projecto com a emissora norte-americana. A compilação de 10 faixas dá a conhecer os mais recentes projectos dos def jukies, algumas músicas já editadas (como é o caso de El-P “Smithereens”) e outras que servem para abrir o apetite (como Aesop Rock “None Shall Pass”). Camu Tao tem a seu cargo a primeira faixa, “Plot a Little”, que nos mostra um mc mais interessante mas igualmente peculiar. Rob Sonic convence qualquer um que não conheça o seu trabalho, com um tema acerca das novas formas de alienação da sociedade moderna, afirmando no refrão “The people want their minds back” (“as pessoas querem as mentes de volta”). Hangar 18 deixam os instrumentais emprestados e num tom entre o gozo e a descontracção presenteiam-nos com um tema agradável, cheio de ritmo e flow. Subsiste a curiosidade acerca deste grupo que tem mantido um completo low profile. Mr. Lif, que desapontou os fãs de longa data com o seu último trabalho, parece redimir-se na sua participação neste DEFINITIVE SWIM, mais na sua faixa a solo “Red October” do que na colaboração com Cannibal Ox em “Brothers”, que também não corre tão bem a nível de letras como deveria para a dupla Vast Aire e Vordul Mega. Talvez o facto de o instrumental ser mais ao estilo de Mr. Lif do que de Cannibal Ox tenha a sua quota parte de responsabilidade. Desde “Crap Artist” que o público indie tem suplicado por mais aparições de Despot e cá está mais uma, em “Get Rich or Try Dying”, com o seu tom ensonado e rimas oscilantes entre o irónico, o sério e o aparentemente sem sentido. Cool Calm Pete não se deixa ficar para trás e participa também com uma faixa, cuja potência em “Get With The Times” resulta de uma poderosa combinação de um instrumental simples e um flow calmo como o nome do mc. Antes do cair das cortinas com o viciante “None Shall Pass” de Aesop Rock, Cage rima “Blood Boy”, num estilo melancólico, triste e resignado, próximo de “Shoot Frank” de HELL’S WINTER. Adult Swim continua a garantir o selo de qualidade e Definitive Jux continua a redefinir o que “qualidade” é. Por: Joana Nicolau
Black Milk Popular Demand Fatbeat Records
2006 foi, certamente, um ano fatídico para Detroit com o desaparecimento de duas das suas referências Hip Hop, J-Dilla e Proof. Juntando uma semi-reforma de Eminem e um já longo stand-by de Royce da 5’9, parece que esta cidade se tornou um fantasma daquilo que foi no passado. Contudo, os ciclos da vida são incontornáveis e uma nova referência desta zona surgiu para ficar, Black Milk. Este mc e produtor começou a sua carreira a produzir para os Slum Village e, desde aí, tem multiplicado participações, aparecendo com o seu primeiro registo a solo, Sounds of the city, em 2005, e um EP, Broken Wax, no ano seguinte, para neste nos presentear com o seu Popular Demand, editado a 13 de Março (3/13, uma alusão curiosa ao código postal de Detroit). O álbum começa com uma dica que nos chama logo à atenção, “Producing rappers get most criticism/ Until they heard Black/ Now they kinda feel different”, em que Black Milk claramente destaca dois aspectos que o irão rotular durante toda a carreira, não escapando a comparações com J-Dilla e Kanye West, embora a nível de produção não seja tão inventivo quanto o primeiro, seguindo mais a sua própria fórmula ao longo de várias faixas, tal como Kanye já nos habituou. Mas o que realmente destaca Black é o seu liricismo, pouco habitual em artistas destas características. Este álbum é um hino a Detroit, pois conta com vários artistas desta cidade como Slum Village, Guilty Simpson, Phat Kat, entre outros, colaborando para faixas bem interessantes. Quanto a isso pode-se destacar “Popular demand”, “Sound of alarm”, “Shut it down”, “So gone”, “Action” e ainda duas faixas totalmente
instrumentais: “Play the keys” e “Luvin it”. Estamos a falar de um álbum consistente com uma sonoridade bem característica de Detroit, o que tira por completo o factor surpresa quanto à produção. No entanto, esta não deixa de ter uma qualidade considerável, deixando a verdadeira surpresa para a faceta de mc de Black Milk, o que permite antever um futuro risonho pare este artista multi-facetado. Detroit regressa ao mapa e neste momento Jay Dilla deve estar a bater palmas lá em cima. Por: André Silva
Núcleo
Arrastão Verbal Footmovin'
ARRASTÃO VERBAL vem quebrar um jejum de três anos inférteis relativamente a compilações portuguesas de qualidade. Embora este álbum não possa reclamar o estatuto de clássico que POESIA URBANA já tem, a qualidade nele presente é bem superior à média mediocre que pauta os trabalhos semelhantes que se têm visto editados. A produção de Núcleo transparece uma maturidade e musicalidade superiores à média e, apesar de bastante homogéneos, os intrumentais servem de base a músicas bastante diferentes entre si, que resultam num todo bastante eclético em que, curiosamente, nada soa deslocado. Os singles não podiam ter sido melhor escolhidos. Valete, com o seu "Hall of Fame", relata de modo exímio a primeira década do Hip Hop em Portugal, através de um jogo de palavras genial, semelhante ao que Royalistick faz, de maneira bastante mais banal, em "Hip Hop não sou eu nem tu", também presente neste ARRASTÃO. Já NBC, confirma que é a verdadeira definição, não só de liberdade de expressão mas também
