IVSTREET#04

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Actualidade Internacional

1

Actualidade Nacional

3

Apresentação “Sem dados disponiveis”

5

Ex-peão @ Porto-Rio

6

Campeonato b-boy Peniche

6

Especial IDA - Crónica

9

Especial IDA - Dj Ride

12

Especial IDA - Dj Stick Up

13

Especial IDA - Fader Conspiracy

14

Especial IDA - Rusty

16

Bezegol

18

Dj Nel Assassin

20

Biografia Leela James

22

2 Forty

24

Ex-peão

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An2one

27

Greguz du Shabba

29

New School - Sky

30

Incentivo

32

Produção ( Hardware vs. Software)

33

Criticas de CD’s

34

Urban Movement Cultura HipHop vista de fora

44

Beat-Hoppers

47

Zoom-in IDA

49

Graffiti

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IV Street @ net

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18

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Urbisom Records – Consumo Obrigatório Nerve Promoção Barata PROMOÇÃO BARATA é um pequeno aperitivo para o que será o banquete sonoro do projecto de estreia do MC Nerve, intitulado EU NÃO DAS PALAVRAS TROCO A ORDEM, com lançamento previsto para 2007 pela Matarroa. Para conferirem a cena vão à secção de brindes da Matarroa no remodelado site da editora em www.matarroa.com

Armazém C2 fecha ano com Hip Hop Uma das sugestões para a passagem de ano em Lisboa é a que nos apresenta o cartaz do Armazém C2 em Alcântara. Para já, a festa conta com nomes como Sir Scratch, Terrakota, Zyon Train, Sagas, DJ Nel Assassin, Monte Cara, Promoe, Million Dan, Pro-Zeiko (Espanha), entre outros.

Bezegol em vinyl Antes do álbum de estreia de Bezegol, a Matarroa em parecia com a rádio Fazuma lança para as ruas em formato vinyl (7 Polegadas), dois temas que irão fazer parte do seu álbum de estreia. No Lado A podemos escutar: “Roots Of Evil” e no Lado B: “Plant”. Este lançamento marca uma estreia inédita nas edições de reggae nacional.

Poeta De Rua – Arquivo da Alma Depois da participação na COMPILAÇÃO HIPOCENTRO com a faixa Critica de Bloqueio, e da colaboração no projecto INVICTA RAP com o tema “Pedra a Pedra”, o MC natural de Amarante Poeta de Rua apresenta o seu álbum de estreia. Intitulado ARQUIVO DA ALMA, o MC de 19 anos apresenta 14 faixas que contam com as participações de Né de Barrako27, Tekilla e Raquel Morais, entre outros. ARQUIVO DA ALMA já se encontra no mercado, com distribuição pela SóHipHop.

Vokábulo – Manifesto Futurista Depois de ter colaborado como produtor no álbum de estreia de Royalistick, VISÃO PERIFÉRICA, Vokábulo está de regresso ao movimento com o seu MANIFESTO FUTURISTA. Podemos contar com participações de nomes como Raptor, SP, Royalistick, Tee, Iniciado e Carla Sousa, ficando a produção a cargo de Raptor e do próprio Vokábulo.MANIFESTO FUTURISTA, vai estar nas ruas em finais de Dezembro princípios de Janeiro, pela Uprising Records.

Álbum de estreia dos Greguz Du Shabba O colectivo old school Greguz du Shabba, encontra-se a ultimar preparativos para o seu álbum de estreia. Após um longo hiato, Cyclle, Zola e Tony Sá, os três MCs de Greguz du Shabba, encontram-se actualmente em Inglaterra, preparando o lançamento do álbum GS TRAGÉDIA, pela GS Projects.

Darkmixtapes.

Oriunda de Coimbra, a Urbisom Records vai lançar brevemente a mixtape CONSUMO OBRIGATÓRIO, que irá contar com as participações de S.U.N., Sweat, entre outros. A mixtape CONSUMO OBRIGATÓRIO vai ser distribuído pela

A Loop Soundtrack Best of Loop:Recordings

Sam The Kid – Pratica(mente) É caso antes para dizer Final(mente)! A espera é muita, a antecipação grande, mas finalmente e depois de ENTRE(TANTO) SOBRE(TUDO) e BEATS VOL.1, PRATICA(MENTE) já viu a luz do dia no passado dia 8 de Dezembro. Um álbum que passou por três estúdios diferentes no seu processo de gravação e mistura, que foi masterizado no Sterling Sound de Nova Iorque, e que conta com uma lista de respeito no que diz concerne a participações. No Scratch Dj Cruzfader, vozes de interpretes como Melo D, NBC, SP, e a participação dos Cool Hipnoise num dos temas, ou seja, a voz de Marga e Milton. Individualmente o registo de músicos como João Gomes, Carlos Bica e Lil' John dos Buraka Som Sistema. Os MC's convidados vão desde Valete e Pacman, até GQ e NBC. A produção essa, está claro a cargo de Sam The Kid na íntegra.

Depois do novo álbum de Nel’ Assassin, a Loop tem em calha mais um projecto intitulado, A LOOP SOUNDTRACK – BEST OF LOOP: RECORDINGS, que junta 5 anos de história sonora da editora. Este será o primeiro lançamento exclusivamente digital da Loop, estando disponível apenas em formato digital no iTunes e noutras lojas seleccionadas. Já está finalmente nas ruas, Dj Nel Assassin desde o passado dia 9 com - Sr. Alfaiate a edição de Dezembro da revista Edição especial Dance Clube HipHop, o novo projecto do DJ Nel'Assassin, SR.ALFAIATE. Depois de TIME CODE, esta nova aventura a solo conta com participações de convidados ilustres como Ollie Teeba(Herbaliser), DJ Damented (Killa Tactics), Sam The Kid, Bob da Rage Sense, Verbal e cantores como Kika Santos ou Melo D e SP.


Já não restam dúvidas acerca do estatuto do Hip Hop que se faz em Portugal. O Porto Rio é uma das casas que tem mostrado ao público deste género musical alguns dos mais fortes criadores de Hip Hop underground. É este tipo de Hip Hop que está cada vez mais presente no nosso panorama, principalmente a norte do país. Foi um dia para Ex-peão fazer a apresentação do seu primeiro registo discográfico a solo A MÁSCARA. A presença deste elemento dos Dealema no palco mostrou que o disco de estreia é o espelho daquilo que pensa. Ao longo do concerto, evidenciaram-se os principais temas de A MÁSCARA, tal como as críticas feitas a pseudo produtores de eventos. Sempre em ritmo acelerado chega-se ao fim do alinhamento de forma intensa.

Já passava das 17h quando Raze e Ruze subiram ao palco para dar início às hostilidades. Com a Fnac bem composta de gente, o primeiro protagonista da tarde foi o Karabinieri. Este começou por cantar a faixa “Insultos” e teve tempo ainda para apresentar uma faixa do álbum que irá lançar no próximo ano, “Terapia”. Seguiu-se um elemento da casa, Zap ou Zapkikz, que como seria de esperar fez ecoar na Fnac “Todos os dias”, dando ainda voz a um tema adicional, com o nome de “Quotidiano”. Sempre com o DJ X-Acto a partir nos pratos, chega a vez de Splinter e de Taquelim mostrarem o seu “Lado A”. Destes dois, Splinter deixa-se ainda ficar para apresentar o “Resumo” e para se juntar a Raze e Ró numa nunca e s c u t a d a “ L i b e r d a d e d e E x p r e s s ã o ”. O produtor do momento seguiu na ribalta, com “Amor na Palavra” e “Strickly Funk”, na

companhia de Ró, cedendo depois espaço a Ruze e Bomberline. O MC Ruze e Bomberline, sob o nome de Sbt2, depressa fizeram aquecer as cordas vocais do público. Foi com muito ânimo que foram entoados os temas “Sem dados disponíveis” e “Imagens”. Por fim, chega a vez do TNT, que começa com um momento “chill out” apresentando timidamente o tema “Vida de Artista” e faz atingir o ponto máximo da tarde ao cantar o “Ter ou não ter”. O showcase teve fim uma alegre sessão de freestyle em que participaram Ruze, Bomberline, Raze, Zap, Karabinieri e TNT, entre outros… Agora só nos resta esperar que eventos como este percorram mais cidades do país. Por: Daniela Ribeiro

1Vs1 Peniche 2006 Hip Hop Campeonato Nacional Bboying

Por:Bruno Soares

Versus significa contra, indicia disputa, presume um vencedor, mas no caso deste campeonato acaba por ganhar novo significado muito especial. Entre fairplay e verdadeiro gozo, este 1Vs1 H Hop Campeonato Nacional Bboying de Peniche, pode ficar condecorado como o único exclusivo nacional que resiste e consegue juntar em

grande espírito a pequena falange dos puros praticantes de breakdance em Portugal.Peniche é a cidade que acolhe este evento e o berço da crew S.S.B.boys (Street Soul Breakers boys) cujo principal mentor B-boy Dá é, simultaneamente, um dos anfitriões deste campeonato. Junto com os amigos Piriquito e Wilson, Bboy Dá centra o projecto H Hop, e é através dele que idealizam, organizam e têm mantido a persistência anual desta competição.


Mais uma vez encontro marcado no Antigo Quartel dos Bombeiros Voluntários de Peniche, um simples e amplo pavilhão de chão tosco, madeira em tacos demasiado ressequidos para deixar adivinhar o à vontade com que deslizam estes bboys. As condições são humildes é facto, mas servem em total destaque para quem deve realmente brilhar no meio do “palco” que são aquelas quatro linhas demarcadas no chão. O público rodeia o perímetro e o som nunca pára, oferecido pela dupla de Djs Wilson e Caboz que parecem saber de cor o ritmo que estes corpos anseiam. Mesmo os intervalos são agitados e ganham tal interacção e harmonia que faz esquecer que se trata de competição! Para julgar este ano, além do residente Bboy Dá, veio uma dupla de nuestros hermanos, os espanhóis Défi e Paskonhe, da WhyNot Crew. Também eles cheios de energia e acessibilidade extrema, resultou na prática em diversas demonstrações alternadas no meio da pista. Numa fase final, não resistiram mesmo em despir o papel de júris e aceitar o desafio espontâneo que se gerou com outra dupla maravilha da crew 12 Makakos. Alex e Mastyle Vs Défi e Paskonhe proporcionaram um dos momentos mais entusiasmos da noite em cerca de dez minutos extra campeonato. Desde as oito horas da noite até quase à uma da manhã foi um desfilar de battles divididas em dois grupos: júniores e séniores, menores e maiores de dezoito respectivamente. Um leque vasto de participantes que extrapolou as crews inicialmente previstas em destaque. Vinte e quatro participantes sériores iniciais que tiveram uma primeira fase de selecção rápida em curtas battles de três (ver resumo no final). Apurados desasseis, começaram os verdadeiros 1Vs1 devidamente espicaçados, cheios de destaques técnicos e momentos altos sublinhados pelo público que, podia não ser muito, mas colmatava a falha fisica sempre que preenchia sonoramente o local. Aqui mérito para o apresentador, D.Kid, ele sim soube encaminhar o intercâmbio palco-público numa presença constante. Seguiram-se os júniores em muito menor número, dez a iniciar battles 1Vs1 que ocuparam muito menos tempo mas encheram o espaço de presença e significado pelos novos valores presentes e futuros diante dos nossos olhos. Outros momentos de destaque extra campeonato vão para a actuação prevista dos Black White Brothers, três elementos em movimentos diferentes muito mais dançáveis e coreografados em pausa de descontracção. E, inevitavelmente novo despique com Mastyle (12Makakos, Urban Stills), b-boy vencedor de anos transactos com méritos mais que consagrados a nível nacional, a não participar este ano. Duarte, um b-boy do Porto,

igualmente dotado na matéria e presença adicta neste campeonato. Duarte Vs Mastyle foi o verdadeiro delírio para o público que reagiu, eclodiu e apertou o espaço até nada se ver, como numa verdadeira final. Finais que decidiram os vencedores já muito perto da uma da manhã, o momento mais esperado e protagonizado pelos seguintes:

que iniciativas como esta progridam e suscitem mais adeptos para a evolução do breakdance nacional. Não é por acaso que o evento de Peniche começa a ganhar vínculo, conta com o precioso apoio do município, com a reciprocidade de muitos participantes de vários pontos do país e com o mais importante dos ingredientes para assegurar persistência, é feito de coração.

Séniores - Alex (12Makakos) Vs Xikano (12 Makakos)

Resumo Campeonato Sériores (mais de 18 anos)

Resumo Campeonato Júniores (até 18 anos)

1ª Fase - Alex, Lyzard, Morais - Guga, Xikano, Sam - Jordan, Statick, Poker - X2Rock, André, Guebs - Paralitiques, Ricardo, Pekn - Pedro, JustOne, Surprise - DPlay, Duarte, Waver - Jasy, Samba, Solo

1ª Fase - Slim Vs Devil - Mayor Vs Fat Bastard - A50 Vs J.Brown - Rinat Vs Styler - Kuroi Vs SD

Júniores - Fat Bastard (In Motion) Vs Styler (Natural Skills)

2ª Fase - Alex Vs Jordan - Poker Vs X2Rock - Lyzard Vs Paralitiques - Pedro Vs Xikano - JustOne Vs Dplay - Waver Vs Surprise - Solo Vs Guebs - Samba Vs Duarte Quartos de Final - X2Rock Vs Waver - Guebs Vs Xikano - JustOne Vs Paralitiques - Samba Vs Alex Meia Finais Xicano Vs X2Rock Paralitiques Vs Alex 3º e 4º Lugar - Paralitiques Vs X2Rock Final - Alex Vs Xikano Nos júniores o terceiro lugar ficou em casa, entregue ao b-boy J.Brown (S.S.B.Boys), bboy Styler (Natural Skills) a alcançar o segundo e, grande vencedor, b-boy Fat Bastard a credenciar mais uma vez a crew In Motion, de Palmela. Séniores: terceiro lugar para b-boy Paralitiques (mais conhecido por Speedy) igualmente de In Motion e, novamente Alex a renovar o título de vencedor, numa final estranha com Xikano (segundo lugar), ambos da mesma crew, 12Makakos, comemoraram frente a frente com passos simétricos no início da grande final.Para o ano há mais, esperemos, queremos e ambicionamos

Por: Sofia Meireles e Rute Silva Fotos: Heartcore

Quartos de Final - Slim Vs J. Brown - Fat Bastard Vs Kuroi - SD Vs Rinat - Styler Vs Mayor Meias Finais - J. Brown Vs Fat Bastard - SD Vs Styler 3º e 4º Lugar - J. Brown Vs SD Final Fat Bastard Vs Styler


CATEGORIA “TÉCNICA” Eliminatórias: cada DJ faz um set com a duração de 3 minutos. De todos os DJs participantes nas eliminatórias, apenas 3 (Nota: DJ Nel’Assassin, por ter sido campeão nacional 2005, foi automaticamente apurado) são apurados para a seguinte fase: Semi-Final: 4 DJs apurados, 2 Battles, 2 Sets para cada DJ. Aqui, e agora com os DJs frente a frente, cada DJ apresenta 2 sets intercalados com a duração de 2 minutos. Sao apurados os 2 DJs vencedores de cada battle para a próxima fase:

se comportem como verdadeiras quebras de ritmo). E foi o caso: durante os intervalos existentes entre cada set, quando se dava lugar à mudança de DJ e respectivo material, proporcionaram-se aos espectadores autênticos momentos “mortos” e alguns deles acompanhados por um Hip Hop que eu diria impróprio para consumo em eventos deste calibre, isto quando som havia. Nem a animação do MC Xerife, que não podia ter estado mais à altura, deixou de fazer notar a falta de um técnico de som responsável pela mudança dos decks. Também consequência dessa agitação na cabine foi a repetição da routine de MasterKutt, que diz ter sofrido um toque no braço durante a sua performance.

Final: 2 DJs, 2 sets de 2 minutos, novamente intercalados e frente a frente.

Campeonato Nacional de DJs. Uma iniciativa de louvar em Portugal onde, por vezes, a vertente do turntablism passa ligeiramente despercebida no panorama Hip Hop nacional. Talvez por essa razão se justifique a fraca adesão do público no Club Mau-Mau, local escolhido este ano para a 2ª edição deste campeonato, que decorreu este passado Sábado, 2 de Dezembro, no Porto. Quem esperou 1 ano e 3 horas (à entrada) pôde encontrar uma casa um pouco “fria”, mas nada que a expectativa de bons apreciadores desta arte não conseguisse superar. Aguardouse então, pacientemente, a entrada dos DJs concorrentes às duas categorias que constituíam este concurso. Pois é, este ano, o ITF (actualmente IDA) trouxe um novo formato a Portugal, introduzindo-nos uma nova categoria: a categoria “Show”, inédita no nosso país, permitia aos DJs, que podiam concorrer sozinhos ou em equipa, a aplicação de todas as mais variadas habilidades, sendo de maior importância que o set se estruturasse como uma música. Para tal efeito, o DJ poderia mesmo recorrer a interfaces software/hardware como Serato, Final Scratch, processadores de efeitos, teclados, pedais, samplers, enfim, o que o turntablist considerasse como uma mais valia para a inovação e performance do seu set. Por sua vez, a outra categoria – a “Técnica” – e esta já bem conhecida pelos portugueses (talvez pelo nome Advancement Class presente na edição de 2005) aborda formatos do turntablism mais “tecnicistas” como os vários scratches, drumming, pass-pass ou beatjugglin, etc... Em ambas as categorias o júri pretendia avaliar os DJs em campos como a originalidade, musicalidade, estilo e skills. Talvez uma das maiores diferenças entre as duas reside na

maneira como as várias eliminatórias são estruturadas: CATEGORIA “SHOW” Apenas um set para cada DJ/Equipa com a duração de 6 minutos. Depois de avaliado pelo júri, é-lhe atribuída uma pontuação final.

