IVSTREET#07

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Direcção

Joana Nicolau Sónia Bento Tó Moisés Regalado

Equipa

Alberto Darame Ivo Alves Vanessa Cardoso Daniela Ribeiro Olheiro A.Silva (Primouz) P.Silva (Primouz) João Coelho

Design

Como todos os meses, Março é mais um que nos deixa cada vez mais orgulhosos de sermos seguidores desta cultura. Achei curioso... O meu número de eleição é o 7, e esta é a 7ª edição. Pode ter sido coincidência ou pura sorte ter-me calhado a vez de dar a voz (ou não!), mas acreditem que o conteúdo e trabalho desta revista estão mais perto da dedicação do que propriamente do factor sorte. E é para ti que vai este número. A ti direcção, a ti equipa, a ti colaboradores, a ti leitores, a ti B-Boy, Dj, Mc e Writer. ‘’We gotta make a change... It's time for us as a people to start makin' some changes. Let's change the way we eat, let's change the way we live and let's change the way we treat each other. You see the old way wasn't working so it's on us to do what we gotta do, to survive.’’ 2 pac, Changes

Hugo Araújo (Snake) André Almeida (Phomer) Propaganda 13

Webmaster Fresh

Colaboradores

Grilo Raquel "Alexa" Alecrim Ana Forte

ta

S

Peace, Billie. Escu ub

Actualidade Internacional

1

Actualidade Nacional

3

Dj Craze @ Santiago Alquimista

5

La Dupla e Dj X-Acto @ Ponto de Encontro

7

De La Soul @ Jazz Café em Londres

9

MidGard e Starshyne

15

Biografia Akon

18

La Dupla

20

Clã da Matarroa

22

Críticas a CD´s

27

Putos qui a ta cria

32

Kubiko Records

34

Jay Dilla - Donuts 4 life

36

Vá para fora cá dentro - Coimbra

38

Spell e G.I.Joe

39

Suarez

42

CasaBlanca - Depois do filme chega a novela

45

Heads Up

47

X-Tasy

49

MixTape IV Street

52

Zoom-in - Festival Multiartes@ Campo Alegre

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Graffiti

55

IV Street @ net

57

42

22

39

49

15

7

36


Sage Francis - Human The Death Dance

Definitive Swim Um pouco à semelhança do que já tinha acontecido com a Stones Throw, a Adult Swim juntou-se desta feita à Definitive Jux e em parceria já têm disponivel para download gratuito, o projecto DEFINITIVE SWIM. O trabalho conta com faixas de artistas da Def Jux, entre os quais, Camu Tao, El-P, Rob Sonic, Hangar 18, Mr. Lif, Cannibal Ox, Despot, Cool Calm Pete, Cage e Aesop Rock. No site que se segue podem fazer o download do álbum tal como ver o video clip do single Flyentology do novo disco que EL-P se prepara para lançar já no próximo mês de Março, intitulado I’LL SLEEP WHEN YOU’RE DEAD.

Novo projecto de Sage Francis com data de lançamento prevista para 8 de Maio, pela Epitaph Records. Intitulado HUMAN THE DEATH DANCE, o rapper, poeta, activista e apanhado do clima, irá contar com participações de Jolie Holland, Mark Isham e Buck 65. Na produção, instrumentais de Odd Nosdam, Mr. Cooper, Alias, Sixtoo, entre outros.

DJ Vadim - The Sound Catcher Dj Vadim prepara-se para lançar um novo projecto já no próximo dia 2 de Abril, intitulado THE SOUND CATCHER. O DJ de nacionalidade russa irá contar com as participações de nomes como Abstract Rude, Skinny Man e Deuce Eclipse, entre outros, num lançamento BBE Music.

Novidades Anticon A editora independente de São Francisco Anticon, prepara pelo menos dois novos lançamentos até ao final deste ano. Em primeiro lugar, o produtor e nas horas vagas rapper, Alias, com o projecto COLLECTED REMIXES, com data de lançamento prevista para 15 de Maio. O nome não deixa muita margem para imaginação, é exactamente aquilo que parece, e reúne faixas de nomes como, Sixtoo, Lali Puna, 13 & God, entre outros. A compilação serve com aperitivo para o próximo álbum de instrumentais de Alias, ainda sem data de lançamento marcada, mas já em processo de desenvolvimento. Noutro particular, o rapper, produtor e cofundador da Anticon, Sole, irá lançar a 29 de Maio o projecto conceptual POLY SCI. Tal como ele o denomina não será um álbum instrumental de Hip Hop, mas antes uma sonoridade "noise/ambient/whatever".

Black Milk – Popular Demand Directamente das mesmas ruas que viram nascer o génio criativo de J Dilla, o "recém-chegado" produtor Black Milk prepara-se para lançar um novo registo a solo a 13 de Março. Depois de ter produzido para nomes como Lloyd Banks, Canibus, e Pharoahe Monch, e depois dos projectos DIRTY DISTRICT VOL.2 e SOUND OF THE CITY VOL.1, o produtor de Detroit apresenta POPULAR DEMAND. Com lançamento pela Fatbeats Records, o álbum irá contar com as participações de Guilty Simpson, Slum Village e One Be Lo entre outros.

Domingo – The Most Underrated Jazzmatazz Vol.4 O MC do lendário colectivo Gangstarr está de volta com mais um volume da saga Jazzmatazz, o quarto da série. Guru prepara-se para lançar JAZZMATAZZ VOL.4, um CD duplo que tem data lançamento para meados de 2007, pela editora de Guru e Solar, a Seven Grand Records. A produção irá ficar a cargo de Solar, que já havia estado no VERSION 7.0: THE STREET SCRIPTURES, e no que diz respeito a participações podemos contar com Raheem Devaughn, David Sanborn, Common, Sleepy brown, Vivian Green, Blackalicious, Omar, Caron Wheeler e Damian Marley.

Prodigy Return Of The Mac RETURN OF THE MAC é o regresso às lides a solo de Prodigy dos Mobb Deep. Depois de H.N.I.C., este segundo álbum tem lançamento previsto para dia 27 de Março, pela Koch Records, com produção a cargo de The Alchemist.

O produtor Domingo prepara-se para lançar o seu projecto THE MOST UNDERRATED, um álbum que conta com material instrumental novo e nunca antes editado. Para este disco, o produtor de New York conta com participações de luxo, entre as quais, Big Daddy Kane, Immortal Technique, Ras Kass, Slug, Heltah Skeltah, Termanology, Joell Ortiz, entre outros. Com data prevista de lançamento para fins de Março, THE MOST UNDERRATED tem selo da Latchkey Recordings em parceria com a editora de Domingo, Deranged Music Imprint.


Pneuma Records

Spell & GI Joe – Duelo Mental DUELO MENTAL é o projecto que reúne dois nomes do panorama hiphopiano algarvio, o MC Spell e o DJ Gijoe. Gravado nos estúdios da Kimahera, misturado e masterizado pela Da Muza Inc., e com produção de Gijoe e Spell, DUELO MENTAL terá ainda distribuição pela SóHipHop, com data prevista de lançamento para meados de Março. Com participações de nomes como Malign1, Reflect, Dino, Estafeta, Kahestiga, Lady N, Filipa e Tamin, é um projecto com marca Kimahera.

Clã da Matarroa – Conversas de Café O álbum do Clã da Matarroa, CONVERSAS DE CAFÉ, será editado em Março, pela Matarroa. A dupla Stray e Paulo Leitão, faz assim a sua estreia, num álbum gravado e misturado por Lino Matos nos estúdios L-V-M em Leça da Palmeira e que conta com participações de Kiko, Martinêz, Fidbek dos MatoZoo e Dino. No que diz respeito à produção, essa ficou entregue aos próprios Stray e Paulo Leitão, ao veterano produtor dos MatoZoo, Kiko, e à dupla Hermitage. Todos os scratches foram efectuados por DJ Ovelha Negra.

A Pneuma Records é uma editora com raízes no Hip Hop e como tal será esse o nosso maior foco. Residente em Santa Maria da Feira, esta editora, conta com dois artistas no momento, Dust e Wize. Está para breve o primeiro lançamento da Pneuma Records, com o título de PUZZLE SONORO, conta com as seguintes participações: Wize, Dust, Kappa Oh, Jagga, X-Tasy, TNT, G.I.Joe, Flash, XActo, Bezerk, X-Ray, Nerve e Casquilho Produções. A compilação custará 7,5€ e estará à venda em vários pontos do país.

Suarez - Visão de um Estranho

Dj Leat Mixtape Má Impressão Dj Leat encontra-se a preparar um novo projecto intitulado MIXTAPE MÁ IMPRESSÃO. Directamente da familia Urbisom, reúne temas de emcee's na sua maioria da zona de Coimbra como SUN, SBT2, Sickscore, Zap, V-King.

Allan – Preto Tipo A Depois de ter participado na compilação THE ULTIMO PISO COFFER – VOL.1, organizado pela Ultimo Piso, Allan surge com o seu projecto PRETO TIPO A. Gravado, masterizado e misturado no Ultimo Piso por Dréz, conta com as participações dos emcee’s Dréz, Strata G, Trial, Xander e Invikto. O single “Passado Presente” pode ser encontrado em www.ultimopiso.blogspot.com.

Festival Primavera Valongo 2007 A VP – EVENTuS, em conjunto com o sector da Juventude da Câmara Municipal de Valongo levam a cabo o 1º Festival da Primavera – Valongo 2007. Num Festival que possui componente competitiva, ou seja, vão estar em competição várias bandas que irão actuar nos últimos dois dias do Festival, esperam-se actuações de nomes como Clinger, DropD e Secrecy, no dia 18 de Maio. Dia 19 Half Baked, Bednoise, Lio & the Rebel Monks e Orangotang. E finalmente dia 20 reservado ás actuações de Mundo e Dealema Sound System

The King Of Soul – James Brown THE KING OF SOUL – JAMES BROWN, é uma compilação de instrumentais, organizada por Hip & X-Ray. Esta compilação é uma homenagem ao rei da soul que nos deixou em Dezembro do ano passado e onde vários produtores prestaram a sua homenagem com samples de clássicos do James Brown. O projecto vai estar disponível via download a partir do dia 17 em www.kimahera.com/tributojamesbrown e em outras paginas. Com produções de nomes como Kbyte, Poeta de Rua, ChesterBeatz, Sickonce, MK, ECSE,Dj Tombo, Darksunn, entre muitos outros, a compilação conta com vários apoios entre os quais: IV Street. H2tuga. TugaUnderground. XLRap. AssaltoSonoro. Kimahera e Kriacao Verbal.

Depois de vários projectos como membro e organizador, o MC/Produtor Suarez regressa com o seu primeiro álbum de originais, VISÃO DE UM ESTRANHO.A sonoridade deste álbum gira em torno da critica e da intervenção, com vários MCs convidados entre os quais, Camate, Zikler, Paolo, Bicas, Blackid, Lancelot, Nova, Biex e Dora Borralho e as produções ficaram ao cargo de: Luís Soares, DJ Mcm e conta. O álbum vai estar nas ruas no final do mês de Março e entretanto já podem escutar o single em www.myspace.com/covilproducoesestudios

GOV SOM Mixtape Vol.1 Politicamente Incorrectos A recém criada editora independente Gov Som prepara-se para lançar no mercado o primeiro volume de uma série de mixtapes que pretendem ser uma mostra do trabalho reunido pelos seus membros e de futuros projectos a serem lançados pela mesma. Este volume intitulado POLITICAMENTE INCORRECTOS, foi misturado e masterizado por Kron e Dj Yur, reúne participações de Governo Sombra, Triângulo Dourado, Chupa Loops, Sound Killaz (JA), P-Lee, Deep Niggaz, Maze, Presto e Berna. As produções ficaram a cargo de Kron, LTerrible, P-Lee, El-Bolah, MindHeart Productions (ES), Dj Yur, Dj Yoke e Kooltuga. É possível fazer o preview deste trabalho e descarregar os singles em www.governosombra.com


Artistas: Dj Craze, Flosstradamus,Kid Sister, Al:X & Dj Riot, Cheeks & Dj Ride Local: Santiago Alquinista, Lisboa

Algum desânimo à entrada com a notícia de que DJ A-Trak teve problemas no aeroporto e, por isso, não pode actuar. Ficou a promessa de uma nova data em Abril. Mesmo assim, a noite foi festiva, animada, convidativa. Antes da meia-noite, as mãos dos turntablists nacionais de Mr. Cheeks e DJ Ride foram as primeiras a aquecer os pratos. O início foi tomado por breves incursões pelo Jazz, que se tivessem sido alongadas, tinham sido bem recebidas. Mr. Cheeks, sempre mais activo e agressivo instrumentalmente, Ride optou pela subtileza. Cortaram Beastie Boys mais do que uma vez, cruzaram com uma base de Ms Dynamite e o novo “Show Me What You Got” de Jay-Z foi percorrido de fio a pavio. Mais à frente, recordaram a velha escola com o épico “Jump Around” dos House of Pain e Cypress Hill. Directamente de Chicago, a cidade natal da dupla de DJ’s que visitou Portugal pela primeira vez. Flosstradamus é o nome do duo que, nos últimos tempos tem despertado a atenção

dos media e tem feito festas com lotação esgotada e multidões à porta dos clubs por onde passam. Josh Young aka J2K e Curt Cameruci aka Autobot vieram incendiar a pista do Santiago Alquimista com um live act cheio de energia e novidade. Uma mistura brusca de sonoridades, desde Rap Hardcore, a House, Funk, até toda a assistência estar a dançar Daft Punk, sem preconceitos. Mas não era uma festa de Hip Hop?! Ainda se respirou Hip Hop mas os Flosstradamus preferiram chegar a outras paragens. Uma série de mash-ups ácidos ferveram na pista de dança, precedendo dramaticamente a entrada de Kid Sister. Esta, de microfone em mão e muito ar nos pulmões, fez aquilo que descreveu como “club rap”: rimas frenéticas e tom agressivo, temas leves para dançar e ritmos mais próximos do techno do que do Hip Hop, tudo junto numa atitude irreverente e confiante, que levou o microfone ao chão no fim da sua actuação.

