IVSTREET#02

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IV STREET

PRASO “Temos de mudar e a mudança parte de baixo”

Nr2/10/06

VHILLS “Hoje o Graffiti é um jogo urbano” Compilação “...Mais Hip Hop no Teu Ouvido!”

$ “Defendo o underground como um conceito de liberdade”

Eventos HipHopPorto2006, NAD – Aveiro, Dealema – Clube Mercado

Hip Hop e Drogas Diz-me o que ouves, dir-te-ei quem és? Álbuns Valete, DJ Pasta, Sensei D, Raze, NAD, KRS-ONE, Outerspace, Blue Cky Black Death, Jedi Mind Tricks, Outkast, Swollen Members, Method Man, Inspectah Deck


Editorial Editorial Aqui está a segunda edição da IV STREET. Com a edição deste mês vem uma redefinição do conceito da revista, um ajustar de meios e fins que permita à equipa fazer o seu melhor dentro das possibilidades ao seu alcance. Mantém-se portanto o formato on-line. O objectivo continua o mesmo: oferecer ao maior número possível de Hiphoppas uma edição mensal que combine o mais conhecido com o mais promissor, envolta num contexto opinativo, crítico e aberto que em tudo se ajuste aos valores e ideais da nossa cultura. Desfrutem e critiquem.

Ficha Técnica Direcção Tó Sónia Bento Joana Nicolau

Equipa Alberto Darame Ângelo Rodrigues Ivo Alves Teresa Vieira Vanessa Cardoso Daniela Ribeiro Moisés Regalado Speh

Design Diogo Pacheco Daniel Sousa André Almeida (Phomer)

Webmaster Fresh

Joana Nicolau Equipa IV STREET Colaboradores João Coelho (Hip) NERVE Red Fox HeartCore Joe (CotoneteRecords)

Índice - Notícias - HipHoPorto 2006 - NAD – Praça do Peixe, Aveiro - Dealema no Clube Mercado - Entrevista A Praso - Valete em Entrevista Para a IV Street - Entrevista com Vhils - “Identidade” - Música e Drogas - Diz-me o que ouves - Compilação “...Mais Hiphop no teu ouvido!” - S. Clemente Way - Criticas de CD’s - Da Quantidade à Qualidade - Raze e DarkSunn - Agenda - Links - Zoom In - Jogo: B-boy


ACTUALIDADE NACIONAL Sugestões DJ Samurai – O Último Samurai DJ Samurai lançou via download a sua nova mixtape “O ÚLTIMO SAMURAI”. Entre as participações podemos contar com Bob da rage Sense, Força Suprema, DJ Tafinha, Kalibrados, Das Primeiro e entre outros. Podem ter acesso a esta mixtape em www.madtapes.blogspot.com Infestus – A Revolta dos Fracos Já se encontra disponível para download gratuito o primeiro trabalho instrumental de Infestus. Intitulado A REVOLTA DOS FRACOS, o produtor lisboeta conta no projecto com as colaborações de Wizz, LightBolt e Da White Pills. Podem conferir os sons em http://www.infestus.pt.vu Real Punch – Carapuças O emcee algarvio Real Punch distribui CARAPUÇAS, projecto que já se encontra disponível para download gratuito em http://www.kimahera.com/realpunch/. São 12 temas que contam com as participações especiais de nomes como Dezman, Reflect, Raffs, e Rebelled. Um trabalho com o selo de qualidade da Kimahera. Darksunn - Fractal EP Já se encontra disponível para download gratuito o EP FRACTAL do elemento da Triplo 7 Produções, DarkSunn. São 7 temas instrumentais de excelente nível, que podem conferir em www.triplo7.net. Entretanto, e ainda no mesmo domínio da Triplo 7, já podem conferir um novo tema de Farai, um tributo à luta de Mumia Abu-Jamal, intitulado “Free Múmia”, em http://www.myspace.com/farai777 Notícias Compilação Último Piso Coffer Vol.1 Depois da Mixtape DE NORTE A SUL DO PAÍS, a Último Piso Produções prepara-se para lançar mais um projecto, desta feita intitulado ÚLTIMO PISO COFFER VOL. 1. A compilação irá contar com todos os elementos desta editora da zona Centro, entre os quais Dréz, Sentinela Lxkid & Xander, Allan, Strata G, M.J & Íris, Dj Masta Jay, Intakto, e Inezperada, entre outros. Em Novembro, e ainda sem uma data específica de lançamento, a compilação será disponibilizada para download gratuito, num Blog a ser criado pela Último Piso.

DJ Madkutz & Soza - THE CEO Mixtape Vol.1 Depois da Mixtape SORTE QUASE NULA, encontra-se em preparação o novo projecto do DJ Madkutz, a THE CEO MIXTAPE VOL.1. Com data prevista de lançamento para o mês de Outubro, o trabalho terá lançamento pela editora Street Cool, e irá contar com as participações de nomes como Verbal, Fizz, DJ Sero & Big Kryz, Lancelot, SP, Noscar, Bourbon, Iniciado, T-Jay e Duplo MC, entre outros. O single de apresentação será o tema “Raízes”, com a soulista Carla Souza. Outras notícias apontam para a elaboração de uma outra mixtape intitulada "RESISTÊNCIA" dedicada a talentos da Nova Escola e Velha Escola, e que vai contar com as colaborações de Ruky, Mente Creativa Crew, Dims, Submundo, entre outros. O projecto irá ainda contar com sons internacionais de Termanology & DJ Premier, Boot Camp Click, Frank-N-Dank, Littles & Lil Wayne, etc. Halloween - Projecto Mary Witch Dia 31 de Outubro vai bater nas ruas o trabalho discográfico de Halloween, intitulado Projecto MARY WITCH. Rap street/hardcore nacional, deste elemento dos Youth Kriminal que irá contar com participações de nomes como Jonnhy Ganza, Don Mac, Buts Mc, Street Soldiers, Jeremi, Tretas, Drunk Master, RP, Ka the Brabo e Di Meu. Projecto Mary Witch tem lançamento através da Sonoterapia Records. Spell – Duelo Mental Depois de recentemente ter participado na Mixtape DE NORTE A SUL DO PAÍS, o emcee Algarvio Spell vai lançar juntamente com o DJ Gi Joe o seu projecto DUELO MENTA. Um álbum que vai contar com participações de Reflect, Lady N, Maligno, Kahestiga, Estafeta e Dino e Gi Joe (sickonce), tendo Spell (mastermind) nas produções. Um disco com o selo de qualidade Kimahera, com data prevista de lançamento em Novembro. Projectos de X-Ray Depois de ter lançado via net a sua demo de beats PRODUZINDO A VIDA, VOL. 1, X-Ray (antigamente conhecido por Alcatraz) está a preparar dois novos projectos: “COMPILAÇÃO NOVOS CAMINHOS VOL. 1”, que irá contar com a participação de Serial Skillers, Spell, Sin & Neor, Projecto Simbiose, X-Ray, Puto Okulto entre outros, e que tem data de lançamento marcada para 1 de Janeiro de 2007. E por outro lado, “X-RAY PRESERVATIVO”, um EP em que podemos ouvir o lado de emcee de X-Ray a cuspir sobre os seus beats. Este EP irá contar com várias participações e estará disponível igualmente a partir de 2007. Ambos os projectos vão estar disponíveis via net para download de forma gratuita. Se és MC ou DJ, estão abertas as inscrições para participar na COMPILAÇÃO NOVOS CAMINHOS VOL. 1. Basta enviar uma faixa do vosso projecto para o email xray_2b@hotmail.com com o assunto “Novos Caminhos Vol 1”. A entrega deve ser até o Final do mês de Outubro.


Breves “Praticamente” a chegar Aqui está um álbum mais que aguardado pela comunidade hiphopiana nacional, e ao que tudo indica será ainda em Novembro deste ano, que Sam the Kid regressa com o disco PRATICA(MENTE). São aguardadas participações de nomes como Valete, Melo D e SP, entre outros. Novo álbum Mundo Complexo Depois do álbum de estreia a solo de Tranquilo, os Mundo Complexo encontram-se em estúdio com o intuito de regressar ás lides discográficas. O novo projecto irá ser o sucessor de “ACREDITES OU NÃO” de 2003, e espera-se que veja a luz do dia ainda este ano. Mais informações para breve. Preparem-se para o Arrastão Verbal O DJ Núcleo dos Factos Reais está a preparar a sua compilação de estreia intitulada ARRASTÃO VERBAL. Ainda sem data de lançamento confirmada, o projecto será alegadamente editado pela Footmovin de Bomberjack, e irá contar com participações de nomes como NBC, SP, Chullage, Regula, Xeg, Kacetado, M.A.C, Valete, entre muitos outros. Brevemente Sr Alfaite Depois do trabalho TIME CODE em 2005, o DJ do colectivo Micro, Nel Assasin, prepara para o futuro o projecto de scratch instrumental chamado SR. ALFAITE, com a participação de Ollie Teeba (NinjaTune), Kalaf, Melo D, Kika Santos. Mixtape Free Speech Futuramente está previsto o lançamento de mais um projecto da Footmovin, desta feita a Mixtape FREE SPEECH. Com a participação dos artistas da Foot, como o próprio nome indica a mixtape tem por finalidade proporcionar liberdade criativa e de expressão aos seus intervenientes, ou seja, irá ser preenchida por freestyles, sons novos, raridades, e exclusivos. Campeonato Nacional de DJ’s A organizadora de eventos DuploD vai levar a cabo o Campeonato Nacional de DJ’s 2006. Já há data e local para a realização evento, que será ao que tudo indica no Mau Mau no Porto, dia 1 de Dezembro. As inscrições já se encontram abertas desde de Julho, portanto os interessados podem se inscrever no formulário disponível em www.idaportugal.pt.to Campeonato de Freestyle A Submundo está a organizar um Campeonato Nacional de Freestyle, evento agendado para o dia 2 de Dezembro no Satori em Loulé. Emcee's que estejam interessados em participar na iniciativa podem obter mais informações e tratar da inscrição através dos números 91 279 06 35 e 96 330 36 77. Mariño deixa o Beatbox José Mariño deixou as lides de apresentação do programa Beatbox, na Sic Radical. O programa irá continuar a emitir normalmente, mas a lendária figura no panorama do Hip Hop Nacional, passa o testemunho ao que tudo indica, ao patrão da Footmovin o Dj Bomberjack.

Actualidade Internacional Sugestões Dj Hi-Tek – Hi Teknology 2 Dj Hi-tek apresentou a sequela do projecto HI-TEKNOLOGY, no passado dia 17 de Outubro, com o álbum HI-TEKNOLOGY 2, pela Babygrande. Hi-Tek convidou artistas de renome entre os quais Nas, Busta Rhymes, Common, Talib Kweli, Snoop Dogg, Slim Thug, Raekwon, Dogg Pound, Bun B, Q-Tip, Mos Def e The Game. Stones Throw Presents – Chrome Children Já está no mercado desde o dia 3 de Outubro, o CD/DVD que celebra os 10 anos de vida da editora Stones Throw. Intitulado CHROME CHILDREN o projecto conta com a produção executiva de Peanut Butter Wolf, numa parceria Stones Throw e Adult Swim. No CD podemos encontrar faixas de artistas como Madlib e MF Doom no registo de Madvillain, do falecido J Dilla, e de todo o plantel da editora como por exemplo Oh No, Percee P, J Rocc, M.E.D. e Dudley Perkins, entre outros. Por sua vez, o DVD é preenchido por um concerto de apresentação da compilação, que conta com todos estes artistas anteriormente referidos. Talib Kweli – Eardrum O emcee Talib Kweli está a trabalhar no seu novo álbum a solo, com data prevista de lançamento para fins de Outubro. Depois da Mixtape RIGHT ABOUT NOW pela sua editora Blacksmith Records, o emcee natural de Nova Iorque, irá lançar o disco intitulado EARDRUM pela major Warner Music Group. O projecto vai contar com participações de Norah Jones, UGK, Sizzla, Jean Grae, e a nível de produção ficará a cargo de Hi-Tek, Rick Rubin, Madlib, Kanye West, entre outros. De salientar que Talib Kweli econtra-se a trabalhar num futura colabo discográfica com Madlib, intitulada Liberation. Keny Arkana - Entre Ciment et Belle Étoile Depois de ter sido descoberta no projecto OM All Stars e de criar buzz em redor das suas potencialidades com a Mixtape L’ESQUISSE, eis que a nativa de Marselha Keny Arkana lançou o seu álbum de estreia a solo no passado dia 16 de Outubro, ENTRE CIMENT ET BELLE ÉTOILE, com produção de Kilomaître e participações de vários nomes da nova escola do Hip Hop francês. Quiroga – Historias de Q O emcee espanhol Quiroga encontra-se a preparar o seu próximo álbum intitulado Historias de Q. Com data de lançamento para 23 de Outubro, o disco irá contar com participações de nomes como Mucho Muchacho, Tote King, Shotta, Falsalarma, Jefe de la M, Tremendo, Gordo Master e Cee Knowledge Doodlebug dos Digable Planets, entre outros.


Notícias

Snoop Dogg - Blue Carpet Treatment

Juggaknots – Use Your Confusion

Snoop Dogg apresenta dia 21 de Novembro o seu novo e oitovo registo discográfico, THE BLUE CARPET TREATMENT. Depois de "R&G (RHYTHM & GANGSTA): THE MASTERPIECE" em 2004, este novo álbum irá contar com as colaborações de Pharell, Usher, The Game e Ne-Yo, entre outros muitos outros, além da produção de Dr. Dre.

Os Juggaknots, colectivo do underground norte-americano constituido pelos elementos base (e irmãos) Breezly Bruin e Buddy Slim, e por Queen Heroine que se juntou ao grupo em 2003, encontram-se a preparar um novo álbum. Com data prevista de lançamento para 31 de Outubro, o novo projecto dos Nova-Iorquinos e sucessor de CLEAR BLUE SKIES (RE:RELEASE) em 2003, terá o nome de USE YOUR CONFUSION, com lançamento pela Amalgam Entertainment. Participações de nomes como Slick Rick, Nine, Wordsworth, Sadat X, e produções a cargo de Oh No, J-Zone, Breeze Brewin, Buddy Slim, e Dj Eli, entre outros. A capa do CD tem a particularidade de ser em visão 3D, alterando a imagem consoante a perspectiva. Sean Price - Jesus Price Supastar Sean Price prepara-se para lançar o projecto discográfico JESUS PRICE SUPASTAR, no próximo dia 31 de Outubro. Depois do álbum de estreia MONKEY BARS, o elemento do colectivo Boot Camp Clik, surge assim com o seu segundo disco a solo, pela Duck Down Records e que irá contar com participações de Buckshot, Ruste Juxx, Flood, entre outros. De salientar a notícia que dá conta e do regresso a estúdio para breve da dupla Heltah Skeltah (Rock aka Da Rockness Monstah e Ruck aka Sean Price). Mos Def – True Magic Depois do LP THE NEW DANGER, Mos Def encontra-se a preparar o seu novo e alegadamente último álbum, com data prevista de lançamento para 5 de Dezembro. Sabe-se que a produção ficará a cargo de nomes como Pharrell Williams, Kanye West e RJD2, desconhecendo porém ainda qualquer outra participação a nível vocal, apenas a de Andre 3000 dos Outkast. Intitulado TRUE MAGIC, o projecto terá lançamento pela Geffen Records., e irá contar com faixas como “Boogie Man”, “The Undeniable” e “There Is a Way”. Cali Agents – Fire & Ice Os Cali Agents, estão a preparar o seu regresso aos discos já para o próximo dia 4 de Novembro com FIRE & ICE. Com lançamento da editora Pockets Linted, Rasco e Planet Asia vão ainda contar com produção confirmada de Soul Professa, não havendo ainda informação sobre outras participações. O single do CD será o tema “Something New”. X-Clan – Return From Mecca O lendário grupo X-Clan está de volta ao activo, com um novíssimo projecto intitulado RETURN FROM MECCA. Liderado vocalmente pelo fundador Brother J, o colectivo old school dedica este novo álbum a memória do falecido Professor X, num trabalho produzido por DJ Quik, Jake One, DJ Khalil, Quazadelic, Fat Jack, J-Thrill, e DJ Orator. RETURN FROM MECCA tem lançamento pela Suburban Noize Records.

Jay-Z – Kingdom Come Depois da jogada de marketing, perdão, de ter anunciado a sua retirada em 2003, eis que Jay-Z ?sai da reforma?, e prepara o seu regresso já para o próximo dia 21 de Novembro com o álbum KINGDOM COME. No novo registo, o patrão da Def Jam irá contar com participações de Memphis Bleek, Beanie Sigel, Tru Life, T.I., Bun B, Beyoncé e Mary J. Blige. No que diz respeito à produção, essa ficará a cargo de Dr. Dre, Eminem, The Neptunes, Kanye West, Just Blaze, Rick Rubin. The Game - The Doctor’s Advocate Depois de vários adiamentos, vários malabarismos publicitários com garrafas, e a saída da Aftermath, parece que dia 14 de Novembro vai ser finalmente a data de lançamento do álbum de The Game, The Doctor’s Advocate. Com lançamento pela Black Wallstreet records, a produção será supostamente de Dr. Dre, mas confirmadas estão as particpações de artistas como Snoop Dogg, Nas, Damien Marley, Lauryn Hill, Keyshia Cole, Mary J. Blige, e Ice Cube. Nas – HipHop is Dead…The N O emcee natural de Queens, que nos trouxe o clássico ILLMATIC, vai lançar o seu próximo e tão aguardado álbum, já no próximo dia 19 de Dezembro, pela Def Jam. HIPHOP IS DEAD…THE N será o título do disco, e em relação a colaborações sabe-se que irá contar com o Rei da Pop Michael Jackson, o Patrão Jay-Z, e o controverso The Game, entre outros. No que diz respeito ao conteúdo instrumental, a lista de produtores vai desde, Scott Storch e Timbaland passando por Pharrel e Will.I.am dos Black Eyed Peas, Just Blaze, Kanye West e DJ Premier. DJ Whoo Kid & DJ Cut Killer - Evolution Dois dois mais activos DJ’s das duas grandes superpotencias ao nível do Hip Hop mundial. Whoo Kid e Cut Killer, juntam esforços para lançar uma mixtape com artistas de ambos os países, Estados Unidos e França, projecto esse intituladoEVOLUTION. Do lado americano podemos contar com nomes como 50 Cent, Young Buck feat Mobb Deep, Lloyd Banks, Kanye West, MOP, entre outros. E por sua vez, representando a França artistas como Diam’s, Akhenaton, 113, Ol Kainry, Booba, Rohff, Sefyu, Psy 4 de la Rime e Sinik. EVOLUTION vai ser vendida tanto nos States como na Europa, e prevê-se que veja a luz do dia em finais de Outubro.


Crónica HiphoPorto Local: Casa da Música, Porto Hora: 15h30 Artistas: Dj D.One, Twism, Berna, Sir Scratch, Sp & Wilson, Mundo, Expião e Dynamic Duo Dj Crew

O dia amanheceu chuvoso, como já estava previsto pela Casa da Música ao

transferir o evento da praça exterior para o parque subterrâneo. Apesar do mau tempo e da pouca qualidade acústica do local, tudo começou às 15h30, com o Dj D.One a inaugurar esta 2ª edição do Hiphoporto. Aos poucos o público foi chegando e o ambiente aqueceu bem depressa, sendo formado quase de imediato um círculo com b-boys, entre os quais os Gaiolin Roots. Eram 16h00 quando se deu o primeiro concerto do dia. Twism sobe ao palco com a força das suas palavras para apresentar o álbum “BANDA SONORA”, sendo acompanhado pelo Dj GI Joe. Num concerto ainda um pouco calmo, a dupla algarvia percorreu as faixas “1º Round”, “16:9”, “Esta é a minha versão”, “Beats e Rimas”, “Trevo de 4 folhas” e como não podia deixar de ser “Com a Força das Palavras”. O único desvio ao álbum foi com o tema “É ser ou não ser” da colectânea Royal Underground. Depois de Twism segue-se a vez de Berna que surge acompanhado por Nokas e D.One. Os rapazes de Aldoar entoaram na Casa da Música alguns temas do álbum “REFLEXOLOGIA” mas incidiram sobretudo num futuro álbum que irão lançar em conjunto. Destaque especial para a participação do b-boy Paulinho.


Já eram cerca de 17h45 quando se dá um dos momentos mais esperados do dia. Sir Scratch apresenta mais uma vez na cidade invicta o álbum “CINEMA: ENTRE O CORAÇÃO E O REALISMO”. Com a companhia de Bob da Rage Sense, Tamin e Dj Bomberjack, o mc dos Plunasmo fez o público vibrar ao máximo ao entoar os temas “Ilusão”, “Mais que talento” e “Nada a perder”, reservando ainda algum tempo para Bob da Rage Sense cantar a solo dois temas do álbum “BOBINAGEM”. Este concerto explodiu de tanta energia e finalizou calmamente ao som da versão unplugged de “Posições Primárias”. Já se tinha feito muito barulho quando chegou a vez da dupla Sp & Wilson. Acompanhada pelo Dj Stik Up e tendo como convidados especiais Blackmastah e Royalistick, a dupla transformou quase instantaneamente o parque subterrâneo da Casa da Música numa pista de dança e inundou-a de beatbox e de muito freestyle, apresentando o álbum “BARULHO” e dando também espaço aos convidados para apresentarem um pouco do seu trabalho. O fim deste concerto chegou bem depressa e embora fosse hora de jantar, a Casa da Música não ficou parada e deixou como plano alternativo a projecção do filme “International Battle of the Year 2005”. Eram 21h45 quando o Dj D.One sobe ao palco mais uma vez, desta feita para abrir a segunda parte do evento, ajudado pelo Dj Tombo. O público foi se aglomerando, apreciando o trabalho da crew NosTeam e esperando pelo momento em que os elementos dos Dealema, Mundo e Expião, irião entrar em palco. O momento tão esperado não se fez tardar, anunciado pelo Xerife. Mundo e Expião surgiram em palco juntamente com o Dj Guze e com o Rato dos Acts, para fazerem uma ante-estreia em conjunto e de forma intercalada dos seus novos álbuns a solo: “SÓLIDA OPORTUNIDADE DE MUDANÇA” e “MÁSCARA”, respectivamente. Um concerto que ficou a perder muito pela falta de qualidade sonora. Já o relógio dava quase as doze badaladas, quando a dupla Sp & Wilson regressou ao palco para um animado show de beatbox, na companhia de Beat. Este show foi seguido dos dj’s Stik Up e Cruzfader, sob o nome Dynamic Duo, que com muito ritmo finalizaram esta grande festa de Hip Hop no Porto. Por: Daniela Rebelo.


Local: Praça do Peixe – Aveiro Hora: 21:45 Artistas: NAD (New Age Delinquents), Dj Dizzy, Cláudia e MIC Texto: Moisés Regalado Fotos: Nuno Arrojado No âmbito de um evento realizado pela Câmara Municipal e que se dedicava às vertentes musicais e culturais que emergem agora no seio dos jovens, Aveiro recebeu, mais uma vez, uma actuação ao vivo dos NAD. Esta foi a primeira banda a actuar, de um total de três que constituíam o cartaz, conseguindo ser também aquela que melhor receptividade obteve junto do público, residindo neste facto uma demonstração óbvia do crescente sucesso de que tanto o Hip Hop como o grupo em questão têm sido alvo. Um concerto deste duo – pontualmente transformado em trio devido ao acompanhamento que tiveram de Dizzy nos pratos – é sempre merecedor de registo, muito em parte devido a um factor que nada tem de musical: as mulheres! A verdade é que onde quer que haja um palco que acolha uma performance de Zim e Multih, há de igual maneira um mar de gente que ronda os 70% de representação feminina, sendo portanto mais que natural vislumbrar-se no meio de todas aquelas pessoas um cartaz onde se possa ler "Faz-me um filho" ou algo do género, como chegou mesmo a acontecer. Contudo, os concertos são uma daquelas situações (raras, é verdade) em que as hormonas e o sexo oposto são submetidos para segundo plano, por isso, fale-se do que realmente importa: a música. Pouco faltava para as 22h quando soou pela Praça do Peixe o som da guitarra de Carlos Paredes, adaptada a um instrumental de rap que o dj cortava de forma rápida e intensa, evidenciando claros skills. Pouco depois, com a mesma garra que caracterizou o resto do concerto, os dois MCs de serviço entraram e de imediato começaram a cantar e encantar. Foram interpretadas principalmente as músicas de DEDICADO, EP de estreia do grupo (ver crítica na respectiva secção deste mesmo número), sendo estas intercaladas com sons mais antigos e conhecidos dos fãs. A única lacuna deveu-se ao facto de "Nódoa", uma espécie de ex-libris dos NAD, não ter constado no alinhamento, facto que desapontou substancialmente os seus seguidores fiéis. Mais do que boa música, evidenciaram-se naquele palco muita energia e carinho destes auto-intitulados "delinquentes" para com a sua cidade natal, sendo isso notório não só nos três elementos que fizeram os cerca de 50 minutos de concerto mas também em Cláudia e MIC, que ajudaram, respectivamente, à interpretação de "Sabes tu" e "Faças o que fizeres". Essa foi uma entrega devolvida pelo público, que nunca esmoreceu (nem quando a qualidade sonora piorou), tendo tido os New Age Delinquents direito a uma primeira e segunda filas bastante activas, onde se encontrava inclusivamente uma menina com não mais que 5 anos e que sabia todas as letras de cor em salteado! Que se repita por mais vezes!


Crónica Dealema @ Clube Mercado: Local: Clube Mercado, Lisboa Data: 29 de Setembro 06 Artistas: Dealema + Supa Flash, Mr. Cheeks, Dinis feat. Knowledge One A VIAGEM CERTEIRA DOS DEALEMA O colectivo portuense Dealema visitou o Clube Mercado em Lisboa. A recepção do público foi calorosa, correspondendo à temperatura do concerto, onde se ouviu de tudo. Desde uma visita aos 12 anos de carreira dos Dealema até às criações individuais de Mundo, Fuse, Maze e Xpeão. Ouviram-se os clásicos, as novidades e anunciaram-se álbuns quase prontos. Também estiveram presentes Supa Flash, Mr. Cheeks e Dinis feat. Knowledge One.

texto: Vanessa Cardoso Fotos: Speh

Meia casa em ascensão, noite quente, Dealema em Lisboa. Rompe-se expressamente o submundo, rumo à Babilónia. O retorno é até 1996 e a linha da frente grita. Mundo, confiante e consciente, procura uma “SÓLIDA OPORTUNIDADE DE MUDANÇA”. Já há muito que o público Hip Hop espera por este álbum de estreia a solo e este concerto serviu, também, para acelerar a vontade de ouvir melhor o trabalho do MC. Em palco, mostra-se sempre um artista completo, com séria capacidade de produção e um vocabulário rico, não de dicionário, mas de vida. Ao som de “A Cena Toda”transparece a noção de que os Dealema construíram um presente sólido numa caminhada sempre ponderada. Guze corta, as vozes elevam-se e é garantido, também, um caminho futuro. Ao cumprimentar Lisboa, Xpeão sente o calafrio que uma ovação provoca. Brilham momentos pela tranquilidade de Maze. Sereno, como se estivesse em constante desabrochar. Homem em missão, Inspector Mórbido, heterónimo de Fuse, manifesta-se e a agitação do público justifica porque Fuse é tão bem-vindo no sul. A passagem à versão colectiva é feita através de “Tributo”, um dos temas bem amados de Dealema, causando um momento de emotividade ímpar. Logo depois de Xpeão anunciar o lançamento do seu álbum de estreia “A MÁSCARA” e de ter mostrado a versão composta para o “REVISTADOS”, tributo aos GNR, que não chegou a ser compilado, recorda-se “Ninguém Teme”, um assalto às mentes, uma devastação sonora, um arremesso poderoso e vital no scratch. Em interlúdio com Terrorismo Sónico, recorda-se “Fado Vadio”, outra marca do legado dealemático. “Fundação” foi uma das novidades, anunciando o segundo álbum dos Dealema. Mais um tema dedicado a todo o ser humano que comunga a mesma religião: Hip Hop. Para que o Clube Mercado não fechasse logo as portas, Mr. Cheeks, Dinis com Knowlegde One assumiram o palco e continuaram a noite com Drum‘ N Bass.


IV Street - Nesta faixa falas da falta de condições do nosso país. Se pudesses, o que é que mudavas em Portugal? Praso - O que mudava em Portugal …. Em primeiro era a mentalidade derrotista do povo português, que se resigna muito facilmente e que apenas se limita a ver no jornal que somos piores que isto, que aquilo e que aqueles… Acho que dava uma “injecção de adrenalina” no pessoal, para que em vez de dizerem que Portugal é uma merda, começassem a mexer-se. Roma não foi feita num só dia, nem Portugal sairá da crise apenas com as leis e reformas que o Estado faz. Nós também temos que mudar e essa mudança não parte de cima, parte de baixo, parte povo, parte de nós

PRASO Natural de Sines, Praso estreou-se em 2002 com a maquete “Prelúdio”. Depois de lançar o Ep “Cofre Nocturno” e a maquete “Assistência vol.1”, Praso prepara-se agora para lançar aquele que será o seu quarto trabalho e o seu verdadeiro álbum de estreia, “Focus 360º”. IV Street - Porquê o nome “FOCUS 360º”? O álbum irá focar algum tema em particular? Praso - Escolhi este nome por ficar fixe estécticamente (risos). É “FOCUS 360º” porque é disso que o álbum se trata, de focar a objectiva a tudo o que passa à volta. Este álbum vai focar muitas cenas, temas do dia a dia, vai falar da realidade, e é quase como que uma advertência para que as pessoas olhem para o que se passa a toda a sua volta, daí os “360º”… IV Street - Contas com alguns convidados neste teu trabalho? Quem são eles? Praso - Sim, conto. Conto com Jordan, Blaya, Súbito, Sp (que produziu o único beat que, dos presentes no álbum, não é da minha autoria) e com o grande saxofonista David Murray, que deixa um toque do que sabe fazer de melhor em duas das faixas. IV Street Tens disponível para download no teu myspace (www.myspace.com/undergroundfocus) o tema “Rir p’ra não chorar”. O que é que te fez escolher este tema para single principal do teu futuro álbum? Praso - Escolhi este porque acho que foi aquele que ficou mais trabalhado dentro do tema, tanto a nível instrumental como lírico.

IV Street - Também no teu myspace já é possível aceder ao videoclip do tema “Cada Rua” com a participação do Dj GI Joe. Como surgiu a ideia inerente a este videoclip e quem foi o responsável por ele? Praso - Este videoclip partiu da ideia de juntar filmagens e imagens numa certa sequência e em concordância com a letra, para que a letra ganhasse mais impacto. O vídeo foi feito por mim, como 99,99999% de todo o trabalho que este álbum deu. IV Street - O álbum será editado de forma independente, certo? Como foi gravar e produzir este teu trabalho? E como surgiram os meios para o fazer? Praso - Sim, este álbum vai sair de forma independente, se tivesse tido um apoio de qualquer editora não sairia, mas pronto… Gravar um álbum sem datas, nem barreiras, nem coisas dessas, é o melhor que pode haver. Então quando é tudo feito pelo o próprio, desde a produção à gravação, à mistura e a essas tretas todas que custam muito dinheiro ainda é mais gratificante, até porque assim posso meter o álbum a um preço mais acessível! IV Street - Quando é que poderemos encontrar “Focus” nas lojas? Praso - Se tudo correr bem (€€€) ainda este mês (Outubro). IV Street - Já há datas para concertos de apresentação do álbum? Praso - Ainda não há datas … Já fiz uma ante-estreia no dia 22 de Setembro, agora a apresentação será umas semanas depois do álbum sair… Isso ainda é uma incógnita mas tudo indica que será no início de Novembro. IV Street - Acho que é tudo… Queres deixar alguma dica ou alguma mensagem final? Praso - Sinceramente não……… (risos) Para finalizar, posso-vos dizer que por enquanto não tenho distribuidora, nem meios para meter o cd nas lojas, mas tenho “people” conhecido que se encarregará de vender os cds de norte a sul do paìs. Também será possível comprar através da minha página no myspace… Assim que sair estarão lá mais informações de como adquirir o álbum. Por: Daniela Ribeiro.


IV Street – Agora que lançaste o teu segundo álbum, mudarias alguma coisa nele, se pudesses? Valete: Nada, era mesmo esta cara que eu queria que o álbum tivesse. Não é fácil, mas tentei ao máximo mostrar quem é o Keidje Lima através das músicas. Apesar de ser um álbum de forte cariz ideológico, com alvos e direcções, também é um álbum muito autobiográfico. IV Street – Repetes quase todos os convidados do álbum “EDUCAÇÃO VISUAL”. Não tens vontade em colaborar com outros artistas?

Valete Keidje Lima, conhecido por muitos como Valete, lança agora o seu segundo trabalho de originais. Um SERVIÇO PÚBLICO recheado de ideias políticas e sociais, envolvidas num discurso altamente intervencionista. Um conjunto de músicas revoltadas, de grande cariz ideológico e ao mesmo tempo autobiográficas: assim é Valete, assim é Keidje Lima. Entrevista por Ângelo Rodrigues.

Valete: Não estou de acordo: o Fuse, o Ace, o Chullage, como o Kilú e o Bambino nos beats e o Cruzfader nos scratches não estão neste novo álbum. Este álbum é muito pessoal, então preocupei-me em rodear-me principalmente das pessoas que estão mais perto de mim. Gente amiga, gente que me apoia e que me entende. E como é óbvio e também é muito importante, gente com talento, porque é de arte que se trata. Tenho muita vontade de trabalhar com outros artistas, e para além de entrar no próximo álbum do Sam The Kid, entro também no álbum do Sanryse e também devo fazer algo na compilação do Núcleo, do Conductor, no álbum do Xeg, do NBC, etc. IV Street – Em “Pela Música pt.1” articulas um discurso bastante agressivo de uma pessoa revoltada. No entanto, a tua mensagem acaba por ser contraditória. Ora vejamos: quem é fã do que apenas a comunicação social lhe oferece, não ouve Valete, assim como quem ouve Valete, parte-se do princípio que não seja apologista da música “plástica” que os invade. Então, para quem falas tu? Valete: É um erro de análise teu. Nós somos artistas de Hip Hop e o Hip Hop está na moda. E por esse facto, mesmo não tendo muita promoção, é muito fácil veres jovens que nos leitores de mp3 têm Pussy Cat Dolls, Nelly e um som de Valete ou Chullage por exemplo. Acontece muito. Há sempre alguns sons dos artistas underground mais profícuos que chegam às massas. Circulam na Internet ou passam de mão em mão. E hoje eu tenho muito público que é programado. Grande percentagem do pessoal que compra o meu álbum também ouve muito desse lixo da comunicação social. E depois outra coisa que funciona muito bem, é a necessidade de quem concorda com o “Pela Música pt.1” tem de mostrar às pessoas que eu ataco nesse interlúdio. Há muitos manos anti-indústria e anti-música formatada que “ripam” esse skit e enviam para os programados. É lindo porque esse interlúdio anda a circular mais do que algumas músicas minhas. Está a ter muito mais efeito do que eu esperava.


IV Street – Tens medo de actuar ao vivo? Valete: Toda a gente sabe que tenho quase uma espécie de fobia por aparições públicas, gosto de estar sempre anónimo e “low-profile”. Ainda mais porque o Hip Hop tuga mudou muito, e ontem se só meia dúzia de pessoas ouviam, hoje já são milhares. Por isso há sempre um nível de popularidade a que estás sujeito e que eu tenho sempre fugido. Mas posso-te dizer que estou com muita “pica” para actuar ao vivo. O Bónus deve chegar no fim do ano e deveremos planear algo. Depois disso, se me derem as condições certas, poderás ver-me ao vivo. IV Street – Há alguma “digressão” marcada para este teu novo trabalho? Valete: Não, até porque se der concertos nunca serão muitos. Imagino três concertos apenas. Um no norte, outro em Lisboa e outro no Algarve. Tenho mesmo muito pouco tempo, por isso ensaiarei e dedicar-me-ei ao máximo nessa altura dos concertos para fazer grandes actuações e depois terei que voltar à minha vida sempre super-ocupada. Não vivo da música, é pena. IV Street – Algum videoclip previsto para uma música tua?

IV Street – As palavras “liricismo” e “liricista” não existem. Porque insistes em usá-las, uma vez que “lirismo” e “lírico” são as palavras lexicalmente correctas? Valete: É Hip Hop, mano. Nós passamos a vida a importar palavras usuais no rap americano e a “aportuguesá-las”. É o caso. “Liricismo” vem de liricism. E “liricismo” tem a ver com a qualidade e a nobreza da escrita. Lirismo é algo diferente, é algo mais ligado à poesia dos sentimentos. Por isso pode-se até dizer que os mc’s introduziram uma nova palavra na língua portuguesa. Outro caso semelhante é “bitar” = plagiar. Foi outra palavra e significado que também se importou do rap americano e que “aportuguesámos”. Acho isto muito bonito, porque só enriquece o nosso vocabulário. As línguas não devem ser estáticas e conservadoras, devem acompanhar as tendências, as novas gerações e as naturais renovações linguísticas que fazem. IV Street – É o teu ponto de vista. Há quem ache que isso é “americanizar” a nossa língua. De qualquer forma, achas que o “underground” que tu tanto defendes tem mais adeptos desde o teu aparecimento? Valete: Não. Eu defendo o “underground” como um conceito de liberdade. Ser underground é ser livre para poderes ser tu mesmo e fazeres aquilo que queres sem nenhum tipo de limitações. Sara Tavares por exemplo é mais underground que muitos hardcore rappers que ouves por aí a gritar “underground”. É o oposto desses artistas que são escravos do público e das editoras e fazem o que as massas querem para poderem vender. Eu não acho que tenha vindo ensinar nada , nem mostrar nada de novo às pessoas. Não há de certeza mais gente ligada ao underground só porque eu apareci, pode é haver mais gente ligada porque hoje já tens mais mc’s com essa filosofia “underground” que fazem boa música. Garanto-te que se andássemos a fazer música de merda, as pessoas estavam-se a “cagar”.

Valete: Sim, da música “Anti-Herói”. Estamos a ter um problema, porque será certamente um videoclip que as televisões não passarão muitas vezes, então é fodido estares a gastar um bom dinheiro para um videoclip que não passará muito, mas nós só queremos qualidade e qualidade paga-se. Vamos ver que solução encontraremos.


IV Street – Já há ideias para o terceiro trabalho de originais? Valete: Sim, algumas, o que posso adiantar agora é que se deverá chamar “360 GRAUS”. IV Street – compilação “POESIA URBANA” foi um sucesso. Para quando um segundo volume? Valete: Estamos já com a cabeça nisso, em 2007 já estaremos a gravar certamente. Ainda estamos a decidir que mc’s e produtores a convidar, mas é algo que em breve já estará em andamento. IV Street – Perspectivas profissionais para o futuro. Valete: Na música quero editar pela Horizontal mais umas “Poesias Urbanas”, álbuns do Adamastor, Bónus e outros projectos que possam ser interessantes. Fora da música corre-me tudo bem também, tenho um emprego estável, mas gostava de ter uma pequena empresa minha. É provável que aconteça também algo em breve. Deverei ter uma parceria com o meu pai para abrirmos uma panificadora em São Tomé. Isto tudo sempre numa perspectiva de sermos independentes, auto-suficientes e empreendedores. IV Street – Vês-te daqui a dez anos a viver da música? Valete: Não sei. Acho que ainda posso estar a fazer o papel de editor, mas a fazer álbuns como Valete duvido muito. Com 35 anos, deverei já estar muito comprometido com o trabalho, deverei ter mulher e filhos, e é realmente muito difícil conseguires fazer bons álbuns quando tens pouco tempo.

Um Álbum Duas Visões: Se existe algo mais esperado este ano para além do SERVIÇO PÚBLICO de Valete é difícil de dizer. Tal foi o buzz em volta deste trabalho que quando se apresentou a grelha de conteúdos desta edição logo duas pessoas se ofereceram para escrever a crítica ao mais recente registo discográfico de Valete. Em circunstâncias normais isto não estaria a acontecer, mas dado que nos chegaram duas visões com alguns pontos em comum e ao mesmo tempo tão diferentes entre si, resolvemos publicar ambas.


Valete Serviço Público Horizontal/ Footmovin’ Liricismo. Esta é não só a resposta à pergunta colocada por Adamastor na sexta faixa de Educação Visual, como também é a mais sintética e ao mesmo tempo completa descrição que se pode fazer deste novíssimo SERVIÇO PÚBLICO. Quatro anos de espera foram recompensados com um dos melhores álbuns dos já mais de dez anos de rap em Portugal, e não vale a pena dizer que o antecessor deste novo trabalho de Valete era melhor, porque tal afirmação só poderá ser justificado tendo por base uma espécie de valor estimativo. O estilo era o que já se estava à espera: um discurso fortemente politizado, intercalado com muitas punchlines, metáforas e storytelling. No entanto, isso não significa necessariamente falta de originalidade, porque estas sempre foram as características deste rapper, que só se usasse o estilo de outrem é que poderia ser acusado de não inovar. E nem o facto de terem proliferado dezenas de pequenos copy-cats de Valete chega para saturar ou tirar fulgor ao seu trabalho. Estar perante este novo cd de Keidje Lima é estar perante músicas que estão cheias de linhas explosivas. Os temas são abordados sem papas na língua com dicas e punchlines que deixam qualquer um a pensar "como é que ele se lembrou disto?", e talvez não seja exagero dizer que "Serviço Público" e "Subúrbios" são as "representantes máximas" do rap político e de rua do nosso Hip Hop. Como o próprio Valete já afirmou, o seu objectivo foi o de ser servido pelos instrumentais, e não o inverso, e isso é notório. No entanto, boas músicas foram feitas, com beats que não ofuscam as letras mas que também não ficam na sombra, tendo todas elas óptimos refrães (sem excepção) e uma estrutura bem cuidada, sendo isso o primeiro passo para um bom som. Em termos de sonoridade, os melhores exemplos a dar são "Os Meus", com Bónus, "Monogamia" e "Não te adaptes", que deveria ser escutada por todos os indivíduos do sexo masculino, pois quer se queira quer não, os homens sem as mulheres (decentes, de preferência) não vivem, sobrevivem! O único ponto onde a evolução deste mc não é tão clara, é o flow, mas tal como aconteceu em relação à parte instrumental deste disco, isso pareceu propositado, de forma a não fazer da letra escrava (sendo "Anti-Herói" a excepção, já que esta é seguramente umas das melhores faixas portuguesas editadas nos últimos tempos no que a este ponto diz respeito). Contudo, a maneira como Keidje flui continua a não merecer reparos, e tudo isso é compensado com o sentimento por si empregue nas palavras que diz, que é extraordinário. SERVIÇO PÚBLICO é também um marco porque junta, finalmente, os três membros do Canal 115 numa só faixa. Qualquer ouvinte estaria expectante quanto ao que esta junção traria, mas a verdade é que Bónus e Adamastor não conseguiram acompanhar o ritmo de Valete, que com os seus versos deixou os companheiros de editora bastante aquém de si. Na generalidade, também as outras participações foram menos bem conseguidas do que se poderia esperar à partida, inclusive a de Sam the Kid, que apesar de ter uma boa letra, tem o contra de rimar 95% das vezes em "ão", denotando-se uma pelo menos aparente falta de esforço. O ponto alto das colaborações será mesmo, curiosamente, Raquel Oliveira, que dá a sua voz à menina que fala no início de "Revelação" – as palavras por ela proferidas adquirem um tom sincero e até arrepiante! Pouco mais haverá a dizer senão que este é um clássico instantâneo. Por: Moisés Regalado.