E foi a categoria Técnica a primeira a “entrar em palco” pela seguinte ordem: DJ Leat - DJ StickUp - DJ CSC - DJ Stape - DJ MasterKutt - DJ Spark - DJ Crava - DJ Jota - DJ Ovelha Negra - DJ Dizzy - DJ Kwan - DJ Ride DJ LS - Repetição de DJ MasterKutt (explicação mais à frente) Tal como previsto, de todos os participantes, 3 foram apurados para a fase seguinte. Eis os resultados e respectiva pontuação: 1º - DJ Ride – 235 pontos 2º - DJ Kwan – 209 3º - DJ StikUp – 191 4º - DJ Leat – 175 5º - DJ Spark – 171 6º - DJ Ovelha Negra – 170 7º - DJ Dizzy – 159 8º - DJ Stape – 136 9º - DJ Crava – 118 10º - DJ CSC – 113 11º - DJ Jota – 104 12º - DJ MasterKutt – 91 Na minha opinião, é uma atribuição justa vinda da mesa do júri, que deveria ser constituída este ano por DJ Troubl’ (que não apareceu), DJ Bordallo e DJ Inim, grandes nomes do turntablism internacional, não fossem eles bi-campeão mundial, campeão espanhol e vice-campeao espanhol, respectivamente. DJ LS foi desclassificado segundo consegui apurar por desrespeito à regulamentação imposta pelo evento. De notar que um aspecto bastante positivo do IDA é deixarem os DJs escolherem o material com que vão fazer as suas routines/sets. Permite, assim, aos DJs actuarem com pratos/mesas que lhes são mais familiares. Essa opção de escolha é muito favoravel e só contribui para um melhor espectáculo mas, por outro lado, pode-se tornar enfadonha para o publico (caso essas mudanças

Antes de se avançar para as meias-finais, deuse prioridade à categoria “Show”, onde havia apenas 3 concorrentes. Numa categoria onde, segundo palavras da organização, o DJ “tem de agarrar a atenção essencial do público” não se percebe a ausência de projecção das filmagens que estavam a ser captadas durante o campeonato. Uma falha que prejudicou a visibilidade da plateia. A classificação ficou ordenada da seguinte forma: 1º - The Fader Conspiracy (Equipa composta por DJ Ride e DJ Kwan) 2º - DJ Cruzfader 3º - DJ Jota Segundo reparei, DJ Cruz apresentou um set de 4 turntables, acompanhado por um teclado,


onde jogou com os sons das teclas e dos pratos. The Fader Conspiracy fizeram-se acompanhar de um pedal que lhes permite fazer loop do que estão a scratchar no momento. Muito pormenor poderá ter passado ao lado desse tal “público tão essencial” mas a verdade é que de cá de baixo, não conseguimos ver nada. Quem também ficou sem ver nada foi Mr.Dheo, writer português, que apesar do seu grande mérito, este não lhe permite (como qualquer ser humano) ver e desenhar às escuras. Sem luz, dificilmente conseguiria pintar a tela que lhe foi fornecida. Retomou-se a categoria “Técnica”, dando lugar agora às semi-finais: A primeira semi-final colocou frente a frente DJ Nel’Assassin e DJ StikUp, dando vitória, na minha opinião discutível, ao segundo. Já a segunda semi-final pôs frente a frente, por ironia do destino, dois companheiros de equipa: Ride e Kwan (The Fader Conspiracy). Ambas as semi-finais foram bastante equilibradas, mostrando todos os DJs um elevado patamar de técnica e flow. Apurados DJ Stikup e DJ Ride só nos faltava a final e aí já consegui subir para uma coluna para ver melhor. DJ Ride vs DJ StikUp – vitória do primeiro por 2-1 e foi assim encontrado o grande finalista nacional. Estiveram os dois DJs à altura de uma final, mostrando tanto o seu corte afiado por entre combinações de flare e crab muito certas no ritmo como um beatjugglin melódico, parte forte de Ride, que cria melodias através de um som continuo, cortando-as com o crossfader e variando-lhes o pitch. Uma decisão difícil certamente para o júri.

IV STREET: O que te motivou para o Djing? Algo ou alguém? DJ Ride: É sempre um bocado difícil responder a essa pergunta, já que ao inicio acho que fui movido por algo que não sabia bem explicar, era uma mistura entre curiosidade e uma vontade enorme de poder explorar todas as potencialidades do turntablism. Digo turntablism primeiro e não DJing porque comprei o material ao inicio só para fazer scratch e produção, algum tempo depois é que comecei, por acréscimo pode-se assim dizer, a por som e etc.

Quadro de classificações finais: 1º - DJ Ride 2º - DJ StikUp 3º – DJ Kwan e DJ Nel’Assassin

IVS: Com quem ou como aprendeste mais em termos de técnica? DJR: A nível da técnica, ao inicio posso dizer que aprendi o básico sozinho, depois numa segunda fase comecei a procurar mais informação em Dvd's e em alguns sites\forums na Internet e, sem duvida, evolui muito depois de conhecer o DJ Ovelha Negra, meu conterrâneo, com o qual formei a minha primeira crew, Beat Bombers, e desde ai nunca mais paramos de trabalhar em conjunto.

Momentos altos da festa, para além claro das actuações dos nossos talentos nacionais, foram os showcases do consagrado Campeão Espanhol DJ Bordallo e DJ Inim que com apenas 18 anos se sagrou vice-campeao espanhol. De prestar muita atenção também foi a actuação do MC Mr. J Medeiros, pertencente ao colectivo americano “The Procussions” que fez questão de referir que apanhou um avião para Portugal para se deparar com uns já reduzidos a 50 ouvintes muito “tired” e que infelizmente só cantou umas 3 faixas. Quem esteve no campeonato de 2005, que por ter sido o primeiro apresentou algumas falhas totalmente aceitáveis, talvez tenha ficado com a impressão de que esta 2ª edição terá descido a fasquia. Notou-se a diferença entre Organização IDA e Apoio IDA. Mas esperemos que para o ano haja mais.

IVS: A nível de DJing, o que pensas do facto deste ano terem separado o campeonato em duas categorias - Técnica e Show - parece-te mais justo ou estão a separar duas coisas inseparáveis? DJR: Tendo em conta que este foi um evento dedicado ao Turntablism e Scratch, penso que faz sentido haverem duas ou mais categorias. Primeiro porque na categoria Show podemos utilizar mais meios, como por exemplo processadores de efeitos, sampler's, etc, e em segundo porque se trata de uma categoria que foge um bocado do estereótipo das battles, temos mais tempo, menos regras, mais liberdade e não o tipico um contra um da categoria técnica. Acho que a escolha do nome é que poderia ser outra. Lembro-me do ITF europeu do ano passado haver uma categoria idêntica mas com o nome 'Experimental', penso que se adequa mais...

Por: Kyro

IVS: Estiveste cá o ano passado? Qual o

balanço que fazes em relação ao ano passado? Quais as tuas expectativas para o campeonato? DJR: Sim, estive, na eliminatoria em Lisboa, na qual fiquei em primeiro, e na final no Porto, terceiro lugar respectivamente. Do ano passado para este ano na minha opinião houve sem duvida mais nivel, notou-se que a maior parte dos participantes treinaram/preparam-se mais. As minhas expectativas para este tipo de evento sempre foram as mesmas.. tentar proporcionar um bom espectaculo para o publico, e tentar mostrar de alguma forma algo que tenha um fio conductor com aquilo que faço a nivel de produção. IVS: Qual foi a melhor actuação para ti? DJR: DJ Ovelha Negra! IVS: Pensas voltar para o próximo ano? DJR: Sim penso que sim, este ano não estava com muito feeling para entrar, devido a andarme a dedicar mais à produção, mas como correu bem, why not? IVS: Foste também vencedor da categoria Show, estavas à espera de levar dois prémios para casa? DJR: É sempre complicado admitir, mas no fundo todos pensamos, e se... e se correr bem? De facto, nunca pensei que corresse assim tão bem, ao ponto de vencer as duas categorias, mas a sorte este ano esteve do meu lado, ao contrário por exemplo do ano passado nas meias finais, e claro, fiquei muito contente mesmo. IVS: A nível de edições, estás a pensar alguma coisa para breve? DJR: Sim, claro! Para o ano contem com o meu primeiro álbum, maioritariamente instrumental, onde misturo produção com scratch e alguns músicos a tocar por cima dos meus beats, numa fusão entre samples, break's, scratch, jazz, funk e electronica. Até lá podem passar pelo myspace.com/ridept e saciar a curiosidade. Por: Joana Nicolau


IV STREET: O que te motivou para o Djing? Algo ou alguém? StickUp: Pessoal, antes demais, olá a todos... heheh. Essa pergunta teria uma resposta bem longa, porque tive várias influências no DJing mas vou resumir um pouco. Posso dizer que me interessei pelo mundo da musica desde meados dos meus 17 anos e sempre me senti mais motivado a querer ser DJ. Comprei os meus primeiros pratos em 1999 e começei a misturar primeiro. Passado um ano, comecei a interessar-me bastante pela arte do turntablism e comecei a dedicar todo o tempo a ela ate hoje.

S: Sim, estive presente no ano passado tal e qual como este ano, a competir na categoria técnica na qual sou duplo vice-campeão 2005-2006. O balanço que faço em relação ao ano passado é poder-te dizer que o nivel aumentou muito, bastante mesmo. Houve muitos DJs que competiram comigo o ano passado que me supreenderam pela posistiva. Para o campeonato do ano que vem tenho a certeza que o pessoal que teve na final este ano vai treinar duro e cada vez mais para evoluir e dar mérito a Portugal no turntablism mundial. Por isso, posso dizer que da parte de alguns o nível vai estar bastante alto o ano que vem.

IVS: Com quem ou como aprendeste mais em termos de técnica? S: Tudo contou muito para o meu desenvolvimento a nível de técnica e musicalidade no turntablism, desde ver bastantes cassestes DMC e ITF (na altura, agora IDA), fazer bastantes jams com DJs – isso deve-se um pouco a um dos meus maiores mentores no scratch, o DJ Pass One. Praticamente foi ele que trouxe para Portugal o hábito das jams entre DJs e isso qualquer DJ tem que ter em mente que é das coisas que mais faz evoluir um DJ em tudo. Para além do convívio, no turntablism é muito impotante este tipo de factores. E também indo puxando por mim mesmo, muitas horas de treino... quem gosta realmente da cultura turntablist e quer ser um verdadeiro turntablist, tem que pôr muitas horas de trabalho em cima dos pratos...

IVS: Qual foi a melhor actuação para ti? S: A melhor actuação para mim foi a do DJ Kwan. Sinceramente, foi o DJ que mais me espantou neste campeonato em termos de composição de rotinas, combos, variações, etc. O Cruzfader tambem me supreendeu bastante com a sua actuação a solo com 4 pratos, um teclado MIDI e um sampler muito bom mesmo.

IVS: A nível de Djing, o que pensas do facto deste ano terem separado o campeonato em duas categorias - Técnica e Show - parecete mais justo ou estão a separar duas coisas inseparáveis? S: Este campeonato IDA (ex-ITF) consiste nisso isso mesmo, em várias categorias. Por exemplo, dentro do IDA tens neste momento a categoria TECHNICAL, SCRATCHING, BEAT JUGLLIN, SHOWCATEGORY, TEAM. Os representantes do campeaonto este ano optaram por fazer mais uma categoria que no ano passade e escolheram o showcategory. Na minha opinião não foi a melhor escolha, penso que as escolhas que deviam ter sido tomadas seriam a TECHNICAL, SCRATCHING, BEAT JUGLLIN. Penso que deviam ser estas as categorias que deviam sempre existir dentro do campeonato português IDA. IVS: Estiveste cá o ano passado? Qual o balanço que fazes em relação ao ano passado? Quais as tuas expectativas para o campeonato do ano que vem?

IVS: Pensas voltar para o próximo ano? S: Ainda penso estar no circuito das competições durante uns anitos. Por isso podem esperar o StikUp para o ano... hehehe. IVS: Dizem que os pormenores fazem toda a diferença. Qual a tua opinião relativa a atrasos do início do evento e a falta de uma tela para que o público pudesse, para além de ouvir, ver o vosso trabalho? S: É assim, isso é uma pergunta que cabe à organização responder por nós, DJs. Eles é que terão resposta para tal pergunta, porque da nossa parte DJs… todos cumprimos o nosso dever, fizémos subir o nivel cada vez mais. IVS: Há alguma coisa que queiras acrescentar acerca desta vertente? S: Eu queria deixar bem claro para muitos DJs e muitos iniciantes que não se iludam porque tenho ouvido rumores de certos DJs que fazem um cut ou dois bem feitos e pensam que já são grandes Dj. No campeonato é que se vê realmente quem é bom DJ e aqueles que fazem o nível subir constantemente, aí sim se vê, não é em casa a fazer scratch e dizer-se “ah, sou muito bom”… Principalmente, participar nesta vertente técnica, sendo a mais difícil de todas elas, dado que tens de treinar beat jugllin, scratch, tudo mesmo… é uma categoria completa. Humildade, convívio, jams e muito treino, tudo isto faz parte da evolução constante de um DJ. Por: Teresa Vieira

De forma a não repetir respostas, DJ Kwan cedeu a entrevista em nome de The Fader Conspiracy, estando o testemunho de DJ Ride na sua entrevista como vencedor do primeiro lugar da categoria “Técnica”. The Fader Conspiracy foram os vencedores da categoria “Show”. IV STREET: Como surgiu a vossa colaboração? Kwan: O Rui Miguel Abreu da Loop Recordings já me tinha falado antes no Ride, mas conhecemo-nos em 2005, nas eliminatórias de Lisboa do campeonato de DJs da ITF (actual IDA) e depois falámos melhor nas finais dessa competição e na altura trocámos números de telefone. Acabámos por não ter muitos contactos até um ano depois. Um pouco antes do Verão de 2006 soube que íamos tocar juntos numa noite no Mercado Clube em Lisboa onde tocaria também o A-Trak, e decidi ligar ao Ride e propôr fazermos algo em conjunto e talvez iniciar uma crew, também já a pensar no Campeonato IDA 2006. Encontramo-nos para falar melhor e senti que estávamos sintonizados em termos musicais e confirmei também que ele era um gajo com os pés bem assentes no chão e boa pessoa. Ele aceitou, começámos a ensaiar… eu ia às Caldas da Rainha ou ele vinha até Lisboa e depois propus-lhe um nome que já tinha na cabeça há algum tempo, The Fader Conspiracy, e ele também gostou do nome. Fizemos a tal noite no Clube Mercado que correu muito bem e estabelecemos também uma relação pessoal muito forte e pronto…cá estamos nós.

facto deste ano terem separado o campeonato em duas categorias - Técnica e Show - parece-te mais justo ou estão a separar duas coisas inseparáveis? K: Acho que foi uma opção que os responsáveis da IDA tomaram no sentido de tornar o evento mais atractivo para o público em geral, e nesse sentido até faz sentido a introdução da categoria Show, mas pessoalmente tenho pena por terem acabado com as categorias de Scratch e Beat Juggling. Acho que era uma das imagens de marca da ITF (agora IDA) e vi muitas routines boas nessas categorias nos últimos anos, routines que fizeram subir a fasquia do turntablism mundial. Relativamente ao facto das categorias estarem separadas, é uma opção da organização…não tenho opinião sobre isso, mas acho que a introdução da nova categoria, a Show, é muito positiva no sentido em que se pretende que os DJs construam uma música podendo para o efeito usar tudo o que lhes apetecer. É um sério desafio à criatividade dos DJs e isso é sempre bom.

IVS: Sentes que evoluem mais em termos de técnica colaborando? K: Sem dúvida… No turntablism a aprendizagem é permanente, e o contacto com outros turntablists é sempre positivo. Pessoalmente sou um grande admirador do scratch do Ride, por exemplo, e tento também passar-lhe alguma coisa que sei, mas mais do que tecnicamente acho que a evolução musical tem sido muito importante. Acho que trabalhamos bem em conjunto, porque existe a tal sintonia musical e também pessoal, e quando tocamos juntos sinto também que nos complementamos de alguma forma.

IVS: Estiveste cá o ano passado? Qual o balanço que fazes em relação ao ano passado? Quais as vossas expectativas para o campeonato? K: Sim, estive cá o ano passado… Como disse, foi como nos conhecemos. Acho que em relação ao ano passado o nível dos DJs subiu, sem dúvida, o que é normal uma vez que o ano passado foi a estreia para a maior parte. Acho que em termos de organização ainda existem algumas coisas a corrigir, o que acredito que acontecerá no próximo ano. As minhas expectativas antes do campeonato eram essencialmente ir o mais longe possível e, acima de tudo, que as minhas routines me corressem normalmente. Confesso que tinha expectativas muito altas para a actuação de Fader Conspiracy, expectativas essas que se vieram confirmar felizmente.

