4 minute read

8. A IGREJA MEDIEVAL

HISTÓRIA DA IGREJA

8

Advertisement

A IGREJA MEDIEVAL Desde a queda de Roma em 476 d.C. até a queda de Constantinopla em 1453.

A partir deste momento, nossa atenção estará voltada para a Igreja do Ocidente, ou Latina, cuja sede do poder estava em Roma, que permaneceu sendo a cidade imperial, apesar de seu poder político haver desaparecido. Pouca atenção será dada a Igreja do Oriente, ou grega, governada de Constantinopla, salvo quando alguma de suas decisões envolverem o cristianismo.

Após a morte de Constantino, o fato mais notável no desenvolvimento da Idade Média foi o desenvolvimento papal. Havia bispos espalhados em várias cidades, sendo as mais importantes: Jerusalém, Antioquia, Alexandria, Constantinopla e Roma. Os bispos que dirigiam estas cidades eram chamados de “metropolitanos” e algum tempo depois de “patriarcas”.

Havia freqüentes e fortes disputas entre esses patriarcas pela supremacia eclesiástica. Dos cinco grandes líderes eclesiásticos metropolitanos, apenas o patriarca de Constantinopla e o bispo de Roma viviam em 590, em cidades de importância mundial, ficando entre esses dois a disputa papal. O bispo de Jerusalém perdera seu prestígio com a rebelião judaica contra Roma, no segundo século. Alexandria e Antioquia declinaram logo em importância, chegando mesmo a serem perdidas pela cristandade quando invadidas pelas hostes islâmicas no século VII.

O bispo de Roma tomou o título de “pai”, que mais tarde foi modificado para “papa”. Roma afirmava ser a capital da Igreja. O bispo de Roma, que já se chamava papa, reclamava ousadamente seus direitos ao governo universal na igreja, como sucessor legítimo do apóstolo Pedro insistia em ser reconhecido como cabeça da Igreja.

203

HISTÓRIA DA IGREJA

Damaso I (366 – 384) foi possivelmente o primeiro bispo de Roma a expor a sua diocese como a “sé apostólica”. Foi nesse período que Jerônimo traduziu as Escrituras para o latim a pedido desse bispo, de quem era secretário.

Jerônimo tinha um alto conceito com relação ao bispo de Roma, pois entendia que Damaso era o “sucessor do pescador” a ponto de afirmar que: “com ninguém me comunico senão com Vossa Santidade, isto é, com a cátedra de Pedro, pois ela é a rocha sobre a qual está edificada a Igreja, a arca de Noé, na qual, se alguém não estiver, perecerá quando o dilúvio cobrir todos”. 29

O Concílio de Constantinopla reconheceu em 381 d.C. a primazia romana. Ao patriarca de Constantinopla foi dada a “primazia de honra imediatamente depois do bispo de Roma, pois Constantinopla é a nova Roma”.30

A palavra “papa” nome pelo qual o cabeça da Igreja Romana é conhecido, e a palavra “papado” que se refere ao sistema de governo eclesiástico, no qual o papa é reconhecido como chefe supremo, não se encontram na Bíblia. A palavra “papa” vem do latim papa que significa “pai”. Na Itália o termo “papa” veio a ser aplicado a todos os bispos como título de honra e então ao bispo de Roma exclusivamente como bispo universal. Foi pela primeira vez concedido a Gregório I, pelo ímpio Imperador Focas no ano de 604 d.C. Ele o fez para irritar o bispo de Constantinopla, que acabara de excomungá-lo por ter causado o assassinato de seu predecessor, o imperador Maurício. Gregório, entretanto, recusou o título, mas o sucessor seguinte, Bonifácio III, aceitou-o e desde então, essa tem sido a designação dadas ao bispo de Roma.

O papa de Roma afirmava ser “bispo universal”, “chefe da Igreja”, governante de nações, acima de reis e Imperadores. O período de crescimento do poder papal começou com o pontificado de Gregório VII, mais conhecido por Hildebrando (1021 – 1085).

No começo do século IV, certas Igrejas em Roma e vizinhanças tinham sido designadas como lugares exclusivos para batismo. Os pastores dessas igrejas eram

29. BETTENSON, H. Documentos da Igreja Cristã. São Paulo: Aste, 1998, p. 143. 30. Idem, 1998, p. 146.

204

HISTÓRIA DA IGREJA

conhecidos como sacerdotes cardeais. As divisões de Roma em distritos para obras de caridade eram anteriores e os sacerdotes dessas regiões eram conhecidos como diáconos cardeais.

No século IX, os bispos próximos de Roma eram conhecidos como bispos cardeais. Estas pessoas formavam o núcleo daquilo que viria a ser o Colégio dos Cardeais. Hildebrando foi encarregado das finanças da sé romana e tornou-se um cardeal.

Hildebrando exerceu um grande poder no governo de Nicolau II (1058 – 1061), quando ajudou na aprovação de uma legislação eclesiástica que tomava o poder de eleger o papa das mãos da população do arcebispado de Roma. Os bispos de Roma eram eleitos, desde os primórdios, por voto popular, embora os imperadores do santo Império Romano tenham interferido quase sempre nas eleições e nos dias de Hildebrando a aristocracia de Roma tenha controlado as eleições de forma corrupta.

No Concílio de Latrão, em 1059, Nicolau, aconselhado por Humberto, mudou o método de eleição dos papas, a fim de que a influência aristocrática ou imperial pudesse ser eliminada. Morto o papa, os bispos cardeais se reuniam para escolher seu sucessor. Deveriam então consultar os sacerdotes cardeais e os diáconos cardeais. Só então o povo do arcebispado de Roma tinha permissão de votar nos nomes indicados pelos cardeais. Em termos práticos isto colocava a eleição do papa sob controle do Colégio dos Cardeais.

Desenvolveu certas doutrinas na Igreja romana, especialmente a adoração de imagens, o purgatório, a transubstanciação, isto é, a crença de que na missa ou comunhão o pão e vinho se transformam milagrosamente no verdadeiro corpo e sangue de Cristo.

205

This article is from: