BIANCA DE CASTRO - ENSAIOS ACERCA DOS NOVOS ESPAÇOS COMERCIAIS

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ENSAIOS ACERCA DOS NOVOS E S PA Ç O S C O M E RC I A I S CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC

Bianca de Castro Souza

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito final de graduação em Arquitetura e Urbanismo, aplicado pelo Centro Universitário Senac de São Paulo.

ORIENTADOR

Prof. Dr. Gabriel Pedrosa

SÃO PAULO, 2019


PA L A V R A S - C H A V E : Arquitetura comercial, espaรงo comercial, espaรงo multifuncional, design multifuncional.


AGRADECIMENTOS Ao Eterno, que enche cada etapa da minha vida de significado e beleza. Aos meus pais, que me ensinam todos os dias com sua força e dedicação. Essa conquista é de vocês. Aos meus irmãos Bruna, Victor e Clara, por tornarem a jornada mais leve desde sempre. Ao Humberto, companheiro mais leal e amigo que eu poderia ter. Às minhas amigas Bárbara, Thainá e Mariana. Presentes que eu jamais poderia pedir e que faculdade me deu. Vocês foram essenciais para que eu estivesse aqui. Ao meu orientador, Gabriel Pedrosa, por me ensinar o valor do trabalho bem feito e por toda a generosidade durante o desenvolvimento dessa pesquisa. Muito obrigada.


RESUMO:

A constante e fluida mudança presenciada por todos os que se inserem no cenário atual, transforma, reseta e renova a forma como nos relacionamos entre indivíduos, cidade e espaço. Com o exponencial crescimento da tecnologia em nossas vidas, descobrimos novas formas de vivenciar o mundo à nossa volta. Quando se trata de consumo, não é diferente: Os espaços comerciais, presentes na realidade de toda e qualquer cidade desde sua fundação, passam a se tornar obsoletos e desprovidos de sentido à medida que o e-commerce avança, e a aquisição de produtos se torna banal e alcançável através de um mero clique. Ainda assim, diariamente, pessoas de todas as classes, raças e gêneros transitam entre espaços comerciais dos mais diversos tipos. Especular, descobrir e investigar através de ensaios espaciais que se dão em forma de croquis, diagramas e narrativas como se articulam os novos espaços comerciais, tendo em vista a estratégia da multifuncionalidade do espaço, é o objetivo deste trabalho.


Atividades de permanência são a chave de uma cidade viva, mas também realmente agradável. As pessoas ficam se um lugar for bonito, significativo e agradável. Uma boa cidade tem muitas semelhanças com uma boa festa: os convidados ficam porque se divertem (GEHL, 2010. P. 147).



1. INTRODUÇÃO PÁG.14 2. CONCEITO 2.1 Identidade Acima da Experiência pág.20 2.2 Engajamento pág.23 2.3 Multifuncionalidade Como Estratégia pág. 25 2.4 Articulação das Multifuncionalidades nas Frentes do Varejo pág.26 2.5 Articulação das Diversas Escalas dos Espaços Comerciais Multifuncionais pág32 2.6 O Design Multifuncional do Espaço: Mobiliário e Display pág.35

SUMÁRIO

3. PROCESSO 3.0 Croquis pág.44 3.1 Loja de alimentos pág.45 3.2 Loja de Tecnologia pág.49 3.3 Loja de Vestuário pág.52 3.4 Loja de Livro e Mídia pág.55 3.5 Loja de Casa e Decoração pág.58 3.6 Narrativas pág.61

4. ENSAIOS PROJETUAIS 4.0 Ensaios Espaciais pág.76 4.1 Mobiliário pág.110

5. CONCLUSÃO PÁG.122 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PÁG.126


L I S TA D E F I G U R A S

Figura 1: Largo 13, Santo Amaro. ..........................................................................................Pág 15 Fig ur a 2 : Fa c ha d a da lo ja da Nik e em Melro se, Lo s Angeles.................................................Pág 21 Figura 3: Melrose Avenue, Los Angeles..................................................................................Pág 22 Fig ur a 4 : I nt e r ior da Lo ja da Nik e em Melro se, Lo s Angeles..................................................Pág 22 Fig ur a 5 : I nt e r ior L o ja t emá t ic a ‘ 8 2 6 V a lenc ia ’ em Sã o Fra nc isc o , Cal i for ni a........................Pág 23 Fig ur a 6 : S a la d e Ap rendiz a do da lo ja ‘ 8 2 6 V a lenc ia ’ em S ã o Fra nc i s co, Cal i for ni a............Pág 24 Fig ur a 7 : Es p a ç o de c o mp ra na The W e Co mp a ny em No v a Y o rk .........................................Pág 25 Fig ur a 8 : Es p a ç o de c o w o rk ing na The W e Co mp a ny em No v a Y o rk .. ...................................Pág 25 Figura 9: Usos e Frentes de Varejo.........................................................................................Pág 26 Figura 10: PopUp ‘House of Go’, da marca Nike....................................................................Pág 28 Fig ur a 1 1 : J og o d e c o rrida na P o p U p ‘ H o u se o f Go ’ , da ma rc a Nik e....................................Pág 29 Fig ur a 1 2 : Es p a ç o ex t erno da Lo ja W est W ing na V ila Ma da lena ........ ...................................Pág 30 Fig ur a 1 3 : Wor k s ho p no esp a ç o ex t erno da Lo ja W est W ing...................................................Pág 30 Fig ur a 1 4 : Va r e j is t a de a liment o s imp o rt a do s e na c io na is, Ea t a ly em São Paul o...................Pág 31 Fig ur a 1 5 : R e s t a ura nt e dent ro do merc a do Ea t a ly em Sã o P a u lo ....... ...................................Pág 31 Fig ur a 1 6 : B a r na Po p U p ‘ Ca rré Clu b ’ da ma rc a H ermès.................... ...................................Pág 32 Fig ur a 1 7 : A t e lie r de c ria ç ã o na P o p U p ‘ Ca rré Clu b ’ da ma rc a H erm ès ...............................Pág 32 Figura 18: Loja Ikea em Manhattan, EUA...............................................................................Pág 33 Figura 19: Loja Ikea em Ohio, EUA………................................................................................Pág 34 Fig ur a 2 0 : Es c a la s esp a c ia is no est u do de lo ja s mu lt ifu nc io na is............................................Pág 34 Figura 21: Expositor na Loja Bilder & De Clerc, em Amsterdã….................................................Pág 35 Figura 22: Expositores na Loja Bilder & De Clerc, em Amsterdã.................................................Pág 36 Figura 23: Expositor interativo na Loja Bilder & De Clerc, em Amsterdã.....................................Pág 36 Figura 24: Saraiva Bookstore, Rio de Janeiro.............................................................................Pág 37 Figura 25: Espaço infantil na Saraiva Bookstore, Rio de Janeiro................................................Pág 37 Figura 26: Confeitaria ‘kki sweets’, em Singapura.....................................................................Pág 37 Figura 27: Confeitaria ‘kki sweets’, em Singapura.....................................................................Pág 38 Figura 28: Display 01................................................................................................................Pág 38 Figura 29: Display 02................................................................................................................Pág 38 Figura 30: Articulação dos espaços de loja..............................................................................Pág 44 Figura 31: Diagramas - Loja de Alimentos Multifuncional..........................................................Pág 45 Figura 32: Estudo - Articulação do espaço multifuncional na loja de alimentos........................Pág 46 Figura 32: Estudo - Articulação do espaço multifuncional na loja de alimentos......................Pág 46 Figura 33: Estudo - Mesa como elemento central.………............................................................Pág 46 Figura 34: Estudo - Loja de Alimentos 120m².……...…….............................................................Pág 47 Figura 35: Síntese - Loja de Alimentos Multifuncional……..........................................................Pág 48 Figura 36: Diagramas - Loja de Tecnologia Multifuncional .......................................................Pág 49 Figura 37: Estudo - Loja de Tecnologia 80m².............................................................................Pág 50 Figura 38: Estudo - Loja de Tecnologia 144m²...........................................................................Pág 50 Figura 39: Síntese - Loja de Tecnologia Multifuncional..............................................................Pág 51 Figura 40: Diagramas - Loja de Vestuário Multifuncional...........................................................Pág 52


Fig ur a 4 1 : Es t u d o - Lo ja de V est u á rio 2 2 5 m².......................................................................Pág 53 Fig ur a 4 1 : S ínt e se - Lo ja de V est u á rio Mu lt ifu nc io na l..........................................................Pág 54 Fig ur a 4 2 : D ia g ra ma s - Lo ja de Liv ro s e Mídia s Mu lt ifu nc io na l............................................Pág 55 Fig ur a 4 3 : Es t u do - Lo ja de Liv ro s e Mídia s 6 0 0 m²..............................................................Pág 56 Fig ur a 4 4 : S ínt e se - Lo ja de Liv ro s e Mídia s Mu lt ifu nc io na l.................................................Pág 57 Fig ur a 4 5 : D ia g ra ma s - Lo ja de Ca sa e Dec o ra ç ã o Mu lt ifu nc io na l......................................Pág 58 Fig ur a 4 6 : Es t u d o - Lo ja de Ca sa e Dec o ra ç ã o 8 0 0 m²........................................................Pág 59 Fig ur a 4 7 : S ínt e se - Lo ja de Ca sa e Dec o ra ç ã o Mu lt ifu nc io na l...........................................Pág 60 Fig ur a 4 8 : Vis t a - Ru a Gira sso l na V ila Ma da lena ………...................................................Pág 68 Fig ur a 4 9 : Vis t a - So b ra do s na Ru a Gira sso l na V ila Ma da lena ............................................Pág 68 Figura 50: Vista - Térro Comercial na Avenida Paulista........................................................Pág 69 Fig ur a 5 1 : Vis t a - Av enida P a u list a , no Ba irro da Bela V ist a ................................................Pág 69 Fig ur a 5 2 : Vis t a - Edifíc io s c o merc ia is na Ru a do s P inheiro s..............................................Pág 70 Fig ur a 5 3 : Vis t a - Ru a do s P inheiro s no b a irro de P inheiro s................................................Pág 70 Fig ur a 5 4 : T ip ol o gia 4 – S o b ra do ……………………………............... ..................................Pág 76 Figura 55: Narrativa - Loja Pequena de Alimentos...............................................................Pág 77 Fig ur a 5 6 : P e r s p ec t iv a - Lo ja P eq u ena de Aliment o s …......................................................Pág 79 Fig ur a 5 7 : P e r s p ec t iv a e P la nt a - Lo ja P eq u ena de Aliment o s …………..............................Pág 81 Fig ur a 5 8 : P e r s p ec t iv a - Lo ja de Aliment o s…… …………...................................................Pág 83 Fig ur a 5 9 : P la nt a e P ersp ec t iv a – Lo ja de Aliment o s………….............................................Pág 85 Fig ur a 6 0 : P e r s p ec t iv a - Lo ja de Aliment o s…………...........................................................Pág 87 Fig ur a 6 1 : P la nt a e P ersp ec t iv a – Lo ja de Aliment o s………….............................................Pág 89 Fig ur a 6 2 : T ip ologia 3 – Lo ja Gra nde de Ro u p a s ……………..............................................Pág 91 Fig ur a 6 3 : P e r s p ec t iv a – Lo ja de Ro u p a s ……………………...............................................Pág 93 Fig ur a 6 4 : P e r s p ec t iv a e P la nt a s – Lo ja de Ro u p a s……..…………… ……….......................Pág 95 Fig ur a 6 5 : p e r s p ec t iv a - Lo ja de Ro u p a s…………................................................................Pág 97 Fig ur a 6 6 : P e r s p ec t iv a e P la nt a s - Lo ja de Ro u p a s……......................................................Pág 99 Fig ur a 6 7 : T ip ologia 2 – Edífic io c o merc ia l ú nic o , Lo ja Média Liv ros ………………...........Pág 101 Fig ur a 6 8 : P e r s p ec t iv a - Lo ja de Liv ro s…… ………….......................................................Pág 103 Fig ur a 6 9 : P la nt a e P ersp ec t iv a – Lo ja de Liv ro s……………...............................................Pág 105 Fig ur a 7 0 : P e r s p ec t iv a - Lo ja de Liv ro s…………............................... .................................Pág 107 Fig ur a 7 1 : P la nt a e P ersp ec t iv a – Lo ja de Liv ro s………….................................................Pág 109 Fig ur a 7 2 : M ob iliá rio – P egb o a rd ………………..................................................................Pág 111 Fig ur a 7 3 : M ob iliá rio – Mesa s Tri ………………..................................................................Pág 112 Fig ur a 7 4 : M ob iliá rio – Ba nc o s Ex p o sit o res…................................... .................................Pág 113 Fig ur a 7 5 : M ob iliá rio – Ex p o sit o r Mu lt i…………................................. .................................Pág 114 Fig ur a 7 6 : M ob iliá rio – Ex p o sit o r de Ro u p a s…..................................................................Pág 115 Fig ur a 7 7 : M ob iliá rio – P a inel Mó v el……………..................................................................Pág 116 Figura 78: Mobiliário – Cabine de Leitura..……..................................................................Pág 117


