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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC SOPHIA A M SANTOS
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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC SOPHIA A M SANTOS Sistema de áreas livres Requalificação
Projeto de pesquisa apresentado ao curso de Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo, no Centro Universitário SENAC, São Paulo - 2019. Orientador: Professora, Marcella de Moraes Ocke Müssnich.
Elaborada pelo sistema de geração automática de ficha catalográfica do Centro Universitário Senac São Paulo com dados fornecidos pelo autor(a). Santos, Sophia Ariadne Maciel SISTEMA DE ÁREAS LIVRES: REQUALIFICAÇÃO CIDADE ADEMAR / Sophia Ariadne Maciel Santos - São Paulo (SP), 2019. 72 f.: il. color. Orientador(a): Marcella de Moraes Ocké Mussnich Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em ARQUITETURA E URBANISMO) - Centro Universitário Senac, São Paulo, 2019. Áreas livres, vegetação, sistema, requalificação, praça I. Mussnich, Marcella de Moraes Ocké (Orient.) II. Título
Dedico e agradeço este trabalho a minha mãe que sempre me apoiou na escolha do curso de Arquitetura e Urbanismo, minhas irmãs, meus amigos, à Deus por sempre estar comigo, me dar força nos momentos difíceis e a minha orientadora Marcella Ocke. Agradeço também a todos os professores que fizeram parte da minha formação e desenvolvimento como Arquiteta e Urbanista.
ABSTRACT / RESUMO Os espaços livres são essenciais para a qualidade de vida da
Abstract: Free spaces are essential for the quality of life of the
população, por trazerem momentos de lazer, ócio, segurança ou
population, because they bring moments of leisure, leisure, security
contemplação. A presença de uma área livre não é o suficiente
or contemplation. The presence of a free area is not enough in a
em um território com grande adensamento populacional, sendo
territory with great population density, and it is necessary to create a
necessária a criação de um sistema que articule os espaços sem uso,
system that articulates the spaces without use, in order to transform
de forma a transformar a paisagem urbana do local.
the urban landscape of the place.
Este trabalho tem como objetivo requalificar áreas livres públicas
This work aims to reclassify public areas that are unused,
que estão sem uso, subutilizadas e/ou degradadas, de forma que as
underutilized and / or degraded, in a way that articulates and
articule e integre-as, criando um sistema de espaços livres que traga
integrates them, creating a system of free spaces that will bring to
ao distrito de Cidade Ademar - zona sul, qualidade de vida, lazer e
the district of Cidade Ademar - southern zone, quality of life, leisure
segurança.
and security.
Através da requalificação e ativação de uso das praças,
Through the requalification and activation of the use of the
é que irá acontecer esse sistema de espaços livres, levando em
squares, it will happen this system of free spaces, taking into account
consideração as particularidades e necessidades de cada área,
the particularities and needs of each area, reaching a product that
chegando a um produto que seja um estímulo para os outros espaços
is a stimulus for other spaces in the territory.
do território. Keywords: requalification, squares, system, spaces, free areas. Palavras-chave: requalificação, praças, sistema, espaços, áreas livres.
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
11
1.1 OBJETIVO
12
1.2 JUSTIFICATIVA
12
1.3 METODOLOGIA
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2. FUNDAMENTAÇÃO
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2.1 SISTEMA DE ESPAÇO LIVRE
15
2.2 ESPAÇOS PÚBLICOS
15
2.3 ESPAÇOS PÚBLICOS NA PERIFERIA
18
2.4 PRAÇAS
18
3. ESTUDOS DE CASO
21
3.1 TIERRA DE NINÕS
21
3.2 A CIDADE PRECISA DE VOCÊ
26
3.3 FAVELA DO SAPÊ
29
4. TERRITORIALIZAÇÃO
34
4.1 LOCALIZAÇÃO
34
4.1.2 PERÍMETRO
36
5. PROPOSTA
42
5.1 ESTRATÉGIAS
42
5.2 PROJETO
43
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
69
7. BIBLIOGRAFIA
71
10
INTRODUÇÃO Os espaços livres públicos podem assumir diferentes usos
Formado por relações e elementos que caracterizam a
ao longo do tempo. Essas áreas têm como elemento principal, o
ligação de todos os espaços livres de determinada área, desde a
meio de visualização, e os cursos d’ água, ocupada na maioria
escala do espaço livre urbano até a escala livre regional, a rua é o
das vezes por moradias irregulares e utilizada como depósito
principal elemento urbano indispensável ao ligar a cidade.
de lixo. Desta forma percebe-se que algumas áreas livres de edificação são vistas como resquício da cidade e não parte da
É neste contexto que este trabalho busca intervir, com
mesma. Equipamentos urbanos e espaços livres são algo essencial
o propósito de reverter esta situação, onde é enaltecida a
na formação e requalificação dos espaços da cidade. Em alguns
potencialidade de seu entorno, e traz à tona todos os benefícios
casos apenas a presença de equipamentos não é o suficiente,
que os moradores terão. O espaço é um fator social, por isso ele
sendo necessário um espaço livre público que interaja com a
deve ser pensado como um todo, pois interfere na vida urbana da
cidade, e com moradores da região através de outros meios.
população.
De acordo com HUET, Bernard (2001 p. 150) “... o espaço público
Desta
forma,
é
estruturado
por
capítulos
conceitos
urbano é considerado residual. Para ser mais preciso, sua forma
introdutórios para que o leitor entenda o projeto final. O capítulo
resulta dos objetos arquitetônicos que o rodeiam”. Sendo assim, o
de fundamentação é onde mostra todos os conceitos que me
espaço em análise se tornou residual graças à monumentalidade
levou a fazer este projeto, sendo iniciado por “ ESPAÇOS PÚBLICOS”
de um edifício que lá existe, E.E José Hermenegildo Leoni Professor.
de forma a entender o que é um espaço público e como fazer com que ele seja bem-sucedido. O tema seguinte é “ ESPAÇOS
Os espaços públicos bem-sucedidos encontram-se de forma
PÚBLICOS NA PERIFERIA” por conta do território escolhido, seguindo
estratégica na estrutura urbana, localizado perto de uma via
para os próximos que são “SISTEMA DE ESPAÇO LIVRE” e “PRAÇAS”,
estrutural, ponto de ônibus, escolas e etc, elementos que fazem parte
como o objetivo do trabalho é criar um sistema de espaço livre
do conjunto urbano. Relacionado aos processos econômicos e de
com praças é dado a importância para compreensão destes
urbanização, o espaço livre compõe-se de escalas diferenciadas,
assuntos. Após este capitulo segue para os ESTUDOS DE CASO,
assim criando áreas de convivência formada através do público
que são referências projetuais para criar o projeto final. Os demais
e privado, desenvolvendo-se de forma única. Os parques, praças,
capítulos são mais focados no território e no projeto final.
ruas e jardins desenvolvem um sistema de espaços, na maioria das vezes como áreas verdes, simbolizando a vida urbana de forma idealizadora.