IVS: A nível de DJing, o que pensas do

IVS: Qual foi a melhor actuação para ti?


K: Essa não é fácil de responder porque estamosconcentrados nas nossas routines e também a treinar ou a aquecer e nem sempre se vê tudo. Terei que ver o vídeo da competição para responder melhor, mas acho que a partir das meias-finais o nível esteve bastante bom.

carreiras a solo… não sei… terás que perguntar às pessoas que integram esses projectos.

IVS: Pensam voltar para o próximo ano, em conjunto? K: Claro, até porque temos que competir no campeonato europeu IDA, como vencedores da categoria Show, isto porque este ano a final europeia realizou-se antes da competição portuguesa e assim os vencedores nacionais terão que participar no próximo ano. Ainda não sei como será com os vencedores do próximo ano… mas isso é com a organização. Nós contamos representar Portugal na categoria show no europeu IDA em 2007 e de certeza que iremos fazer outras coisas juntos. IVS: Foram a única equipa a concorrer embora existam mais projectos conjuntos de outros DJs. A que achas que se deve a sua ausência? K: Não faço ideia… ter um projecto como os Fader Conspiracy exige alguma dedicação, trabalho e também disponibilidade em termos de tempo. Às vezes esses ingredientes falham ou as pessoas estão demasiado absorvidas nas

Rusty, um talento emergente no panorama do beatbox nacional, é certamente um nome a ter em conta num futuro próximo por todos os apreciadores desta arte, que envolve muito mais do que fazer sons com a boca. Prova disso é o facto de, com apenas 15 anos, este artista figurar já nas fileiras da recém-criada editora Flow Release, de Supremo G. Depois de uma espontânea e surpreendente actuação no campeonato de dj's IDA, no club Mau Mau, a IV STREET resolveu ir ao encontro deste jovem para ter uns dedos de conversa. Confiram vocês mesmos. IV STREET: Antes de mais, o costume, apresenta-te. Rusty: Sou o Rusty, sou do Porto e tenho 15 anos. IVS: Já fazes beatbox desde que idade? R: Desde os 10, 11 anos. Por: Joana Nicolau

IVS: E como é que começaste? R: Uma vez estava com uns colegas na rua, que faziam break e eles disseram-me que precisavam de um som para dançar, tipo banda sonora. Mas eu na altura comecei naquela, com as mãos na boca, só para desenrascar. Depois um colega meu disse para eu me começar a aplicar e eu vi que aquilo era uma cena fixe. Entretanto ele mostrou-me cenas de Rahzel, eu comecei a ouvir, a interessar-me, a treinar, e pronto... Agora é um vício. IVS: Falas em treino. Achas que o mais fundamental é o treino, o jeito, ou ambos conjugados? R: Tudo conjugado, obviamente. É preciso teres o jeito e é preciso treinar, ter vontade. IVS: Além do Razhel, quem mais te influenciou? R: Killa Kella, Fernandinho Beatbox, Faith FX, que é um londrino, e agora SP & Wilson também, já dei uns concertos com eles... IVS: E o que achas do panorama nacional de beatbox? Estamos em condições de competir com o estrangeiro? R: Claro, claro. Há beatboxers bons cá em Portugal, mas também ainda não há muita gente a fazer beatbox. Só agora é que está a começar a evoluir, com pessoal a querer começar a fazer e isso... IVS: Muito graças a SP & Wilson não?

R: Ya também, SP & Wilson é que trouxeram o beatbox para a tuga, o pessoal era muito apagado. IVS Trouxeram o beatbox ou a exposição? R: Sim, a exposição, com eles o pessoal começou a interessar-se. IVS: Esta noite actuaste aqui (campeonato nacional de DJs IDA). Foi algo de última hora, de improviso? R: Algumas cenas sim, outras não. Foi uma cena que não estava a contar. IVS: E quem é que estava a actuar contigo? R: Foi o Stape e foi também o PH, que mandou lá uns scratches. IVS: E é com eles que costumas trabalhar regularmente? R: Não, normalmente trabalho sozinho. Vou ouvindo músicas e isso, tentando imitar. IVS: Mas além de imitares também tentas fazer uma cena própria, certo? R: Ya, claro, eu tenho cenas minhas mesmo. IVS: Ou seja, ouves os outros para teres um ponto de referência, e a partir daí fazes algo novo... R: Comecei a ouvir o Razhel, foi com ele que aprendi, mas depois de ter conseguido imitar, fui fazendo cenas novas, cenas minhas mesmo. IVS: Da mesma maneira que há vários tipos de Rap ou de Graffiti, por exemplo, consideras haver vários tipos de beatbox? R: Há, claro. Por exemplo, tenho um colega meu, que é o Beat, e a cena dele é mais drum'n'bass.


A minha cena é mais à base de scratch, juntar batidas, turntables... Fazer músicas conhecidas também, fazer um pouco de tudo mesmo. Rock, faço House também, Reggaeton, como puderam ouvir esta noite, faço de tudo mesmo. IVS: Muitas vezes a cultura fica limitada às quatro vertentes. Achas que o beatbox é "renegado", que devia ter mais exposição? R: Não é renegado, mas devia ter mais exposição... Há pessoal que considera o beatbox como uma vertente e há pessoal que não considera, só que agora o beatbox já está a começar a ganhar nome, já pode ser considerado vertente. IVS: Achas que está a ganhar nome e é para continuar, ou é como a febre do breakdance há uns anos atrás, ou como a do Rap agora? R: Não... O breakdance ainda tem muito andamento. Mas o beatbox é aquela cena, há pessoas que ainda não conhecem, não sabem o que é. Já me aconteceu dar concertos e pensarem que é outra pessoa que está a pôr som e que eu estou só ali com a boca. Mas eu tento explicar o que é. Mas uma pessoa vai ouvindo, e vê que isto é fixe, e assim o beatbox vai tendo mais nome aqui na tuga.

gente sabe o que é de nome, mas que todos curtem quando ouvem, sejam do Hip Hop ou não. Certamente notas muita adesão nos teus concertos. Afinal de contas é sempre engraçado ver alguém a fazer sons com a boca... R: Quando dou concertos, dou muito freestyle, e está lá pessoal que curte mais House, Reggaeton, Hip Hop... E eu tento adequar o meu estilo a eles, interagir com o público. IVS: Deixa o recado final. Podes mandar props à mãe, fazer publicidade... R: Beijinhos para todos (risos). Quero mandar props para toda a gente que me tem apoiado: Pacto Público, Arena 144, Rmk, SP & Wilson, Seada, Supremo G, Flow Release... Enfim, para todo o meu people. Acho que é tudo...

IVS: Costumas actuar muito ao vivo? R: Sim, costumo... IVS: E onde é que o pessoal te pode ver no futuro? R: Em princípio vou estar no Estado Novo, ainda não sei quando é que é... IVS: Estás então a tentar espalhar o teu nome através de concertos? R: Concertos, sim, e ponho também vídeos meus no Youtube também, basta escrever "Rusty beatbox". Basicamente é isso. IVS: Tentas colaborar com mc's e com grupos de Rap com o teu beatbox? De que maneira? R: Estou a tentar lançar um álbum e vou ter participações de vários mc's da tuga, como Seada, Supremo G... O Seada toca viola, e eu vou montar uns instrumentais com a boca e juntar uns acordes dele. IVS: Como fizeram SP & Wilson? R: É e não é... Porque eles fizeram beatbox e também meteram cenas de computador, tudo junto, e eu é só os instrumentos e beatbox, tudo ao natural. IVS: O beatbox é uma cena que pouca

Por: Moisés Regalado

Mc/ Dj e produtor, fundador da Red Towers Clan, membro dos Matozoo, elemento da Funkativity Team, dos Dope Device MCs e até do colectivo Rude Bwoy Sound Against the System, Bezegol prepara-se agora para lançar o seu primeiro álbum a solo. IV STREET: RUDE BWOY STAND é o nome do teu álbum de estreia. Não nos queres falar um pouco de como foi fazê-lo? Bezegol: Foi demorado. Primeiro porque tanto eu como o Lino Matos, que produziu este álbum comigo, temos projectos paralelos que nos tomam bastante tempo. Muitas vezes estes são “desencontrados” o que dificulta sempre um pouco as coisas em termos de tempo para estarmos em estúdio. Segundo porque praticamente todas as faixas foram feitas de raiz e há que fazer e refazer as vezes que forem precisas até soar bem ao nosso ouvido. Para além disso, também existem algumas participações que, ou por não viverem cá ou por estarem com demasiado trabalho, acabam sempre por demorar mais do que o previsto. Embora tenha conseguido algumas, ainda faltam muitas outras com quem espero vir a gravar

num próximo álbum. IVS: De um modo geral qual é a mensagem que pretendes transmitir neste álbum? B: De um modo geral eu escrevo mais sobre a forma como interpreto o que se passa comigo e à minha volta, focando muitos temas que me atingem directa ou indirectamente. No caso deste álbum, vai desde o meu filho à instabilidade deste país em que muita coisa continua a acontecer sem nenhuma explicação plausível. Constata-se, lamenta-se e pensa-se que muita coisa deve mudar, mas parte dessa mudança cabe-nos a nós conseguir. Esse é o meu apelo neste álbum. IVS: Não nos queres dizer alguns nomes que tenhas como referência a nível musical?


B: Isso é daquelas coisas que eu nunca vou conseguir responder sem depois dizer para mim mesmo que me esqueci deste e daquele. Mas vão desde os meus ídolos de juventude como os Ramones, Clash, ou Sex Pistols até aos Beastie Boys, Public Enemy, Wu Tang Clan e ao Grande Chico Science (R.I.P.), a vozes como a de Burro Banton ou Capleton, etc… IVS: Neste álbum usas o inglês como língua oficial. Algum motivo particular para não cantares em português? B: Nenhum motivo em especial, a não ser o meu gosto pessoal. Acho que cada um deve desenvolver o seu trabalho como lhe apetecer, não como convém ao mercado ou aos menos esclarecidos. Qualquer imposição tomada como regra perante o trabalho de qualquer artista, não só é castrante do ponto criativo, como também é limitador desse mesmo trabalho. Não se impõe a um pintor que cores deve usar para pintar seus quadros, da mesma forma que não se impõe a um músico que formas de expressão pode usar para ilustrar as suas músicas. Quem gostar, gosta, quem não gostar é simples: Não Ouça! No caso deste álbum específico apeteceu-me fazer assim, e embora tenha trabalhos editados em Português, não sinto e não vejo necessidade de fazer disso “ponto de honra”. Muito pelo contrário, acho que nem sequer deve ser equacionado quando se está a avaliar algum trabalho. As coisas são boas ou não são, seja em que língua for! IVS: Como é que surgiu a parceria com a “Rádio Fazuma” e a ideia de lançar duas faixas do teu novo álbum em formato vinil? B: Eu sempre tive ideia de fazer um single em vinil para promover o álbum. Em primeiro lugar porque sou e sempre fui fervoroso adepto do vinil e tenho noção de que tal como eu, existem muitos outros dj’s e selectas, tanto cá, como lá fora, que só trabalham nesse formato e que muitas vezes não tocam as nossas faixas porque estas só existem em CD. Isso foi ainda somado ao facto de em Portugal ser o primeiro 7’polegadas de reggae a ser editado, e de funcionar muito bem como “cartão de visita”, tanto meu como de quem o edita. A Matarroa e a FazUma lançam também uma nova etiqueta a Gumalaka, sendo este o seu primeiro press. IVS: Como está a tua agenda a nível de concertos? Queres deixar algumas datas? B: Tive recentemente um concerto de apresentação em Portalegre, acompanhado pelo DJ Spot, mas de momento ainda estamos a determinar estratégia para a banda suporte que, juntamente com o Lino, estamos a “olear” e a “afinar”.

IVS: Há planos para mais “Dope Sessions”? B: Com certeza, as Dope Sessions com os seus 5 anos de existência, acabaram por se tornar uma espécie de amostra do que vamos fazendo durante o ano, dentro e fora da Matarroa, não tendo por isso sítio nem datas certas. Podem surgir em qualquer altura e em qualquer lugar. IVS: E um regresso de uma “Funkativity”? B:A Funkativity foi uma experiência que me ajudou a ter uma visão mais concreta não só do mercado do vinil como também do mercado mais alternativo. Nesta era de Internet, iPod’s, simuladores de vinil e afins, somado à falta de poder de compra dos portugueses, mais as taxas de importação directa para música em Portugal, faz-me crer que agora não é a melhor altura para pensar nisso. IVS: Planos para futuros trabalhos? B: Continuar como sempre a trabalhar com quem e com o que me dá gosto. Agora ando mesmo é a finalizar tudo o que anda a volta do novo álbum, mas para 2007 já tenho alinhado algumas coisas. IVS: Acho que é tudo… Mensagem final? B: Podem sempre chekar a minha página no myspace.com/bezegol e a da matarroa.com para informações sobre concertos, lançamentos, etc… Um abraço para todos os envolvidos no Rude Bwoy Stand, e outro para quem o apoiar.

NEL ASSASSIN

DJ Nel Assassin fecha o ano de 2006 com o lançamento do segundo disco, SR. ALFAIATE. O próprio nome pode dar origem às mais variadas comparações. No entanto, é certo que este disco atingiu a alta-costura do scratch em Portugal. Assassin costurou um álbum de uma qualidade metricamente elevada. Cortou no sítio certo, alinhavou a ganga do Hip Hop com a seda justa do Funk, com as purpurinas Disco, com o veludo da Soul e, sem dedal n a p o n t a d o s d e d o s , t ra n s m i t i u p a ra a s a g u l h a s o i d e a l d a m e l o d i a . A IV STREET convidou o gira-disquista para o corte e costura e ele falou do novo álbum, da paixão pelo vinil, do terceiro lugar no Campeonato Nacional de DJ’s, da música que gosta de criar… O alfaiate do scratch do Hip Hop nacional passou do gabinete de prova para a passerelle. Deliciem-se! IV STREET: O teu segundo álbum “Sr. Alfaiate” saiu este mês. Quando começaste a pensar e a trabalhar nele? NEL ASSASSIN: Comecei a trabalhar neste disco desde o Microlandeses dos Micro. O conceito já vinha desde as mixtapes, surgiu uma rima do género “o senhor alfaiate com o corte mais exacto” e o nome ficou. Em todos os álbuns de Micro há sempre um tema só meu,

era o meu espaço para o scratch. Foi aí que surgiu uma música com o nome de Sr. Alfaiate que era um som só de cuts, e considero que foi das melhores construções que fizemos. Mas repara que era uma música simples, com técnicas de scratch simples, mas com uns pormenores mais complicados. É algo que gosto muito de misturar: o simples e o complicado, o old school e o new school. IVS: É um disco na mesma linha do anterior ou é um disco distinto do “Timecode”? NA: É à parte do “Timecode” porque é anterior e com muito mais tempo de criação. Este disco representa uma junção de vários estilos de música em que pus de tudo. Há músicas com letras, outras sem voz, umas só de scratching, outras Jazz ou composições a partir só dos pratos, há Rap mais puro, como há um pouco de Drum N’ Bass. Quis fazer um disco instrumentalizado a elevar ao máximo a melodia. É isso que eu gosto, de melodia, e acho que isso transparece muito no álbum. IVS: Quais as principais diferenças? Que tipo de inovações existem? NA: Todo o álbum é composto por musica scratch,é isso

Por: Daniela Ribeiro


tipo de inovações existem? NA: Todo o álbum é composto por musica scratch, é isso que faço. A evolução significa criar sonoridades que nunca existiram e eu quis, com o Sr. Alfaiate, emitir sons que não se ouvem todos os dias. Acho que é a principal diferença. IVS: Quem são os teus convidados? NA: Verbal, Kalaf, Kika Santos, Melo D, SP, Sam The Kid, Bob The Rage Sense, Ollie Teeb (Herbaliser), Pedro Gonçalves no contrabaixo, João Cabrita no saxofone e DJ Damented. IVS: Achas que vai ser uma marca no Hip Hop nacional, ou pretendes que seja? NA: Eu acho que deveria ser, não é porque quero que seja, mas sim porque é o primeiro disco de scratching a ser feito em Portugal. É um disco adulto com músicos também muito adultos, com uma composição e pensamento mais cuidados. IVS: Acabaste de participar no Campeonato Nacional de DJ’s e atribuíram-te o terceiro lugar. Achaste justo ou foi uma decepção? NA: Sinceramente foi uma decepção. Toda a gente sabe que existem países pequenos que se governam bem mas nós vivemos num país pequeno que se governa mal. Isto vai-se reflectir em imensas situações… Num campeonato em que se organiza uma estrutura de scratch com um júri que não está à altura, o resultado não vai ser justo. Eu sou uma pessoa realista e não estou a tentar defender a minha derrota, só acho que um júri de 16 anos e outro que é visto a dormir na casa de banho não é o mais correcto. No ITF, o ano passado, o júri era de muito mais peso, tinha um campeão europeu quatro vezes e um outro campeão mundial três vezes e eu ganhei… Não estou a querer limpar o facto de ter perdido desta vez, até porque está filmado. O ano passado foi mais importante, era o primeiro campeonato a ser realizado em Portugal e eu ganhei. Ficou marcado, fiz história e era isso que queria verdadeiramente. IVS: Define o teu estilo musical como DJ. NA: Eu toco muitos estilos de música… Como DJ sou mais de clubs e party, toco Funk, muito R&B, Hip Hop,gosto de passar discos que façam a festa, mas sempre música que faça sentido, por exemplo não toco reggaeton.