A actuação que mais prendeu a atenção do público foi, sem dúvida, DJ Craze. Ao contrário da sua actuação no Hard Club no ano passado, o tri-campeão do mundo optou desta feita pelo funk, breakbeat e rap old-school, deixando completamente de lado o fantástico drum’n’bass que muitos esperaram ouvir. Ainda assim, a sua entrada foi de inspirar respeito como sempre, desfilando com facilidade por temas sobejamente conhecidos, desde KRS-ONE, A Tribe Called Quest, Michael Jackson, Snoop Dogg até Gangstarr, Mobb Deep e Nirvana. Acima de tudo, Craze deu um fantástico espectáculo, regando toda a actuação com fascinantes sets de scratch. ButterflySoulFlow foi uma surpresa animadora. Ritmos bem coordenados e sorriso sempre no lugar, as quatro B-Girls provaram sem margem para dúvidas que o breakdance no feminino é pulsante e inegável. A sua presença continuou a sentir-se na boa disposição e energia que levaram para fora do palco, findada a sua actuação. A noite sentiu o ritmo mais contagiante com DJ Riot. Todo o drum’n’bass que não passou pelas mãos de Craze viu a luz do dia com a actuação do DJ oficial de Buraka Som Sistema. O ritmo acelerado e contagiante abanou os alicerces do Santiago Alquimista, provando mais uma vez que Buraka Som

Sistema ou, neste caso, o seu DJ, sabe de facto apimentar qualquer festa. Por:VanessaCardoso e Joana Nicolau Fotos: Bruno Grilo


ARTISTAS: La Dupla e Dj X-Acto LOCAL: Ponto de Encontro, Lisboa DATA: 17 de Fevereiro de 2007 Foi com enorme prazer que pude estar presente neste concerto de La Dupla & DJ X-Acto realizado no dia 17 de Fevereiro no espaço acolhedor do Ponto de Encontro, em Cacilhas. A festa começou por volta das 22 horas mas antes disso já se podia ouvir e sentir algum freestyle à entrada do Ponto de Encontro, facto que se revelou, por um lado, bom pois “entreteve” o pessoal enquanto as actuações não começavam mas, por outro lado, algo prejudicial visto que quando se deu início às actuações, o freestyle continuou no exterior. Contudo, quando a atracção da noite LA DUPLA & DJ X-ACTO subiu ao palco, o Ponto de Encontro encontrava-se absolutamente cheio! O concerto centrou-se sobretudo nesta “Dupla” (ou melhor, trio!) de sucesso mas o público também pôde contar com a presença de Sniper, Geny, DJ Sizza e Best (que deram início à festa) e também com a participação de Branco. Com freestyle à mistura (desta vez em cima do palco!), também vimos e ouvimos Hadji (irmão de Sniper), Djurra e Maguilla (do grupo Kamikazis). Lanço um especial destaque para Geny com a sua voz que arrepia qualquer um, voz essa que desde logo encantou todo o público, pois é raro alguém receber palmas no sound-check! Com a humildade bem patente na sua postura em palco, todo o público se deliciou com este membro das Lweji. Confesso a minha desilusão em relação à não

comparência do outro membro das Lweji (TVon), pois penso que seria uma mais valia para completar o leque de bons MC’s (e não só!) presentes neste concerto. No entanto, tal acabou por não se revelar um grande problema pois alguns sons que Geny tem com Sniper acabaram por “dar a volta” ao assunto! De entre as muitas mensagens deixadas por Sniper e Best (que em conjunto formam o grupo ExBonafide) destaco uma proferida por Sniper através da qual transmitiu a indispensabilidade e grande importância das mensagens que os sons têm que transportar, alertando para o facto de que o pessoal muitas vezes se centra no beat e que só por isso já é um “granda som”! Outro dos momentos da noite que me marcou especialmente foi poder ouvir Geny cantar o remix do tema “Maldita Raça” (do rapper PM), na qual podemos sentir uma muito boa vibe de união! Passando agora para o destaque da noite, LA DUPLA & DJ X-ACTO, que actuaram pela última vez o repertório completo do seu EP A APRESENTAÇÃO, tenho a dizer que foi um dos concertos com mais feedback do público a que já assisti. Apesar de uma minoria presente na assistência não manifestar nem o seu agrado nem o seu desagrado pelo concerto, a grande parte do público cantou e participou de alma e coração neste concerto. Estes, sempre com o seu à vontade e a sua postura forte e cativante em palco, mostraram o porquê de estar tanta

gente no Ponto de Encontro a assistir (talvez até mesmo aqueles que dizem não gostar ou que falam mal, como cantam na faixa “Segredo do Tempo”) e, através dos seus sons, deram sentido ao verso “Quieren fiesta sin mensage? Yo digo: no no” (by Espanhol). LA DUPLA & DJ X-ACTO entraram em palco faltava poucos minutos para as 23 horas, iniciando o seu concerto com o tema “Segredo do Tempo”. Tratando o público por “tu”, dizendo ser “Love” o público “pôr as mãos no ar” (como eles próprios cantam em “Só Pode Ser Amor”) curtindo e sentindo verdadeiramente o som, LA DUPLA continuou a (en)cantar! Faixas do seu EP como “Ego”, “HipHopCritas”, um excerto de “Poesia”, “Fala o que quiseres” com as participações de Ferry, TANB e Durval, etc. foram algumas das escolhidas para este concerto de encerramento do EP. Destaque para o som de fecho “La Revolucion” (que teve também a participação especial de Nando, da banda de rock UHF) que fez jus ao seu nome visto que revolucionou verdadeiramente o público, que foi puxado para o palco para cantar e partilhar com LA DUPLA & DJ X-ACTO esta faixa do seu EP. Mostrando um verdadeiro feminismo e orgulhando-se de ser mulher, Nessa, como

desde sempre nos tem habituado, marcou o concerto deixando mensagens de incentivo ao “poder” feminino! Espanhol, com o seu sorriso de orelha a orelha (no sentido lato da palavra!) não esqueceu o pessoal mandando props para todos os presentes destacando, claro, alguns amigos! Realce especial para o som “Samurais e Gueixas” da Mixtape HIP HOP – ESTRATÉGIAS DE AUTOEVOLUÇÃO de Sensei D, no qual ambos passam a verdadeira mensagem do que é ser samurai ou gueixa, encontrando semelhanças com o ser rapper. Não esquecendo o DJ, X-Acto, que “até” fez saudações ao people dizendo “Boa Noite” (não sendo muito comum um DJ proferir qualquer palavra num concerto). Mas X-Acto não se limitou a tal, como é óbvio, pois pudemos apreciar a sua arte nos pratos durante todo o concerto e destacadamente, no solo com que nos presenteou em “Poesia de Rua”. Este novo membro de La Dupla tem mostrado um óptimo trabalho e o concerto de dia 17 não foi excepção. Em suma, entre beats, mensagens, alegria e palmas LA DUPLA & DJ X-ACTO encerram, assim, o EP A APRESENTAÇÃO, não deixando dúvidas do seu skills às mais vivas almas! Por:Raquel “Alexa” Alecrim





MidGard e

StarShyne

Directamente do Sotavento algarvio vêm ecos de uma miscelânea sonora digna de qualquer zona central fervilhante de Hip Hop. Aparentemente isolados, mesmo do restante Hip Hop oriundo do sul do país, MidGard e StarShyne são os ícones da Ilegal Records, editora através da qual MidGard lançou o seu mais recente (e cativante) trabalho, NASTY DREAMS. A IV STREET não precisou de mais motivação do que esta para se pôr à conversa com os dois produtores. IV STREET: Falem-nos do projecto, como é que surgiu o NASTY DREAMS? MidGard: O NASTY DREAMS não foi algo pensado logo à partida, ao princípio era só para ser um EP com demos do meu trabalho mas depois apliquei-me mais na cena, comecei a gostar do resultado, fui à procura das fontes certas e ‘bum’ fez se o NASTY DREAMS! Alguns beats se calhar hoje em dia até já nem os punha ali, mas pronto. O projecto nem tinha nome no início, foi quase a última coisa a ser feita. IVS: Mas já tinhas um projecto anterior? MG: Sim, tive um álbum anterior, o THE LAST PAGE, todo tocado por mim no MIDI, praticamente. StarShyne: Ya, nota-se uma grande diferença de um para o outro, estás a ver? Mesmo grande evolução. MG: Pois, [o LAST PAGE] é mais obscuro, mais dark, com mais pianos e assim. IVS: Que tipo de material é que usas? Mais software ou mais hardware? MG: Uso computador, algum software e o teclado MIDI. SS: Eu também tenho o meu refúgio e o meu material para fazer as coisas a solo. IVS: Então a maior diferença entre este álbum e o anterior foi mesmo a evolução em termos de técnica? Ou foi também de estilo? MG: Foi, técnica e estilo, este álbum também reflecte outras vivências. Se calhar estava a passar por outras coisas naquela altura [do THE LAST PAGE], acaba sempre por ser diferente. IVS: Pois, por acaso uma coisa que

notámos quando ouvimos o teu álbum foi que os títulos dos instrumentais estavam muito de acordo com os próprios instrumentais em si. SS: É, acontece muitas vezes em álbuns de instrumentais os sons em si serem muito fixes mas os nomes não terem nada a ver! (risos) IVS: Foi algo em que reparámos e achámos curioso. Como é que isso funciona? MG: Eu simplesmente ouço o beat e o que me faz lembrar, é o nome que dou. Ponho o beat a tocar, e se o ambiente é uma cena mais romântica ou mais festiva, vou por aí até chegar lá, estás a ver? O que me vem à cabeça é o que fica, mas tem mesmo que me fazer lembrar aquilo para ficar. Por acaso até costumo demorar muito tempo a dar os títulos às músicas. Primeiro produzo e só depois é que penso nisso. Se for preciso, levo semanas a dar um título. SS: Já para encontrarmos um nome para o nosso álbum em conjunto, foi mesmo imenso tempo! MG: Para dar o nome ao NASTY DREAMS foi tipo quatro meses! IVS: Falem-nos agora um bocadinho da vossa colaboração. MG: A nossa colaboração consiste em fazermos instrumentais em total parceria, o que resultará numas cenas que vão sair em breve. O nosso primeiro trabalhado vai-se chamar MAGIC VIBES e é um projecto que consiste em transmitir ao ouvinte uma energia positiva com um ambiente bem chillin mas que também se transforma numa sonoridade mágica e motivante. SS: Nós quisemos dar uma continuidade a isto, estás a ver? Eu participei em duas faixas do álbum dele, gostámos do que fizemos e agora vamos começar a trabalhar juntos

em instrumentais de total parceria (mas continuamos a trabalhar a solo). O MAGIC VIBES vai ser um projecto sério e que esperamos que o pessoal curta, para todos os ouvidos, mesmo. Mas com calma, até lá também devemos andar ocupados com rimas... IVS: Ah, mas vai ter rimas? Expliquem lá isso melhor. SS: Não, o 'MAGIC VIBES', é só de instrumentais e está quase pronto, está quase a sair. MG: Vai sair em Março. IVS: E em termos de rimas? Projectos? SS: As rimas continuam, para já vamos participar na compilação do DJ Dizzy e vamos também participar no álbum de Elite Urbana (ELITE URBANA - CONSUMO PRÓPRIO a sair em 2007 através da Ilegal Records), onde temos duas participações a solo e uma em grupo, ainda com o nome de Terrorismo Verbal. MG: Devem ser mesmo as últimas com esse nome. SS: Depois estamos a pensar lançar um ep, com novo nome e novo feeling, e depois quem sabe trabalhar para o álbum. IVS: Porque é que vocês decidiram separar

as rimas dos instrumentais? MG: Nem sei porque é que isso aconteceu, foi algo que surgiu mesmo. Começámos a fazer instrumentais numa onda bem diferente do nosso estilo de rima, até porque se reparares o NASTY DREAMS não tem beats muito cantáveis, alguns beats são mais acelerados. SS: Bem, para quem ainda não sabe MidGard & StarShyne são apenas os nomes que usamos quando trabalhamos na área instrumental… eu sou mais conhecido por Cash e o MidGard por Kriminal. IV: Onde é que vais buscar a inspiração para os beats? MG: Sinceramente nem sei, eu passo os dias inteiros aqui e ouço de tudo, todo o tipo de música. Depois há outras coisas que me inspiram, como sei lá, certas vivências, fumos ou filmes, por exemplo (raramente), mas fundamentalmente é a própria música. IV: E costumas usar muitos samples vocais ou nem por isso? MG: Depende do que vou samplar, se o sample que eu estiver usar tiver voz e eu gostar, pode ser que use, estás a ver? É conforme. SS: Se gostar do sample, se sentir mesmo aquilo


e sentir que tenho de trabalhar nele, e tiver voz, então ponho. IV: E em relação à Ilegal Records? SS: A Ilegal é um projecto que nasceu entre nós os dois em 2004 quando tínhamos o nosso grupo, os Terrorismo, e quisemos fazer o nosso selo, para podermos lançar as nossas cenas sem precisar de ninguém. Mais tarde juntou-se Elite Urbana, que é composto pelo GhettoChild e o Fanatik. Fazem cenas pela Ilegal, gravam aqui, editam por aqui… Há pouco tempo atrás juntouse o DJ Dizzy, que também já se estreou connosco em musicas mais antigas como High Lines (Kriminal) e actualmente podem ouvi-lo também no Nasty Dreams. Há ainda o DJ Skills, que é o terceiro elemento de Terrorismo Verbal. E basicamente é isso, qualquer coisa que a gente faça sai com o selo Ilegal, independentemente de ser uma major ou underground… é bem indie, mesmo! IVS: Para o futuro, pensam juntar mais alguém? SS: É possível, se for alguém com quem a gente goste de trabalhar, e que goste do nosso trabalho como nós gostemos do dele, se houver feeling e estivermos em sintonia, estamos sempre abertos para trabalhar com o pessoal. IVS: Mais ou menos como foi com o Dizzy? MG e SS: Exactamente. IVS: E agora a pergunta da praxe, como é

que vêm as produções a nível nacional? Alguém que vos chame a atenção? SS: Já existem alguns bons circuitos de boa música e produção, mas continua a haver muita porcaria. As pessoas continuam com a mentalidade muito fechada, muito focadas em mainstream e underground. As pessoas têm é de fazer boa música, com qualidade acima de tudo! MG: A maioria das pessoas em Portugal tem uma mentalidade muito fechada na música. Ouvem Hip Hop e mais nada. É sempre aquela cena “ah, Hip Hop Tuga é que é!” e se não for Hip Hop, não presta. Um artista que só ouça Hip Hop Tuga e o tenha como influência… (risos) SS: Vêm-te perguntar o que é que tu ouves e não sei quê, eu digo-te mesmo, aliás, rap é o que eu tenho ouvido menos ultimamente! Eu ouço mesmo imensas coisas diferentes por dia. É essencial para um gajo ter inspiração para fazer uma cena decente. IVS: Mensagem final? SS: Ouçam NASTY DREAMS! (risos) MG: Ya, é mesmo isso, para mais info sobre o download consultem o meu myspace: www.myspace.com/midgardbeatz e fiquem atentos ás actualizações. SS: O meu é www.myspace.com/starshynebeatz, podem ir lá e ouvir também um pouco do meu trabalho a solo. Estejam atentos aos projectos da Ilegal. Paz para todos. Por: Joana Nicolau Fotos: Cedidas gentilmente por Ilegal Records

Biografia

Akon nasceu no Senegal mas ainda criança viajou para os Estados Unidos da América com a família. Instalaram-se em New Jersey até aos dias de hoje, onde conheceu o Hip Hop e o crime. Depois de ter saído da cadeia, trabalhou num álbum e estreou-se em Junho de 2004 com TROUBLE. Criou uma sonoridade própria, determinada por várias influências com a ajuda de uma voz característica, dando origem a uma fusão de Rap, R&B, Dance Hall e música vinda das Caraíbas. O sucesso foi crescente, e agora ainda mais, com o lançamento de KONVICTED, no final de 2006. Depois de ter conquistado os ouvintes dos Estados Unidos e da Inglaterra, o cantor já está íntimo o público português. O nome é Aliaune Thiam mas é conhecido publicamente como Akon. O recém-chegado ao panorama musical é um artista com diversas potencialidades. Ele canta, compõe e produz o seu trabalho. Nasceu no Senegal, aquele país banhado pelo Oceano Atlântico, entre a Mauritânia e Guiné-Bissau. País onde a música é um vínculo forte com o resto do mundo. Exemplos disso são o legendário Youssou N'dour, o electrificante Baaba Maal, a sensacional Viviane N'dour, e ainda Awadi, um nome tirado da tempestade de Hip Hop que está a acontecer no país. Quando ouviu Hip Hop pela primeira vez pensou para si mesmo que aquele tipo de música não tinha valor e não fazia sentido. No entanto, começou a crescer e a viver situações retratadas pelo movimento. A partir daí criou a sua própria música e conceito. A PONTE ENTRE O SENEGAL E NEW JERSEY

A mudança de país aconteceu aos sete anos de idade. Nessa altura, a família de Akon decidiu mudar de morada. A paragem foi em New Jersey. Foi nesta cidade que foi educado e onde descobriu a paixão pela música e pelo Hip Hop em concreto. O pai de Akon é o principal responsável e motivador, pois é o prestigiado percussionista e músico de Jazz, Mor Thiam, conhecido por ser o dinamizador e expert do Djambe, um dos instrumentos de percussão mais tradicionais de África. Criado naturalmente num ambiente onde a música reinava, ensinado e motivado pelo pai, é fácil compreender os trilhos que Akon cruzou para se tornar, também ele, num músico. Ao viver numa casa onde os valores musicais e artísticos eram erguidos como verdadeiros valores, Akon revelou, ao longo do tempo, que exercia domínio e habilidade sob a arte musical, nomeadamente em vários instrumentos de percussão.