11
INTRODUÇÃO 1.1 OBJETIVO
1.2 JUSTIFICATIVA
O objetivo deste trabalho é fazer uma reinserção urbana.
A escolha do tema surgiu após a escolha da área de
Requalificar uma parte importante da estrutura urbana, os espaços
intervenção. A praça Lourenço Grieco, mostra como se tornou
livres públicos da cidade, fazendo com que não seja um resquício
um resquício da cidade, um espaço sem sistema simbólico,
e sim que a pertença. Foram escolhidos diferentes locais para essa
forçosamente sem forma própria, em péssimo estado, sendo notável
requalificação, pois a ideia é fazer um sistema de espaços livres
a inutilização da praça pelos moradores. No meio da praça existe
próximos um do outro. A premissa para a escolha do local foi a de
uma escola, Escola Estadual José Hermenegildo Leoni Professor,
que uma Escola de ensino fundamental, ou seja, do 1º ao 5º ano,
sendo elemento escolhido desde o início porque minha mãe foi
deveria estar dentro do território, pois a intenção é requalificar o
diretora de escola e vivenciou as diferentes formas que o espaço
entorno, estimular os moradores, alunos e funcionários para cuidar
impacta na vida de moradores da periferia. Desta forma se tornou
desse novo espaço, criando o sistema e fazendo da escola um
mais fácil a compreensão e a identificação das potencialidades e
catalisador para o bairro. Mostrar a eles o valor social do espaço,
problemáticas dos espaços.
sendo lugar de encontros, convívio e de sociabilidade, ao privilegiarem apenas sua função de passagem e estar.
Por ser uma região periférica da zona sul, existem diversos lugares que se tornaram resquícios da cidade, locais sem uso, na beira do córrego não canalizado, mas existem alguns que tiveram investimento e conseguiram fazer com que os moradores utilizassem e ativassem o local. Neste contexto, percebe-se que os espaços residuais junto a outros espaços, podem criar um sistema que traga uma transformação social e urbana para a população, levando a escolha de mais duas outras praças. O quadro deste território me chamou atenção porque nele é preciso uma grande sensibilização da população para que as circunstancias existentes mudem, após a intervenção do projeto ser realizada será necessário ações populares regulares ajudar a transformar o local.
12
para
INTRODUÇÃO ? 1.3 METODOLOGIA A metodologia deste trabalho se dá por meio de levantamento de dados; visitas nas três áreas escolhidas; diagrama de fluxos; visitas no entorno. Desta forma será possível obter uma aproximação com a área, entender suas problemáticas e suas potencialidades, como se dá a formação existente - áreas de resquício, entre outros - para assim, projetar melhorias na qualidade de vida dos moradores.
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14
FUNDAMENTAÇÃO 2.1 SISTEMA DE ESPAÇO LIVRE
livres para proteção de recursos naturais e culturais, exemplo locais e paisagens patrimoniais; Espaços livres e sociais, como zonas de
Ruas, praças, largos, pátios, quintais, parques, jardins, entre
depósito de lixo, regeneração de ar, áreas de lazer, deslocamento;
outros são entendidos como espaço livre por serem locais onde as pessoas passam, permanecem e se encontram.
Espaços livres para segurança pública; Livres-corredores, ou seja, vias férreas; Extensão urbana.
“O espaço livre é aqui entendido como todo espaço (e luz) nas áreas urbanas e em seu entorno, não
Um sistema de espaços livres adequado deve conter um
coberto por edifícios. A amplitude que se pretende diz
conjunto de espaços livres públicos e privados articulados e
respeito ao espaço e não somente ao solo e a água,
qualificados atendendo à grandes demandas de procura de
não cobertos por edifícios; também diz respeito aos
circulação e acesso de pedestres; circulação, acesso e parada de
espaços que estão ao redor, na auréola da urbanização,
veículos; áreas de estar, convívio e recreação. Deve ainda fornecer
e não somente internos, entre tecidos urbanos. Por
ao ambiente urbano, juntamente com suas características e inter-
esse entendimento de espaço livre (todo solo e toda
relações, respostas compatíveis à evolução de intervenções
água não-cobertos por edifícios) o vínculo do espaço
causadas pelo homem, por meios que expressam e ressaltam a
é fundamentalmente de localização em relação aos
cultura do local.
edifícios, isto é, para com as pessoas que os ocupam, em circulação ou em permanência“. (MAGNOLI, 2006,
2.2 ESPAÇOS PÚBLICOS
p. 2003) “A rua, os caminhos para pedestres, a praça Um sistema de espaços livres é entendido para Macedo (1999)
e o parque são a gramática da cidade, fornecem a
como os elementos e as relações que organizam e estruturam o
estrutura que permite às cidades nascer, estimular
conjunto de todos os espaços livres de um recorte urbano, desde
e acomodar diversas atividades, daquelas quietas
uma escala interurbana à escala regional. A área escolhida como
e contemplativas às ruidosas e agitadas.“ (ROGERS,
objeto de estudo possui diferentes tipos de espaço livre público,
Richard, 2014, p.06)
que forma um subsistema dentro de um sistema de espaços livres. Entende-se que o espaço público seja um espaço de uso Miranda Magnoli (2006) categoriza esse sistema em: Espaços
coletivo. Onde são desenvolvidas atividades coletivas, através
livres em função da produção de recursos com fins comerciais ou
do convívio, entre as mais diferentes pessoas que fazem parte da
de lazer, como por exemplo zona de extração de minerais; Espaços
sociedade urbana. Antigamente a praça pública e comercial a
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FUNDAMENTAÇÃO princípio, realizavam atividades, efetividade, assembléias, ritos
passagem e circulação, diferente de uma praça ou de um parque,
religiosos, educação e etc. O espaço público em Roma, por
que são locais de permanência.