Valete Serviço Público Horizontal/Footmovin Depois de EDUCAÇÃO VISUAL, eis que nos surge o tão esperado segundo álbum de Valete: SERVIÇO PÚBLICO. Keidje Lima de nome, apresenta-nos cerca de doze temas, intercalados por alguns interlúdios. Aqui surge a primeira grande diferença em relação ao seu primeiro trabalho editado. Conhecida a sua veia revolucionária, Valete optou por introduzir vários excertos de discursos políticos, dentre os quais estão Hugo Chavez, Fidel Castro e (o seu ídolo) Che Guevara. Nota-se uma maior maturidade nas palavras de Valete, uma melhor dicção e diversidade lexical, o que lhe permitiu uma melhor construção dos temas. No entanto, sendo este um álbum quase autobiográfico e de clara exposição de ideais sociais e politicos, acaba por revelar um Valete bastante revoltado, quase frustrado, o que contrasta com a revolução que tanto proclama. É evidente uma agressividade excessiva nas ideias que pretende transmitir. São palavras que possuem raiva dentro de si. Quanto ao flow, mantém-se ao mesmo nível do primeiro álbum, sem grandes transformações. Existe sim, uma melhor cadência nas palavras que recita, marca que o distingue. A nível das participações vocais, contam-se quarto convidados: os membros do Canal 115 (Bónus e Adamastor), Sam The Kid e Ikonoklasta. Todos eles convidados de EDUCAÇÃO VISUAL, à excepção deste último. Todos corresponderam ao que lhes era pedido. Destaque para o uso (e “abuso”) das terminações em “–ão” por parte de Sam The Kid, que tanto o têm caracterizado nestes últimos tempos. As produções foram assinadas por Conductor e Sam The Kid, que forneceram 90% dos instrumentais, sendo os restantes 10% distribuídos por Lince, DJ Scotch e Meko. Os scratches ficaram a cargo do DJ Stik Up e DJ Bomberjack. Num apanhado geral do álbum, ressalta a temática das músicas, que acaba por cair um pouco no mesmo: a intervenção social (“Serviço Público”, “Subúrbios”, ”Monogamia” e “Anti-Herói”), pelo meio, ainda há espaço para uma conversa com Deus (tema este bem mais aprofundado do que “Que Deus”, de Boss AC); uma mensagem controversa (ou contraditória?) em “Pela Música pt.1”; uma boa prova oral em “Masturbação Mental”; um discurso didáctico e educacional embalado numa história (“Roleta Russa”); e uma lição do que é ter substância e conteúdo no texto que se articula (“Anti-Herói”). Sam The Kid ficou encarregue da produção mais nostálgica do disco, “Os Meus”, bem aproveitada por Valete e Bónus. SERVIÇO PÚBLICO é um álbum revoltado, intervencionista, pesado, sombrio e, em certa medida, revolucionário. É com base nesta palavras que ficamos à espera do próximo trabalho. E do próximo, e do próximo… Por: Ângelo Rodrigues


VHILS ENTREVISTA A VHILS 2S3DLEG CREW

IV Street - Há quanto tempo e de que forma o Graffiti entrou na tua vida? VHILS – O graffiti entrou na minha vida em 1999 quando tinha os meus 13 anos e á minha escola, como a todas nesta altura, tinha chegado a febre do graffiti. Comecei os primeiros projectos com os meus amigos de infância, Hidro, Suf e Himpo (com quem formei a primeira crew PDG). Mais tarde conhecemos o Nope, a quem nos juntamos e começamos a pintar. Depois, mudei de zona e continuei com os meus desenhos e a pintar sozinho. IV Street - Porquê o nome VHILS? Como começou o conceito? VHILS - Vhils surgiu inicialmente como um simples nome, rápido de fazer, com objectivo de ser espalhado ao máximo pela cidade. É a este nome que quero associado o trabalho que faço na rua, na chapa, na tela, em ilustrações, instalações, etc... Ao espalhar do nome associo agora stickers, posters, stenceis ou telas, forma subversiva de despertar o mero transeunte para alternativas à mensagem subliminar e vazia da publicidade e do seu apelo ao consumismo, a qual representa a característica essencial desta nossa cultura Urbana Uniformizada. IV Street - Consideras que o Graffiti desempenha um papel importante na evolução de um indivíduo? Porquê? VHILS - Sim, Na minha opinião graffiti/streetart para quem o vive, preenche grande parte da sua vida, logo é algo em que se acredita e se gosta e ao qual alguém se dedica, sempre que consegue roubar algum tempo às actividades a que a sobrevivência obriga. No fundo é uma forma de viver, onde nos encontramos e crescemos como pessoas. Há quem procure isso no rap, no breakdance, no djing, no skate, na Arte, Design, surf, etc... São coisas que no final te fazem criar, encontrar com o melhor da vida, e afastar-te do que pior há nela, intervindo num espaço ocupado pelo cinzento, criando alternativas ao vazio. Todos nós procuramos um sentido na vida e eu encontrei o meu,o graffiti, algo que me tem preenchido com satisfação a vida. Cabe a cada um optar entre viver o graffiti/streetart como arte pela arte ou aproveitá-lo para tentar alterar algo neste meio urbano.


IV Street - Qual o desempenho que o Graffiti tem, dentro do Hip-Hop? VHILS - O graffiti dentro do Hip Hop é a vertente visual e estética. Os writers para além de espalhar a sua criação visual pelas ruas, deveriam ter a seu cargo também os cartazes das festas, as capas das mix-tapes ou cd´s, e de vídeo clips,.... O que se tem visto, contudo, tem sido um afastamento por parte dos rappers e dj´s da verdadeira estética do hip-hop por motivos comerciais, pois a estética do graffiti hoje em dia devido à sua difamação afasta o consumidor. Para além disso, todas as vertentes do Hip Hop deveriam ser tratadas da mesma maneira, uma vez que todas elas têm a mesma importância. É com pena que nunca vamos ver uma crew de b-boy ou graffiti ser capa duma revista por melhores que sejam, porque comercialmente valem menos mexem com muito menos dinheiro. E assim as coisas vão tomando o seu caminho e o lucro vai conseguindo o que quer, dividir, porque a união incomoda.

IV Street - Achas que as novas formas de StreetArt são o próximo passo? VHILS - Acho que sim, é uma vertente nova, e há até quem lhe chame pós-graffiti pelas suas ligações duras ao graffiti. Mas para mim streetart e graffiti hão-de sempre caminhar em paralelo. A streetart no fundo, abriu os horizontes do graffiti em relação aos materiais e ao suporte de criação, para espalhares o teu nome, ou a tua mensagem, num espaço de trabalho que é comum - as ruas, a cidade. Acredito na streetart como uma nova forma de arte que reformará á arte em si. Pois a arte há muito que não tem nada de novo para mostrar. A streetart, na minha opinião, acaba com a última e única barreira que a arte manteve até hoje, a barreira das galerias, um espaço circunscrito. Impõe-se um novo conceito de arte, o de recuperar as ruas de novo para as pessoas, sejam elas quem forem, puxando-as a intervirem nos espaços, porque no final o espaço visual urbano é de todos nós.


IV Street - Qual a tua definição para Graffiti? VHILS - Primeiro o graffiti nasceu como uma parte integrante da Cultura Hip Hop, da qual cada vez mais se tem distanciado... Na minha perspectiva o Hip Hop ou por exemplo o punk, surgiram inicialmente como movimentos de reacção á segregação e ás diferenças sociais vividas nos bairros de trabalhadores das grandes cidades industriais, onde o crime e o desemprego reinavam. Estes movimentos vieram dar esperança e direito a uma identidade aos filhos destes trabalhadores que pouco contacto tinham com os pais e viviam grande parte do dia na rua, com os seus amigos, sem ocupação. Hoje graffiti é um jogo urbano onde cada um escolhe um nome que lhe garanta o anonimato, espalhando-o em quantidade ou alternativamente em qualidade pela cidade. Para mim graffiti e streetart é a maneira que encontramos para personalizar todo este nosso ninho artificial, visando através da cor, das formas, da naturalidade que sempre caracterizou o ser humano, devolver ás ruas da cidade a humanidade que as deveria rechear. Em resultado do modelo urbano, bairro dormitório/cidade central, à força importado e globalizado, todos os dias caminhamos para o trabalho, pela cidade cinzenta uniforme, como um burro caminha com umas palas nos olhos, atrás de uma cenoura que nunca há-de trincar. Este caminho está repleto de falsos aliciantes, a publicidade, a anestesia que nos faz todos os dias ir trabalhar, prometendo El dorados, férias, empréstimos para pagar empréstimos, concursos de milhões, clínicas de estética, etc... O graffiti/streetart, na minha opinião, tenta que o cidadão empregado/escravo se aperceba no mínimo da realidade em que vive e se possível que se torne também um interveniente deste espaço que é de todos, o espaço visual urbano. O graffiti ao longo do tempo tem sido considerado uma arte menor, vandalismo ou mesmo uma brincadeira de putos. Mas analisando bem a questão, um anúncio numa parede branca gigantesca terá o impacto que o sistema para ele previu, se esse anúncio tiver um belo hall of fame ao lado? Em conclusão vejo assim o graffiti/streetart como uma forma de reacção natural do ser humano contra esta urbanidade do betão e do negócio, uniforme e artificial, que nada tem a ver com a natureza de que o homem é originário. É o devolver à cidade da cor, das formas, da natureza, da criatividade e do espírito crítico.

Por: fresh


Ora viva rapaziada! Ora viva rapaziada!

Identidade Identidade

Cá estou eu na minha primeira aparição Ao menos assim a qualidade era garantida. oficial como tentarprimeira (mais uma Cá colunista, estou eu naaminha aparição oficial comoparte: colunista, a tentar Terceira gostar de (mais rimar como o umacom vez...) fazer com entendam que vocês entendam a diferença ser real ou não não. tem nada vez...) fazer que vocês a Sam e Valeteentre – pronto! Isto O Bónus e o Adamastor fizeram um som do género mas claro que, tendo o não tem diferença entre ser real ou não. O Bónus e de mal, não tem nada de bom, som muita qualidade, quase ninguém na Tuga prestou atenção. E porquê? o Adamastor fizeram um som do género nada de nada, mesmo! Não tem ponta por Porque a Tuga só gosta de lixo! Agora que aquela cara de mas claro que, tendo o som muita ondevossedeixei lhe com pegue. A menos que eu “quem é este palhaço para me criticar” (se tiverem um espelho por perto, qualidade, quase ninguém na Tuga prestou estivesse a escrever na pontinha... comprovem...) parto para o que realmente interessa. atenção. E porquê? Porque a Tuga só gosta Anyway, sabem porque é que o Valete é Identidade – parte 2 de lixo! Agora que vos deixei com aquela bomtexto hoje? ontem eraonde mau. Mas foi Há relativamente pouco tempo deixei um noPorque blog Horizontal, cara de “quem é este palhaço para me batalhando e errando. E o mesmo para o falava do princípio básico de identidade. Quem quiser apanhar o início, criticar” (se tiverem poraproveito perto, para Sam. Os maus flows que experimentaram, dirija-se lá, um por espelho favor. Hoje concluir o raciocínio. Vamos aqui comprovem...) parto para o que realmente fazer um jogo com números imaginários:as dicas wacks que escreveram, todo esse interessa. Quantos de vocês a ler isto gostam de ouvir o Sam ou Valete processo é que feza rimar? deles o100! que eles são Quantos de vocês a ler isto gostavam de rimar com eles? 90 desses 100! Identidade – parte 2 hoje. Quantos de vocêstempo a ler isto gostavam rimargrande como eles? desses 90! não nasce Há relativamente pouco deixei um de Um mc80constrói-se, Então... vamos por partes! texto no blog Horizontal, onde falava do grande mc. Era muito fácil eu chegar aqui gostar de Sam e Valete – não tem nada de mal, antes pelo princípio Primeira básico parte: de identidade. Quem e copiar o Sam da banda sonora do CRIME contrário, visto que são dois grandes mcs e que marcaram inequivocamente quiser apanhar o início, dirija-se lá, por DO PADRE AMARO ou o Valete do SERVIÇO o Hip Hop nacional. Aliás, foram eles (e mais alguns) que criaram o que hoje favor. Hoje aproveito para concluir o PÚBLICO. Copiá-los fazia de mim um chamamos de rap Tuga. É normal gostarmos deles porque sem eles (e mais raciocínio.alguns), Vamos hoje aqui nem fazerexistia um jogo com grande MC? Não! Fazia de mim uma público para esta revista ou conteúdo para este números imaginários: grande fotocópia. E a Tuga deve ser uma texto. Até aqui... tudo bem! Quantos de vocês a ler isto gostam de ouvir em conta a Segunda parte: gostar de rimar com o fotocopiadora Sam e Valete –industrial, correm o tendo risco de o Sam ou virarem Valete aMCs rimar? 100! de– wannabes que cliché, uma vez que está naquantidade moda incluir massiva um dos dois ou até Quantos de vocês lerem isto gostavam delista denascem mesmo os adois simultâneo – na convidados de um de rap todos os CD dias. DeTuga. qualquer das que90 tenha algo100! de mal. Aliás, pessoalmente gostava 90% dosque rappers rimar comNão eles? desses formas, só que queria vocês se da Tuga pedissem não só ao Sam e ao Valete para participar numa faixa dos Quantos de vocês a ler isto gostavam de questionassem acerca do porquê de dicas seus álbuns, como 90! também lhes pedissem para participarem em bons, todas as rimar como eles? 80 desses como “Nem querem ser querem ser músicas e ainda (para ser mesmo perfeito) que eles pudessem participar em Então... vamos por partes! Valete ou Sam The Kid” do Royalistik ou 95% do tempo cantado dos sons. Ao menos assim a qualidade era garantida. Primeira parte: gostar de Sam e Valete – “Inspirem-se no Kadje Lima, mas não Terceira parte: gostar de rimar como o Sam e Valete – pronto! Isto não tem não tem nada de mal, antes pelo contrário, rimem como o Kadje rima’ Samuel ou nada de mal, não tem nada de bom, não tem nada de nada, mesmo! Nãodo tem visto queponta são dois grandes e que ainda precisei de ouvir por onde se lhemcs pegue. A menos que “Nunca eu estivesse a escrever na Hip Hop marcarampontinha... inequivocamente o Hip Hop para o fazer”, também do Samuel. Anyway, sabem porque é que Tuga o Valete é bom hoje? Porque ontem nacional. Aliás, foram eles (e mais alguns) Não acho que o pessoal diga era mau. Mas foi batalhando e errando. E o mesmo para o Sam. Os maus isto por que criaram o que chamamos de acaso.queEnquanto vocês ser flows que hoje experimentaram, asrap dicas wacks escreveram, todo quiserem esse Tuga. É normal deles porque processogostarmos é que fez deles o que eles são hoje. alguém que não são, nunca serão vocês Ummais grande mc constrói-se, nasce grande mc. Era eu chegar sem eles (e alguns), hoje nem não existia mesmos. Por muito favor,fácil entendam isto de vez! aquiesta e copiar o Sam banda sonora DO PADRE AMARO ou o Valete público para revista ou da conteúdo para do CRIME Lembrem-se manos: Se vocês forem SERVIÇO Copiá-los fazia deapenas mim ummais grande Não! serão Fazia de este texto.doAté aqui...PÚBLICO. tudo bem! umMC? rapper, apenas um mim uma grande fotocópia. E a Tuga deve ser uma fotocopiadora industrial, Segunda parte: gostar de rimar com o Sam rapper a mais... em conta a quantidade massiva de wannabes que nascem todos os e Valete –tendo correm o risco de virarem MCs dias. De qualquer das formas, só queria que vocês se questionassem acerca cliché, uma vez que está na moda incluir do porquê de dicas como “Nem querem ser bons, querem ser Valete ou Sam um dos dois ou do até mesmo ou os“Inspirem-se dois em The –Kid” Royalistik no Kadje Lima, mas não rimem como simultâneo – na lista de um o Kadje rima’de doconvidados Samuel ou ainda “Nunca precisei de ouvir Hip Hop Tuga para CD de rapo fazer”, Tuga. Não quedo tenha algoNão de acho que o pessoal diga isto por acaso. também Samuel. mal. Aliás,Enquanto pessoalmente gostava que 90% vocês quiserem ser alguém Por: que Heartcore não são, nunca serão vocês dos rappers da Tuga não só aode vez! mesmos. Por pedissem favor, entendam isto Lembrem-se manos: Senuma vocêsfaixa forem apenas mais um rapper, serão apenas Sam e ao Valete para participar um rapper a mais... dos seus álbuns, como também lhes pedissem para participarem em todas as músicas e ainda (para ser mesmo perfeito) Por: Heartcore que eles pudessem participar em 95% do tempo cantado dos sons.