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1. INTRODUÇÃO

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1 . I NTRO D U Ç Ã O Atualmente, em uma velocidade assustadora, espaço físico e virtual se fundem cada vez mais. Torna-se difícil delimitar as linhas que separam nossa percepção do que chamamos de ‘espaço construído’ e ‘espaço vivenciado’. Os novos processos e mecanismos disponíveis nas mais diversas interfaces tecnológicas transformaram e continuam transformando a maneira como lidamos e percebemos o espaço. Quando se trata de espaço comercial, o impacto é ainda maior. Grandes redes de e-commerce e marketplaces surgem na internet com promessas que sugerem que não será mais necessário transitarmos dentro de lojas para adquirirmos o que quer que precisemos. Como resultado dessa transformação, os espaços comerciais começam a perder seu sentido, a loja física, em alguns casos, começa a se tornar obsoleta, especialmente quando ela nada mais é do que uma expressão debilitada e limitada da variedade que uma loja virtual pode conter. Diariamente, pessoas entram e saem de comércios. Consumir se tornou um hábito tão intrínseco à vida urbana que é difícil separá-lo dos demais atos cotidianos. Mesmo com o crescimento do e-commerce e a diminuição do tráfego de pessoas em lojas físicas, ainda são os comércios que ocupam boa parte do tecido urbano, dos térreos, das galerias, shoppings, e assim por diante. Assim como qualquer atividade social, a atividade de compra, aquisição e troca, se tornou característica da formação de todo e qualquer centro urbano desde o início das cidades. De acordo com Vargas, (2001)

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É preciso lembrar, no entanto, que na grande maioria desses espaços públicos, externos ou internos, acontecia a troca e que esta é uma atividade que nasce com o homem e que, na maior parte da história da humanidade, para trocar era preciso acontecer o encontro. E é dessa necessidade de encontro que vai nascer o lugar do mercado. (Vargas, 2001, P. 95)

Após a evolução do mero espaço improvisado para o espaço destinado à atividade comercial, o que é atualmente conhecido como ‘loja física’’, tomou as mais diversas formas: as cidades menores passaram a ser abastecidas por lojas gerais no século XVIII, enquanto no século XIX surge a primeira loja de departamentos em uma grande metrópole: Paris. O fator curioso sobre esses processos é que, independente da escala e apesar dos desenvolvimentos percebidos e alcançados pelo vasto mundo do varejo, o espaço comercial sempre seguiu uma mesma “fórmula” em sua concepção: o produto em primeiro plano, a variedade sempre sendo garantida através de um sistema logístico de estoque, e a maximização de vendas através dos inúmeros equipamentos, displays e estratégias de exposição dos objetos. Contudo, quando voltamos o olhar para as últimas décadas, fica evidente como a cidade experimenta diariamente os impactos que são gerados quando essa fórmula tradicional de espaço comercial é replicada (e de forma pouco pensada) nas mais


diversas escalas de varejos, carecendo de projetos adequados que atendam as necessidades atuais dos consumidores para além da aquisição de produtos. É provável que muitas vezes os centros comerciais nas mais diversas escalas se parecem com recortes sem identidade ou boa funcionalidade, estarem diretamente ligados à este fator. Consideremos o exemplo do Largo Treze, no bairro de Santo Amaro, em São Paulo. O local, marcado pela aglomeração de comércios e variedade de tipos de varejo, promove experiências pouco funcionais para os que transitam pela região. As lojas populares, em seu formato mais tradicional, se instalam na região criando um tecido caótico que leva a questionar se a experiência que temos com esse espaço é realmente necessária.

Largo 13, Santo Amaro.

Deveríamos nos dar o trabalho e arcar com todas as dificuldades de transitar e consumir nesse espaço, com as facilidades da compra online tão presentes em todas as frentes de varejo? Ou o que faz esse espaço se tornar um diferencial em uma cidade com tantos pólos comerciais como este? Tendo em vista essa mudança de cenário espacial e social, unida ao grande “despropósito” que se tornou frequentar espaços comerciais desprovidos de qualquer significado, marcas de todos os tipos ao redor do mundo estão repensando as estratégias para suas lojas físicas. Internacionalmente, o novo sentido que o espaço comercial físico está tomando é tópico de discussões em fóruns e conferências. Cabe ao profissional da arquitetura, unido a outras frentes de trabalho, dar respostas e soluções às inúmeras incógnitas que rodeiam este assunto, sempre tendo em vista as transformações sociais que estamos vivenciando. Além desses fatores, a mentalidade do consumidor também se transforma. À medida em que o acesso às informações é cada vez maior, o nível de exigência tende a crescer. A diversidade de opções de produtos oferecidos pelo mercado geram, muitas vezes, o efeito reverso do esperado - ao invés de aumentar o nível de consumo, aumenta-se a reflexão por parte do consumidor na aquisição de um produto. O cliente de uma marca, aqui, passa por diversos questionamento tais como: O que essa marca e/ou produto representa para mim? Quais os impactos gerados no ambiente na produção de produto x ou y? E assim por diante.

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No entanto, pensamos que o espaço comercial não deve ser rejeitado frente a essas transformações sociais e econômicas, tendo em vista a sua importância para a cidade como um todo. A esse respeito, Jane Jacobs afirma: A diversidade comercial é, em si, imensamente importante para as cidades, tanto social quanto economicamente. A maior parte dos usos da diversidade que abordei (...) depende direta ou indiretamente da presença de um comércio urbano abundante, oportuno e diversificado. Mas, mais do que isso, onde quer que vejamos um distrito com um comércio exuberantemente variado e abundante, descobriremos ainda que ele também possui muitos outros tipos de diversidade, como variedade de opções culturais, variedade de panoramas e grande variedade na população e nos frequentadores. É mais do que uma coincidência. As mesmas condições físicas e econômicas que geram um comércio diversificado estão intimamente relacionadas à criação, ou à presença, de outros tipos de variedade urbana. (Jacobs, 2000, P. 106)

Colocado este ponto, é importante que estratégias sejam delineadas de forma a traçar novos caminhos para que o espaço comercial continue existindo, talvez não em sua forma tradicional que encontra-se cada vez mais desprovida de

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significado, mas desenvolvendo-se e se expandindo de forma que faça sentido aos novos modelos mentais da sociedade contemporânea e ainda colaborando com a cidade, gerando diversificação para o espaço urbano, criando identidade e proporcionando experiências espaciais enriquecedoras.


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2. CONCEITO

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2 . N O V O S VA LOR E S D O E S PA ÇO COM ERCI A L : Identidade, Experiência e Engajamento

Das características que classificam uma boa loja física, inúmeras podem ser citadas: boa localização, espaço funcional, logística adequada, variedade de opções, bom atendimento, facilidade na compra e retirada dos produtos, etc. Esse conjunto de atributos é, de fato, de suma importância para que o funcionamento de uma loja seja adequado e prático. Entretanto, para os clientes, existem valores quase que intangíveis que não podem ser mensurados da mesma forma que o caráter funcional de um espaço comercial. É possível afirmar que tal caráter funcional atua como um bom alicerce para que o espaço comercial físico continue existindo. Já os valores intangíveis mencionados podem ser caracterizados como a forma de expressão de uma marca no espaço físico, aquilo que atinge de fato o cliente para além da relação de tarefa e consumo. Tais valores podem ser abstratos ou não, variáveis de acordo com inúmeras questões sociais e econômicas. Neste estudo, foram levantados três valores que tendem a receber atenção nos próximos anos das mais diversas marcas e companhias: Identidade, Experiência e Engajamento.

2 . 1 I D E NT ID A D E A C IM A D A E XPER I ÊNCI A : Experiência se tornou uma palavra-tendência nos últimos anos, arquitetos pensam em promover experiências espaciais que se conectem

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cada vez mais com os usuários do espaço, marcas pensam em promover experiências entre cliente e produtos cada vez mais marcantes e específicas. Esse posicionamento não é incoerente com o cenário atual já mencionado. Numa era na qual a informação rápida e relações instantâneas são cada vez mais comuns, as forças dos profissionais que pensam os espaços comerciais se concentram em proporcionar experiências na tentativa de capturar ou cativar a atenção dos clientes. Nesse modelo de pensamento, tudo é válido, desde intervenções na loja física, tais como os cada vez mais usuais ambientes instagramáveis, até lojas pop-up e suas variáveis. No entanto, compreende-se que a experiência pela experiência pode gerar diversas coisas: publicidade para a marca, picos momentâneos onde a atenção é voltada para tal loja, e, nos casos mais bem sucedidos, uma boa memória para o cliente com relação ao espaço visitado. Este ‘design da experiência’ é incorporado ao espaço de diversas formas por inúmeras marcas, entretanto a identidade de um espaço alinhada com a identidade de uma marca são incomparavelmente mais importantes para a perenidade de um negócio de varejo. Esse fator se dá justamente pelo fato de que a experiência, com a intenção de afetar o imaginário do usuário do espaço, possui uma espécie de “prazo de validade” na memória deste, já a identidade do espaço faz associações à valores e atributos intrínsecos a uma marca ou produto, aprofundando esse tipo de impacto a longo prazo.


Fachada da loja da Nike em Melrose, Los Angeles.

Um exemplo prático decorrente dessa linha de pensamento é a mais recente loja da Nike no Oeste de Los Angeles. Essa região da cidade é conhecida por sua vida local ativa, contando com a presença de inúmeros restaurantes, bares e lojas. A marca, usando uma base de dados, optou por se instalar na região justamente por este ser um local com a forte presença de consumidores e membros do clube da Nike. Mas, ao invés de optar por uma loja convencional,optou por trabalhar um espaço que é claramente dotado da identidade da marca unida à identidade local de onde a loja se encontra. O espaço não apenas reflete os valores e

padrões estéticos adotados pela nike, mas é um reflexo desse recorte de tecido urbano onde está inserido. A mensagem que o local transmite é: não somos apenas um varejista mundialmente conhecido de produtos para esporte, somos uma marca que se adapta aos mais diversos contextos e comunidades de clientes - em Melrose, a loja atua como ponto de encontro para apaixonados por corrida, que se conectam não apenas no seu interesse comum, mas em sua faixa etária, estilo de vida, e por fim, vizinhança compartilhada. A experiência, nesse caso, é o produto da i dentidade criada.

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Uma das características mais visíveis no varejo tradicional é a padronização. Pensando dentro de uma estratégia de criação de imagem de marca, facilidade de execução e comunicação funcional, essa característica é compreensível e justificável. No entanto, a personalização e a identidade são valores cada vez mais fundamentais para que o espaço comercial do futuro possa permanecer relevante. Não apenas isso, mas a criação de identidade nas lojas físicas é uma via de mão dupla: ao visar ao fortalecimento da marca como um fim em si, também contribui para a identidade do local onde está inserida. Na sua obra, Morte e Vida nas Grandes Cidades, Jane Jacobs confirma essa leitura:

Melrose Avenue, Los Angeles.

Interior da Loja da Nike em Melrose, Los Angeles.

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Os centros de atividades nascem em distritos vivos e diversificados, do mesmo modo como surgem, em escala menor, em parques, e tais centros favorecem a identidade do distrito se também contiverem um ponto de referência que represente simbolicamente o lugar e, em certo sentido, o distrito. Porém, os centros não podem assumir sozinhos a responsabilidade pela identidade do distrito; é preciso que estabelecimentos comerciais e culturais diversos e paisagens diferentes também despontem por toda parte. (Jacobs, 2000, P. 94)

Comunidades, vizinhanças e públicos podem possuir mais diferenças do que as marcas pressupõem, e o espaço físico de loja pode ser sempre uma barreira impeditiva para a conexão do público e marca, como também pode se tornar um lugar que construa identidade em dois viés: da marca e dos consumidores locais. No segundo caso, ganha-se um fator cada vez mais escasso no espaço comercial atual: engajamento.


2 . 2 E N G A J A M EN T O : Como o espaço cria Comunidade.

Com a grande variedade e disponibilidade dos mais diversos serviços e produtos, somados ao cenário tecnológico, econômico e social já mencionado, instabilidades cada vez maiores são percebidas na base de clientes fiéis a uma marca. As estratégias de fidelização de clientela são pensadas por praticamente todas as frentes de varejo a fim de gerar proximidade entre marca e consumidor. O que é pouco pensado, no entanto, é como o espaço físico de uma loja pode contribuir e, de fato, ser um fator decisivo para o engajamento e, por consequência, para a fidelização do público. No último relatório acerca do futuro do varejo da Gensler Research Institute, os pesquisadores afirmam que:

atingindo o consumidor para além da relação de consumo - o espaço não apenas se caracteriza como apoio para um protagonista central (sendo este o produto comercializado) mas passa a atingir o consumidor e/ou comunidade de clientes a nível de influência na escolha de compra, sendo adotada a premissa não apenas valor e qualidade do produto, mas o significado imaterial que aquela aquisição significa para uma pessoa ou comunidade.

Transações podem acontecer on-line, mas a conexão emocional e o engajamento são melhor construídos pessoalmente. As lojas físicas oferecem uma oportunidade de humanizar marcas e criar comunidades, ao mesmo tempo em que promovem e destacam a qualidade e o valor do produto de uma maneira que o varejo on-line ainda não consegue. (GENSLER, 2018. P. 05)

Se o espaço físico pode contribuir para a humanização de marcas, o engajamento do público é uma consequência desse processo, sendo a criação de uma comunidade o fim ideal deste ciclo. A boa performance de uma loja, portanto, quando falamos de espaço comercial nos próximos anos, poderá ser mensurada pela quantidade e duração das conexões emocionais que ela gerar,

Loja temática ‘826 Valencia’ em São Francisco, California

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Loja temática ‘826 Valencia’ em São Francisco, California.