exemplo não tinha muitas construções ao seu redor. “Multidões
Os espaços devem ter como função o encontro, a passagem,
eram atraídas a fim de comprar, de culto, de trocar boatos, de
a permanência, o lazer e a segurança, como já foi falado, mas a
tomar parte, como espectadores ou autores, em negócios públicos
questão é que por alguns locais não utilizarem o espaço de forma
ou privados” (MUMFORD,1998). Desta forma o “espaço público”
adequada, acabam com os encontros entre as pessoas e tornam
assumiu um novo significado, político, ideológico e social, sendo
o espaço perigoso e esquecido por quem o utiliza.
também um espaço de visualização pública, por ser acessível a todos. Dividido em tipologias, podemos definir o espaço público como espaços de circulação (rua ou praça), espaços de lazer (parques), de admiração ou permanência (jardins). Assim é possível dizer que quanto mais aberto o espaço público estiver disponível para todos, mais demonstrará um caráter de democratização. Segundo Ascher (1995), o termo de espaço público aparece pela primeira vez num documento administrativo em 1977, no quadro de um processo de intervenção pública, agrupando na mesma categoria os espaços verdes, as ruas pedonais, as praças, a valorização da paisagem urbana, o mobiliário urbano. As praças, os parques e as ruas são as formas mais conhecidas de espaços públicos livres de edificação, esses lugares são projetados para o uso diário dos cidadãos. Dessa forma compreende-se que estes ambientes, são um meio de mudança na rotina, por trazer maior convívio entre as pessoas, qualidade de vida, lazer, entre outros benefícios. Essas formas conhecidas como espaço livre nem sempre trazem consigo o mesmo caráter e importância de um ambiente para o outro. A rua, por exemplo, tem um caráter específico de
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FUNDAMENTAÇÃO Abaixo tem algumas questões que foram levantadas pelo Guia de Espaços Públicos 2016, que considera estas as melhores opções para se ter um espaço livre bem-sucedido.
FIGURA1 – DIAGRAMA – ESPAÇO PÚBLICO BEM SUCEDIDO
Espaços com atividades diárias e movimentadas desempenham funções interessantes para a cidade. Um espaço público ativo encoraja as pessoas a se sentirem parte da cidade de forma segura, trazendo conforto, fácil acesso e conexão. Portanto os espaços além de trazerem benefícios para a cidade traz qualidade ambiental, pois cria um sistema de fluxos que privilegia os pedestres.
FONTE: Guia do Espaço Público - Bela Rua e Conexão Cultural Autoria: PROJECT FOR PUBLIC SPACES
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FUNDAMENTAÇÃO 2.3 ESPAÇOS PÚBLICOS NA PERIFERIA
infraestruturas, como também enquanto um indicador preciso de qualidade de vida e da cidadania presentes
O mercado imobiliário investe em áreas centrais para espaços
em uma cidade, ao evidenciar seus problemas de
públicos de qualidade, assim as áreas periféricas ficam com a vida
injustiça social econômica e política“. (ABRAHÃO,
urbana em carência.
Sérgio Luís. Espaço público do urbano ao político. São Paulo: Annablume, Fapesp, 2008, p. 47).
A apropriação pública dos espaços livres é identificada de várias formas, nos diferentes tecidos urbanos, como ocupações,
2.4 PRAÇAS
favelas, conjuntos habitacionais, entre outros tipos. Esse tipo de apropriação estabelece um vínculo social entre os moradores e o
“Inúmeras são as definições referentes ao termo
local, por causa da convivência diária e pela comunidade que se
praça. Mesmo havendo divergências entre os autores,
forma.
todos concordam em conceituá-la como um espaço público e urbano. A praça sempre foi celebrada como
A rua, espaço público, mesmo tendo sua função de passagem, tem um significado maior. Por ser muitas vezes uma
um espaço de convivência e lazer dos habitantes urbanos”. (ROBBA; MACEDO, 2010 p.15).
extensão da casa, é um local onde existe uma troca de convívio, sociabilidade e é também um local de encontro, como as praças
A praça é um elemento urbano por ser uma parte do desenho
e parques que também oferecem o mesmo tipo de troca, sendo
espacial pertencente à cidade. A praça está relacionada às
uma área de lazer e descanso.
questões sociais, formais e estéticas de um assentamento. Não sendo possível falar sobre praças sem algum conhecimento sobre
A ausência de áreas livres públicas de qualidade é visível na
o contexto urbano no qual está inserida.
periferia por não ser uma região que tenha investimento, são áreas geralmente improvisadas e precárias, mesmo sendo principais para a vida pública numa escala local.
O conceito usado por Robba e Macedo é de que as praças são espaços livres de edificação, públicos e urbanos, destinados ao lazer e ao convívio da população, acessíveis aos cidadãos,
“Bohigas compartilha com Borja o princípio de valorização do conceito de espaço público enquanto
livres de veículos e que não ocupem mais de duas ou três quadras consecutivas.
um instrumento privilegiado a se refazer as cidades e
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para requalificar as periferias, para manter e renovar
O contexto urbano da área em estudo mostra que mesmo
os centros antigos e produzir novas centralidades, para
as praças existentes que tiveram investimento do poder público,
costurar os tecidos urbanos e para dar valor cidadão às
não são acessíveis aos cidadãos ou não tem qualidade suficiente
FUNDAMENTAÇÃO para o uso dos moradores, o que a torna inutilizável e vulnerável para apropriações irregulares. Ao longo dos anos as praças assumiram diferentes tipos de uso. Por exemplo, na antiguidade a praça, ágora – como era conhecida, era um espaço destinado a troca de conhecimento e cultura, local de expor ideias. Na idade média esse espaço era utilizado para eventos, como casamentos, comércios entre outros. No período renascentista as praças tinham sentido como local destinado às artes, vegetação e contemplação, o que lembra os dias atuais. Atualmente, a função dinâmica da cidade é a sociabilidade, sendo este um espaço ajardinado e normalmente a vegetação é priorizada. De acordo com o tempo a função social das praças foi se modificando. A praça colonial tinha sua função voltada para o convívio social, uso religioso, uso militar, comércio e feiras, circulação e recreação; no período eclético a contemplação, o passeio, convívio social e a paisagem era sua função; já no moderno foi acrescentado o lazer esportivo, e no contemporâneo os comércios, serviços e circulações fazem parte dessa função social das praças. Diante das diferentes configurações urbanas existentes observase a praça como um lugar privilegiado da cidade, principalmente pelo seu caráter de espaço multifuncional. Essa importância pode ser reconhecida nas políticas contemporâneas de intervenção urbana, nas quais a praça é um elemento fundamental. A praça é capaz de se modificar e se adaptar às transformações das cidades, possibilitando apropriações diversas. Essa característica faz com que a praça adquira, historicamente, uma diversidade de formas e funções, sem perder sua essência como espaço coletivo.
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20
ESTUDOS DE CASO Os estudos de caso que serão apresentados, traz conceitos
3.1 TIERRA DE NINÕS
que já haviam sido pré-estabelecidos para o projeto final do trabalho de conclusão de curso. Foi estudado principalmente
O peruano Rogelio Ramos Huamán quis repetir uma
projetos que tivessem uma preocupação com o uso das áreas
experiência que teve na escola, na vizinhança de Comas, onde
livres de edificação da cidade, junto com ações de ordem
ele havia sido encarregado de cuidar de um pequeno terreno
pública, onde a comunidade desempenhasse o papel de mudar
vazio e bandonado, plantando sementes e regando as plantinhas.
o local, tais como: inserção urbana, requalificação da paisagem, através de mobiliário, plantações, brinquedos para criança,
Em alguns meses, essa ação criou diversos jardins infantis
apoio de colabores. Um projeto em especifico – Favela do Sapé,
espalhados, fazendo com que a comunidade chegasse à
foi selecionado por sua solução com a questão do córrego,
prefeitura, pedindo autorização para ocupar um terreno maior da
problemática existente na área em estudo.
região com 120 m², um terreno totalmente abandonado e cheio de lixo. O objetivo das crianças era transformar em um bosque,
Dentro de cada projeto escolhido é ressaltado algum
com vasos de plantas, árvores frutíferas e bancos para leitura.
conceito, onde é possível entender e ver tais conceitos em prática, junto à diferentes modos de aplicação.
Os moradores conseguiram dar a comunidade uma área até então inexistente para as crianças brincarem. Existe uma iniciativa da ONG Ania, para estimular o desenvolvimento sustentável por meio do contato das crianças com a natureza.
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ESTUDOS DE CASO Imagem 2 - TIERRA DE NIÑOS - INTERVENÇÃO CONSOLIDADA
FONTE: https://pt.slideshare.net/karenniedermeyer/tierra-de-ninos-part-1
Imagem 4 - CONCEBENDO O LOCAL
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FONTE: https://pt.slideshare.net/karenniedermeyer/tierra-de-ninos-part-1
Imagem 3 - ANÁLISE DO LOCAL
FONTE: https://pt.slideshare.net/karenniedermeyer/tierra-de-ninos-part-1
ESTUDOS DE CASO Desde a criação desse projeto, há 23 anos envolveu ao menos
correr. Esse projeto conseguiu alcançar as escolas públicas, sendo
20 mil crianças de diferentes países, conseguindo transformar dois
institucionalmente implementado e pode conseguir êxito sendo
milhões de metros quadrados de terra. O TiNi (Tierra de Ninõs) foi
realizado em outros locais.
institucionalizado em 2015 pelo Ministério da Educação. O TiNi, consiste em ceder às crianças, pequenas áreas de terra,
Imagem 5 -
PROJETO EM USO
sendo ela o terreno coletivo da escola, a pracinha abandonada no bairro ou a varanda de uma casa. “Entregamos a terra com um contrato, que as crianças assinam. Aquela área passa a ser protegida por elas, e elas têm ali a liberdade de empreender suas iniciativas. Assim, damos valor a sua capacidade de melhorar o mundo”, diz Leguía. Para essas áreas as crianças não usam nenhum grande recurso, se apropriam da terra com a ajuda dos vizinhos e aos poucos criam as áreas com espaços lúdicos e coloridos tornando o local seguro, longe de crimes e violência. O objetivo desta ação é fazer com que os moradores da comunidade, no caso as crianças, transformem seu entorno e reconheçam o papel delas no desenvolvimento sustentável. Hoje se percebe que é difícil encontrar espaços públicos, de qualidade e que conecte a infância com a natureza. O jornalista
FONTE: https://pt.slideshare.net/karenniedermeyer/tierra-de-ninos-part-1
A escolha dessa referência se deu pela importância que a comunidade teve ao conceber novos espaços através de pequenas ações feitas pelas crianças, além disso, a força que o projeto criou sendo levado para outros países e conseguindo obter apoio do Ministério da Educação.
americano Richard Louv – fundador do movimento Criança e Natureza, que acredita... ”em uma infância onde a criança é deixada livre para experimentar-se em movimento na natureza, acompanhando seu próprio ritmo e tempo”. - ressaltou o termo “distúrbio de déficit de natureza” que descreve os impactos da urbanização extrema nas crianças. Para o autor criar espaços acessíveis aos jovens é o primeiro passo, pois não adianta criar espaços paisagísticos sem que tenha espaços para usar, brincar e
23
24
“
A tecnologia nunca vai substituir a sensação de correr na grama ou de subirem uma árvore.
“
diz Rogelio Ramos Huamán em publicação no ano de 2018.