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Estudo Sobre Música vs Álcool, Drogas e Violência: Por: Sónia Bento.

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Antes de passar ao tema propriamente dito gostaria de referir que quando o Tó me propôs escrever umas crónicas, a primeira coisa que pensei foi: “agora vou poder voltar a abordar este estudo”. Dado que já o tinha abordado anteriormente no meu blog e notei que passou um pouco despercebido, talvez porque não seja uma daquelas novelas mexicanas em que o “A” manda uma “ganda” dica ao “B” mas afinal estava era a falar do “C”. Ou então porque as pessoas pensaram que era demasiado aborrecido e era mais uma americanice sem pés nem cabeça… Muito sinceramente na minha singela opinião considero o estudo bastante interessante, já que pode promover um belo debate à sua volta, e também um pouco preocupante. Apesar de não ser referido em que zona dos Estados Unidos foi realizado e de considerar que a amostra deste estudo é muito pequena, apenas 1000 jovens tendo em conta o número de habitantes do país, e talvez tenha até condicionado as respostas ao estudo. Isto porque os tipos de música mais ouvidos variam muito de região para região. Não deixa de ser verdade algumas das coisas aqui apresentadas e também não deixa de ser preocupante a cada vez maior taxa de consumo de álcool e drogas entre os jovens. No entanto não há nada melhor que vocês lerem o estudo e tirarem as vossas próprias conclusões.Os ouvintes de Rap têm maiores probabilidades de desenvolver problemas com álcool, drogas e comportamentos violentos, do que os ouvintes de outros géneros musicais. É a conclusão de um novo estudo levado a cabo pelo “Pacific Institute for Research and Evaluation's” (P.I.R.E.) centro de pesquisa e prevenção. O estudo publicado no "Jornal de Estudos Sobre Álcool", conclui também que os jovens apreciadores de Reggae e Techno consomem mais bebidas alcoólicas e drogas que ouvintes de qualquer outro estilo musical, à excepção do Rap que ficou no topo relativamente às questões abordadas.


“Os resultados deste estudo, e que não sofreram qualquer tipo de influências quer pela etnia ou sexo dos participantes, deveriam abrir os olhos dos responsáveis políticos", afirmou o Dr. Meng-Jinn Chen, um cientista do centro de pesquisa. "As pessoas deveriam ficar preocupadas pelo Rap e o Hip Hop, estarem a servir de estratégias de marketing para bebidas alcoólicas, que geram problemas com álcool, drogas e agressividade, entre os ouvintes," continua "Isso é particularmente credível se tivermos em consideração a popularidade do Rap e Hip Hop entre os jovens". Os artistas Hip Hop têm participado em anúncios a diversas bebidas alcoólicas, enquanto que rádios urbanas norte-americanas são usadas com regularidade para propaganda a bebidas alcoólicas. Meng-Jinn acrescenta, "Enquanto nós não conseguirmos entender a relação entre preferências musicais e comportamentos, o nosso estudo mostra que os jovens podem ser influenciados pela frequente exposição a letras que fazem referências positivas ao uso de álcool, drogas e violência". Os pesquisadores enfatizam que os resultados não podem determinar que ouvir um ou outro género musical, levam a um consumo de álcool, drogas e comportamentos violentos, no entanto os jovens com essas tendências, podem ser "arrastados" para certos estilos musicais. Estudos recentes de música revelam que cerca de metade das músicas Rap/Hip Hop fazem referência a álcool, comparada com cerca de 10% dos restantes géneros musicais mais populares. Cerca de dois terços das músicas Rap mencionam drogas ilícitas nas suas letras, comparado com um décimo dos restantes géneros e os vídeos Rap e Rock apelam duas vezes mais á violência que os restantes géneros. AmericanBrandstand.com, é o website que contabiliza o número de vezes que determinado produto e marca é mencionado em alguma música e revela que a marca "Hennessy", foi a marca que esteve no topo do ranking das marcas de bebidas alcoólicas referidas em músicas durante o ano de 2005, e ficou em 6º lugar no ranking de todos os produtos mencionados por artistas. A marca foi referida 44 vezes!

Diz-me o que ouves, e eu digo-te quem és! “Se o seu parceiro ideal é uma pessoal que aprecia musica Hip Hop é melhor tomar atenção, um estudo britânico revelou que os fãs deste tipo de som são aqueles que têm maior tendência para a criminalidade, promiscuidade, abuso de drogas...” é assim que começa um artigo que tive a oportunidade de ler num pequeno jornal diário. Não sei qual será a vossa reacção, mas a minha primeira reacção foi de espanto. Tanto eu como muitos de vocês que vivem dia a dia neste meio, ouvem infindavelmente rap, deslocam-se aos concertos, alguns contribuem directamente para o crescimento desta cultura... ler assim uma estatística destas junto com o café da manha não sabe nada bem. Portanto, como Seres errantes, já não basta ter um pé na poça, chamarmos nomes feios à jornalista e apontarmos o dedo a todos os outros estilos... metendo o outro pé também na poça.

A ideia é começar logo a pensar nos outros estilos todos: rock, metal, trance, tecno, drum, reggae .. Como é obvio e todos nós sabemos, criminalidade, drogas, etc., também estão presentes em todos os outros estilos musicais. A questão é apurar se aquela estatística é real ou justificar aqueles dados menos favoráveis ao Hip Hop. O contacto com a jornalista do dito jornal não serviu de nada, visto não termos obtido nenhuma resposta, só nos restou raciocinar (sei que por vezes é difícil). A cultura Hip Hop começou com um senhor chamado “Afrika Bambaataa”, desenvolvendo se nos ghettos de Nova Iorque e arredores. Cresceu no seio de culturas pobres, locais desfavorecidos onde sempre existiram muita dificuldades. Por isso é que o Hip Hop cresceu... para materializar as dificuldades do dia a dia e alertar as pessoas para assuntos que políticos, capitalistas, sociedade em si tenta abafar. Esta cultura está espalhada por todo o mundo, estando na minha opinião neste momento a chegar ao seu auge. O que me atraiu no Hip Hop foi ser uma cultura simples mas muito completa, dividida em 4 partes que se complementam. Com vertentes líricas, visuais, de dança, etc., todas com uma mensagem a transmitir e sem censura. Criado entre os pobres, em Portugal o Hip Hop também se desenvolveu entre eles. Não foi no interior ou em zonas ricas que o Hip Hop português nasceu, mas sim nas metrópoles, grandes cidades onde a criminalidade, violência, drogas reinam como em qualquer outro país supostamente “desenvolvido”. Como a grande maioria de seguidores desta cultura vive na cidade, muitos deles nos bairros, nos ghettos, nos blocos... zonas onde dinheiro se esquiva e problemas flúem, é normal que esses problemas se reflictam nas músicas, com palavras de ordem, com manifestações anti-politica, anti-capitalismo. A mesma estatística indicava ainda que os fãs de Hip Hop eram os que menos acreditavam em deus e que mais se opunham ao aumento dos impostos para aumento dos serviços públicos. Estas estatísticas também se podem dever ao facto de muitos dos agora seguidores do Hip Hop anteriormente terem tido influências de outros estilos musicais já acima citados. Neste momento, sem qualquer dúvida, o Hip Hop é o estilo detentor de mais seguidores, por influência dos media, das massas, das modas americanas ou simplesmente por ser um movimento com expressões sem censura onde a verdade dos acontecimentos vividos dia-a-dia estão muitas expressos nos sons. Com esta pequena explicação espero que compreendam que as estatísticas por vezes enganam, que o Hip Hop está muitas vezes concentrado em zonas desfavorecidas onde o número de crimes e tráfego de droga poderá também estar mais concentrado, e que a maioria de jovens neste momento escolheram o Hip Hop, por várias razões, como a cultura a seguir, naturalmente também trarão consigo pessoas conflituosas. A jornalista do artigo que li era com toda a certeza alguém totalmente fora deste movimento, não conhecendo os valores e não estudando os factos. Mas por favor não me façam rir de novo com introduções destas! Por: Fresh


...Mais Hip Hop No Teu Ouvido! Cotonete Records empenhada na divulgação de novos talentos

Para alguns, talvez o rap moçambicano pouco mais seja do que

meia dúzia de nomes que participam em álbuns portugueses. Por isso mesmo, a edição de uma compilação reunindo nomes mais e menos conhecidos seja a oportunidade perfeita para conhecer melhor o rap em português feito fora de Portugal. A iniciativa foi da Cotonete Records, uma label que surgiu em 2004 para dar resposta à grande procura de artistas que não conseguia lançar álbuns por falta de editora. A primeira edição com o selo Cotonete Records foi Dinastia Bantu – SIAVUMA e a próxima será a compilação ...MAIS HIP HOP NO TEU OUVIDO!, que conta com a participação de 16 MCs/grupos e 8 produtores. A intenção é fazer uma edição desta natureza anualmente e a deste ano, segundo Joe, o fundador e responsável pela editora, “reúne algum dos mais promissores nomes da cena Hip Hop em Moçambique” e o objectivo central é “lançar novas referências para o Hip Hop nacional”. Mas porque não é só de novos talentos que se faz um trabalho que cause impacto, Joe acrescenta que “neste primeiro volume pode-se encontrar aproximadamente 50% de nomes mais ou menos conhecidos”. A extensa lista de participações inclui nomes oficialmente ligados à editora, como Iveth, Azagaia, Flash, Rage e Next Tribo, mas também outsiders, nomeadamente Xitikuh-ni-Mbaula, Shackal e BigHost, Slang Box, Equadrao d'Elite, Neviga Label, Mhuyve Records, Fleck, Izloh (H.O.), K-Real e Sick Brain, F&G e 1788.

Em termos de produção, Joe diz que “para além de promover novos nomes em matéria de quem rima, a intenção é destacar também nomes de quem produz” e é por isso que a compilação conta com produtores “alguns deles ainda quase desconhecidos”. Os 8 nomes são de Gringo, Proofless, Inflomatic, Age Fingrs, Mak, Mr Dino, the Singer, Petula e KX. Se uma tão extensa lista de participações pode sugerir que cada interveniente terá menos tempo de rodagem – e portanto poderá apenas fazer “curtas-metragens” ou pequenos freestyles – a situação é exactamente a oposta. “A Cotonete exigiu temas coerentes”, explicou Joe, “é uma compilação muito madura, se calhar tornar-se-á numa referência cá...”. Para 2007, a Cotonete Records tem previstos o lançamento do álbum de Azagaia BABALAZZE e Flash CONHECIMENTO INFINITO, assim como Iveth, ainda sem nome para o álbum. Até lá, podemo-nos contentar com ...MAIS HIP HOP NO TEU OUVIDO, que sai dia 29 de Outubro e a Cotonete Records está a desenvovler esforços para que seja distribuida em Portugal, tendo já contactado a Horizontal e a Da Klub, entre outros. O lançamento do álbum será no Clube dos Empresários e contará com a participação de Duas Caras, 3H, Mr Arsen, Xtakah Zero, Elex e Terry, sendo apresentado por Hélder Leonel e Zita Ananias. Joe manda ainda big ups para “Valete (já encomendei o meu SERVIÇO PÚBLICO), Sam The Kid (curto bué os teus sons, estou à espera do álbum), Sir Scratch, Hip Hop Tuga” e deseja “Paz, amor e HiphopTude”. Contactos: www.cotoneterecords.com tel. 258824471440 Por: Joana Nicolau para a IVSTREET

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S. Clemente Way IV Street - Fala-nos um pouco sobre como surgiu a ideia do projecto S. Clemente Way e o seu desenvolvimento até ao resultado final. S. Clemente Way - O colectivo S.Clemente nasceu como todos os colectivos nascem, baseado na amizade entre um grupo de pessoas, tendo o Hip Hop como factor comum. No arranque éramos RSF, UPK, SAGESPCTRO, 81infinito e Dj T.Real, e a compilação tinha o nome 8100 LOULÉ isto por volta de 2001/20002. O objectivo era apresentar o rap louletano através de músicas de cada grupo compiladas num só CD. A vida não correu como prevíamos, e o projecto foi enfraquecendo com a separação de RSF, devido à escola, trabalho, etc. Nessa pausa, lançamos o EP de Sagespectro (2004) ao qual se introduziu faixas originalmente destinadas para a compilação. No fim do lançamento do EP Sagespectro, o projecto ganhou novamente vida e com determinação fomos gravando as 19 faixas. Ao objectivo inicial de apresentação do rap louletano adicionamos a vontade de fazer mais que uma compilação, mas sim um álbum do colectivo S. Clemente para que acima de tudo fosse diferente de todas as compilações existentes, daí a alteração para S. Clemente Way com a participação de Impacto Profundo, Zemmanation e Edito Marcial (ex-RSF), Sagespectro, UPK, 81infinito e Dj T.real, S. Clemente Way é o cartão de visita para conhecer o rap louletano. IV Street - Em comparação com restante território nacional, como está o panorama a nível de Hip Hop na zona que representam? Se surgisse oportunidade, veriam com bons olhos coligações com outras zonas/colectivos algarvios para mais projectos? S. Clemente Way - O Hip Hop no Algarve está a atravessar uma fase complicada, pois existe muito mais oferta que procura. Isso complica por exemplo, quando estás a cantar para 50\70 pessoas num bar, onde 70% do público está entre os 14 e os 18 e se julga ser melhor emcee que tu, ficando só até ao fim porque desespera pelo "open mic". Fazem isso para poder mostrar o seu "skill" acabando por desprezar totalmente tudo o que dizes e como estão em maioria acabam por estragar o ambiente da festa e consequentemente no final há sempre confusão. As festas estão a ficar cada vez mais reservadas e muitas casas fecharam as portas ao Hip Hop devido aos prejuízos, danos materiais e queixas de vizinhos. As editoras nacionais não têm grande interesse nesta região e em qualquer outra região se for a do centro ou da periferia. As existentes aqui no sul são por maioria independentes e muito recentes, ao ponto de ainda estar na fase dos lançamentos dos EP's, LP's e mixtapes dos amigos. As coligações são poucas, muito por causa da vida quotidiana de cada um, trabalho, escola, distância, etc. Contudo o Algarve tem evoluído muito nos últimos tempos com muitos projectos vindos de pontos diferentes da região, agora em comparação com o resto do país não posso afirmar nada apenas que se formos mais unidos acabamos por fazer a diferença.