de Ritmo e Poesia - já não é surpresa que cada som por si lançado supreenda sempre. Há ainda espaço para um autêntico desfile de flow (com Regula, conforme ele já nos vem habituando - "a diferença é que eu rimo na descontra"), para ragga de alto nível (Prince Wadada), para (boas) prestações em crioulo, com Beto em plano de destaque (apesar de permanecer a ideia de que ainda não há grandes liricistas a cantar neste dialecto) e ainda para agradáveis revelações soul - em "Acredita", com Jair, e em "Mulheres da minha vida", de Deski, com uma cantora cujo nome não consta nos créditos. É agradável constatar a, pelo menos aparente, evoluçao de Xeg e do grupo MAC, que conseguiram prestar um bom "Tributo" à música, sem terem necessitado de entrar no habitual campo "lamechas" que costuma ser inerente a esta temática. Precisamente numa situação oposta, encontra-se Sir Scratch que, mais uma vez, mostra ter perdido toda a garra que fez dele um mc (re)conhecido no seio do movimento, quando o seu percurso oficial ainda era praticamente inexistente. O lançamento de CINEMA marcou a nova fase do puto Manucho, agora vago e demasiado abstracto, ficando a uma distância considerável da poesia e até da introspeção que parece querer alcançar - e "Lobo mau" não é excepção. Fica a dica: é impossível que um som de "ataque" funcione sem uma única punchline. Por: Moisés Regalado
Pirâmides, a nossa Gizeh portuguesa, Maia. Proveniente da mesma cidade, Duplo Som é uma dupla constituída por Forasteiro e Vinylancer, o primeiro no mic e o segundo nos pratos, recuperando a velha fórmula de um dj e um mc, tal como as famosas parcerias entre Rakim/Eric B e Guru/Premier. Neste EP de 5 músicas é-nos apresentado um pouco do trabalho que vem sendo desenvolvido por estes dois elementos e o resultado que nos chega é um conjunto de scratchs que impressiona e um mc com potencial, apesar de soar um pouco semelhante a muitos outros mc’s nortenhos. Concretizando melhor a análise, estamos perante 5 faixas que se escutam de início ao fim, com beats simples que não ofuscam o mc, deixando caminho livre para este se exprimir. Contudo, este será o capítulo que futuramente terá de ser melhorado pois apesar de Forasteiro se encontrar sempre dentro do beat com um flow bem enquadrado, por vezes as suas letras são demasiado vagas e “perdemo-nos”, faltando objectividade em certos pontos, algo que certamente aparecerá com a experiência. No entanto, é bom realçar que numa das faixas este mc mostra uma faceta raggaman muito apelativa num dos refrões, sendo algo que pode vir a explorar. O grande destaque deste EP vai para Vinylancer, que aparece sempre bem em todas as faixas, investindo em algo que parece um pouco esquecido nos dias de hoje, o scratch. Em suma, estamos a falar de uma dupla com potencial que, se explorar as virtudes e caso aperfeiçoe certas lacunas, conseguirá obter resultados interessantes. Por: André Silva
Duplo Som
Epresentação Edição de Autor
Longe vão os tempos em que os 7PM eram um dos grupos mais mediáticos dos arredores do Porto, trazendo para o mapa a cidade das
Amy Winehouse Back To Black Island/Universal
Como é que se começa a crítica de um álbum pelo qual nos apaixonamos?! Confesso o meu fascínio pelo trabalho de Amy Winehouse, principalmente deste segundo disco, BACK TO BLACK. Esta personagem de escassos 23 anos lançou um álbum surpreendente e cativante. Até pode causar alguma estranheza ao início, mas é daqueles que, estranhando ou não, entranha! A paixão é crescente! Ouvir BACK TO BLACK é uma experiência que desperta, que rejubila, que apunhala docemente. O single de avanço “Rehab” é a amostra de um excelente trabalho entre Winehouse e Mark Ronson. Esta parceria cria uma música a remeter a memória para Shirelles e Phil Spector. Aliás, BACK TO BLACK partilha igualmente a produção entre Mark Ronson e Salaam Remi. Note-se que não é todo o artista que regista discograficamente, na primeira pessoa, que não quis fazer a desintoxicação à qual foi aconselhado. Mas também coisas bonitas se dizem neste tema, por exemplo, quando refere que prefere ficar em casa com “Ray and Mr. Hathaway”, ou seja, os clássicos Ray Charles e Donny Hathaway. O segundo single nomeado foi “You Know I’m No Good”, com uma excelente bateria inicial, mistura um groove apetecível, envolvente, também lançado com uma remix com o rapper Ghosthface Killah. Depois deste, “Back To Black”, que dá o nome ao disco, é o escolhido. Um dos melhores temas do alinhamento e o que alcançou melhores resultados nas corridas às playlists. Aqui, exprime um tom musical sôfrego e viciante, um código ultra sensível liricalmente falando e, pela pulsação compassada, fervorosa, no entanto, da pandeireta, quase se sente a postura desalinhada de Amy agarrada ao
microfone de olhos fechados. Mas segura. “We only said goodbye with words I died a hundred times You go back to her And I go back to Black”
na música "De braços abertos pra vida" - parabéns ao seu autor. Pondo de parte estes problemas dispensáveis, o álbum está muito bem construído, muito maduro e muito consciente. Bob da Rage Sense está para ficar com este álbum, um dos melhores do ano, certamente.
homogéneo e com bom fio condutor, daqueles que faz lembrar entrar num carro e sair por aí vendo de tudo e só parando no destino desejado. Por: P. Silva
Por: Olheiro
de cariz sexual e igualmente despropositado, normalmente apresentado duma maneira narcisista. Mesmo assim, ouçam o disco e tirem as vossas próprias conclusões, pode ser que gostem - como comprovam os top's dos Estados Unidos, há malucos para tudo.
Por: Vanessa Cardoso
Por: Moisés Regalado
Bunny Rabbit
Symmetry
Lovers and Crypts Voodoo-EROS
Dusty Pickup
Bob The Rage Sense
Má Impressão Urbisom Records
M.P.L.A
Footmovin’ Records
Depois de tanta antevisão e promoção, finalmente M.P.L.A está cá fora. Bob da Rage Sense é o homem de quem tanto se fala no momento e, aos 25 anos, lança o seu 2º álbum, agora pela Footmovin. Este é um trabalho composto por várias participações, como por exemplo: Sam The Kid, Maze, Laton, Salvaterra, Mundo, Looptroop, etc. M.P.L.A. é um álbum com fortes raízes políticas mas também muito poético e introspectivo, tendo ficado muito enriquecido com as participações, principalmente as de Maze e Salvaterra, com linhas excepcionais. Não dava para ignorar Dino, Promoe e Supreme em "Despertar p´ra um novo dia", com uma junção e um ambiente muito bom, também por culpa do beat. Ao longo do álbum é fácil apercebermo-nos de que Bob faz muitas alusões a figuras, acontecimentos históricos e datas. A nível de flow, Bob da Rage Sense adopta basicamente o "flow do beat", auto-determinase em função do beat. Como a Footmovin’ resolveu enviar-nos o cd, mas sem a capa, não posso saber quem produziu o quê nem falar sobre o design do álbum mas, pelo o que já me disseram, está muito bom parabéns ao Nerve. A nível de produções, talvez o ponto alto seja
Dj Leat
Poorly Drawn People
Aqui nos surge o mais recente e segundo registo discográfico do rapper Symmetry, oriundo de North Providence, que tem por titulo DUSTY PICKUP e conta com participações quase nulas, sendo desta forma um álbum mais pessoal e com mais maturidade deste artista. De facto, para segundo registo penso que o objectivo era mesmo esse: um álbum mais maduro e reflexivo, nesse ponto de vista o trabalho consegue atingir bem essa tal ambição. Começando logo pelo aspecto musical e de produção o álbum conta única e exclusivamente com a participação do produtor Dox, que se encontra a cargo da produção de todas as faixas, resultando desta forma um trabalho mais coeso e que tem as bases para seguir linha de pensamento única que o artista requer. Sonoramente homogéneo - as batidas estão todas dentro da mesma base, não sendo muito aprimoradas e com vários elementos, mas sim batidas simples mas com bastante força em certas faixas que conferem uma grande energia e chamada de atenção para o conteúdo debitado por Symmetry em cada faixa. Temáticas vão desde estado do Hip Hop, relações pessoais e amorosas até historias e lições de vida, sempre servidas por sonoridades que vagueiam e cruzam caminhos entre o Hip Hop, Rock, Soul e Jazz. Em suma, álbum bastante coeso em que o artista tenta mostrar o seu “eu” e a sua maturidade,
A Voodoo-EROS, editora independente sediada em Brooklyn, tem em Bunny Rabbit a sua mais recente aposta no mercado e, ao que parece, os frutos dessa aposta são já visiveis, estando a "coelhinha", de momento, a dominar todos os charts americanos. Mas não há razão aparente para todo este sucesso. A fórmula utilizada em LOVERS AND CRYPTS é a mesma do costume: uma mc com nuances de c a n t o ra , o u v i c e -ve r s a , q u e b u s c a o reconhecimento com o apoio de instrumentais minimalistas e letras supostamente rebeldes e inconformadas. Bunny Rabbit que não tente rappar - não tem flow. Bunny Rabbit que não tente cantar - a sua voz é, simultaneamente, irritante e desafinada. A produção do disco, da responsabilidade de Black Cracker, mostra-se ousada e vagueia por entre as sonoridades mais alternativas e comerciais, de maneira intercalada, numa tentativa clara de agradar a ambos os mundos. Claro está que, quando não há uma identidade própria, muito raramente se consegue obter um produto final com qualidade. A esta desinspiração geral apenas escapam as faixas "Lucky Bunny Foot", que presenteia o ouvinte com o único beat decente de todo o disco, e "We Rollin", na qual Bunny parece adquirir uma fugaz noção de flow. Para que se veja bem o cúmulo a que chega LOVERS AND CRYPTS, até os contos eróticos da revista Maria e a pornografia portuguesa conseguem ser mais estimulantes do que o conteúdo deste álbum, que nos dá a conhecer uma suposta "Pussy Queen" e vário outro material
Dj Leat, de Coimbra, abraça a sua cidade com uma mixtape literalmente boa, a marcar MÁ IMPRESSÃO em todos os seus ouvintes. Coimbra consegue levar-nos a tempos passados, com verdadeiras Mixtapes, muito bem construídas e conseguidas. Esta não é a excepção à regra, está igualmente boa, desde os mc´s aos beats escolhidos e aos cortes estonteantes de Dj Leat. Todos os sons têm o privilégio de ter os cortes de Dj Leat, um Dj a memorizar. A nível de mc´s, MXL, na faixa 6 ("Sem temas") está muito bem, com um flow muito fluído e com uma boa entrada para o interlúdio. S.U.N. prepara-se para "Picar o ponto" e já agora pica-o muito bem, entre dois beats a conseguir um remix melhor que o original no segundo "round". Uma escrita fácil e perceptível acompanhada com o seu bom flow. Sem duas não há três e, continuando a sequência, o próximo a estar muito bem é Ruze. Um álbum de 16 músicas, umas mais curtas que outras, mas esta é uma mixtape onde não se passa nenhuma faixa em frente. Coimbra a estar cada vez mais no mapa e a Urbisom Records a manter a qualidade do primeiro lançamento, Sickscore não tem desculpas para descer de nível. Dj Leat está de parabéns, se todas as edições de Portugal dessem esta MÁ IMPRESSÃO, isto era outro jogo. Por: Olheiro
disco independente e foi isso que não correu bem, não consegui. Depois foi a busca por uma editora, até surgir o convite da Matarroa, em finais de 2004. Como o disco já tinha algum tempo decidi reformular uma parte, cinco faixas são completamente originais, acrescentei quatro sons novos e ainda tive a possibilidade de gravar num estúdio melhor. Então, lá saiu, matarroês.