A loja 826 Valencia, localizada em São Francisco, na Califórnia, é um caso bem sucedido de criação de comunidade dentro do contexto de uma marca. A loja temática de livros, papelarias e outros produtos, molda-se sob a narrativa de ser uma marca de ‘fantasia, diversão e criatividade’. O aspecto a ser observado sobre a loja é como essa identidade é afirmada no espaço físico, desde a decoração do espaço e o caráter cenográfico voltado para o público infanto-juvenil, bem como pelo fato dos ambientes serem projetados com a finalidade de acolher em si a paixão por leitura, diversão e criatividade. Além disso, o fator mais impressionante a ser observado é que a marca oferece mais da metade do espaço físico da loja para uma grande sala onde acontecem workshops e cursos voltados para a temática da escrita e literatura.

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Tal espaço é oferecido à comunidade local de aspirantes a escritor de diversas idades, criando, por fim, um engajamento mais profundo com os produtos que são ofertados pela marca. Adota-se um sentido e uso mais amplo ao que poderia simplesmente se limitar a ser uma boa loja de livros, o espaço se torna multifuncional - ora loja, ora biblioteca. Ora centro cultural, ora espaço de aprendizagem. Entretanto, não é de se surpreender a grande dificuldade em se criar esse tipo de engajamento dentro do modelo tradicional de lojas físicas, onde a massificação e a exposição de produtos é o elemento central do espaço. Nos melhores casos dentro desse modelo, algumas lojas destinam espaços em suas “periferias” para que eventuais encontros e atividades fora da ação de compra aconteçam. No modelo mental onde o produto, e não o cliente, é o protagonista da loja física, os diversos usos que este espaço poderia gerar se limitam a um salão de vendas. Finalmente, há que se pensar que o espaço, quando articulado em diversos usos que estão ligados a um tema central - nesse caso um produto ou marca - tende a gerar conexões mais significativas entre usuários, objeto e espaço. Além disso, o modelo tradicional de varejo estimula a realização da tarefa de compra como o fim do uso do espaço, porém, pensar na permanência do usuário no local de compra pode ser uma estratégia ainda mais interessante, pois isso permite que o cliente ganhe mais experiência e vivência com o objeto em questão, estreitando a ligação entre ambos. Uma possível resposta para esse modelo de pensamento que visa engajar os consumidores, então, pode ser a multifuncionalidade dos novos espaços comerciais.


2 . 3 M U LT IF U N C IO N A L ID A DE COMO EST RAT ÉGI A A estratégia da multifuncionalidade tem sido, em geral, trabalhada em diversas escalas quando se trata de produção do espaço. Desde estratégias adotadas no Plano Diretor Estratégico de São Paulo visando à fomentação do uso misto no espaço, em escala urbana (artigo 27, inciso XIII da Lei Municipal n. 16.050 de 31 de julho de 2014), bem como soluções adotadas em espaços privados de converter locais de uso único em locais de uso misto. No seu livro ‘Cidade Para as Pessoas’, Gehl afirma que: “Temos que concentrar pessoas e atividades em poucos espaços de tamanho adequado, no mesmo nível” (2010. P. 65). As diversas atividades que um espaço pode abrigar podem ser consideradas ferramentas para que as pessoas desenvolvam uma relação menos superficial com este, e mais significativa. A vitalidade de um espaço, portanto, muitas vezes pode ser dependente da usabilidade que este recebe. A ausência de atividades quase sempre resulta na progressiva ausência de vitalidade do espaço, pois as pessoas querem estar onde há atividades ocorrendo. Ainda neste contexto, Gehl oferece um ponto de vista em maior escala:

seja agradável e coerente dentro de um dado contexto. No nosso caso, buscar um equilíbrio entre usos em um espaço comercial é fundamental para que a jornada do cliente na loja não seja cheia de interrupções, barreiras e acontecimentos aleatórios, e sim uma jornada de boas descobertas em um espaço de loja bem articulado e provido de sentido em seus usos.

The We Company em Nova York.

Atividades de permanência são a chave de uma cidade viva, mas também realmente agradável. As pessoas ficam se um lugar for bonito, significativo e agradável. Uma boa cidade tem muitas semelhanças com uma boa festa: os convidados ficam porque se divertem (GEHL, 2010. P. 147).

Aqui existe outro ponto que vale a pena ser avaliado. Não se trata apenas de criar vitalidade no espaço, mas também de garantir que esta vida criada

The We Company em Nova York.

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A companhia WeWork, mundialmente conhecida como uma empresa que promove espaços de coworking, abriu recentemente, através da marca-filha The We Company, um espaço de varejo na cidade de Nova York. O ponto a ser observado nesse caso é como a combinação de usos em um mesmo espaço (compras, coworking, locais de permanência, salas de reunião e café), sendo este um espaço de varejo, não somente é possível, como também cria experiências mais significativas para os usuários, o que afeta positivamente a atividade comercial. Tomando este exemplo como base e visando explorar essa diversificação de usos no espaço comercial, faz-se necessária a apreensão acerca de quais são as atividades que tornam um espaço físico de loja agradável, propício à permanência dos usuários, que os envolva em uma narrativa maior voltada à mensagem da marca, e que, por fim, possa proporcionar tanto uma boa experiência de consumo como uma ligação entre consumidor e marca que vá além da aquisição de produtos e, novamente, estimule a criação de comunidade.

2 . 4 ARTICULAÇÃO DAS MULTIFUNCIONALIDADES NAS FRENTES DE VAREJO Ainda acerca do tema da multifuncionalidade de um espaço físico de loja, é fundamental compreender que tal multifuncionalidade deve estar diretamente ligada às características do espaço em que se insere, sendo coerente com a visão e com a imagem da marca em questão, e fazendo sentido dentro do contexto de varejo específico.

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Dessa forma, deve ser evitada qualquer abordagem genérica e determinista que proponha uma padronização de usos no espaço de varejo sem levar em consideração as particularidades e peculiaridades de cada tipo de comércio. Tendo este fator em mente, foram levantadas cinco frentes de varejo como objeto de estudo e pesquisa a fim de delimitar quais as atividades que cada tipo de varejo pode abrigar, de forma que essa união faça sentido tanto para a marca, como para os usuários do espaço. As frentes escolhidas foram:


Dessa forma, cada frente comercial de estudo poderá receber novos e variados usos dentro do seu contexto específico. No geral, um espaço comercial que deseja funcionar para além do modo tradicional do salão de vendas, pode receber diversas possíveis atividades que atuem como engajadoras do público. Tais atividades podem criar diversos cenários: hospitalidade (da loja para o público), contribuições diretas (do público para a loja), interação ativa do público com os produtos e o “fazer” da marca em questão,a formação de uma comunidade de clientes e a permanência de pessoas que, em outro contexto, apenas passariam pela loja para

executar uma tarefa e sairiam assim que possível. Dessa forma, as atividades propostas que se encaixam dentro dos cenários mencionados, passam a ser incorporadas como espaços físicos, uma vez que cada uma delas demanda um espaço mínimo para sua realização, sendo estes: Espaço de compra, espaço de jogar, espaço de aprendizado, espaço de coworking, espaço de alimentação e atelier de criação e produção. Finalmente, visando sistematizar tais atividades e usos, combinados às frentes específicas de varejo, foi criada a seguinte relação:

Loja temática ‘826 Valencia’ em São Francisco, California

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Se faz necessária a compreensão dos motivos que categorizam cada uso que é aqui proposto para cada frente de varejo. Para iniciarmos essa análise, é importante ressaltar que os seis usos propostos são apenas algumas das inúmeras possibilidades dentro do espaço de loja. É válido também salientar que não há uma ordem de hierarquia que classifique qual espaço é mais ou menos relevante, o único espaço comum que se faz necessário em todas as frentes de varejo, portanto, é o Espaço de Compra. Vejamos, agora, os demais usos.

Espaço de jogar: Esse espaço é o que abre as pos-

sibilidades para a presença do lúdico dentro de uma loja. Em frentes de varejo tais como Tecnologia e Livros e Mídias, o uso de recursos que estimulam o imaginário do cliente se faz cada vez mais necessário, a fim de que sua relação com o produto ultrapasse a linha da mera informação e tarefa de compra, e se torne uma experiência memorável. Um bom exemplo de como explorar o lúdico e o imaginário dos clientes para conectá-los de forma mais significativa com o produto comercializado é o trabalho realizado pela nike na sua loja PopUp ‘House Of Go’. Elisabeth Freitas, Diretora da Marca de Corrida da Nike, afirmou à revista americana, INC: “Nós queríamos encontrar uma maneira de expressar a tecnologia do tênis (produto foco da loja PopUp), criando algo visível e criando uma experiência que ajudaria os consumidores entenderem os atributos desse tênis”. A PopUp, que conta com diversas telas interativas, brinquedos e espaços lúdicos, convida a comunidade na qual se insere a aproveitar o espaço, ao mesmo tempo em que aprende mais sobre o produto comercializado, podendo a qualquer momento adquiri-lo.

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PopUp ‘House of Go’, da marca Nike.


PopUp ‘House of Go’, da marca Nike.

Espaço de Aprendizado: A ativida-

de de ensinar e fornecer conhecimento é uma das grandes contribuições que as marcas e lojas podem oferecer a uma comunidade. Não é incomum encontrarmos espaços destinados a workshops e palestras em diversas lojas hoje em dia, entretanto, a ideia aqui é que o aprendizado possa tomar ainda

ainda mais protagonismo no espaço de loja. Ensinar clientes sobre usos de produtos, confecção de materiais, ou qualquer outro tipo de aprendizado que uma marca especialista em um tema possa oferecer, é um passo de grande potencial para gerar senso de comunidade nos consumidores da marca - isso porque o processo de ensino por si só tende a reunir pessoas

dentro de um mesmo interesse e assunto. Por esse motivo, a atividade de aprendizado pode estar presente em quase todas as frentes de varejo estudadas, sendo o critério principal de seleção (nesse caso), os varejos que possuem produtos que tenham características manuais, com os quais os clientes possam se conectar de forma mais direta. A loja WestWing, que se destaca no mercado da Decoração por ser uma marca que garimpa peças de design vendendo-as a preços mais acessíveis, oferece no espaço exterior de sua loja na Vila Madalena, em São Paulo, um espaço dedicado a workshops, que giram em torno dos produtos comercializados, estimulando a criação de uma comunidade de clientes que passam a perceber a marca de forma mais empática e receptiva.

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Coworking: O espaço de trabalho colaborativo é

Espaço externo da Loja WestWing na Vila Madalena,

mais do que usual nos dias de hoje. Contextualizado dentro do varejo, há uma grande vantagem das lojas cederem seus espaços para o compartilhamento de uma área de trabalho. Isso se dá porque, além de agregar pessoas para o local pelo simples fato desse espaço estar sendo oferecido, sua presença também impulsiona trocas e negociações que podem estar diretamente ligadas ao que a marca tem a oferecer. Por exemplo, é uma atividade bem mais enriquecedora para um profissional da construção propiciar uma reunião para o seu cliente dentro de uma loja de tema Casa e Decoração, do que em outro lugar que não tenha a ver com o assunto discutido. O mesmo acontece na loja de Tecnologia, que pode oferecer dispositivos e facilidades para que reuniões e atividades de trabalho ocorram de forma mais eficaz.

Espaço de Alimentação: Seja em sua forma de res-

Espaço externo da Loja WestWing na Vila Madalena,

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taurante ou café, o espaço de alimentação já se faz muito presente no varejo em geral. A intenção aqui é levantar em quais frentes de varejo tal espaço se faz realmente necessário e relevante. Como um critério, é importante considerar os tipos de loja em que o cliente precisa despender mais tempo em sua exploração por conta do tipo de produto que é comercializado. Uma família que vai a uma loja de Casa e Decoração pode passar horas no local fazendo escolhas importantes sobre sua residência, o espaço de alimentação atua nesse caso como um apoio, oferecendo a esses clientes um momento de pausa, em que podem aproveitar de uma refeição, para que então a jornada possa continuar. Já no varejo de Livros e Mídias, esse espaço pode tomar a forma de um café onde os clientes possam se sentar por longos


períodos para ler seus livros ou simplesmente terem encontros no local. Por fim, no varejo de Alimentação se faz evidente a necessidade desse espaço, a fim de que os consumidores da marca possam ter experiências diretas com os produtos ainda antes da compra. Na cidade de São Paulo, o mercado de alimentos de origem italiana, Eataly, oferece aos clientes uma experiência de compra de forma a aproximá-los do produto com um tipo de exposição que remete ora a feiras tradicionais, ora a um mercado comum. Entretanto, o maior ponto-chave dessa experiência são os diversos restaurantes que se encontram em todos os andares do mercado. Explorando sempre a cultura da culinária européia (especialmente a Italiana) em suas diversas formas, a identidade do mercado passa de apenas um local de compra de bons produtos para um local de encontros e lazer.

Varejista de alimentos importados e nacionais, Eataly em São Paulo.

