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3. A EXPANSÃO DA IGREJA

HISTÓRIA DA IGREJA

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A EXPANSÃO DA IGREJA

O crescimento da Igreja foi rápido. Outros eram acrescidos diariamente ao número dos três mil até chegarem logo a cinco mil: “muitos, porém, dos que ouviram a palavra creram, e chegou o número desses homens a quase cinco mil” (Atos 4.4). Há menção de multidões se integrando à Igreja: “E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais” (Atos 5.14). Nem mesmo os sacerdotes ficaram imunes ao contágio da nova fé, “E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé” (Atos 6.7).

Este crescimento tão rápido não se fez sem a oposição da parte de judeus. As autoridades eclesiásticas logo perceberam que o cristianismo representava uma ameaça a suas prerrogativas como intérpretes e sacerdotes da lei; por isto, reuniram suas forças para combater o cristianismo. A perseguição iniciou-se primeiramente por meio de um organismo político-eclesiástico, o Sinédrio, que, com permissão do Império Romano, supervisionava a vida civil e religiosa do Estado. Pedro e João tiveram que comparecer perante este egrégio órgão duas vezes e foram proibidos de pregar o evangelho, mas eles se recusaram a cumprir a ordem. Mais tarde a perseguição tomou cunho mais político. Herodes matou Tiago e prendeu Pedro (Atos 12) nesta fase de perseguição. Daí por diante a perseguição tem seguido esse padrão eclesiástico ou político.

Esta perseguição deu ao cristianismo seu primeiro mártir, Estevão. Fora ele um

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dos mais destacados dos sete homens escolhidos para administrar os fundos de caridade na Igreja de Jerusalém. Testemunhos falsos, que não podiam resistir ao espírito e à lógica com que ele falou, obrigaram-no a comparecer diante do Sinédrio. Após um emocionante discurso em que denunciou líderes judaicos por sua rejeição de Cristo, foi retirado e apedrejado até a morte. Sua morte como primeiro mártir da fé cristã, foi um fator importante na divulgação e crescimento do cristianismo. Saulo, depois Paulo, guardou as capas daqueles que apedrejaram Estevão.

A perseguição que se seguiu foi mais dura e acabou sendo o meio usado pela igreja nascente para que sua mensagem fosse levada à outras partes do mundo (Atos 8.4).

O cristianismo primitivo promoveu uma grande mudança social em certas regiões. A Igreja de Jerusalém insistiu sobre a igualdade espiritual dos sexos e deu muita importância às mulheres na Igreja. A liderança de Dorcas na promoção do trabalho de caridade foi registrada por Lucas (Atos 9.36). A criação de um grupo de homens para tomar conta das necessidades foi outro acontecimento de relevância social ocorrido ainda nos primeiros anos do nascimento da Igreja. A caridade deveria ser administrada por um corpo organizado, os precursores dos diáconos. Com isto, os apóstolos ficaram completamente livres para o exercício de sua liderança espiritual. A necessidade, devido ao rápido crescimento e possivelmente à imitação das práticas da sinagoga judaica, levou à multiplicação de ofícios e oficiais bem cedo na história da Igreja. Algum tempo depois, os presbíteros (anciãos) passaram a integrar o corpo de oficiais, finalmente formado de apóstolos, presbíteros e diáconos, que dividiam a responsabilidade de liderar a Igreja de Jerusalém.

A natureza da pregação dos líderes dessa Igreja primitiva desponta logo no relato do surgimento do cristianismo. O sermão de Pedro é o primeiro sermão de um apóstolo registrado nas Escrituras (Atos 2.14-36); nele, Pedro apelou aos profetas do Antigo Testamento que haviam pré-anunciado o Messias sofredor. Ele propôs, então, que Cristo era este Messias, porque ele havia sido levantado dentre os mortos por Deus, como disseram os profetas. Portanto, somente Ele era capaz de trazer a salvação para aqueles que O aceitassem pela fé. O Cristo crucificado e ressurreto era o conteúdo de sua pregação tanto a judeus como a gentios (João 5.22, 27; Atos

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10.42; 17.31).

A Igreja judaica em Jerusalém, cuja história foi descrita, logo perdeu seu lugar de líder do cristianismo para outras Igrejas. A decisão tomada no Concílio em Jerusalém, de que os gentios não eram obrigados a obedecer à lei, abriu o caminho para a emancipação espiritual das igrejas gentílicas do controle judaico. Durante o cerco de Jerusalém no ano 70 por Tito, os membros da Igreja foram forçados a fugir para Pela, do outro lado do Jordão. Depois da destruição do templo e da fuga da Igreja judaica, Jerusalém deixou de ser vista como o centro do cristianismo; a liderança espiritual da Igreja Cristã se centralizou, então, em outras cidades, especialmente em Antioquia. Isto evitou o perigo de que o cristianismo jamais se libertasse dos quadros do judaísmo.

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