IVS: Em casa, o que ouves? NA: Tanta coisa! Ouço muito Hip Hop, como é de esperar e muito R&B, algum Drum N’ Bass também. Dou muito valor a cenas como Talib Kweli, Mos Def, Common, Goodie Mobb, Pharell. IVS: Quais o teus clubs preferidos do momento? NA: Hard Club, sem dúvida, e o Lux. Toquei num club fantástico em Notting Hill, Londres, o Art Club. Mas como não toco muito, não posso enumerar muitos mais. Gostava de tocar mais, obviamente. E o sonho de qualquer DJ é tocar em Nova Iorque. IVS: Pensas que alguma vez o CD ou outro suporte possa substituir o Vinil? NA: Nunca! Impossível! Sou um adepto do vinil como são todos os DJ’s e tenho a certeza que isso nunca vai acontecer. Eu tenho quase 4 mil vinis, o que já é uma boa média, mas existe quem tenha 10 mil, como por exemplo o Premier… E garantidamente que já foram ouvidos, não estão lá só para alargar a colecção. O vinil não pode morrer, não consigo conceber tocar ou mostrar a minha música sem vinil, foi o primeiro suporte musical a existir e nunca vai desaparecer. 100% vinil! Por: Vanessa Cardoso Fotos: Gentilmente cedidas pela Sub-Escuta

Por: Vanessa Cardoso Fotos: Gentilmente cedidas pela Sub-Escuta

Biografia O amor tem banda sonora. Leela James é o nome da mais recente promessa do universo Soul. A cartada de ouro é lançada por A CHANGE IS GONNA COME, em Junho de 2005, o álbum de estreia da cantora. É pautado, com agrado, por “Music”, a primeira faixa retirada e “Don’t Speak”, a versão Soul do original Pop dos No Doubt. Detentora de uma voz poderosa e inesquecível, repleta de alma, como o próprio estilo assim determina, evoca a época dourada da Soul e R&B vivenciada nos anos 70. Este disco traz ao ouvido a combinação do trabalho de produtores como Kanye West ou Wyclef Jean, com a voz madura e interpretação distinta de James. Uma sonoridade contemporânea inspirada no passado.

A Soul de novo na era dourada Não se deixem enganar pela baixa estatura de Leela James, pois a grandeza musical desta cantora é imensurável. Algures entre uma Tina Turner e uma Beth Orton, há sempre espaço para mais uma revelação em matérias do R&B e da Soul. Essa mulher pode, certamente, ser Leela James. É formada em Estudos Empresariais pela Universidade de Cal State nos Estados Unidos e tornou-se cantora profissional e a tempo inteiro em meados dos anos 90. E quando decidiu fazer da música carreira, assinou contrato com a RuffNation Records, contrato esse que foi engolido pela multinacional Warner. Foi nesta editora que se deparou com os obstáculos da competição e onde traçou objectivos como artista. Ostenta um corpo diminuto, pele muito morena, sorriso escancarado e uma cabeleireira expansiva, puramente africana. É na voz que está a surpresa e o encanto, totalmente aguda, dinâmica, profunda e, com aptidão para a s p o ke n w o r k e p a ra a p e r fo r m a n c e . O primeiro registo discográfico A CHANGE IS GONNA COME, foi lançado no passado ano de 2005 e demonstra as inspirações de Leela. São, certamente, nomes como Aretha Franklin, Chaka Khan, Angela Bofill, Marvin Gaye, Nina Simone ou Tina Turner, que lhe terão revelado os caminhos da Soul e do R&B. E é por estas linhas que Leela James caminha, trazendo também, com ela, uma panóplia de sonoridades. Ela tem Soul e R&B, é certo, mas tem Gospel, tem Funk, tem Blues, tem música da alma. A potência vocal vai desde o mais remoto R&B, à essência Soul, e por isso tem a missão de recolocar este género musical numa era novamente dourada, que se considerava perdida. Os anos 70 já lá vão, no entanto, é com este álbum que James faz o ouvinte regressar ao passado, sem se sentir


velho ou perdido no tempo. A universalidade musical nunca se perde. A voz aguda de Leela consegue ser melódica e agressiva ao mesmo tempo, em tons diferentes, consegue tanger as cordas da emoção e da nostalgia, não esquecendo a festa da vida, e de dar, finalmente, resposta às inúmeras preces amorosas, para quem está do outro lado da coluna.

em exageros, foi conseguida uma mudança com um resultado equivalente ao sucesso do original. Apesar de ainda não haver uma escrita potencialmente madura ou original nas letras de Leela, o disco é um encontro de lugares diferentes e irregulares, como um todo representa uma viagem de triunfo para a estreia da cantora.

Sentimento old-school A CHANGE IS GONNA COME foi criado de modo a que estivessem presentes todas as influências e experiências da vida musical de Leela James. A fasquia é mais alta quando se sabe que ela trabalhou com pesadas figuras da cena Hip Hop e R&B em solo americano. O produtor principal do disco de estreia é Commissioner Gordon, que também trabalhou com Lauryn Hill em THE MISEDUCATION OF LAURYN HILL, um registo de referência. Foi ele que ajudou na reunião de estrelas como Kanye West, Wyclef Jean, Raphael Saadiq, Poysner, C h u c k y T h o m p s o n e M t u m e p a ra colaborarem na produção da estreante e revelação Soul de 2005. A crítica reagiu favoravelmente à novata e, em Portugal, foi a Antena 3, pela mão de Mónica Mendes, que a descobriu e passou a difundir temas de A CHANGE IS GONNA COME, nomeadamente “Music” e “Soul Food”. A introdução breve encaminha-se para territórios explorados por Chaka Khan ou Marvin Gaye e deixa adivinhar o que se segue. E em vez de ser carregado de samples, este disco é construído de raiz, à base de guitarras, bateria e baixo. A música que dá título ao álbum é um clássico do célebre herói do universo Soul, Sam Cooke, e foi inserido a pedido da mãe da artista. O primeiro single a ser extraído foi “Music”, porém, a melhor passagem do alinhamento. Como o nome indica, é feita uma homenagem à música; um tema urgente na melodia, um apelo à dança fazendo a travessia coerente para os anos 70, com um toque orgânico na medida certa. Já “When You Love Somebody” é o momento de amor por excelência, uma tranquila, envolvente e pausada declaração à cara-metade que hád e e x i s t i r, a p a r t e s o f r e d o ra e o s incondicionalismos do amor também estão presentes. Ao contrário desta balada, “Good Time” e “My Joy” já chegam a tocar com sensibilidade o Blues e um pouco de Funk à mistura. “Rain” é, por seu turno, uma faixa mais pesada, com o baixo em evidência, um refrão repetitivo e o estalar compassado dos dedos. Outra das boas surpresas é “Don’t Speak”, uma nova versão do conhecido tema da banda Pop/Rock No Doubt. Leela James não envergonha, de todo, a versão original., pois é igualmente apaixonante. Para não cair

Afinal, a descentralização do Hip Hop existe mesmo, e não é, de todo, infrutífera. Os 2Forty são a prova viva disso mesmo. Esta dupla de beatboxers, oriunda de Aveiro e constituída por Fubu e Beatz, promete revolucionar o beatbox com a sua música – no verdadeiro sentido da palavra. Curiosos? Então leiam o que se segue. IV STREET: Para já, apresentem-se. Fubu: Somos o Fubu e o Beatz. IVS: E há quanto tempo é que estão juntos? F: Estamos juntos já há um ano, a fazer temas, a dar concertos – já estivemos no Sudoeste, em Castelo Branco, Leiria, Lisboa, Porto, Nazaré, Coimbra... Basicamente, rodámos o país todo. IVS: Então estão a tentar espalhar o vosso nome através de concertos... Beatz: Não só. IVS: Agora a exposição do beatbox aumentou com SP & Wilson. Consideramnos o expoente máximo desta arte em Portugal? F: Eu, sinceramente, acho que não. B: É assim, eu acho que cada um tem a sua cena, há muitos estilos para trabalhar, e um pode dizer que é "sim" e outro pode dizer que é "não". Cada pessoa tem a sua cena, e isso é respeitado no beatbox. IVS: E o que é que acham do beatbox a nível nacional? Está bom, mau, melhor, pior..? B: Está a crescer de nível. F: Tem evoluído gradualmente. Até há dois anos atrás, havia pouca gente a fazer, agora já há muita. Claro que tudo se baseia na imitação de outros sons, não têm criatividade. Leela James tem uma voz profundamente expressiva e poderá estar a fazer nascer um novo estilo, a criar um novo caminho. Talvez assistamos, daqui a uma década, às seguidoras da cantora. A CHANGE IS GONNA COME é a banda sonora perfeita para quem ainda não a encontrou. Por: Vanessa Cardoso

IVS: Vocês, estão a tentar fugir desse estereótipo e criar um estilo novo? F: Exactamente, nós temos o nosso estilo. Também usamos algumas ideias de outros, mas não copiamos, e estamos a tentar usar outros instrumentos, porque agradar ao pessoal underground, ao pessoal que curte Hip Hop, é

muito fácil, um gajo pega no micro e pronto... E o pessoal que curte música fica tipo "ya, isto é fixe". Então nós pensámos em meter mais alguma coisa, e então estão num projecto connosco um violinista e um baixista – o baixista nem tanto, é só nas produções, mas o violinista vem muitas vezes actuar connosco. Então quando nós temos sítios fixes para actuar, sítios "vips", temos um pianista que dava aulas no conservatório, e também temos muitas produções com instrumentos que o pessoal nem imagina, instrumentos orientais... É só ter criatividade. Por: Moisés Regalado


desafio a que me propus fazer.

aderir cada vez mais a novos formatos.

IVS: E quando começaste a criar especialmente para o álbum? E: Estas letras são relativamente antigas, algumas já têm vários anos. Só me faltava os instrumentais que produzi com instrumentos reais, virtuais e também com alguns samples. IVS: Achas que já devia ter saído ou foi este o tempo certo? E: Só saiu agora pois só agora tive as condições para o concretizar. O tempo nunca é certo...

A música é um pau de dois gumes; ao mesmo tempo que nos leva para longe e faz esquecer tudo, também nos obriga à máxima concentração. Começa-se do nada até chegarmos a algum lado… Ex-peão, é mais um elementos dos Dealema que se expande criativamente e chega-nos de uma forma que completa mais um fosso da música nacional. “Máscara” é o primeiro registo discográfico a solo que reúne um trabalho de dois anos e meio. Este disco reflecte uma atitude destemida, uma visão céptica, um pensamento politicamente coerente e articulado, no qual o Hip Hop se deixa transformar e experimentar e passa a ser tantas outras coisas. Há ali Hip Hop, é certo, mas há também um pouco de Pop, um pouco de Drum N’ Bass, um pouco de Rock. Tudo se envolve, e ainda bem. IV Street: O teu álbum de estreia a solo acabou de sair. E saiu como tu querias? Era este o produto final pretendido? Ex-peão: Este não é o produto final porque a minha obra nunca está acabada. Quando crio uma música ou escrevo uma letra é sempre na tentativa de fazer outra coisa, que ainda não descobri bem, e então continuo a experimentar. Este disco é

uma experiência.

IVS: Por que lhe deste o nome de ”Máscara”? É uma metáfora? E: Eu sou um “ex-peão” neste xadrez da sociedade. A máscara que as pessoas usam no dia a dia é a metáfora... Ou não. Escolham a vossa... IVS: Quando sentiste que querias fazer um disco a solo? E: Foi há dois anos e meio atrás, quando comprei o computador e um microfone. Já tinha muitas músicas compostas e decidi fazer um trabalho em que fosse eu a produzir, gravar, misturar e masterizar. Foi um

IVS: Tens uma faixa de eleição ou mais significativa? E: Não tenho faixa de eleição. Vejo o álbum como um todo. A mais significativa talvez seja “Guerra dos Anjos”. IVS: Escreves de forma autobiográfica. Queres falar um pouco da tua escrita? E: Sou autobiográfico nas letras porque a minha experiência pessoal é o tema mais original e singular sobre o qual posso e sei escrever. É como se fosse um filme baseado numa história verídica. IVS: “Máscara” tem vários convidados. Convidaste os teus amigos ou os artistas com quem querias trabalhar? E: Foi um pouco as duas coisas mas realmente neste disco convidei os amigos, pois é um primeiro trabalho a solo, mais pessoal. A ideia de convidar alguém vem da própria musica, convido tanto um rapper como um músico instrumentista ou um cantor para concretizar ideias. IVS: “Pós-Modernos” dos GNR e “Cairo” dos Táxi são duas boas surpresas do disco. Como foi recriar estes temas? E: São dois temas que sempre gostei e tenho os dois em vinil mas na minha versão são diferentes. No “Bairro” apenas usei o refrão do original - “cairo” - e adaptei a um tema totalmente diferente. No “Pós-Modernos” o tema é o mesmo, o refrão é igual ao original, a rima tem o mesmo flow mas está adaptada aos tempos de hoje. Para mim são dois clássicos da musica nacional. IVS: De que forma sentes a receptividade do público? E: Ao início do concerto as pessoas ficam um pouco apreensivas porque o formato é um bocado diferente do habitual, uma vez que toco com o DJ Guze, mas também levo o meu material (portátil e teclado), para tocar ao vivo certas batidas e também trigar uns samples e manipular sintetizadores. Mas o disco tem sido bem recebido em geral e o público começa a

IVS: Assumes que, de todos os elementos dos Dealema, és o que mais foge do Hip Hop? Ou pelo memos o que recebe influências mais variadas? E:Todos temos as nossas influências e experiências musicais diferentes. O Hip Hop é uma das minhas influências, mas também existem outras coisas… Toco com bandas de músicos amigos já muito antes de fazer parte dos Dealema e nunca me imponho limites quanto aos estilos. IVS: Existe aí uma paixão por outros géneros musicais, pelo Drum N’ Bass, por exemplo… não? E: A paixão não é pelo Drum N´Bass, é pela música, gosto de vários estilos, e talvez pelos sintetizadores e as teclas que compõe o meu instrumento favorito. Apenas isso. IVS: Qual a tua posição relativamente ao Hip Hop português? E: Acho que cada vez se dá mais importância à imagem e a música fica para segundo plano. Mas felizmente existem os que criam por paixão e prazer em fazer algo único. Em relação ao resto do movimento, e falo dos DJ’s, B-boys e Writers, todos estão a evoluir bastante e a criar infra-estruturas fortes para o futuro desta arte. Por: Vanessa Cardoso


António Pedro Xavier Gomes da Silva, mais conhecido por An2one tem nas ruas o seu primeiro álbum com o nome de SENTIMENTALIZANDO. Um álbum que conta a participação de Rui Unas, Mentekapta, entre outros. Fomos saber um pouco mais do álbum e de An2one. IV STREET: A produção ficou a cargo do Bambino dos Black Company, que produziu faixas para nomes sonantes do rap tuga, a mistura e masterização do Ptomás, que já tinha feito o mesmo no álbum do Chullage, 2840Sx etc. Foi para ti um orgulho poderes trabalhar com eles? Sentes que foram uma mais valia? An2one: Para mim foi uma experiência única. Trabalhar com um dos nomes de referência do Hip Hop nacional como é o Bambino, traz uma mais valia crucial para este CD, ele produziu como ninguém as 14 faixas do CD e é para mim um dos melhores produtores músicais de Hip Hop nacional. O Paulo cada vez mais se apresenta como um dos melhores a trabalhar na mesa de mistura e masterização, é dos poucos que se especializou nesta àrea e ainda tem muito para dar. Sem estes dois senhores este disco não seria o mesmo. IVS: A apresentação de “Sentimentalizando”, decorreu no Swell Club com convidados surpresas. Como correu? Sentiste um bom feedback pela parte do público presente? A: Foi uma festa lindíssima! Juntar família, amigos e fãs num só local é o melhor que pode acontecer a um artista. O público respondeu de uma forma entusiasta, sei que tinha ali pessoas que aplaudiam porque estavam a gostar do que ouviam. IVS: És oriundo da Margem Sul, um dos principais locais no inicio do hip-hop em Portugal, sendoo ainda hoje. Sentes alguma influência nisso quando escreves? A: A Margem Sul tem o seu próprio som. A nossa experiência como amantes de Hip Hop vem desde dos fins dos anos oitenta.

No Miratejo nasceram e vivem alguns dos melhores MCs nacionais. Eu penso que o som deste lado é característico e único. Mesmo a forma de entender o Hip Hop. A mim influencia-me toda a minha realidade, e é claro, o bairro, as vidas, tudo isso passo para o papel nas minhas rimas.