Atelier de Criação e Produção: Esse espaço, apesar

Varejista de alimentos importados e nacionais, Eataly em São Paulo.

de similar em sua função ao espaço de aprendizado, visa evidenciar os processos que envolvem a concepção de um produto. Em frentes de varejo que envolvem diretamente o uso de concepção criativa como Vestuário e Livros e Mídias, esse espaço tem o potencial de engajar o público, de forma a conectá-lo ao significado mais profundo dos produtos comercializados.

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A marca Hermès, famosa por seus lenços usados por diversos ícones da moda, criou uma loja Pop-Up com o intuito principal de evidenciar o processo de criação dessa peça. A loja proporciona aos consumidores e interessados pela marca uma imersão em todas as etapas que envolvem esse processo criativo, e, além disso, disponibiliza um espaço de bar e karaokê. Por fim, os consumidores podem adquirir os lenços confeccionados no espaço de compra. Finalmente, é possível perceber como a articulação de atividades múltiplas dentro de um espaço de compra pode ser um fator potencializador para o crescimento de seu fluxo de pessoas, mas também para a consolidação da imagem de uma marca e de seu vínculo com o público. ‘Carré Club’, Loja PopUp Hermès.

‘Carré Club’, Loja PopUp Hermès.

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2 .5 ARTICULAÇÃO DAS DIVERSAS ESCALAS DOS ESPAÇOS COMERCIAIS MULTIFUNCIONAIS Ainda acerca de como os espaços comerciais multifuncionais podem funcionar, é importante que sejam levados em consideração não apenas os diversos usos que tais espaços devem receber, mas também a escala espacial na qual essas lojas se inserem. Não é necessária muita observação para notar como uma loja pequena de característica local funciona de modo diferente de uma grande loja de departamentos em uma avenida central e movimentada. A forma como as experiências se dão, e como o engajamento de uma comunidade e sua identidade são formadas dentro do espaço comercial estão diretamente ligadas, também, ao contexto maior do qual este faz parte - seja o bairro, a comunidade, o distrito ou a cidade. Por mais que existam inúmeros estudos generalistas


que apontam os prováveis comportamentos de consumidores dentro de um espaço físico de loja, as marcas caminham para uma compreensão mais abrangente dos diversos fatores específicos que possam influenciar não apenas a decisão de compra, mas a interação do cliente com o espaço, sendo a localização da loja um dos fatores de maior peso nessas ações. Não é incomum que as marcas façam estudos especulativos para entender qual seria a aderência do público se uma de suas lojas físicas se instalasse em um dado local. Porém, a linha que deve ser cruzada (e que não muitas marcas o fazem), é a do rompimento com a padronização total e completa de suas lojas físicas, independente da sua inserção. Um bom exemplo de como essa linha está sendo cruzada é a chegada de lojas da IKEA em centros urbanos. A marca de origem sueca é mundialmente conhecida pela comercialização de móveis domésticos a preços acessíveis. Suas lojas tradicionais contam com a média de 20.000m² de área e atendem raios de até 300km nas regiões onde se inserem, isso significa que, uma pessoa que deseja mobiliar sua casa com os produtos comercializados pela marca, provavelmente terá de fazer uma viagem de carro e passar um dia inteiro em uma de suas grandes lojas. Esse modelo de negócio e espaço têm funcionado bem para o público predominante da marca, entretanto, com o crescimento exponencial das grandes metrópoles e o aumento de ofertas no mercado de Casa e Decoração para o público mais jovem nos grandes centros urbanos, a marca sentiu a necessidade de criar lojas mais compactas que podem se inserir de forma mais coerente em tais locais. No ano de 2019, a marca está abrindo sua primeira loja em Manhattan, Nova York. É interessante observar quais

as estratégias espaciais a marca passa a adotar dentro de um contexto de metrópole onde as habitações são cada vez menores, o uso de transporte público é primordial, os consumidores são mais jovens, e assim por diante. Segundo o noticiário CNBC: “A primeira loja de pequeno formato da Ikea foi criada para servir como um “estúdio de planejamento” para os compradores escolherem os itens que desejam entregar em suas casas. Oferecerá entrega a preços mais baixos, além de serviços de montagem, ajuda com financiamento e compra on-line, e retirada na opção de loja. No nível mais baixo do espaço de três andares, que abrange cerca de 1.579m², a Ikea tem três salas privadas e um punhado de estações de computadores dedicadas a sessões de planejamento de design que podem ser reservadas pelos clientes com hora marcada.” (Lauren Thomas. CNBC)

Loja Ikea em Manhattan, EUA. Fonte: 6sqft

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Loja Ikea em Ohio, EUA. Fonte: Solar Reviews

Considerando as variáveis de espaço e escala, deve ser questionado como programa de uma loja é adequado para cada caso específico. Como localização, público e tamanho podem definir o desenho espacial de uma loja? E, trazendo tal questionamento para a ótica da estratégia da multifuncionalidade, esses três elementos definidores se atenuam ainda mais dentro de um programa de loja que recebe vários usos para além de sua abordagem tradicional. O fato é que tais variáveis são inúmeras, existem lojas de diversos tamanhos, tipos e para (quase) todos os gostos ao redor do mundo. Sendo assim, a fim de delimitar nossos objetos de estudo, foram consideradas algumas medidas médias de loja, bem como sua escala no contexto de cidade - local ou central. Tais delimitações servem como elemento norteador para que o processo de desenho desses novos espaços comerciais possa ser realizado dentro do que seriam espaços reais.

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Ainda se tratando desse tema, é importante ressaltar uma outra face dessas variáveis que, de certa forma, está implícita quando falamos de público da marca: as características socioeconômica dos consumidores, ou até mesmo, do local onde uma loja está inserida. Tal fator não deve ser ignorado no processo de concepção espacial, que deve passar por ajustes maiores ou menores de acordo com o público para o qual essa loja é destinada. Inúmeras marcas hoje já falam de democratização de seus espaços, de forma a torná-los mais neutros no sentido econômico, podendo receber as mais diversas classes de clientes sem constrangimentos. A estratégia da loja multifuncional, de certa forma, visa devolver o espaço que antes seria apenas um salão de vendas não só para o público da marca, mas para a cidade. Sendo assim, a articulação de diversos usos que não estão diretamente relacionados à compra em um espaço de varejo, pode ser primeiro passo na democratização nas novas lojas físicas. Esse tema deverá ser abordado na segunda etapa deste trabalho.


2 . 6 O DESIGN MULTIFUNCIONAL DO ESPAÇO: MOBILIÁRIO E DISPLAYS Ao aproximarmos o olhar para a escala do mobiliário e dos objetos que compõem o espaço de loja e a interação dos consumidores com tais elementos, é importante que seja mensurada qual a funcionalidade e relevância destes. Quando um salão de vendas de uma loja tradicional é observado, as respostas para a exposição de produtos não variam muito gôndolas, racks, mesas e araras são comuns nestes espaços. A decisão pelo uso de tais equipamentos pode se dar por dois fatores principais: a praticidade que eles oferecem (montagem e custo), bem como a possibilidade de expor os produtos de forma mais massificada. De modo geral, as marcas não abrem mão da escolha por esses equipamentos por questões de caráter mais formal e funcional. No entanto, quando falamos de um espaço comercial que abriga diversos usos em si, a perspectiva deve ser diferente. A loja de caráter multifuncional deve levar o aproveitamento de espaço ao seu máximo, de forma a equilibrar os usos nas proporções ideais para cada contexto de varejo. O produto deve de fato estar exposto (e bem exposto) a fim de que o cliente consiga ter a noção mais clara possível das características do objeto em questão, porém como já mencionado anteriormente, a massificação de produtos (ou seja, expor o máximo de itens no mínimo de espaço possível) não é uma estratégia plausível para esse tipo de contexto. Isso porque acreditamos que o papel da loja física nos próximos anos deve estar muito mais ligado ao engajamento do consumidor com o produto e marca, do que com a estratégia

que torna a loja física um grande depósito de itens que podem ser adquiridos por um determinado valor. Nesse sentido os expositores, displays e mobiliários atuam de forma fundamental no desenho desses espaços. Levando em consideração a variação de usos e a disposição de diversas atividades que podem ocorrer dentro de uma mesma loja, os objetos mencionados acima devem funcionar como apoios que se adequam bem aos diversos tipos de atividade, e não como limitadores para as mesmas.

Expositores na Loja Bilder & De Clerc, em Amsterdã.

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Expositores na Loja Bilder & De Clerc, em Amsterdã.

Expositores na Loja Bilder & De Clerc, em Amsterdã.

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O mercado Bilder & De Clerc, de Amsterdã, optou por facilitar a navegação do cliente na loja de forma mais interativa e intuitiva. A marca optou por expositores que se assemelham às tradicionais mesas de sugestividade presentes em diversos tipos de loja, mas que na verdade são equipamentos que possibilitam uma exposição de produtos mais assertiva e personalizada. A estratégia adotada pela loja consiste em disponibilizar semanalmente 14 receitas de fácil preparo e bom custo-benefício para os seus clientes. Nesse caso, cada expositor observado nas duas primeiras imagens acima (à esquerda e no centro) serve como um micro mercado destinado à uma receita específica à escolha do cliente, contando com espaço para bandejas, freezer e apoio para a comunicação visual. Outro equipamento desenvolvido para a loja é uma mesa expositora que conta com uma tela interativa (terceira foto, à direita) através da qual o cliente pode observar o panorama geral das receitas oferecidas naquela semana e também adquirir alguns complementos tais como vinhos, queijos, etc. Além disso, a fim de aproveitar o espaço ao máximo, a loja opta por expor os demais produtos comercializados pela marca em prateleiras que se conformam nas paredes da loja, deixando a circulação mais livre e fluída. O mercado também conta com um espaço de alimentação onde os clientes podem aproveitar um café ou fazer uma refeição, sem necessariamente terem de adquirir algum produto da marca. Esse tipo de desenho do espaço, cria uma certa empatia entre cliente e marca. Simplificar tarefas cria boa vontade para construir um envolvimento emocional mais amplo. Ajude os clientes a fazer algo


e eles terão mais tempo para navegar, interagir e descobrir coisas novas. Em última análise, trata-se de devolver o tempo.” (GENSLER, 2018. P. 07)

Projetada pelo Studio Arthur Casas, a loja da Saraiva na cidade do Rio de Janeiro, explora de forma generosa os espaços livres. Essa exploração é possível, porém, somente porque a loja optou por usar poucos expositores que ocupam um volume considerável no chão da loja, concentrando toda a gama de produtos em prateleiras nas paredes. Ainda no espaço infantil, cria-se um grande banco destinado ao estar dos pequenos leitores, que também abriga produtos em sua parte inferior.

Saraiva Bookstore, Rio de Janeiro.

Saraiva Bookstore, Rio de Janeiro.

Confeitaria ‘kki sweets’, em Singapura.

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Confeitaria ‘kki sweets’, em Singapura.

A confeitaria japonesa, kki sweets, em sua loja localizada em uma Escola de Artes em Singapura, adota uma linguagem parecida com uma ‘casa de árvore’, se articulando através dos painéis e prateleiras que ora servem para a exposição de produto, ora criam superfícies onde as pessoas podem se assentar; ora criam mesas, ora funcionam como bancadas. É interessante observar como o desenho de mobiliário oferece ao cliente e/ou usuário do espaço, a possibilidade de apropriar-se deste da forma que achar mais conveniente. Com essa articulação pouco convencional, o limitado espaço da loja pode ser aproveitado de forma eficiente, sendo até mesmo os elementos estruturais do edifício tomados como apoio para a exposição de produtos, e não como elementos limitadores.

Ensaios: Displays/expositores de produtos no contexto da loja multifuncional

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Considerando todos os fatores mencionados nos exemplos acima, tais como: assertividade na exposição do produto, ao invés de massificação, criação de mobiliários que funcionem de mais de uma maneira, aproveitamento de espaços, etc; foram feitos estudos iniciais com o intuito de compreender como esses elementos poderiam funcionar no espaço comercial multifuncional.

Finalmente, estes são estudos preliminares do que temos como intenção de desenvolver a nível de projeto e concepção de uma loja multifuncional. Em uma próxima etapa deste trabalho, deverão ser elaborados outros modelos com especificações que possam definir a articulação desses elementos no espaço e seu funcionamento no dia à dia da loja.

Display 01: O primeiro estudo do que poderia funcionar como um expositor de produto, tem em si a intenção de ser mais do que isso. A superfície mais alta funciona como uma mesa onde famílias de produtos podem ser expostas, contando com um painel que pode servir como tela ou apoio para comunicação visual, itens fundamentais para que a loja possa trabalhar, no primeiro caso, a extensão de sua gama, e no segundo, a mensagem que deseja passar para o cliente sobre o produto comercializado. Por fim, a ideia é que tal expositor consiga se articular de mais de uma forma, podendo ser agregados elementos como bancos de estar, bancadas, e assim por diante. Display 02: Aqui, a intenção é ligar a permanência do cliente ao produto comercializado. Por exemplo, se na estante criada estivessem sendo vendidos livros, o consumidor poderia lançar mão do produto de sua escolha e usar a bancada para a leitura do livro. Criar espaços para que o produto comercializado possa ser testado e/ou usado pelo cliente, tende a gerar um maior engajamento por parte deste. Outro fator importante sobre articular venda e permanência é que essa é uma das maneiras das lojas se tornarem generosas com seus espaços para o uso da sua comunidade de clientes.

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3. PROCESSO

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3 . C RO Q U IS : Variações espaciais x Multifuncionalidades

Os desenhos a seguir foram realizados como forma de uma primeira aproximação do entendimento de como a proposta do espaço multifuncional deve se articular dentro de espaços de loja, considerando variáveis de tamanho, narrativa e escala. A tentativa aqui é, após o cruzamento de usos e sistematizações realizadas no capítulo anterior, projetar como a interação desses usos pode ser o ponto de partida para a concepção de um projeto de loja. Antes mesmo de entrarmos nos temas e especificações acerca de cada frente de varejo, é importante compreendermos qual espaço dentro da loja será objeto de estudo. Isso porque o objetivo desses estudos, não é detalhar o funcionamento de uma loja em sua totalidade (espaço aberto ao público e funcionamento interno), e sim sugerir possíveis ocupações no local que tradicionalmente seria o salão de vendas, tornando-o um espaço multifuncional. Este objetivo e as premissas adotadas para a articulação desses espaços são resultado da pesquisa e dos estudos obtidos na realização de croquis e primeiros desenhos para cada frente de varejo, culminando em algumas diretrizes: a) Funcionamento interno e estoque são áreas que fazem parte das lojas mas não dos ensaios projetuais. b) As paredes devem ser aproveitadas para a exposição de produtos

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c) O espaço multifuncional é a área de maior interesse a ser estudada.

Sistematização: Articulação dos espaços de loja.

A seguir, veremos diagramas e croquis elaborados para cada frente de varejo, bem como as conclusões e reflexões que foram tiradas dessa parte do estudo. A intenção não é definir um modelo ideal para cada frente de varejo, mas investigar quais as possibilidades espaciais que podem surgir ao lançarmos mão da estratégia da multifuncionalidade no espaço comercial.


3 . 1 LOJA DE ALIMENTOS

A primeira frente de alimentos. Retomando ●Espaço de Compras,

varejo a os seus

ser estudada é possíveis usos,

●Espaço de Alimentação

a loja de trabalhamos:

●Espaço de Aprendizado.

Para esse diagrama de estudo de como os usos podem ocupar esse espaço na loja de alimentos, foi estabelecida a seguinte narrativa preliminar: ●loja de alcance local ●público de faixa etária variada ●comercialização de produtos orgânicos. Dessa forma, a partir dessa primeira delimitação de premissas e características para essa frente, foram elaborados outros croquis, que trabalhem esses parâmetros de forma volumétrica.

Diagramas: Loja de Alimentos Multifuncional.

A fim de fornecer dados e informações que possam enriquecer estes estudos, tanto essa como as outras quatro frentes de varejo receberam narrativas preliminares que podem nortear a articulação desses espaços dentro de um contexto mais amplo de relação com o público, produtos comercializados pela frente de varejo em questão, e assim por diante.

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O Através dos primeiros croquis elaborados, surgem alguns elementos que passam a nortear o desenho deste espaço: um grande elemento central que pode marcar o espaço e transmitir a mensagem da loja. Em um primeiro momento (Figura 32, à esquerda), foi considerado um grande expositor de produtos ao redor do qual o restante dos usos se articularia. Já em um segundo momento (Figura 32, à direita), este elemento central funciona como uma mesa que ora pode ser usada pelos clientes que desejam fazer uma refeição, ora como apoio para o acontecimento de workshops e aulas de culinária.

Mesa como elemento central

Possíveis articulações do espaço multifuncional na loja de alimentos

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Neste caso, a segunda opção passa a ter predominância nos ensaios seguintes feitos para essa frente, justamente pelo fato da mesa, símbolo importante no tema alimentação, conter em si o potencial de engajar uma comunidade ao redor de si.


Em um estudo para uma loja de alimentos ainda de alcance local (Figura abaixo), mas de porte um pouco maior, a mesa fixa para workshops e aulas pode ser o elemento central mas não o único do espaço. Neste ensaio, a ideia é que existam outros mobiliários

de apoio que atuem como articuladores da multifuncionalidade - bancadas modulares que ora podem expor produtos, ora podem comercializar alimentos que podem ser consumidos pelo cliente dentro da loja, como mesas de café.

Estudo: Loja de Alimentos 120m²

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SÍNTESE: LOJA DE ALIMENTOS

Ponto de destaque: espaço de alimentação. Exposição

de

produtos:

paredes. Ponto

de

engajamento:

estação central que pode funcionar

como

espaço

para alimentação, apoio para

workshops

práticos

ou espaço de estar Características projetuais: o espaço se torna livre de equipamentos,

sendo

o

elemento central usado a fim de estimular o contato do cliente com o significado da marca e/ou produto

Síntese: Loja de Alimentos Multifuncional

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3 . 2 LOJ A D E T EC N O LOG IA

A Loja de Tecnologia Conta com 03 usos distintos entre si: ● Espaço de Compras ● Espaço de Jogar ● Coworking

O grande desafio aqui é fazer com que usos tão contrastantes (jogar e trabalhar) possam conviver no mesmo espaço mantendo a sua relevância para essa frente de varejo. A princípio, o diagrama elaborado aponta como essas multifuncionalidades podem ser amarradas no espaço. Outro ponto importante a ser observado é que, nos primeiros estudos, considerava-se “espaço de experiência” um uso, o que eventualmente veio a ser destituído da lista de multifuncionalidades com o entendimento de que a experiência é uma resultante deste espaço. Com a finalidade de estabelecer parâmetros que pudessem contribuir para o desenho desse espaço de forma menos especulativa e mais consistente, as narrativas preliminares atuam novamente como norteadoras, sugerindo uma possível identidade para a loja que, segundo o proposto, seria: ● Loja de escala neutra (que pode atuar tanto em escala local quanto central) ● público

com

faixa

etária entre 18 e 25 anos

● oferece experiências com o produto através da venda de tecnologia personalizada

Loja de Tecnologia Multifuncional

Um primeiro estudo sugere a criação de níveis dentro do salão principal visando setorizar os usos, sendo o coworking o ponto de conexão do consumidor com o restante da loja. Aqui, a finalidade é articular uma loja onde os usos de Coworking e Espaço de Jogar são destacados de forma central, e os produtos são expostos em displays nos cantos da loja. Dessa forma, o cliente pode conhecer primeiro o ‘por quê’ (usabilidade), e depois ‘o quê’ (produto)

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Estudo: Loja de Tecnologia 144m²

Estudo: Loja de Tecnologia 80m²

Em uma segunda versão, ocorre a inversão destes usos, sendo o espaço de jogar com telas interativas o primeiro ponto de contato com o consumidor, os produtos como intermediário, deixando o espaço de coworking mais reservado, ao fundo da loja.

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Em um último teste, a solução de trabalhar a própria exposição de produtos como elemento integrador entre estes usos distintos parece ser uma boa resposta a essa divergência, de forma que a loja possa atender a mais de um tipo de público e comunidade de consumidores: tanto executivos quanto o público mais jovem consumidor de jogos e tecnologias podem compartilhar o mesmo local da loja e adquirir os produtos comercializados por essa frente de varejo. Essas articulações abrem espaço para o lúdico, mas também para o funcional - possibilitando um maior alcance de consumidores e clientes.


SÍNTESE: LOJA DE TECNOLOGIA

Ponto de destaque: espaço de jogar + telas interativas Exposição

de

produtos:

paredes e displays. Ponto

de

engajamento:

coworking Características projetuais: espaço de compras como elemento integrador dos usos

Síntese: Loja de Tecnologia Multifuncional

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3 . 3 LO JA D E V ES T U Á R IO A indústria da moda conta com um grande número de pessoas ao redor do mundo que trabalham com essa frente de varejo em algum nível, além disso, para muitas pessoas a moda se trata uma parte essencial e fundamental de sua auto-expressão. Entretanto, quando olhamos para as lojas físicas, as marcas encontram muitas dificuldades em oferecer o espaço de loja como local de formação de comunidades de consumidores. Nessa primeira proposta diagramada, o intuito é especular sobre como os usos distintos podem atuar juntos na composição de um espaço que tenha como finalidade oferecer à comunidade de criativos e consumidores de moda não apenas um local para a tarefa de compra, mas para permanência e troca de experiências. Nessa loja, consideramos: ● Espaço de Compras ● Espaço de Aprendizado ● Espaço de Criação

Diagramas: Loja de Vestuário Multifuncional

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É importante ressaltar que semelhante à loja de tecnologia, neste primeiro estudo o espaço de experiência ainda se articula como uso dentro do espaço, sendo descartado posteriormente e considerado como resultante dos diversos fatores que envolvem a criação de um espaço de loja multifuncional. Para o tema de moda, as narrativas preliminares definidas dialogam com as tendências para este mercado nos próximos anos (com bases nas pesquisas fornecidas pela empresa WGSN) na tentativa desses estudos se aproximarem ao máximo do que seriam estes novos cenários nessa frente de varejo: ● Caráter slow fashion (da tradução literal ‘moda lenta’, que visa valorizar o processo de criação e produção de uma peça de roupa ou calçado, bem como a durabilidade das peças e seu uso a longo prazo) ● Deve atuar como uma estufa de tendências onde criativos podem se inspirar, ● Público predominantemente feminino entre os 20 e 35 anos, ● Loja de escala central (lojas médias a grandes). Nos primeiros estudos, o Espaço de Compras ainda atua como elemento central, ao redor do qual os outros usos acontecem. O croqui, no entanto, já evidencia a intenção desse espaço ser oferecido para os encontros e trocas que o mundo da moda pode possibilitar. A inserção de uma grande bancada de criação e produção (à esquerda), tem como finalidade evidenciar os processos e pulverizar a cultura do slow fashion. Adiante, veremos como essa proposta pode atingir outras variáveis e especulações.

Estudo: Loja de Vestuário 225m²

Por fim, em um estudo mais maduro e reflexivo sobre as intenções para essa frente de varejo, o espaço de criação passa a ser protagonista na articulação desses usos, que, apesar de serem a princípio articulados de forma mais homogênea no espaço, acabam sendo definidos por outros fatores tais como sua relevância para a loja e a narrativa adotada.

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SÍNTESE: LOJA DE ROUPAS

Ponto de destaque: bancadas de criação. Exposição

de

produtos:

paredes. Ponto

de

engajamento:

espaço para workshops. Características projetuais: layout fluído, uso dos mobiliários para fins diferentes (Ex: bancada de criação que pode servir como bancada de exposição)

Síntese: Loja de Vestuário Multifuncional

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3 . 4 LO J A D E L IV R O E M ÍDI A S A frente de varejo de livros e mídias atualmente enfrenta grandes dificuldades nas lojas físicas pelo fato dos produtos comercializados terem suas vendas mais significativas através do e-commerce. Pensando nessa questão, a proposta aqui é adicionar diversos usoscom o intuito de que a loja possa se tornar uma espécie de pólo de cultura,

onde os clientes e não-clientes possam usufruir do espaço e criar um senso de ligação mais profundo com a literatura, artes e mídias. Sendo assim, a proposta para essa loja deve conter: ● Espaço de Compras ● Espaço de Jogar ● Espaço de Aprendizado ● Espaço de Alimentação ● Atelier de Criação e Produção ● Coworking.

Diagramas: Loja de Livros e Mídias Multifuncional

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Por conter diversos usos, essa loja recebe uma narrativa preliminar de: ● loja central, provavelmente sendo de porte médio a grande ● Foco em agregar uma comunidade de leitores para o espaço ● Público variado (infanto-juvenil a adultos). Observando os variados usos propostos para essa loja, os estudos passam a se concentrar em fazer com que esse espaço tenha um caráter lúdico que desperte o imaginário dos clientes. O objetivo aqui não mais é setorizar onde cada uso do espaço deve se localizar (como na primeira proposta do diagrama), mas sim dispor essas atividades no espaço de forma mais homogênea e equilibrada

Estudo: Zoom Loja de Livros e Mídias 600m²

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Estudo: Loja de Livros e Mídias 600m²


SÍNTESE: LOJA DE LIVROS E MÍDIA

Ponto de destaque: espaço de aprendizado e criação integrados. Exposição

de

produtos:

paredes e displays. Ponto

de

engajamento:

nichos de leitura Características projetuais: - planta livre - criação

de

nichos

de

leitura - articulação entre os usos ao longo do espaço.

Síntese: : Loja de Livros e Mídias Multifuncional

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3 . 5 LO JA D E C A S A E D EC ORAÇÃ O O varejo de Casa e Decoração tradicionalmente requer espaços generosos em suas lojas. Seja porque esse tipo de comércio frequentemente faça uso de showrooms que simulam espaços dentro de suas lojas ou porque há uma variedade enorme de produtos que ocupam um espaço considerável, é importante que a circulação seja confortável e os espaços bem distribuídos. A princípio, para essa frente foram determinados os usos: ● Espaço de Compras ● Espaço de Aprendizado ● Coworking ● Espaço de Alimentação ● Espaço de Experiência - que, como já mencionado, foi retirado da lista.

