Christian Prall Grudzinski
O Espaço como mÊtodo de ensino
O Espaço como mÊtodo de ensino
Centro Universitário Senac Bacharelado de Arqutietura e Urbanismo
O Espaço como método de ensino
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac, como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Prof. Ms. Marcella de Moraes Ocke Müssnich
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AGRADECIMENTOS
O desenvolvimento deste Trabalho de Conclusão de Curso contou com a ajuda de diversas pessoas, dentre as quais agradeço: Aos meus pais, Eugeni e Bettina, que sempre estiveram ao meu lado nas horas mais difíceis e felizes da minha vida. Me incentivaram a cada momento e não permitiram que eu desistisse. Aos meus amigos da faculdade, em especial Felipe, Leonardo, Lucas e Nathália, pela força e compreensão e por estarem sempre comigo nessa longa jornada. Nada disso seria possível sem a amizade de vocês. A Camila, que sempre esteve comigo mesmo nos momentos mais desesperadores. Além de ser uma pessoa dedicada, também é uma excelente companheira que jamais me deixaria na mão. Obrigado por me dar apoio, pela paciência e por sempre acreditar em mim. A minha orientadora Prof. Ms. Marcella de Moraes Ocke Müssnich, que me ajudou a organizar todas as minhas ideias malucas, resultando em um trabalho consistente. Aos professores do Senac que me deram o necessário para a realiação do meu projeto. Todos possuem muito conhecimento e conseguiram transmitir a paixão que sentem pela verdadeira arquitetura.
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SUMÁRIO
1. Apresentação
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1.1 Tema 1.2 Problemática 1.3 Objetivo 1.4 Justificativa
2. A Educação e o Ambiente Construído
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2.1 A Evolução das Teorias Pedagógicas 2.2 Desempenho e Conforto no Ambiente Escolar 2.2.1 Conforto Acústico 2.2.2 Conforto Térmico 2.2.3 Conforto Visual 2.3 A Importância dos Espaços de Socialização
3. Educação Ambiental 3.1 Sustentabilidade 3.2 Sustentabilidade da Arquitetura Diretrizes Projetuais 3.2.1 Acessibilidade e desenho universal 3.2.2 Segurança 3.2.3 Materiais 3.2.4 Resíduos 3.2.5 Águas e Efluentes 3.2.6 Energia 3.2.7 Conforto Olfativo
e Socialização
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4. Estudos de Caso
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4.1 Escola Fuji Kindergarten 4.2 Centro Infantil El Guadual 4.3 Creche em Guastalla 4.4 Escola St. Nicholas
5. Levantamento de Dados do Terreno
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5.1 Localização, Zoneamento e Vias Principais 5.2 Equipamentos Próximos
6. Projeto
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6.1 Implantação Geral 6.2 Esquema de Infraestrutura 6.3 Ampliações e Detalhamentos 6.3.1 Bloco de Ensino Infantil 6.3.2 Bloco de Ensino Fundamental 1 e 2 6.3.3 Refeitório 6.3.4 ADM/Auditório/Praça 6.3.5 Bloco Administrativo 6.3.6 Auditório 6.3.7 Entrada e Parque Externo
7. Considerações Finais
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8. Bibliografia
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RESUMO As pessoas estão cada vez menos preocupadas com o impacto que estão causando ao meio ambiente. Comportamentos como jogar lixo na rua e o desmatamento fazem parte do diaa-dia do brasileiro. Um dos principais motivos disso é a falta de orientação dos mesmos em relação ao tema nas instituições de ensino básico. Algumas unidades já inseriram a educação ambiental em seu cronograma, mas, mesmo assim, as próprias unidades de ensino não possuem um perfil ambientalista. O objetivo desse trabalho é apresentar uma proposta de instituição de ensino que insira a natureza no ambiente educacional de seus alunos, assim possibilitando o jovem de ter um contato mais direto com o meio ambiente. Dessa forma, a criança cria um laço com a natureza que dificilmente será rompido durante sua jornada da vida adulta. Além dessa aproximação, a escola também irá possuir uma construção voltada para a sustentabilidade, cumprindo o seu próprio papel na conservação do meio ambiente. A implantação da educação ambiental nas escolas pode ser considerada uma das formas mais eficazes para a conquista de uma sociedade sustentável. Palavras-chave: Educação ambiental, meio ambiente, natureza, instituição de ensino, ecológico.
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ABSTRACT People are less concerned about the impacy they’re causing on the inviroment. Behaviors, such as throwing trash on the street and deforestation, are part of the brazilians’s daily life. One of the main reasons for that is the lack of orientation in the elementary education institutions. Some units have already inserted environmental education into their schedule, but even so, the educational units themselves do not have na environmental profile. The main goal of this project is to present a proposal of an educational institution that inserts nature into the educational environment of its students, thus enabling the young person to have a direct contact with the environment. In this way, the child creates a bond with nature that will hardly be broken during his adulthood. In addition to this approach, the school will also have a construction focused on sustainability, fulfilling its own role in conserving the environment. The implementation of environmental education in schools can be considered one of the most effective ways to achieve a sustainable society.
Keywords: Environmental education, environment, nature, educational institution, ecological.
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1. APRESENTAÇÃO
“Comecemos pelas escolas, se alguma coisa deve ser feita para ‘reformar’ os homens, a primeira coisa é formá-los”. Lina Bo Bardi
1.1 Tema
Apesar de existirem inúmeros métodos de aprendizagem que agregam ao desenvolvimento físico, cognitivo e social da criança, a grande maioria dificilmente aborda sobre a conscientização ambiental. O Sócio Ambientalista Mexicano Enrique Leff (2001) fala sobre a impossibilidade de resolver os crescentes e complexos problemas ambientais e reverter suas causas sem que ocorra uma mudança radical nos sistemas de conhecimento, dos valores e dos comportamentos gerados pela dinâmica de racionalidade existente, fundada no aspecto econômico do desenvolvimento. Com o mundo cada vez mais globalizado, com a sociedade tão violenta e com o acelerado crescimento das cidades, que substituem os espaços verdes pelo concreto, vem diminuindo o contato direto da criança com todos os elementos da natureza.
A partir da escassez dos recursos naturais, somado ao crescimento desordenado da população mundial e intensidade dos impactos ambientais, surge o conflito da sustentabilidade dos sistemas econômico e natural. As grandes indústrias começam a entender a impossibilidade de transformar as regras da natureza e a importância da reformulação de suas práticas ambientais. Infelizmente essa mesma reflexão não é feita pela grande maioria dos cidadãos comuns, que não consideram a preservação ambiental um assunto pertinente, justamente por possuírem outras prioridades, como sobreviver à realidade em que se encontram. Esse descaso com a preservação ambiental gera vários fatores que, além de prejudicarem diretamente o meio ambiente, também prejudicam o funcionamento das cidades e seus moradores, criando alagamentos extremos e aumentando a possibilidade das pessoas contraírem doenças. O motivo disso é que essas pessoas não foram ambientalmente educadas e não foi gerado nenhum tipo de vínculo entre elas e a natureza.
A relação entre a arquitetura e a pedagogia é fundamental, pois um ambiente projetado com a intenção de intensificar o aprendizado do aluno resulta em um ensino mais eficiente. A relação que se busca entre a pedagogia e o ambiente escolar inclui tanto a organização espacial como social da escola. Em um ambiente escolar, a arquitetura vira um elemento além do estético, pois de ser levado em consideração parâmetros de conforto ambiental, ergonomia, infraestrutura, implantação do edifício, etc. Além de afetar o desempenho nas aulas, os ambientes que quão apresentam conforto térmico, acústico, e visual adequado podem ocasionar problemas de saúde que afetam diretamente a concentração e a memória. Sabendo que crianças passam grande parte do seu tempo na escola, é de suma importância fornecer ambientes adequados para os mesmos possam desempenhar suas atividades de forma satisfatória.
O processo educacional na atualidade é bastante complexo, pois há nele muitos desafios. Diversas dificuldades são encontradas no dia a dia de todos os educadores, exigindo deles a capacidade pedagógica de buscar sempre novas metodologias e dinâmicas de aprendizagem capazes de alcançar o interesse do educado. Para alguns a educação é um simples ato de transmissão de conhecimento. Para outros, ela é o ato de busca, de troca, de interação e de apropriação, pois é uma ação conjunta entre pessoas que cooperam, se comunicam e comungam do mesmo saber.
O edifício escolar deve ser analisado como resultado da expressão cultural de uma comunidade, por refletir e expressar aspectos que vão além da sua materialidade. Assim, a discussão sobre a escola ideal nvão se restringe a um único aspecto, seja de ordem arquitetônica, pedagógica, ou social: torna-se necessária uma abordagem multidisciplinar, que inclua o aluno, o professor, a área de conhecimento, as teorias pedagógicas, o organização de grupos, o material de apoio e a escola como instituição e lugar. (KOWALTOWSKI, 2011)
É preciso, sobretudo, e aí já vai um destes saberes indispensáveis, que o formando, desde o princípio mesmo de sua experiência formadora, assumindo-se como sujeito também da produção do saber, se convença definitivamente de que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção. (FREIRE, 1996, p. 12)
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A escola, além do papel fundamental no ensino, é reconhecida pela influência que causa no entorno, não apenas pelo respeito que carrega por ser uma instituição, mas pelo sentimento de pertencimento da comunidade e por ser um símbolo de coletividade. É fazer da escola um ambiente para todos que vivem por perto, mesclar a vida da comunidade com a vida acadêmica e, assim, melhorar a relação escola-naturezafamília-comunidade (Figura 1.1). E também proporcionar medidas para que a escola possa ajudar a comunidade no seu desenvolvimento, como educação ambiental, doméstica ou escolar. Pois quando a instituição está localizada em uma área mais carente, a falta de recursos e orientação é mais recorrente.
Diagrama 1.1| Relação Escola-Natureza-Família-Comunidade Fonte: Autoria Própria
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1.2 Problemática
O pedagogo Rudolf Steiner (1861-1925) defende, em seus estudos, que a busca da essência do ser humano deve ser baseada através da criatividade, da arte, do movimento e do respeito pelos ciclos da vida. Ele propõe uma arquitetura orgânica, relacionada com a natureza e com a utilização de materiais recicláveis. De acordo com essa percepção, é possível notar que o maior contato com o exterior pode provocar no ensino novas oportunidades do espaço, instigando a criatividade e despertando a curiosidade do aluno.
Pode se dizer que a didática utilizada na maioria das escolas brasileiras está ultrapassada e que a busca por novas técnicas de ensino é cada vez mais recorrente. Salas de aula retangulares, simplistas, onde as mesas e cadeiras são organizadas em fileiras repetitivas é o padrão predominante das instituições de ensino brasileiras.
A preocupação em criar novas didáticas de ensino, além de gerar curiosidade aos alunos de estudar, também pode ser utilizada para aproximar os mesmos do meio ambiente. A educação ambiental e o desenvolvimento sustentável nasceram com o objetivo em gerar uma consciência ecológica em cada ser humano. A família e a escola devem ser os iniciadores da educação para preservação do ambiente natural. Atualmente o ensino ecológico é feito através de atividades como leitura, trabalhos escolares, pesquisas e debate. A arquitetura do ambiente escolar também poderia contribuir para o ensino ecológico, uma vez que a criança desenvolve um afeto com o meio ambiente de maneira espontânea. Crianças são muito seletivas com o conteúdo que aprendem em sala de aula. Deriva da forma em que o professor apresenta as atividades e como os trabalhos são administrados. Possivelmente, ao transformar o ambiente de aprendizado no próprio conteúdo, a criança tende a criar um vínculo emocional com o assunto naturalmente.
Em geral, a sala de aula procura ser um modelo que mostra à criança como é a sociedade em que ela vai crescer e passar a vida. Na maioria das escolas, o professor ocupa o lugar da autoridade, e o princípio de igualdade de condições dos alunos é quebrado pelo aparecimento de líderes e por certa hierarquia que se estabelece entre eles. Retribuição pelo esforço e pela inatividade se dá pela atribuição de notas. Os valores que regem o mundo dos adultos são transmitidos à criança pela rotina escolar. (KOWALTOWSKI, 2011)
Utilizando novas propostas pedagógicas, é possível apresentar uma forma diferente compreender o mundo, gerando uma nova dinâmica. Dessa forma, deve existir um planejamento para esses espaços de ensino, permitindo assim a maior concentração e curiosidade por parte dos alunos. No caso da ecologia, se a sala de aula não tiver um mínimo contato com os elementos naturais, a criança não criará um vínculo com os mesmos. O espaço não pode gerar muitos estímulos para não afetar a concentração da criança. Mas os poucos estímulos gerados devem, pelo menos, agregar algo positivo ao aluno. São nas instituições de ensino onde a maioria dos alunos descobrem seus potenciais, por isso deve fazer parte do diaa-dia o incentivo à sua criatividade e às suas habilidades. Também é nesse espaço que se inicia o desenvolvimento da sua socialização, onde começa a construção da interação com o outro e com o ambiente construído. Por isso, a função da arquitetura é importante, para elaborar espaços que permitem o aprendizado de forma criativa, social e ecológica.
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1.3 Objetivo
1.4 Justificativa
[geral] A escola deve permitir ao aluno um ensino de maneira prazerosa e contextualizada, de forma que o mesmo se sinta fazedor de sua história e sua formação. É papel da escola instigar no aluno a curiosidade e o desejo pelo saber, além de aproximar o mesmo da natureza e dos conceitos de sustentabilidade. Dessa forma, o objetivo dessa pesquisa está na maneira como a arquitetura pode potencializar a aprendizagem, com o intuito de adequar o novo contexto social, estimular o convívio social e ainda ter um contato com o meio ambiente beneficiando a relação aluno-natureza.
A infância é considerada o período mais puro e decisivo do ser humano, quando são constantes as descobertas e aprendizados. Dessa forma, a escola representa o local de valores, experiências afetivas e de aprendizado para a criança, de maneira que pode resumir a sentimentos de alegria, diversão, saber, tristeza e insegurança. Esses sentimentos variados são fruto das experiências transmitidas pelo ambiente escolar e pelos professores. Promover a conexão entre a proposta pedagógica adotada e o ambiente aonde o aluno irá se desenvolver é o objetivo da relação espaço-usuário, estabelecendo um vínculo com o mundo e as pessoas. É nesse momento que seus níveis de conhecimento evoluem e novas formas de pensar e agir surgem.