Vindo de Angola, desembarcou em Portugal há dez anos atrás, com o objectivo de estudar. O curso superior de arquitectura é a prioridade de João Abdelkhar. Mas o nome Verbal leva-nos para outro campo artístico, a música. O Hip Hop é a cultura que respira. Numa cadência crua, num ritmo suave, não guarda temas na gaveta, prefere mostrá-los e dar coisas novas a quem o ouve. Confessa-se amante dos teclados e afirma não ser hardcore. 2005 foi o ano da estreia com VIAGEM VERBAL, disco onde mostra skills de alto gabarito e em 2006 faz-nos chegar uma mixtape, em estilo low profile com o nome de DIAS DE TREINO. Com a mixtape, Verbal tem, principalmente, vontade de fazer ruído, pôr a circular o seu nome e dar a voz a novos artistas. O improviso foi nosso! IV Street: Apesar de não ser o VIAGEM VERBAL que nos traz aqui, queres fazer uma sinopse daquilo que foi o teu primeiro álbum? Verbal: O VIAGEM VERBAL foi uma estreia, foi dar a conhecer o que sou eu no Hip Hop, foi uma apresentação ao público. Nada melhor que um disco. Foi um bocado de tudo, uma junção das minhas formas de ver, das minhas ideologias. Eu só queria ter um feedback do público, queria saber o que as pessoas achavam do meu estilo musical, daquilo que eu faço. Tinha o disco feito em 2003 mas demorou um bocado a sair… IVS: O que falhou? V: Antes de mais, não estava à espera de grandes coisas com o primeiro disco. A minha primeira ideia era um
IVS: O que te trouxe o lançamento de um primeiro disco editado pela Matarroa? V: Trouxe-me perspectivas diferentes e um grande sentido de união, acima de tudo. A Matarroa prefere a música ao lucro. Vive-se o espírito da música em pleno sentido, sem hierarquias, somos todos um. IVS: Como é Verbal ao vivo? V: Em cada concerto tento fazer uma parte de disco e uma outra parte de espontaneidade. Apesar de tudo, não tenho grande margem de manobra porque não tenho um MC que me acompanhe sempre, por isso, a coisa sai mais quadrada, como está no disco. Como já dei um concerto com banda, aí sim foi diferente, nem eu estava à espera! É qualquer coisa que, se tiver hipótese, quero fazer de novo. IVS: Passou o primeiro disco… V: Sim, passou o VIAGEM VERBAL, 2005 passou, começa a nascer vontade de fazer outras coisas, e diariamente faço sempre algo, ou escrevo umas linhas, experimento qualquer coisa nos teclados, misturo ideias… De cada vez que um amigo meu ia lá a casa, acabávamos o dia com um som completo. Vinha um, queria fazer qualquer coisa, depois vinha outro e mandava umas rimas, mais um que curtia um instrumental
e dava a dica de fazer uma coisa séria. Isso resumiu-se numas três ou quatro faixas e foi daí que surgiu a mixtape. IVS: Chama-se DIAS DE TREINO. V: Dei esse nome à mixtape porque foi assim mesmo que ela surgiu. Não quis lançar um disco a sério, saiu neste formato só para fazer barulho, para não ficar calado durante muito tempo. Também porque tinha alguns sons gravados com instrumentais americanos, e como há direitos de autor não queria misturar isso. IVS: Como funcionas a nível criativo? V: Eu gosto de escrever sobre tudo o que me move. Posso falar de uma situação concreta que tenha visto e que me faça ter vontade de escrever, reflectir sobre isso ou mesmo contestá-la. Falo sobre temas sociais com os quais possa estar relacionado, ou mesmo sobre temas mais pessoais. A componente do MC, em querer mostrar skills passa muito por aí, porque cresci à base disso. A minha origem angolana também é uma inspiração e é inevitável. IVS: Como exploras essa vertente? V: Só é abstracto quem não experimentou escrever. Eu acho que até sou simples. Simples e directo. Sou metafórico às vezes, quem não é? Isso é inevitável. Mas não gosto de divagar. Há a necessidade de mostrar a minha originalidade, forma de pensar e agir. IVS: Escreves todos os dias? V: Não. Às vezes estou um mês sem escrever nada, por outro lado, sou capaz de escrever uma música inteira em dez minutos. Depende da inspiração.
IVS: E com as máquinas como trabalhas? V: É intuitivo. Funciono com o software do computador, teclados e mais nada. Vou ouvindo e experimentado. Fui percebendo a sonoridade nas teclas, se uma nota batia certo com outra. Já consigo compor umas coisas! (risos).
aquilo que não me soa a nada, para depois soar a Verbal (risos). Isto aconteceu no disco do Nel Assassin, SR. ALFAIATE. Eu não sei como ele chegou àquela conclusão, mas tinha um instrumental e disse que só podia ser eu a entrar nele. Foi a única faixa que me mostrou, pensei que não estava habituado a isto, mas ouvi e aceitei. Ele achou que eu ficava bem nele. IVS: Em DIAS DE TREINO, consegues eleger um single? V: Não consigo… Pela simples razão de uma só música não reflectir o meu estilo. Há diversidade em 15 faixas, não é possível. Apesar de haver sempre algo em comum, cada som tem as próprias características, seria injusto.