Diagramas: Loja de Casa e Decoração Multifuncional

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Pelo volume de produtos, essa loja é a que mais deve se assemelhar ao modelo tradicional de varejo, mas não se limitar a ele. A narrativa preliminar estabelecida para estes estudos, a princípio, considera para esta loja: ● público de faixa etária entre 25 e 50 anos ● porte grande ● escala central ● exposição mais dinâmica de produtos. A intenção para essa loja é que ela seja em sua iden-

tidade um centro de compras e eventos relacionados à casa e decoração, e um local de inspiração para o cliente. Por fim, através dos estudos para essa frente de varejo, cria-se a intenção de trabalhar com um elemento central que articule mais de um uso, posicionando a exposição de produtos ao redor deste - o contrário da primeira proposta. Nesse caso, o cliente pode se engajar com os espaços criados participando de atividades ou simplesmente o explorando, e a exposição de produtos a curta distância destes acontecimentos facilita sua jornada nesse espaço.

Estudo: Loja de Casa e Decoração 800m²

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SÍNTESE: LOJA DE CASA E DECORAÇÃO

Ponto de destaque: showroom dinâmico. Exposição

de

equipamentos

produtos: baixos

e

paredes. Ponto

de

engajamento:

espaço de aprendizado + coworking. Características projetuais: centro dinâmico onde as multifuncionalidades articulam. Exposição de produto tradicional. Presença do restauramente como um grande espaço de encontro. Síntese: : Loja de Casa e Decoração Multifuncional

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Com a intenção de estudar como os novos espaços comerciais podem se articular dentro de uma estratégia de multifuncionalidade, os croquis e diagramas trabalhados até este ponto oferecem alguns dados espaciais primários que tornam viáveis as próximas etapas a seguir, que passam a trabalhar com maior quantidade de informações a fim de nos aproximarmos dos ensaios propostos. Neste ponto do desenvolvimento do trabalho, é natural que aconteça um afunilamento nas propostas pretendidas para que os ensaios projetuais possam ser concebidos dentro de características mais pontuais. Aqui, é feita uma escolha dentre as cinco frentes de varejos apresentadas: apenas três delas serão de fato desenvolvidas. Sendo assim, a Loja de Tecnologia é deixada de lado por se tratar de um nicho de varejo mais específico e técnico. A loja de Casa e Decoração também não segue em frente na pesquisa pela tipologia dos produtos tornarem essa frente de varejo um pouco menos flexível em termos exposição, e por sua grande escala que requer um estudo isolado para essa frente de varejo. Por fim, a pesquisa segue com a Loja de Alimentos, Loja de Livros e Mídias e a Loja de Vestuário, que receberão um olhar mais específico dentro dos ensaios projetuais.

mais são do que uma ferramenta escolhida a fim de delimitar melhor o campo de trabalho e as especificidades de cada frente de varejo em questão. Entretanto, ao longo do processo, foi percebida a necessidade dessas narrativas se tornarem mais pessoais. Esse momento da pesquisa serviu como um pausa entre sistematizações e desenhos que aprofundou a reflexão do uso real desses espaços. O interessante dessa abordagem está no fato de que, as narrativas deixam de ser abstratas e generalistas e oferecem um entendimento mais amplo de como os usuários do espaço podem conversar com tal proposta do espaço comercial multifuncional. Portanto, com a finalidade de catalogar todas as narrativas que foram criadas, as mesmas são registradas abaixo visando que se tornem um importante dado para a concepção espacial dos ensaios projetuais.

3 . 6 NA R RAT IVA S Lojas multifuncionais: narrativas pontuais

Ao longo do desdobramento dos primeiros desenhos de aproximação observados nos itens anteriores,um dado sempre fornecido para as frentes de varejo foram as narrativas preliminares, que, nada mais

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DAS NARRATIVAS ÀS TIPOLOGIAS DE EDIFÍCIO O uso de narrativas que se aproximam da concretude de um espaço, desperta a discussão de qual tipologia espacial estamos falando nessas abordagens. Isso se dá por conta de que é difícil imaginar como um uso real do espaço pode acontecer em um espaço genérico. Entretanto, é importante colocar que, no caráter deste trabalho, não se tem a intenção de trabalhar dentro da determinação de um endereço específico, e sim aproximar a ideia de ensaio projetual de contextos reais e possíveis dentro da cidade.

Cruzamento Narrativas x Tipologias de Edifícios

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Sendo assim, foram estabelecidas algumas tipologias diferentes de edifício que podem fornecer dados espaciais que aproximem as narrativas ainda mais da realidade: ● Tipologia 01_ Galpões ● Tipologia 02_ Edifício Único Comercial (02 a 03 pavimentos) ● Tipologia 03_ Térreo em Edifício Multifuncional ● Tipologia 04_ Sobrado ● Tipologia 05_ Loja em Galeria ● Tipologia 06_ Container


Tendo em vista essa definição, é possível fazer um cruzamento destas tipologias com as narrativas vistas no item anterior. Assim, podemos observar de maneira mais clara como cada narrativa se adequa melhor a uma ou outra tipologia de edifício. Esses processos e sistematizações, servem de forma objetiva para o afunilamento de dados espaciais e imaginários que culminam nos ensaios a serem apresentados no capítulo 04. Aqui, cabe a explicação pontual das escolhas que se deram pelas tipologias frente às narrativas mencionadas. As Narrativas 01, 02 e 03 ccontam primeiramente com uma linguagem que induz o imaginário do leitor à associá-las a um bairro tranquilo, de caráter predominantemente familiar, depois, especula-se que a loja seja pequena. Nesse caso, faz sentido que a tipologia ideal para este comércio nessa narrativa sejam Sobrados. Sendo que também seria possível que o mesmo acontecesse em uma loja container ou até mesmo em um edifício único comercial. Para a Narrativa 04, o discurso muda sutilmente. Por se tratar de uma mercearia, entende-se que tal construção espacial demanda um espaço mais generoso, sendo assim, parece ideal que essa narrativa aconteça em um edifício único comercial, não sendo o sobrado uma opção a ser descartada. A Narrativa 05, em sua primeira abordagem já delimita de forma bem específica a intenção para o espaço da loja de roupas em questão, se trata de uma loja que necessita de um espaço não somente grande, como de boa visibilidade em meio à um local movimentado, o que leva à decisão natural por essa narrativa acontecer no térreo de um edifício multifuncional. Por consequência,

Narrativa 06, que se trata de uma nova articulação do espaço descrito na narrativa anterior, segue a mesma classificação de tipologia de edifício. Entretanto, a possibilidade dessas narrativas acontecerem em uma escala um pouco menor em uma loja localizada em uma galeria não é descartável. De caráter mais local, a Narrativa 07 descreve uma loja menos movimentada e também de um público mais específico, por se tratar de um produto menos genérico. O fato da designer dos produtos estar presente no espaço já denuncia que sua tipologia de edifício precisa ser de menor escala, se trata de uma loja menor. Pensando nesse sentido, se parece uma escolha assertiva que a narrativa se passe em um edifício único de loja. Ainda sim, a narrativa em questão abre espaço para outras escalas e articulações de tipologias. As Narrativas 08 e 09 descrevem a mesma loja em situações diferentes em seu uso, nesse caso, especula-se através das mesmas que a loja de livros em questão esteja em um ponto movimentado do bairro onde se insere, bem como o seu programa interno prevê o uso amplo do espaço, que por sua vez, pode ser articulado na tipologia de, no caso de uma loja de escala grande, um galpão, e no caso de uma escala média, um edifício único de loja. Sendo assim, para que a pesquisa possa se afunilar a partir desse ponto e passar por caracterizações mais específicas que auxiliarão nos desenhos efetivos desses espaços, devemos seguir com as Narrativas que se aproximam de forma mais sólida da articulação pretendida para esses espaços, sendo essas as narrativas 01, 02, 03, 05, 06, 08 e 09.

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DAS TIPOLOGIAS DE EDIFÍCIO AOS BAIRROS DE SÃO PAULO Ainda com a finalidade de tornar nossa análise mais tangível, o possível desdobramento subsequente à classificação de cada narrativa em uma tipologia de edifício é compreender em quais bairros de São Paulo tais tipologias são encontradas - a fim de observar como lugares existentes da cidade poderiam, hoje ou em um futuro próximo, abrigar essas novas formas de se fazer espaço comercial. Tendo esse raciocínio em mente, a ideia aqui foi especular através de breves estudos como os bairros podem ajudar a dar forma às narrativas e espaços. Narrativas

01,

02

e

03

-

Tipologia:

Sobrado

Quando pensamos em Sobrados, são incontáveis os bairros da cidade que são marcados por essa tipologia, uma vez que em sua maioria são de uso residencial, bem presentes por quase todas as zonas de São Paulo. Entretanto, aqui a tentativa é de observar qual possível bairro que tenha a evidente presença desses edifícios, mas que também tenha passado ou esteja passando por uma transformação em seus usos. Ou seja, bairros que deixaram de ser estritamente residenciais e passam a redirecionar o uso de seus edifícios como pontos de comércios e serviços. No caso das Narrativas 01, 02 e 03, que acontecem na Loja de Alimentos, foi percebido um grande potencial das mesmas acontecerem no bairro da Vila Madalena. Os sobrados antigos transformados em pequenos comércios marcam o imaginário daqueles que transitam pelo bairro.

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O bairro, que passa por uma importante transição em seus usos, também recebe dos mais diversos tipos de públicos, além de ser marcado como um importante pólo onde produtores independentes e orgânicos se encontram. Todos esses fatores nos levam a perceber como as narrativas mencionadas se adequam às características inerentes à este bairro.

Rua Girassol na Vila Madalena.

Sobrados na Rua Girassol na Vila Madalena.


Narrativas 05 e 06 - Tipologia: Térreo em Edifício Multifuncional Dos edifícios multifuncionais que disponibilizam o piso térreo para o comércio, podemos novamente elencar sua presença nos mais diversos bairros em diferentes lugares da cidade. Entretanto, as Narrativas 05 e 06 aqui, nos dão algum norte sobre quais as características do possível bairro em questão: considera-se um local mais agitado, com saídas de metrô nas calçadas, que, por consequência devem ser mais largas tendo em vista o fluxo de pessoas que entram e saem dos prédios. Além disso, a faixa etária pode ser um importante dado nesse

caso - consideramos um público jovem e antenado. As narrativas necessariamente desenham no imaginário do leitor um cenário de centro urbano agitado e cosmopolita. Sendo assim, é inevitável pensar no bairro da Bela Vista, mais especificamente, na Avenida Paulista que é de todo caracterizada pela presença dos mais diversos comércios nos térreos dos edifícios. Aqui, a loja de roupas mencionada nas narrativas 05 e 06 deve ganhar algum tipo de aproximação da realidade, recebendo uma metragem quadrada específica e típica dos grandes comércios dos térreos dos edifícios da Avenida Paulista, bem como, deve atender de forma ampla as necessidades espaciais que são geradas dentro de pontos comerciais mais agitados.

Térreo Comercial na Avenida Paulista.

Avenida Paulista, no bairro da Bela Vista

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Narrativas 08 e 09 - Tipologia: Edifício Comercial Único As Narrativas 08 e 09, alocadas na tipologia de Edifício Comercial Único, talvez sejam menos específicas do que as demais quando pensamos em uma definição de bairro que seja marcado por tal tipo de edifício. Nesse contexto, cabe aqui analisar qual o intuito proposto para o espaço e qual o público da loja, percebendo outros dados além da tipologia escolhida. Por se tratar de uma loja de livros, é importante considerar que falamos de um público mais direcionado e específico em seu ato de compra. Uma loja de livros requer amantes de livros, pessoas que apreciem o ato da leitura, especialmente no contexto de proposta de loja multifuncional, que reúne diversas atividades em torno do tema. Esse é um fator chave para compreendermos qual o possível bairro adequado para tais narrativas, consideremos um bairro com a presença significativa de famílias, de faixa etária menos homogênea, que reúna em si diversos comércios e atividades que geram movimentos nas ruas e marcam o imaginário dos transeuntes - Um bairro feito de locais que apreciem a vida local, uma vez que essa loja não tem o intuito de ser um grande point famoso entre as livrarias, e sim, agregar uma comunidade interessada na literatura. Dessa forma, uma possibilidade interessante no cenário proposto é o bairro de Pinheiros, que possui uma interessante vida local. Os comércios se articulam em meio ao diversos tipos de edifícios como sobrados, torres residenciais, edifícios de uso corporativo e assim por diante. Ao pensarmos em Pinheiros, é inerente ao bairro o grande apego dos locais a essa vida urbana, tão marcada pela presença dos comércios no local. Sendo assim, a loja de

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livros, que requer esse tipo de público - engajado e presente - pode ser considerada uma boa escolha nesse contexto de bairro.

Edifícios comerciais na Rua dos Pinheiros

Rua dos Pinheiros no bairro de Pinheiros


Finalmente, tendo reunido os dados necessários e relevantes para a materialização do conceito de loja multifuncional, podemos avançar para os ensaios projetuais que devem especular de forma mais aproximada, como se articulam os elementos que caracterizam o espaço multifuncional junto às narrativas e sistematizações definidas para as frentes de varejo.