25
ESTUDOS DE CASO 3.2 A CIDADE PRECISA DE VOCÊ
Imagem 6 – PRAÇA DA AMIZADE – MOBILIÁRIOS FEITO PELA COMUNIDADE
Em um mundo cada dia mais urbanizado, o espaço público é um tema muito falado e segundo a ONU, os espaços públicos que incluem praças, parques, ruas e calçadas, ocuparão metade do território das cidades, por ser algo indispensável na cidade. A cidade precisa de você é um instituto sem fins lucrativos, constituída em fevereiro de 2016, onde tem um coletivo de pessoas que pensam e transformam lugares, formam uma rede comprometida em construir cidades inovadoras e seguras, agindo por meio de investigação e teste com a população, ativando as potencialidades do local. A instituição também trabalha no desenvolvimento do mobiliário urbano, usando as inovações locais. Há pesquisas modelos possíveis de PPS (Parcerias PúblicoSociais) que incentivam o cidadão a colaborar com seus talentos e habilidades, assim eles conhecem os processos de construção através de workshops e oficinas oferecidos pela instituição. Essa
FONTE: https://www.acidadeprecisa.org/
Imagem 7 – ENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE NA CONCEPÇÃO DO PROJETO
transformação se dá através da ativação e melhoria de espaços públicos, pois eles são vitais para o objetivo deste projeto.
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FONTE: https://www.acidadeprecisa.org/
ESTUDOS DE CASO Localizado na zona oeste, na região do Butantã, próximo a Comunidade São Remo existia uma pequena faixa de terra com
Imagem 8 – ANTES
cerca de 200 m² com árvores, plantas e um balanço, ganhando o nome de Praça da Amizade. A iniciativa da a cidade precisa de você faz muitas parcerias, como com o coletivo Batatas Jardineiras, especializado em áreas verdes para espaço público; a equipe Mão na Massa que construiu uma mesa para pic-nic, bancos, e brinquedos para as crianças; apoio da YELLOW bike. A instituição criou os primeiros plantios, implementaram uma pequena banca de fruta, criaram uma área destinada para as crianças pequenas brincarem, uma pequena biblioteca comunitária e junto às outras instituições já citadas, conseguiu transformar o local em um local de qualidade que passou a ser
FONTE: https://www.acidadeprecisa.org/
frequentado também a noite. Ou seja, pessoas fazem lugares, transformam lugares com pequenas iniciativas e atraindo e
Imagem 9 – DEPOIS
conquistando mais pessoas.
FONTE: https://www.acidadeprecisa.org/
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ESTUDOS DE CASO Por ser um instituto sem fins lucrativos, o enfoque deste projeto é fazer com que um coletivo de pessoas que querem transformar lugares, tenha essa oportunidade. Através de da ajuda da comunidade a praça em análise foi completamente modificada, para ela foram criados mobiliários novos, plantio, e uma área destinada para as crianças. Foi através dessas ações que a praça criou uso e reativou o local, dando aos moradores a possibilidade de lazer a qualquer hora do dia, através desse projeto foi possível criar um ambiente inovador e seguro que teve forças para conquistar uma parceria com outras entidades, como exemplo a bicicleta YELLOW. É através de ações como essa, onde envolve a comunidade que se chega no resultado final, sendo ele a ativação de locais sem uso.
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ESTUDOS DE CASO 3.3 FAVELA DO SAPÉ A favela do Sapé teve sua urbanização sendo uma iniciativa da Secretaria da Habitação Municipal de São Paulo, projeto da Base Urbana + Pessoa Arquitetos, que conseguiu atender 2500 famílias em condições precárias de moradia. O partido geral do projeto é a costura urbana entre as duas margens do córrego a partir do desenho de espaços públicos. Desta forma o projeto se tornou uma ferramenta de inclusão através dos desenhos projetuais, oportunidades de conexão, encontro social, vivência e troca no espaço público urbanizado. Ao unir em desenho urbano, a infraestrutura e a habitação, o projeto cria espaços para melhorar a mobilidade urbana, a qualidade ambiental, a moradia, o lazer, o trabalho, possibilitando uma relação de pertencimento que traz melhorias de vida para a cidade.
Imagem 10 – FAVELA DO SAPÉ - IMPLANTAÇÃO
FONTE: https://www.archdaily.com.br/br/796521/reurbanizacao-do-sape-base-urbana-plus-pessoa-arquitetos
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ESTUDOS DE CASO Este projeto consiste nas formas como foi pensada a recuperação das águas e das margens do córrego Sapé, seguida por sua canalização e implantação de faixa de mobilidade e lazer no entorno do curso d’água.
Imagem 11 – CORTE – SOLUÇÃO PARA CANALIZAÇÃO DO CÓRREGO
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FONTE: https://www.archdaily.com.br/br/796521/reurbanizacao-do-sape-base-urbana-plus-pessoa-arquitetos
ESTUDOS DE CASO O projeto do sistema de drenagem do córrego do Sapé usou como referência o projeto feito pela SVMA (Secretária Municipal do Verde e do Meio Ambiente). Foi desenvolvida a geometria das seções do canal, respeitado a topografia original do leito, sem alterar as cotas de fundo e suas larguras, de forma a realizar um desenho com várias seções hidráulicas (em T, mista e reta). Esta estratégia foi usada para que aproximasse visualmente o nível de água do passeio, deste modo as margens de áreas livres – não edificadas- foram utilizadas para rearborizar o caminho, criar praças de encontro e atividades de lazer. Em função da baixa declividade de todo o caminho foi proposto uma ciclovia ao longo da margem esquerda que se conecta a ciclovia projetada.
Imagem 12 – ANTES
FONTE: htt ps://www.archdaily.com.br/br/796521/reurbanizacao-do-sape-base-urbana-plus-pessoa-arquitetos
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ESTUDOS DE CASO Imagem 13 – DEPOIS
FONTE: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/15.170/5441
A solução para a questão do córrego foi o motivo pelo qual esse projeto foi escolhido. Esse recurso possibilitou reunir duas questões importantes para o projeto, a primeira é o tratamento de esgoto, com vários tipos de seções e a segunda a aproximação do nível da água ao do passeio, criando áreas livres não edificadas que podem ter diferentes tipos de uso. Dentro do perímetro em estudo existem dois córregos, que precisarão de tratamento e a possibilidade de unir dois fatores, áreas livres e o tratamento de esgoto, seria o motivo principal para essa escolha.
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TERRITORIALIZAÇÃO 4.1 LOCALIZAÇÃO
O êxodo rural na década de 1970 ajudou no aumento populacional da região que atraíam as pessoas pelo parcelamento
O perímetro escolhido está localizado na subprefeitura da
e a possibilidade de possuir um pedaço de terra dos loteamentos.