IV Street - O que pode o público esperar da compilação S.Clemente Way, no que diz respeito aos seus participantes, temas, e sua produção. S. Clemente Way - A compilação é formada por 19 faixas cheias de crítica, positivismo e acima de tudo muita humildade, falamos sobre temas locais mas que se aplicam em qualquer parte do país. Falamos duma realidade comum a todos nós daí ser fácil a identificação com uma ou outra faixa. Os emcee's são Sage, Espectro, Pako, Exame, Edito Marcial, Lágrima, Sa, stealth, krizto e zemmanation. O DJ de serviço é Dj T. Real. E na produção, Sage, Pako, Lágrima, Dj T. Real, Stealth e Espectro. A masterização ficou a cabo de Sage excepto faixas 9, 12 e 17 que foram masterizadas por Lágrima. IV Street - Com a compilação nas ruas, como vai correr agora o seu processo de promoção? E em relação a projectos futuros, quer sejam trabalhos a solo dos intervenientes da compilação, ou projectos em colectivo, o que nos podes adiantar? S. Clemente Way - A compilação está a ser distribuída pela daklubstore.com, e pode ser adquirida nas lojas normais de Hip Hop. Temos preparado 4 ou 5 concertos de apresentação nas redondezas da nossa cidade, o 1° foi em Setembro, como também já foi apresentado na Fnac da guia Albufeira com um showcase. Futuramente teremos as datas certas. Dentro do colectivo S. Clemente temos vários projectos em construção tais com EP de UPK, LP de 81infinito, e o 2°vol de Sagespectro. IV Street - Tens tempo de antena para agradecimentos, recados, publicidade… S. Clemente Way - Quero agradecer a todos que apoiam, apoiaram e apoiarão o Rap louletano. Deixo aqui alguns links importantes: http://sclemente.com.sapo.pt (site oficial) http://www.myspace.com\sclementeway (singles promocionais) http://www.daklubstore.com (distribuidora) http://www.roit-wear.net (patrocínio) Por: Ivo Alves.


Dj Pasta Os Bastos (mixtape) Ace Produktionz Depois de uma honrosa participação no campeonato ITF Portugal e da realização/distribuição de várias mixtapes num circuito mais underground (no verdadeiro sentido da palavra), Dj Pasta está de volta com OS BASTOS, desta feita sob a alçada da Ace Produktionz. Note-se que este não é um projecto que pretenda ser demasiado ambicioso, ou pelo menos assim faz crer. Parece que o seu objectivo primordial é apenas o de reunir alguns bons (e conhecidos) instrumentais com rimas capazes de servirem de suporte aos flows e, consequentemente, às músicas. Mas isso não é mau, pelo contrário. Há sons apropriados para todas as ocasiões, e estes são, claramente, perfeitos para "bombar no teu carro" e "soar no teu bairro", como se pode ouvir logo na intro. Ao observar a tracklist nota-se que os mc's convidados a dar voz a esta iniciativa são aqueles que já seriam de esperar, nomeadamente alguns dos membros dos colectivos Dealema e Mind da Gap, passando pelos seus respectivos "discípulos". Houve, no entanto, uma clara aposta na experiência, sendo poucos os representantes da nova escola presentes neste trabalho, o que serviu para evitar um fiasco criativo semelhante ao da compilação LADO OBSCURO. Contudo, essa aposta não se veio a revelar totalmente bem sucedida, sendo precisamente os rappers mais novos os responsáveis pelas piores faixas do álbum, exceptuando Berna (que não se pode considerar tão novato assim) e Gatos do Beko, que foram os únicos "new-school’ers" a conseguir justificar o convite. Quanto aos restantes, pouco há a dizer. Claramente merecedor de destaque é Presto, que dá em "Sem medo" (mais uma) mostra de que tem argumentos para segurar uma faixa sozinho, não ficando a dever nada ao seu companheiro Ace que, por sua vez, mostra em OS BASTOS um flow maduro e cada vez melhor, bem como uma musicalidade merecedora de nota. E é exactamente a este mc, juntamente com Maze, que se deve o melhor momento de toda a mixtape, "É a realidade". Trata-se de uma faixa brutal, que sobre um beat de Mobb Deep prova que o street-rap não é um exclusivo da zona sul do país, sendo este um estilo que conjugado com a poesia característica da escrita praticada no norte só tem a ganhar. De Pasta pode-se dizer que é ainda um dj de alguma forma incompleto, porque apesar de já não ser nada mau nas misturas, ainda evidencia um scratch algo precário. Entrando na "onda", fica lançado o desabafo: "basta" de ver um mercado sem mixtapes, venham mais destas! Por: Moisés Regalado.


Method Man 24:1… The Day After Def Jam “Stop looking, listening and guessing who’s coming now!!” Um dos melhores tecnicistas na arte de rimar lançou mais um trabalho, prometendo fazer vibrar os seus seguidores mais novos e provocar desdém e alguma decepção nos que o seguem há mais tempo. Todos nós temos tendência para exigir continuidade da qualidade (no mínimo) ao artista que nos “mima” com doses e doses de óptimo trabalho, neste caso, musical. Antes de dissecarmos “24:1... The Day After”, é importante referir que o todo é que faz a força e o álbum está bom no geral. Comparando com outros trabalhos de Method Man, este está mais light, com participações de artistas com diferentes estilos musicais – o que não é mau e veio acentuar a polivalência de Meth. Das mais variadas colaborações destaco pela positiva Ginuwine, Fat Joe, Styles P, Ol’Dirty Bastard (R.I.P) Inspectah Deck, Raekwon, The Rza e, a meu ver, grande surpresa feminina Megan Rochell. As participações dos restantes artistas deixam muito a desejar e marcaram em boa percentagem a parte negativa do álbum. Apesar do flow fenomenal que Method Man possui e exibe de forma orgulhosa, as temáticas presentes no álbum são limitadas e redundantes. Isto leva muitas vezes à sensação de dejá vu, não só relativamente aos trabalhos anteriores, mas também entre várias faixas neste álbum!! As faixas que poderia destacar são muitas e de boa qualidade mas vou sublinhar apenas a “Let’s Ride” com Ginuwine, “Ya’Meen” com Fat Joe e Styles P (quem diria...), “Konichiwa B****es” , “Presidential M.C” com Raekwon e The RZA e “Everything” com Inspectah Deck e Streetlife. Sejam Anti-Herois... mantendo a paz Por: The Frozone

Raze Sem Dados Disponíveis Edição de Autor Em Portugal, tudo o que é mixtape (ou coisa do género) lançada na net é, como diriam os sujeitos do Gato Fedorento, "muito fraquinha". Será este trabalho a excepção que confirma a regra, ou será antes um sinal de que novos tempos se aproximam? É difícil saber qual das opções estará correcta, mas o que realmente interessa é que “SEM DADOS DISPONÍVEIS” é música (da boa!) para os nossos ouvidos. O grande destaque vai, de forma inevitável e inequívoca, para Raze. É verdade que tem uma participação discreta enquanto rapper, mas isso pouco interessa, porque no papel de beat-maker prova que também um instrumental pode valer mais que mil palavras. Não quer isto dizer que os convidados sejam uma espécie de estorvo nas músicas, muito pelo contrário. Parecem ter sido escolhidos a dedo, e apesar de serem quase todos nomes relativamente novos na praça, demonstram já uma maturidade bastante assinalável. Não há grandes oscilações de qualidade entre eles, e no geral as coisas podem ser postas nos seguintes termos: há bons flows, a envolvência com o beat é quase sempre digna de nota e as letras, apesar de não serem nada de extraordinário, cumprem. Entre todos, talvez este último ponto seja o menos forte, o que não significa necessariamente que seja fraco. Mas há artistas que fogem a esta regularidade, positiva ou negativamente. Splinter, X-Tasy e Dust, com diferentes estilos, superiorizam-se aos restantes participantes relativamente ao flow, conseguindo os dois últimos um nível de escrita superior à média desta compilação. Spell, com um registo "estranho" (verdade seja dita!), faz com que um dos melhores instrumentais seja simultaneamente uma dos melhores músicas. Se calhar é a sua voz, ou as entoações que dá aos versos, ou talvez seja simplesmente magia branca. Há razões que a própria razão desconhece! No lado oposto da barricada, estão Kilombo e RealPunch. O primeiro traz em "O Meu HipHop" um flow extremamente irritante, enquanto que o mc algarvio é responsável por uma letra bastante básica: é a simples descrição (ligeiramente pessimista) do seu dia-a-dia, que nada terá de interessante para um ouvinte pouco cuscovilheiro. Por último, não por serem menos merecedores de papel de destaque, mas exactamente por merecerem um parágrafo próprio, estão Farai, que deixa o rap de lado e brinda os ouvintes com um reggae/ragga (que tem a maioria do seu valor no toque de inovação que traz); TNT, autor do melhor de todos os sons, dando significado à sigla do seu nome com um flow e letra completamente imaculados; e X-Acto, a prova de que no dj'ing (como em tudo) o que mais importa não são os anos de carreira, mas sim os skills. E esses são claramente grandes, porque quem sabe... sabe! Os dados estão mais que lançados! Por: Moisés Regalado


KRS-ONE Life Image Entertainment É difícil ouvir este álbum sem uma grande dose de admiração. KRS-ONE é dos poucos hiphoppas que assistiu ao nascimento da cultura, à sua comercialização e não se rendeu à tendência. Os caminhos da vida e as suas convicções levaram-no num sentido bem menos lucrativo. A preservação da cultura Hip Hop e a instituição que criou para esse mesmo efeito, o Temple of Hiphop, são ao mesmo tempo o ponto de partida e o de chegada para este álbum. Não é levianamente que KRS-ONE é conhecido como The Teacha. Substância sobre a forma – assim é LIFE. KRS dá primazia à mensagem, rimando sobre instrumentais um pouco despidos mas curiosamente muito cativantes depois da segunda ou terceira audição. Desta forma, KRS-ONE tem a base ideal para passar a sua mensagem, fortemente crítica da frivolidade do mainstream e desrespeito pela essência. “Bling Blung” e “F-Cked Up” são dois bons exemplos da forma criativa que KRS encontrou para se fazer ouvir numa cultura em que os mais famosos não são nem de perto os mais reais. O Temple of Hiphop aparece em “The Way We Live”, com KRS-ONE no papel de professor mais uma vez, explicando o injustificável desleixo da cultura Hip Hop em questões importantes como a política (também abordada em “Mr.Percy”), a paz (que evoca em “Gimmie Da Gun”) e o desenvolvimento do homem. “I’m On The Mic” é o marcar lugar do MC de Brooklyn nas lides hiphopianas, especialmente no que diz respeito a battles e ainda mais no que se refere às suas raízes: “Knowledge Reigns Supreme, don’t forget that”. A grande moral da história deste álbum é a procura interior do nosso papel neste mundo, papel esse que é e deve ser criado pelo homem e, porque não(?), ser desenvolvido dentro (e com a ajuda da) cultura, do estado de espírito, a que chamamos Hip Hop. “Hiphop is what we live and what we’re doing is rap” – “F-Cked Up”

Por: Joana Nicolau para a IV STREET

NAD Dedicado Edição de Autor Os NAD, banda possuidora de assinalável sucesso no seio dos jovens e dos meios de comunicação social aveirenses, estreia-se nas lides discográficas quatro anos depois da sua formação com um EP de seis faixas. Este duo, actualmente formado por Zim e Multih, auto-caracteriza o seu som como sendo "diferente", algo que pode ser comprovado ao longo dos 20 minutos de DEDICADO. A diferença do grupo reside não tanto no conteúdo, mas mais e principalmente na forma, que é o mesmo que dizer que a maior fatia de inovação destes New Age Delinquents se encontra na sonoridade que apresentam. Os instrumentais, construídos sem samples, apresentam uma onda completamente diferente daquilo que até agora tem sido feito no panorama nacional, o que deverá agradar aos apreciadores de rap com cariz de vanguarda. Também o flow de Zim tem um cunho muito próprio, soando simples mas não básico, fluindo verdadeiramente em cima do beat, que é aquilo que mais importa nesta característica de um mc. Já Multih, é dono de uma voz que pode ser considerada como a cereja no topo do bolo. A ele cabe maioritariamente o papel de construção dos refrõess (tendo um registo menos fulgurante enquanto rapper), e a verdade é que esse é um trabalho que executa sem qualquer mácula, criando melodias extremamente cativantes e que dão vida a qualquer som. O único handicap deste trabalho – e que de certa forma se opõe (sem no entanto manchar ou relegar para segundo plano) a uma musicalidade mais surpreendente – é o seu conteúdo lírico. As letras pecam exactamente por abordarem as temáticas que já se vão tornado hábito e cliché no Hip Hop, como o amor, a droga e o próprio movimento, sendo tudo isso completado com faixas de estilo livre. Como qualquer cd de rap que se preze, (e provando que o Hip Hop, apesar de tudo, ainda é união) também neste se podem encontrar participações, nomeadamente de Dj Dizzy (membro dos Battle Warriorz com Dj Tombo) e MIC, membro da antiga formação deste grupo. Para quem já o conhecia, Dizzy deu mais uma prova de que é um dj a ter em contra no futuro, ficando aqueles que o tinham como um completo desconhecido certamente com vontade de ouvir mais trabalhos seus, acontecendo o mesmo com MIC, que com as suas barras em inglês (devido às origens americanas) imprimiu uma boa dinâmica à faixa "Faças o que fizeres". Esta é, sem dúvida, uma dedicatória a todos aqueles que gostam de música e que não conhecem barreiras nesse seu gosto. Por: Moisés Regalado