E também foi na cidade de New Jersey, depois da adolescência, que o cantor enveredou pelo crime pela primeira vez. Talvez por se ter envolvido com as pessoas erradas, começou a ser visto em conversas de rua ilícitas. A prisão veio quando alinhou numa operação de roubo planeado de carros, bem ao estilo do filme “60 Segundos”, com Nicholas Cage e Angelina Jolie. Como Akon é daqueles que aprende com os erros e não queria perder tempo, na cadeia aproveitou para trabalhar em ideias musicais e compor. Quando foi absolvido foi directo para o estúdio.

tardou em atravessar o Atlântico até território inglês, onde o cantor teve apoio massivo por parte da comunicação social. Teve um impacto muito semelhante à de Mario Winans com o bem sucedido “I Don’t Wanna Know” em 2004 e foi apoiado por emissoras como a Kiss FM, Rádio 1 e American Radio.

DA CADEIA PARA O ESTÚDIO Depois desta experiência marcante, “Locked Up” e “Trouble Nobody” comprovam-no. O artista senegalês pôs em prática as ideias que tinha trabalhado durante o tempo em que esteve preso. Estas duas músicas mencionadas são do disco TROUBLE, as que mais revelam o sofrimento pelo qual passou e todos os momentos que vivenciou. Saiu da prisão em 1990 e para celebrar foi em primeiro lugar a um bar de strip. A afirmação foi feita pelo cantor, pois disse publicamente que passou muito tempo a pensar em mulheres, por isso queria divertir-se e ver mulheres a dançar. Akon lança, em Junho de 2004, o disco de estreia. TROUBLE é uma viagem em dois mundos fulcrais e distintos. Por um lado retrata a realidade das ruas, a crueldade de viver numa prisão e todas experiências duras pelas quais passou o cantor. Por outro, Akon apresentanos uma vertente mais party, mais club e virada para o Dance Hall, com vibrações brilhantes e felizes. Por isso, temos um artista polivalente e versátil, que concebe músicas cheias de alma inspiradas em situações reais, tanto de dor, como de alegria, fazendo questão de passar uma mensagem. Tem uma voz original e honesta que fica facilmente retida no ouvido e transmite, simultaneamente, um espírito genuíno e sereno. Da melancolia com “Lonely” à festa com “Bananza (Belly Dancer)”, que representam extremos no disco, é um passo muito pequeno. Esta mistura agradável de sonoridades é resultado das raízes africanas do cantor, das influências jamaicanas e caribenhas que aproveita, da vertente R&B e Dance Hall que adoptou, desde que conheceu e abraçou o Hip Hop como principal aliado e estilo de vida. O cantor residente em New Jersey aponta como principais referências EMPD, Mobb Deep, Busta Rhymes e 2Pac. Pelos Estados Unidos, Akon furou as tabelas de vendas e as listas de músicas que iam para o ar nas rádios. Quando “Locked Up” saiu, não

Como tudo tem uma apresentação e um encerramento, os La Dupla juntamente com o DJ X-Acto fizeram a festa de encerramento do EP: “A Apresentação”. A IV Street foi saber mais sobre o EP e planos para o futuro.

A SEGUNDA ETAPA, O SEGUNDO DISCO Se com TROUBLE conseguiu a múltipla platina, com KONVICTED a carreira musical de Akon levantou definitivamente voo começando, aliás, a ser respeitado como artista. É ele a afirmar que este último disco é a prova de que a sua missão é, agora, reinventar-se através da música, a sua salvação. Desta vez, para KONVICTED, ele produziu e escreveu todo o álbum, que conta com participações importantes como a de Snoop Dogg em “I Want to Love You”, Eminem na faixa “Smack That”, extraída como primeiro single, Styles P ou T-Pain em “I Can’t Wait”. Com o lançamento do álbum de estreia, Akon viajou pelo mundo, ganhou prémios, vendeu muito, trabalhou com artistas do Hip Hop internacional, enfim, ficou famoso. O músico continua a criar música no mesmo sentido, na mesma linha criativa. No entanto, KONVICTED trouxe uma vantagem. Ele cresceu. Por: Vanessa Cardoso

IV STREET: “A Apresentação” foi o EP que vocês lançaram o ano passado. Contemnos como correram as gravações e como tem sido o feedback recebido? La Dupla: Antes de mais, boas! Sim, lançámos um EP em Maio de 2006, que foi gravado em vários estúdios, por motivos financeiros e questões de disponibilidade. As gravações começaram um pouco antes do verão de 2005, tendo terminado em Abril de 2006. Podemos dizer que correram bem, tendo em conta a nossa inexperiência em estúdio. Em relação ao feedback recebido, foi óptimo! Alguns temas já tinham algum tempo, o que fez com que os conseguíssemos trabalhar ao ponto de ficarem de acordo com o nosso estilo. Apesar do EP ter sido lançado sob alguma pressão, à mesma, foi muito positivo tê-lo lançado nessa altura, pois já era tempo de dar a conhecer algo nosso. IVS: Com o vosso EP deram concertos de norte a sul de Portugal, tem sido como vocês esperavam? Ou foi uma agradável surpresa ter a lista de concertos preenchida? LD: Sim! Sem dúvida, foi uma agradável surpresa pois por mais que imaginássemos nunca pensámos que se tornasse tão real e positivo! E mesmo um ano depois de termos lançado o EP, continuarmos a receber convites de vários lugares, é muito bom! O feedback foi sempre positivo em todos os concertos, nuns mais, noutros menos. Não foram poucas as vezes que tivemos que convencer o público do nosso Rap, devido ao preconceito de não sermos da zona, por sermos desconhecidos ou mesmo novos. IVS: No passado dia 17 de Fevereiro, ocorreu o concerto de encerramento ao vosso EP. Como correu a noite de Hip-Hop?

E porque a necessidade do encerramento? LD: A noite correu muito bem! Estiveram presentes muitos amigos nossos que nos apoiam desde o início e outra parte do público foi composta por people que teve conhecimento do nosso trabalho através do EP. Em relação à necessidade de "encerramento" do EP, deveuse ao facto de, tal como, "a apresentação" foi feita, também o encerramento seria, mais tarde ou mais cedo, uma obrigação. Isto porque o objectivo do EP foi dar a conhecer o nosso trabalho até então. Passada agora, a primeira etapa, e como já sentimos a necessidade de passar para o nível seguinte, iniciando novos projectos, resta-nos finalizar da melhor maneira a nossa apresentação para podermos dar continuidade à nossa evolução. IVS: Recentemente juntou-se o DJ X-Acto aos La Dupla. Porquê a entrada?


DJ X-Acto: Conheci os La Dupla por acaso, numa festa de Hip-Hop em Torres Vedras, na qual fui lá para substituir um outro DJ que não pôde ir... Acabei por actuar com La Dupla, e eles sentiram a minha cena e eu a deles e mais tarde começámos a falar via internet e o convite surgiu para futuras actuações com eles... Desde então temos actuado bastante e até adaptado um pouco os instrumentais para nos enquadrarmos todos melhor =) IVS: Projectos para o futuro? Já que agora têm um DJ na formação, devem ter surgido novas ideias. LD: Sim, claro. Os nossos objectivos e expectativas dependem do futuro mas, mais ainda, do presente. Por isso, sem pressões, nem pressas, estamos a curtir esta nova fase (menos exposição e mais trabalho). Temos projectos para os quais fomos convidados há algum tempo e que por falta de disponibilidade ficaram para segundo plano, então, são esses mesmos projectos em que estamos agora a trabalhar. IVS: Espanhol, tu para além dos La Dupla, tens um projecto em mãos que é a MIXTAPE MONTE OLYMPO. Não queres falar um pouco sobre este projecto e qual é o objectivo? Espanhol: Bem, o projecto Monte Olympo é um projecto que tanto pode dar para o torto ou pode dar fixe. Trata-se de uma iniciativa de divulgação de novos artistas dentro do panorama do Hip Hop português, tendo como um dos objectivos o lançamento, completamente gratuito e, disponibilizado na Internet, de um artista ou

de um grupo, de modo a projectar o seu trabalho para alcançar um número superior de pessoas, e a incentivá-lo(s) a não pararem. Para esta iniciativa já conto com alguns projectos que espero que correspondam aos prazos e também às expectativas. Trata-se de criar oportunidades. Podem fazer o download a primeira edição chamada MIXTAPE MONTE OLYMPO #01: CRIAR OPORTUNIDADES, que saiu em conjunto com a compilação NOVOS CAMINHOS no fórum da tugaunderground, por exemplo. IVS: Para terminar, querem deixar algumas palavras ou agradecimentos? LD: Agradecimentos a todos os nossos apoiantes, fãs, amigos, familiares, conhecidos, simpatizantes, haters, inimigos, invejosos, cínicos que todos os dias fazem com que a nossa vontade de fazer música se baseie em conteúdo e mudança. O facto de recebermos feedback dessas pessoas é muito bom para nós. Seja o incentivo positivo daqueles que gostam e apoiam a nossa música, ou mesmo as críticas negativas a nosso respeito. Em consideração especial, aqueles que realmente vão aos nossos concertos nem que seja só para terem tema de conversa (produtiva ou não) o resto da semana! Aqueles, que têm em conta aquilo que dizemos, e que nos encaram não só como rappers, MC’s, DJ's, músicos ou mesmo novatos, mas sim como pessoas que têm ideais que defendem, independentemente do sexo ou da idade. Fora qualquer tipo de discriminação e preconceito! Temos de começar a tratar-nos de igual para igual. Por: João Coelho Fotografias cedidas por: La Dupla

Clã

da

Matarroa Não há nada que nos fale tão directamente ao coração como uma Conversa de Café. É a fonte primordial de coscuvilhices, conselhos, juízos, ódios e devaneios. É um ritual tão enraizado na nossa rotina que já não conseguimos passar sem ele. E as CONVERSAS DE CAFÉ do Clã da Matarroa nada mais são do que sérios candidatos ao mesmo estatuto. Fomos descobrir porquê.

IV STREET: Como surgiu a vossa colaboração? Paulo Leitão: A nossa colaboração surge, ainda que de um modo inocente, na faixa “Clã da Matarroa” da compilação MATARROESES, sendo esse o momento do nosso baptismo embora não existissem planos de trabalharmos exclusivamente os dois. Recebemos o título com orgulho mas conhecíamo-nos à relativamente pouco tempo e os nosso empenho estava concentrado na colaboração com os MatoZoo. Na altura andava a ser cozinhado o FUNK MATARROÊS e nós acabamos por ganhar experiência e rotina de grupo nas várias partes da concepção do álbum desde a produção, a escrita das letras, na gravação e nas actuações ao vivo, onde começamos a ser conhecidos como a dupla que acompanhava e complementava os MatoZoo, o “Clã da Matarroa”. Na altura em que começamos a pensar no que fazer a seguir era bastante óbvio que, por já existir uma grande dinâmica entre nós, iríamos consolidar o nosso estatuto e dar continuidade ao que


tínhamos vindo a fazer na escola “mais ao lado”, mas desta vez com autonomia total. A ideia de “Conversas de Café” foi quase espontânea, mas para obter o produto final foi necessário bastante tempo para por os motores em ebulição, acrescentar genialidade, filtrar conceitos e no fim obter a dose perfeita, numa chávena verde do nosso vício preferido.

IVS: No vosso press release, pela forma como vocês se descrevem, ficamos com uma certa impressão que vocês são dois opostos que se tocam. Mais concretamente, o que é que vos distancia e o que é que vos aproxima? Stray: Não somos opostos completos, mas vivemos mundos diferentes. Penso que este disco resulta justamente por ser importante tanto aquilo que nos aproxima como o que nos distancia. Não existiram tensões nem conflitos criativos justamente por usarmos as nossas diferenças como matéria-prima para a criação. Foi essa a premissa para o disco, aliás. Concretamente... Eu sou um anti-herói com um halo platinado e tenho um par de sapatilhas com asas e o Paulo é um vilão Asgaardiano que consegue dobrar o espaço e o tempo. Fora isso, invertidos os contextos, podiamos ser não o que somos, mas o que o outro é. PL: Na verdade, eu acho que tenho inveja do Stray e ele de mim, mas somos demasiado orgulhosos para o admitir (risos). O que é certo é que sempre assumimos, respeitamos e

brincamos com as nossas diferenças, tanto que, acabamos por abusar delas e tornar o “oposto” como imagem de marca. Se cada um tivesse cedido parte do seu carácter para agradar ao outro, o álbum teria perdido toda a força que tem, coisa que muitas vezes se nota noutros grupos. Mas respondendo directamente à tua pergunta distanciam-nos coisas como por exemplo o modo de pensar e trabalhar, provavelmente fruto do nosso percurso académico, ou a forma como encaramos as situações porque quando um é optimista em relação a determinado assunto, o outro é quase sempre pessimista. Aproximam-nos coisas triviais como o gosto pela música, café, Hip Hop e mulheres (risos). IVS: A vossa primeira aparição pela editora matarroesa foi na compilação "Matarroeses". Sentiram algum tipo de rótulo proveniente do impacto que as vossas faixas tiveram no público? S: A minha rotulou-me completamente. Acho que essa música foi bastante mal interpretada. E necessita de ser contextualizada para ser compreendida. Acho que hoje já é mais ou menos aceite que existem todos os tipos de expressão lírica no rap, mas nessa época era comum sentir-se um certo "dumbing down" da música, como se fosse preciso estupidificar ou simplificar as coisas a um nível primário para que as pessoas prestassem atenção. Sentia muito isso relativamente às pessoas da minha geração. E ao fazer uma música assim estava a querer gritar "atenção, cabeças, eu fiz isto assim e vocês também podem". De uma forma diferente, os MatoZoo já o tinham feito antes de mim, mas a nível lírico, eu levei isso a um patamar novo e que duvido que alguma vez venha a ser superado. É óbvio que exagerei na complexidade, mas era necessário. Se não tivesse expressado um ponto de vista extremo não fazia sentido nesse momento. A minha intenção era dar um grande pontapé na porta e acabei por ser praticamente ostracizado. Mas ao mesmo tempo recebi muito apoio de uma minoria e senti que ajudei outros, que em breve vão dar cartas, a perceber que também existiam outros caminhos. Foi um rótulo amplamente negativo mas que acabou por me beneficiar, de alguma maneira. PL: A faixa do Stray criou realmente uma onda de choque! Já no meu caso não senti uma reacção tão forte, talvez pelo facto da minha faixa na compilação ser mais básica e eu estar um pouco menos exposto do que ele. Hoje os meus amigos fora do hip-hop ainda brincam comigo por causa desse som. Na altura recebi críticas boas e más, satirizaram-me em blogs, mas recebi tudo com muito carinho. Afinal foi a minha primeira música editada.