IVS: Que tipo de beats preferes? V: A minha avaliação de instrumentais é muito à base daquilo que eu faria neles. Os instrumentais falam; se determinado instrumental é muito bom, é excelente, mas se não me disser nada, eu não vou conseguir trabalhar nele. No reverso, há instrumentais que podem não ser magníficos mas eu vou mexer neles por representarem um desafio para mim, porque me vão estimular, obrigam-me a pensar “o que é que eu faria neste instrumental, como é que eu rimava em cima dele?”. Não gosto de instrumentais bonitos, prefiro os crus, prefiro
IVS: Chegou a hora de falar um pouco sobre os convidados. É uma linha de participantes pouco comum, concordas? V: Concordo completamente e o objectivo era esse mesmo. Crewcial, os meus grandes amigos do Porto, são aquele feeling, aquele afroclick, era inevitável, obrigatório fazer um som com eles e gravámos o “Karate Rap”. Os Crewcial e o Ikonoklasta devem ser os mais conhecidos da mixtape. Com o Ikonoklasta foi a “Cocktail Molotov”, ele tem uma voz muito característica, nota-se logo quando canta. Sempre gostei das diferentes facetas dele, aqui está presente a faceta MC como crítico social. O Damani Van-Dúnem que entra no som “1,2” com o Sch. Watuva, também ainda não é muito conhecido. Um dia vi-o actuar e admirei as rimas dele, soube juntar um pouco de tudo na cena dele. O Guga rima há pouco tempo, ele entra na faixa “Street Bounce”, ainda está na fase de aprendizagem. Já o Dreamer conheço há muitos anos, antigamente tinha uma cena de R&B que desmoronou, também gosto muito da voz dele, ainda mais agora, que acrescentou um tom mais afro origem. Por exemplo, o DNXL é um MC angolano que estuda na Rússia e que também poucas pessoas ouviram falar… No fundo, são pessoas que eu admiro, com quem me identifico e com quem tive vontade de trabalhar. IVS: O mic é todo teu. V: Quem quiser ouvir ou ter a mixtape DIAS DE TREINO tem que procurar… Lojas underground ou ir à Amadora, mandar mensagem para o Myspace… Mais: leiam a IV STREET, informemse. Se eu posso saber coisas novas no site da revista, os outros também podem. Passem a palavra! Por: Vanessa Cardoso
Fotos gentilmente cedidas por: Verbal
Oker
Nesta edição estivemos à conversa com um writer maiato, pertencente à crew mais representativa desta pequena cidade nos arredores do Porto, os CMK. Estivemos por breves momentos a falar com este artista e ouvimos um pouco da história e ideias que vêm ganhando forma desde há cerca de 5 anos para cá. É uma entrevista breve mas, como se irá ver, todo o seu trabalho fala por si. Passemos a palavra a OKER.
IVSTREET: O que te levou a seguir o caminho do Graffiti? Conta-nos um pouco da tua história. Oker: Tudo começou há muito tempo quando via algumas tags e alguns graffs na Maia. Adorava tudo o que via e fui logo para casa fazer o meu próprio abecedário de letras para tags e fazer letras “gordinhas” mais ou menos parecidas com o que via. Foi um início difícil porque não tinha apoio de ninguém, ou seja, fechava-me em casa a desenhar e a desenhar. Depois passado muito tempo comecei a mostrar aos meus amigos o que fazia e fui evoluindo e pintando (raramente) com o pessoal que ia conhecendo. O maior salto, ou seja, quando comecei a pintar mais a sério, foi quando conheci os
CMK (a crew a que pertenço neste momento). Hoje, vejo que não consigo viver sem este tipo de arte. Todos os dias tenho de desenhar, todos os dias tenho de criar e todos os dias tenho que evoluir. De tudo o que sei hoje, mais de metade foi graças ao Graffiti. IVS: ‘Oker’ tem algum significado especial que nos queiras desvendar? O: Não. Apenas andava sempre a trocar de tag e cheguei a um ponto que tinha de inventar uma tag que ficasse para sempre, então reuni umas letras que curtia e o resultado foi OKER. IVS: Como está panorama do Graffiti na tua zona, e como é que olhas para o resto que se vê por aí fora? O: Acho que tem vindo a evoluir e cada vez há mais pessoal a pintar. É bom sair à rua e ver coisas novas por aí, tento apreciar e interiorizar cada estilo para o introduzir na minha maneira de pintar. Penso que toda a gente vai buscar um pouco dali e daqui e depois vai moldando consoante a sua maneira de pintar. IVS: De que maneira encaras a street art? O: É um estilo alternativo e muito criativo. Adoro, pois transmite uma boa mensagem, é diferente, é um estilo mais revolucionário, e sinceramente deveria haver mais gente a fazê-lo, porque agrada-me ver a sociedade questionar-se sobre
as mensagens e as imagens que vêem. IVS: Sei que és dos poucos artistas da tua cidade a investir forte na Street Art, e sabendo que esta modalidade tem um carácter reinvindicativo muito vincado, quais são as tuas motivações e objectivos neste campo? O: A minha motivação é gostar daquilo que faço e ver que as pessoas também apreciam o meu trabalho. Quanto a objectivos são: continuar a desenvolver o meu trabalho mantendo o meu estilo, evoluir muito mais, desenvolver a minha criatividade, libertar os meus pensamentos e divulgá-los à sociedade causando questões e chocando juntamente com imagens… Enfim quero continuar a caminhar na evolução.
famosas tenho a certeza que muitos graffitis serão superiores e com muito mais conteúdo que essas “míseras” telas. Só temos é que acreditar e continuar a desenvolver esta arte para que faça mais revolução no mundo da arte.
IVS: Como é que as pessoas reagem aquilo que fazes tanto na street art como no Bombing ou Fame? Tens escutado algum feedback das pessoas, mesmo quando estas desconhecem quem fez esses trabalhos? O: Sim, as pessoas têm gostado das minhas peças, o que é muito bom e é o que me dá a verdadeira motivação. IVS: Dentro de 10 ou 20 anos ainda te vês no mundo do Graffiti? Tencionas fazer vida disso ou achas que será muito complicado? O: É claro que daqui a 10, 20 anos, se estiver vivo, continuarei de lata e pincel na mão. Quanto ao fazer a minha vida à custa disto, será difícil, mas não desisto do que amo fazer. Espero vir a fazer exposições para dar realmente a conhecer os meus trabalhos, porque para além de Graffiti gosto de me envolver noutros campos da arte. É tudo uma questão de tempo. IVS: És adepto do Graffiti em outros espaços (galerias, exposições, decoração de casas, etc) para além das ruas? O: Sem dúvida que sim. O Graffiti fica bem em tudo, basta abrirem as portas para nos deixarem mostrar esta Arte e aí vão ficar surpreendidos. IVS: Achas que daqui a muitos anos, Graffiti vais constar nos livros de história da arte ou achas que isso nunca chegará acontecer devido ao preconceito com que este é visto? O: Tenho a certeza que sim e penso que já não há tanto esse preconceito. O Graffiti tem vencido muitas etapas e derrubado muitas barreiras. Ao fim ao cabo é uma arte contemporânea que mexeu com muita gente. Muitos não entendem as mensagens, mas se formos a ver pinturas
IVS: Alguma mensagem final que queiras deixar? O: Continuem a acreditar naquilo que fazem e trabalhem para evoluírem cada vez mais. E nunca se esqueçam que A DIFERENÇA MARCA PRESENÇA. Extras: Se estiverem curiosos sobre o resto do trabalho deste writer podem sempre ver o seu fotolog em http://www.fotolog.com/oker_one e ainda um mini documentário realizado por Gustavo Teixeira em que o nosso entrevistado é o principal interveniente em http://www.youtube.com/watch?v=yBZ hfVZi8ik. Por: André Silva Fotos: Gentilmente cedidas por OKER
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Convidado: IVStreet- Em que lugar é que podemos encontrar Hip Hop em Silves? Onde é que o pessoal se costuma juntar? Reflect- À semelhança do que acontece um pouco por todo o país, é difícil passar por estas terras algarvias sem que se note a presença da cultura Hip-Hop. Não existe um local que seja referência e onde o pessoal se costume juntar. Onde podemos encontrar a "cambada" algarvia junta é quando há concertos. Tirando isso, há um bar ou outro que de vez em quando lá faz uma noite de HipHop e o povo aproveita! IVS- Quem são os intervenientes activos no Hip Hop, nas suas quatro vertentes, neste momento, em Silves? R- DJ's, se há, andam a trabalhar pouco. Em relação ao graffiti temos os DBK, AG e GVS que vão fazendo das paredes do Concelho telas para exporem a sua arte. Breakdance, conheço malta que dança e já tivemos provas disso em alguns concertos, mas não há nenhum grupo organizado. Em relação aos MC's temos em Silves o povo do Bairro da Caixa d'Água, Dezman e Nigga M, Raffs, WTR, Karma27 e o pessoal com quem ele tem trabalhado. Em Armação de Pêra, eu e a malta nova que está a surgir em força com novos projectos e ideias. Tunes está bem representada pelo RealPunch e pelo que se vai fazendo com marca Skillpuncherz. Do Algoz temos os Soldiers, um projecto de Hip Hop com banda que está com bons trabalhos. Quanto ao resto, sei de mais pessoas pelo Concelho que têm alguns registos, mas ou não o fazem com regularidade ou não encaram isso de forma séria e por isso não seria justo para os outros fazer essa referência de igual modo. IVS- Que paredes ainda estão por pintar? R- Sei que já houve vontade de existir, pelo menos em Armação de Pêra, uma parede legalizada para ser pintada, mas a vontade e a ideia continuam de mãos dadas perdidas por aí. Não existe neste momento em Silves nenhum local legal dedicado a esta arte. Por isso restam umas casas e armazéns abandonados por aí... IVS- Como vês o panorama a nível de Hip Hop em Silves? Está melhor, pior que há uns tempos atrás? Tem futuro? R- Quando eu comecei a escrever e a cantar,
cá dentro
Reflect
Blue Sky black death
eram poucas as referências. Tirando o Zara de Armação e o pessoal da Caixa d'Água, estava por minha conta. Hoje as coisas são diferentes... Já muita gente consegue fazer coisas com bom nível em casa e há exemplos de que é possível conseguir bons resultados com mais ou menos meios. Está melhor? Pior? Diferente! A facilidade em gravar um som e metê-lo a rodar na net resulta em muita coisa má, mas também abre caminho para que muita coisa boa possa ser feita. Futuro há se a malta nova que está a começar perceber que antes de poderem ser "grandes" artistas, têm de ser grandes enquanto pessoas. É preciso estudar, trabalhar, ter responsabilidades, muita humildade, dedicação, amor pela música (...). Cresçam e inspirem positivamente os que vêm a seguir a vocês.
IVS- Qual é a importância da Kimahera no concelho de Silves, que vantagens poderá trazer? R- A Kimahera é a prova de que com trabalho se pode ir longe. É uma referência, um exemplo a seguir e uma responsabilidade para todos. Adoro a competição entre os que já fazem parte desta equipa sempre no sentido de aparecer com temas melhores e coisas novas. Por outro lado, obriga os artistas que estão à nossa volta a trabalharem mais ainda para fazerem tão bom ou melhor do que o que por cá se vai fazendo. É notória a mudança desde que a Kimahera existe e espero que hajam cada vez mais motivos para que a equipa se alargue. Por: Olheiro
A ki r
“Images Made Audible”
“Always Keep It Real”
Kingston e Young God são os génios criativos californianos que formam o grupo Blue Sky Black Death. Com produções para artistas da elite do underground norte-americano, entre os quais Sabac Red, RA the Rugged Man, Akrobatic, Virtuoso, Rob Sonic e Chief Kamachi, os Blue Sky Black Death são produtores de inegável talento e potencial, que deixaram primeiramente a sua marca no CD duplo A HEAP OF BROKEN IMAGE, onde contaram com as skills de convidados como Jus Allah, Wise Intelligent, Chief Kamachi, Awol One, álbum esse que mereceu especial atenção por parte da Babygrande Records, apostando em Kingston e Young God e lançando posteriormente o projecto THE HOLOCAUST com o emcee Holocaust. Na produção desta dupla podemos encontrar elementos que apelam ao nosso imaginário consoante a intensidade e variedade do beat, e que proporcionam uma sensação in loco do momento. Uma ambiência épica onde nos deixamos levar pela riqueza de conteúdos e das vibrações celestiais da mesma, e onde os samples orquestrais intensos, obscuros e agrestes caracterizam a sonoridade dos Blue Sky Black Death. Fiquem atentos porque é uma dupla que ainda vai dar muito que falar num futuro
Primando por liricismo com uma densidade critica a nível social e politica acima da média, este jovem emcee de Nova Iorque começou a notabilizar-se nos bastidores quando em conjunto com o seu irmão co-produziu o clássico revolucionário de Immortal Technique, o álbum Revolutionary Vol.1. Embora a sua apetência musical tenha começado na produção, formando inclusivamente a One Enterprises, empresa dedicada mais ao ramo da produção, foi no MC’ing que Akir começou a construir a sua reputação no underground nova-iorquino, lançando o seu primeiro single “Best Friend”, no mixtape THE BLOCKBUSTER VOL.1. Em finais de 2005 Akir junta-se ao colectivo The Reavers que lança o álbum TERROR FIRMA, e esse foi o último passo de consolidação até ao aguardado lançamento de LEGACY, projecto editado numa parceria One Enterprises e Viper Records, a editora de Immortal Technique. Há quem diga que se Nas sucedeu a Rakim, Akir irá suceder a Nas, e embora a
bem próximo, e que está a preparar de momento o novo projecto intitulado LATE NIGHT CINEMA, com saída prevista ainda para este ano.