Outerspace Blood Brothers Babygrande Directamente de Filadélfia, os Outerspace regressaram no passado dia 5 de Setembro com o novo álbum BLOOD BROTHERS, pela Babygrande Records. A dupla constituída pelos MCs Planetary e Crypt the Warchild, apresentam um trabalho que se enquadra numa evolução positiva, embora esta desenvoltura peque por ser mínima. Assim, e sem arriscar, os Outerspace apostam naquilo que melhor sabem fazer: Street Talk, com rimas embebidas em figuras de estilo e jogos liricais, que desfilam numa parada de instrumentais agrestes e agressivos de nomes como 707 Team Productions, Clockwork, J-Zone, e 7L. Se por um lado a produção é um dos aspectos positivos do álbum, o nível de participações é banal. A começar por Sheek Louch dos D-Block no som “It Don't Like Me”, passando por “Hustle and Flow” com King Syze e finalizando nas duas intervenções de Vinnie Paz em “Silence” e “Brute Force 2”. Neste particular, apenas uma grande pedra no charco da monotonia sonora, quando um dos melhores MCs no que diz respeito ao flow, Royce da 5’9, entra em cena com “Street Massacre”, fazendo nos questionar se ainda estamos a ouvir o mesmo CD, tal é a diferença de qualidade em comparação com o resto das faixas. De facto, a forma tão notória como o single se distancia do resto do disco, dá a sensação que o álbum foi criado um pouco em torno do sucesso de “Street Massacre”, cabendo aos restantes temas apenas fazer número. BLOOD BROTHERS surge como um bom projecto dentro do estilo, não inovando nem superando, mas também não comprometendo. Do primeiro álbum BLOOD AND ASHES para o segundo álbum BLOOD BROTHERS, muda o apelido mas o sangue continua o mesmo, tal como a previsibilidade do estilo e a inevitável comparação com os Jedi Mind Tricks. Enquanto Planetary e Crypt, não conseguirem o seu próprio espaço, podemos apenas contar com mais do mesmo. Por: Ivo Alves

Sensei D Estratégias De Auto-Evolução Breakfast Headquarters Se um DJ tem lugar marcado numa mixtape na qual é anfitrião, esse lugar é a intro. Sensei D senta-se imponentemente ao topo da mesa, dizendo logo com o scratch do vinil “Mais uma vez, Hip Hop português”. É mais uma apresentação do que uma advertência – se bem que os mcs certamente não dão descanso no freestyle e talvez não fosse má ideia advertir o ouvinte do perigo de overload de rimas. Fazendo uma comparação injusta e desfazada no tempo, na sua generalidade, os MCs que participam nesta mixtape têm improvisos menos ferverosos do que antigamente, quando as mixtapes ainda se vendiam a 500$. Ou talvez seja uma diferença nos instrumentais – é claro que é diferente rimar num instrumental estrangeiro de rimar num instrumental produzido para um MC português – e essa diferença nota-se cada vez mais. Porventura reflectir-se-á também na prestação de MCs que ainda têm alguma falta de prática, pois a sensação com que se fica é que certos MCs não se conseguem adaptar bem ao beat e ficam-se muitas vezes pela rima quadrada que se limita a respeitar o tempo da batida. “Eu faço o que eu sinto, será que tu sentes o que eu faço?”, pergunta Sensei D, logo na introdução, através dos pratos. Há de facto alguns sons que merecem destaque pelo sentimento que transmitem: Brasileiro “Faz-te à frente”, Geb1 & Gino “Só pra sentir” – que tem uma versão mais enérgica em PLANO B – e La Dupla “Samurais e Gueixas” – porque é a excepção à regra ao adaptarem o flow ao beat e fazerem-no de forma cativante, embora a letra, o tema e a dicção não sejam tão notáveis como o resto. Mas porque a perda de uns é o ganho de outros, Pólio em “Passando p’ro liricismo” aposta forte nas rimas e consegue um bom equilíbrio entre beat e flow nos dois instrumentais que domestica com a ajuda de DJ Sensei D. “Respeita a essência, põe verdade naquilo que fizeres, a partir daí Hip Hop é...” Ragga? Agir fez uma mistura pouco convincente de rima Hip Hop e flow ragga (por assim dizer), enquanto Sindroma aposta num flow potencialmente interessante que infelizmente se perde de todo no instrumental escolhido. “Hip Hop é a arte e eu nunca direi basta”... de bom som! M.A.C. está dos melhores sons em todos os aspectos, equilibrado, cativante e com feeling, assim como Keso “Não Tragas Anfetaminas”, de quem já não se ouvia notícias há algum tempo – é um verdadeiro exemplo da ‘juventude com atitude’ de terras nortenhas que se vem perdendo para a lamúria do “Hip Hop do esgoto em bairros sociais”. SP tem uma aparição sem brilho, muito por culpa do instrumental escolhido – não lhe favorece o estilo de rima. Mas o highlight vai sem sobra de dúvidas para as faixas de scratch que Sensei D largou por todo o álbum. São ao todo 6 faixas (a contar com a faixa bónus) em que o DJ não dá descanso aos pratos, quer numa onda de scratch puro e duro, quer na manipulação dos pratos com uma intenção mais musical – Sensei D fez uma verdadeira mixtape na verdadeira concepção do termo. Por: Joana Nicolau para a IV STREET


Compilação S. Clemente Way Atravessando várias fazes até ao seu resultado final, o projecto S. CLEMENTE WAY pode ser numa primeira audição, considerado como apenas mais uma congregação sons soltos, levados a cabo por emcee’s e produtores da nova escola do HipHop Nacional. Mas existe uma aura comum neste trabalho, que torna S. CLEMENTE WAY mais que uma simples compilação. Uma identidade própria que emana de cada som, uma unidade presente em torno do objectivo do projecto, ou seja, a representação do Rap Louletano da melhor forma possível. De facto, essas características são tão patentes, que a designação correcta para este projecto seria não a de uma compilação, mas antes o álbum do numeroso colectivo S. Clemente. Daí o americanismo “Way” representativo da mentalidade que tentam transparecer no registo, ou seja, um disco feito à maneira dos seus intervenientes, em que são abordadas temáticas locais e vivências de cada um, mas que podem facilmente ser relacionadas a um contexto mais geral. Porém, nem sempre as ideias são concretizadas da melhor forma, e é neste particular que a condição de “Nova” na expressão Nova Escola, aparece em evidência. É notória a “verdura” de conteúdo lirical em certos temas, e mais significativo que isso, existe uma falta de maturidade artística, principalmente a nível de skills, em alguns dos elementos. Mas para salvaguardar o nível da compilação em determinadas situações, um dos aspectos mais positivos a referir é a sua produção. Neste particular, destaque para Sage e Lágrima, que produzem maior parte do álbum e conseguem fazer suprimir aspectos negativos, que de outra forma e sem uma produção de qualidade, dificilmente seriam disfarçados. Em suma, o projecto S.CLEMENTE WAY prima pela sua humildade, espírito de união, e positivismo, caracterizando-se por temas qualitativamente muito homogéneos, e sem grandes discrepâncias, salvo a excepção da faixa “PoluiSom”, sem dúvida a melhor de todo o trabalho. No seu todo, reúne um conjunto bastante satisfatório de emcee’s/produtores e um DJ, que representam de forma honrosa a sua zona, e que funcionando muito bem colectivamente, se fazem valer pelo trabalho de equipa e não por grandes evidências a nível individual. Sem sombra de dúvidas um projecto simpático, com alma, e que vale a pena conferir. Por: Ivo Alves

Jedi Mind Tricks Servants In Heaven Kings In Hell Babygrande Um dos colectivos mais controversos do underground do HipHop norte-americano. Controversos não só pelos constantes conflitos com representantes religiosos, mas principalmente porque não existe um consenso quanto à sua aceitação. Quer se goste ou se odeie, além do seu espaço mais que conquistado no Hall of Fame de Filadélfia e do Rap Hardcore da East Coast, os Jedi Mind Tricks sempre foram um grupo de extremos, tematicamente deambulando de álbum para álbum entre o sagrado e o profano. Dez anos passados e 5 álbuns editados depois, que titulo mais apropriado o deste SERVANTS IN HEAVEN, KINGS IN HELL, personificando exactamente este estado de espírito que Vinnie Paz e Stoupe the Enemy of Mankind, têm mantido ao longo dos tempos. Se por um lado (e independentemente da sua indiscutível qualidade) a produção de Stoupe em SERVANTS IN HEAVEN, KINGS IN HELL, não está tão variada em relação a anteriores trabalhos, este aspecto é complementado por um Vinnie P mais maduro e consciente no seu liricismo. Exemplo desta nova faceta na escrita de Paz, é o brilhante “Razorblade Salvation” que aborda o delicado assunto que é o suicídio e conta com um magnífico refrão de Shara Worden. Mas não só, também em “Shadow Business”, Pazmanian Devil desmascara a realidade da escravidão dos tempos modernos vivida em fábricas de super potencias asiáticas como a China. Pelo meio contam-se outras participações de ocasião como as de Sean Price e Block McCloud em “Outlive the War”, e as de Reef the Lost Cauze e Chief Kamachi em “Gutta music”, mas é em “Uncommon Valor (A Vietnam Story)”, que a casa vem abaixo. Um grande tema que faz a comparação entre a guerra do Vietname com a actualidade dos conflitos no Médio Oriente e que tem em R.A. the Rugged Man a melhor participação do álbum. Os dois minutos em que entra em cena são absolutamente estrondosos, abafando por completo a primeira parte de Vinnie Paz. É pena que neste departamento das participações, o tema de Ill Bill e single do álbum, “Heavy Metal Kings”, não seja nem de perto nem de longe merecedor desse título. Se a ideia era fazer um tema bem hardcore ao estilo Jedi Mind (e que curiosamente não existe ao longo do álbum) essa ideia foi mal concretizada, desaproveitando-se assim a boa produção de Stoupe e o talento indiscutível de Ill Bill, através de uma fraco desempenho de Vinnie Paz e de um refrão nada convincente. Se em LEGACY OF BLOOD eram poucas as participações, mas em VISIONS OF GHANDI demasiadas, parece que em SERVANTS IN HEAVEN, KINGS IN HELL os Jedi Mind Tricks atingem um equilíbrio, embora longe vão os tempos das grandes colabo’s com Virtuoso ou Jus Allah (que chegou a fazer parte do colectivo). Chega a ser paradoxal, mas para um grupo de extremos, é no extremismo da sua essência que nasce o Equilíbrio que os caracteriza actualmente. Pois para cada fã, existe um hater. Para cada som mais street/harcore, existe um de critica social e intervenção. Para cada participação menos conseguida existe uma que arrasa. A palavra-chave é equilíbrio e aliar isso a 10 anos de experiência, a um Vinnie Paz cada vez mais maduro e um Stoupe que não sabe produzir mal, o resultado final tem um nome: SERVANTS IN HEAVEN, KINGS IN HELL o melhor trabalho dos Jedi Mind Tricks desde VIOLENT BY DESIGN.


Por: Ivo Alves

The Holocaust Blue Sky Black Death Presents: The Holocaust Babygrande Quando a dupla de produtores Kingston e Young God convidou o afiliado de Wu Tang, The Holocaust, para dar voz às suas paisagens sonoras, certamente que pensaram, devido ao currículo do MC Holocaust (que conta com várias participações em projectos de elementos do Clan) que seria uma aposta ganha. Mal sabiam eles o quanto estavam enganados. E foi este erro de casting que faz de BLUE SKY BLACK DEATH PRESENTS: THE HOLOCAUST, da Babygrande Records, um autentico flop. Com produções para artistas da elite do underground norte-americano, entre os quais Guru, Sabac Red, Jus Allah, Virtuoso, Wise Intelligent, Rob Sonic e Chief Kamachi, os Blue Sky Black Death, são produtores de inegável talento e exponencial potencial, que já tinham deixado a sua marca no CD duplo A HEAP OF BROKEN IMAGE. E de facto, essa qualidade continua patente neste novo projecto, onde apresentam instrumentais que só por si contam uma história e que emanam uma aura sonora que apela a todos os sentidos. Elementos que apelam ao nosso imaginário consoante a intensidade e variedade do beat, e que proporcionam uma sensação in loco do momento. Mas essa experiência dura 10 segundos, até que entra a voz monótona, monocórdica e arrastada de Holocaust. Pior é quando nos apercebemos que esse estilo vocal se irá manter durante todas as faixas do álbum e que aquilo que podia ser um grande CD se torna numa audição incrivelmente tediosa, cansativa e que apela à tarefa enfadonha que é tentar estar concentrado ao máximo para apanhar maior parte daquilo que se está a ser dito, ao invés de relaxarmos e nos deixarmos levar pela riqueza de conteúdos e das vibrações celestiais dos instrumentais. Além da sua voz e flow inexistente, o grande problema de Holocaust é não ser capaz de se interligar de forma adequada com os instrumentais em termos de sincronia, ora querendo muito em pouco espaço, ora rimando demasiado rápido num beat mais mellow e pausado. Holocaust tenta camuflar esta ausência de skills com o uso excessivo de metáforas, analogias e outras figuras de estilo, que na sua essência não querem dizer absolutamente nada e não têm qualquer sentido. No que diz respeito a temáticas é recorrente o uso de factos científicos e biológicos, tal como a referencia a contos e lendas ligadas a mitologia ou ao folclore popular. Neste particular, estes elementos temáticos poderiam resultar, inclusivamente tendo em conta a produção em mãos, se não fosse a incompetência de Holocaust no mic. Exemplo disso é o tema “Lady of the Birds” que mais parece um interlúdio do que um som, simplesmente porque Holocaust não rima, fala. Em suma, é uma pena que instrumentais deste calibre tenham sido tão mal aproveitados, mas como o álbum é um esforço colectivo de ambas as partes, tem de se considerar no seu todo, um mau desempenho. Um álbum que chora pelo tratamento que lhe foi dado pelo MC. Quanto aos Blue Sky Black Death, fiquem atentos porque é uma dupla que ainda vai dar muito que falar num futuro bem próximo. Por: Ivo Alves

OutKast – Idlewild – LaFace Records/ Sony BMG Eles estão de volta. Cada vez mais afastados entre si (depois de dois álbuns a solo, poucas são as novas canções em que aparecem juntos) e já sem o sucesso à escala planetária que outrora tiveram, é certo, mas o que é que isso importa quando o resultado é tão bom quanto o de IDLEWILD? Servindo de complemento ao filme homónimo, este é certamente um dos melhores registos discográficos do presente ano, e certamente mais um de grande nível na intocável discografia dos Outkast. O single, "Morris Brown", quando lançado, permitiu vislumbrar um álbum construído à sua semelhança: estranho, no mínimo. Mas o que é certo é que não foi isso que ocorreu, sendo essa uma faixa isolada quanto à forma, e da qual até se poderá vir a gostar depois de algumas audições. Neste trabalho não há nenhum aspecto fraco, simplesmente, mas a eleger um expoente esse será certamente a sonoridade, desde os refrães, muitíssimo bem construídos – apesar de maioritariamente simplistas – até aos instrumentais. O conceito de Hip Hop encontra-se aqui fortemente posto à prova, havendo não uma mas duas ou três piscadelas de olho a estilos tão distintos como o swing ou o r'n'b, sendo perfeitamente notória uma influência de blues. Neste IDLEWILD há até espaço para vários instrumentais que não poderiam, de todo, ser usados numa música tradicional de rap! Esta é uma amálgama extremamente positiva e que se deve, muito em parte, a Andre 3000 e aos óptimos convidados que podem ser ouvidos ao longo de todo o cd – a esmagadora maioria deles são cantores de soul (ou soul contemporâneo, para os mais fundamentalistas). Esta é uma dupla que pode, em certos aspectos, ser comparada com o produtor e mc Kanye West. Não têm muitas semelhanças estéticas na sua música, mas esse paralelismo é feito devido ao facto de ambos apresentarem uma grande musicalidade em tudo aquilo que fazem, sem no entanto descurarem a escrita e o mc'ing. Quanto às letras, estes dois podem ser considerados uma espécie de poetas do quotidiano que descrevem essencialmente aspectos das suas vidas, que são comuns à de todos nós, fazendo sempre uma abordagem às relações inter-pessoais, mesmo em temas menos convencionais (como no excelente "Chronomentophobia", que fala da fobia que Dre tem em relação ao tempo). Se há álbuns de 2006 que devem ser recomendados, este é um deles. Seria injusto destacar as melhores faixas, que são muitas, havendo poucas que sejam merecedoras de serem passadas à frente durante uma audição. Isso apenas acontece justamente nas músicas que contêm os convidados mais célebres: Snoop Dogg, que tem uma prestação medíocre em "Hollywood Divorce", e Macy Gray, que dá voz a "Greatest Show on Earth". Como diz Andre 3000, "Have you ever seen a grown man cry? It's an awful thing", mas a realidade é que este é um álbum de se ouvir e chorar por mais. Por: Moisés Regalado.


Swollen Members Black Magic Battle Axe Records Eis o quarto registo de Swollen Members. Black Magic segue-se a Monsters In The Closet e à colaboração com Fort Minor no álbum The Rising Tied. Ao contrário de THE RISING TIED, nota-se neste álbum um evidente upgrade na produção de Rob The Viking, especialmente quando comparado a MONSTERS IN THE CLOSET. Afastando-se da anterior sonoridade sóbria, tendencialmente indie e criativamente firme, o colectivo Swollen pisca o olho ao mainstream soando mais a Dilated Peoples ou Little Brother do que a Roosevelt Franklin ou Murs. Este “alisar” da sonoridade é aliás confirmado pela presença de nomes como Phil Da Agony, Planet Asia, Ghostface Killah, Evidence (de Dilated Peoples) e Everlast. No entanto, se há coisa que não mudou foi a energia de Madchild e Prevail na forma como rimam. Embora se note uma preocupação menor com o conteúdo lirical a favor do flow e dos skills, conseguem um equilíbrio harmonioso entre beats e rimas bem trabalhados sem cair no erro do tecnicismo excessivo. Apesar de tudo, é inegavelmente nas produções que se nota a mudança mais significativa. “Torture” (com Casual e DJ Revolution), “So Deadly” (com Evidence), “Weight” (com Ghostface Killah no melhor do seu flow), “Too Hot” (com DJ Babu) fazem o lado mais hit-seeker do álbum, com refrões que ficam no ouvido e flows mais musicais. O outro lado da moeda está em “Pressure”, “Prisioner Of Doom”, “Heart”, “Massacre” (a fazer lembrar Jedi Mind Tricks), “Sinister” – aqui sim bastante mais próximos do seu álbum anterior – e “Dynamite” (com Mr. Vegas), este último o perfeito sucesso de rádio undeground. Está no seu conjunto um álbum bem conseguido que de certo não desiludirá os fãs. Por: Joana Nicolau para a IV STREET

Inspectah Deck The Resident Patient Traffic Entertainment/Urban Icon Records

“The Rebel has arrived once again…” Feliz regresso de Inspectah Deck com o já esperado selo de garantia Wu, mas pode-se considerar Hip Hop no seu nível mediano numa escala de Mau a Muito Bom. Isto porque, no que peca em instrumentalização e escolha de samples, ganha no forte liricismo do rapper nova iorquino. É pena que Deck não seja tão criativo liricamente como é no seu flow confiante e assertivo. Está tudo óptimo quanto ás participações no álbum, nomeadamente a já “mobília da casa” de Stanten Island como Masta Killa, RZA, U-God e outros, destacando o primeiro acima citado que de “patinho feio” tem progredido e consiste numa das mais agradáveis evoluções dentro da Wu-Tang, participando merecidamente na faixa introdutória “Sound of the Slums”. A “promessa” logo à entrada leva-nos facilmente a um julgamento precipitado do conteúdo de “The Resident Patient”, fazendo acreditar o mais distraído de que se trata de uma obra de arte musical... O que desilude profundamente é a faixa “Do My Thang” apenas por ser irritante, pobre e realmente digna de amadores... Nem parece produção do Psycho Les (The Beatnuts)... Respondendo ao refrão... “You did play when you did your “thang””. Recomendo vivamente e agitando os braços a audição de duas faixas que considero fenomenais: a já supra citada “Sound of the Slums” e “A Lil Story” (esta última produzida por RZA). Enfim... no seu geral está de boa saúde, com algumas desilusões no caminho e outras boas surpresas, constituindo um cenário de “8 ou 80” e, curisosamente, proporcionando o equilíbrio na balança qualitativa do álbum de Inspectah Deck. Mantenham a Paz Por: The Frozone


Uma coisa é certa – um fractal não pode ser obtido sem que haja uma forma geométria original que se repita ciclicamente. Na ausência de dados sobre um fractal, a única hipótese é analisar as partes que o compõem até se encontrar o gerador da peça final, até encontrarmos o factor “x” criador da forma tão intrigante como bela.

Da Quantidade à Qualidade Raze – “Sem Dados Disponíveis” e DarkSunn – “Fractal”

É algo especialmente fascinante de se fazer quando o objecto de observação é, não um fractal, mas sim um álbum de Hip Hop. Alguém já o fez com o último de Raze? Uma vez que se trata de um artigo pessoal, não posso deixar de referir o seguinte: finalmente, finalmente as produções nacionais se equiparam às internacionais! E não, não tenho receio de fazer esta afirmação baseada no trabalho de dois produtores que pouco mais fizeram do que lançar algumas edições virtuais. A música, como já referi noutras ocasiões, deve acima de tudo ter valor intrínseco – e nunca ser apreciada pelos custos de produção ou distribuição. Não é a quantidade de produtores que trabalham num determinado estilo, é apenas a música resultante. E esta música, meus senhores, é daquela que me faz ter pena de não poder comprar com caixa, capa e booklet. DarkSunn tem um estilo de produção claramente próximo de RJD2. Enquanto para alguns essa proximidade é sintomática de um produtor com os dias contados, eu prefiro acreditar que não. Se por um lado a escolha do produtor Def Jukie como modelo é um indicador de bom gosto, o facto do produto final realmente soar à influência original é prova suficiente de que DarkSunn já tem as ferramentas e o conhecimento para, daqui para o futuro, ultrapassar aquele que foi um dia o seu produtor de referência. O seu trabalho tem um feeling liberal, experimental e harmonioso, pontilhado de samples vocais que dão outro fulgor à música, despindo-a da tendência para a reptição e o enfadonho.

O que é um fractal? A nível cientiífico, um fractal pode ser descrito, de forma imprecisa, como um gerador auto-similar de caos organizado. Uma definição mais matemática apresentará um fractal como uma forma geométrica divisível em partes, cada uma das quais idêntica ao objecto original ad infinitum. Mas seja qual fora definição escolhida, um fractal é algo fascinante para o comum dos mortais não instruído em ciências avançadas por duas razões: pela sua precisão microscópica e pela incrivel beleza que a sua imagem ostenta quando observada em larga escala. Para quem já ouviu o último trabalho de DarkSunn, soa a familiar?

Raze, por seu lado, mostra-se mais variado nas fontes musicais de onde bebe, sem nunca deixar de ser coerente, quer dentro de um único som, quer no álbum inteiro. São instrumentais feitos já para receberem mcs no seu seio – e bem preparados para o efeito –, capazes de injectar um outro ritmo e um outro brilho até no mc mais desinteressante. Não há conformismo no seu trabalho, há a procura incessante de dar aquele toque na sonoridade que transforma um instrumental simples num vício auditivo. E, na minha opinião, essa procura traduz-se numa verdadeira conquista. Penso realmente que chegou a altura em que passamos da quantidade para a qualidade em termos de Hip Hop português. E acredito que o futuro nos reserva surpresas destes dois produtores... Por: Joana Nicolau



HIPHOP NA INTERNET WWW.ARTEURBANA.NET O www.arteurbana está de volta! O site que reúne a mais completa informação relativa à vertente graffiti e street art portuguesa. Agora com um ambiente “fresh & clean” o ArteUrbana regressa repleto de novidades novos conteúdos e com centenas e centenas de fotos de boa qualidade das varias vertentes visuais do Graffiti. Mediante um simples registo fica disponível um Blog, um Dicionário completíssimo, novas entrevistas, uma nova secção de vídeos e aproximadamente 2000 fotos, uma amostra do que os Writers em Portugal andam a fazer! WWW.STYLEHIPHOP.COM

AGENDA 23 de outubro 2006 (2ªfeira) FNAC Colombo, Lisboa, 21h00: - KapOne (apresentação do álbum "Transformação Total") 27 de outubro 2006 (6ªfeira) "3º Concurso de Música Moderna de Almada - Fase Final", Casa Amarela, Miratejo, 21h30, entrada livre: - La Dupla & DJ X-Acto - Projecto Simbiose - Horyginal - SteelVelvet

Arriscaríamos a indicar o StyleHipHop como o melhor site de origem Francesa. É composto por uma óptimo design, conteúdos que tocam a Rap Francês, Inglês, Breakdance, Graffiti, etc. Um site repleto de dezenas de Vídeos e Breakbeats. Tem também uma loja virtual, onde nos dá a possibilidade de por a nossa originalidade em acção e criar a nossa própria roupa. Mesmo se não és fá de HipHop Francês, um site onde aconselhamos a visita a todos.

Hard Club, Gaia, 22h00 (oferta de ambos os álbuns para as primeiras 400 pessoas a entrar): - Mundo (apresentação do álbum "Sólida Oportunidade de Mudança") - Ex-Peão (apresentação do álbum "Máscara")

www.boomboxmixtapes.com/

UpTown Bar, Porto: - Libertu - Raiz Urbana

BoomBoxMixtapes, um site destinado a promover Mixtapes de Djs Nacionais e internacionais, onde podem ainda fazer o download gratuitamente das músicas. Neste momento a BoomBox disponibiliza a Mixtape COSTA A COSTA, com o Vol.1 de DJ A.C e muito brevemente com novidades de Dj Guze Vol.2 Totalmente made in Norte com as participações de: Ace, Presto, Mundo, Fuse, Maze, Ex-peao, Acts, Gatos do Beco, Barrako27, Berna, Ortega... O povo do Norte em peso... do que estás á espera para ir ouvir?

3 de novembro 2006 (6ªfeira)

Zen Coffee House, Paredes, Porto, 22h00, entrada - 1€: - Som Mudo "HipHop Underground Session Pt.1", O Lagar, Quintal, Mafra, 22h30: - D.Kid e convidados - Outro Nível - sessão de microfone aberto

Por: fresh

Club Mercado, Lisboa, 23h00 - Scratch Perverts


4 de novembro 2006 (sábado) "XIII Festival de HipHop de Oeiras", Fundição de Oeiras, Oeiras: 11h00: - início do concurso de graffiti - exibição de graffiti por Klit, Odeith e PMC Feijão - exibição de street art por Target, Kusca e Eime - workshop de graffiti por Mosaik 12h00: workshop de DJ'ing por Dynamic Duo (DJ Cruzfader e DJ StikUp) 14h00: DJ Mr.Cheeks 15h00: breakdance (12 Macacos e Fresh Flava) 16h00: La Madriguera (ESP) 17h00: Fusão do Sul 18h00: Birú 19h00: final das pinturas 21h00: entrega dos prémios do concurso de graffiti 21h30: turntablism por DJ Ride 22h00: Manifestos 22h45: L4 Crew (ESP) 23h30: Royalistick 00h15: Sir Scratch 01h00: Mundo Complexo 11 de novembro 2006 (sábado) “Disco Fever 06”, Pavilhão Atlântico, Lisboa, 21h30: - Kool & The Gang (www.pavilhaoatlantico.pt)

O BreakDance Chegou à PlayStation B-Boy

surge como mais uma prova de que a indústria de videojogos decidiu definitivamente apostar na cultura Hip Hop. Depois de inúmeras tentativas (nem todas concretizadas) por parte de algumas produtoras para atrair este público mainstream, chegou a vez da Sony e da FreestyleGames tentarem a sorte com este título disponível para Playstation 2 e Playstation Portable. Este potencial sucesso de vendas mistura de forma bastante original o estilo arcada, com ritmos rap e funk, num género de luta e esmurramento de botões, bem ao estilo beat’em up.

Como é habitual neste tipo de jogos, o nosso objectivo é a ascenção progressiva num determinado ofício; neste caso, o Breadance. Avançamos no modo carreira ganhando medalhas em competições de rua contra oponentes dotados de uma destreza e fluidez de movimentos impressionante. À medida que derrotamos estes adversários (b-boys reais, como o famoso Crazy Legs, que disponibilizou a sua experiência para auxíliar a elaboração do jogo), ganhamos novos movimentos que, depois de dominados, poderão ser executados e misturados com outras manobras através de transições, de forma a ganhar mais pontos.


A jogabilidade, mesmo com algumas falhas (como a ocasional lentidão de resposta), é o ponto forte do jogo, embora seja, inicialmente, muito complexa e de difícil familiarização. Executar os complexos movimentos dentro do ritmo, através de combinações de teclas, enquanto se mantém o balanço (flow) e se impressiona o público é, no mínimo, desafiante. A (excelente) motion-capture destes maravilhosos movimentos e os gráficos, não espectaculares, mas decentes, quase conseguem distrair-nos das lacunas nos irritantes e oscilantes ângulos de câmara. Graficamente existem alguns aspectos interessantes, mas o nível de detalhe, principalmente nas personagens e nas animações, poderia ser mais elevado. Os coloridos e variados cenários vão desde ruas com cartões no chão e ambiente familiar, até recintos indoor repletos de luzes néon.

Contrariamente à fórmula habitual, B-Boy merece valor por ser um jogo que vive da cultura Hip Hop e que, mais importante ainda, se assume como tal. Jogos como GTA: San Andreas, por exemplo, também recorrem à atmosfera e sonoridade Hip Hop, mas para quem não gostar, é sempre possível mudar a estação de rádio e partir para a matança com uma AK-47 em punho. Em B-Boy, todas as atenções estão focadas na Cultura e nunca se desviam dela. Talvez por isso mesmo, esta nova aposta da Sony possa perder um pouco (em questão de vendas). Ou seja, o que para os aficionados do género poderá ser um título brilhante e indispensável, para outros poderá ser simplesmente um cansativo e repetitivo derivado de beat’em up. Façam as vossas opções. Contas feitas, B-Boy é um título com algumas falhas, mas que merece uma oportunidade pela originalidade refrescante e pela tentativa respeitável. Por: NERVE



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