IVS: Fizeste parte dos Turbo Gangstars que infelizmente cada um seguiu o seu caminho. Num futuro próximo será possível ver Turbo Gangstars num Concerto ou ouvi-los num álbum? A: Tudo é possivel. O Beto e o Milton apesar de estarem no estrangeiro, são os meus maiores admiradores. Não os ter neste disco foi difícil, mas por vezes há que tomar decisões. Mas eu gostaria, quem sabe de um dia, de mostrar muitas das coisas que os Turbo deixaram na gaveta. Tenho saudades dos tempos em que os Turbo tocavam em todo o lado e levavam uma legião de fãs a trás. Eu penso que ainda tenho a Alma de Turbo Gangstar. IVS: Conta-nos como foi o processo de “Sentimentalizando”. Desde as letras até as produções. A: Começámos por definir o número de faixas. Juntamente com o produtor musical, estabelecemos um método de gravação que passava por trabalhar primeiro a parte lírica e enquadrá-la na produção musical. Escolhemos também os músicos, cantores e MCs que queríamos que participassem neste álbum. O processo de gravação foi normal e sem pressas. As misturas e masterização foram levadas ao pormenor, é um disco 100% feito com a experiência de pessoas que já sabem o que fazem. Penso que isso se nota quando se ouve o CD. Em termos sonoros está muito cuidado.

Eles trouxeram o toque Soul que procurava. A Paula de Sá é uma das melhores vozes nacionais. Ela faz parte do elenco do Parque Mayer e ainda não gravou o seu disco a solo, o que é uma grande pena. Porque é um dos grandes talentos que continua escondido. O Mister D é um Soul man que também ainda está na sombra, apesar de já ter colaborado com muita gente, merecia já o seu disco. Do leque de músicos, escolhi talentosos em várias áreas, o Nando, que foi baixista dos Black Company, o Milton que é guitarrista dos Okinox e o Gramaço que é um bom saxofonista de Jazz. O próprio Paulo Tomás tocou alguns instrumentos neste disco. Do estrangeiro veio uma das vozes de Espanha, Nalaya Brown. Ela prepara-se para lançar o seu primeiro CD, e vai ser um sucesso garantido, fixem esse nome. Resumindo este foi um disco no qual me rodeei de grandes talentos, que foi a mais valia crucial para este disco. Estou contente com ele, desde o trabalho gráfico ao sonoro. Obrigado a todos eles.

IVS: Logo a abrir o “Sentimentalizando”, damos conta com a participação de Rui Unas numa música que criticas os “MCs de Internet”. Porquê o Rui Unas? A: Foi uma brincadeira. O Rui tem um personagem que é o MisterU, que é um Rapper Wanna Be. Brincar um pouco com a cena também é saudável, acho que o Rap também tem que ser divertimento. É como a vida, há coisas sérias, que se falam e coisas que nos fazem rir. O Unas é um grande amante do Hip Hop e um bom amigo, também participou de bom agrado no vídeoclip, “Ritmo de la música”. Ele diz que o MisterU vai continuar por aí. IVS: Como surgiu a participações dos Mentekapta? E os restantes convidados? A: Os Mentekapta, são uma das minhas influências no que diz respeito ao som feito no Miratejo. O Bambino como produtor tinha que participar com o seu colectivo. Ele e o Cocas rebentam! Apesar de estarem separados geograficamente, quando se juntam há aquela explosão. Foi uma honra ter no meu CD dos poucos registos desse projecto que é um dos mais fortes do Rap nacional. Os restantes convidados foram o Sommar, o Mister Zed e a Caucha, que fazem parte do Gospel Choir.

Por: João Coelho & André Flora Fotos: Gentilmente cedidas por Hiphopotamo


NEW SCHOOL de regresso! Estivémos distantes por motivos pessoais mas sempre ligados ao Hip Hop Tuga. Nunca parámos defenitivamente de contribuir para que o Hip Hop nacional evoluisse, apenas fizémos uma pausa no que diz respeito ao activo, ou seja, concertos e festas. Todos sabemos que o Hip Hop em Portugal tem tido os seus altos e baixos em relação à audiência, mas parece que agora estamos no bom caminho. Além disso, tem evoluido bastante no sentido musical. Greguz du Shabba, o CLAN, é formado por 8 elementos: Shuppacabra (mc/produtor), Tonysa (mc/produtor), Cyclle (mc/produtor/b.boy), Magnetic (b.boy), Franky Payn (mc/produtor/b.boy), Crebaz Stone (mc/b.boy/writter) Chuth (b.boy), Mean (dj/writter) mas os três primeiros elementos representam os Greguz du Shabba.Foi em 1992/93 que os GREGUZ du SHABBA se formaram como grupo e comecaram por dar concertos locais em escolas e festas Autarticas.Mas em 1994 tudo mudou quando o grupo comecou a expandir o seu potencial elenco de rimas verdadeiras e instrumentais pesados em festas mais underground sendo assim classificados pelo publico, jornais locais e nacionais como musicos de intervencao. Em 1995 foi o pic da nossa intervencao quando fomos convidados para participar no album dos Black Company ”Filhos da rua” e foi partir de ai que os GREGUZ du SHABBA oficialmente afirmaram o seu lugar no mundo da musica. Em 1996/97 deram continuacao a saga, ate que em 1998 foram convidados para participar na mix tape do Dj.Bomberjack ”Tugas in action”o reencontro do vinil seguidamente “Volta a dar cartas” em 1999 e por fim “Colisao Iberica”em 2000. Shuppacabra e Tony sa acabaram por emigrar para londres a fim de poderem ver os seus objectivos conseguidos.Essa ida para o estrangeiro aconteceu nos fins de 1999 principios de 2000 mas ainda assim participaram nas mix tapes do Dj Bomberjack em 1999 e 2000. Em 2001/2002 Cyclle deu continuacao a saga comecando com um projecto com os ELITE constituido por (Crebaz Stone&Franky Payn) onde se entitulava como (Greguz versus Elite).Comecou por dar concertos e organizar festas para divulgar o novo projecto que tiveram no lugar na Expo (Praca Sony) IPJ (Instituto Portugues da Juventude) e arredores de lisboa onde prosteriormente foram convidados para participar na mix tape do Dj Kronic”Projecto Inoxidavel” em 2003.

Por fim em 2004/2005 Cyclle emigrou para o Reino Unido tendo passagem pelos Estados Unidos por motivos pessoais e culturais.Greguz du Shabba estam de volta para lancar o CD a muito esperado por todos os amantes do Hip Hop tuga e Palope e com este Single esperamos convencer e permanecer no Hip Hop tuga para todo sempre…uma vez GREGUZ, para sempre GREGUZ. Por:GS PROJECTS records

Era uma vez uma menina de cabelos encaracolados que ia contrariada para as aulas de piano. Em casa respirava um ambiente artístico. O pai era músico, o irmão também. Quando cresceu decidiu que estava na hora de abandonar o Conservatório. Hoje, já mulher, alimenta uma paixão forte pela música e arrepende-se de não ter continuado. Talvez por isso esteja a dar que falar nos bastidores do Hip Hop feminino. Chama-se Sky, é do Porto e lançou este ano “Insónia” pelos seus próprios meios. Um disco amador mas sério e criativo, com as sonoridades Soul, Funk, Hip Hop e R&B numa agradável confluência. Destaque para o doce, sentido e melodioso “Fado Gelado” e para o tema “Para Saborear”, em ritmo Hip Hop mais vincado com a participação do rapper Retrace. Com audição em www.myspace.com/skyinsonia ou aquisição na DablubStore. A história da menina teimosa que se tornou numa ladie do Hip Hop nacional não acaba aqui. Sky em discurso directo. IV Street: Como e quando te sentiste ligada ao Hip Hop? Sky: A música faz parte da minha vida desde muito cedo. Há uns sete anos descobri a música Soul e imediatamente considerei o estilo de música com o qual mais me identifico. A partir do Soul fui ouvindo projectos R&B mais recentes e surgiu aí a descoberta do Hip Hop. Já escrevia poesia há alguns anos e comecei a fazê-lo cantando. Senti-me ligada ao Hip Hop

essencialmente pelas filosofias e líricas dos MC’s portugueses, franceses e espanhóis com as quais me identifico. No entanto, não considero aquilo que faço Hip Hop, simplesmente canto o que sinto, faço música. IVS: Perante um público dominantemente masculino pensas que a tua música pode influenciar mais raparigas a participarem activamente no meio musical, no Hip Hop?


NEW SCHOOL De que forma? S: Penso que sim e espero que sim! Tento dar a máxima força às ladies novas que surgem e que sinto que de facto têm força de vontade. Às vezes falta só um pouco de motivação. IVS: Por que escolheste a voz como veículo da tua expressividade? S: É uma boa pergunta, estudei música durante alguns anos e toquei alguns instrumentos. Há pouco tempo um amigo perguntou-me porque é que eu escolhi a voz e não o piano. Não sei bem porquê mas penso que a principal razão foi mesmo o poder escrever, começou daí. Poemas, versos, vontade de me expressar de uma forma directa e simples e a influência dos clássicos da Soul. Acho que não há nada mais bonito do que conseguirmos escrever na nossa língua, que sabemos que não é fácil. IVS: O que te motiva a escrever? S: Tudo. IVS: O que queres transmitir com a tua música? S: Paz, união, tranquilidade, inovação.

S: Continuar! IVS: Fazes parte do movimento Hip Hop Ladies. Fala-me sobre isso… S: O site Hip Hop Ladies foi criado pela Dama Bete, na tentativa de divulgar os trabalhos das MC’s femininas ou cantoras portuguesas. Através do site fomo-nos conhecendo. Na altura o círculo Hip Hop Ladies era formado por mim, pela Blaya, Dama Bete, Lweji e pela Greyss. A partir daí criou-se uma grande empatia e interesse no trabalho umas das outras. Demos alguns concertos por Lisboa, Porto e Braga e pretendemos agora continuar a trabalhar e a participar activamente nos trabalhos de todas nós. IVS: Quais as tuas maiores influências? S: Eu ouço quase todos os géneros musicais, consumo muita música. Mas as maiores influências são Soul, Bossa Nova, Jazz e Hip Hop. IVS: Que discos tens em rotação máxima neste momento? S: Nicole Willis and the Soul Investigators Nate James – Set The Tone Ex-peão – A Máscara Marisa Monte – Infinito Particular Diam’s – Dans Ma Bulle IVS: Sabes definir o que sentes pelo Hip Hop? S: Admiração! A IV STREET gostaria de deixar um agradecimento especial à Sky pela colaboração e muito, muito mais…! ;)

IVS: Lançaste o teu álbum de estreia de forma independente. Até onde querias chegar com o disco? S: É difícil chegar longe com um primeiro disco lançado desta forma independente e sem grandes ajudas. O meu objectivo era dar a conhecer o meu trabalho, o que tenho feito musicalmente, era saber o que as pessoas iam achar e tentar descobrir se valia a pena continuar… IVS: E qual o próximo passo depois deste lançamento?

Por: Vanessa Cardoso

Hoje venho sem piadas. Sem metáforas. Sem palhaçada. Quem gosta do H do costume, desculpem-me mas hoje vai ser diferente. Hoje vou prestar homenagem a todos aqueles que ainda fazem alguma coisa pelo Hip Hop que amo. A todos os que organizam eventos de Break, MCing, DJing ou Graffs. Sem vocês, não havia Hip Hop. A todos os que organizam revistas como esta. Sem vocês, que era dos meus textos? A todos os que bulem em websites de divulgação. Com vocês liga-se pouco, sem vocês...

A todos os que são sempre sinceros, custe o que custar, agradem ou não aos outros. Nós somos os 5% da população mundial que toda a gente não curte, a verdade magoa. A todos os que têm estômago para dizer que gostam de SupaShor. Não deixam de ser estranhos, mas mantenhamse fiéis. Mais vale ele que o Robbie Williams...

A todos os que editam cenas independentes. Estiquem o dedo a essas majors!

A todos os que mesmo sendo wacks, têm noção disso e não desistem. Ninguém nasce ensinado, todos aqueles que vocês admiram, já o foram.

A todos os que treinam break sozinhos num beco qualquer. Tenham Deus como audiência, Ele não pára de vos ver.

A todos os que vêem o Hip Hop como mais que uma litrosa, uma ganza ou uma moda. Os reais... vocês merecem mais palmas que os artistas em si.

A todos os que treinam flows e rimas sozinhos em casa. A prática faz a perfeição, a vossa hora há-de chegar.

A todos os que quando eu era wack o me disseram. Vocês fizeram-me crescer... Na altura doeu, mas hoje... Obrigado.

A todos os que scratcham vinis até eles não girarem mais. DJ de discoteca é prostituta. DJ de Hip Hop é topo de gama. A todos os que riscam paredes ao frio, sujeitos a levar nos cornos da bófia. Vocês é que são artistas, o Picasso não pintava com pressões...

A todos os que quando eu virei phat não me o disseram. Vocês fizeram-me não parar de crescer... Na altura doeu, mas hoje... Morram. A todos os que escrevem artigos de opinião e dão a cara pelo que pensam. Sei o quanto custa mas mais vale morrer de pé do que viver de joelhos...

A todos os que investem tempo e dinheiro para ir assistir a eventos geralmente fracos. O dinheiro não é tudo... eu dou valor à vossa presença.

A todos os que tentam ao máximo ser originais, por mais que isso seja impossível. O artista mais original é aquele que melhor esconde a sua fonte... A todos.... Bom Natal e estamos juntos! Por: Heartcore


Quando falamos em produção existem sempre dois pontos que se chocam, são eles o software e o hardware. Existem diferenças aos mais variados níveis e é sobre cada uma delas que vou falar. Monetariamente: Quando falamos de software, temos obrigatoriamente de falar nos elevados preços em relação a por exemplo uma Mpc. Os softwares para produção rondam os 500 euros, isto sem falar em controladores midi, uma boa placa de som e claro um bom pc. Podem contar com mais de 1500 euros e por vezes depois deste dinheiro todo investido não chegam ao som, nem à estabilidade de uma "máquina". Claro que por outro lado se o software que usamos for pirateado basta um pc e um qualquer software de download e já temos a base para trabalhar. É sempre um caso discutível porque hoje em dia toda a gente tem um pc em casa e uma placa das mais normais já nos serve pelo menos para começar visto que não vivemos da música. Tecnicamente: Hoje em dia, com a quantidade de software que existe consegue-se fazer tudo o que uma mpc ou uma qualquer máquina faz: podemos cortar, samplar, editar, “chopar”, etc. Para além de existir emulação das mais diversas máquinas, existem também slicers que cortam um determinado sample e o metem em cada tecla do teclado midi ou pads para que possamos tocar tal e qual como numa mpc. Isto para não falar da visibilidade de um ecrã de pc em comparação ao de uma mpc. Criatividade: Claro que não se pode comparar em termos criativos uns pads com um rato de pc. Os pads ou mesmo um teclado no caso do Asr10 dão uma maior noção de controlo sobre o que estamos a fazer, é tocado na hora em tempo real, neste ponto temos de concordar que um simples pc não ganha vantagem sobre uma máquina. Mas se tivermos um controlador midi ligado ao pc o caso já muda de figura. Hoje em dia no mercado existem pads e teclados onde já conseguimos fazer o mesmo que uma máquina.

Qualidade: A qualidade é um dos pontos mais importantes, à partida qualquer placa de som serve para o efeito e se formos bem a ver o nosso “beat” vai ser gravado para um cd e a placa não vai interferir na qualidade final. Mas não é bem assim, a placa de som é importante porque quando samplamos de um vinil ou de qualquer outra fonte externa o som vai ser transmitido para a placa através do line in que vai influenciar a qualidade do som dependendo da qualidade da placa isto para não falar que se tivermos uma boa placa e boa munição o som vai nos soar mesmo como ele é. Claro que no caso de uma mpc os filtos são de muito boa qualidade e precisamos de uma boa placa para conseguirmos equiparar isso. Portabilidade: Sem dúvida que no caso da portabilidade a máquina ganha vantagem mesmo para lives se bem que hoje em dia com um portátil e um teclado midi as coisas nao sejam bem assim. De qualquer forma, não é tão frequente uma máquina crashar a meio de um concerto. Versatilidade: No caso da versatilidade, o pc ganha vantagem porque para além da produção serve para gravação de voz, emulação de synths, masterização, mistura, isto para não falar de outras utilidades extra-produção. A máquina é fabricada apenas para produzir, apesar de dar, claro, para ser ligada a um synth, etc.. Conclusão: Na realidade não é o material que faz o produtor. Vejamos o caso do 9th wonder, produz em pc e vejam o produto final, vejam também por exemplo o caso do Fuse. Penso que o que conta é o resultado final e se me perguntassem qual escolheria, hardware ou software, penso que o melhor é a junção dos dois: a simplicidade e rapidez do Software com a qualidade do Hardware. Por: Hélder Sousa

Quiroga

Zikler

Historias de Q

Eu sou isto

El Palo

Covil Produções

Depois de, em 2003, ter dado nas vistas no álbum POESIA DIFUSA, de Nach, com o tema "Mi pais", Quiroga surge agora com um novo projecto em nome próprio, em formato de compilação. Ao longo de todo o cd, o papel assumido por este artista de Barcelona é o de produtor, havendo, no entanto, ainda espaço para uma colaboração sua com Tremendo em "For the ladies". De resto, todas as faixas são interpretadas por outros rappers e grupos, entre os quais se poderão destacar os já (re)conhecidos Jefe de la M, Tote King e Falsalarma, responsáveis pelas melhores músicas do álbum, à excepção de "Fuego en tu interior" e "Ménage à trois", às quais dão voz os americanos Poesh Wonder e Cee Knowledge, membro do lendário colectivo Digable Planets. Mas isso já se trata de uma outra liga. Quiroga, além de ser um talentoso produtor, t e m t a m b é m u m a m a n e i ra b a s t a n t e característica de fazer beats, o que faz com que HISTORIAS DE Q seja um álbum bastante homogéneo e que, apesar de se tratar de uma colectânea, tenha toda uma linha condutora que funciona sem falhas. Ao ouvir todo o cd, a necessidade de saltar faixas não existe, porque mesmo os piores mc's são suportáveis e, além disso, todos eles se encontram suportados por beats, no mínimo, aceitáveis. Aqui está mais uma prova da qualidade do Hip Hop espanhol – não há que enganar.