http://www.myspace.com/ blueskyblackdeath
comparação seja ainda prematuramente arriscada e exacerbada, Akir é um dos nomes a ter em conta no panorama underground norteamericano. Estamos a falar de um emcee que já abriu para grandes nomes internacionais como Nas, Mos Def, KRS-One, Talib Kweli, LittleBrother, Dead Prez entre muitos outros, e que curiosamente esteve a um passo de vir actuar a Lisboa com Immortal Technique. Devido a “complicações e divergências a nível monetário”, fez a sua Tour europeia por vários países excepto, claro está, o nosso, nada a que já não estejamos habituados num país onde há dinheiro para trazer 50 Cents e afins, mas onde actuações de qualidade são relegadas para segundo plano. É o poder das massas, nada a fazer.
Saigon - Don't do That Duplo Som - JN
Retirado do EP "EPresentação"
Chamillionaire c/ Kelis - Not a Criminal http://www.myspace.com/akir Por: Ivo Alves para a IV STREET
Retirado do álbum "Ultimate Victory"
La Dupla c/ Ferry, Sin, TANB, Durval e Criatura - Fala o Que Quiseres Retirado do EP "A Apresentação"
Gym Class Heroes - The Queen and I
Retirado do álbum "As Cruel as School Children"
N.A.D. - Shout Out N.A.D. - Nódoa
Retirado do EP "Dedicado"
Ludacris c/ Sum 41 - Get Back (remix) KoolTuga - Shout Out KoolTuga - Tu (A Tal)
Retirado do álbum "A Luta Continuga"
Royce da 5'9 - Return of Malcolm
http://ivstreet.com/download/Mixtape_IVSTREET_Abril.mp3
Little Brother The Listening 2003
A partir de agora, a IV STREET Magazine passa a ter uma nova secção dedicada às grandes malhas discográficas que se vieram fazendo até aos dias de hoje. Esta secção vem preencher uma lacuna existente pois, como se devem ter apercebido, a secção correspondente à critica de álbuns limita-se aos lançamentos mais actuais (também é essa a sua função). No entanto, este novo segmento tem como objectivo complementar essa parte, já que seria um pouco improvável ver por lá referências a álbuns como Illmatic, de Nas, Only Built 4 Cuban Linx, de Raekwon, ou até Like Water 4 Chocolate, de Common. Não quero que pensem que isto será uma zona destinada a clássicos pois os grandes álbuns não surgiram só na década de 90 porque não nos vamos restringir a épocas, estilos ou nacionalidades nem sequer reduzir carreiras de certos artistas e grupos a apenas um álbum. O objectivo principal será destacar certos álbuns que tocaram e tocam nos nossos headphones com a mesma vivacidade inicial e que nos suscitam curiosidade sobre esse mesmo artista levando-nos a pesquisar e a tomar conhecimento de outros, sendo igualmente uma forma de enriquecimento pessoal e auto aprendizagem de pequenos pedaços da história da nossa cultura.
Afu-Ra
Body of the life force 2000
Quando todos andavam em busca de uma nova referência na produção para além de Dre, Premier, Jay Dilla ou Madlib, eis que surge um trio na Carolina do Norte com um produtor que é realmente uma maravilha, de seu nome 9th Wonder, e ainda dois mc’s, Big Pooh e Phonte, responsáveis por um álbum fresco e entusiasmante e, certamente, um dos que marcou 2003.
Afu-Ra, membro da Gangstarr Foundation tal como Jeru the Damaja, Big Shug e Group Home , cresceu musicalmente junto de ícones como Guru e Premier, surgindo em 2000 com um álbum muito forte e personificado e concerteza um dos mais marcantes da sua carreira, com beats de Premier, Truemaster, Dj Muggs, Da Beatminerz ,entre outros, e ainda nomes no mic como GZA, Masta Killa, Smif-N-Wessun e M.O.P. Por: André Silva
Lords of the Underground Here Come the Lords 1993
Diverse One AM 2003
INI
Center of Attention 1995
Muitos devem desconhecer o grupo mas, este trio de New Jersey constituído por Mr.Funke, DoltAll Dupré e Dj Lord Jazz, ficará para a história graças a este álbum com doses abundantes de Jazz e Funk que até dão arrepios. Prova disso são sons como "Chief Rocka", "Funky Child", "TicToc", "Psycho" e muitos, muitos mais.
Proveniente da mesma cidade do génio de Common, Chicago, Diverse surpreende-nos com um álbum de grande qualidade, resultante duma mistura de skills com a produção de categoria a cargo de senhores como RJD2, Madlib e Prefuse73 e ainda participações de Jean Grae, Lyrics Born, Vast Aire e Cannibal Ox.
Na altura mais prolífera da carreira de Pete Rock, este andou envolvido em imensos projectos para além da sua parceria com CL Smooth e ainda teve tempo para integrar INI juntamente com o seu irmão GRap Luva, RobO e Rass, criando Center of Attention com uma qualidade a que este já nos tinha habituado e com mc’s à altura do desafio e ainda uma faixa que ficará para sempre no ouvido, Fakin Jax.