IVS: Se sim, identificam-se com esse perfil? S : De certa forma. As pessoas que só me conhecem através das minhas músicas até este álbum ficam sempre surpreendidas quando me conhecem pessoalmente. Isto porque pensavam que eu seria muito mais fechado nesse modo mais "snob", chamemos-lhe assim, de escrever. As minhas influências são estupidamente variadas e deixa-as chocadas perceber que eu gosto e sinto muito algumas coisas muito mais mundanas. Sou um grande fã de Hip Hop acima de tudo, por isso o meu perfil abrange a sua totalidade. PL: O meu único rótulo é Matarroa e identificome totalmente com o perfil. IVS: Acham que este álbum vai corresponder ao que as pessoas estão à espera? S : Não sei exactamente o que as pessoas estão à espera. Há coisas muito pessoais neste álbum, pedaços muito estranhos e abstractos e passagens paranóicas. Está lá o dito "alternativo" mas também o amor ao Hip Hop como ele se faz sentir mais comummente. Faz muito sentido que assim seja. Se estão a espera da mesma linha de trabalho anterior, este álbum tem a evolução disso, mas também coisas distintas, embora coerentes. Foi um disco muito pensado, muito construído, que sofreu grandes e contínuas alterações ao longo destes anos. Nada está lá por acaso nem a mais, tudo faz sentido. Foi muito sofrido, tenho a certeza que quem gostava de nós antes vai gostar do álbum mas também vai ficar muito surpreendido. PL: Sem querer parecer muito pretensioso, acho que vai superar. Mesmo nós que sempre pensámos alto chegámos ao fim surpreendidos com o resultado. Até acho mesmo que vamos conseguir conquistar aquelas pessoas que acompanham o movimento e já nos conhecem mas que não sentiram o nosso trabalho até agora. O nosso objectivo foi criar um álbum à nossa imagem e não propriamente agradar ao público, até porque não se pode agradar a todos, mas acho que chegámos a um bom produto final, capaz até de cativar as pessoas que nem estão à espera. IVS: Há quanto tempo estão a trabalhar neste álbum? S : Desde que acabamos de trabalhar com os MatoZoo no FUNK MATARROÊS, embora alguns conceitos precedam até isso...3 anos e tal, portanto. IVS: Sentem que fizeram um álbum intimista? Até que ponto a forma como falam de vocês próprios é verdadeira? S: É realmente complicado responder a isso.

Perguntam-me muitas vezes se a "Sobrancelhas" é uma canção que retrata algum desgosto amoroso ou alguma história de traição. E se eu faço mesmo o que digo que faço na "Gajas". Bem, sim. Eu divido muito a minha criação artística em duas vertentes principais que nem sempre são estanques. Por um lado tenho a minha poética mais abstracta, mais surreal... esse é o meu lado mais "nerd", mais de gajo esquisito que bebe café a mais e tem medo do mundo. E depois há o meu lado mais terreno. É daí que surgem músicas como a "Sobrancelhas" ou a "Maníaco"... Essas lidam com sentimentos mais... palpáveis. Esse é o tipo de copo na mão a olhar para a miúda mais gira do sítio a pensar como lhe vai mentir e tentar provar que é diferente dos outros, quando, muito provavelmente, é pior. Não digo que lide com todas as mulheres como descrevo na “Gajas” mas já tive e vou tendo fases da vida em que isso acontece. E não sou o tempo todo como me descrevo na "Maníaco", mas já várias vezes me acusaram de o ser. Nem eu tinha bem a certeza, mas sim, apercebo-me de este é um álbum muito intimista. Acho que estou metido em sarilhos.

PL: Acho que sim. Eu gosto de me reconhecer nas minhas letras, caso contrário acho não era MC. Não diria todo o “sumo” mas sim todo o “café” do álbum é espremido daquilo que eu penso faço e sou. Claro que há momentos em que estou a falar de medos ou sonhos, como no caso da “Ovelha Negra” ou da “Brilho”, onde estou a falar de mim mas não se pode questionar se estou a ser verdadeiro ou não. Não me considero a ovelha negra da minha família, mas nada me garante que de hoje para amanhã não cometa um erro e me torne um dos meus maiores medos. Daí ter encarnado o papel e ter escrito a “Ovelha Negra” na primeira pessoa, sem deixar de escrever com total sinceridade. Há também faixas nas quais surgem umas rimas mais hiperbólicas, fruto daquele lado paranóico que todos temos apesar das aparências, e ainda as eternas e inevitáveis músicas sobre mulheres.


IVS: Um dos vossos temas favoritos são as "gajas". Prevêem um leque de fangirls muito alargado? S : (risos) Bem... A nossa música é boa para raparigas evoluídas e actuais! De preferência giras... ou que gostem de nos pagar bebidas (risos) Não, agora a sério. Uma boa componente do disco trata da nossa relação com as mulheres por isso... acho que pode ajudá-las a compreender algo sobre nós, homens. Suponho que fosse bom. Decididamente, uma mulher pode apreciar a nossa música. PL: O plano é esse senão nada disto faz sentido! (risos) IVS: Porque é que optaram por convidar o DJ Ovelha Negra em vez do Bezegol, o DJ "oficial", por assim dizer, da Matarroa? PL: Não foi propriamente uma opção. O Bezegol apesar de andar atarefado com o seu trabalho a solo (venha a bomba!!!) chegou a riscar em 3 faixas que, curiosamente, não foram incluídas no álbum na altura em que nos sentámos a ouvir todas as faixas gravadas e fizemos a tracklist, mas iremos tocá-las ao vivo. O DJ Ovelha Negra surgiu por intermédio do Martinêz (El Presidente) e foi uma grande oportunidade para nós em ter a participação de alguém fora do Porto. Já conhecíamos e admirávamos o trabalho dele pelos brindes no site da Matarroa (façam download!!!) e ficámos gratos e satisfeitos com a colaboração dele no nosso álbum.

IVS: Qual a vossa faixa favorita, aquela com que se identificam mais?

S : A "Maníaco" diz-me muito. Receio que se torne intemporal na minha vida. Mas não posso optar só por essa... a "Cafeína" é muito a banda sonora da minha maior adição, café, não posso passar sem a referir. Sou um grande fã da "Fósforos", adoro essa música. Ainda me surpreende imenso. Não consigo escolher apenas uma, também estou a pensar na "Sobrancelhas" e na "Brilho". Não consigo optar. PL: Pois... é mesmo difícil escolher! Ao fim deste tempo aprendemos a amar cada rima de cada música. Talvez a “Sobrancelhas” não por identificar mais, mas sim por achar que foi muito bem conseguida quer em termos de música, onde tivemos a colaboração do grande Dino, quer pelo vídeo que deve estar quase a arrebentar nas televisões. Há que ter amor pelo primeiro single! (risos) IVS: Até que ponto se sentem influênciados pelo indie rap dos EUA? O que é que vos fascina nessa forma de estar no Hip Hop? S : Não é a nossa única influência, mas posso arriscar dizer que é a maior. O fascínio que tenho por editoras como a Definitive Jux e a Rhymesayers, bem como a Stones Throw e a Anticon supera largamente qualquer outra coisa. Não só a nível musical, mas como atitude. Também tenho muito apreço pela Battle Axe e pelo Buck 65, não é só dos EUA que vem a influência, mas maioritariamente sim. Talvez me identifique mais com a Def Jux porque apesar de serem muito experimentalistas e vanguardistas não descuram nunca o amor ao rap. Irrita-me um bocado a tendência de muito boa gente de pintar a música que fazem de forma a puderem dizer "sim, mas isto não é bem rap", como se ao fazê-lo afastassem algum estigma ou fossem mais legitimamente músicos. É um pouco a mentalidade de fazer o que se gosta, como se quer, sem olhar a pressões e preocupações exteriores e tentar elevar sempre a fasquia da criação. ‘Independent as Fuck’. IVS: Sentem que o tipo de Hip Hop que fazem vos marginaliza dentro do movimento? S : Sem dúvida. Mas também acho que já existe um pequeno exército de pessoas, dentro e também fora do "movimento", que desejavam ouvir algo como a música que fazemos há algum tempo. Essa pressão parece-me vir mais do público do que propriamente dos outros artistas. Exceptuando um ou outro caso, nunca obtivemos nada senão respeito e aceitação por parte de outros músicos. PL: Concordo com o Stray. Se alguma vez fomos marginalizados a tendência agora é para que cada vez menos isso aconteça.

IVS: E não fosse esta uma entrevista a um par de matarroeses - Stray, a forma como te vestes é um fashion statement ou um Hip Hop statement? S : Ambas e sobretudo um statement de individualidade. O Hip Hop é uma cultura muito visual. Sei que existe muito a mentalidade que tudo o que é físico e visual não é importante e que não passam de preocupações que representam banalidade. Mas o Old School e o Mid-School não têm uma iconografia própria? Não ajudam a contextualizar os momentos? Teria o "Renegades of Funk" a mesma dimensão não fosse também a originalidade do vídeo e a linguagem visual do Afrika Bambaataa? Teria o LL Cool J tido o mesmo apelo sem o chapéu da Kangol? Qual a importância das Adidas nos pés dos Run-DMC? A pala e a corrente do Slick Rick? O relógio do Flava Flav? Talvez tenha a ver com a minha área de interesse e de estudo, mas não consigo conceber Hip Hop sem imagem. Não me refiro ao culto da imagem, mas à preocupação de criar um universo visual que retrate, até a um certo grau, a música. A Matarroa é exímia também nesse aspecto e é um caso único. Fora isso, nesse domínio, o movimento por cá ainda está muito atrasado. Talvez seja por isso que muita gente não é levada a sério, porque descuidam essa vertente completamente. Mas voltando à pergunta, tem muito a ver com a minha individualidade. Gosto muito do conceito de Street Couture e de Street Fashionismo e sou muito influenciado pela cultura Japonesa. Hip Hop e Anime, siga a rusga.

de fazer - que tens a dizer ao crescente número de pessoas que adoptaram o novo grito de guerra "Halo G Shit"? S : É o sinal da vinda do Apocalipse. Tem que ser. Halo G SHIIIIT. GJYEAH! Fico contente por me aperceber que o rap alternativo está finalmente a infiltrar-se. Já estava na hora. O PATRASTOPLAY NO TEU MELÃO e o FUNK MATARROÊS são a fundação. Agora o CONVERSAS DE CAFÉ do Clã da Matarroa e o EU NÃO DAS PALAVRAS TROCO A ORDEM do Nerve vão fazer barulho e escola. Halograma é o Futuro. É tudo o que posso dizer para já. PL: (risos) É sinal que estamos cada vez mais próximos de 2014!

IVS: Uma pergunta que não posso deixar

Por: Joana Nicolau Fotos: Min

IVS: Mensagem final? PL: Resta deixar um big up a todos que nos apoiam! Injectem fogo nas turbinas, ponham as mãos no tecto e mastiguem fita-cola! S : Obrigado à IV Street pela oportunidade. Todos os meus nerds. O Halo brilha. Halo G Shiiiit, aguardem. Dj Ovelha Negra, Nervoso, Notwan, Pulso, DarkSunn : O Futuro. Shout out ao Sistema Intravenoso, Blasph, Pródigo, Viruz, Dj Sims, TH. Fantasmagoria! Matarroa! Obrigado à Min pelas fotos and stuff. Nitronious. Ao Lino pela ajuda e paciência. CONVERSAS D CAFÉ disponível para encomenda em www.matarroa.com. Passem por www.myspace.com/cladamatarroa para verem as novidades e actualizações. Vários concertos em Março, confirmem no myspace! Brindem connosco. Café, Café, Cafeína!


Silent Knight Hunger Strike Elementality

Silent Knight artista underground de New Jersey, surge-nos aqui com o seu novo álbum intitulado HUNGER STRIKE, aquele que sucede a FALL OF IGNORANCE. De facto esta aparição é bastante boa pois trata-se de um álbum muito consistente, produção e lírica bastante boa em todas as faixas em geral, bom gosto nas participações, que vão na produção desde Illmind no single “Everybody Needs”, passando por K.O.N., Jesse Fischer, Arcane, Origimoz, Analogic, Da Beatminerz, Marshall Law, Rashid Hadee, até Ayatollah, contando ainda no vocal com: Raks One, Josh David, Hasan Salaam, Tiffany Paige, Sean Boog, Pumpkinhead, Sean Price, Kaze, Supastition entre outros. Olhando de alto e com tanta gente incluída no projecto começando logo pelos variadíssimos produtores daria para prever um álbum meio confuso, ou pelo menos pouco característico, dispersando-se nas várias diferenças e não estando muito bem definido como acontece com alguns projectos que tentam chegar a todos os pontos. Mas não é de todo o que acontece neste álbum, aliás, pode-se dizer que se passa precisamente o contrário, o álbum é bastante característico e constante em todas as faixas até ao nível de produção. De facto, Silent Knight conseguiu encaixar em cada faixa aquilo que realmente necessitava, sem no entanto fugir à sua filosofia e linha característica do álbum que é: sons leves e meios melódicos, em que se tratam tanto temas de relações pessoais como abordagens políticas e sociais, ideais de vida, conselhos, avisos, todo isto dado em tom sempre de boa vibe, como uma lufada de ar fresco. Os convidados estão todos à altura e

contribuíram muito bem para o álbum com boas prestações, saliento o fantástico refrão de Josh David no tema “Respect Due”, Pumpkinhead e Sean Price em “Speakin’ My Mind”e Supastition e Kaze em “Think Fast”. No que toca ao autor do álbum, Silent Knight, para quem não conhece pode soar um pouco como nome de desenho animado, ou que se trata de um puto ainda sonhando com o seu herói, mas este artista mostra, neste álbum, maturidade e a sua faceta mais guerrilheira, sobretudo na faixa “Silence”, em que debita rimas sobre rimas disparando em varias direcções, mostrando toda a sua garra. Globalmente, é um álbum bem conseguido, com muito boa vibe, em que a qualidade está elevada da primeira à última faixa, aperta-se o play e é como se uma brisa nos tivesse sempre a bater na cara, deixando sensação de frescura ao acabar cada faixa. É daqueles álbuns que no fim de cada música pensamos que aquela seria a melhor do álbum, mas a próxima parece que é a continuação da mesma, só parando quando a música acaba. Por: P.Silva

Clã da Matarroa Conversas de Café Matarroa

Se havia álbum matarroês cujos ecos remontassem tão atrás no tempo como este, não tenho memória. Se havia álbum matarroês que estivesse tão incerto de data de lançamento, não tenho conhecimento. Mas se havia álbum matarroês que tivesse fadado para uma revolução temática tão definitiva como este… então nunca foi editado. Se havia álbum matarroês cujos ecos remontassem tão atrás no tempo como este, não tenho memória.