[específico] ● Projetar salas de aula para lecionar alunos da Educação Infantil, Fundamental 1 e Fundamental 2. ● Potencializar a aprendizagem dos alunos através do projeto de arquitetura que reflitam nas teorias pedagógicas. ● Proporcionar o conforto ambiental nos espaços construídos, a térmica, acústicas, visual e ergométrica. ● Promover espaços de socialização de qualidade para o convívio social-ecológico no ambiente interno e externo do colégio. ● Propor uma edificação sustentável aparente que apresente seus funcionamentos. ● Propor métodos para trazer a natureza para o próprio ambiente educacional.
A complexa tarefa de concepção do edifício escolar tem, assim, um nível de importância bastante acentuado, considerando sua significação social tanto como objeto arquitetônico emblemático para determinada comunidade – inserido no tecido urbano, ao mesmo tempo em que consolida sua importância enquanto símbolo educacional, mas, principalmente, sua relevância no próprio processo educativo, que tem em vista a formação de futuros cidadãos. (AZEVEDO, 2002)
A função da família e da escola é promover a evolução de uma criança para que futuramente ela se torne um ser humano digno, honesto, criativo e com grandes conhecimentos. Afinal, após a família, a escola é o primeiro espaço onde a criança se insere em uma experiência coletiva, incluindo a relação com o outro e com o ambiente construído. Segundo Paulo Nunes de Almeida (1987), uma criança ao caminhar para a escola, fica na esperança de encontrar um amigo, um guia, um animador, um líder, alguém consciente e que se preocupe com ela, que a faça pensar, tomar consciência do mundo e de si, que a ajude a construir uma nova história e uma sociedade melhor. Dessa forma é importante perceber que a criança precisa estar em um ambiente favorável ao seu
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desenvolvimento e crescimento, permitindo uma educação de forma espontânea, com espaços que ofereça oportunidades diferentes de aprendizado. Em muito dos casos o papel do professor vai além de ensinar. Muitas vezes a criança o vê como membro da família e a escola como uma segunda casa. As crianças possuem espaços cada vez mais restritos para o contato com os elementos do meio ambiente. Assim, as mesmas passam a maior parte do tempo em suas casas, tendo como fonte de lazer o uso das tecnologias. A falta de contato com os elementos da natureza resulta em um desenvolvimento falho na aprendizagem do jovem, resultando em dúvidas até mesmo dos assuntos mais simples, como, por exemplo, a origem do leite que tomam. Diante disso, Alves (1999) diz que: “Há crianças que nunca viram uma galinha de verdade, nunca sentiram o cheiro de um pinheiro, nunca ouviram o canto do pintassilgo e não tem prazer em brincar com a terra. Pensam que a terra é sujeira. Não sabem que terra é vida”. A falta desse conhecimento, além de formar um ser humano que não se preocupa com o meio ambiente, também pode fazer com que o jovem perca as maiores dádivas de sua infância, essas sendo a curiosidade e a empolgação de explorar o mundo a sua volta. Além de uma juventude mais empolgante e vívida, no futuro, a criança manterá o vinculo gerado anteriormente e não praticará atos nocivos á natureza, como descartes de lixo em locais não apropriados e a prática de desmatamento não regularizado.
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O Espaço como mÊtodo de ensino
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2. A EDUCAÇÃO E O AMBIENTE CONSTRUÍDO
“Se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda”. Paulo Freire
2.1 A Evolução das Teorias Pedagógicas
novas situações obrigavam as pessoas a saberem ler, seja para navegar ou para liderar um exército. No século XVII as lutas religiosas chegaram ao fim, e então, o século XVIII foi marcado por ideias iluministas e pelo avanço científico e da razão. Jean-Jacques Rousseau, um dos principais líderes do movimento, não era educador, mas elaborou propostas que resultam em um novo modelo de educação. Nelas, ele defendia o desenvolvimento dos dons naturais da criança, a fim de amenizar a competitividade, a ambição e autoritarismo, para que assim, desenvolvesse um ser intelectual. Para Rousseau, o ensino era um apoio para a criança viver naturalmente, sem imposições externas ou artificiais.
A educação é vista como uma transmissão de valores, ou seja, é a história da sociedade e seu desenvolvimento cultural, político e social. As mudanças que ocorrem nas instituições de ensino, seja na tecnologia ou na forma de ensino, são decorrentes de valores de certo período histórico. A quantidade e complexidade de conhecimentos adquiridos de acordo com cada geração muda a forma de ensinar e aprender. Segundo Kowaltowski (2011), o ambiente escolar é um local de desenvolvimento e aprendizagem. O edifício se torna um local de expressão de uma comunidade e , dessa forma, entende-se que além da pedagogia, a escola deve ser estudada em relação a sua arquitetura e sua inserção em uma determinada região.
Na passagem do século XVIII para o XIX, o método intuitivo surgiu na Alemanha através do educador Johann Heinrich Pestalozzi que imaginou a escola como a extensão do lar, pois deveria se assemelhar a uma casa bem organizada, com uma boa base para informação moral, política e social. Sua técnica ficou conhecida por exaltar o conhecimento através da observação e por meio dos sentidos (BUFFA; PINTO, 2002). Pestalozzi era um adepto a educação pública e declarava que era direito da criança crescer com os dons que Deus lhe deu. Seu princípio era um desenvolvimento natural, com leis definidas e com o método seguindo a natureza.
Rosa Fátima de Souza (1998) fala sobre a época do império, em que as escolas de ler e escrever eram uma extensão da casa do professor, muitas vezes sem estrutura e preparo para tal atividade, como em paróquias; salas com pouco ar e luz e cujas despesas ficavam por conta do mestre. Da Grécia veio a base da educação formal da história ocidental. A palavra pedagogia tem sua origem na Grécia, a partir de paidós (criança) e de agogôs (condutor). Assim o trabalho pedagogo seria de “condutor e crianças”, ou, mais amplamente, aquele que ajuda a conduzir o ensino. Portanto, a pedagogia está vinculada ao ato de construir ao saber ou à sua construção. (KOWALTOWSKI, 2011)
No final do século XIX, educadores começaram a perceber a importância de um espaço apropriado para difundir a escola primária, que fossem bem arejados, belos e que cumprissem o real objetivo de um ambiente educacional. Para isso o manual School Architecture, escrito em meados do século XIX por Henry Barnard, contribuiu par a divulgação desses novos espaços e apresentou como os mesmos deveriam ser cuidadosamente planejados com a participação de educadores. Segundo Kowaltowski (2011), esse processo ocorreu de maneira vagarosa, pelo fato de se priorizar o ensino secundário, preferencialmente pelas classes abastadas que se preocupavam com o futuro de seus filhos devido a crescente necessidade de mão de obra qualificada para as atividades industriais.
Em meados do século XI, surgem na Europa as universidades, o que acabou transformando o ensino no continente, onde a junção do homem com a natureza se tornava harmoniosa e, dessa forma, vários pensadores e filósofos espalhavam suas ideias pelos países europeus. Em 1517, o ensino primário se fez sentir os efeitos da Reforma Religiosa, em que era necessário aprender a ler para ter acesso as Sagradas Escrituras. Dessa forma, a educação se tornou mais acessível à setores mais amplos da sociedade. As
A pedagogia de Friedrich Wilhelm Froebel está ligada diretamente com a atividade e a liberta, cuja importância está atribuída ao brinquedo. Ele afirma que as crianças aprendiam
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estava livre para aprender em um crescimento constante, baseado em contínuas experiências que contribuíssem para a sua formação.
a interagir com o ambiente físico e com os objetos utilizando mais a percepção e os sentidos do que a própria razão. Em 1837 inaugurou o primeiro jardim de infância e se dedicou à formação de professores e à elaboração de métodos e elementos para as instalações da escola. Froebel trabalhava com diferentes materiais como, por exemplo, papelão, argila, serragem e papel. Os contos e fábulas tinham grande importância por trabalharem a mente e os blocos de construção, chamados por ele de “Froebel Blocks” (Figura 2.1) eram essenciais por darem força e poder ao corpo do jovem. Segundo o educador, o professor não deveria interferir no comportamento das crianças, pois isso barraria o desenvolvimento criativo das mesmas.
John Dewey foi um grande pedagogo americano e incentivador da Escola Nova. Segundo Kowaltowski (2011), ele criticava severamente a educação tradicional, principalmente no que se trata de memorização, pois, em sua concepção, o ensino deve ser uma experiência onde a criança tenha condições de resolver seus problemas, sem um modelo prévio para orientá-la para o futuro. A escola não é para ser uma experiência para a vida, ela tem que ser a vida. Jean Piaget, cientista social suíço, não era pedagogo, mas atuou de forma indireta no debate pedagógico. Ele se concentrou em compreender o desenvolvimento natural da criança, onde elaborou a teoria cognitiva, no qual os seres humanos passariam por estágios ordenados e previsíveis. Essa teoria foi importante para compreender como as crianças aprendem o espaço físico e os objetos e como a interação entre os mesmos permite a construção de estruturas mentais. Na visão piagetiana, a educação deve possibilitar à criança um processo amplo e dinâmico de incentivo a vivências significativas, ao longo do percurso definido pelos estágios de desenvolvimento cognitivo. A escola deve partir dos esquemas de assimilação da criança e propor atividades desafiadoras, que provoquem desequilíbrios e reequilibrações sucessivas, promovendo a descoberta e a construção do conhecimento. Portanto, os conflitos cognitivos são importantes para o desenvolvimento da aprendizagem. (KOWALTOWSKI, 2011)
Figura 2.1| Froebel Blocks Originais Fonte: Kowaltowski, 2011.
Para Nascimento (2012), a diferença entre Froebel e Rousseau é que o primeiro incluiu objetos e o ambiente construído como elementos para induzir ao aprendizado através do uso dos sentidos e sentimentos que ali seriam despertados. Já o segundo, a criança deveria ser livre, para que suas experiências individuais contribuíssem para o seu desenvolvimento, ao invés de ser induzida por outras pessoas.
Na passagem do século XIX para o século XX, com o movimento moderno, segundo Beyer (2015), o modo de ver o ambiente escolar se modifica, desenvolvendo o pensamento de que os espaços devem favorecer o crescimento e amadurecimento, através de um maior contato com o ambiente externo, por exemplo, com a natureza, com o ar e o sol, possuindo uma maior interação entre o interno e o externo. É nesse período que surge grandes nomes como Rudolf Steiner, com a pedagogia Waldorf, e Maria Montessori, com a pedagogia Montessoriana.
No contexto histórico entre o século XIX e o século XX, surge os princípios da “Escola Nova” ou “Escola Progressista” e tem como principais educadores, John Dewey e Jean Piaget. Foi um movimento de renovação do ensino, onde o aluno
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o desenvolvimento da criança. Dessa forma, planejava espaços com elementos adaptados a sua escala e sem grandes quantidades, apenas o necessário para a aprendizagem. Os elementos possuiriam formas simples e o ambiente teria uma fácil manutenção para manter o mesmo limpo, possibilitando, assim, que ali fossem desenvolvidas várias atividades simultâneas. Os alunos deveriam se sentir livres, facilitando a independência e a tomada de iniciativas. Deveriam ser estimulados por objetos preestabelecidos e desenvolvidos por ela mesma. Montessori produziu uma série de cinco grupos de material didático, sendo um para dinâmicas da vida cotidiana e os outros para a matemática, a linguagem, as ciências e as questões sensoriais. São elaborados de variados tamanhos, formas e cores com a finalidade de provocar o raciocínio.
Rudolf Steiner, pedagogo húngaro introduz a pedagogia Waldorf na Alemanha em uma escola para filhos de trabalhadores da fábrica Waldorf-Astoria, a pedido dos mesmos. Sua pedagogia está baseada no desenvolvimento do ser humano através da criatividade, da arte e do contato com a natureza, de acordo com cada ciclo de vida. Segundo Kowaltowski (2011), a imaginação criada levaria as crianças a desenvolver um pensamento livre, independente de forças econômicas de pensamentos governamentais. O ensino teórico acompanha a prática, onde são desenvolvidas atividades artesanais e artísticas de acordo com a faixa etária da turma, seguindo também, de contos e lendas que incentivam o pensar e a imaginação, com a utilização de materiais didáticos não industrializados (Figura 2.2).
Figura 2.2| Bonecos Waldorf Fonte: Kowaltowski, 2011.
A arquitetura antroposófica que Steiner propusera, utilizava materiais reciclados e acessíveis, sem a utilização de instrumentos artificiais. Suas formas são mais arredondadas, evitando ângulos retos se adequando a escala do estudante, com a utilização de materiais rudimentares, poupando o uso de novas tecnologias e formas convencionais. Também é proposta a criação de espaços abertos para união dos estudantes, debates e realização de atividades artísticas. Maria Montessori foi a primeira mulher a se formar em medicina em seu país, Itália. Porém, foi o seu método pedagógico que a deixou conhecida mundialmente. A liberdade, a individualidade e a atividade são os conceitos básicos da sua teoria, onde o aluno deveria se auto educar para desenvolver um potencial criativo desde a infância. Para ela, a educação não é o acúmulo de informações, mas sim, o preparo para a vida. Segundo Beyer (2015), Montessori propõe respeitar
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2.2 Desempenho e Conforto no Ambiente Escolar
Outro critério que deve ser analisado é a acústica, principalmente nas escolas localizadas em grandes cidades, onde o ruído externo é mais intenso, seja pelo tráfego de veículos ou, até mesmo, as rotas de aviões. Outro fator que também pode prejudicar o desenvolvimento escolar é a quantidade de alunos em uma sala de aula. Kowaltowski (2011) apresenta os estudos de Schneider (2002) sobre o tamanho das escolas e a quantidade de alunos. Os resultados demonstram que escolas menores propiciam um ambiente mais seguro e positivo, com caráter desafiador, o que causa nos estudantes uma maior motivação e consequentemente melhores rendimentos.
Kowaltowski (2011) explica que a qualidade no ambiente está ligada diretamente com a satisfação do usuário. Refere-se ao conforto térmico, acústico, visual e ergonômico. Pesquisas realizadas comprovam que o desenvolvimento acadêmico pode ser prejudicado se o ambiente não está adequadamente preparado. Para ele, o conforto ambiental é uma parceria entre ambiente físico, características do local e da arquitetura da edificação.
A densidade ocupacional em um ambiente implica na comunicação. Por exemplo, uma sala de aula com mais alunos causa mais conversa e dispersão, logo, um resultado insatisfatório. Outra causa é a redução do espaço para atividades diferenciadas e da possibilidade de formação de grupos para experiências diversas.
Mudanças na temperatura de um ambiente afetam a capacidade mental de concentração, da mesma maneira que a ventilação desempenha um papel fundamental no controle de temperatura. Dependendo da região, a variação de clima afeta diretamente no controle do aquecimento de ventilação. A quantidade de luz em um plano de trabalho, quando em excesso, pode promover desconforto visual e ofuscamento e prejudicar o desempenho cognitivo do aluno. A qualidade e o tipo de luz utilizada podem influenciar o aprendizado. Para isso, o projeto luminotécnico deve considerar a idade dos usuários e a necessidade do espaço para determinar a quantidade de refletância na superfície de trabalho.