Cidade Ademar, no distrito do Jabaquara - zona sul. A região da Cidade Ademar tem seus bairros e vilas surgidos, devido ao grande
Até 1996, a região administrativa de Santo Amaro tinha a
impulso do processo de urbanização, onde os loteamentos eram
Cidade Ademar como uma região periférica que fazia parte do
vendidos para aqueles que buscavam uma vida melhor.
seu centro urbano, esta informação ajuda a entender o motivo da região sofrer tanto pela falta de recursos, investimentos públicos em saúde, educação, asfalto, creches, transportes e condições
Imagem 14 – CIDADE ADEMAR, LOCALIZAÇÃO
dignas de moradia. O centro urbano de Santo Amaro sempre foi uma prioridade por ser um complexo industrial, sendo o maior na América Latina, e suas demandas da periferia deixadas em segundo plano. A Subprefeitura Cidade Ademar foi decretada pelo prefeito Paulo Maluf, em 1997. E o prefeito Celso Pitta foi quem acrescentou o distrito de Campo Grande nesta divisão geográfica.
FONTE: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro: Mapa_sp.png e modificado pela autora
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TERRITORIALIZAÇÃO Através de movimentos sociais, após 1970, a situação começou a mudar, pois existia uma luta pela melhoria na qualidade de vida. No entanto, os políticos que faziam promessas de mudança para região nunca cumpriram com sua palavra, apenas ignoravam os problemas locais. A região da Cidade Ademar, é cortada por importantes corredores, como a Av. Cupecê, Av. Washington Luís, Av. YervantKissajikian, Av. Nossa Senhora do Sabará, Av. Nações Unidas, Estrada do Alvarenga e Av. Alda que faz divisa com o município de Diadema. Hoje, por conta de seu grande adensamento a região não tem condições de expansão e existem poucas áreas disponíveis para isso.
Imagem 15 – DENSIDADE DEMOGRÁFICA – CIDADE ADEMAR
FONTE: http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx e modificado pela autora
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TERRITORIALIZAÇÃO 4.1.2 PERÍMETRO
Imagem 16 - MAPA PERÍMETRO
O recorte do perímetro foi feito a partir das três áreas escolhidas 1, 2 e 3, incluindo uma importante avenida da área a Av. Cupecê e Av. Vereador João de Luca, vias que farão a conexão entre as três áreas possibilitando a criação de um sistema de áreas livres piloto que consiga expandir e acrescentar as demais áreas em potencial. Por ter grande adensamento populacional a região, tem também uma divisão social, pessoas de diferentes níveis econômicos, pessoas de baixa renda em favelas, residências de baixo padrão e conjuntos habitacionais. Além disso, possui muito comércios, serviços, escolas municipais, estaduais e particulares, creche, e o grande parque do Nabuco.
FONTE: Autoral
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TERRITORIALIZAÇÃO Imagem 17 - MAPA PERÍMETRO
A Av. Cupecê e Av. Vereador João de Luca, divide este território, e é na parte esquerda do mapa onde é demarcado o perímetro de intervenção que se nota a falta de áreas verdes e espaço público. As áreas existentes são pouco utilizadas e não tem nenhuma conexão com as demais, sendo na maioria das vezes degradadas ou subutilizadas. Por ser uma área muito adensada, e tendo suas quadras com diferentes tipos de uso e ocupação do solo, o fluxo de pessoas da região é muito intenso.
FONTE: Autoral
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TERRITORIALIZAÇÃO A hidrografia é uma questão relevante neste território, porque
Em São Paulo as Macrozonas são divididas em Macrozona
dentro de duas áreas existe córrego, sendo um deles canalizado
I e Macrozona II, e em cada uma delas é subdivido em quatro
e o outro não. O córrego Arrieiro, encontrado na área 1 não está
macroáreas. O perímetro estudado está na Macrozona I –
canalizado e tamponado. Na área 2 o córrego existente já esta
Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana.
canalizado.
Imagem 19 - MACROZONA
Imagem 18 – HIDROGRAFIA
LEGENDA MACROZONA DE ESTRUTURAÇÃO E QUALIFICAÇÃO URBANA PERÍMETRO
FONTE: http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx e modificado pela autora
FONTE: http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx e modificado pela autora
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TERRITORIALIZAÇÃO “As
Macroáreas
definem
a
base
territorial
para
o
Imagem 20 - MACROÁREA
planejamento e a gestão urbana e ambiental do município de São Paulo e amparam os objetivos e estratégias orientadas por um projeto de cidade”. (Gestão Urbana SP) O perímetro de intervenção encontra-se entre dois tipos de macroárea, a macroárea de redução de vulnerabilidade, que tem como diretriz a melhoria do espaço urbano, equipamentos, infraestrutura, inclusão social e a integração entre diferentes modais do sistema de transporte coletivo; e a macroárea de estruturação metropolitana, onde é reconhecido como um
LEGENDA
território estratégico de transformação, onde podem incidir
MACROAREA DE REDUÇÃO DA VULNERABILIDADE URBANA
instrumentos
específicos
para
promover
transformações
urbanísticas e regularização fundiária de assentamento precário e irregular, ocupado por uma população de baixa renda com oferta adequada de serviços, equipamentos e infraestrutura
MACROAREA DE ESTRUTURAÇÃO METROPOLITANA PERÍMETRO
FONTE: http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx e modificado pela autora
urbana.
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TERRITORIALIZAÇÃO O zoneamento da área está dividido em duas categorias, a primeira delas é a Zona Eixo de Estruturação da Transformação Urbana – ZEU,que são porções do território em que se pretende promover o uso residencial e não residencial com densidade demográfica e construtiva alta, além de promover a qualificação da paisagem e dos espaços públicos de forma articulada ao sistema de transporte público coletivo; e a Zonas Mistas (ZM) que são porções do território em que se pretende promover de forma predominante o uso residencial e não residencial, de densidade construtiva e demográfica baixa e média. A principal característica da zona mista é tornar possível a diversidade de usos, que preserve a morfologia urbana existente e acomodação dos novos usos, do que a intensa transformação.
Imagem 21 - ZONEAMENTO
FONTE: http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx e modificado pela autora
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PROPOSTA 5.1 ESTRATÉGIAS Os espaços livres de edificação são essenciais na requalificação dos territórios locais, porque conseguem atender as necessidades dos moradores, com os espaços de encontro e convívio de diferentes formas. Como já dito, a região em estudo é muito bem consolidada, porém durante as visitas no local, foi notado que apesar de ter áreas públicas, como praças, a maioria dos espaços tem seu uso inadequado, subutilizado e/ou degradado, o que leva a falta de uso, ou apropriação irregular. Desta maneira o perímetro foi escolhido com o intuito de dar a essas áreas o que elas precisam para se tornar potenciais na vida e nas relações dos moradores, podendo também ser parte da cidade, e não uma área de resquícios, tornar esses espaços públicos já existentes em catalisador das transformações urbanas e sociais que irão acontecer na área, pós intervenção. Dentro do perímetro encontram-se três áreas principais. A Área 1 têm uma individualidade, uma escola e uma creche bem no meio do terreno, dividindo-o em duas partes, além disso tem um córrego não canalizado que passa por todo o terreno; A área 2 fica entre duas grandes avenidas, Av. Vereador João de Luca e a Av. Cupecê, também dividida, esta fica em frente ao parque Nabuco, e têm uma parte já requalificada, uma praça com pista de skate e áreas de lazer. Encontra-se ao lado de duas praças de uso ativo, que são incorporadas no perímetro como forma de conexão deste sistema; A área 3 fica ao lado de uma habitação de interesse social (HIS) e da escola E.E. Professor João Evangelista Costa, com um pequeno córrego canalizado, mas que sofre com as moradias irregulares e a falta de cuidado preservação com o espaço coletivo.
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PROPOSTA 5.2 PROPOSTA – Estudo Preliminar
Imagem 22 - PLANO DE MASSAS
Baseado nas referências projetuais citadas anteriormente, esse projeto tem como objetivo reunir as três áreas escolhidas criando uma unidade e identidade com os ambientes qualificados para receber o incentivo social da comunidade e da população, através do envolvimento da comunidade para transformar esses locais. Na área 1 por exemplo, por ter a Escola Estadual José Hermenegildo Leoni Professor, terá alguns espaços destinados as crianças e ao incentivo da conscientização infantil, desta forma a escola se torna um catalisador para realização desse projeto. O propósito é criar espaços com qualidade para receber as atividades da população, transformando locais de resquícios e sem qualidade, em novos locais requalificados que fazem parte da cidade, graças ao uso e preservação da população.
FONTE: Autoral
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PROPOSTA As áreas demarcadas no perímetro como 1, 2 e 3 serão
Imagem 23 - ACESSO
conectadas através de seu desenho de piso. A paginação proposta fará com que elas tenham uma unidade, e os mobiliários serão desenvolvidos através de atividades feitas pelos moradores, de forma que seja estimulado o trabalho social aproximando os moradores e usuários a preservar o local. Os itens apontados são elementos que vão ajudar na ativação de uso e articulação das áreas demarcadas, para assim criar um sistema de áreas livres públicas que tenham como movimento principal a participação dos moradores. Para criar uma unidade de sistema, serão propostos os mesmos elementos em cada área, sempre respeitando a individualidade e necessidade de cada uma. • Novos mobiliários urbanos • Áreas para atividades • Canalização do córrego • Novo desenho de Piso permeável • Área de estar • Brinquedos • Iluminação
FONTE: Autoral
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PROPOSTA Imagem 24 - IMPLANTAÇÃO
FONTE: Autoral Escala: 1: 5000
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PROPOSTA ÁREA 1
Imagem 26 - CÓRREGO EXISTENTE
Imagem 28 - ÁREA DE ESTAR EXISTENTE
A topografia se tornou um ponto importante para soluções no projeto, que busca respeitar as condições naturais do terreno. Destaca-se a criação de uma escadaria que conecta o outro lado da praça, que da acesso para uma área de lazer e educação, por ficarem ao lado da Escola e da Creche. A
dificuldade
dos
pedestres
para
acesso de uma espaço para o outro era uma característica marcante, que tinha necessidade de uma conexão que permitia ao passeio um fluxo livre e prazeroso. Para isso foram criadas
Imagem 29 - ACESSO EXISTENTE
duas transposições ao longo da praça que facilite e integre melhor os ambientes de lazer ou as áreas, vale ressaltar que o projeto prevê a
Imagem 27 - CÓRREGO EXISTENTE
inclusão dos córregos no cotidiano dos usuários, sendo assim o córrego deixa de ser visto como uma barreira e passa a exercer o papel de conectar , aproximar e contemplar a paisagem.
Imagem 25 - ÁREA DE LAZER EXISTENTE
FONTE: Autoral
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PROPOSTA ÁREA 1
Imagem 30 - ÁREA 1
A topografia se tornou um ponto importante para soluções no projeto, que busca respeitar as condições naturais do terreno. Destaca-se a criação de uma escadaria que conecta o outro lado da praça, que da acesso para uma área de lazer e educação, por ficarem ao lado da Escola e da Creche. A dificuldade dos pedestres para acesso de uma espaço para o outro era uma característica marcante, que tinha necessidade de uma conexão que permitia ao passeio um fluxo livre e prazeroso. Para isso foram criadas duas transposições ao longo da praça que facilite e integre melhor os ambientes de lazer ou as áreas, vale ressaltar que o projeto prevê a inclusão dos córregos no cotidiano dos usuários, sendo assim o córrego
FONTE: Autoral
deixa de ser visto como uma barreira e passa a exercer o papel de conectar , aproximar e contemplar a paisagem. O piso implementado nas áreas 1, 2 e 3 são de cimento intertravados o que possibilita a parcial permeabilizacão do solo e auxilia no processo de drenagem, evitando alagamentos. A escola e a creche que divide a área 1 em duas partes, tem o papel de ajudar a fortalecer a inclusão da população através de aulas, oficinas e palestras, podendo se tornar parceiro de ONG’s, como a cidade precisa de você que irá ajudar ainda mais nesse processo de inclusão. Ao longo da área 1 são encontrado espaços de playground, hortas comunitárias, teatro ao ar livre, estar e arborização.