Zikler surge no circuito musical após as participações nas compilações RUSGA e ALÉMDOTEJO. EU SOU ISTO dá nome ao Ep lançado pela Covil Produções, com um repertório de 8 faixas, todas elas produzidas por Suarez. A nível de participações de MCs contém Suarez em 3 faixas e Skuad e Higuitta. Zikler aborda este EP com uma escrita muito sentimentalista, muito pessoal e abstracta. Em "Eu sou isto", Zikler consegue um bom refrão, já "Códigos de rua" e "Pátria minha" foge um pouco à sua linha de escrita, visto que é o primeiro a descrever as ruas e o que nelas se passa, também com um bom refrão, e o segundo numa linha de estilo livre. A nível de produções, Suarez consegue a sua melhor performance em "Códigos de rua". Este é um trabalho consciente, com um bom nível de escrita e com um flow razoável mas que, a nível nacional, não traz nada de novo.

Por:Moisés Regalado

Depois do anúncio do fim de Non-Phixion, a legião de fãs do colectivo baixou a cabeça e pensou que seria o fim dos sons hardcore de crítica social e irreverência por parte do colectivo. Gortex, proclamado motivo para o fim do grupo,

Por:Olheiro

Ill Bill Ill Bill Is The Future Vol.2: I’m a Goon! Uncle Howie


passou a ser o ícone da desgraça e o objecto do ódio de quem seguia este grupo como uma religião. Mas Ill Bill, o membro mais carismático do grupo, não se deu por vencido e se havia dúvidas quanto à potência dos MCS individualmente, Ill Bill chegou, editou e arrasou. Continua agressivo, imparável e cheio de raiva para despejar nos instrumentais dispostos a recebêla. É uma autêntica caterpilar pronta para demolir o meu Hip Hop que inunda os canais de divulgação musical. As rimas estão tal e qual como Ill Bill as quer – corrosivas, descaradas, explícitas. “Fuck Tony Montana, I kill kids!”, diz num tema de LA COKA NOSTRA, “Fuck Tony Montana”. O mundo é demasiado pequeno para que Ill Bill coexista pacificamente com música desinspirada. A mixtape conta com as participações de Rawkon, MF GRIMM, Slick Jacken, Block McCloud, Big Noyd, Slaine, Born Unique e Big Left, como não podia deixar de ser, entre outros, todos eles bem à altura do álbum e do MC que lhe dá vida. É de notar a proximidade sonora do estilo de Jedi Mind Tricks, que mistura guitarras, pianos, violinos e baterias num confronto brutal que mistura fragilidade com holocaustro. Ill Bill porta-se muitíssimo bem neste estilo, melhor até que sobre os instrumentais mais extremistas de Necro. A surpresa surge no autor dos mesmos: DJ Lethal, ex-DJ dos Limp Bizkit, que retornou assim às origens. ILL BILL IS THE FUTURE VOL. 2 está recheado de brilhantismo e isso, como o próprio MC diz, “It’s a beautiful thing”. Desde o flow agressivo e imparável até às letras de calar a boca ao puto da net com a mania que é o maior mc de sempre - Ill Bill continua a ser o grande representante do rap hardcore e o inegável talento da Uncle Howie Records. Dos poucos álbuns que se ouvem do início ao fim sem parar e, para os amantes do género, uma autêntica relíquia. Ponham as mãos nesta peça, coloquem-na na aparelhagem e sintam o poder. Por:Joana Nicolau

Kapone

Jay-Z

Transformação total

Kingdom Come

Pluconexz Records

Roc-a-Fella Records/ Def Jam Recordings

Kapone estreia-se em lançamentos com TRANSFORMAÇÃO TOTAL, uma "metamorfose", diz ele. Com o álbum maioritariamente produzido por ele, sobram umas faixas para Sir Scratch, J-Cap e K.Deck. A nível vocal, as participações são muitas: Tawana, Kilú, Sir Scratch, Deck, Lara, J-Cap, Miguel e Patrícia. Bomberjack participa na faixa quatro com scratch. Sendo ele irmão e membro do mesmo grupo de Sir Scratch (Plunasmo), Kapone sofre uma comparação imediata com o seu irmão, por vezes dava por mim a pensar que era o Sir Scratch que estava a ouvir. Kapone, sem surpresas, traz uma escrita bastante simples, por vezes nem chega a rimar. Com um bom flow, que talvez seja a sua melhor característica, consegue uma boa prestação em "Rotina". A nível de produções, não se verificam muitas oscilações na qualidade entre elas, são boas em geral. Este é um álbum mediano, a trazer o básico. A fazer lembrar álbuns mais antigos, uma vez que é raro ver, agora, um álbum com tantas faixas. Em conclusão, é um álbum consciente e maduro. Como diria o Kapone, graças a Deus. Por:Olheiro

Jay-Z volta da sua reforma-fantasma com mais um lançamento, depois de ter jurado abandonar a sua profissão como MC. A IV STREET, ao invés de optar por explorar este retorno ao microfone com um artigo sobre o MC, optou por julgar o seu (relevante?) regresso pelo que ele realmente traz: Música. Por este motivo, KINGDOM COME terá duas críticas ao invés de uma, embora fique ao critério de cada leitor julgar se Jay-Z voltou ou se nunca chegou a ausentar-se.

Este é daqueles álbuns que nem deviam ser criticados, mas não é pela sua qualidade mas sim pelo facto de este supostamente nem ter existência física, pois em 2003 o seu autor tinha anunciado a sua (pseudo) reforma, referindo o lançamento de um último álbum, o BLACK ALBUM. Um golpe de marketing muito bem feito, pois tanto esse disparou as suas vendas, como este mais actual, em somente uma semana atingiu 680 mil cópias. KINGDOM COME representa o regresso de Jay-Z às lides discográficas, senhor que nos habituou a um flow envolvente e uma boa escrita, confronta-nos com um disco que é bem reflexo do seu autor, por uma parte o mainstream a que está ligado desde há muito, e seu lado mais ‘street’ que lhe confere o respeito e o ‘street credibility’ que lhe atribui um equilíbrio com que ele sempre soube jogar, distinguindo-se de outros mc’s. Este álbum ficou ao cuidado de produtores consagrados como Dr. Dre, Just Blaze, Neptunes, Kanye West e o surpreendente Chris Martin (vocalista dos Coldplay). A parte inicial do disco fica a cargo de Just Blaze, onde se pode destacar claramente faixas como “Kingdom Come” e o single “Show me what you got” que, para quem já ouviu “Touch the sky” de Kanye West pode achar umas parecenças (até no produtor) – um single com muita energia. Dr.Dre não consegue passar despercebido em músicas como “Lost ones” em que H.O.V.A se faz acompanhar por uma voz suave de Chrissete Michele no refrão, em “30 Something” e ainda na faixa mais interventiva do álbum “Minority Report” que contempla a tragédia que aconteceu devido ao furacão Katrina, com o pormenor da chuva,

trovões e um refrão de Ne-yo, criando uma envolvência que nos leva a reflectir sobre esta situação. Podemos ainda referir a faixa produzida caracteristicamente por Kanye West, acompanhado mais uma vez no refrão por Jonh Legend. Contudo nem tudo são coisas boas e existem músicas realmente dispensáveis tal como “Hollywood” com a namorada do artista (Beyoncé) e “Dig a Hole”, que são bem um reflexo do mainstream a que o artista está ligado. A surpresa fica para o fim, numa faixa bem ao estilo dos fãs de Coldplay (não fosse ela produzida pelo vocalista), o que pode soar um pouco estranho e daí causar alguma pertinência, pois muitos gostarão do resultado final e outros nem por isso. É em ‘Beah Chair’ que o mc retrata a sua vida, chegando a meia idade, recordando tudo aquilo que a vida lhe ofereceu, tal como dez anos a lançar álbuns e sem um único falhanço comercial, e com este último a caminhar para o mesmo, apesar de este não se aproximar da genialidade de outro como REASONABLE DOUBT. Digamos que KINGDOM COME é mais um numa carreira recheada de sucessos, consegue entusiasmar em certos pontos mas depois surgenos uma tremenda desilusão, o que tira valores ao resultado final. Todavia, Jay-Z não vai deixar de marcar presença no Hall Of Fame, juntamente com os mais consagrados. Por: André Silva

O rei (ou melhor, um deles) de Nova Iorque está de volta. Este é um título que, apesar de já ter sido mais adequado, se vem a revelar ainda justo com este novo trabalho de Jigga. É inútil mostrar indignação ou referir a jogada de marketing que trouxe Jay-Z de volta; mais vale fazer o que ele não fez, esquecer o "Hip Hop Game" e cingir rap a música – não vos parece melhor? É impossível dizer que este é um mau álbum, da mesma maneira que é impossível catalogálo como bom, pelo menos tendo em conta os seus antecedentes. Confuso? Nem por isso. Na verdade, este até é um raciocínio bastante simples, e que apenas acontece porque


KINGDOM COME é um disco bastante mediano, a todos os níveis (com uma tendência positiva, é certo). A produção, encabeçada maioritariamente por Just Blaze e Dr. Dre, não se revela nada de extraordinário, sendo os respectivos patrões do Fort Knox e da Aftermath normalmente capazes de muito melhor, se bem que ouvir beats de Dre com mc's a sério a rimar neles, sem os estragar (50 Cent...), é sempre outra coisa, já para não dizer que mesmo sem dar o seu melhor estes são dois produtores que nunca fazem um mau trabalho. Ainda no campo do beatmaking, algumas surpresas se revelaram neste disco, quer de uma de forma positiva – Dj Khalil, em “I made it” e Scyience, em “Hollywood” (com Beyoncé) –, quer de uma forma negativa: Kanye West, em "Do u wanna ride” (com John Legend), mostrou-se desinspirado e longe do rendimento que faz dele um dos melhores do Mundo. Como mc, Jay-Z já deu tudo o que tinha a dar, sendo agora quase incapaz de ultrapassar o ego-trip barato e a abordagem básica dos temas. Contudo, há ainda espaço para excepções e “30 Something”, que é possivelmente a melhor de todas as 14 faixas, é uma delas. Ao contrário do que disse publicamente a namorada do rapper Papoose, que com 28 anos se prepara para lançar o seu disco de estreia, os mc's ainda conseguem fazer bons trabalhos depois dos 30 anos de idade, sendo esta música uma boa resposta a quem perfilhar da ideia que após os 29 vem a reforma. Como diz Jay-Z, "Y'all respect the one who got shot, I respect the shooter", e o que é certo é que este é um artista que já deu muitos "tiros" importantes para e pelo Hip Hop, não deixando este de ser mais um. Por isso vamos respeitálo.

Halloween Projecto Mary Witch Sonoterapia Records

Halloween após muitos anos no underground resolveu lançar-se pela Sonoterapia Records com um álbum intitulado "PROJECTO MARY WITCH" no dia 31 de Outubro. Ao longo deste trabalho não é difícil de ver a direcção em que o Halloween foca maioritariamente as suas rimas. Com uma escrita focada nas ruas e nos bairros, ele vai descrevendo as injustiças sociais, o desemprego, o crime, as drogas e o sistema prisional, com o seu auge no som "Dia de um dread de 16 anos". Com uma voz peculiar que ao inicio estranha-se mas que depois entranhase, Halloween tem uma escrita e um flow muito interessantes mas que ao longo do álbum se começam a tornar monótonos e exaustivamente iguais: ele vai reciclando os temas acrescentando-lhes um ou dois pontos diferentes mas a base não muda. Em suma é um álbum muito hardcore e de difícil digestão. Em termos de Rap Hardcore, Halloween é o mc que mais leva este estilo ao extremo, para quem gosta deste género é um álbum de muito boa qualidade. Por:Olheiro

Por:Moisés Regalado

Nerve Promoção Barata Matarroa.com

As melhores coisas na vida são de graça. A frase é do mc Brigadeiro Mata-Frakuxz, mas

poder-se-ia perfeitamente aplicar a esta PROMOÇÃO BARATA de Nerve que, à semelhança do que acontece com o mp3chos do já mencionado Ikonoklasta, também se encontra disponível para download gratuito no site da editora Matarroa. São sete as faixas que constituem esta maquete, incluindo uma intro e um interlúdio, e logo à partida se constata uma particularidade deste projecto relativamente a outros do género: os instrumentais. É possível ouvir Blockhead, na vez do cliché 9th Wonder (a título de exemplo), sem no entanto se comprometer a qualidade musical – pelo contrário –, sendo os beats escolhidos os mais indicados para o estilo de Nerve que, apesar de ser um claro seguidor da escola indie norte americana, se consegue distanciar dessas influências e trazer com a sua música um estilo verdadeiramente único e original, pelo menos no que a Portugal diz respeito. Indo mais longe, este é talvez um dos nossos primeiros rappers verdadeiramente alternativos (a par de alguns nomes Matarroêses e pouco mais), e muito provavelmente aquele que mais argumentos tem para conquistar admiradores fora do seu público-alvo, devendo-se isso principalmente à musicalidade deste mc – ouçase o flow e o refrão de Clássico, por exemplo. No entanto, o ponto forte de Nerve é a escrita. PROMOÇÃO BARATA é um poço de esquizofrenia, paranóias, filmes e "merdas, merdas", que se podem considerar como hipérboles que funcionam tal e qual uma máscara para o quotidiano e para os problemas normais de um tipo perfeitamente normal, que aqui se revela um exímio actor e contador de histórias – tudo isso em nome do estilo e da pinta. As temáticas, apesar de variadas, têm vários pontos em comum: gajas, muitas gajas; Halograma (ou "Halo G shit"), a crew que reúne Nerve, Stray e Notwan; e Matarroa, a editora responsável por editar o futuro álbum deste artista (chamar-lhe mc é muito diminuidor): EU NÃO DAS PALAVRAS TROCO A ORDEM, que segundo o seu mentor será um "clássico instantâneo, tipo grande bomba jovem". Mas toda essa publicidade é compreensível. Afinal, isto não passa de PROMOÇÃO BARATA. E boa também. Por:Moisés Regalado

SAM THE KID Pratica(mente) Edel (2006)

PRATICA(MENTE) genial Depois da espera, chegou. PRATICA(MENTE) no final do ano, o Pai Natal não podia ter dado melhor presente. A espera e a ansiedade compensam o músico que é traído pelo tempo. Os menos informados procuraram respostas para uma ausência prolongada, mas a 08/12/06, acabaram-se as especulações. Sam The Kid volta, à “Procura da Perfeita Repetição”. Este título poderia ser o nome do disco. Sam, igual a si mesmo, voltou com uma evolução notória ao nível da escrita uma dicção quase perfeita, para uma escrita tão complexa. O álbum começa com um poema de Viriato Ventura, pseudónimo de Napoleão Mira, pai de Samuel. Um sinal de que para além da sua genialidade, o genoma é hereditário. O primeiro tema “A partir de agora” é explícito no conteúdo. Sam The Kid assume uma postura profissional perante o trabalho, toca numa ferida antiga que os músicos de Hip Hop bem conhecem, isto é, o trabalho tem que ser compensado, “…se queres fazer algo de construtivo paga, que eu toco ao vivo…”. É uma das frases deste tema num discurso coerente na primeira pessoa. Samuel Mira de nome próprio, faz uma explicação evolutiva em “Juventude (É Mentalidade)”, de que o nome artístico já não está em pé de igualdade com a visão como pessoa. Sam The Kid de 27 anos reinventou o nome para Sam The Man, demonstrando que em cada fase da vida o comportamento humano tem que se coadunar com a postura. “ O tempo faz com que mudes de atitudes e conteúdos…” espelha bem essa divisão temporal. Numa parceria com N.B.C e Nilton (vocalista dos Cool Hipnoise) que se complementam no refrão.