A padronização dos projetos gera, também, como consequência os problemas de conforto ambiental nas escolas brasileiras. Isso ocorre porque o projeto padrão não possui flexibilidade e é aplicado em regiões com características ambientais diferentes. Ou seja, o protótipo de escola que está “bem definido”, deve passar por mudanças para se tornar moldável às condições de cada implantação. Esse tipo de padronização ocorre, principalmente, em escolas públicas do país. Em alguns casos, é visto que o ambiente não permite a participação do usuário, ou seja, salas de aula que não possuem interruptores ao alcance do aluno, janelas fixas ou ajustáveis apenas para funcionários da manutenção, etc. Os mesmos não podem interferir nos ajustes.
As cores das paredes e do teto influenciam diretamente na iluminação do ambiente, pois podem ampliar a legibilidade. Estudos comprovam que a luz natural do dia provoca nos alunos a sensação de bem-estar, além de melhorar a qualidade do espaço, como questões de salubridade e economia de energia. Foram desenvolvidos estudos rigorosos para comprovar o impacto que a luz natural causa nos alunos. De acordo com Kowaltowski, o resultado demonstrou que 20% dos mesmos trabalhavam de forma mais eficiente nos exercícios de matemática e 26% nos exercícios de leitura. Ou seja, ambientes com claraboias, janelas amplas e outras estratégias para a entrada de luz natural, permitem um melhor desempenho acadêmico.
As escolas brasileiras que se submetem à estudos de APO¹ (Avaliação Pós Acupação), tem como principais resultados, reclamações referentes a manutenção e limpeza dos ambientes. Outro dado notável é quando os alunos são questionados sobre o que falta nas escolas, onde dificilmente citam itens de
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relevância, como biblioteca, laboratórios e materiais didáticos. Supõe que esse posicionamento é devido a convivência pobre com esses espaços que, em muitos casos, não são preparados adequadamente e não possuem elementos enriquecedores de qualidade. Em uma escola de Campinas, foi desenvolvido uma pesquisa de campo em que foi solicitado para os alunos desenharem o local preferido da instituição e o que desejariam que houvesse na edificação de acordo com as suas preferências escolhidas. Os principais pontos positivos abordados por elas eram os espaços externos, como quadras esportivas (Figura 2.3), e o desenvolvimento de amizades (Figura 2.4). Ou seja, atividades escolares e sociabilidade. Já nos desenhos referentes aos desejos, encontra-se um parquinho (Figura 2.5) e raramente encontrou-se desenhos referentes à materiais didáticos, como um globo terrestre (Figura 2.6) ou uma estante de livros. Os pontos negativos foram a falta de disciplina, a falta de conservação dos ambientes e a falta de matérias escolares, sendo a principal matemática. Ou seja, o aspecto do conforto dos ambientes não são notados diretamente, mas sim , indiretamente, como a pedir mais espaços externos.
Figura 2.3| Lugar preferido = quadra Fonte: Kowaltowski, 2002.
Figura 2.5| desejo = parquinho Fonte: Kowaltowski, 2002.
Figura 2.6| desenho = material didático Fonte: Kowaltowski, 2002.
O programa de necessidade proposto é insuficiente para a demanda escolar e, também, a falta de cuidado com a implantação dos edifícios é um agravante para resultados negativos em relação ao conforto. Isso ocorre pelo mau aproveitamento do terreno, pela falta de cuidado com o paisagismo e com a manutenção dos espaços. Os estudos APO realizados nos edifícios escolares brasileiros incluem a satisfação dos usuários, as condições construídas e a manutenção. Visto isso, pode-se analisar que os prédios escolares públicos possuem uma arquitetura mais simples, em terrenos restritos e com pouca atenção para a questão paisagística. Em sua maioria, possui salas de aula em formatos tradicionais, retangulares e com cadeiras e mesas enfileiradas, com poucas possibilidades de materiais de estudo, pois tudo é padronizado e com intuito de gastar menos verba pública. A intenção é o atendimento quantitativo da demanda. Dessa forma, o projeto e as necessidades da escola ficam em segundo plano (KOWALTOWSKI, 2011).
Figura 2.4| Lugar preferido = expressão de sentimento pessoal Fonte: Kowaltowski, 2002.
¹Conjuntos de métodos e técnicas que analisam o desempenho de edificações já construídas e em uso, levando em consideração o ponto de vista do arquiteto e dos usuários. Inclui análise de comportamento, entrevistas, avaliações térmica, acústica, lumínico e outros. (NAKAMURA, 2013)
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Estudos foram realizados a fim de descobrir dimensões ideias. Recomenda-se que a área útil para o aluno seja de 1,50m², sendo um agrupamento de 13 a 20 alunos por atividade e uma restrição de até 500 alunos por período. Para o ensino fundamental especificamente, orienta à uma capacidade máxima de 30 alunos por turma/professor. Porém o que se sucede no Brasil é que isso não ocorre na maior parte das escolas públicas.
excessivamente ou não recebem tratamento adequado, podem empenar e necessitar de manutenção frequente (IBAM, 1996). Segundo Azevedo (2002), o ambiente escolar, quando agradável ao usuário, fortalece a relação pessoa-ambiente e, consequentemente, o desempenho acadêmico. Para isso, o projeto deve levar em consideração a implantação em relação à orientação solar e dos ventos, a topografia, a possibilidade de salas com uma maior interação com a natureza, a preocupação com o conforto acústico, térmico e visual e a funcionalidade do material escolar e dos mobiliários.
Outros aspectos do estudo de APO são referentes as atividades específicas, espaços de armazenamento, densidade populacional e a exposição de materiais. Devem incluir biblioteca, laboratórios, salas de educação artística, espaços para a realização de educação física e outros, que devem ser definidos a partir do dimensionamento da escola. As condições dos edifícios escolares possuem grande influência em como a escola será vista, tanto em relação à limpeza, como no âmbito de segurança física e psicológica e na higiene dos usuários. Porém, nas escolas públicas brasileiras, essas características físicas, qualidade dos materiais e acabamentos, percepções de conforto ambiental e técnicas construtivas são fundamentados em um padrão econômico, onde existe uma robustez nos acabamentos e a escolha de uma construção de equipamentos acessíveis. Dessa forma o projeto é analisado na planta baixa, com criação de longos corredores, criando uma circulação central com as salas enfileiradas, com o objetivo de facilitar a organização do projeto estrutural e, assim, prejudicando a ventilação cruzada e a circulação dos próprios usuários (KOWALTOWSKI, 2011). Os elementos utilizados para a criação de uma escola devem ser duráveis e resistentes aos alunos, porém, que não elevem o custo da obra e que não deixem de atender as necessidades do usuário (AZEVEDO, 2002). Existem recomendações específicas para projetos escolares, que incluem informações sobre piso, paredes e teto. Para o primeiro é necessário o emprego de materiais antiderrapantes, para o segundo, é desejável que seja utilizado uma pintura lavável, para uma utilização duradoura e intensa. As esquadrias por exemplo, devem ser escolhidas cuidadosamente, pensando em seu desempenho técnico, na facilidade de manuseio e durabilidade. As esquadrias de ferro podem causar problemas de corrosão ou desgaste de pinturas e as de madeira, quando são expostas
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2.2.1 Conforto Acústico
e particulares de Campinas/SP estão insatisfeitos com o nível de ruído dentro da sala de aula, que chega até 80dB, sendo o equivalente ao trânsito intenso. 60% dos estudantes afirmam que o ruído atrapalha na hora das atividades, sendo que, 10,3% estão se referindo a dificuldade de entender a fala do professor. 6,2% ficam com dor de cabeça e 6,5% com dor de ouvido.
O aprendizado está associado a fala e a educação, que são conceitos básicos para a comunicação entre professores e alunos. Para isso, o usuário deve pode compreender o que está sendo dito sem a presença de ruídos, que podem prejudicar o desempenho dos estudantes e tornar as atividades desgastantes para os professores. Esses sons podem ser decorrentes do meio externo ou interno, sendo o primeiro, associado a qualidade do isolamento das coberturas, permitindo a entrada de ruídos gerados pelo trânsito, pelas atividades comerciais, pelas atividades industriais e de atividades de lazer que, em alguns casos, são da própria escola. O segundo se refere a efeitos de vozes e reverberação do som.
De acordo com a NBR 10151 (2000), o nível de pressão sonora é uma medida para determinar o grau de potência de uma onda sonora. É o ruído em um local que não tem relação com o objeto de apreciação ou medição, representado em decibéis (dB). De acordo com a NBR 10152 (1987), o nível sonoro ideal para as salas de aula está entre 40dB e 50dB (Tabela 2.1). Visto isso, Devai (2016) ressalta que o professor irá conseguir comunicar-se com facilidade, pois a fala e conversação está na média de 60dB a 70dB, sendo o nível sonoro. Porém, se a sala está ruidosa com níveis superiores à 70dB, o professor terá que falar mais alto, tornando a aula exaustiva, tanto para o professor quanto para os alunos, e podendo ser prejudicial as cordas vocais do mesmo.
O planejamento prévio sobre a concepção dos espaços e a aplicação de materiais e acabamentos previne futuros problemas acústicos no edifício e evita o aumento de investimento (ANDRADE, 2009). Kowaltowski diz que os principais parâmetros para o estudo de conforto acústico é a Relação Sinal - Ruído (SNR), O Tempo de Reverberação (TR) e o Nível de Pressão Sonora (NPS). O SNR é a diferença entre o sinal acústico da fonte e o nível de pressão sonora em um ambiente. Ou seja, é necessária uma margem mínima entre a fala e o ruído.
LOCAL Bibliotecas, Salas de Música, Salas de Desenho Salas de Aulas, Laboratórios
Andrade (2009) apresenta o TR como uma fonte que emite um som e é captada pelo ouvido através de ondas diretas e/ ou indiretas e que acaba em um determinado tempo após cessada a fonte e tende a ser uniforme da sala, não importa a posição do ouvinte. Seria o tempo necessário para que o som decaia 60dB. O tempo de reverberação depende do volume do ambiente, dos materiais que compões a superfície da sala e dos seus elementos e de seus respectivos coeficientes de absorção.
Circulação
Db (A) 35 - 45 40 - 50 45 - 55 Tabela 2.1| Grau de Conforto Acústico em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade Fonte: NBR 10152, 1987.
Almeida, Bragança e Souza (2012) colocam as principais etapas do projeto que devem levar em consideração a acústica: • Seleção do local e sua integração com o entorno; • Escolha da geometria do edifício e sua relação com as edificações vizinhas; • Implantação do edifício; • Forma dos espaços internos; • Distribuição dos espaços internos; • Escolha dos materiais; • Escolha dos elementos construtivos;
Ambientes com muitas faces refletoras elevam o tempo de reverberação e reforça a propagação de ruídos na sala, dificultando o entendimento das aulas. A distribuição correta do som pode ser proporcionada com o uso adequados de forros acústicos e materiais adequados, escolhidos a partir de seus coeficientes de absorção. Devai (2016) apresenta uma pesquisa realizada pela Unicamp em 2014, que demonstrou que 70% dos alunos entre 6 e 14 anos de escolas municipais, estaduais
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Kowaltowski (2011) diz, em consideração à distribuição dos espaços internos, que deve existir uma separação clara entre ambientes didáticos, como biblioteca, laboratórios e salas de aula, e áreas recreativas, como quadras e parquinhos. Em alguns exemplos de projeto, as quadras esportivas são instaladas no último pavimento da edificação. Muitas vezes isso ocorre por conta da área exígua do terreno onde a escola está implantada. Porém essa solução não é adequada se não houver um tratamento acústico no piso. Caso contrário, o impacto causado pelas atividades prejudica o desempenho nas salas de aula, caso as salas se localizem no pavimento inferior. Muitas escolas possuem condições acústicas muito precárias. Os órgãos responsáveis pelos projetos das mesmas devem se conscientizar da necessidade de um estudo acústico para esses edifícios. Grande parte acredita que essa análise é referente apenas a escolha dos materiais. Porém é possível perceber que se trata de um assunto muito complexo e que influencia tanto nas formas quanto na organização espacial. Os parâmetros acústicos do Brasil estão diretamente ligados com os parâmetros térmicos. Salas com grandes aberturas para circulação de ar natural, permitirá a entrada de barulhos externos. Portanto, um bom tratamento acústico, juntamente com outros fatores, como conforto térmico e visual, proporcionará boas condições de comunicação e raciocínio, aumentando o nível do aprendizado e desenvolvimento e melhorando a produtividade dos docentes, evitando estresse e problemas de saúde (DEVA, 2016).
Tabela 2.1| Grau de Conforto Acústico em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade Fonte: NBR 10152, 1987.
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2.2.2 Conforto Térmico Pizarro (2005) define o homem como um ser homeotérmico, que possui mecanismos de regulação térmica que funcionam para adequar à temperatura do ambiente externo. Dessa forma, o clima, a temperatura e a umidade influenciam no comportamento do corpo humano. Paixão, Burgos e Grigoletti (2015) afirmam que as mudanças de temperatura afetam as habilidades dos alunos. Quando muito quente, reduzem a parte cognitiva. Já em ambientes com temperaturas mais amenas, reduzem a destreza manual. Dessa forma, o conforto térmico de uma sala de aula deve ser cuidadosamente planejado, até mesmo em relação à densidade ocupacional de um ambiente.
Ilustração: Daniela Oliveira - Prata Design
Conforto Térmico em um ambiente é essencial para a sensação de bem-estar, além de elaborar para um bom desenvolvimento em atividades, principalmente em um edifício escolar. Temperaturas extremas, falta de ventilação, umidade excessiva e radiação solar direta são algumas causas para originar desconforto, sonolência, perda de atenção e outros fatores que não contribuem para um bom rendimento escolar (KOWATOLWSKI; LABAKI; PINA, 2001).
Uma das funções dos espaços construídos é atender ao bem-estar do ser humano, para que possa desenvolver suas atividades cm conforto em todos os aspectos sensoriais. A melhoria das condições térmicas do ambiente construído deveria ser uma preocupação constante, tanto por parte dos projetistas quanto dos usuários da edificação (KOWALTOWSKI, 2011).
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2.2.3 Conforto Visual
AMBIENTE Salas de aula
Segundo Blower e Azevedo (2008), o conforto visual, em relação ao térmico e ao acústico, possui soluções mais simplificadas na hora de ser aplicado em um projeto arquitetônico. Para a luz natural, é possível utilizar as aberturas e vãos de janelas, aliados diretamente à orientação do edifício. A iluminação artificial é utilizada em ambientes onde não há muita luz natural. Para os autores, a luz é compreendida como símbolo vital, que proporciona sensações de bem-estar e de boa energia. Portanto, ambientes escuros e com uma iluminação inadequada são considerados melancólicos e depressivos, que não ajudam na orientação e na sensação de segurança dos usuários, principalmente em crianças.
Próximo da lousa
lux 300 - 500 500 - 750
Salas de trabalhos manuais
300 - 500
Sala de desenho
500 - 700
Bibliotecas Área de leitura
500 - 750
Área de estantes e acervo
300 - 500
Secretarias (área administrativa)
500 Tabela 2.2| Níveis de iluminação para Ambientes escolares Fonte: NBR 5413, 1992.
A iluminação está diretamente ligada a visibilidade, pois, nesse processo, pode ocorrer ofuscamento. O mesmo pode ser de dois tipos: através de uma fonte de luz muito forte, causando “cegueira” ao aluno, ou distração visual/desconforto.
Aspectos luminosos de uma sala de aula mal projetada, podem causar desconforto visual e retardar o desempenho cognitivo do aluno. A qualidade e quantidade de luz influenciam diretamente na concentração e aprendizagem. A iluminação natural promove uma conservação de energia e torna o ambiente agradável tanto para os educadores como para os jovens. A necessidade de uma boa iluminação para a criança é menor do que para adultos. De acordo com Burgos, Grigoletti e Paixão (2015), o uso da iluminação natural deve ser priorizado em um projeto, pois a ausência de luz solar pode aumentar a produção de melatonina no cérebro, causando sonolência. A percepção visual é outro fator importante que deve ser levado em conta. O cérebro possui uma capacidade em aprender qualquer informação vinda dos olhos, selecionando e guardando as imagens. Ou seja, quanto mais a criança olha, mais são estimulados os canais cerebrais. Sob essa observação, é possível notar que, em algumas salas de aula, existe um excesso de ilustrações, enfeites, gravuras penduradas e cores vivas que provocam estímulos visuais excessivos e uma poluição visual. Dessa forma a criança ficará distraída e impedirá à sensação de apropriação do ambiente (BLOWER; AZEVEDO, 2008).
Kowaltowski apresenta que uma das mais frequentes queixas dos alunos é quanto a reflexão veladora, ou seja, um ofuscamento que dá a sensação de que a imagem está apagada em algumas partes no quadro, e que ocorre por conta da radiação direta no objeto. Para evitar o ofuscamento, a autora recomenda alocar tarefas visuais de uma forma que a iluminação venha de cima ou lateralmente. A autora também comenta sobre o fator de refletância. Elementos como, por exemplo, o teto, devem possuir um nível de refletância muito maior em comparação ao piso. A utilização de iluminação artificial exige uma constante manutenção, trocando as lâmpadas queimadas ou com mal funcionamento, redimensionar a quantidade e alterar a posição das mesmas. A localização das fontes de luz artificiais é importante para manter a uniformidade e evitar sombreamentos. O calor gerado pelas mesmas, somada ao calor produzido pelas pessoas, também deve ser levado em consideração pois pode gerar um desconforto térmico.
A iluminação é medida por meio da iluminância (lux). Para atividades educacionais, como salas de aula, biblioteca, laboratórios e áreas esportivas, existe uma recomendação pela NBR 5413 (1992), apresentado na Tabela 2.2 a seguir.
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2.3 A Importância dos Espaços de Socialização A qualidade de um ambiente depende da qualidade de seus componentes. O fator que mais influência no desempenho de ensino é o das relações humanas, onde os principais agentes são alunos, professores, pais, a direção, os funcionários administrativos e a comunidade. De acordo com o Plano Nacional de Educação (PNE), o ensino é dividido em infantil, de 0 a 5 anos e 9 meses de idade, fundamental, de 6 a 14 anos de idade, e médio, que possui três anos de duração e é a última fase do ensino básico (Figura 2.7).
Ilustração: Daniela Oliveira - Prata Design
Figura 2.7| Sistema de Ensino Público Fonte: Kowaltowski, 2001.
O comportamento e a habilidade do indivíduo se altera de acordo com a sua idade. Isso influi na maneira como o corpo humano se relaciona com o ambiente físico. Na escola a interação com outros alunos deve ser levada em consideração, pois o comportamento e o aprendizado são desenvolvidos. A Psicologia Ambiental¹ e a Teoria da Arquitetura² estudam a relação do comportamento humano com o ambiente. O desenvolvimento da criança se reflete nas suas capacidades motoras e mentais. Sua precisão nos movimentos é desenvolvida aos seis anos de idade, mas ainda acredito que seu ponto de vista é o único possível. Nessa idade, a criança começa a pensar, e possui compreensão básica de causa e efeito. Aos sete anos, a maioria das crianças consegue se equilibrar sobre apenas um pé e pular amarelinha com precisão. Também percebe que uma situação pode ser interpretada de uma
¹Trata da percepção humana do ambiente, envolvendo seus sentimentos e sensações, resultantes em relação a esse ambiente (KOWALTOWSKI, 2011); ²Trata da relação entre o comportamento humano e o ambiente físico, através de recomendações de projeto. (KOWALTOWSKI, 2011).
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maneira diferente da sua. É nesse ponto que o pensamento lógico e concreto se inicia, mas não o abstrato.
Atividades livres praticadas nesse ambiente ajudam a estimular a fantasia, a criatividade e a individualidade da criança, que se sente mais independente. São nesses momentos que os professores devem ter mais atenção para observar o comportamento de seus alunos. É através das brincadeiras que novas atividades podem ser planejadas.
Socialização é um processo de interação, necessário para o desenvolvimento do indivíduo. Com o avanço da tecnologia atual, o processo de socialização vem sofrendo mudanças significativas, devido aos meios de comunicação e o número de informações disponíveis.
Zenti (2002) exemplifica como o pátio pode ser utilizado para aulas de determinadas matérias:
A escola possui a função de consolidar esse processo de socialização, afim de permitir o desenvolvimento cognitivo e social do jovem. Princípios éticos e morais para futuros cursos são adquiridos nesse momento. Borsa (2007) diz que a escola é o primeiro espaço que a criança se envolve com uma experiência coletiva, após a vivência nos ambientes familiares. Esse processo auxilia na obtenção de conhecimentos, construção de laços afetivos, coordenação motora, convívio com regras e na relação com o ambiente construído. É denominado de experiência espacial quando o ser humano analisa, organiza e apropria do espaço, assim, auxiliando no desenvolvimento de sua inteligência. A definição da escola como lugar é auxiliada pela configuração espacial, pelas pessoas, pelos objetos e pelos usos do local. Onde estruturas mentais que permitem a sensação de posse do espaço vivido são construídas.
• Educação Física: Jogos, ginástica, esportes; • Língua Portuguesa: Contar histórias debaixo de árvores ou a criação de um canto de leitura, afim de criar ambientes de debates ao ar livre; • Matemática: Utilização da horta para contar o número de sementes plantadas ou utilizar o chão para desenhar formas geométricas; • Ciências Naturais: Para falar sobre o globo terrestre, o clima e as estações do ano; • Língua Estrangeira: Ao caminhar pelo pátio, ensinar os nomes dos objetos na língua estudada; Existe a possibilidade de criar na escola um “contexto urbano”, assimilando ruas, praças, edificações e quarteirões, tornando o local um reflexo da sociedade e do mundo exterior (AZEVEDO, 2002).
Um ambiente construtivista deve ter características para exploração e experimentação, incluindo volumetrias, cores, materiais e acabamentos variados, assim, estimulando percepções espaciais, favorecendo a integração do sujeito e objeto. Dessa forma o indivíduo desenvolve seus próprios conceitos, tornando o aprendizado mais divertido. Azevedo (2002) apresenta a relação com o mundo físico, como elementos naturais, água, ar e fogo par maior entendimento do ambiente escolar. Essa aproximação com a natureza estimula a curiosidade, e diminui o estresse, a fadiga e a ansiedade, causados por convivência com o caos urbano. Um local onde todos os alunos interagem, presente em todas as instituições de ensino, é o pátio escolar. Porém, em certos casos, o espaço não tem a sua importância reconhecida pelo corpo docente. O pátio pode ser utilizado pelos professores como uma extensão da sala de aula, afim de aprimorar as atividades pedagógicas (COSTA; MELO; REIS; AMBORZINA, 2013).
Existe a possibilidade de criar na escola um “contexto urbano”, assimilando ruas, praças, edificações e quarteirões, tornando o local um reflexo da sociedade e do mundo exterior (AZEVEDO, 2002). Também é importante ter o cuidado para organizar áreas recreativas de acordo com a faixa etária dos alunos. Crianças menores precisam de mais atenção, justamente para não se dispersarem em um espaço muito amplo. Quanto maior a idade, existe mais possibilidade de exploração e desenvolvimento físico-motor, podendo ter ambientes maiores. O refeitório é ressaltado pelas arquitetas Mazzei e Mota (2017). O mesmo deixa de ser um simples local para a alimentação e passa a ser um espaço de convívio e aprendizado. Eles podem funcionar como uma extensão da cozinha de casa, onde novos sabores são experimentados e novas formas de
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alimentação saudável são descobertas. A sugestão das autoras é que o refeitório se localize próximo à horta, para que as crianças possam colher seus alimentos e, logo em seguida, consumi-los. O papel do arquiteto é de suma importância para a elaboração de formas, elementos e técnicas, afim de tornar a relação homem/ambiente mais agradável e produtiva. Atualmente vivemos com espaços que contariam a noção dita por Hertzberger. Para que as pessoas se sintam parte do espaço e para que elas interajam com ele, é necessário controlar a escala do lugar. O lugar não pode ser grande demais, por que senão as pessoas ficam isoladas e não interagem umas com as outras, e nem pode ser muito pequeno para que elas não se sintam intimidades ou tenham sua privacidade invadida. (HERTZBERGER, 1959).
Temos ruas grandes demais com muitos carros, que sufocam a relação entre as pessoas, e a relação dessas com a rua. E por outro lado, temos os apartamentos, cada vez menores, e condomínios que prendem e resguardam tanto a privacidade, que as pessoas não se sentem a vontade de ter uma relação com o vizinho do lado. Ou seja, os espaços propostos estão influenciando na relação entre as pessoas. Em um ambiente de ensino, isso não é diferente.
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3. EDUCAÇÃO AMBIENTAL
“Sem compreender as necessidades de uma cidade e, principalmente sem compreender as funções das áreas verdes, o paisagista não poderá realizar jardins”. Roberto Burle Marx
3.1 Sustentabilidade
agir coerentemente com elas, individualmente. O ensino da sustentabilidade deve começar com projetos que enfatizem o pensamento crítico, a resolução de problemas, a tomada de decisões, o cooperativismo, liderança e a capacidade de comunicação.
A crise ambiental é um assunto de enorme importância com significativa influência nas decisões políticas e econômicas adotadas no mundo contemporâneo. A degradação ambiental, com o consequente comprometimento da qualidade de vida, representa um problema de âmbito global que vem causando preocupações cada vez maiores nos diferentes segmentos da sociedade, trazendo à tona questionamentos à racionalidade hegemônica. A educação ambiental está vinculada a diferentes correntes de pensamento e pressupostos teóricos, propondo mudanças de mentalidades, atitudes e valores para combater a crise ambiental mundial.
Conforme a Lei 9.795/99, a educação ambiental envolve a promoção de processos pedagógicos que favoreçam a construção de valores sociais, conhecimentos, habilidades e atitudes voltadas para a conquista da sustentabilidade socioambiental e a melhoria da qualidade de vida. A noção de sustentabilidade implica uma necessária interrelação entre justiça social, qualidade de vida, equilíbrio ambiental e a necessidade de desenvolvimento com capacidade de suporte. Desse modo, a sustentabilidade inclui o crescimento do nível de consciência ambiental e a possibilidade da população participar do processo socioambiental (JACOBI, 1994).
A Educação Ambiental (EA) passou a ser entendida como uma das possibilidades de abrir uma proposta interdisciplinar para pensar sobre a complexidade do saber ambiental. A sustentabilidade é um conceito presente dentro desse contexto dinâmico de mudanças de pensamento. Contudo, o discurso da sustentabilidade não é homogêneo. Ao contrário, ele responde visões, estratégias e interesses diferenciados. O tema vai além da preservação dos recursos naturais e da viabilidade de um desenvolvimento sem agressão ao meio ambiente, entendendo que as questões ambientais não podem ser tratadas separadamente das questões sociais.
O desenvolvimento econômico de muitos países é o resultado do processo de industrialização. Todavia, o modelo de desenvolvimento baseado no crescente processo de industrialização precisa ser revisto em uma perspectiva da sustentabilidade que garanta a sobrevivência das futuras gerações. A base da mesma deve ser a redução do consumo e a distribuição de benefícios para toda a sociedade. Atualmente, o modelo tem sido o da concentração de capital nas mãos de poucos, sem haver uma real preocupação com a igualdade social em um processo de globalização.
Considerando que a escola representa um espaço importante para a compreensão das questões socioambientais contemporâneas, para a formação da cidadania e a construção de sociedades sustentáveis, conhecer e compreender como as questões ambientais tem sido compreendidas e trabalhadas por professores e pedagogos nas escolas do ensino fundamental, torna se importante na medida em que busca desvendar a natureza do trabalho educativo e trazer para a reflexão até que ponto as escolas podem contribuir para o trabalho docente nesta nova perspectiva.
Escolas sustentáveis são definidas como aquelas que incluem em seu Projeto Público Pedagógico o ensino de valores, promoção do cuidado com o próximo e com o planeta de modo a garantir a qualidade de vida às presentes e futuras gerações. É preciso mudar o foco e escolher temas que promovam a sustentabilidade a partir de três dimensões interrelacionadas: espaço físico, gestão e currículo.
Nos dias de hoje, é necessário o desenvolvimento de um programa de educação ambiental nas escolas com o objetivo de desenvolver uma cultura de sustentabilidade, a partir do fortalecimento de hábitos e comportamentos sustentáveis na escola, na família e na comunidade. Cabe ao gestor da escola identificar e promover atitudes sustentáveis no coletivo e
Espaço Físico: utilização de materiais nas construções que proporcionem maior conforto e uso correto de água e energia, destinação adequada de resíduos e saneamento, áreas verdes que proporcionem o convívio da comunidade escolar.
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Um exemplo é o das instituições de ensino do Sistema S. Atualmente surgiram críticas e questionamentos relativos à arquitetura dessas escolas e/ou centros culturais e esportivos que, no entendimento de alguns, é monumental ou valorosa demais para o seu fim. Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira enxergavam a arquitetura escolar como parte operativa do sistema educacional por que acreditavam no nacionalismo como estratégia fundamental para o desenvolvimento socioeconômico do país, além de participarem ativamente da edificação de uma identidade brasileira e enxergavam o significado potencial pedagógico da arquitetura como catalizador das construções.
Ao longo dos anos, as ideias sobre o meio ambiente sofreram modificações. Os primeiros eventos sobre o tema tratavam de ecodesenvolvimento, que priorizava a preservação dos recursos naturais, baseando-se na constatação de que a natureza era finita. Com o passar do tempo, foi sendo aperfeiçoada a noção de que os recursos naturais poderiam ser usados, desde que fossem devolvidos ao planeta. Assim, a legislação brasileira sobre educação ambiental passou por transformações até chegar ao conceito de escola sustentável. Segundo o Programa Nacional da Educação Ambiental, a Escola Sustentável tem o objetivo de promover processos de educação ambiental voltados para valores humanistas, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências que contribuam para a participação do cidadão na construção de sociedades sustentáveis.
O espaço é formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, entre sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá. Sistemas de objetos e sistemas de ações interagem (SANTOS, 1997).
Gestão: que seja democrática e participativa com promoção de respeito, buscando aprofundar o contato entre a comunidade escolar respeitando a diversidade cultural. Currículo: inclusão de conhecimentos, saberes e práticas sustentáveis no Projeto Político Pedagógico da escola e em seu cotidiano a partir do engajamento individual e coletivo na transformação local e global.
Diagrama 3.1| Temas que promovem a sustentabilidade Fonte: Autoria Própria
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3.2 Sustentabilidade da Arquitetura - Diretrizes Projetuais
devendo também ser considerados os aspectos relativos a alcance, aproximação, manipulação de objetos e equipamentos e, principalmente, a comunicação e sinalização, que devem ser claras. Apesar da diversidade humana e inúmeras deficiências, será utilizado os parâmetros mínimos para usuários de cadeira de rodas, por serem o tipo de limitação que ocupa maior espaço nos ambientes para circulação, manobras, transferências e maior limitação de alcance visual e manual. O módulo de referência a ser adotado será de 0,80m de largura por 1,20m de comprimento.
3.2.1 Acessibilidade e desenho universal
Ilustração: Daniela Oliveira - Prata Design
A ideia é garantir que o partido arquitetônico possibilite o acesso e a utilização, com segurança e autonomia, a todos os usuários das edificações, como crianças idosos, gestantes, obesos e pessoas com deficiência visual, auditiva, física intelectual ou cognitiva. Da mesma maneira, os ambientes devem ter espaços e dimensões apropriados para aproximação e uso, independentemente do tamanho, postura ou habilidades funcionais dos usuários. Assim, as questões relacionadas à circulação (desníveis, passagens, estacionamento, abertura e fechamento de portas) e à utilização de sanitários e mobiliário devem ser resolvidas,
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3.2.2 Segurança
3.2.3 Materiais As diretrizes Projetuais para a seleção e a especificação de materiais, produtos, componentes e sistemas construtivos visam garantir seu desempenho técnico e, ao mesmo tempo, buscar a redução de impactos socioambientais a eles associados e durante todo o seu ciclo de vida. Deve se projetar para a vida útil do empreendimento e de cada um de seus componentes aplicados. O processo decisório para as especificações de materiais e sistemas construtivos passa pelas necessidades de desempenho, sendo materiais um tema bastante transversal e que deve se pautar por avaliações relacionadas aos seguintes aspectos: • Desempenho técnico; • Adequação ao local de instalação; • Vida útil nas condições de uso e manutenção esperadas; • Previsão de detalhes de projeto que possam prolongar a vida útil do edifício e suas partes; • Redução a geração de resíduos utilizando, por exemplo, elementos modulares e pré-fabricados; • Utilização de recursos naturais renováveis; • Minimização de emissões de gases de efeito estufa; • Consumo de água e energia no processo de produção industrial (energia embutida) e no próprio canteiro de obras; • Baixa agressividade à saúde e minimização da emissão de Compostos Orgânicos Voláteis (COV) e outros componentes tóxicos; • Uso de recursos locais; • Facilidade de reuso ou reciclagem após sua vida útil.
Ilustração: Daniela Oliveira - Prata Design
O desenvolvimento social, cultural, tecnológico e econômico incentiva soluções projetuais diferenciadas e até inovadoras, tanto nos projetos de construções novas quanto nas intervenções em edifícios já existentes. Essas devem levar em consideração medidas adequadas de segurança. De modo geral, a temática segurança pode ser tratada com as seguintes abordagens: • Segurança no uso: segurança à integridade física e pessoal dos usuários; • Segurança contra incêndios: segurança e proteção contra incêndios; • Segurança patrimonial: segurança em proteção à vida e à propriedade contra ações humanas.
É função do arquiteto, no momento das especificações dos materiais, buscar o atendimento e a adequação às normas de desempenho vigentes e levantar as informações acima mencionadas junto aos fornecedores ou outras fontes disponíveis no mercado.
As regulamentações e as normas técnicas existentes no Brasil atuam mais enfaticamente em termos de segurança para proteção contra incêndios, abordando aspectos relacionados ao desempenho de sistemas construtivos e materiais e de sistemas prediais. Para a segurança do uso, existem as normas específicas e as de acessibilidade, as quais abordam uma parte da problemática.
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3.2.4 Resíduos
projeto de maneira condizente com a natureza dos resíduos e com os procedimentos de gestão adotados, permitindo o seu aproveitamento e a destinação correta. Para haver um edifício sustentável, deve ser planejado todo o processo de construção e não se limitar apenas no resultado final. A sustentabilidade eficiente está presente antes mesmo da inauguração do edifício. Todo o planejamento de projeto, o descarte de materiais e o edifício finalizado devem seguir essa linha sustentável. No projeto arquitetônico, será proposto uma área e um sistema de coleta de produtos comprovadamente danosos ao meio ambiente, tais como pilhas, lâmpadas fluorescentes e cartuchos de tintas. Ilustração: Daniela Oliveira - Prata Design
O projeto arquitetônico adequado é aquele que facilita o gerenciamento de resíduos, que tem como premissas a não geração e a redução de resíduos, o aproveitamento desses recursos. O encaminhamento para reuso ou reciclagem, o descarte adequado e controlado. É por meio de especificações adequadas de materiais e sistemas construtivos que se garante a minimização na geração de resíduos na fase de construção e se confere durabilidade ao edifício, evitando os ciclos de renovação e reposição na fase de uso. A seleção da tecnologia construtiva pode minimizar a geração de resíduos de Construção e Demolição (RCD) e, certamente, simplificar muitas etapas relacionadas à gestão desses resíduos. A evolução da construção civil na direção de uma industrialização cada vez mais completa se vincula com a redução efetiva dos resíduos, resultando em um canteiro de obras limpo e eficiente, restrito praticamente à montagem de seus componentes pré-fabricados. Outro aspecto a ser considerado no projeto arquitetônico diz respeito à gestão de resíduos das atividades de uso, operação e manutenção das edificações. Espaços para a triagem, a estocagem e o eficiente fluxo dos resíduos devem ser incorporados ao
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3.2.5 Águas e Efluentes
de acordo com a qualidade exigida na sua aplicação ou 2) Reuso local de água cinza: efluentes de chuveiros, banheiras, lavatórios, tanques e maquinas de lavar roupas. Água de reuso, de qualquer fonte, deve ser usada apenas para aplicações não potáveis (bacias sanitárias, lavagem de pisos e veículos, limpeza de áreas comuns, irrigação de áreas verdes, água de lagos paisagísticos, reserva de incêndio, etc.), cabendo rigorosa avaliação de riscos e autorização junto a órgão de fiscalização, como vigilância sanitária local. Será considerado na implantação o posicionamento do edifício no terreno em relação aos pontos de alimentação de água e coleta de efluentes. O objetivo é proteger e conservar a qualidade da água disponível e, se possível, melhorar a mesma. No desenvolvimento do projeto, serão aplicados dispositivos hidráulicos que reduzam o consumo, bem como controlem vazões e pressões, tais como torneiras e chuveiros com restritores de vazão, registros reguladores de vazão, torneiras com arejadores, bacias sanitárias com volume de descarga inferior a 6,8 litros, sistema de duplo acionamento de descarga ou interrompíveis, lavatórios com torneiras de fechamento automático mecânico ou eletrônico, dentre outros.
Ilustração: Daniela Oliveira - Prata Design
A concepção do uso da água em um empreendimento deve considerar uma avaliação sistêmica do impacto gerado no entorno quando da implantação do empreendimento. A análise do uso da água sob o ponto de vista do edifício não deve ser considerada suficiente, e sim, expandida para o impacto no seu entorno, na microbacia hidrográfica onde o empreendimento está inserido e no meio ambiente. As exigências técnicas estabelecidas pelos órgãos de fiscalização ambiental nas licenças de operação devem ser consideradas para estabelecer os parâmetros de qualidade da água, a frequência do automonitoramento e o controle de vazão de lançamentos. O projeto será desenvolvido de maneira que o mesmo viabilize soluções eficientes para a gestão de demanda e oferta de água, para o sistema de drenagem e esgoto. Também deve viabilizar a concepção de sistemas prediais potáveis e não potáveis, de modo a reduzir o consumo de água potável por meio da utilização de água não potável como: 1) Aproveitamento de águas pluviais: precipitadas sobre telhados de edificações e estocadas em reservatórios independentes, após descarte dos primeiros minutos de chuva, filtração, coloração, etc.,
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3.2.6 Energia
da edificação, do sistema de ventilação natural ou de condicionamento artificial, da escolha de materiais, sistemas construtivos e sistemas prediais eficientes, que contribuam para a redução no consumo de energia durante a fase de uso e operação da edificação. Desse modo, essas diretrizes incorporam conceitos de eficiência energética aplicados à arquitetura; aos sistemas de condicionamento de ar, ventilação e exaustão; aos sistemas de iluminação natural e artificial; e aos demais sistemas e equipamentos previstos.
Ilustração: Daniela Oliveira - Prata Design
O consumo de energia elétrica no Brasil cresce aproximadamente 5% a cada ano, conforme dados revelados no Balanço Energético Nacional BEM de 2011. O setor de edificação possui participação significativa nesse consumo: em 2010, o conjunto das edificações residenciais, comerciais e públicas consumiram cerca de 47% de toda energia elétrica produzida no País (BEM, 2011). Portanto, é de grande importância a implementação de estratégias e soluções projetuais que visem uma maior eficiência energética de nossas edificações. Em termos de oferta, é preciso optar por comprar energia ou gerar energia para o consumo da edificação, por meio de fontes alternativas. Em termos de demanda, há que se considerar a eficiência energética no consumo de energia de forma coerente com as necessidades dos futuros usuários em termos de conforto térmico, visual e de utilização de equipamentos diversos. É evidente a importância da atuação conjunta de iniciativas públicas e privadas na criação de condições para a implantação efetiva das tecnologias de geração de energia a partir de fontes renováveis, visando não onerar a rede pública e garantir a disponibilidade de energia elétrica em função da crescente demanda. As diretrizes projetuais apresentadas possuem a intenção de subsidiar as decisões no processo do projeto da envoltória
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3.2.7 Conforto Olfativo
Ilustração: Daniela Oliveira - Prata Design
Além do Conforto Acústico, Térmico e Visual, também deve ser levado em consideração o conforto Olfativo. Ele está associado aos cheiros, odores e ao paladar detectados pelo órgão olfativo do usuário em um ambiente. Está associado ao bem-estar e ao prazer ou ao mal-estar, podendo até afetar a saúde do ser humano. Devem ser levados em consideração o terreno, o solo, as fontes de água, a vegetação, a direção dos ventos dominantes e os índices de poluição do ar da região. Também devem pesar os odores provenientes de produtos de construção e materiais especificados como isolantes, revestimentos e mobiliário. Sistemas de ventilação natural, exaustão e renovação do ar devem ser previstos em projeto. Já os sistemas de condicionamento artificial do ar, quando necessários, devem levar em conta os procedimentos e a sua periodicidade em manutenção. O projeto deve garantir ventilação natural, taxas de renovação, insuflamento e exaustão de ar satisfatórios, em função das atividades realizadas em cada ambiente, por meio do posicionamento e dimensionamento das aberturas. Também devem ser controladas as fontes de odores desagradáveis, ou limitar seus efeitos, a partir de soluções arquitetônicas adequadas.
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4. ESTUDOS DE CASO
“O projeto ideal não existe, a cada projeto existe a oportunidade de realizar uma aproximação”. Paulo Mendes da Rocha
- Ano: 2007 - Localização: Tóquio, Japão - Arquitetos: Tezuka Architects - Área: 1.304m²
4.1 Escola Fuji Kindergarten
|Figura 4.1: Telhado com circulação infinita da escola Fuji Kindergarten. Fonte: disponível em <https://claudia.abril.com.br/sua-vida/visite-o-jardim-da-infancia-mais-legal-do-mundo/>
Projetada pelo arquiteto Takaharu Tezuka, esse projeto de arquitetura escolar atua como um grande trunfo que ajuda a sustentar e contribuir com a filosofia progressista defendida pelos gestores da instituição. A mesma foi projetada para as crianças aproveitarem ao máximo o ambiente em que estão. Dessa forma, o seu principal conceito é a liberdade. É uma arquitetura simples que se torna imponente quando unida ao
sistema pedagógico adotado pela escola. O projeto dispõe de quatro salas de atividades, sala dos professores e quatro banheiros. O arquiteto, ao projetar a escola, se colocou no lugar da criança e entendeu que as mesmas não se familiarizam com espaços enclausurados e limitados. Assim, procurou criar
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O edifício possui um formato arquitetônico oval que delimita o pátio central. O mesmo adotou essa forma após o arquiteto perceber o quanto os jovens gostavam de se mover em círculos. Assim, criou um espaço livre com circulação infinita na cobertura do edifício (Figura 4.1). Ao redor do pátio estão organizadas as salas de aula, sendo elas bastante flexíveis (Figura 4.2), já que não possuem paredes e priorizam o contato da criança com o exterior.
um ambiente de aprendizado amplo e aberto, que estimule a curiosidade de exploração da criança. O grande pátio central integra os ambientes, servindo de local para as atividades em grupo e para os momentos de reflexão e fuga dos alunos que não desejam estar na “sala” de aula.
“Quando
você coloca muitas crianças em uma caixa silenciosa, algumas delas ficam muito nervosas. Neste jardim de infância, não há razão para ficar nervoso. Não há limites .
”
Takaharu Tezuka
|Figura 4.2: Salas de aula dispostas ao redor do pátio. Fonte: disponível em <https://www.flickr.com/photos/naoyafujii/753285384/>
|Figura 4.3: Árvore implantada no ambiente de ensino. Fonte: disponível em www.architonic.com/en/project/tezuka-architects-fuji-kindergarten/5100019>
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|Figura 4.4: Salas de aula sem divisórias. Fonte: disponível em <https://www.architonic.com/en/project/tezuka-architects-fuji-kindergarten/5100019>
|Figura 4.5: Croqui de corte da edificação. Fonte: disponível em <http://ensaiosfragmentados.blogspot.com/2011/05/fuji-kindergarten-tezuka-architects.html>
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Os ambientes internos possuem claraboias, para a maior entrada de iluminação natural. As crianças gostam de olhar através das claraboias do telhado. Brincadeiras como ‘ cadê o meu amigo? ’ ou ‘o que está acontecendo lá em baixo na classe? ’ podem ocorrer, pois a intenção é que a distração aconteça. Além das aberturas das mesmas, também foram implantadas três grandes árvores que interagem com a construção, atravessando a cobertura da mesma, assim, criando um vínculo tanto com a sala de aula interna quanto o pátio infinito externo da cobertura (Figura 4.3).
“Todos
os meses em Fuji os professores e crianças reorganizam os móveis da sala de aula. Esse menino e menina era suposto para ajudar a fazer uma nova configuração, mas eles não estão nem aí. Eles estão brincando de trenzinho ao invés disso. Enchemos a escola com cerca de 600 dessas caixas, que são feitas a partir de uma madeira muito leve conhecida como kiri. Não vai doer as crianças baterem suas cabeças na quina .
”
Takaharu Tezuka
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- Ano: 2013 - Localização: Villa Rica, Colômbia - Arquitetos: Daniel Feldman e Ivan Quiñones - Área: 1.823m²
4.2 Centro Infantil El Guadual
|Figura 4.6: Fachada Centro Infantil El Guadual. Fonte: disponível em <https://www.archdaily.com.br/br/758586/centro-infantil-el-guadual-daniel-joseph-feldman-mowerman-plus-ivan-dario-quinones-sanchez>
O Centro Infantil El Guadual (Figura 4.6) foi inaugurado em 2013 após um longo processo participativo da comunidade do entorno (alunos, pais, funcionários). O apoio financeiro para a realização da obra veio de cooperações internacionais, doações privadas e recursos públicos. A escola atende cerca de 300 crianças de 0 a 5 anos de idade, 100 mães gestantes e 200 recém-nascidos.
O Centro gerou um impacto urbano muito positivo, criando plataformas e zonas para pedestres muito generosas, um cinema ao ar livre e uma sala de aula múltipla aberta para a comunidade, permitindo desenvolver diferentes atividades de interesse comunitário fora da jornada de trabalho e/ou nos finais de semana.
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O projeto é um bom exemplo de construção ecológica com o uso de pouca tecnologia, responsável com o meio ambiente e com a utilização de materiais duráveis. As estratégias de iluminação e ventilação natural permitiram que a escola não tivesse a necessidade de utilizar sistemas de climatização pesados. As estratégias de coleta de água de chuva, o uso de luz natural, a orientação das aulas de acordo com o sol, o uso de materiais locais e recicláveis, a reinterpretação de técnicas tradicionais de construção e criação de espaços públicos e culturais como parte do esquema geral do Centro, são todos fatores que contribuirão com o funcionamento exitoso do mesmo. A textura das paredes em concreto ocre, foram definidas pela comunidade fazendo referência ao uso de taipa de pilão das antigas construções, atualmente inexistentes. O muro de bambu (Figura 4.8) foi “tampado” com garrafas recicladas, coletadas pelos moradores da vizinhança e instaladas pelas educadoras, para proteção da chuva. Assim, o processo de reciclagem e utilização se torna evidente para as crianças.
|Figura 4.8: Muro de bambu com garrafas pet. Fonte: disponível em <https://sustentarqui.com.br/escola-em-bambu-na-colombia/>
A escola é composta por dez salas de aula, um comedouro, zonas interiores e exteriores de lazer, espaços de artes semi-privativo, sala de primeiros socorros, escritórios de administração, horta, teatro público e uma praça cívica. Nas salas de aula (Figura 4.8), equipamentos fixos de atividades foram instalados de maneira que ele fizesse parte do ambiente, utilizando o mesmo material das paredes. As janelas não seguem um padrão, fazendo com que as crianças tenham curiosidade em observar através das mesmas, tornando o espaço mais exploratório. O Centro foi implantado de tal maneira que todas as salas de aula estivessem voltadas para o mesmo pátio central. Dessa forma, todos teriam o mesmo de maneira igualitária, além de gerarem um ambiente mais protegido para as crianças, evitando que os responsáveis ás percam de vista (Figura 4.10). |Figura 4.7: Sala de aula. Fonte: disponível em <https://sustentarqui.com.br/escola-em-bambu-na-colombia/>
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|Figura 4.10: Implantação. Fonte: disponível em <https://www.archdaily.com.br/br/758586/centro-infantil-el-guadual-daniel-joseph-feldman-mowerman-plus-ivan-dario-quinones-sanchez>
|Figura 4.9: Pátio. Fonte: disponível em <https://https://www.arquine.com/el-freespace-de-los-jovenes-arquitectos-delatino-america/>
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- Ano: 2015 - Localização: Guastalla, Itália - Arquitetos: Mario Cucinella e Marco dell’ Agli - Área: 1.400m²
4.3 Creche em Guastalla
|Figura 4.11: Creche em Guastalla. Fonte: disponível em <https://www.archdaily.com.br/br/786149/creche-em-guastalla-mario-cucinella-architects>
Após vencer o concurso de arquitetura para a concepção e a reconstrução da creche Guastalla, o escritório Mario Cucinella Architects projetou um espaço que se propõe a estimular a interação entre as crianças e facilitar o processo educativo. A obra prezou devido ao baixo orçamento, pelo mínimo desperdício de material. Esse ponto foi bem trabalhado nos elementos da estrutura principal, que forma montados em
fatias justamente para simplificar e desperdiçar o mínimo possível de madeira (Figura 4.12). A creche acolhe cerca de 120 crianças entre 0 e 3 anos de idade e substitui duas escolas existentes, que foram danificadas pelo terremoto que atingiu a Itália em maio de 2012. Foi a oportunidade de oferecer à cidade um edifício de estrutura
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As áreas de ligação entre as salas de aula e os laboratórios também foram projetados para proporcionar uma vivência de curiosidade e prazer: ao explorar esses espaços, as crianças encontram nichos e elementos transparentes que incentivam o lúdico (Figura 4.15 e 4.16). Assim, elas desenvolvem suas habilidades por meio da descoberta de lugares que são complexos e, ao mesmo tempo, familiares.
|Figura 4.12: Concepção Estrutural. Fonte: disponível em <https://www.architectmagazine.com/technology/detail/guastalla-school-portalframe-section_o>
mais moderna. Como a comunidade viveu uma tragédia, o objetivo era que as pessoas se sentissem à vontade no espaço construído. Para isso, o edifício foi planejado para que não se parecesse com um prédio, e sim, um grande brinquedo. Segundo o arquiteto, é uma estrutura para brincar.
|Figura 4.13: Captação de água e implantação de placas solares. Fonte: disponível em <https://https://arqforma.wordpress.com/2015/09/25/258/>
Os elementos arquitetônicos, como as divisórias interiores em forma de fatias ou camadas - inspiradas no interior da barriga da baleia, na famosa história do Pinóquio -, sua organização, a escolha de materiais, as sugestões táteis e todas as percepções sensoriais relacionadas à luz, às cores e aos sons foram concebidas com base em estudos pedagógicos e educativos no universo infantil. A obra emprega materiais naturais, com baixo impacto ambiental. A estrutura de suporte é de madeira, um material considerado seguro e ideal para manter o isolamento térmico do edifício. Segundo os arquitetos, foram feitas uma pesquisa e uma conversa com a comunidade local para que eles entendessem como implementar a obra, de modo a atender às reais necessidades dos mesmos. Além de creche, eles também estavam precisando de um espaço público. A partir disso, foi implantado uma espécie de jardim botânico no entorno (Figura 4.14), que conta com diversas espécies de plantas e árvores.
|Figuras 4.15 e 4.16: Elementos para desenvolvimento cognitivo e lúdico. Fonte: disponível em <<https://www.architectmagazine.com/technology/detail/guastalla-school-portalframe-section_o>
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|Figura 4.14: Implantação e Jardim no Entorno. Fonte: disponível em <https://www.architectmagazine.com/technology/detail/guastalla-school-portalframe-section_o>
“Para
mim o espaço já é uma forma de educação. Quando os professores explicarão às crianças que a eletricidade da escola vem do sol, que a água é quente graças ao calor do sol e que quando chove a água é coletada e usada para regar as plantas do jardim, já estão construindo a consciência ecológica das crianças. É o desafio das próximas décadas, formar e informar para melhorar o mundo .
”
Mario Cucinella
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- Ano: 2016 - Localização: Polvilho, Santana do Parnaíba, São Paulo - Arquitetos: Aflalo e Gasperini Arquitetos - Área: 63.944m²
4.4 Escola St. Nicholas
|Figura 4.17: Escola St. Nicholas. Fonte: disponível em <https://www.archdaily.com.br/br/800526/escola-st-nicholas-aflalo-gasperini-arquitetos>
Se trata de uma escola horizontal e de natureza contemplativa, resultado da importante relação que há entre os espaços abertos com os edificados. As salas de aula, assim, agrupadas nos três períodos educacionais, estão dispostas em torno de pátios, cada qual com suas características peculiares, (dimensões, paisagismo e tipos de equipamentos) a fim de criar a identidade dos ciclos sequenciais da escola. Segundo os arquitetos, é importante que o aluno vivencie ambiências diversas conforme passe de uma série para outra.
Vários conjuntos arquitetônicos se organizam linearmente no terreno, dispostos de ambos os lados do eixo central de circulação. O diversificado programa teve rebatimento formal. Ou seja, cada tipo de espaço possui características únicas, como a angulação de paredes, a rotação das aberturas e a presença de planos e pilares inclinados, de modo a criar múltiplas possibilidades didáticas. Isso deriva da forma aproximada de X das implantações dos blocos (Figura 4.18). Porém, há um modelo recorrente em relação às salas de aula com os acessos e espaço exterior.
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As salas de aula são ladeadas por um corredor contínuo e, na face oposta, por varanda coberta, cujo pé direito é maior devido ao perfil inclinado da construção, onde se praticam atividades artísticas. O primeiro espaço é iluminado por claraboia, e o segundo por pergolado de concreto, possibilitando a entrada controlada de luz natural nas salas de aula. No cruzamento entre as alas em X das salas de aula, há espaços envidraçados dedicados a usos especiais.
nível escolar. Para o entretenimento das crianças, nesses mesmos espaços entre edificações, foram criados playgrounds diferenciados que dão a sensação de que os mesmos estão mesclados com o ambiente (Figura 4.20). São locais onde as crianças podem desenvolver não apenas os seus aspectos cognitivos, mas também o seu convívio social com os outros jovens.
A implantação dinâmica dos volumes permitiu uma privacidade dos pátios para cada grupo de idade (Figura 4.19). Ao mesmo tempo, propiciou uma permeabilidade entre eles no meio dos bosques, criando espaços diversos que permitem uma nova descoberta ao aluno conforme vai mudando de
|Figura 4.18: Implantação da Escola. Fonte: disponível em <https://www.archdaily.com.br/br/800526/escola-st-nicholas-aflalo-gasperiniarquitetos>
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|Figura 4.19: Pátios entre edificações. Fonte: disponível em <https://www.archdaily.com.br/br/800526/escola-st-nicholas-aflalo-gasperiniarquitetos>
“Nossa
dificuldade foi encaixar todo o programa, atendendo à funcionalidade da escola, ao crescimento do número de alunos e às demais necessidades. Uma solução foi separar os blocos de atividades esportivas e de atividades de artes em grupos de séries, como ensino infantil, fundamental e médio, fazendo com que todos se conectassem a uma circulação principal, sendo esse o destaque do projeto .
”
|Figura 4.20: Playground diferenciado. Fonte: disponível em <https://www.archdaily.com.br/br/800526/escola-st-nicholas-aflalo-gasperiniarquitetos>
Luis Henrique Aflalo Herman
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5. LEVANTAMENTO DE DADOS DO TERRENO
“O trabalho de um arquiteto é sempre uma obra educacional ainda que não seja ele um professor. Entretanto, quando se juntam mestre e arquiteto então, uma obra poderá ser duplamente exaltada”. Hélio Duarte
5.1 Localização, Zoneamento e Vias Principais
O local escolhido para o projeto é um terreno sem uso com aproximadamente 27.000m² de área, localizado em uma ZC (Zona de Centralidade), próximo às residências da região. Seu entorno é predominantemente uma ZDE-2 (Zona de Desenvolvimento Econômico) por conta de ser uma região com grandes lotes e quadras e por possuir uma urbanização consolidada em que existe atividade industrial integrada ao bairro. Para aproximar o emprego da moradia, os usos mistos são permitidos nesses territórios.
O terreno está localizado em São Paulo na Subprefeitura de Santo Amaro, próximo ao Rio Pinheiros juntamente com a Avenida das Nações Unidas. Nos últimos anos, importantes indústrias, grandes escritórios e sedes de bancos estabeleceramse nas áreas próximas do bairro, sobretudo na região localizada entre Santo Amaro e Jurubatuba, precisamente no distrito de Campo Grande.
- Local: Santo Amaro - Àrea: 32.000m ² - Zoneamento: ZC (Zona de Centralidade) - Densidade demográfica: 42,4 hab/ha
|Figura 5.2: Localização do Terreno. Diagrama: Produção Própria Fonte: Google Earth Pro
|Figura 5.1: Município de São Paulo. Diagrama: Produção Própria Fonte: Prefeitura de São Paulo e Geosampa
Atualmente, a mesma está passando por uma forte mudança em seu perfil, com a construção de diversos arranhacéus e grande especulação imobiliária. Apesar do número de residências estar aumentando, também há uma carência de instituições de ensino, especializadas na educação infantil e ensino fundamental.
As ruas em seu entorno são, na sua grande maioria, vias locais. As avenidas principais próximas, que se conectam diretamente com essas vias são a Av. João Dias e a Av. Mário Lopes Leão. Para acessar o terreno, será utilizado a Rua Francisco Arvani (Figura 5.4) e a Rua Gibraltar Figura 5.5).