A maior e mais antiga organização de Hip Hop, Universal Zulu Nation, conta já com cerca de 30 anos de existência. Para aqueles não familiarizados, tomem nota, a Zulu Nation começou como uma organização fundada por Afrika Bambaataa no liceu de Stevenson, Bronx, USA. Nessa altura tinham apenas o nome de The Organization. Bambaataa, tentava mudar de rumo e largar uma vida ligada a um dos vários gangs do Bronx, vendo no recém-formado grupo uma saída para toda uma vida de delinquência. Conhecido entre todos por seguir os ensinamentos de Elijah Muhammad e outros grandes líderes africanos, dado o seu fascínio por toda a cultura africana, e após ter assistido a um filme que contava a história de uma famosa tribo Sul-Africana, cuja força e resistência tanto o inspiravam, decide então mudar o nome do grupo The Organization para Zulu Nation. Com a crescente popularidade do Hip Hop, o grupo passaria então a ser conhecido por Mighty Zulu Nation e mais tarde como Universal Zulu Nation. É importante dar um pouco mais de atenção a toda a história por trás da evolução desta importante organização, dado a sua peculiaridade e ao mesmo tempo por ser um exemplo a seguir. Recuando no tempo, constatamos que a Zulu Nation inicialmente mais não era que um grupo que intimidava e espalhava o medo por muitos dos que viviam fora da sua zona no Bronx. Os primeiros b-boys e b-girls “nascidos” na Zulu Nation mais não eram que antigos elementos de gangs de rua, na sua maioria do temido gang Notorious Black Spades, famoso por espalhar o terror pelas ruas do Bronx até meados dos anos 70. Era uma prova de valentia e sinal de prestígio, para os cats locais passearem-se pela área do Bronx River sem serem assaltados. Era frequente as crews que iam aparecendo tentarem associar-se à Zulu Nation, como forma de se protegerem de grupos de jovens delinquentes e de gangs que se faziam passar por crews inofensivas. É neste contexto que Afrika Bambaataa em conjunto com mais alguns irmãos conscientes decide dispor de grande parte do seu tempo a ensinar, orar e trabalhar com outros membros da Zulu Nation em prol de uma mudança positiva nas vidas de todos os elementos da sua Crew. Bam várias vezes referiu que eram pormenores como atribuir aos elementos da Zulu títulos de King (Rei) e Queen (Rainha), que ajudavam a transmitir confiança e orgulho em cada um deles. Segundo a sua teoria, ao atribuir um título de realeza a alguém essa pessoa reformularia a sua maneira de agir, passando a comportar-se como alguém digno
de uma distinção real. Conforme a fama e carreira musical de Afrika Bambaataa foi crescendo e tornandose cada vez mais sólida, este apercebe-se de que poderia ter “nas suas mãos” uma oportunidade de ouro para a sua gente ainda presa à vida das ruas de Bronx River. Levava-os então em tournée consigo e os Soul Sonic Force e, se na maioria das vezes iam apenas para assistir aos concertos, acompanhavam-nos outras vezes como seguranças e elementos do Staff de Afrika. O objectivo principal de Bam, com tudo isto, era de que os dealers locais pudessem ver que o mundo fora do Bronx era muito grande e que se podia sempre optar por uma vida diferente com muitas oportunidades. Toda esta mudança não aconteceu da noite para o dia, mas hoje é notável o trabalho árduo desta organização, não sendo à toa que existem “filiais” da Zulu Nation, espalhadas por mais de 20 países em todo o mundo, com uma estimativa de mais de 10.000 membros associados. A Zulu está aí para abraçar e preservar a essência dos elementos chave do Hip Hop, demonstrando sempre aquele que por muitos é considerado o seu 5º elemento, o conhecimento, exemplificando de várias formas como usá-lo. O que demarca todo o desenvolvimento desta organização é ver como o que fora antes considerado um gang desumano evoluiu para um grupo que, com esforço e dedicação, foi bem sucedido no seu serviço para com a comunidade. São vários os relatos que dão conta de como os elementos da Zulu entravam nas zonas dos vários traficantes, onde os mais velhos da organização passavam muito tempo a contar aos mais novos sobre as suas experiências e mentalizando-os de que podiam ter uma vida diferente. Fala-se também de os Zulus escoltarem mulheres vítimas de violência até casa ou quando queriam abandonar as suas casas, assim como de estarem sempre dispostos a ajudar os mais necessitados. Isto sem contar com os vários episódios que envolvem os Zulus em questões de política local, como por exemplo a sua luta para a libertação de Múmia e o direito a um novo julgamento. Não nos podemos esquecer, como é óbvio, de que foi a Zulu Nation quem lançou no mercado alguns dos primeiros álbuns de Hip Hop, assim como foram eles que fundaram e organizaram os primeiros programas de rádio dedicados ao Hip Hop. É de facto uma pena que seja tão pouco divulgado o trabalho e todos os feitos desta organização a quem tanto devem os verdadeiros apreciadores de Hip Hop, sendo um verdadeiro exemplo a seguir. Props para todos eles Por: Sónia Bento
@
net
Já é um sucesso, um duo explosivo. Gijoe e Spell já com alguns trabalhos anteriores a solo, decidiram juntar se e desafiar um DueloMental. Está disponível pela Kimahera os singles, infos sobre este projecto e ainda as letras.. “Amor quando se faz o que se gosta, Skill é a perícia que se mostra, Flow é o charme do músico, e a melhor coisa do mundo é receber o amor do Público”.
Writer nascido em V.N. Gaia, artista conceituado, tanto pelos trabalhos de Bombing, Fame, Street Art, Digital Art… reconhecido como a grande promessa da nova escola, mesmo que já ande com os dedos na tinta a vários anos. Finalmente criou recentemente um site onde podem comprovar o talento e estilo inigualável.
Dicionário de rap? Actualizado diariamente com informação sobre grupos, MCs, DJs, Produtores? Parece me um local onde todos irão perder algum tempo a saber curiosidades, e conhecer melhor o trabalho, e como tudo começou na vida de muitos artistas que compõem esta cultura. Como pertence a wikipedia podem acrescentar informação para enriquecer os conteúdos.
Por: Fresh 38