Felizmente, um design cativante não é tudo o que CONVERSAS DE CAFÉ tem para mostrar. Este é um álbum, acima de tudo, livre. Livre de responsabilidade social, livre de dogmas, livre de “ter de parecer” Hip Hop, sendo-o sem qualquer esforço. É o mais próximo de indie que temos tido nos últimos tempos, com a sua mistura entre rimas para decifrar e rimas para sentir e instrumentais alternativos com um certo factor de club hit. Há uma sinceridade quase impossível de não reconhecer que atravessa todo o álbum, sentindose o seu ponto alto em “Sobrancelhas”. No extremo oposto está “Gajas”, uma estranha ode ao sexo feminino que contrapõe a extrema necessidade de companhia e o ‘tiptoeing out it’ típico das relações fortuitas. Ou, nas palavras de Stray, “continuamos com o tango”. “Café” é a banda sonora da vida de todos nós. A sério. Quando estiverem no vosso local de trabalho/estudo, a iniciar a vossa actividade com uma fumegante chávena de café à frente, vão dar por vocês a cantarolar “adrenalina, adrenalina líquida – CAFÉ! – energia, energia aditiva – CAFÉ!...”. Encham o depósito desta música e inclinem-se para trás. A faceta mais surreal, recôndita e viciante de CONVERSAS DE CAFÉ divide-se entre a sombria “Fósforos”, a fantástica “Maníaco”, o orgulho em ser diferente da “Ovelha Negra” e a luz intermitente da megalomania citadina, explosiva em “Néons”. Nesta última, podemos rever o Stray de “Oníricos Desterrados” e o Paulo Leitão de “Diagnóstico”. A presença já previsível de Martinêz acontece em “Conversas de Café” e é um insert de rotina entediante, a característica fundamental de qualquer conversa de café, por parte dos três MCs. Como diz o chefe matarroês, é um “suicídio com sabor a inércia” de que qualquer ser com brilho na alma sente quando se afoga no quotidiano. A despedida está no nome da faixa 14 (“Adeus”) mas acontece na música seguinte, “Brilho”. E não podia haver melhor despedida que “Brilho”. Vão-se descobrir a pensar no sample introdutório desta música a tempo inteiro, pois desde o sample à produção está, completa e indubitavelmente, ‘lá’.

Conversas de Café é, na conclusão de uma crítica que nunca poderia deixar de ter um cheirinho muito subjectivo de uma longa espera, um “clássico entre os clássicos Por: Joana Nicolau para a IV STREET

V/A

Free Speech Footmovin

Depois de algum tempo de descanso, a Footmovin volta à carga com a mixtape FREE SPEECH, a promover alguns artistas que estão para lançar ou mesmo a preparar álbum, como Bob da Rage Sense e Royalistick. Uma compilação recheada de muitos pontos agradáveis, desde os improvisos (ou falta deles), às brincadeiras de SP e Wilson, à surpresa de F.M e às próprias músicas. Royalistick é o primeiro neste desfile, com um som cheio de potência e, se me permitem, ódio. O "Anúncio" é dado por NBC, um dos mc´s mais musicais de Portugal, que aqui o prova muito bem. Uma música muito agradável e onde se nota a evolução deste mc. A "Fome" de SP por vezes pode ser prejudicial. Liricamente conseguiu estar um pouco acima do seu habitual mas, mesmo assim, mostra-se ainda um pouco limitado nesse aspecto. No que diz respeito aos outros, SP mostra que é um dos melhores a nível flow e de musicalidade também. Bob da Rage Sense transparece uma coerência de qualidade entre todos os sons em que está presente, tendo uma ligeira melhoria em "Do


que somos capaz", mas sempre a manter o bom gosto musical. A "Bola número 8" podia ter caído bem mais cedo - Black Mastah é, definitivamente, o elo mais fraco da Footmovin. "Hall of Hame", de Valete, mesmo não sendo um som de outro mundo, consegue ser a melhor música nesta compilação. No que toca a "Improviso", Sir Scratch prova que é mesmo o “Sir” dos 3; acho que em tantos anos Black Mastah ainda não percebeu que este ponto não o favorece. Já o seu irmão, mais à frente, consegue bem melhor. Na "Outra margem", "Liberta-te", como refere Sir Scratch. Começase a notar a maturidade do cada vez menos puto Manucho. "Toma", com M.A.C., é um dos melhores sons deste grupo, com um flow muito pausado que se demonstra perfeito para o ambiente sonoro. "A brincar, a brincar se dizem as verdades", assim reza a história de SP e Wilson - muito bom. F.M foi a maior das surpresas, muito boa sonoridade. Uma banda a ter em conta. No que toca ao design, o autor está de parabéns, muito bom. No geral está uma compilação razoável, com alguns pontos altos e com muito boas produções. Ficamos à espera agora do verdadeiro arrastão.

mesmo, Dj Sizza abre a casa muito bem e abre também a entrada desastrosa de Diz.Pára depois de se ouvir a música temos mesmo de procurar "Novos Horizontes". "Hoje sou” apresenta-nos Kilombo com o flow de sempre e, "Antes de mais", Perigo Público traz-nos a música que faz jus ao nome da compilação. A cumplicidade entre o artista e o beat é enorme. "O dia de amanhã" chega com TANB com uma voz cadenciada, como se pedia. A compilação segue e apresentam-se "6 elementos" intercalados, o que resultou num bom momento. Com o desenrolar das seguintes faixas a MUSI’Q’ALIDADE vai diminuindo, com uns piores que outros, mas sem grande diferença. Na recta final, aparece G.I. Joe sem o dj, a fazer-nos entender que ele também é bom no que diz respeito ao beatmaking, com "Eles vãome entender". Assim se chega ao fim de mais uma compilação portuguesa, e com ela se percebe que realmente existe publicidade enganosa. Por: Olheiro

Por: Olheiro

Praso

Focus 360º

Edição de Autor

V/A

Musi’Q’alidade

Kubiko Records

Um novo projecto sobe à tona no mundo hiphopiano. Designa-se por MUSI’Q’ALIDADE e compromete-se a lançar de 3 em 3 meses uma compilação com o objectivo de se divulgar cada vez mais a música portuguesa. Nesta edição, a compilação conta com o suporte das editoras Kubiko Records e Kimahera. Com alguns dos artistas mencionados como parte integrante do projecto a não figurarem no

Depois de dois EP´s e de várias participações em compilações, Praso apresenta-nos o seu álbum de estreia em formato independente. Nele, Praso conta com inúmeras participações, tais como: Blaya, Jordan, Subito, Gambino e Crisa Sheriff, e tem ainda uma produção de SP (“Vocês sabem quem eu sou”). Sendo assim, as restantes produções ficam a cargo de Praso. 15 faixas percorrem o álbum, onde a maioria transporta uma visão pessimista da vida. Uma escrita razoável, muito simples, que não consegue cativar por muito tempo. Mc monocórdico em grande parte do álbum, sem grandes oscilações de qualidade.. Em "Ela nem sabe", Praso revelase como story teller, com um boa ideia mas com algum défice na concretização. Uma boa surpresa

chega em "Vocês sabem quem eu sou". muito por “culpa” do beat de SP. Praso surpreendenos com um novo groove, um bom refrão e uma eficaz união entre beat e voz. O que nos deixa a pensar: Será que com produções de outro gabarito Praso seria um melhor mc? Fica a questão.

Por: Olheiro

Verbal

Dias de Treino

Edição de Autor

Verbal regressa de forma surpreendente e repentina, num registo mixtape, após o lançamento de VIAGEM VERBAL pela Matarroa. O disco de estreia mostrou ao Hip Hop nacional mais um artista inovador e de qualidade, logo, a expectativa estava, agora, acima da média. A primeira audição de DIAS DE TREINO foi, por isso mesmo, atenta, enquanto a pergunta “O que é que terá feito o Verbal desta vez?” permanecia, faixa a faixa. Este disco é Rap, antes de tudo. Com uma “Entrosa” animada, facilmente se entra nos seguintes temas. “Karate Rap”, com a participação de Crewcial, clã fiel ao MC angolano; em conjunto criaram uma agradável mistura de Rap com momentos extremamente melodiosos, tema que fica no ouvido, bem ao jeito de “Formato Skebelai”. O ritmo acelera com “6.12” com Sch. Watuva e Damani Van-Dúnem, com um beat inspirado nos americanos, mais sabor groove à mistura. “Como Eu Expresso” trata-se de soltar expressões, emoções, sem fugir ao verso faz uma viagem (mais uma!) ao seu interior, onde a frase subtil e marcante ao mesmo tempo “milhões de pensamentos contidos que vos atiro ao ouvido” se sobrepõe a qualquer outra ideia. “Drago” é o melhor exemplo para uma passagem um pouco mais bounce mas “Linguagem Agressiva” e o som que baptiza a mixtape, “Dias

de Treino”, com a boa produção de Dreamer, lideram o pódio da qualidade deste novo registo discográfico, a todos os níveis. Aquela voz samplada que se ouve lá ao fundo, arrebatadoramente Soul, é viciante. Verbal divide “Cocktail Molotov” com Ikonoklasta, que vale pela lufada de ar fresco da voz dele. Destaque também para “Afrorigem” e “Quem Sou”. Os convidados são em grande quantidade ao longo do disco mas é Verbal que sobressai sempre, como produtor e liricista. Os seus skills como bom rapper que é não ficam esquecidos, tal como o sotaque angolano e o ritmo com que interpreta o que escreve, que lhe assentam que nem uma luva. Verbal parece assumir uma postura honesta no Hip Hop tuga. Tanto em VIAGEM VERBAL, como neste recente DIAS DE TREINO, o MC é o reflexo do que canta - sentimos quando o tema é triste, sentimos quando o tema é revolucionário, sentimos quando o tema é puro orgulho africano. Só o flow de Verbal se adequa aos instrumentais, às temáticas exploradas, às sonoridades patentes. Mesmo assim, chegando à “Tirosa”, o retiro, parece que Verbal queria ter continuado o álbum… Com mais palavras, mais rimas, mais músicas. Por: Vanessa Cardoso

K-OS

Atlantis: Hymns for disco EMI/Virgin

ATLANTIS:HYMNS FOR DISCO, como já devem ter percebido, é mais um registo discográfico do badalado rapper canadiano K-OS, com ascendência em Trinidad e Tobago, e que ao longo dos anos nos tem vindo a confrontar com uma constante assimilação de outros estilos para além do reggae e R&B, aos quais nos habituou em outros títulos como ‘Exit’ (2002) e ‘Joyfull Rebellion’ (2004).


Putos qui Neste álbum K-OS (Knowledge of Self) vai mais longe e apresenta-nos um sem fim de novas influências desde Soul, Rock, Blues, Jazz, Disco e até mesmo Country! Tal mistura de estilos poderia levar a um resultado desconexo e incoerente mas a grande surpresa deste disco está precisamente aí pois isso não acontece. E isso não sucede por duas razões, primeiro porque o produtor de maioria das faixas e responsável por esta grande panóplia de sons é o próprio KOS, e segundo por causa da versatilidade deste – demonstra grande facilidade na mudança de registo, isto é, consegue passar, por exemplo, do Reggae para R&B facilmente e dando a sensação de se sentir bem confortável em ambos. Se esperam por aquelas punchlines maradas, dicas que nos comem a cabeça ou até mesmo aqueles beats doentios, esqueçam! Este álbum está de tal modo alternativo que por vezes me questiono se é Hip Hop que estamos a escutar devido aos gostos tão ecléticos do seu autor. Ao fim de umas tantas audições apercebemonos que a matriz principal é Hip Hop apesar de as partes rimadas serem cada vez menores relativamente a outros tempos, mas ainda existem em “Electrick-The Seekwill”, “Catdiesel’” e “Ballad of Noah” ou até mesmo nalgum beatbox escondido num interlúdio e no final do álbum, com o acompanhamento devido de K-OS. Todo o álbum transmite uma energia inesgotável que sabe muito bem para começar o dia pois consegue-nos contagiar com todo o seu positivismo e boas vibes. Quanto a temas abordados podemo-nos aperceber de uns tantos como a raça, alienação, solidão, relações amorosas, materialismo ou até o nosso espírito, basta que escutem músicas como “Sunday Morning”, “Mirror On The Sky”, “Born To Run”… enfim, oiçam e descubram por vocês próprios. Acho que é uma experiência que as mentes mais receptivas vão gostar. Escutar este tipo de álbum é o mesmo que ouvir de tudo um pouco ao mesmo tempo, conseguindo-se obter um resultado simultaneamente curioso, apaixonante e fresco que nos faz reflectir sobre os caminhos que o Hip Hop pode tomar enquanto estilo musical. Por: A.Silva

a ta cria

Mais do que uma união de várias e diferentes pessoas para fazer música, este projecto é a união da música Hip Hop a iniciativas de carácter social e cultural. Traduzindo, Putos Qui A Ta Cria significa “as crianças que estão a crescer”, em crioulo cabo-verdiano, e resulta da participação numa formação com o nome de Long Term Training Course Diversity and Cohesion, destinada a jovens trabalhadores sociais, que foi promovida pelo Concelho da Europa, e que decorreu entre Março de 2004 e Abril de 2005. Jovens de vários bairros da Grande Lisboa, a uma só voz, mostraram a criatividade de que são capazes com um disco homónimo e duplo, uma iniciativa única em Portugal. Consciencializar, incluir, encorajar pessoas e festejar o Hip Hop foram as palavras de ordem. IV STREET: Como é que tudo aconteceu? PUTOS QUI A TA CRIA: O ponto de partida foi a Associação Laços de Rua, com a colaboração de algumas instituições que actuam em bairros da periferia de Lisboa. Tudo começou com o convite para criar um disco que chegasse aos jovens de uma forma positiva e optimista com a participação, também, de jovens de bairros diferentes, e que tivessem em comum a paixão pelo Hip Hop. Durante um ano tivemos que nos conhecer, escrever letras, criar as músicas, escolher beats e lançar o álbum. IVS: Qual é a ideologia deste projecto?