47
PROPOSTA
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LEGENDA ÁREA 1 Fonte: Autoral Escala 1:750
N
PROPOSTA
50
CORTE AA - AREA 1
CORTE CC - AREA 1
FREITAS P JO RA CO R ÇA G ST E A DA LI M A
RUA DOMENICO PALMA
RUA DOMENICO PALMA 758
759
753
758
778
76
779
2 76
L
9 2.5 76
.78
4
772
E RD CH IM E M CU UN PE IC CÊ IPA
JA
4.4
774
CR
770
A
77
757
O
M
RO
NI
76
0
759
76 0.6 6
P
764.38
4
766
2.5
767
3 2.8 76
O M
76
S TI
AN
768
4 3.7 75
769
P
RU
0
758
759
E HE .E P RM RO EN FE EG SS IL OR DO LE
761 760.71
763
I = 6% 766
RUA HORACIO ALVES DA COSTA
RUA DO ILUMINISMO
LEGENDA
51
P
N
RUA HORACIO ALVES DA COSTA
RUA
P
ÁREA 1 - indicação de corte Fonte: Autoral Escala 1:1500
52
PROPOSTA
53
PROPOSTA ÁREA 2
Imagem 31 - ÁREA 2
Dividida por um espaço de projeto existente de um piscinão, a área 2 não tem problemas de desnível acentuado. De um lado existe o piscinão com áreas de parquinhos, exercício, pista de skate e ciclovia e do outro um espaço subutilizado por moradores de rua. Neste contexto foi pensado uma maneira de unir os dois espaços em apenas um, mantendo o projeto existente do piscinão e tornando o outro uma continuação. Desta forma, é implementado o mesmo desenho de piso da área 1 nos dois espaços da área 2, tendo ao longo do passeio áreas de estar, mesa para jogos e grande arborização. Por estar localizado no meio da avenida cupecê, existe uma conexão entre as avenidas através da praça, sendo possível trazer qualidade no passeio dos usuários. A praça LUIGI PALMA é inserida no perímetro como uma forma de conectar as principais áreas 1, 2 e 3, a ideia é que desta forma as áreas adjacentes a esse sistema se tornem também conexões, tornandoas parte de algo e nao um fragmento da cidade. As faixas de pedestre implementada é uma forma de trazer segurança para os todos, ao transitar para as demais áreas.
54
FONTE: Autoral
PROPOSTA Imagem 32 - ÁREA SUBUTILIZADA
Imagem 35 - PISTA DE SKATE EXISTENTE
Imagem 33 - ACESSO EXISTENTE
Imagem 36 - ÁREA SUBUTILIZADA
Imagem 34 - ÁREA DE LAZER EXISTENTE
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56
LEGENDA ÁREA 2 Fonte: Autoral Escala 1:750
N
PROPOSTA
58
PROPOSTA
LEGENDA ÁREA 2 - indicação de corte Fonte: Autoral Escala 1:1500
N
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PROPOSTA
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PROPOSTA ÁREA 3
Imagem 37 - ÁREA 3
Uma característica dessa área é estar ao lado da escola E.E. Professor João Evangelista Costa, e perto de uma favela, com muitas famílias em vulnerabilidade social. Assim, a implementação de requalificação nesta área tem como principal objetivo a inclusão, trazendo para este pequeno espaço uma área de lazer. A área conta com um córrego já canalizado e dá acesso direto para a Escola. Por ser um local de alto fluxo, esta área precisava de mobiliários de permanência, e devido ao seu tamanho alguns elementos para lazer, não foram incluso. Esta praça esta muito próxima da área 2, sendo possível usufruir de outro espaço com maior numero de equipamentos, e
FONTE: Autoral
conseguindo assim, incluir essas pessoas na cidade.
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PROPOSTA Imagem 38 - ÁREA SUBUTILIZADA
Imagem 40 - ACESSO PARA A ESCOLA
Imagem 41- ACESSO PARA A ESCOLA
Imagem 39 - PASSEIO EXISTENTE
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Imagem 42 - CÓRREGO CANALIZADO EXISTENTE
LEGENDA ÁREA 3 Fonte: Autoral Escala 1:750
N
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PROPOSTA
LEGENDA ÁREA 3 - indicação de corte Fonte: Autoral Escala 1:1500
N
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66
PROPOSTA
ARBUSTO
ARBUSTO
IPÊ-ROSA
IPÊ-AMARELO
JACARANDÁ PAULISTA
O Piso escolhido para uso das áreas pavimentadas é o intertravado por possuir características de parcialmente permeável
Piso permeável
Grama
Piso permeável
Grama
Piso permeável
Grama
AÇOITA-CAVALO
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CONSIDERAÇÕES FINAIS O
projeto
de
SISTEMAS
DE
ESPAÇOS
PÚBLICOS
–
Requalificação, no distrito de Cidade Ademar é a criação de um sistema em três áreas, sendo elas, subutilizada, degradada ou área de resquício a partir do desenho adequado para necessidade desses espaços públicos. A leitura das condições dessa área denota que muitos espaços livres quando não são utilizados frequentemente pela população, tende a se tornar uma área com uso irregular, trazendo más condições para a paisagem urbana. Desta forma o projeto constitui-se como ferramenta de inclusão na medida em que suas ações desenham oportunidades de conexão, encontro social, vivência e troca no espaço urbanizado. Ao unir em desenho urbano infraestrutura e criando espaços para melhorar a mobilidade urbana, a qualidade ambiental, o lazer e possibilitando uma consciência de pertencimento que colabora para a melhoria da vida na cidade. Incluir no mesmo ambiente o lazer e a educação, por isso o projeto cria espaços destinadas para atividades com a escola, atividades de ordem pública, cultural e sustentável. Se preocupa em trazer o córrego como um elemento, além da conexão criada entre as três áreas através do desenho de piso. Desta forma, acredito que através desse projeto é possível mostrar que há diferentes formas de resolver os espaços livres, onde as pequenas ações da população pode mudar o cenário em que a paisagem urbana se encontra.
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BIBLIOGRAFIA
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