Músico, compositor, produtor, escritor, poeta na busca da rima perfeita, fá-lo como ninguém na língua materna. O single, “Poetas De Karaoke”, tornou-se um hino de revolta, num país onde uma grande parte dos músicos cantam noutros idiomas, Sam dá a resposta, com muito trabalho e pesquisa da língua mãe com rimas elaboradas de frases contundentes e eficazes. Com um sample do aclamado escritor José Saramago, vencedor de um prémio literário, dá uma chapada sem mão para quem ainda vê com outros olhos a escrita em português. “…vocês tentam outra língua para tentar a exportação…”, uma frase de indignação para os que nem se quer tentam no próprio país. O Hip Hop é um género musical onde os criadores bebem a inspiração nas músicas que ouvem e adquirem. E no caso específico de Sam, o produtor, não podia deixar passar o episódio que todos conhecem relativamente ao cantor, e actor, Victor Espadinha, que o colocou nas barras dos tribunais por ter usado um sample da sua voz no disco, BEATS VOL.1 AMOR. Desta feita, utilizou um sample de António Pinho Vargas numa entrevista, onde o próprio é questionado sobre o que acharia se Sam The Kid utilizasse a sua música para “samplar”. Assim corroborando a ideia de que a boa música não pode, simplesmente, cair no esquecimento para sempre. Sam chama de nostalgia auditiva. Neste mesmo tema, encontramos um pormenor que não poderíamos deixar de realçar. O elemento musical faz-se notar por um contrabaixo que deixa respirar a música. Sam não deixou por mãos alheias o seu trabalho e convidou Carlos Bica, conceituado músico do Jazz nacional, quebrando assim a barreira intransponível do sample versus instrumentos reais. O momento alto do disco surge na retrospectiva de Sam The Kid sobre o amor profundo, a música e ao Hip Hop. E para a mais alta representação de amor, fez-se acompanhar dos músicos que o sabem tão bem representar: Cool Hipnoise. Todos os elementos musicais à excepção do drum, que sai da caixa mágica de Sam (a mpc 2000) são tocados verdadeiramente. Sensação só comparável a Common no álbum LIKE

WATER FOR CHOCOLATE na música “Song For Assata” com participação de Cee-Lo num refrão arrepiante. Neste caso, temos o privilégio e a mais valia de ser uma historia contada na primeira pessoa totalmente retrospectivada com pormenores exactos de situações que muitos se lembrarão. O disco podia terminar assim. Este álbum demonstrou como é importante a utilização de músicos e instrumentos verdadeiros e músicos verdadeiros. Transparece igualmente a qualidade dos mesmos. E que Sam aprendeu muito com eles! A meio do disco encontramos, 16/12/95. Um tema muito ao estilo de “Sexta-Feira”, um storytelling perfeito com pormenores que admitem ser comparados a uma realidade paralela. História baseada em escolhas e como as nossas escolhas podem levar a finais tão diferentes. Uma produção de mestre, que mistura dois andamentos, onde a primeira parte é mais explicativa em sensações, e a segunda é como se estivéssemos alcoolizados numa velocidade rítmica onde nada é deixado para trás, quase sentimos o cheiro dos sítios por onde passa Sam, nesta viagem ao fundo do seu baú de emoções. Quase a fechar o disco duas participações de peso N.B.C e Pakotes a.k.a Pac Man. Em “Tempo”, a debitar rimas por cima de instrumentais um para cada um dos MCs. A colagem é boa, mas poderia ter tido mais força. Como tem vindo a ser habitual, Sam The Kid finaliza o disco com uma voz que já é emblemática nos seus discos. ”Hereditário” é o nome do tema, finaliza deixando de boca aberta a forma como o músico, criador, sonoplasta, tal como ele denomina, mostra uma porção da vida real numa discussão familiar sem antecedentes. Sam não trouxe um disco. Trouxe a casa até nós para que pudéssemos estar com ele numa situação que é geralmente constrangedora. Assim, podemos concluir que os génios vivem no mesmo planeta que nós e enfrentam problemas diários como nós. Um disco à frente do seu tempo. Por: Supa Clean

V/A Bota Sentido Matarroa

Fazendo jus ao nome, esta é exactamente a altura em que faz todo o sentido lançar uma nova compilação da editora do chefe Martinêz. Depois de algum tempo parados (talvez tenham estado a "limar as arestas até agora", como diria Maze), os seres Matarroêses estão de volta, cheios de novidades e talvez mais fortes do que nunca. BOTA SENTIDO reúne algumas das músicas que ajudaram a construir a casa e também temas originais, tanto de novos artistas como de nomes já mais antigos, numa proporção de sensivelmente 50-50 entre sons já editados e novidades. Não valerá a pena falar das músicas já anteriormente conhecidas do público, essas já são as mais que óbvias – “Onde andas” (Fidbek com Martinêz), “Susana” (Xeg) ou “Manti Fé” (Factos Reais), por exemplo. No geral, o balanço é bastante positivo, destacando-se logo no primeiro som um ponto óbvio: a continuação da aposta no reggae, que depois de Prince Wadada re-aparece sob os nomes de Bezegol (que com um timbre de voz rasgado deixa qualquer amante do estilo rendido com “Plant” e “Roots of Evil”) e Freedy Locks que, ao contrário do membro dos Matozoo, não consegue marcar a diferença, trazendo um tipo de sonoridade já mais comum, sem no entanto deixar de ter uma boa prestação. Nos mesmos moldes, e igualmente com uma música que, apesar de boa, ainda transparece alguma prematuridade, aparece Tribuno, um mc e produtor da cidade invicta, que mostra em “Invictamente” ter boas bases para evoluir, sem no entanto surpreender, principalmente a nível de mc'ing. E, também do Porto, chega uma agradável surpresa: Keso. Outrora conhecido por KS Xaval (nunca ninguém chegou a saber se isso era o nome do mc ou

do grupo), este artista volta depois de um longo interregno com um “2º Capitulo” cheio de musicalidade e com um refrão, flow e intrumental fortíssimos (o que ajuda o ouvinte a nem reparar na temática mais que batida deste som: o Hip Hop). BOTA SENTIDO pode ser vista como uma espécie de continuação de MATARROÊSES, principalmente devido à repetição dos nomes de Stray & Paulo Leitão (agora enquanto Clã da Matarroa) e Pródigo & VRZ, também sob a forma de dupla. Quanto aos primeiros, pode-se ficar com uma ideia do que será o futuro álbum, CONVERSAS DE CAFÉ, através de duas faixas, das quais se destaca “Sobrancelhas”, que foge ao cliché das músicas de amor, com uma produção também ela bastante característica (assinada pelo colectivo Hermitage) e uma letra verdadeiramente poética. Já em relação à dupla que junta dois dos mc's do Sistema Intravenoso, poder-seá dizer que, apesar de mais maduros no flow e com produções de bastante qualidade, ambos os rappers estão mais fracos liricamente – pelo menos é a impressão que fica após a audição destes dois sons. VRZ está a apostar na partícula "como" vezes de mais, à semelhança do que já acontecia com Pródigo, que parece estar mais desinspirado do que nunca. Resta apenas referir duas agradáveis surpresas: Mundo Complexo e Nerve. O grupo de Lisboa, agora sedeado no norte, regressa com uma sonoridade mais forte e madura, para a qual contribui o excelente refrão de NBC. Quanto a Nerve, é a ele que pertence a última faixa do cd, provando que o ditado que defende que o melhor fica sempre para o fim faz todo o sentido. "Conselhos Por Segundos" conjuga um beat jazzy fortíssimo com uma letra à qual é quase obrigatório prestar atenção, sendo a música apenas prejudicada pela qualidade da sua mistura e masterização, que dificulta a percepção de algumas partes. Depois de BOTA SENTIDO, só resta rezar para que 2007 chegue rápido: este vai ser um ano em grande para a Matarroa. Por:Moisés Regalado


CL Smooth

American Me

Shaman work /Koch

de CL, pois poderia simplesmente ter aderido à Bling Bling era mas manteve-se fiel ás raízes. Uma coisa é certa, Cl Smooth sem Pete Rock dá a mesma sensação de GURU sem Premier, e por muito que tente ter uma carreira a solo marcante, é muito complicado fazê-lo quando no passado se fez parte de um dos duos mais marcantes do Hip Hop. Por:A.Silva

CL Smooth protagoniza mais um regresso das velhas glórias da década de 90, sem editar nenhum álbum desde o seu último registo enquanto companheiro de Pete Rock (THE MAIN INGREDIENT - 1994), apenas com algumas participações pontuais em álbuns de outros artistas em todo este período, surgindo agora com o seu 1º registo a solo! Uma coisa é certa, ao fim de todos estes anos o flow de CL permanece intacto e a sua escrita também não merece muitos reparos. Conseguenos demonstrar músicas interessantes, todavia sem aquela exuberância do passado, principalmente a nível instrumental. Mesmo assim, surgem faixas como “I Can’t Help I”’ relembrando tempos de “Mecca & The Soul Brother”, já em “Call On Me” é feita uma reflexão sobre a sua família e tudo o que esta tem contribuído para o MC como pessoa. Outros destaques vão para “CL Smooth unplugged”, “Heaven is watching you” e o clássico “It’s a love thing”, música já existente e que já marcou presença em álbuns como “Soul Survivor 2”. Por fim, o single “Smoke in the air”, que nos mostra um CL como sempre foi, sem se vergar à imagem de ostentação contemporânea, respeitando o keep it real old scholl. Relativamente a faixas mais alternativas poderemos referir “The impossible”, com uma guitarra um pouco desenquadrada e repetitiva e em “The stroll”, com um beat de influências caribenhas e um refrão cantado pelo MC. Em suma, CL Smooth estará sempre ligado à história do Hip Hop devido à parceria que teve com Pete Rock, o que levará sempre a comparações e quem o escuta agora e já conhecia os seus trabalhos, ficará certamente com a sensação que falta ali algo, isto é, falta ali uma metade. Contudo, é de saudar a atitude

DJ NEL ASSASSIN Sr. Alfaiate Lançamento independente em parceria com a Dance Club

A introdução tem o nome do álbum, “Sr. Alfaiate” e abre caminho para o desfile de scrathing. Os primeiros minutos servem para apontarmos as luzes ao costureiro, num ambiente bem Disco, bem Soul, bem Funk, em gritos excitados. Como que chuva tropical a cair, Kika Santos é o coro abençoado de uma manhã de Verão em “Airwavin”. Ao lado dela e sem palavras, o saxofone de João Cabrita geme, chora, ri, de forma estonteante. Numa boa elasticidade no crossfader e com um apelativo beat, Nel Assassin construiu o instrumental certo com o nome de “Most Incredible” para que SP (SP & Wilson) cantasse o seu R&B em inglês. O momento mais Rap e mais cru de SR. ALFAIATE surge com a participação oportuna do MC angolano Verbal. Mais um convidado: Melo D. Segundo Nel Assassin, ele entrou numa cabina e fez um freestyle; gostou tanto da espontaneidade que não mexeu na música e o que aconteceu pela primeira vez é o produto final que podemos ouvir. Os movimentos leves dos pratos, com um scrath quente, fazem soar a voz em falsete d e M e l o D n u m a i n s p i ra ç ã o s ú b i t a . O DJ prefere a seda ao poliéster e dá espaço

ao poeta Kalaf que, num parágrafo, deixa a marca macia no tecido do disco, em tom introspectivo e confessional, acompanhado pelo magnífico contrabaixo de Pedro Gonçalves. A participação de Sam The Kid e Bob The Rage Sense em “Falso Alarme” pode ser eleita a melhor faixa do disco para muitos. É a criação mais obviamente Hip Hop do álbum, mas também a mais solta, divertida e envolvente. É o mesmo que dizer que os ouvidos se pregam nas colunas, tanto pela instrumentalidade como pelas rimas. Já todos somos conhecedores da genialidade de Sam The Kid, mesmo assim, ele aplica-se e surpreende sempre. Oferece um liricismo que escorrega saborosamente por entre um beat fortíssimo com motivos momentaneamente orientais, apregoando bom gosto. Até Assassin, sem pretensões de MC (porque ele sabe o que faz bem) não desilude e rappa, até passar literalmente a palavra ao flow fresco e espírito nacionalista de Bob The Rage Sense. Nenhum nó é deixado ao acaso, nenhuma linha fica perdida, e Assassin não faz música a metro, converge sim, ao longo do disco, uma miscelânea coerente de estilos musicais com ritmos melodiosos vincados. Nunca o scratch foi uma moda tão boa de virar vício. Por: Vanessa Cardoso

Surreal and The Sound Providers TRUE INDEED ABB Records

Sound Providers (Jay e Soulo), duo de produtores oriundos da Flórida, regressam após o álbum LOOKING BACKWARDS 2001-1998, desta vez acompanhados do emcee Surreal, também ele proveniente da Flórida. O grupo aumentou mas o conceito e princípios

mantiveram-se. De facto a sonoridade característica de Sound Providers que ficou bem patente em LOOKING BACKWARDS 2001-1998 conhece em TRUE INDEED a sua continuação mais aprimorada, tendo desta feita a vantagem de ser comentada, traduzida e relatada por Surreal, que deixa manifesto o seu inegável talento enquanto MC. Estilo de produção clássica com toques de Funk e muito Jazz, pode-se dizer que Sound Providerssão dos muito poucos grupos a fazer rap jazzístico, algo evidente logo na audição da primeira faixa a introdução de instrumentos musicais característicos do Jazz, que serão uma constante ao longo de todo o álbum e que conferem um toque mágico a uma produção que prima pela simplicidade e originalidade. O álbum é bastante homogénio e segue todo a mesma linha, não havendo muitas oscilações rítmicas. Surge-nos como se se tratasse de um descurso contínuo de Surreal, que vai deambulando por um mar de pensamentos e vivências, relatando algumas histórias como em “Night to Remember” e “Life and Rhymes”. Recheado de boa vibe, TRUE INDEED não é o tipo de álbum que “cuspa” críticas sociais ou politico-partidários e reclame activamente mudança, mas sim um álbum calmo, mas que não deixa de ver ralatadas situações da vida, transmitindo alguns pensamentos, valores e posições em relação a certas temáticas citadinas. O conteúdo lírico acompanha a qualidade musical e Surreal não desilude em nada, acompanhando muito bem os instrumentais preenchendo todas as músicas, e estando o seu flow sempre colado às batidas, como se caminhassem de mãos dadas. Em suma, álbum muito bem construido, dois produtores e um MC que se entendem muito bem, bastante original, muito homogénio, primese o play e viaja-se sem quase se notar o saltar de faixa. Ideal para relaxar e que poderá saber bem ser ouvido em frente à lareira nesta altura do ano. Por: Pedro Silva


Vista de Fora

Cali Agents

Mixtape

Fire and Ice

Poetas de Outro Nível

HBD Label Group

O ser humano é por natureza, um indivíduo opinativo, sendo essa uma condição inata da sua existência. Todos nós temos opiniões, e em particular no que diz respeito à cultura que representamos, são várias as opiniões, quer dentro do movimento, quer principalmente vindas de fora, provenientes da sociedade leiga, ou neste caso especifico que vamos abordar, das comunidades musicais referentes a outros estilos – mais próximos do Metal e Rock - que não o Rap. De seguida fica a perspectiva argumentada, de três convidados especiais para esta edição de Dezembro da IV STREET. Convidados esses que, através dos seus textos, irão explanar o seu ponto de vista sobre a cultura Hip Hop, e o panorama nacional e internacional. Curiosamente numa altura em que está em discussão a pseudo-polémica entre Fernando Ribeiro dos Moonspell e a música Poetas de Karaoke de Sam The Kid, aqui fica um texto que demonstra, como se pode respeitar e opinar de forma correcta e ordeira, sobre estilos e culturas distintas. Desde já o nosso obrigado pela colaboração.

Outro Nível Records

O regresso de Rasco e Planet Asia às lides discográficas faz-sedesta vez com FIRE AND ICE, um álbum de 14 faixas, económico em faixas como já acontecera em HEAD OF STATE. O padrão mantém-se, com Cali Agents a apostar numa sonoridade lisa e batidas mansinhas, bem características do rap californiano. Não são, como nunca foram, grandes ícones no que ao flow diz respeito, nem sequer rimam espectacularmente bem – e isso tornou-se especialmente evidente neste álbum, que podia ter perfeitamente ter o nome da segunda música “More Of The Same”. Ainda assim, da mediocridade de FIRE AND ICE sobressaem uma ou outra música, sendo as mais bem conseguidas “Microphone Madness” e “Baby Girl”, pelo instrumental, e “The Science” e“Bang”, pela razoável combinação de bons instrumentais com flows mais espevitados. No geral, a sensação que dá é a de um álbum inconsequente, generalista e sem linha orientadora. Mesmo em termos de conteúdo, as rimas parecem dispersas e construidas mais para preencher espaço do que outra coisa. Este é, enfim, um álbum que se pode perfeitamente passar sem ouvir e que nada acrescenta à anterior discografia da dupla, quer a solo, quer em grupo. É, no entanto, uma audição agradável para os fãs que quiserem mais do mesmo. Por:Joana Nicolau

A Outro Nível Records lançou em Novembro a MIXTAPE - POETAS DE OUTRO NÍVEL VOL.1 que contém um vasto leque de nomes: Revoltado, D.Kid, Tekilla, Sniper, Supahfat, Reflect, Dezman, Serial Skillers, etc. Depois de se ouvir algumas vezes este trabalho facilmente se nota que 10 sons de 15 têm a mesma base de tema. O amor pelo Hip Hop, o amor pelo underground, a aversão a falsos ou mesmo da nova escola. Ao chegar à oitava faixa surge uma lufada de ar fresco com "Som Tuga", não tanto pela qualidade de escrita mas mais por ter um refrão muito bem conseguido e uma fluência no beat muito boa. O outro ponto positivo do álbum é "Aparição", pela boa qualidade de escrita. Dos nomes mais conhecidos (Tekilla e Raptor) obteve-se muito pouco. Deu a sensação que entraram para despachar, para isso mais valia estarem quietos. Em "Velha Escola vs Nova Escola" ouve-se "Relembrar aos mais novos que temos de ser criativos", o que não se aplica muito neste álbum. 90% das letras são demasiado banais, com temas muito batidos. Concluindo, nesta MIXTAPE - POETAS DE OUTRO NÍVEL VOL.1 parece que os poetas de outro nível não chegaram a entrar na mixtape. Por:Olheiro

A mim quer-me parecer que o movimento Hip Hop nacional está forte, consistente e que tem muita força e vontade para continuar. Acho que o que aconteceu de importante no Hip Hop nacional – e que está a começar a acontecer também no Punk Rock, quer através de bandas mais underground, como de bandas mais conceituadas – foi a emergência de uma identidade muito própria, e com a qual os fãs se puderam identificar e até rever. O Hip Hop traçou o seu rumo, e o resultado está à vista. Hoje em dia é um estilo de música que já se afirmou no panorama musical português. Contudo acho que o facto de terem o apoio dos media, nomeadamente a existência de programas de rádio e um na televisão, contribuiu muito para o crescimento do Hip Hop, e ainda bem que assim foi. No entanto, esse tão importante apoio dos media nem sempre é benéfico, já que tanto te pode apoiar, como também pode denegrir a tua imagem. O Hip Hop passou também um pouco pela fase nefasta desse apoio mediático. Como resultado de uma maior divulgação o Hip Hop chegou a sítios onde nunca tinha chegado e começou a ser o centro de várias atenções. Deixava de ser visto como um estilo de música de bairro, feito pelas pessoas do bairro, sobre os problemas do bairro e para as pessoas do

bairro, para ser visto como ele realmente é, ou seja, um estilo de música actual, sobre os problemas actuais, feito para toda a gente ouvir. Como resultado disto tudo, a determinada altura o Hip Hop tornou-se moda, e houve um súbito aglomerado de gente que passou a ouvir Hip Hop por ser moda, sem prestarem atenção às letras e à mensagem, que muitas vezes até podia ser sobre eles. O Hip Hop livrou-se dessa gente que apenas seguia a moda, e hoje em dia eles estão a parasitar um outro estilo musical qualquer, porque como não têm personalidade própria consomem tudo o que aparece. Hoje em dia os tempos já não são de afirmação, são antes de confirmação, e quem ouve e segue o estilo de música e a cultura fá-lo do coração e não por imposição social. O Hip Hop chegou onde chegou com muito esforço, mas também resultado de ter tido a capacidade de criar uma identidade com muita qualidade. Se calhar nesse processo de evolução houve uns que deram o mote e os que se seguiram apenas o desenvolveram, mas o que é facto é que o Hip Hop se afirmou em Portugal e criou uma legião certa de fãs, que lhe concedem o estatuto que o movimento fez por merecer. - Daniel Gualdino Guitarrista dos PISS!!