P: Os Putos Qui A Ta Cria pretendem, com este disco, atingir uma nova forma de fazer música. Centramo-nos no desempenho do MC que fica com o papel de responsabilidade acrescida, em ser um educador social com capacidade para sensibilizar os jovens para todos os problema que nos afectam actualmente. Desde a coesão social ao respeito pelo próximo. Através do ritmo e da poesia construímos um projecto de valores importantes, para que as crianças e os jovens que estão a crescer não sigam caminhos que não devem… IVS: Quem participa? P: Os MC’s são Boss (Bairro das Fontaínhas),


Cay Cay e L. King (Bairro das Marianas), Kromo di Ghetto (Cova da Moura), Sebeyks (Casal da Mira), Strike MC (Queluz), S.E.T.H (Alapraia), a Dama Bete (Parede), Lady F (Bairro das Fontaínhas), a cantora do grupo, Macaco Simão, produtor do primeiro disco e Outlaw, produtor do segundo. IVS : Que temas foram abordados? P : Como MC’s, quisemos abordar problemas reais da sociedade actual com o objectivo de alertar as pessoas para o que está a acontecer, transmitindo uma mensagem optimista. Quisemos falar da prevenção para doenças sexualmente transmissíveis, da luta contra o racismo e a descriminação em geral, colocámo-nos contra a violência e tentámos denunciar a acção dos meios de comunicação como manipuladores de informação, entre outros temas. Quisemos, principalmente, sensibilizar! IVS: Como foi a divulgação do álbum Putos Qui A Ta Cria? P: O principal motor de divulgação é a Internet, sem dúvida. Tanto no You Tube como no My Space temos milhares de pessoas que ouvem as nossas músicas, que vêem o vídeo do tema “Intrudução”, que tem a participação do Karlon dos Nigga Poison e do DJ Maskarilha, e mandam mensagens de apoio. Não fizemos publicidade pura nem o disco está à venda em grandes superfícies. Tivemos alguns concertos de lançamento como o do Santiago Alquimista e outro no Estoril. IVS: Depois disto, qual o próximo passo? P: Nós adorámos este projecto e dedicámo-nos a ele ao longo do ano que tivemos para o concretizar. Para as condições que tivemos, achamos que o produto final tem imensa qualidade. Até porque é um projecto que nunca se fez, é único em Portugal. Não sentimos a pressão de fazer um outro disco. Achamos, isso sim, muito mais importante que agora cada um se sobressaia individualmente e trabalhe nos seus projectos a solo. Esperamos que num futuro bem próximo isso aconteça. Por: Vanessa Cardoso

IV Street: A mixtape “Na Street Vol 1”, foi o primeiro lançamento da Kubiko Records em 2005. Desde aí, o que a Kubiko Records tem feito até agora? Kubiko Records: Sim, apesar de já andarmos aí há algum tempo, a mixtape NA STREET Vol.1 foi a nossa primeira edição. Desde essa altura temos vindo a acompanhar Sniper, que se juntou à editora em 2005 e já se encontrava a trabalhar o seu álbum, que vai sair agora em 2007 em parceria com a Rimodromo Produções. Também estamos a trabalhar noutros projectos para 2007, a compilação RAPERTÓRIO que vai ser uma compilação inteiramente gravada no nosso estúdio e que foi sujeita a concurso, ganho por UB Squad e Ruky. O estúdio foi outro objectivo que foi alcançado este ano. A Kubiko Records vem aos poucos a tornar-se no que queremos desde que começámos e aos poucos vamos atingindo os nossos objectivos. A Kubiko Records desde o lançamento da mixtape até agora, já se tornou numa editora musical, num estúdio de gravação e numa organizadora de eventos.

desde a escolha de participantes, instrumentais, e porque este nome para a compilação? KR: Esta compilação, quando começou a ser projectada, era para ser daquele tipo de compilações a que o movimento português se vai habituando porque ia ser gravada em casa de cada artista. O que não ia dar a melhor qualidade sonora e neste momento a KR só quer lançar trabalhos com qualidade. Durante o tempo da organização da compilação nós começamos a construir o nosso estúdio e agora com este concluído e aberto ao público, vamos lá gravar toda a compilação. Os participantes já foram anunciados, mas a lista vai ser alterada porque não têm a possibilidade de vir gravar cá e sendo assim a lista vai ficar mais ou menos Top Secret, e na altura certa será devidamente divulgada. Instrumentais, cada artista vai trazer o seu e Sniper vai produzir alguns. O nome RAPERTÓRIO vem da palavra repertório que significa junção de conhecimento, mas neste caso do Rap.

IVS: A Kubiko Records (KR), organizou por completo a NA STREET, como foi juntar MCs de Setúbal? Alguns ficaram de fora? Dado que esta mixtape foi lançada em 2005... KR: Foi uma boa experiência sem dúvida. Deu algum feeling lançar essa mixtape, ainda houve alguns mcs que eram para entrar e não houve oportunidade devido a trabalho e outras coisas da vida. Mas conseguimos juntar a maioria dos MCs de Setúbal, se fosse agora (passado só 1 ano) já seria mais difícil porque apareceram mais MCs em Setúbal e já se ouve boa música em Setúbal e isso tornava a escolha mais difícil, mas não é nada que não tenhamos pensado, talvez daqui a um tempinho possas ter o volume 2 na estante. (Risos)

IVS: No passado dia 16 de Dezembro, organizaram a festa: “Urban Voices”, totalmente organizada por vocês. Como correu do vosso ponto de vista, uma vez que foi a primeira festa organizada pela KR? KR: Do nosso ponto de vista, para a primeira festa foi, não boa, mas sim muito boa. Sentimos muito o people que lá esteve, foi algo que não se sentia em Setúbal desde há muito tempo. Quando andamos na rua o people pergunta sempre pela próxima festa e parece que vamos ter que avançar para uma Urban Voices Parte 2. No que diz respeito aos artistas que participaram na festa, o público gostou, o people sentiu o calor que se fazia na festa, usando as palavras da Nessa (La Dupla) “ Não sentia assim tanto calor numa festa há muito tempo”. Correu tudo muito bem, é uma questão de repetir.

IVS: Disseste que a Kubiko Records está a preparar uma nova compilação que teve direito a concurso, RAPERTÓRIO. Contanos todo o processo desta nova compilação,

IVS: Organizar uma mixtape, uma compilação e uma festa não é tarefa fácil. Por quantos elementos é constituído esteGrupo/Editora e fala-nos um pouco


de cadaum e dos seus projectos. KR: KR actualmente conta com 6 membros que são : SAZ – SNIPER -KILAT – BEST – BRANCO – DJ SIZZA , cada qual com as sua funções para que tudo funcione da melhor maneira possível. Em relação à edição de álbuns, compilações, etc… tudo o que diz respeito a Produção está a cargo do MC/Produtor SNIPER, todos os Scratch a cargo do DJ SIZZA e DJ BEST (com algumas participações tanto de produção como de scratch), o grafismo está na mão de BEST e BRANCO assim também como todo o merchandising. Tudo o que é trabalho de estúdio, captação, mistura etc… todos trabalham em prol de tirar melhor proveito e qualidade para que no final de cada projecto todos fiquemos satisfeitos com o resultado. Com muito esforço, muita força de vontade, as cenas vão se fazendo, é preciso trabalhar e vontade de trabalhar, o resto vem por arrasto. IVS: S1ºM talvez seja o projecto que mais tempo dentro da Kubiko Records. Que projectos há para o futuro deste grupo? KR: S1ºm é criado por Branco e Saz, contando com a participação de Kilat em algumas faixas. Esse é o grupo que mais tempo tem e que formou a KR, desde meados de 00/01 que S1ºm existe, e em 2003 criou a KR. Desde esses tempos até agora sempre entrámos em mixtapes e compilações, e agora finalmente estamos a trabalhar no primeiro álbum, álbum esse que vai ser produzido pelo Sniper e obviamente vai entrar a tropa toda, vamos entrar tambem em futuras compilações que não vale a pena dizer nomes. É uma questão de tempo.

IVS: Fala-nos um pouco dos projectos a serem trabalhados na Kubiko Records. KR: Existem muitos trabalhos a evoluirem dentro das quatro paredes da Kubiko, mas nós gostamos de trabalhar devagar para não ter nada feito que depois nos arrependamos, agora com o estúdio temos trabalhado com muita gente. Mas a ser trabalhado na KR estão primeiramente os projectos da casa. Compilação RAPERTÓRIO, Sniper – DESARMAMENTO (em colaboração com a Rimódromo Produções), Exbonafide, Hadjy, S1ºm. E em breve também vão poder ouvir Ruky, que está a preparar um Ep que vai ser lançado pela Kubiko Records. De três em três meses a Kubiko Records em colaboração com a Dark Mixtapes vai lançar Musi(Q)alidade, um projecto que promete ser sempre grande. IV Street: Para terminar, queres deixar alguma mensagem para os leitores da IV STREET? KR: É sempre bom deixar uma mensagem de apoio e de parabéns para a revista. Espero que esta revista venha dar força ao Hip Hop Português, visto que no nosso ver está cada vez mais fraco. A cultura portuguesa está a habituarse muito ao download de álbuns. Apoiem a cultura, aproveitem a revista para ver se nas críticas o álbum tem valor ou não. Temos que dar valor ao trabalho de todos os artistas. Kubiko Records está aí para colocar bons projectos no mercado, se gostarem digam e se não gostarem também, todas as criticas são construtivas. Por:João Coelho

Parece que foi ontem, mas a realidade é que James Dewitt Yancey faleceu há mais de um ano, sendo para muitos um nome completamente desconhecido. O certo é que se tem vindo a ouvir e ver mais frequentemente nas inúmeras homenagens que se tem feito ao nome pelo qual é mais conhecido, ou seja, JAY DILLA. Nascido e criado na cidade de Detroit, cedo começou por estas andanças e com apenas 16 anos formou juntamente com dois colegas de turma, um desconhecido grupo chamado Slum Village onde cresceu a sua paixão pelo mciing e teve as primeiras experiências na produção, na qual conseguia obter resultados interessantes com apenas umas ferramentas de produção

demasiado básicas para finalidade, algo que mais tarde iria impressionar outro músico experimentado de Detroit, Amp Fiddler, que acabou por emprestar a sua MPC a este talentoso jovem, na altura já com 18 anos. Este facto parece-me ter especial relevância na carreira deste produtor pois a partir de 95, J-Dilla surge-nos com o seu grupo e um “Fantastic Vol.1” (o título diz tudo), sendo apenas a primeira grande referência do produtor em lides discográficas porque o seu talento e notoriedade transcendia os próprios Slum Village e as collabos foram-se multiplicando, estabelecendo um currículo de participações que dava para encher muitas páginas desta revista e onde constariam grandes nomes como Talib Kweli, De La Soul, The Pharcyde, ATCQ, Common, Roots, Ghostface Killah e certamente muito, muito mais. Todo seu trabalho e dedicação, não só ao Hip Hop como à própria música tornou-se reconhecido, apreciado, venerado e actualmente é tido como uma referência incontornável e um dos produtores mais influentes da história do Hip Hop. Realmente a história é muito bonita e acho que a poderia continuar, fosse o meu objectivo fazer apenas uma biografia, pois a carreira de J-Dilla não se pode limitar a isso porque tal como qualquer outro artista o seu objectivo para além de nos fazer ouvir, era fazer-nos sentir tudo aquilo que transpunha para a sua obra e isso não se pode limitar a um texto objectivo ou meramente cronológico. Às vezes penso naquelas t-shirts que têm estampado “J-Dilla Changed my life’ mas tenho que confessar que os meus primeiros contactos com ele não foram de amor à primeira audição porque somente gostava de algumas coisas que escutava, tudo isto porque há 4 anos atrás não tinha a preparação necessária para escutar um disco como Champion Sound proveniente da sua parceria com Madlib, a sua cara-metade musical.


Vá para

fora

Pode parecer estranho, mas é verdade, certos álbuns exigem ouvidos mais aptos para entender a sua essência, digo isto por duas razões, uma porque Champion Sound é o um álbum que anteriormente só escutava 4 ou 5 faixas e agora devoro-o por completo, e duas, para alguns curiosos e desconhecedores que depois de lerem isto podem ir em busca da vasta discografia de J-Dilla e não achar nada de especial ao primeiro contacto, mas meus amigos o que primeiro se estranha depois entranha!!! Álbuns como Champion Sound e Welcome 2 Detroit são daqueles que vão sempre constar no meu reportório mental e que me mudaram e ensinaram a sentir aquilo que Jay-Dee nos tinha para oferecer, e é nestes momentos que penso como seria o mundo de hoje se ele não nos tivesse abandonado naquela triste 6º feira de manhã. Certamente que seria melhor mas apesar da sua morte Jay não se esqueceu de nós e deixounos em testamento algo como o delicioso registo instrumental Donuts, o qual ainda testemunhou o lançamento, no dia do seu 32º aniversario, três dias antes do seu falecimento e ainda The Shinning já editado após a sua morte. Porém estes dois últimos lançamentos para além de transparecerem a genialidade do seu autor também o imortalizam tal como outros ícones como Tupac, B.I.G, Big Pun ou Big L e apesar de morrer relativamente jovem, JaYDilla deixa um legado que marcou e marcará gerações e embora tenha deixado este mundo físico a sua alma continuará a pairar a cada beat e rima que escutarmos de sua autoria. Ps: Enquanto escrevia este texto devorei mais uma vez CHAMPION SOUND. Damn!!! O álbum está mesmo demais… JAY – Dilla mudou realmente a minha vida…

Por:André Silva

Convidado: IV STREET: Em que lugar é que podemos encontrar Hip Hop em Coimbra? Onde é que o pessoal se costuma juntar? SWEAT: Podemos encontrar Rap à venda na Fnac, na discoteca Almedina e ainda algumas maquetas e mixtapes na SSB Skatehouse. Todavia, ainda não existe um local fixo em que as pessoas se possam encontrar e desfrutar deste estilo musical. Embora as casas continuem a ter uma boa parte de culpa no assunto, nomeadamente por não fornecerem as condições mínimas para suportar este tipo de eventos, o próprio público não adere a este tipo de iniciativas. IVS: Quem são os intervenientes activos no Hip Hop, nas suas quatro vertentes, neste momento em Coimbra? S: Dentro de uma oferta que cada vez está mais em crescimento, destacam-se, no dj'ing, Dj Leat (Urbisom Records), que acaba agora de lançar a mixtape MÁ IMPRESSÃO, e Dj Ls (SBT2). No mc'ing destaco S.U.N, com o qual trabalhei na mixtape CONSUMO OBRIGATÓRIO; Mxl, Mabro e Bits27 (Sickscore); Ruze e Bomberline (SBT2) e ZapKikz. No graffiti, Poppy e Sasi. E, finalmente, no breakdance, Wandering Style Crew. IVS: Que paredes ainda estão por pintar? S: Há uma grande parede que precisa urgentemente de ser pintada, aquela onde estão retratadas as mentalidades e posturas dos donos do comércio e da indústria musical em relação ao rap e ao seu consumo. O rap está numa

cá dentro

SWEAT

moda hipócrita, uma moda que funciona só para alguns, e a causa disso é a não existência de quantidade suficiente de rap de qualidade. Há muito rap, mas pouco de qualidade. Em Portugal, as pessoas desculpam-se com o underground, o que faz com que as referências se contem pelos dedos das mãos. IVS: Como vês o panorama a nível de Hip Hop em Coimbra? Está melhor, pior que há uns tempos atrás? Tem futuro? S: O Hip Hop em Coimbra espelha o panorama nacional. O movimento tende a tornar-se repetitivo e seguidor de um só padrão. Claro que isso faz parte do crescimento do fenómeno e temos que dar tempo para o crescimento artístico de cada um, mas será essa a desculpa? IVS: Em que país gostavas que estivesse Coimbra para a poderes levar a um patamar mais elevado? S: Sem hipocrisias, Estados Unidos. Por: Olheiro


DUELO MENTAL é o nome de mais um registo algarvio. Com a autoria da dupla composta por Spell e Dj Gijoe, esta será a primeira edição com o carimbo da Kimahera. IVStreet: Em traços gerais, como é que retratam este DUELO MENTAL? Spell: O DUELO MENTAL é um quebra-cabeças. Cada som é uma peça do puzzle, destinado a um público mais consciente pronto para desafiar o seu próprio intelecto. Inspirado na luta existente dentro de todos nós, onde o bem e o mal se confrontam, ninguém ficará neutro a este DUELO MENTAL que encoraja todos a vencerem os seus próprios limites, ao ponto de superarem este mundo… Saúde, amor e êxito são nossos por direito… Brindemos, a vitoria é nossa!!! (Props para o Raze) Gijoe: O DUELO MENTAL é um álbum de uma dupla algarvia que gostou mesmo de trabalhar neste projecto. Feito com calma, teve por trás um conceito muito definido e que tornou o caminho deste trabalho muito lógico e intuitivo.

