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Tira-Dúvidas

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Mercado ‘antifrágil’

A capacidade de sair ainda melhor das adversidades define o termo destacado no título e traduz o resultado de iniciativa realizada no final de 2020 que proporcionou importante aprendizado às imobiliárias

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Maria do Carmo Gregório

Omundo dos negócios costuma tomar emprestado termos da física para descrever determinadas situações. A resiliência é uma destas expressões, muito utilizada para ilustrar como empresas podem se manter durante uma crise. O que se viu entre os empreendedores do setor imobiliário ao longo de 2020, diante dos impactos da pandemia do novo coronavírus, foi além das expectativas em termos de superação.

“Passado o susto inicial, foram intensificadas e aperfeiçoadas as ações para mitigar efeitos negativos do distanciamento social no ambiente de negócios”, afirma Ricardo Paixão, vice-presidente da Rede Imobiliária Secovi-SP (RIS).

Segundo ele, o mercado imobiliário experimenta um bônus re-

sultante de uma série de fatores e foi bastante comum ouvir falar na sua resiliência, novamente, no último ano. “Porém, ao acompanhar o Rede Show, evento dirigido especialmente a imobiliárias e corretores, pudemos notar que o termo mais correto para descrever o momento do nosso setor é antifrágil.”

Mas, de onde veio qual o significado desta expressão? Antifrágil: Coisas que se beneficiam com o caos é um dos livros de sucesso do professor e investidor Nassim Taleb – que acumulou fortuna estimada em US$ 30 bilhões apostando em falhas e em eventos improváveis. O termo representa muito mais do que ter a capacidade de voltar ao estado original, como ocorre na resiliência. Ser antifrágil significa sair ainda melhor de situações inesperadas ou adversas.

“Tal noção ficou muito clara para quem participou do Rede Show, realizado no início de dezembro pela Rede Imobiliária Secovi-SP. O evento nos trouxe um horizonte promissor, mas acompanhado por um otimismo contido, haja vista incertezas mundiais e locais, além de experiências de retomada passadas”, observa o presidente da RIS, Nelson Parisi.

Dentre tudo o que se ouviu e discutiu, Ricardo Paixão considera importante compartilhar os aprendizados recebidos com base em três perspectivas, as quais reforçam que ventos favoráveis em

Paixão: “No modelo phygital, profissionais focam no relacionamento e a tecnologia traz experiência mais fluida, veloz e precisa ao consumidor”

2021 podem conduzir à retomada madura e sustentável do mercado de intermediação imobiliária. São elas: econômica, comportamental e transformação digital.

Sob o ponto de vista econômico, o destaque é para a análise do renomado economista Eduardo Giannetti que, com a costumeira habilidade de se distanciar do calor do momento, reconheceu uma conjuntura muito otimista para o setor. “Todavia, ele alertou que a situação favorável pode não durar para sempre, e que é necessário recordar outros momentos de euforia para que a tomada de decisão não venha carregada de erros do passado."

No campo comportamental, a pandemia impulsionou mudanças de atitude importantes, que impactam trabalho e moradia. A proteção que a casa proporciona, a dinâmica urbana e a forma como as pessoas vivem, trabalham e se deslocam são questionadas.

Embora não se saiba ainda qual será o resultado de toda esta movimentação, o vice-presidente da RIS acredita que existe uma certeza: o protagonismo de empresas e profissionais imobiliários que contribuem para a tomada de decisão que define uma compra, venda ou locação é fundamental. “E isso eleva a relevância e responsabilidade de ambos no momento que vivemos e naqueles que vamos viver.”

Para o vice-presidente de Intermediação Imobiliária, Claudio Hermolin, é notório que o mercado imobiliário demora em adotar inovações, sobretudo no campo digital. Entretanto, ressalta que a situação vivenciada em 2020 conduziu as empresas à intensa adoção de tecnologia, caracterizando surpreendente evolução. “E parece que as imobiliárias se empolgaram. Perceberam a importância de adotar ferramentas, dados e novos modelos de negócio”, observa.

O modelo que toma corpo, acrescenta Ricardo Paixão, é o híbrido. “Ou phygital, mistura de físico com digital, em que os profissionais imobiliários focam no relacionamento, e a tecnologia ajuda a trazer uma experiência mais fluida, veloz e precisa ao consumidor”, explica.

O Rede Show encerrou a programação de eventos do Secovi-SP em 2020, um ano repleto de desafios, mas também de conquistas. Para Nelson Parisi, o aprendizado não para por aí. “As discussões se estenderão, porque a tecnologia não para de avançar, as pessoas não param de evoluir e as empresas querem estar prontas para atender com máxima excelência”, conclui. «

Parisi: “A tecnologia avança, as pessoas evoluem e as empresas querem estar prontas para atender com máxima excelência”

Hermolin: “Imobiliárias se empolgaram, pois perceberam a importância de adotar ferramentas, dados e novos modelos de negócio”

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