ÀS MARGENS DO CÓRREGO ÁGUA ESPRAIADA REQUALIFICAÇÃO DOS ESPAÇOS LIVRES EXISTENTES
VICTÓRIA DE BARROS FREIRE IANNI
ÀS MARGENS DO CÓRREGO ÁGUA ESPRAIADA Requalificação dos espaços livres existentes
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação apresentado ao Centro Universitário Senac como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo.
SÃO PAULO 2019
Orientador: Prof. Fabio Robba
Dedico este trabalho a todos que contribuíram de alguma forma para a minha formação acadêmica.
AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, gostaria de agradecer aos meus pais por me proporcionarem o melhor que podem, por sempre estarem ao meu lado em todos os momentos e por acreditarem no meu potencial e no meu sonho de me tornar uma arquiteta formada. Sem o apoio deles, eu jamais conseguiria chegar no final do curso. Agradeço a coordenadora Valéria Fialho e a todos os professores que me acompanharam durante esses cinco anos de curso e que, de alguma forma, contribuíram para o meu crescimento e conhecimento acadêmico e profissional. Agradeço também o meu orientador Fabio Robba, por toda a ajuda e incentivo. Sua orientação foi de grande importância para o desenvolvimento, produção e finalização do presente trabalho.
RESUMO
ABSTRACT
O presente trabalho refere-se a um estudo aprofundado da região do Brooklin, especificamente nas margens do Córrego Água Espraiada, na zona sul de São Paulo, e à identificação de seus problemas e potencialidades para a proposição de uma requalificação nos espaços livres de edificação existentes e proporcionar a integração do lazer urbano para os moradores e para todas as pessoas que vão frequentar o local. Para isso, deve-se considerar os conceitos básicos de espaços livres de edificação, assim como a compreensão da função do lazer urbano nas cidades contemporâneas, pois o projeto é resultado de um embasamento teórico que possibilita a criação de ideias e alternativas para o projeto.
The present work refers to an in-depth study of the Brooklin region, specifically on the banks of the Água Espraiada Stream, in the south of São Paulo, and the identification of its problems and potentialities for proposing a requalification in the existing open spaces. and provide the integration of urban leisure for residents and for all people who will frequent the place. For this, one must consider the basic concepts of open spaces, as well as the understanding of the function of urban leisure in contemporary cities, because the project is the result of a theoretical basis that allows the creation of ideas and alternatives for the project.
Palavras-chave: Espaços Livres de Edificação. Requalificação. Praças. Lazer Urbano. Córrego Água Espraiada.
Keywords: Open Spaces. Requalification. Squares. Urban leisure. Água Espraiada Stream.
“Se se entende a arquitetura como uma arte, vale a pena dedicar a ela a vida inteira.� CALATRAVA, Santiago
SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................ 10 OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 10 OBJETIVO ESPECÍFICO ................................................................................. 10 ENTORNO .................................................................................................... 11 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 12 METODOLOGIA ............................................................................................ 13 CONCEITOS ............................................................................................ 14 ESPAÇOS LIVRES DE EDIFICAÇÃO ................................................................ 14 ESPAÇOS LIVRES DE EDIFICAÇÃO PÚBLICOS ............................................... 15 LAZER URBANO ............................................................................................16 PRAÇAS DO BRASIL ...................................................................................... 17 CARACTERÍSTICAS DA PRAÇA EM DIFERENTES PERÍODOS ........................... 20 DIFERENÇA ENTRE PRAÇAS E PARQUES ...................................................... 21 AS PRAÇAS E SUAS DEMANDAS CONTEMPORÂNEAS ................................. 21 MÉTODO ................................................................................................ 22 MOSAICO DE ESPAÇOS LIVRES ................................................................... 22 PÚBLICO X PRIVADO .................................................................................. 23 ESTUDOS DE CASO ...................................................................................... 24 O BAIRRO .................................................................................................. 30 HISTÓRIA ..................................................................................................... 30 TRANSFORMAÇÕES URBANAS CONTEMPORÂNEAS ................................... 33 LINHA DO TEMPO – RESUMO HISTÓRICO ................................................... 34 ZONEAMENTO ............................................................................................. 36 DISTRITO E PREFEITURA REGIONAL ............................................................. 38
MACROAREA E MACROZONA ...................................................................... 39 ANÁLISE DA REGIÃO ............................................................................ 40 FOTOS .......................................................................................................... 41 ÁREAS VERDES ............................................................................................ 46 PONTOS DE INTERESSE ............................................................................... 48 TRAVESSIAS ................................................................................................. 49 MONOTRILHO ............................................................................................. 50 HIDROGRAFIA ............................................................................................. 52 TOPOGRAFIA ............................................................................................... 52 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ....................................................................... 53 PROPOSIÇÃO ....................................................................................... 54 PARTIDO DE PROJETO ................................................................................. 54 ÁREA DE INTERVENÇÃO .............................................................................. 54 PLANO DE MASSAS ..................................................................................... 55 DESENHO DE PISOS ................................................................................... 56 ARBORIZAÇÃO ............................................................................................. 57 DEMARCAÇÃO DAS AMPLIAÇÕES ................................................................ 58 AMPLIAÇÕES ............................................................................................... 59 DEMARCAÇÃO DE CORTES .......................................................................... 64 CORTES ........................................................................................................ 66 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 70 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................... 71 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 72 LISTA DE IMAGENS ...................................................................................... 73
INTRODUÇÃO OBJETIVO GERAL
OBJETIVO ESPECÍFICO
Requalificar e conectar os espaços livres de edificação que beiram o córrego Água Espraiada (bairro Brooklin, zona sul de São Paulo), com o intuito torna-los qualificados e utilizados.