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4.ENSAIOS PROJETUAIS

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4 . E NSAI O S E S PA C IA IS acerca do novos espaços comerciais

Os próximos desenhos a serem apresentado são um desdobramento de todas as reflexões e estudos feitos até aqui. Nomeiam-se ‘ensaios espaciais’ por seu caráter especulativo, de experimentação e apropriação de outras formas de se pensar estes espaços. Nesse ponto, existe uma grande intenção de que a tipologia escolhida para representação possa atuar de forma a promover e reforçar o caráter especulativo proposto. Entretanto, para que o processo de escolhas e desenvolvimento mantenha sua clareza, os ensaios a seguir são sistematizados de acordo com o seu desenvolvimento: 1. Informações acerca do bairro, tipologia e escala do projeto. 2. Materialização das narrativas no espaço multifuncional de loja 3. Planta da loja e diagramas de usos 4. Mobiliários desenvolvidos para o espaço. Dessa forma, é relevante colocar que essas etapas desenvolvidas não possuem em si o intuito de criar uma espécie de molde ideal para esse processo em questão e sim garantir que, através dessas, a abordagem de especulação permaneça durante o desdobramento dos ensaios. O interessante aqui, ainda, é observar como os ensaios abrem frentes para outros estudos e ainda mais ensaios, que, naturalmente,

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tiveram de se limitar em sua quantidade tendo em vista o tempo disponibilizado para o seu desenvolvimento. Sendo assim, prossigamos para os ensaios acerca dos novos espaços comerciais.

NA R RAT I VA 01 _ LO JA DE ALIMENTO S O primeiro dado importante a ser considerado na análise deste primeiro ensaio é o fato de que para esse e os demais ensaios que se passam na Loja de Alimentos, adotamos a tipologia de Sobrado para o edifício e escolhemos a Vila Madalena como bairro adequado ao desenvolvimento da narrativa. Aqui, a escolha da Rua Girassol ilustra de forma mais pontual o possível cenário para essa loja.


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Este primeiro ensaio ilustra como uma comunidade de clientes pode se consolidar em torno do tema de uma loja e não necessariamente dos produtos vendidos apenas. A narrativa cria a situação de uso multifuncional de uma forma mais fluída e menos taxativa como os primeiros estudos. Esse desdobramento natural foi percebido nas demais narrativas com mais ou menos força: à medida que a ideia de multifuncionalidade é projetada no espaço, é possível notar que ela está menos relacionada com a delimitação de áreas específicas para atividades específicas e mais relacionada ao desenho do mobiliário e a articulação coerente entre os espaços criados.

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Caio vai até a Loja de Alimentos próxima de sua casa, localizada entre os pequenos restaurantes e comércios de uma das ruas do bairro. Entrando no espaço, procura nas prateleiras por uma massa de macarrão integral, produzida pelos proprietários da loja. Depois de pegar esse item, apanha uma garrafa de suco na cozinha autosserviço no fundo da loja. Na mesa central, está acontecendo um workshop que reúne cerca de 8 pessoas que se concentram enquanto trabalham em suas próprias receitas. Caio se informa sobre o acontecimento e descobre que os workshops acontecem às terças e quintas-feiras, no período da tarde. Ele paga suas compras no caixa localizado na saída da loja e adquire um ingresso para participar do das próximas aulas.

Ver desenho de mobiliário ao final do capítulo.

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Consideramos para este ensaio o espaço de aprendizado como o ponto central de engajamento. Isso se torna possível com o agrupamento das mesas no eixo longitudinal da loja. É interessante observar como nessa narrativa, o primeiro contato visual do consumidor com o espaço está ligado à atividade das pessoas que aprendem em torno da mesa. No térreo, os produtos são expostos nas paredes e em alguns poucos nichos expositores com a finalidade de deixar o espaço mais livre. Já no primeiro pavimento, os produtos são expostos nas paredes e em bancos expositores.

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NA R RAT I VA 0 2 _ LOJA DE ALIMENTO S A segunda narrativa proposta para a Loja de Alimentos especula em um primeiro momento, no piso térreo, como se dá uma loja que funciona como local de encontro. As mesas que na primeira narrativa formavam uma grande estação de trabalho, agora são dispostas ao longo do piso, remetendo à ideia de lanchonete. Já para o primeiro pavimento, o balcão de café, elemento fixo na loja está ao lado do espaço de aprendizado, que nessa versão, é articulado para aulas e oficinas do tipo palestra.

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Na quinta-feira ao final da tarde, Fábio se dirige até a loja de alimentos próxima à sua casa por ser o dia escolhido para o curso de práticas básicas de culinária do qual ele participará. Ao entrar no espaço, percebe que sua configuração está diferente do usual. As mesas que anteriormente formavam uma grande mesa central, agora se dispõem unitariamente pelo espaço, as pessoas estão sentadas em volta delas, conversando, enquanto outras fazem compras. Fábio é informado de que o curso ocorrerá no andar superior. Sobe as escadas e percebe os diversos bancos dispostos ao fundo do andar onde pessoas se acomodam. O curso é ministrado e ao final, Fábio para próximo ao balcão do café da loja enquanto conversa e conhece os outros alunos.

Ver desenho de mobiliário ao final do capítulo.

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Esse ensaio, quando comparado ao primeiro, reforça uma ideia fundamental da multifuncionalidade proposta para os espaços comerciais: os usos podem ganhar maior ou menor predominância de acordo com a intenção que se tem sobre o espaço. A nível de comércio, isso é um ponto interessante, uma vez que a loja não precisaria estar sempre limitada ao mesmo programa e articulação espacial. Aqui, na segunda narrativa, o espaço de alimentação ganha ênfase enquanto a proposta para o espaço de aprendizado prevê que este esteja em um local mais reservado.

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NA R RAT I VA 0 3 _ LOJA DE ALIMENTO S Em contraponto às duas narrativas mencionadas anteriormente, a terceira e última narrativa a ser trabalhada para a loja de alimentos, reforça o caráter mais comercial do espaço. A articulação dos bancos expositores formando um bloco central que expõe os produtos de ambos os lados faz com que, praticamente todo o térreo seja um grande espaço de compras e trocas. Sendo assim, o segundo pavimento conta com menos agitação. O espaço de aprendizado se articula com a característica de oficina, com o agrupamento das mesas que formam estações menores de trabalho.

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Aos domingos, a loja de alimentos promove uma feira de orgânicos que movimenta o fluxo de pessoas dentro do espaço. No interior da loja, Bete percebe que alguns bancos de madeiras são usados como expositores e as pessoas circulam pelo espaço. Sobe para pegar uma bebida no café localizado no primeiro pavimento e nota as mesas de trabalho agrupadas enquanto as pessoas se juntam em torno de uma mulher, que explica sobre os benefícios dos alimentos orgânicos. Bete desce as escadas, evita a fila dos caixas e paga suas compras diretamente nos totens de checkout na saída. Encontra sentado nas mesas externas um amigo, ambos se assentam e conversam por alguns minutos. Bete se despede e retorna para sua casa.

Ver desenho de mobiliário ao final do capítulo.

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Ainda é interessante observar que as articulações de atividades propostas para este ensaio, acabam sendo proporcionalmente iguais às anteriores, como consta no diagrama de usos. Entretanto, as características espaciais entre ambas são distintas, reforçando como a multifuncionalidade pode ter diversas facetas quando materializada no espaço, possibilitando que os fluxos de pessoas e usuários do espaço possam ser menos homogêneos de acordo com a intenção para este.

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NA R RAT I VA 0 5 _ LOJA DE RO U PAS O cenário adotado para ambos os ensaios feitos para a Loja de Roupas pede, em si, um contexto urbano mais agitado. Dessa maneira, a Avenida Paulista, no bairro da Bela vista, é escolhida para o desdobramento das narrativas. Entende-se também, que o local pode ser, por si mesmo, um forte impulsionador da estratégia de multifuncionalidade dentro dos comércios, uma vez que a própria avenida em toda a sua extensão expressa bem a ideia de diversos usos e atividades acontecendo paralelamente em um único endereço.

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Este ensaio tem como intenção expressar através da narrativa escolhida, a forma como o desenho do espaço e a disposição dos elementos se dão quando a loja adota um uso que possui um caráter de evento. Nesse sentido, as cadeiras e mobiliários são dispostos no espaço a fim de promover a proporção correta dos espaços para que as pessoas possam se acomodar ao assistir um desfile. Já o espaço de compras, situa-se no andar superior neste ensaio, criando uma separação clara entre a agitação proposta no piso térreo com o acontecimento do evento, e o espaço mais reservado destinado à decisão de compra e exposição de peças. Neste andar ainda, o balcão propõe um café que pode ser utilizado pelos clientes e não clientes da loja em questão.

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O fluxo de pessoas que caminham nas calçadas até a loja de roupas e é consideravelmente relevante para uma sexta à noite. Maria passa em meio à grande quantidade de pessoas e para em frente à loja ao perceber que ali ocorre um evento aberto ao público. Ela entra no espaço e percebe que 04 grandes bancadas funcionam como expositoras de peças que provavelmente foram produzidas manualmente. Os expositores de produtos se encontram mais afastados, próximos às paredes, enquanto os sofás, poltronas e cadeiras desenham um caminho que parece servir como passarela. Maria é informada que em breve um desfile de lançamento acontecerá no espaço e que ela pode optar por assistir o evento ou, se preferir, fazer suas compras no andar de cima, que foi readequado para a situação. Ela dispensa alguns minutos conversando com alguns profissionais da área e se direciona para uma das cadeiras dispostas no térreo. Assiste ao desfile e ao final sobe para o pavimento superior a fim de adquirir uma das peças exibidas que mais gostou. Ela paga suas compras nos caixas e retorna para a sua casa.

Ver desenho de mobiliário ao final do capítulo.

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O aspecto interessante a ser contemplado neste ensaio é que a narrativa expressa como os usos devem se adaptar de forma coerente de acordo com o pretendido para a loja em dado momento. Ou seja, em um contexto de um desfile de moda que acontece no térreo, preservam-se os usos mais essenciais para este cenário - espaço de compra, de criação e de alimentação - de forma a se obter um bom equilíbrio do funcionamento prático do espaço. Neste ponto é importante colocar que a interpretação do usuário do espaço com relação a este deve ser clara e, idealmente, livre de impeditivos. Dessa forma, se um consumidor deseja apenas fazer compras e não assistir a um desfile, o espaço deve estar bem articulado para atender tal necessidade, e vice-versa.

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NA R RAT I VA 0 6 _ LOJA DE RO U PAS O segundo ensaio escolhido para a loja de roupas está contextualizado dentro de uma narrativa que descreve o que seria um cenário mais usual do espaço. Os usos são dispostos de forma mais igualitária pela loja, fazendo com que esta seja de fato, além de um local de compra e consumo, um local de atividades de permanência. Nessa proposta, a atenção é para as bancadas de criação, que são posicionadas na entrada da loja, no intuito de reforçar o quanto o “fazer” da moda é um assunto cada vez mais importante nesse nicho, bem como demonstrar como esse conceito pode ser materializado no espaço comercial. Os mobiliários desenvolvidos dão auxílio essencial para que o desenho deste espaço possa ser configurado ou alterado de acordo com a necessidade cotidiana da loja.

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Fabiana tem uma reunião com uma de suas clientes na Loja de Roupas. A saída do metrô é próxima a loja, localizada no térreo de um prédio comercial movimentado. Encontra a Cliente entretida em um workshop de estamparia de peças, nas bancadas na entrada da loja. Fabiana aguarda o término da aula enquanto checa as roupas nas araras. Fabiana e sua cliente se assentam nos sofás próximos aos provadores e conversam sobre o tema da reunião. Ao final da reunião, Fabiana sobe no mezanino, onde se encontra o restaurante parceiro da loja, ela janta alguma coisa rápida e observa o movimento de clientes e criativos do mundo da moda conversarem nas bancadas. Por fim, Fabiana vai até o espaço de aprendizado da loja e verifica quais serão as próximas atividades que ocorrerão ali.

Ver desenho de mobiliário ao final do capítulo.

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O diagrama trabalhado para esse ensaio evidencia a intenção de que os diversos usos da loja interajam entre si e estejam menos isolados em sua função. Com exceção ao espaço de criação, que toma a maior proporção espacial frente às outras atividades, percebe-se que essas demais ocupam metragens quadradas bem similares umas às outras. Além disso, pode-se observar que, apesar da intenção de multifuncionalidade, o espaço de compras se dá de forma central e ampla, garantindo que a loja ainda cumpra seu papel de espaço de comércio enquanto agrega outras atividades no seu espaço.

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NA R RAT I VA 0 8 _ LOJA DE LIVRO S Em ambas as narrativas consideradas para a loja de livros, considera-se, como mencionado anteriormente, a Rua dos Pinheiros como cenário para o ensaio projetual. As características desenvolvidas para a loja conversam, de certa forma, com a identidade do bairro que conta com uma quantidade significativa de habitantes mais jovens. Os locais de encontro e de atividades de permanência são característicos da região onde a loja se encontra, fazendo jus à tal escolha.

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Neste ensaio, a disposição de elementos e mobiliários no térreo se dá de forma mais livre com a finalidade de justamente reforçar a ideia de espaço de encontro e de permanência, de forma que existem poucas delimitações que segmentam os usos. Entretanto, no primeiro pavimento, nota-se que os espaços de atividades são mais bem delimitados. Neste caso, o primeiro pavimento pode ser considerado como um andar para atividades que exigem mais concentração e menos agitação, atendendo os diversos programas que a loja pode propor.