Um caminho bem definido, apoiado por um conceito que ambos sentimos que faz falta na música actual: a necessidade da música puxar por nós a nível mental. IVS: Como surgiu a ideia de uma parceria entre vocês? Spell e Gijoe: O DUELO MENTAL, em primeiro lugar, era para ser um CD a solo do Spell, mas como sempre trabalhámos juntos, surgiu a ideia de unir esforços fazendo algo mais construtivo,

mais consistente e bem mais maduro. Como ambos já tínhamos experiência prévia, pusemos em prática o nosso knowlegde: o Spell com o seu liricismo místico e o Gijoe com seus scratches cheios de feeling. Decidimos que a produção ficaria a nosso cargo… Depois foi o habitual processo alquímico de transformar o produto bruto em ouro de 24 kilates… G: Tudo começou com um som gravado logo após a mixtape MÚSICA DE PALAVRA, em que eu, Gijoe, produzi um beat e gravámos o som “Pseudónimo”. Já vínhamos a fazer sons em conjunto há algum tempo, mas esse deu o click para a conversa e decidimos que íamos trabalhar num álbum em parceria. Dois anos e tal depois… Está aí o resultado. IVS: O que é que vos motivou para a escolha de um single cujo tema é a religião? S e G: O single não foi escolhido pelo tema, mas sim porque foi dos últimos sons a ser produzido, escrito e gravado. Sentimos que era o nosso melhor nível. Na produção, Gijoe entregou um beat com muito significado, samplado de uma música do ano em que nasceu, com chops bem ao seu estilo: dramático. Já o Spell libertou algumas coisas que tinha entaladas na garganta e também acabou por usar um flow que colou muito bem no beat. É aquele som que fala por si e que expõe a verdade em formato de sátira. Digamos que no nosso tabuleiro de xadrez era o som que simbolizava a rainha, aquela que abre todas portas e tem mais liberdade no tabuleiro… IVS: Que outras hipóteses puseram para single? S: Era para ser o rei, mas era demasiado arriscado, podia ser comido… (risos) G: Eu curtia mais o bispo! Mas anda aí muita coisa a ser falada acerca dessas figuras religiosas...! As rádios estão a receber o som “Amor, skill e flow (ft. Dino)” além do “Seja feita a Vossa vontade”. Também o som “Nossa Visão (ft. Estafeta)” está parcialmente acessível às pessoas em e pois é um tema que fala de realidades muito próximas a nós (eu já pintei, patino, o Estafeta patina e o Spell já pintou). IVS: Uma das vossas aparições mais marcantes foi na compilação MÚSICA DE PALAVRA. Que tipo de feedback receberam desse projecto? S: Foi muito bom sem dúvida. A MÚSICA DE PALAVRA foi o primeiro trabalho oficial do Joe e chegou a muita gente, deixando o people com água na boca… Depois surgiram muitas mais oportunidades onde entrámos juntos, assim como a compilação do Twism, BEATS E RIMAS. A mixtape acabou por ser uma grande ajuda

para espalhar o nosso nome em Portugal e estoulhe muito agradecido. G: A mix MÚSICA DE PALAVRA, foi o momento em que eu decidi mostrar o que alguns valores do Algarve e não só, andavam a fazer. Uns já tinham nome bem formado, outros ainda não. Foi esse o intuito da mixtape e com esse trabalho conheci muita gente, descobrindo afinidades musicais com algumas dessas pessoas. No caso do Spell, já estávamos ligados, mas aí vimos que era possível levar “a dupla” para algo mais organizado. Foi o meu primeiro registo, mas sinto que foi principalmente para mostrar um pouco do que se ia fazendo por cá… Agora estou a ver se preparo o próximo volume… Mas ninguém sabe, fica só entre nós.

IVS: Será que nos podem falar um pouco sobre o vosso papel dentro da Kimahera? G: Eu limpo o estúdio ao Domingo e o Spell costuma carregar as paletes com as garrafas de água. Além disso, temos uma equipe de danças de salão com a qual vamos participar no campeonato 2007, no Japão. Têm de ver o esquema do Reflect, está um mimo! Também gravamos lá e é lá que estruturamos a nossa música e os nossos projectos. Para a Kimahera esta é a primeira edição. Obrigado ao Pedro por apostar neste projecto. Mais que uma editora ou estúdio, Kimahera, és GRANDE. S: Foi a Kimahera que nos apoiou e possibilitou a gravação com a qualidade que queríamos. É onde gostamos de fazer música e acabámos por nos tornar uma grande família. IVS: Como referiram, esta é a 1.ª edição


da Kimahera. Será que vamos poder vermais projectos algarvios a serem editados brevemente? Gijoe: Além das danças de salão, vão sair mais trabalhos. Alguns na forma de edição, outros disponibilizados na net, em forma de mixtapes e/ou EPs. Além desses trabalhos, estamos a gravar outros projectos e sons soltos, como a saga 6 Elementos. Reflect: Isto do estúdio e editora é tudo muito bonito, mas a boa vontade não edita álbuns. DUELO MENTAL nasce de uma vontade de passar para as edições aliada à ambição de elevar o Hip-Hop nacional para um estatuto que tem vindo a perder ao longo dos anos. A Kimahera continua activa, os artistas que formam esta equipa continuam a trabalhar e se as coisas resultarem bem em relação ao DUELO, a porta estará aberta para próximos projectos com a nossa assinatura. Por agora estamos a trabalhar noutros projectos, sendo que alguns vão estar gratuitamente disponíveis no futuro site da editora.

IVS: A nível de DJing, Gijoe, como vês o teu trabalho até aqui? Tens o IDA (ex-ITF) na mira? G: Tenho sim! Na mira para ir ver e acompanhar os grandes turntablists de Portugal. Um grande big up ao Ride! Eu não entro em competição, evito isso em tudo o que estou envolvido, já me chega a competição profissional que não posso evitar. Sei o positivo para a evolução do dj que a competição significa, mas eu sou assim, dáme muito mais gozo fazer as cenas para minha própria evolução e ver os grandes mestres do djing em Portugal competirem saudavelmente!

Até aqui tenho feito as coisas com calma, ao ritmo que me vai apetecendo, porque a partir do momento em que a música é forçada perde muita da sua beleza. Já que o posso evitar, vou tentar continuar como até aqui: chilling. IVS: Existe algum conflito entre a tua colaboração com o Twism e a colaboração com o Spell? Ou a criatividade chega para todos? G: Epá, agora foste tocar num ponto muito complexo! Há sim, eles estão sempre a discutir por isso, umas alcoviteiras, só ciúmes! “Ah, porque estás sempre a ir para os concertos com o Twism”, “Ah, porque o Gijoe está sempre no estúdio com o Spell, não resta tempo para mim”… Enfim. Eu ainda por cima, nesta matéria, sou a favor da poligamia… Então torna-se complicado! Ou não! Logicamente não há qualquer tipo de problema, eu trabalho com quem me interessa e com quem acho que o meu trabalho possa dar algo de positivo ou acrescentar algo. Esses são dois dos muitos projectos em que trabalho musicalmente, mais expostos, devido à sua edição, mas não são os únicos. Cada projecto recebe especial atenção e felizmente ainda sinto que há criatividade e vontade para todos os com quem me proponho a trabalhar. Desde esses, DGPG, malta da Kimahera, Dino, Kahestiga, Lady N, Sagespectro, Praso, pessoal de todo o Algarve e não só, Raze, o pessoal todo com quem eu tenho feito cenas… IVS: Últimas palavras… S: B-boys, writers, djs, mcs, rappers… Continuem a mostrar skill! Não é preciso competição, mas sim criação e lugar para todos! A Tuga está a evoluir e é preciso apoiar quem faz por isso. Apoiem todas as iniciativas… Editoras, sites, revistas… Big up e muita união! G: Pensem, pensem, pensem e sigam a vossa vida. Até podem pensar e chegar à conclusão que as cenas feitas sem pensar sabem melhor, mas pelo menos pensem nisso, por vocês… Não porque os outros dizem, nem porque ouviram na música tal… Vocês são máquinas mortíferas de criação e elaboração de ideias, todos! Agora, usem para o que vos faz sentir melhor! G e S: Muito obrigado pela entrevista. www.kimahera.com www.myspace.com/sickonce www.myspace.com/spelltheone . Um especial obrigado às marcas Stygma e Sifika. Por: Daniela Ribeiro e Joana Nicolau

Membro do colectivo Movimento Clandestino e Projecto de Surra, Suarez preparase finalmente para lançar o seu álbum de estreia a solo. IV Street: VISÃO DE UM ESTRANHO é o nome do teu álbum de estreia a solo. Será que nos podes falar um pouco sobre o conceito deste álbum? Suarez: O disco VISÃO DE UM ESTRANHO é um trabalho que foi acontecendo. Eu sempre me mantive activo na escrita e sempre tive a necessidade de me exprimir, como estou sempre a compor e a produzir, as cenas foram evoluindo sem fórmula. No fundo, eu não pensei nos temas que queria para o disco, nem pensei no que queria “mostrar”, é por isso que tenho temas muito pessoais e não premeditados. A única coisa com que me preocupei foi em ser sincero comigo próprio. Este não é um disco street, porque essa não é a minha realidade, também não é extremista porque eu não sou de extremos. Penso que apesar de tudo relata variadas situações

sociais. Em relação aos instrumentais, o MCM foi fenomenal, pois passou-me grandes produções e fez com que o disco ganhasse um equilíbrio muito positivo. Digamos que quem ouvir o disco “vê” o mundo da forma que eu vejo (durante uma hora e qualquer coisa) e fica a conhecer-me melhor. Tenho a perfeita consciência do trabalho que tenho em mãos e não estou nada iludido. Apesar de ser o meu primeiro disco a solo, já sou “raposa velha” (risos). Outra coisa que torna o disco especial é a própria capa. O Guly é que tratou do grafismo e enriqueceu bastante o disco. Pessoalmente gosto muito e agradeço ao mano Guly por tudo. IVS: Neste álbum contas com participações. Não nos queres

diversas


falar delas? S: Só tenho que agradecer aos meus manos, pois quem entrou no disco foi mesmo a família. Eu não costumo partilhar temas com pessoal com que não me identifico, logo as participações são todas a minha “cara”. Eles foram todos receptivos quando os convidei e ficaram tão ansiosos como eu. Foram conexões de família e acho que ficaram muito potentes (risos). Só tenho pena de não ter conseguido fechar o tema com o Duplo MC, devido a diversos contratempos que impediram a conexão, mas certamente no futuro não faltarão oportunidades… IVS: VISÃO DE UM ESTRANHO será mais um registo da Covil Produções. Como é que surgiu a Covil e qual é o seu principal objectivo? S: A Covil é uma “freelancer”. Neste momento temos esta posição no rap português. Somos o que somos porque não queremos ser mais. Não dependemos de ninguém para gravar os nossos sons, logo somos muito independentes em relação à composição e gravação dos temas. Já temos alguns trabalhos editados e o lema é enriquecer o panorama e “saciar” a nossa “sede” de expressão. O objectivo é mesmo auxiliar os manos que precisam de gravar as suas cenas e espalhar ao máximo o rap na nossa zona. IVS: Quando é que poderemos encontrar o álbum à venda? S: Neste momento não sei, porque o disco está em reprodução e não quero adiantar datas “incertas”. Espero que no final do mês de Março já esteja na rua, mas só quando tiver o produto final na mão é que adianto uma data.

Já posso é dizer que no dia 20 de Abril vou fazer a apresentação oficial do disco (com os vários convidados) em Beja, na Galeria do Desassossego. IVS: Com a colectânea ALEMDOTEJO deste um enorme contributo para o reconhecimento do Hip-Hop alentejano. Como surgiu a ideia de criar esta colectânea e como se deu a escolha dos vários elementos que participaram? S: Quando eu comecei a escrever e a cantar passei por muitas fases e dificuldades, pois era complicado gravar uma cena com um mínimo de qualidade e até mesmo trocar opiniões com pessoal do movimento. Como todos sabem no Alentejo não existem tantos projectos de rap como nos grandes centros metropolitanos, logo, tudo o que fui aprendendo foi sozinho. Como eu até sou um gajo que curte estar envolvido com pessoas, com ideias e acima de tudo com a música, decidi fazer um disco com o objectivo de “oferecer” aquilo que não tinha quando me iniciei no rap. Em relação às participações, não fui nada rigoroso e muito menos controlador. Limiteime a convidar MCs da zona do Alentejo, independentemente do estatuto que representavam no movimento. Nas próximas edições tentarei variar ao máximo os MCs, pois um dos conceitos da compilação é colocar no disco pessoal que não tem registos e que ninguém conhece. Aproveito já agora para dizer que estou a trabalhar no vol.2 da ALEMDOTEJO e que este vai estar ligeiramente diferente do anterior (risos).

IVS: Será que nos podes retratar um pouco do percurso percorrido desde o início do Hip-Hop no Alentejo até aos dias de hoje? S: Os primeiro movimentos relacionados com Hip Hop no Alentejo devem ter acontecido há cerca de 10 anos, se tanto. Acho que as primeiras expressões foram mesmo no graffiti e que a primeira zona a sentir a força da cultura deve ter sido o litoral alentejano (Sines, Santo André e por aí fora). Tal e qual como no resto do país a cultura foi se espalhando, a diferença é que a projecção cá é sempre significativamente menor do que no resto do país (não só na música, como em todos os ofícios). O povo alentejano, apesar da sua postura humilde e do gosto que tem de receber “forasteiros” em sua casa, tem um grave complexo de inferioridade, pois tudo o que surge de fora da região é sempre melhor e mais aclamado. Os trabalhos que cá se fazem são automaticamente descredibilizados. O pessoal cá sabe já diferenciar um Valete de um Mundo, mas não sabe diferenciar por exemplo: o Praso de um VRZ. E depois acontecem cenas muito esquisitas do género, alguém faz um evento e convidam um writter do Porto com menos experiência que gajos da própria zona para vir pintar ou fazer um workshop, porque pensam: “ Epá... O gajo é do sitio “X”, logo é melhor que os nossos “Y”’s!”… Seja como for há cerca de 7 anos atrás estava bem pior, pois ninguém sabia quem era quem e existia um movimento menor. Nos dias de hoje já existe mais pessoal a fazer Hip Hop, embora os admiradores ainda não estejam devidamente educados. IVS: Tu estás envolvido em diversos projectos, entre os quais o Projecto de Surra. Não nos podes falar um pouco desse projecto? S: Infelizmente esse projecto terminou, porque o Pica (o segundo elemento de Pds), foi “obrigado” a desistir por motivos pessoais. Mas nunca se sabe as voltas que a vida dá e pode ser até que de futuro o próprio filho dele entre connosco (risos). Ele foi pai há pouco tempo… Suarez “El Padrinho” (risos)… IVS: E os Movimento Clandestino? O que é feito deles? S: Digamos que estamos num retiro espiritual a aguardar a altura certa para iniciarmos os nossos rituais musicais (risos). IVS: Espaço para uma mensagem final… S: One love para todos os manos do movimento. Continuem a procurar cenas novas, sejam portuguesas ou estrangeiras. Não se limitem

somente aquilo que nos dão e acima de tudo oiçam musica, seja ela de que estilo for. Mais uma coisinha… Os críticos, antes de criticarem os trabalhos, sejam eles de que género for, oiçam-nos, vejam-nos e percebamnos porque é o mínimo que podem fazer para mostrar algum respeito por aquilo que se faz. Às vezes uma má crítica pode fazer com que as pessoas percam o respeito por elas próprias e quanto menos gente estiver na “carruagem” mais difícil será de chegar a algum lado. Até os bons de hoje foram maus ontem. ONE LOVE

“Covil produções agita multidões……” www.mysapce.com/covilproducoesestudios infocovil@hotmail.com www.covil-productions.blogspot.com Por: Daniela Ribeiro



O Heads Up é o novo segmento da IV Street Magazine, e tem como finalidade dar a conhecer vários nomes do Hip Hop underground independente norte-americano, que na maior parte das ocasiões passam ao lado do apreciador comum. Trabalhos esses que ficam injustamente no anonimato, em parte por serem engolidos e cuspidos por esta indústria que cada vez mais glorifica um qualquer produto desenvolvido por uma eficaz máquina publicitária, ao invés dos projectos com qualidade musical e artística, com identidade própria. Do hardcore ao boom bap, do street ao mais alternativo, aqui não haverá barreiras no estilo de rap, sendo o único requisito a qualidade, originalidade e essência do projecto. No Heads Up vamos dar a conhecer novos mc’s, ou relembrar outros que mesmo tendo já alguns anos valem sempre a pena recordar. Nesta primeira edição, vamos abordar dois colectivos com raízes europeias. Os dj’s e produtores Snowgoons, com o seu novíssimo álbum GERMAN LUGERS e, por outro lado, os Underclassemen, um quinteto de várias nacionalidades, sedeado na Suiça, que traz o seu mais recente projecto, UNDERCLASSIC.

SNO WGOONS

UNDERCLASSE MEN

esse “império sonoro”estabelecido na Europa para o outro lado do Atlântico, os Snowgoons receberam duas novas aquisições em 2006: o DJ Waxwork e o produtor Torben. Com esta nova formação, o grupo apresentou a sua estreia oficial em solo norte-americano, no passado dia 27 de Fevereiro, com o álbum GERMAN LUGERS, pela Babygrande Records. Projecto esse que contou com uma constelação de estrelas do panorama do Hip Hop underground hardcore, com participações de nomes como Sean Price, Living Legends, Jus Allah, Chief Kamachi, Rasco, Reef The Lost Cauze, Virtuoso, Doujah Raze, Celph Titled, Pumpkinhead, entre outros. Com quatro diferentes estilos de produção, revelando assim todo o potencial eclético dos seus instrumentais, os Snowgoons apresentam paisagens sonoras adequadas a qualquer estilo de Rap, podendo ser considerados como os Alfaiates Sonoros da produção, tal é a forma como conseguem criar instrumentais feitos à medida do seu “utilizador”, facilitando ao mc a sua tarefa como divulgador de uma mensagem. GERMAN LUGERS é uma agradável surpresa, tal como foi verificar a qualidade patente nestes “Bandidos das Neves”.

http://www.myspace.com/ snowgoons

em última instância, mesmo internacional. O LP WEAK IDEAS foi o primeiro passo nessa caminhada e, com lançamento no ano de 1999, tornou-se rapidamente um clássico na Suiça, gerando curiosidade na vizinha Alemanha e inclusivamente além fronteiras, nos Estados Unidos. Em 2002, e depois de já terem no currículo uma colaboração com Promoe dos Looptroop, a Traffic Entertainment Group nos States apostou nos UnderClassMen para o lançamento de um novo LP, intitulado 365 LIVE, que teve alta rotação inclusivamente nos mercados asiáticos como o Japão e noutro particular, na Austrália. Continuando a sua evolução artística e trabalhando no seu buzz, o colectivo ganhou reconhecimento e construiu a sua reputação também ao partilhar o palco com artistas de grande renome internacional, de entre os quais se destacam: Inspectah Deck, Defari, Jeru the Damaja, Defari, Supernatural, The Beatjunkies, entre outros. No passado dia 9 de Fevereiro os UnderClassMen estrearam pela MUVE Records o seu álbum UNDERCLASSIC, contando com participações de nomes como R.A. the Ruggged Man, Celph Titled, Wordsworth e Pumpkinhead. Ouvidos bem abertos para este colectivo, que não se destacando em nenhum estilo de Rap especifico, prima por um pragmatismo instrumental bastante refrescante, aprimorados em grande estilo pelas skills da sua dupla de Dj’s e pela autenticidade e straigth too the point rap, dos seus mc’s.

http://www.myspace.com/ theunderclassmen

Directamente do velho continente surge a super equipa de produção que tem ao longo dos tempos agregado o respeito e o reconhecimento do circuito underground norteamericano. Os alemães Snowgoons surgiram pela iniciativa de Det, que em 1999 se juntou a DJ Ilegal para formar a primeira base do colectivo. Ao longo dos anos em dupla, o buzz em redor das skills de produção dos Snowgoons cresceu a cada instrumental. Assim, querendo elevar a fasquia e expandir

Constituído por elementos dos quatro cantos do mundo, os UnderClassMen são um colectivo sedeado na cidade de Basel, na Suiça. Fazem parte deste melting pot artístico os elementos Trig, Kaotic Concrete, Phil Pro, DJ A.L.K. e DJ Tray. Tendo em conta que os mc’s são naturais de Boston, nos Estados Unidos, é compreensível que a linguagem escolhida para a expressão lírica seja o inglês. O facto de serem um grupo com várias nacionalidades, ajuda a explicar a diversidade sonora do projecto em si, combinando, tanto a nível instrumental como temático, diferentes estilos e influências musicais. A história dos UnderClassMen, começou oficialmente em 1998 e desde cedo que o objectivo principal era o reconhecimento e expansão não só a nível local e nacional mas,

Por: Ivo Alves


de músicas ilustradas por instrumentais escolhidos a dedo, com temáticas devidamente pensadas. Um trabalho humilde com uma sonoridade abrangente.

A propósito do lançamento do seu primeiro trabalho, CELEBRAÇÂO, a IV Street foi ao encontro de X-Tasy, rapper oriundo de Arcozelo (Espinho) e residente em Lisboa. Fiquem a conhecer melhor o trabalho e os ideais deste artista de cariz intimista e talento versátil. IV STREET: Antes de mais, apresenta-te aos leitores. X-TASY: Por enquanto, respondo pelo nome de X-Tasy. Comecei nestas lides musicais há relativamente pouco tempo, desde 2005. Sempre tive um especial fascínio pela cultura Hip Hop: pelos valores que representa e pelo poder, habilidade e sinceridade das palavras. O quase “orgulho ”de passar uma mensagem, coisa que não acontece com tanta frequência em outros estilos de música. Escrevia, na altura, para ultrapassar aulas aborrecidas. Só passado algum tempo comecei a levar a minha escrita a sério, bastava apenas uma caneta e um papel. Com a evolução natural que este processo envolve, conheci pessoas já instaladas no meio e que, curiosamente, acreditaram no meu escasso trabalho. Chegando a uma clareza de pensamento e ultrapassando alguns contratempos, formulei uma ideia de projecto, uma primeira amostra para o público em geral. IVS: Lançaste, há bem pouco tempo, o teu trabalho de estreia, CELEBRAÇÃO. O que tens a dizer sobre o mesmo? X: Foi um trabalho demorado, com um conceito musical que se foi alterando à medida que se desenvolveu. Tinha como ideia inicial juntar artistas que admiro, mas ao meu alcance. Consegui, no sentido em que, em apenas cinco músicas, juntei seis pessoas distintas entre si: três produtores, um dj, um mc e duas cantoras. Aconteceu até um caso curioso: uma cantora, com a qual me mostrei interessado em colaborar, acabou por ser substituída, porque simplesmente não encaixava no instrumental. Ou seja, para primeiro passo, já esperava um elevado nível de exigência e perfeccionismo a ser partilhado com os ouvidos das pessoas.Falando concretamente do produto final, é um conjunto

IVS: Nele contas com a participação de Flash, produtor e mc que tem a particularidade de ser invisual desde a nascença. Qual a natureza desta colaboração e como é que caracterizarias o trabalho de Flash? X: Grande parte do meu desenvolvimento e empenho foi graças a ele. Realmente, é incrível como uma pessoa invisual tem o dom de contar histórias como ninguém. É uma lição de vida. Eu incentivava-o, ele incentivava-me. Uma relação simbiótica em que ambos saímos a ganhar. Infelizmente, penso que carece de apoios, uma vez que pouca gente conhece o seu trabalho. Sendo ele uma pessoa mais velha, de trinta e três anos, “ofereceu-me” conselhos que me ajudaram a traçar uma linha pela qual gostaria de seguir. Até hoje estou eternamente grato.

IVS: Este foi um lançamento feito única e exclusivamente pela Internet. Pensas vir a expandir o teu trabalho por outros meios? X: Inicialmente, foi um lançamento apenas feito

na Internet. Mas estão neste momento a ser feitas duzentas cópias do meu trabalho, a ser distribuídas e enviadas a apoiantes, amigos, possíveis colaboradores e artistas que respeito e admiro. Obviamente, também as farei chegar a algumas editoras e rádios. IVS: Para quem conhecia os teus trabalhos anteriores, este EP veio a revelar uma mudança de atitude: estás agora mais introspectivo e romântico que nunca, contrariamente ao rapper punchliner, contestatário e até hardcore que mostravas ser. O que conduziu a esta tua mudança? X: Não concordo que tenha havido uma mudança de atitude. As pessoas simplesmente crescem e chegam à conclusão que há coisas que não fazem sentido. O lado contestatário que referiste ainda o possuo, apenas não o mostro neste trabalho. Criticar por criticar toda a gente o faz, mas a arte de manusear as palavras certas para esse efeito só pertence a alguns. E, se calhar, eu não o estava a fazer da melhor forma. Tal como grande parte das temáticas do Hip Hop português. Se reparares, só atacam supostos “falsos” emcee’s. Mas, vistas bem as coisas, estes são uma minoria. São raros os rappers que eu conheço que não querem contribuir positivamente para o progresso desta cultura. Acho que isto se justifica com uma falta de imaginação que invade muitas mentes que por aí andam. Gostaria de marcar pela diferença, e este foi o primeiro passo. Talvez o faça da melhor maneira em trabalhos futuros. IVS: Fazes rap sob o nome de X-Tasy, substância alucinogénia. Achas-te capaz de transportar os teus ouvintes até um outro mundo, fictício? X: Quase. Uma das razões pela qual adoptei este nome foi porque gostaria de fazer um paralelismo musical com o verdadeiro significado da palavra. Se esta é, como disseste, uma substância alucinogénia, é porque causa um bem-estar, ainda que momentâneo. E era isso que gostaria de proporcionar a todos os que ouvem. Acho que, infelizmente, terei de mudar o nome se lançar um eventual álbum. Já tive a oportunidade de falar com várias pessoas ligadas à música em geral, e referiam que, para além de primeiramente o nome ser conotado com a música electrónica, por razões óbvias, este seria um nome demasiado forte. Por isso, não é com muito agrado que digo que este será apenas um nome provisório. E… não, nunca experimentei.


IVS: Paralelamente ao Hip Hop, movimentas-te também no mundo da moda e da televisão. De que maneira esperas conciliar e interligar, se é que pensas fazê-lo, todas estas áreas? X: Claro que pretendo conciliar estas áreas, senão não estaria a investir nelas. São coisas distintas, por isso não está no meu pensamento interligá-las. Dedico-me ao máximo a tudo em que estou envolvido e realmente amo aquilo que faço, por isso… Só espero que um dia as circunstâncias não me obrigarem a optar. Sou um insatisfeito por natureza, e realizo-me pessoalmente a fazer várias coisas ao mesmo tempo. E não sou hipócrita, quero mesmo ter sucesso em tudo aquilo que faço. IVS: Apesar do nortenho de gema que és, resides agora em Lisboa, o que te proporciona uma visão privilegiada do Hip Hop que se vive e faz quer no norte quer no sul. Como caracterizas e comparas ambos os movimentos? X: São coisas diferentes, embora haja um elemento que os una: o sentimento. Apesar de haver as normais, mas às vezes irracionais rivalidades, o que é certo é que ambas as regiões desenvolvem um Hip Hop distinto entre si. No Norte, os rappers são mais regionalistas, orgulham-se da sua origem e proclamam-na. São mais auto-centrados. Percebo isso mas não é o que eu defendo. No Sul, os rappers ainda estão muito ligados ao Hip Hop americano, por isso nota-se uma certa americanização do vocabulário que utilizam. Respeito os estrangeirismos, embora não os use. Até acaba por ser contraditório: reinvidicam o Hip Hop falado em português e contestam o Americano, mas acabam por trazêlo para as suas palavras. Pessoalmente, e para proveito próprio, tento retirar o que de melhor possuem. IVS: Em CELEBRAÇÃO, que conta com apenas cinco faixas, trabalharam contigo três produtores, um mc e duas cantoras. Consideras o Hip Hop um meio privilegiado no que toca a colaborar com diversos artistas na altura de lançar algo em nome próprio? X: Não diria que é um meio privilegiado, mas realmente parece que existe uma maior abertura e pré-disposição nos artistas em colaborarem entre si. Penso que falta ainda quebrar as barreiras musicais. Isto é, artistas de Hip Hop colaborarem com músicos de outros géneros musicais. O Hip Hop só iria ganhar com isso: uma outra lavagem, uma outra cara.

IVS: A sonoridade que apresentas é claramente radio-friendly. Pensas aproveitar esse facto para abrangir um outro público que não o do Rap? X: Eu faço a música que gosto. E sinto mesmo a música que faço. Se a minha sonoridade for aceite por outros púbicos que não o do Hip Hop, porque não? IVS: E como têm sido as reacções dos ouvintes, quer daqueles que acompanham o movimento, quer daqueles que nada têm a ver com o Hip Hop? X: Curiosamente, têm sido óptimas de ambas as partes. Mesmo a natural “inexperiência” de um primeiro trabalho… O projecto até tem sido bem aceite. Pensava que os aficionados do Hip Hop iriam “torcer o nariz” quando ouvissem a minha música mas, pelos vistos, até têm gostado. Não sei é se têm sido sinceros comigo… (risos)

IVS: Para finalizar, e na vez de dares os habituais "props", diz antes de quem é que gostarias de os receber como forma de reconhecimento pelo teu trabalho. X: Para além das pessoas por quem nutro algum afecto emocional, existem certos artistas que, por admirar o seu trabalho e carreira, seria bom sentir alguma apreciação. Pessoas como o Sam the Kid, Boss AC, Ace, Rui Veloso, Pedro Abrunhosa, Jorge Palma… entre muitos e muitos outros. Por: Moisés Regalado

Com mais uma edição da IV Street, e depois de muitos pedidos, surge finalmente a nossa primeira mixtape. A partir de agora, e a acompanhar cada uma das nossas edições, encontrarse-á uma nova compilação de músicas, nacionais e internacionais, que poderão sacar através de um link disponibilizado nesta mesma página. Esperemos que gostem!

http://www.ivstreet.com/download/Mixtape_IVStreet.com_marco.mp3




@

net

Por fim online o novo site da Policromia crew. Depois de muito tempo de dedicação e trabalho árduo, Wost2 coloca online o site desta crew Algarvia. A Policromia é composta por de seis elementos, que trabalham em conjunto para se satisfazerem artisticamente, e também para satisfazerem alguns clientes aquando do seu gosto por esta arte. No site poderão ver os vários trabalhos que concretizaram tanto por lazer como para clientes, mas todos com prazer!

A editora independente Gov Som prepara-se para lançar no mercado o primeiro volume de uma série de mixtapes que pretendem ser uma mostra do trabalho reunido pelos seus membros e de futuros projectos a serem lançados pela mesma. Neste site poderão fazer download dos singles da Mixtape POLITICAMENTE INCORRECTOS e saber um pouco mais sobre este novo projecto.

Alguns chamam-lhe a "feminem", inglesa Lady Sovereign, é a primeira branca a assinar com uma grande gravadora, a Island Universal. PUBLIC WARNING é o álbum sucessor aos 3 anteriores EPs, podem ouvir excertos no seu site e ainda saber mais sobre esta menina que anda a dar que falar.

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Por: Fresh


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