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|Figura 5.4: Rua Francisco Arvani (1).
|Figura 5.3: Terreno com vias locais de acesso. Diagrama: Produção Própria Fonte: Google Earth Pro
|Figura 5.5: Rua Gibraltar (2).
|Figura 5.6: Mapa de Zoneamento do Entorno. Diagrama: Produção Própria Fonte: Geosampa
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5.2 Equipamentos Próximos
que a educação infantil possui um raio de abrangência de 300 metros, ensino fundamental com no máximo 1.500 metros e ensino médio 3.000 metros. Desta forma, pode-se concluir que o bairro possui carência de escolas de educação infantil, já que as existentes não suprem a demanda.
O terreno está localizado próximo às principais vias de transporte, como a Av. das Nações Unidas, Av. Mário de Leão, Av. João Dias e a Av. Padre José Maria. Ao mesmo tempo se encontra próximo ao Terminal Santo Amaro e, juntamente, à Estação Largo Treze de metrô. Nas ruas locais, existe um circuito de rotas de ônibus, que poderiam ser utilizadas pelos usuários que moram em regiões mais distantes (Figura 5.7).
|Figura 5.8: Instituições de nsino do entorno. Diagrama: Produção Própria Fonte: Geosampa
5.3 Topografia
|Figura 5.7: Principais pontos de ônibus. Diagrama: Produção Própria Fonte: Geosampa
A própria região possui poucas unidades de ensino, sendo a maioria focada em Cursos Técnicos. As escolas existentes, apesar de estarem localizadas próximas ás moradias, possuem o mesmo perfil de impermeabilidade do terreno, pouca vegetação e pequenas áreas externas para as atividades ao ar livre dos alunos (Figura 5.8).
A topografia original do terreno, inicialmente, é irregular. Por conta do mesmo ser bastante extenso, essa topografia acaba se tornando imperceptível. Há um trecho específico onde possi um morro de aproximadamente 2,5 metros de altura (Figura 5.11) que pode ser aproveitado como um muro natural, criando uma barreira que delimita o espaço da área de convivência do bloco infantil.
Fernando Neves (2015) apresenta estudos sobre o raio de abrangência e acessibilidade de equipamentos educacionais. Ele apresenta três escalas urbanas que são consideradas para a disposição desses edifícios, a vizinhança, o bairro e a cidade. Na escala da vizinhança é interessante a presença de uma creche, pré-escola e escola de 1° grau, na escala bairro desejável uma escola de 2° grau. Visto isso, o autor sintetiza
Analisando a topografia original, surge a possibilidade de locar o etacionamento da escola em seu ponto mais elevado, obstruindo o mesmo da visão e do dia-a-dia dos jovens, fazendo com que os mesmos não pratiquem suas atividades externas próximos aos automóveis.
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|Figura 5.10: Corte AA
|Figura 5.10: Corte BB
|Figura 5.9: Levantamento Topográfico. Diagrama: Produção Própria Fonte: Geosampa
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6. PROJETO
O Espaço como mÊtodo de ensino
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6.1 Implantação Geral
facilitar a chegada dos menores com os pais. Diferente das salas de aula do Ensino Fundamental 1 e 2, que estão mais distantes, por conta do jovem já possuir uma idade em que não há necessidade de estar acompanhado dos pais, criando uma sensação de independência.
A intenção do Projeto da Escola Ambiental é criar espaços flexíveis e interativos para os alunos e os funcionários, de uma maneira que os mesmos tivessem mais proximidade com o meio ambiente. Para isso, as edificações foram distribuídas pelo terreno de forma que as mesmas pudessem ser rodeadas pelas áreas verdes.
O Auditório e o Refeitório se localizam no coração do terreno, juntamente com os pátios descobertos, locais onde serão realizados os eventos da escola.
Para implantação do projeto, buscou-se aproveitar o máximo que o terreno oferece. O acesso principal, tanto de veículos quanto de pedestres, foi implantado próximo à Rua Francisco Arvani, onde se localizava o antigo acesso do terreno. Nesse ponto há poucas curvas de nível, garantindo uma entrada planificadada, facilitando a entrada dos veíclos e dos pedestres. Essa condição também diminue as chances de alagamento.
A escola se conecta todos os seus usos através de um piso de concreto permeável com canteiros arborizados transfomrando o longo trajeto em um passeio agradável e contemplativo. Para o piso que cruza os jardins arborizados da escola, outra coloração foi escolhida destacando o piso de circulação principal. . Para o uso dos moradores locais, um trecho do terreno foi reservado para o uso público com o objetivo de ser um miniparque linear. Esse parque faria um aligação direta entre a Rua Gibraltar e a Rua Francisco Arvani.
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O estacionamento é o ponto mais elevado do terreno, sendo assim acessado por uma via rampada de mão-dupla. Essa mesma via de acesso possui uma calçada acompanhando todo o seu trajeto. Foi implantado em uma área onde anteriormete já era usada como estacionamento, não havendo necessidade de remover a vegetação para a implantação do mesmo. Além de reaproveitar um estacionamento existente, a sua localização permite que o mesmo seja pouco visto, sendo um elemento distante do dia-a-dia do jovem. Ao chegar no estacionamento, o usuário pode decidir qual será seu destino, sendo eles a Área Administrativa, a Área de Ensino Fundamental ou a de Ensino Infantil.
1
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8 Rua Gibraltar
9
Para os veículos que não pretendem estacionar, espaços “sem-parar” foram implantados tanto na entrada principal da Escola quanto no estacionamento interno. Essas áreas foram arborizadas criando espaços de estar e espera para os alunos.
5 7
6
A Área Administrativa da escola é o ponto mais próximo do Estacionameto para facilitar o atendimento dos funcionários e dos pais dos alunos, caso os mesmos fossem chamados para uma reunião ou quisessem efetuar uma matrícula. As salas de aula do Ensino Infantil se localizam em uma área mais plana do terreno, próximo do estacionamento para
|Figura 6.1: Plano de Massas. Diagrama: Produção Própria
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4
3
2
1- Via de Acesso 2- Estacionamento
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3- Administração
c ran aF Ru
4- Auditório
6- Ensino Fundamental 1 e 2
1
7- Refeitório
ni rva
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5- Ensino Infantil
8
8- Parque Externo 9- Quadras Esportivas
Rua Gibraltar
9
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3 2
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A
4 B 0m
Piso de circulação principal (concreto permeável)
25m
50m
Piso de jardins arborizados (concreto eprmeável) Gramado/Vegetação Espelho d’água
|Figura 6.2: Implantação Geral. Diagrama: Produção Própria
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|Figura 6.3: Corte AA
|Figura 6.4: Corte BB
A diferença de nível do estacionamento para a área de Ensino Infantil é de 2,5m. Um muro de arrimo foi implantado para isolar mais a área infantil (Figura 6.4), facilitando o controle do jovem que deve ficar em observação constante. Assim é possível garantir que a cirança utilze a área externa do epsaço infantil sem a possibilidade dela sair da mesma. No seu subconsciente, a criança vai acreditar que está em total liberdade para brincar e explorar no espaço. Uma rampa com inclinação acessível foi implantada nas suas proximidades para acessar a ára Infantil de forma rápida e direta
Todas as áreas possuem um jardim externo para ser usado como uma área de lazer, contemplação, estudos e aprendizado. Os mesmos oferecem mobiliários como bancos concretados ou de madeira para acomodar o usuário. Para não se limitar apenas ná área de piso de concreto permeável, os usuários podem desfrutar das áreas verdes, utilizando a própria vegetação como método de lazer e/ou aprendizado. A natureza se aproxima do aluno de maneira que o mesmo irá gerar um vínculo de forma subconsciente.
A área de Ensino Fundamental 1 e 2 foi implantada na parte mais inclinada do terreno, possibilitando uma diferença de nível diferenciada para cada conjunto de edificações (Figura 6.3). Seu acesso é permitido através do piso de concreto permeável que se adequa com a topografia do terreno. Um eixo principal foi criado para que os seus usuários possam se movimentar pelo terreno de forma direta e prática, sendo que o mesmo facilita o acesso para todos os usos propostos da instituição.
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Rua Gibraltar
ni rva
oA
isc
c ran aF Ru
0m
|Figura 6.5: Implantação Geral Texturizada. Diagrama: Produção Própria
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25m
50m
6.2 Esquema de Infraestrutura
O sistema de Wetland implantado próximo do Refeitório trata águas escuras e cinzas. A água residual passa por um tanque anaeróbico e logo em seguida para a zona de raízes, onde sua maior parte é filtrada naturalmente. Depois passa para o lago de peixes e macrofitas. A água de extravasamento é utilizada para irrigação.
A Permacultura é um sistema de projetos para a criação de ambientes humanos sustentáveis. A palavra não é somente uma contração das palavras “permanente” e “agricultura”, mas também de “cultura permanente”, pois culturas não podem sobreviver muito sem uma base agricultural sustentável e uma ética do uso da terra. É importante transformar resíduo em recurso. Necessidades importantes devem ser supridas por mais de um elemento. O projeto buscou implantar diferentes dipos de de tratamento ecológico de saneamento, com o objeito principal de serviram como exemplos visuais para os próprios alunos, gerando interesse e incentivando os mesmos na educação ambiental.
|Figura 6.7: Wetland. Diagrama: Produção Própria
Como primeiro modelo de saneamento implantado, que atenderia o Refeitório, as Salas de Aula e os banheiros, foi aplicado o Círculo de Bananeira, com o objetivo de de tratar as águas cinzas proveniente das pias. O sistema consiste de uma vala de 2m de diâmetro por 1,5m de profundidade. No processo a água residual passa por camadas filtrantes e essa água é absorvida pelo solo, bananeiras e plantas (Figura 6.6).
O Jardim Filtrante de tratamento de águas cinzas, implantado próximo ao bloco de Ensino Fundamental, é um modelo me menor que consiste na água residual passar inicialmente por duas caixas onde os resíduos sólidos e a gordura são retidos. Em seguida a água passa pelo jardim filtrante que fica em uma caixa no solo com 50cm de profundidade com o fundo impermeabilizado. No final a água pode ser utilizada para fins de irrigação.
|Figura 6.8: Jardim Filtrante. Diagrama: Produção Própria
Para a captação da água da chuva do bloco Infantil, minicisternas foram implantadas, que armazenam a água para usos diversos para consumo não potável As mesmas são externas para serem facilmetne acessadas pelos jovens. |Figura 6.6: Círculo de Bananeira. Diagrama: Produção Própria
78
O sistema é simples e de fácil entendimento. A chuva cai na cobertura da edificação é escorre em direção ás calhas. Um filtro é instalado no cano para fazer a divisão da água das grandes sujeiras (restos de folhas, animais, insetos e outras impurezas). Esse filtro é auto-limpante e deve ficar com uma inclinação de 45º com tela de mosquiteiro. Nesse processo, a própria água da chuva expulsa as grandes sujeiras até o Separados que vai acumular a primeira água da chuva (ou a água da chuva mais fraca) e fará a filtragem da sujeira mais fina. Em baixo existe uma tampa com um furo de aproximadamente 2,5mm fazendo com que a água escorra mas que a sujeira fique retida. Sempre após cada chuva, essa tampa deve ser limpa. Ao encher o separador, a água entra para a bomba maior pela bifurcação. Dentro da cisterna há um redutor de turbulência/ fluxo onde a água entra sendo jogada de baixo para cima, para diminuir o mistura da sujeira do fundo. Caso a cisterna estiver lotada, a água sairá pelo ladrão. Recomendado que no cano de saída haja um joelho com uma tela, para evitar a entrada de pequenos animais. E as cisternas devem ser completamente fechadas para evitar a procriação de mosquitos.
|Figura 6.9: Mini-Cisterna Diagrama: Produção Própria
79
6.3 Ampliações e Detalhamentos 6.3.1 Bloco de Ensino Infantil
9
4
3 2
1
10 7
8 11
5 6
|Figura 6.10: Conjunto Bloco Infantil
Para que haja mais controle, a área infantil é implantada de maneira que as crianças não se sintam sufocadas, e sim, acreditem que possuem a liberdade para explorar à vontade. Cada bloco de salas compartilha o mesmo terraço, feito de concreto impermeável (1), que se extende por todo o conjunto.
No total há cinco tipologias de salas diferentes que são utilizadas conforme a necessidade do usuário: Refeitório (2), Brinquedoteca (3), Sala de Aula (4), Sala dos Professores (5) e Sala de Reuniões (6). Com essa divisão, a área infantil se torna um espaço mais independente em relação ao restante do Centro Educacional.
80
A área infantil proporciona um grande espaço externo para a realização das atividades tanto individuais quanto em grupo das crianças. Nele há bastante vegetação que pode ser explorada pelas trilhas que permeiam pelo jardim (7). No coração do pequeno bosque se localiza um espelho d’água (8) que pode ser utilizado para a captação da água pluvial e para diminuir a temperatura do entorno, fazendo com que o uso de ar-condicionado nos dias quentes seja poupado.
Além do terraço, os alunos podem se locomover pelo espaço através do piso de concreto permeável, sendo ele uma externção do piso que atende o restande da Escola (10). Esse mesmo piso ofereçe uma espaço na área externa que serve como um ponto de espera (11) para quando os pais forem buscar seus filhos. Os blocos foram implantados de maneira que fiquem todos voltados para o bosque. Dessa forma os professores podem exercer suas atividades sempre estando de olho no espaço, se asseguando que as crianças estão seguras.
Entre cada bloco há uma área verde (9) com o objetivo de refrescar o ambiente, principalmente por se localizarem em frente á área de soneca das crianças. Também podem ser utilizados como áreas de descanso externas.
|Figura 6.11: Perspectiva Conjunto dos Blocos Produção Própria
81
0.22
0.00
0.22
0.00
0.22
0.00 0m
|Figura 6.13: Corte AA
0m
1m
5m
1m 0m
5m 1m
5m
0.22 0.00 0.00
|Figura 6.12: Planta de Módulo de Sala de Aula Infantil
0.00
0.22 0.22 0.22
0.00 |Figura 6.14: Corte BB 0m
1m
0m
0m
Cada módulo se constitui de duas salas de aula que possuem apenas uma janela (1) como divisão para que o ambiente de ensino tenha uma permeabilidade visual maior, incentivando a criança de explorar os elementos ao seu redor.
5m
1m
5m
1m
5m
Para as crianças descansarem, foi projetada uma Área de Soneca (5) mais isolada e acolhedora. A mesma possui uma janela alta que abre para as áreas verdes entre os blocos, resultando em uma circulação de ar constante, mantendo o ambiente fresco e saudável. 0m
Os banheiros (2) são unisex e possuem área o suficiente para que o professor possa realizar a limpeza das crianças sem a necessidade de ir para outro bloco. Os mesmos possuem vasos e pias que atendem crianças menores de 7 anos.
1m
5m
Em frente de cada sala de aula, além do terraço de concreto impermeável 0.22(6), há uma horta (7) destinada ao plantil de 0.00 pequenos vegetais que podem ser colhidos e consumidos pelas próprias crianças. As mini-cisternas implantadas em cada módulo podem ser utilizadas tanto para a irrigação dessas hortas quanto para a limpeza dos vegetais para consumo.
As atividades da escola são realizadas na Área Recreativa (3), que possui um piso de madeira confortável para a realização das mesmas. É nesse espaço onde a criança começa a desenvolver seus primeiros vículos e interações sociais, além de desenvolver suas características cognitivas utilizando um elemento rampado (4) no espaço que gera um ambiente novo de exploração.
0m
82
1m
5m
|Figura 6.15: Perspectiva Bloco Infantil Produção Própria
|Figura 6.16: Perspectiva Interior Sala de Aula Produção Própria
83
6.3.2 Bloco de Ensino Fundamental 1 e 2
1 5
2
4
3
2 8 731.0
734.5
7
6
734.0
3 3
|Figura 6.17: Conjunto Bloco Fundamental 1 e 2
Enquanto os terraços atendem os alunos de cada bloco específico, as mini-praças (6) atendem todos os alunos, justamente por se encontrarem próximas ás áreas de circulação comum. Elas ficam de frente para os acessos das áreas verdes do fundamental (7).
A área do Fundamental 1 e 2 se contitui de salas de aula (1), banheiros masculinos e femininos (2) e salas de uso específico (3) para a realização de atividades que necessitam de materiais que não se encontram em salas comuns. Para acessar as mesmas, o aluno deve utilizar o piso de concreto permeável que se extende por toda escola. O mesmo, além de se extender até os blocos, também proporciona um caminho acessível (4) para os terraços de cada bloco (5).
Todos os blocos são envolvidos por uma vegetação pouco densa (8) para que o aluno tenha um espaço natural para passar o intervalo ou explorar. A mesma pode ser utilizada pelos próprios professores para a realização das atividades de ensino.
Os terraços se localizam em frende de cada sala, sendo utilizados para a realização de atividades externas. Por conta dos blocos se encontrarem sempre em pares, os terraços de ambos se unem gerando uma área maior, além de possibilitar a interação entre dois blocos diferentes.
84
B
4
5
3 0.00
0.54
0.54
i = 6,4%
0.54
Corte AA CorteEsc.: AA 1/150 Esc.: 1/150 6.19: Corte AA |Figura Corte AA
1
2
0m 0m
5m 5m
Esc.: 1/150
0m
0.54
A
1m
1m
1m
5m
A
B
|Figura 6.18: Planta de Módulo de Sala de Aula Infantil
As salas de aula possuem uma permeabilidade visual reduzida pois os alunos não podem se distrair. Por isso a janela principal da edificação se encontra no fundo (1), sendo utilizada principalmente para a entrada de luz natural.
0.00
0.54
0.00
0.54
0.54
0.54
0.00
|Figura 6.20: Corte BB Corte BB CorteEsc.: BB 1/150
Corte AA Esc.: 1/150
0m
Do outro lado da sala o professor realiza as atividadesCorte BB de ensino (2). Os alunos sentam nas carteiras voltadas para aEsc.: 1/150 lousa como o convencional. As carteiras são soltas para que seja possível uma alteração no layout da sala, depednendo da vontade do professor. Esc.: 1/150
1m
0m 0m
0m
Cada sala possui um terraço externo (3). O mesmo pode ser acessado por uma escadaria ou por uma rampa. Nesse terraço há um banco de concreto (4) que pode ser utilizado pelos alunos durante e após as atividades realizadas em aula.
5m
1m
5m
1m
5m
1m
5m
0.54 0.00
Além do terraço, as aulas podem ocorrer nas áreas verdes localizadas no entorno de cada bloco (5). Dessa forma a criança se aproxima da nautureza e gera um vínculo afetivo com a mesma.
Corte BB Esc.: 1/150
0m
85
1m
5m
|Figura 6.21: Perspectiva Conjunto Bloco Fundamental Produção Própria
|Figura 6.22: Perspectiva Interior Sala de Aula Produção Própria
86
6.3.3 Refeitório
A
0.00
8 7
6
3
7
5
4
6
i = 6,1%
9 B
B
1
0.00
2 1.38
|Figura 6.23: Planta Refeitório
A
O refeitório possui banheiros masculinos e femininos (7) e, também, um baneiro PNE (8) para os fisicamente desabilitados.
O Refeitório possui o objetivo de atender tanto os alunos do fundamental quanto os próprios funcionários da instituição de ensino. Assim, o mesmo foi dividido gerando uma Área Externa (1) e uma Àrea Interna (2).
As escadarias (9) que acessam a face oeste do refeitório podem ser utilizadas para o lazer das crianças.
A área externa serve para aqueles que pretendem consumir algo da Cantina (3) ou algum lanche que trouxeram de casa. É a área mais aberta do refeitório, possuindo um pé-direito de aproximadamente seis metros e aberturas extensas. O piso da edificação é de concreto impermeável, para facilitar a manutenção e a limpeza do mesmo por se tratar de uma área que exige constantemente esses cuidados. A cozinha (4) atende tanto a cantina quanto o restaurante interno do bloco. Ambos também possuem acesso ao depósito (5), onde podem guardar o estoque de alimentos. Há um corredor específico que serve para a circulaçao cinza, sendo para a manutenção, descarregamento de produtos, lixo, etc. (6).
87
1.38
0.00
Corte AA
1.38 1.38
0.00 0.00 0m 1m
Esc.: 1/300
|Figura 6.24: Corte AA Corte AA Corte AA
0m 1m 0m 1m
Esc.: 1/300 Esc.: 1/300
0.00 -1.08
Corte AA
|Figura 6.25: -1.08 Corte AA
Corte BB-1.08
Esc.: 1/300
Esc.: 1/300
Corte CorteBB BB Esc.: 1/300 Esc.: 1/300
5m
5m
5m
0.00
0.00 0.00
1.38
1.38
1.38 1.38 0m 1m 0m 1m
5m
0m 1m 0m 1m
|Figura 6.26: Perspectiva Refeitório Produção Própria
Corte BB Esc.: 1/300
5m
0.00
-1.08
88
5m
5m
6.3.4 ADM/Auditório/Praça
5
734.0
1
6
736.0
5 3
4 2
7 |Figura 6.27: Área Administrativa com Praça
É comum que na área próxima ao estacionamento ocorra atividades específicas realizadas tanto pelos alunos quanto os funcionários da escola. Além de ser um espaço de lazer/ espera para os usuários (1), também é um local passagem. Para a experiência ser mais agradável, foi implantada uma praça arborizada (2). A mesma disponibiliza bancos de concreto retângulares (3) e um espelho d’água (4) para que o espaço seja mais contemplativo.
Para que o usuário possa se deslocar pelos diferentes níveis do terreno, duas rampas (5) e uma escadaria (6) estão disponíveis para uso. Caso o objetivo do aluno do fundamental seja ir direto para as salas de aula, ele pode escolher utilizar uma rota direta, que segue a topografia do terreno (7).
89
6.3.5 Bloco Administrativo A
5
6
7
3
0.18
8
0.18
4
8
2
B
1 B
9 0.18 A
|Figura 6.28: Bloco Administrativo
O Bloco Administrativo pode ser acessado por duas entradas. A principal é a que leva para o Hall de Espera (1) que fica em frente ao balcão da Recepção (2).
O bloco possui um banheiro (8) masculino e feminino próprio com opção para PNE. Externamente há um local coberto para guardar bicicletas (9) utilizadas pelos professores ou alunos.
Um corredor central largo (3) é utilizado para acessar o restante do bloco: Secretaria (4), Sala dos Professores (5), Coordenação Pedagógica (6) e a Sala do Diretor (7). Todas rodeadas de vidro, sendo naturalmente iluminadas.
90
0.18
0.18
0m
1m
5m
0m
1m
5m
|Figura 6.29: Corte AA
0.18
0.18 |Figura 6.30: Corte BB
|Figura 6.31: Perspectiva Bloco Administrativo Produção Própria
91
0m
1m
5m
0m
1m
5m
6.3.6 Auditório B
4 2.16
3
A
0.00
5
1
A
6
9
2.70
7 2
5 8
|Figura 6.32: Auditório
B
A entrada do auditório é completamente envidraçada, deixando o Foyer (1) naturalmente iluminado. Ao entrar, o usuário iria se dirigir ao Balcão de Atendimento (2) utilizaria as escadarias (3) para acessar o pavimento superior onde se localiza o auditório em si. Um elevador PNE de duas portas foi implantado ao lado das escadarias (4).
0m 1m
5m
No fundo do palco há um acesso para a área externa que pode ser utilizada como uma opção alternativa de circulação para manutenção ou como saída de incêndio (8). A sala técnica, para controlar os equipamentos eletrônicos do auditório, é acessada pelo corredor externo (9).
Os banheiros (5) só são acessados pelo egundo pavimento, havendo masculino e feminino e opção PNE. O auditório possui 200 poltronas (6) que podem atender tanto crianças quanto adultos. As mesmas estão de frente para um piso elevado de 54cm do chão, onde são realizadas as palestras, apresentações, etc. (7)
92
2.34
1.80
1.80
0m 1m
2.34
5m
|Figura 6.33: Corte AA
0m 1m
5m
2.34
1.80 0.00
2.34
1.80 |Figura 6.34: Corte BB
0.00
|Figura 6.35: Perspectiva Auditório Produção Própria
93
0m 1m
5m
0m 1m
5m
6.3.7 Entrada e Parque Externo 5
1 4
2
3 7
6
8
10
9
|Figura 6.36: Entrada e Parque Externo
A portaria (6) é o ponto de controle de entrada e saída dos alunos, localizanda entre a rota de pedestre (7) e a rota de veículos (8). Os pedestres entram na escola ná área próxima das quadras esportivas descobertas (9). Esse espaço pode ser utilizado também para o lazer e o intervalo das crianças, sendo bastante arborizado e com vários bancos de concreto. Para aqueles que pretendem ir até a área administrativa, podem utilizar a rampa que segue junto a vía de acesso (10)
O acesso principal da escola, além de atender os usuários da instituição, também se preocupa em atender a comunidade local, oferecendo uma praça extensa (1). Os alunos podem utilizar essa praça como ponto de espera (2) ou, se prefereirem, utilizar a área interna da escola nos bancos de concreto retângulares (3). Para os usuários da comindade, a praça também serve como entrada para o mini-parque linear (4) que se extende da Rua Gibraltar até a Rua Francisco Arvani. O parque possui locais de estar com bancos de concreto (5) e um caminho sinuoso de piso permeável.
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O Espaço como mÊtodo de ensino
95
7.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na área de educação, muitos aspectos devem ser considerados quando se trata do aprendizado do jovem. Mas o mais importante deles é o ambiente proposto para a criança, pois será ele que acolherá as mesmas e irá desenvolver os seus primeiros conceitos sociais. A importância da atuação do arquiteto no dia-a-dia da vida escolar pode modificar por completo a qualidade do ensino, direta e indiretamente. É possível desenvolver espaços escolares interessantes, humanizados, práticos e estimulantes, utilizando um desenho com formas simples e acessível para seus usuários. Além de um ambiente de ensino mais agradável, também podemos afirmar que é possível aproximar a natureza e o meio ambiente do jovem, de maneira que ela faça parte do seu dia-a-dia de forma constante, fazendo o mesmo se apegar a esse ambiente sem perceber.
96
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97
8.BIBLIOGRAFIA
• BLOWER, Hélide C. S.; AZEVEDO, Giselle A. N. A influência do conforto ambiental na concepção da unidade de educação infantil: uma visão multidisciplinar. NUTAU, São Paulo. 2008. • BORSA, Juliane C. O papel da escola no processo de socialização infantil. PUCRS, Rio Grande do Sul. 2007. • BUFFA, Ester; PINTO, Gelson de A. Arquitetura e Educação: organização do espaço e propostas pedagógicas dos grupos escolares paulistas, 1893-1971. São Carlos: EdUFSCar/INEP. 2002. • KOWALTOWSKI, Doris C. C. K. Arquitetura Escolar: o projeto do ambiente de ensino. São Paulo: Oficina de Textos. 2011. • KOWALTOWSKI, Doris C. C. K.; PINA, Silva A. Mikami G.; LABAKI, Lucila C.; RUSCHEL, Regina C.; BERTOLLI, Stelamaris R.; FILHO, Frnacisco Borges. O conforto no ambiente escolar: elementos para intervenções de melhoria. UNICAMP, Paraná. 2012. • BLOWER, Hélide C. S.; AZEVEDO, Giselle A. N. A influência do conforto ambiental na concepção da unidade de educação infantil: uma visão multidisciplinar. NUTAU, São Paulo. 2008. • NETO, Caetano M. F. Educação ao ar livre: um estudo sobre as contribuições da educação experiencial ao ar livre para o processo de educação ambiental. UFPB, Paraíba. 2006. • GAUZIN-MÜLLER, Dominique. Ecológica. SENAC-SP, São Paulo. 2011.
Arquitetura
• FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. PAZ E TERRA, Coleção Leitura. São Paulo. • BURGOS, Eduardo G.; GRIGOLETTI, Giane de Campos. Otimização do conforto ambiental no espaço escolar: uma visão sustentável. UFSM, Santa Maria. 2015.
98
• SOARES, Carmen L.; DALBEN, André. Uma educação pela natureza: vida ao ar livre e métodos terapêuticos nas colônias de férias infantis do Estado de São Paulo. UNICAMP, Campinas. 2011. • BUENO, Fernando Protti. Ecoturismo e educação ambiental: possibilidades e potencialidades de conservação da natureza. UNIVALI, Santa Catarina. 2006. • MOORE, Robin C. Childhood’s Domain: Play and Place in Child Development. MIG COMMUNICATIONS, EUA. 1986. • BORSA, Juliane C. O papel da escola no processo de socialização infantil. PUCRS, Rio Grande do Sul. 2007. • NEIVA, Ana Lúcia Sustentabilidade na arquitetura: Diretrizes de escopo para projetistas de contratantes. AsBEA (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura), São Paulo. 2012. • SANTOS, Susana P.; GARDOLINSKI, Maria T. H. A. A importância da educação ambiental nas escolas para a construção de uma sociedade sustentável. UFRGS, Rio Grande do Sul. • TORQUATO, Deborah; RAMOS, Elizabeth C. Sustentabilidade e meio ambiente no cotidiano da escola. Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba. 2013.
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