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Na loja de livros localizada na avenida central que liga dois bairros movimentados, acontecem encontros de clubes de leitores às sextas-feiras. Luana passa em frente ao local todos os dias no trajeto do ônibus após o trabalho e decide parar para um desses encontros. A loja fica especialmente movimentada nesse dia da semana, ela entra no espaço e localiza onde os leitores de livros de ficção científica estão sentados. Ela vai até o café no fundo da loja, faz um pedido e, depois de apanhá-lo, se junta ao grupo que se reúne em uma espécie de roda feita de sofás, poltronas e algumas almofadas no chão. Ao final da reunião, Luana percorre a loja e percebe as cabines de leitura e estudos, onde pessoas leem sobre diversos temas isoladas da agitação da loja. Luana sai da loja, desce as escadarias de acesso e se dirige para casa.

Ver desenho de mobiliário ao final do capítulo.

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Nota-se que na proposta em questão, o espaço de compra é predominante frente aos demais usos. Entretanto, é importante colocar o fato de que o espaço de compras não está condicionado necessariamente apenas à exposição tradicional de produtos. Este, pode oferecer em si espaços de estar, bem como lançar mão de exposições mais dinâmicas e interativas de produtos, o que não o descaracteriza como espaço de compra. Já as demais funcionalidades do espaço adquirem proporções parecidas entre si, de forma a democratizar o uso do espaço de loja em questão.

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NA R RAT I VA 0 9 _ LOJA DE LIVRO S O ensaio projetual elaborado para a narrativa 09, desenha uma situação menos usual espaço - o lançamento de um livro, que também poderia ser uma palestra ou atividade similar. É interessante notar como o mobiliário se faz essencial nas delimitações necessárias a serem feitas no piso térreo dentro dessa narrativa, que é adequado para a situação. Ainda nesse caso, o primeiro pavimento ganha um desenho mais livre em seus usos e articulações. Essas adequações são importantes porque reforçam essas e tantas outras possibilidades de uso do espaço de loja.

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Na terça à noite, está acontecendo o lançamento do livro de Ficção Científica de uma das autoras favoritas de Gabriela. Essa, chega um pouco mais cedo ao horário do evento e consegue se assentar em uma das cadeiras dispostas em meia lua para o bate papo com a escritora. A autora do livro se apresenta e usa dos painéis que dividem o espaço entre o café e o restante da loja, para projetar algumas imagens e informações. Os convidados interagem com a autora e entre si. No final do evento, Gabriela encontra um dos membros do clube de leitura que geralmente se reúne ali, eles conversam um pouco e Gabriela sobe para o andar superior. Ela aproveita um espaço livre na bancada de trabalho para abrir seu computador e trabalhar em cima de um artigo que está escrevendo. Ao finalizar sua atividade, pega em uma das estantes o livro que será o tema do próximo encontro do clube de leitura, passa nos caixas e retorna para sua casa.

Ver desenho de mobiliário ao final do capítulo.

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Na narrativa 09, o espaço de aprendizado - considera-se como qualquer espaço que promova alguma atividade de cunho cultural ou intelectual, ganha protagonismo no espaço de loja. Isso se dá como uma resposta interessante quando se pensa em identidade deste espaço comercial. De certa forma, todos os usos distribuídos pelos dois níveis caracterizam-se por serem atividades de engajamento em maior ou menor nível, entretanto, a atividade de aprendizado liga-se diretamente a identidade de uma loja de livros, pois podemos considerar que a atividade de leitura é essencialmente intelectual. Tais características espaciais mencionadas, moldam no espaço a narrativa proposta, abrindo ainda possibilidade para outras articulações e novas narrativas.

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4.1 MOB IL IÁR IO Ao longo processo de concepção dos ensaios projetuais o desenho

de

mobiliário

apareceu

como

um

tema

indispensá-

vel na evolução do assunto. Como mencionado no Item 2.5, os displays e mobiliários devem adequar-se bem às atividades

propostas

para

o

espaço,

entretanto,

o

processo

dei-

xou claro que tais objetos não apenas se adequam, mas atuam como definidores para o desenho de espaço de loja. As peças de mobiliários e expositores foram desenvolvidas, dessa forma, contemplando as necessidades percebidas para cada frente de varejo dentro dos ensaios propostos. Ainda é importante colocar o fato de que nem todos os itens de mobiliários foram detalhados nesta pesquisa, uma vez que alguns deles são usualmente mais conhecidos e amplamente mais utilizados nos espaços comerciais atuais. Sendo assim, a atenção aqui é voltada para o desenho de mobiliários que apoiem a estratégia da multifuncionalidade. A intenção proposta para tais itens é que estes, essencialmente, articulem possibilidades distintas em seu uso. Dessa forma, a exposição de produtos e o uso dos mobiliários nunca está condicionado à uma maneira monofuncional de usabilidade. Os

desenhos

a

seguir

apresentam

respostas

consequen-

tes ao desenho do espaço, não contendo em si a intenção de definir como o mobiliário para lojas multifuncionais deve ser, e sim de estudar como estes podem receber definições que possibilitem a articulação multifuncional do espaço.

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O pegboard possibilita a articulação de alguns itens de exposição e

organização

diferentes.

Isso

se dá através de um sistema de encaixe entre os suportes embutidos da parte traseira da prateleira ou nicho e as perfurações no painel. Para sua fixação na parede, pode ser utilizado um suporte central de duas peças, sendo que uma delas é fixada diretamente na parede, e a outra no painel, atuando como encaixe.

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As mesas triangulares possuem as bordas do seu tampo arredondadas e seus apoios em alumínio (neste caso, pintado de preto). Prevê-se que a materialidade escolhida para a mesa seja leve, com a finalidade de facilitar o seu agrupamento e deslocamento pelo espaço.

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Os bancos expositores contam com um sistema simples de encaixe da superfície do assento nas extremidades superior e inferior das laterais do banco. Essa articulação permite que o objeto atue ora como banco, ora como expositor de produtos. Internamente uma chapa de madeira fixa serve como apoio para os produtos a serem expostos.

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Contando com a ideia de modularidade, o expositor multi pode receber

diversas

composições

entre bancos/nichos e mesas expositoras de acordo com a necessidade da loja. Os bancos podem, eventualmente, atuar como nichos e receber exposição de produtos. Já a mesa, articula em si duas prateleiras internas de corrediças bidirecionais. Além disso, dois trilhos laterais são fixados nas extremidades da mesa a fim de facilitar a inserção de espelhos ou telas no conjunto.

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O expositor de roupas desenvolvido tem como finalidade propor uma resposta para exposições de produtos e coleções mais específicos. Neste caso, este expositor funciona como uma moldura para o produto exposto, contando com as paredes laterais e uma gaveta em sua parte inferior para armazenagem

de

produtos,

o

que otimiza a ideia de espaço físico para estoque dentro da loja. O painel perfurado possibilita alguns tipos diferentes de composições de prateleiras e ganchos, de acordo com a necessidade de cada caso.

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O painel móvel pode ser considerado uma variação do pegboard. O interessante sobre este mobiliário é que, por possuir rodízios fixados em suas bases, é de fácil deslocamento e o agrupamento das unidades pode formar divisores e/ou delimitadores de espaços. O Painel perfurado permite que as exposições de produtos sejam mais dinâmicas e flexíveis, e os nichos localizados na parte inferior da estrutura dão estabilidade ao todo.

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As cabines de leitura foram desenvolvidas de forma a serem compactas em suas dimensões, aqui o intuito é utilizar o mínimo de espaço sem abrir mão do conforto e das dimensões mínimas para o bom funcionamento do conjunto . As mesas e bancos articulam-se em uma peça única que deve adotar uma materialidade leve como alumínio e madeira de resinosas. Já as divisórias do espaço, garantem a visibilidade do todo com o uso dos vidros, ao tempo que os ruídos sonoros são mais preservados dentro de cada módulo.

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5. CONCLUSÃO

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5 . C O NC LU S Ã O O processo que se deu no desenvolvimento deste trabalho apresenta uma metodologia de desdobramento de cada etapa que foi consequente aos avanços e estudos realizados ao longo do ano. Para tanto, foi necessário algum afastamento da abordagem tradicional (embora válida e importante) de desenvolvimento de projeto para que os ensaios pudessem ter sua concepção dentro de um contexto de especulações e testes. Estudar a multifuncionalidade e sua aplicabilidade no espaço comercial levou a pesquisa à necessidade de sistematizações dos dados, cruzamento de informações que por fim resultam em desenhos mais próximos à realidade pretendida para os novos espaços comerciais. Ainda sim, nos primeiros meses de trabalho, o que aqui chamamos de “Ensaios Projetuais” ainda parecia um pouco incerto em seu resultado formal. Dessa forma, a partir do entendimento de que o tema de novas formas de se fazer espaço comercial pode abrir diversas frentes de entendimento, pesquisa e questionamentos, o trabalho procurou afunilar suas estratégias e respostas com a finalidade de delimitar um percurso mais linear para o desdobramento do tema. Pode-se afirmar que, após o entendimento conceitual do que são os possíveis novos valores fundamentais do espaço comercial, o ponto de partida crucial para o desenho do processo se deu com a escolha das frentes de varejo e seu cruzamento com os usos que caracterizariam uma loja multifuncional. O interessante aqui é observar que a todo momento escolhas são feitas, não deixando de, posteriormente,

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passar por diversos filtros que preservaram de alguma forma, a coerência da construção do processo. A partir do cruzamento mencionado, alguns dados básicos são fornecidos e, só então transformados em dados espaciais. Neste momento da pesquisa, aparecem as definições de escala e as primeiras pretensões espaciais para os ensaios. Entretanto, somente a partir dos croquis foi possível ter um entendimento mais formal do que a abordagem multifuncional pode significar no espaço. Neste ponto, começam as idas e vindas no processo que buscam entender e sistematizar as informações espaciais. Um exemplo prático disso é o uso “espaço de experiência”, que acaba por ser descartado com o entendimento de que, como mencionado no capítulo 2, a experiência é uma resultante do espaço e não uma atividade isolada. Após os primeiros estudos, entendeu-se necessário um afunilamento já mencionado anteriormente para que os ensaios projetuais pudessem extrair o máximo de possibilidades dentro do tempo delimitado para o desenvolvimento do trabalho. Assim, a escolha de três das cinco frentes de varejo possibilitou que o olhar sobre essas lojas fosse mais específico dentro das características inerentes a cada uma delas: Loja de alimentação, loja de livros e mídias e loja de vestuário. Com a finalidade de desenhar um cenário menos genérico para a concepção desses espaços de loja, as narrativas entram como protagonistas na construção do processo. É somente com a escrita delas (que a princípio aparecem tímidas na fase dos croquis) que o processo ganha informações mais


concretas que são transformadas em desenho de espaço. Seu cruzamento com as tipologias de edifício e eventualmente a escolha dos bairros vão em direção à intenção mencionada - delimitar cenários reais. O interessante a ser percebido aqui é como a ideia de trabalhar com narrativas seria uma resposta pouco usual, uma vez que a narrativa comumente sucedem à concepção do projeto. Entretanto, elas fornecem um panorama interessante de usabilidade do espaço em termos práticos. Por fim, o resultado final com as isométricas, diagramas de uso, plantas e desenho de mobiliário nada mais são do que a concretização em forma de ensaios que materializam as 07 narrativas escolhidas unidas aos demais dados espaciais fornecidos. As etapas finais do trabalho evidenciam a intenção primária de se fazer espaço comercial voltado para as pessoas e não necessariamente para o produto. Isso significa que, em todo o momento de decisão projetual tomada durante os ensaios, duas perguntas primordiais precisavam ser respondidas: - Qual a identidade pretendida para o espaço? - A concepção espacial para essa loja propicia o engajamento de uma comunidade? É possível afirmar que os ensaios projetuais acerca dos novos espaços comerciais se apropriam dessa abordagem e incorporam tais valores em sua concepção. Aqui, entende-se que não se trata apenas de pesquisar espaço comercial dentro de uma linha de pensamento, e sim propor a sua democratização através desta. Este trabalho

busca afirmar que uma possível resposta para o futuro do espaço comercial esteja nas pessoas, na relação do público com a marca e no grande potencial de criação de comunidades no espaço de loja. Finalmente, a apropriação dos valores mencionados unidos à estratégia da multifuncionalidade apontam para uma interessante resolução espacial que une a articulação dos usos dentro do espaço e o desenho de mobiliário como apoio fundamental para tanto. É importante colocar aqui que as frentes de desenhos e concepções espaciais abertas por este trabalho poderiam continuar a se desdobrar de outras diversas formas e com outros diversos dados, se não fosse uma limitação prática de tempo disponível. Entretanto, esse fato indica que a primeira intenção para o produto final fora alcançada: ensaiar no espaço comercial as inúmeras possibilidades de novas articulações pensando no conjunto de atividades que este pode abrigar. Esse trabalho não é concluído com uma fórmula exata de como se fazer espaço comercial dentro da estratégia de multifuncionalidade, tampouco com os dados exatos necessários para a execução de um projeto. Ele é concluído abrindo frentes, gerando especulações e expectativas. O comércio é inerente ao espaço urbano e profundamente presente na vida cotidiana dos habitantes de qualquer bairro ou cidade. Importa que este permaneça relevante, oferecendo às pessoas espaço não apenas para consumir, mas para estar, aprender, criar e trocar.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ENSAIOS ACERCA DOS NOVOS E S PA Ç O S C O M E RC I A I S




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