Barkley. Quando penso que é bem feito e que quem o faz usa a cabeça e não a cabeça do polegar e do indicador. Tanto o metal como o Hip Hop tem aspectos em que são idênticos: há metal que é activista e critico e há metal que é lixo. E o mesmo se aplica ao Hip Hop. Penso que o Hip Hop hoje em dia, enquanto estilo musical, ainda é bastante incompreendido. Não sei ao que se deve este facto, se à industria megalómana norte-americana, se à sociedade em si enquanto mediadora de mentalidades e ao medo geral que existe sobre esses “mitos urbanos” de que o Hip Hop é musica de criminoso ou de “gangster”. Relativamente à indústria norte-americana, que na minha opinião, tudo o que produz através das majors é lixo comercial que tem o intuito de vender um produto musical aliado a uma imagem ridícula e fica-se por aí. Do meu ponto de vista, 50Cent’s e Chamillionaire’s e tudo o que daí provem deve ser chamado pelo que é na realidade: Lixo. A meu ver a musicalidade é zero e o conteúdo da mensagem que transmitem é equivalente à inteligência das pessoas que consomem esse produto. Logo, são duas margens unidas por um ideal do que está na moda e o que está na moda deve ser a parvoíce. Na minha opinião, não gosto de ver a toda a hora vídeo clips de pessoal que não sabe sequer dizer o ABC, a mostrar toda a riqueza deles e a explorar a imagem machista e materialista de um modelo que na cabeça deles deve ser o “American Dream”. Tudo bem, não sou obrigado a ver, mas deixa-me a pensar no que é que leva as pessoas, nomeadamente os mais jovens, a consumir aquilo, já para não falar que um gajo paga os canais por cabo! O que no entanto, não é muito diferente do que se passa noutros estilos de música, nomeadamente no metal. Existe muito boa gente que ouve Hip Hop e também gosta de ouvir metal e vice versa, mas a mentalidade de que Hip Hop é “música de preto”, passa-se muito dentro do metal, logo para muitos metaleiros, “se ouvires Hip Hop não és fixe”. Existe uma coisa chamada discernimento que muitos ouvintes de metal não têm. E existe uma mentalidade fechada e retrógrada, de pessoas que gostam das mesmas coisas, pensam da mesma forma e seguem o mesmo modelo, e quem não o seguir, não é um verdadeiro metaleiro ou um verdadeiro hip hopper. Exemplo: Andar de preto e com um cinto de balas a pregar a Satanás é que é ser metaleiro? Apelidam-se de misantrópicos e quem já não os viu a todos nas discotecas de copo erguido a curtir com os amigos? Quem não andar com uma bolsa ao

peito e fato de treino largo com uma perna das calças para cima com brincos de ouro não é um verdadeiro hip hopper? Não andará a taxa de bazófia de braço dado com a taxa Goths Wannabes deste Portugal? São estes sub-grupos que muitas vezes dão má imagem a este e outros estilos musicais, que deixam um pouco a desejar, se bem que, e em defesa destes indivíduos, cada um se veste como quer. E quem não gosta, só tem de olhar para outro lado. No entanto, vejo o hip hop português na sua essência, como um movimento coerente que conta com muitos bons artistas e que não tenta vender uma imagem aliada a um produto pré concebido na cabeça dum produtor que quer fazer disto Fast Food Sonora. Existem muito bons MCs como o Valete, mas existem outros que a meu ver tratam-se de cópias de produtos americanos, como o Boss AC e os Mundo Secreto. Mas mesmo neste aspecto, existem dois pontos a analisar: Se por um lado estes indivíduos, podem eventualmente passar uma imagem não verdadeira do que é o hip hop, ao mesmo tempo são eles que o promovem. O mesmo acontece com o metal, exemplo disso foi o facto de à uns anos toda a gente gostar de bandas como Limp Bizkit e Linkin Park e agora ouvirem Megadeth e Iron Maiden. A única coisa boa de ter estes artistas mainstream é que ajudam a promover estilos de musica mais underground, o problema é que muitas vezes os sufocam, devido à sua auto promoção enquanto artistas. Se por um lado é errado associar o conceito de marginalidade ao Hip Hop, também é notório que existem pessoas influentes e com visibilidade no “meio” que promovem esse estereótipo. Ouvir Hip Hop não é igual a criminalidade: o Bush não ouve Hip Hop, o Hitler não ouvia Hip Hop, Estaline não ouvia Hip Hop, o Mussolini não ouvia Hip Hop. O reverso desta medalha é que temos pessoas como o 50Cent a promover a criminalidade. Se o público estivesse um pouco mais informado, saberia que tudo isso não passa de jogadas de puro marketing. Infelizmente um miúdo de 12 anos ainda não tem idade para saber o que é Marketing, mas não se ensaia nada em pegar numa arma e brincar aos “gangsters” Para finalizar, queria deixar claro que gosto de ouvir algum hip hop, tipo Valete ou até Gnarls

Ambos já se cruzaram e ninguém morreu. Respeitem-se todos e saibam ouvir o que gostam sem deixarem de pensar por vocês mesmos e sabendo estabelecer o que é a realidade da ficção. -Gonçalo Braga Guitarrista de ZANARKAND

Tendo em conta os dias de hoje e o meu contexto sócio-cultural, é-me fácil como “músico” e como cidadão falar do Hip Hop. Nasci, cresci e vivo em Chelas, onde a cultura Hip Hop tem um grande peso no que toca a gostos musicais e às influências do dia a dia. A minha influÊncia é maioritariamente Metal, tendo, contudo, um gosto profundo por quase tudo o que inclua guitarra. Desde Ben Harper a Vicente Amigo, qualquer coisa “cai bem” quando é bem feita! Numa apreciação critica ao Hip Hop enquanto estilo musical existem coisas que considero fabulosas, outras... nem tanto. É de uma indiscutível qualidade a forma como muitos dos MCs escrevem, e como transmitem a mensagem através da palavra, usando-a de forma a conseguir pôr a mente de quem ouve a pensar, a identificar, a sentir, em ultima análise, a Ouvir, não só o que é dito mas a forma como é dito. Estes artistas são sem dúvida os poetas do novo século! A grande maioria dos estilos musicais utilizam a rima como forma tradicional de transmitir a mensagem, mas é sem duvida no Hip Hop que esta forma de arte ganha uma dimensão maior, em que a mensagem se torna o grande centro, aquilo que nos faz “arrepiar”, não é o acorde, o “brake”, o solo, a voz… é aquilo que se diz! Uma palavra de apreço para o Valete, esse poeta maior, que é para mim um dos melhores artistas, músicos ou não, do nosso país. Põe em foco o que realmente interessa, sem duvida “o maior”!! Enquanto “músicos”… coloco algumas questões, enquanto ser ignorante que sou. Os i n s t r u m e n t a i s u t i l i z a d o s d e fo r m a a

contextualizar melhor a mensagem, são muitos deles, bastante bons de ouvir, não me parece contudo, que faça dos seus “construtores” músicos. Pegar em sons previamente feitos, junta-los de forma inteligente, e musicalmente apreciável, não faz dos seus elaboradores músicos, talvez antes “fazedores de música”. Arte? Sim, sem duvida! Música? Talvez, mas não feita por músicos! E quem o diz sou eu… alguém que também não o é, mas apenas alguém em vias de o ser. Não tenho qualquer formação em música, apenas o amor pela mesma, jeito (hereditário talvez), e vontade de estar com a música, de estar na música, de fazer parte dela. Um abraço para todos. -Ivo Serra Guitarra Ritmo dos Outliers

Por: Ivo Alves.


O aparecimento de alguns grupos da Daisy Age (Era do rap positivista e espiritualista), que apostavam em suportes rítmicos mais orgânicos e mais bem compostos musicalmente, como os De la Soul ou os A Tribe Called Quest, e projectos mais recentes como os The Roots, Kanye West, Slum Village etc, trouxe para o movimento Hip Hop um tipo de apreciadores bem peculiar. Muitos vieram da área do funk, do jazz, do soul e outros ainda mais ecléticos foram descobrindo o Hip Hop através desse género de grupos. Eu chamar-lhes-ia de “beathoppers”, porque este tipo de admiradores da música Hip Hop caracteriza-se essencialmente pelo fascínio que têm pelos os instrumentais. Analisam o groove, a origem dos samples, os drums, a textura sonora, e quase sempre negligenciam o MC, com os seus skills, as suas rimas, o seu estilo, os seus temas etc. Radicalizando, Sam The Kid apontou-os como: “os tais intelectuais que não percebem rimas, só instrumentais”.Resumindo os Beat-Hoppers são aqueles que desejariam que todos os álbuns de Hip Hop fossem álbuns de instrumentais. Acham que o Rap só atrapalha. Daqui não vem nenhum mal ao mundo, porque as pessoas (mesmo que descontextualizadas) têm direito de retirar e absorver da música aquilo que mais lhes agrada. O problema é outro. O problema é que a critica musical, que hoje se ergue segura de si, dizendo-se especializada em Hip Hop, e que está espalhada pelos jornais, revistas, rádios e blogs, é quase toda ela composta por Beat-Hoppers. Ou seja, a crítica ou pseudo-crítica de “Hip Hop” em Portugal tem patrocinado a morte do Mcing. Eu adoro pastéis de nata, e até tenho sensibilidade gustativa suficiente para perceber quando estão mais açucarados ou mais torrados,

mas não é por isso que me vou classificar como um especialista de pastéis de nata, e desatar a escrever artigos sobre o assunto. Contudo, temos que dar algum mérito aos Beat-Hoppers, porque realmente alguns deles percebem muito de música, e com isso a avaliação que fazem dos instrumentais é muitas vezes cuidada e adequada. E isto tem servido para laurear os produtores mais talentosos, e para inibir ou despertar os produtores menos capazes. O problema é que o pretensiosismo de muitos deles os deixa demasiadamente ingénuos. E muitos realmente acreditam que satisfazem, por exemplo, o Sam The Kid, dizendo que ele tem um álbum primoroso, numa crítica onde gastam 50 linhas para falar dos instrumentais dele, e 2 linhas para falar das rimas e dos skills. Afrika Bambaataa disse numa entrevista, que cada vez mais lhe agastava essa designação de “Hip Hop music”, porque parece que isso direccionava todo o significado do que é o conceito Hip Hop exclusivamente para a música, e apagava a noção de Hip Hop enquanto movimento e uma cultura de 4 (ou mais) vertentes. Ele dizia também que o termo correcto para o que hoje chamamos “Hip Hop music” nunca deveria deixar de ser “Rap” ou “Rap Music”, porque o Rap apareceu como um estilo musical que ostentava a arte de se debitar versos de forma cadenciada. A arte do Mcing. Rhythm and Poetry. Na “Rap music” os beats são importantes, hoje mais ainda, mas nunca se tem uma grande música de Rap quando um MC se revela débil sobre o instrumental. E isto é algo que os Beat-Hoppers nunca entenderão. E é por isso que jamais poderão ser verdadeiros peritos de “Rap music”. Os Beat-

Hoppers nunca compreenderão que os melhores instrumentais do mundo não fazem necessariamente um grande álbum, às vezes nem quando têm um bom MC em cima deles.No outro dia ouvia os sons que Just Blaze (grande produtor) produziu para o álbum “Kingdom Come” de Jay-Z. Gostandose ou não (pessoalmente não gosto) de muitas das temáticas e das preocupações de Jay-Z, é inegável que é um MC dotado. Mas em cima daqueles 3 instrumentais de Just Blaze, que Jigga pôs no seu álbum, pouco mais podia fazer. São do tipo de instrumentais tão ruidosos, enérgicos e tão preenchidos que ofuscam qualquer MC. Dificilmente daria para fazer brilhar uma letra em cima daqueles beats. Ali está a prova que um bom instrumental e um bom MCnem sempre resulta numa boa música de Rap. Uma boa música Rap, resulta de um acasalamento apropriado entre o instrumental, a letra e o flow do MC, de forma a que o ouvinte se envolva pelo embalo musical sem nunca se desviar ou perder a atracção pelas palavras de comando, que são as palavras do MC. Muitas vezes uma boa música Rap também se consegue com beats medianos. MC’s como Cannibus, Royce Da 5,9, Eminem já o provaram várias vezes. Nas neste seu novo álbum “HipHop is Dead”, tem uma música em acapella, tentando mostrar às pessoas o que é a magia do Rap, a magia da poesia, dos versos, das palavras, do ritmo vocal. É algo que só os HipHoppers sentem. E é por isso que o Hip Hop está morto. Está morto porque a maioria das pessoas que o consomem não o sentem verdadeiramente, não o sabem sentir. Um Hiphopper é aquele que consegue passar madrugadas inteiras na rua a ouvir rappers a cuspir barras em acapella. Isto porque amamos Rap, amamos

rimas. Os Beat-Hoppers nunca entenderão isto. Os Beat-Hoppers perceberão sempre porque é que o Kanye West, os De La Soul, os The Roots fazem álbuns clássicos, mas nunca perceberão porque é que álbuns como “Capital Punishment” de Big Pun, “Stillmatic” de Nas, “Revolutionary vol 2” de Immortal Technique, ou “Ars Magna/Miradas” de Nach (por exemplo) são álbuns incontornáveis na História do Hip Hop. Os Beat-Hoppers serão sempre HipHoppers pela metade.

Por: Valete.



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net

Bocada-Forte, um dos sites Brasileiros de hiphop mais conhecido dentro e fora do Brasil, isto porque está sempre em constantes actualizações e tem um sério compromisso com a Cultura Hip-Hop do Brasil. Mas a grande diferença é que o Bocada-Forte também tem um factor da responsabilidade social, está ligado a um projecto sócio-cultural fundado pela Organização Não-Governamental “Associação Serumano”. O Bocada-Forte tem dado uma grande ajuda na divulgação dos novos frutos da “árvore” hiphop que vão surgindo dia após dia naquele país. Visitem e conheçam-no.

Matarroa é uma editora musical independente que teve o seu início oficial em 2003. Reconstruiu recentemente um novo site cheio de novidades bastante interessantes. Podemos começar pelo agenciamento dos próprios projectos por eles editados, desde t-shirts até à venda on-line dos cds dos projectos assinados pela Matarroa. Aproveitem para ver os novos vídeos de Bezegol "Collision/Fire", e do Clã da Matarroa "Sobrancelhas" porque os respectivos álbuns estão a bater à porta.

Um dia destes olhei para a minha pequena lista de melhores Mcs nacionais, e reparei que quase todos tinham um myspace onde divulgavam o seu trabalho no entanto o Chullage era dos poucos que ainda não tinha um espaço, e que inversamente como MC ocupa um grande espaço na história do nosso hiphop, basta ver as participações e os álbuns editados. Aqui além da vasta lista de colaborações, podem ficar a saber mais um pouco deste MC, a sua discografia e ainda assistir a alguns clips como “Rymeshit que abala” ou Ignorancia XL. Por: Fresh


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