Analisar as potencialidades e problemas do bairro; • Identificar os pontos de interesse da região estudada; • Delimitar o perímetro para a intervenção; • Elaborar um projeto paisagístico às margens da Av. Jornalista Roberto Marinho; • Interligar os principais pontos de interesse da região com os espaços livres de edificação existentes a partir do desenho paisagístico e de calçadas.
ESTADO DE SÃO PAULO 10
•
MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
SUBPREFEITURA DE PINHEIROS
ENTORNO
Av. Engenheiro Luís Carlos Berrini Av. Santo Amaro
Av. Jornalista Roberto Marinho
Av. Portugal
Marginal Pinheiros
Av. Vereador José Diniz
o Marinho
obert Av. Jornalista R
Av. Morumbi
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JUSTIFICATIVA
Considerando que o Brooklin, atualmente, é um bairro predominantemente residencial, é importante que ofereça espaços livres de edificação destinados ao lazer urbano, como parques e praças. Após um estudo da região, foi possível identificar as praças / canteiros às margens do Córrego Água Espraiada que têm potencial para atender as necessidades dos moradores e das pessoas que frequentam e que vão frequentar a região. As potencialidades observadas são:
Considerando que o Brooklin, atualmente, é um bairro predominantemente residencial, é importante que ofereça espaços livres de edificação destinados ao lazer urbano, como parques e praças. Após um estudo da região, foi possível identificar as praças / canteiros às margens do Córrego Água Espraiada que têm potencial para atender as necessidades dos moradores e das pessoas que frequentam e que vão frequentar a região. As potencialidades observadas são:
• As praças estão localizadas próximas à uma avenida importante (Av. Jornalista Roberto Marinho); • As estações do monotrilho que está sendo construído estarão localizadas próximas às praças; • Não há nenhum parque público na região; • Não há praças qualificadas na região; • Há uma escola estadual que divide terreno com uma das praças estudadas; • No bairro, não há espaços de lazer públicos coletivos; • Possibilidade de conexão entre os espaços livres de edificação existentes; • Há um ponto de ônibus em frente à uma das praças.
• As praças estão localizadas próximas à uma avenida importante (Av. Jornalista Roberto Marinho); • As estações do monotrilho que está sendo construído estarão localizadas próximas às praças; • Não há nenhum parque público na região; • Não há praças qualificadas na região; • Há uma escola estadual que divide terreno com uma das praças estudadas; • No bairro, não há espaços de lazer públicos coletivos; • Possibilidade de conexão entre os espaços livres de edificação existentes; • Há muitos moradores no bairro, por ser uma área residencial.
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METODOLOGIA
O presente trabalho será desenvolvido com base em uma pesquisa completa da região a fim de se obter todas as informações necessárias para a realização do mesmo. Sendo assim, a metodologia utilizada para que seja possível dar prosseguimento neste trabalho vai se basear em: • • • • • • •
Fazer um levantamentos da região, com fotos, mapas e dados; Visitar o local em diferentes dias e horários para compreender o fluxo de pedestres; Mapear pontos de interesse da região para argumentar na proposta do projeto; Fazer um mosaico de espaços livres para compreendexar a região a ser estudada; Pesquisar projetos similares para ter uma base projetual; Definir o perímetro / área de influência para intervir e projetar; Propor opções de projeto para o local.
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CONCEITOS ESPAÇOS LIVRES DE EDIFICAÇÃO
Os espaços livres de edificação são espaços não edificados e descobertos,
independente de seu tamanho, forma, localização e função, e podem ser classificados em Espaços Livres Públicos, que podem ser as ruas e calçadas, e Espaços Livres Privados, que são as áreas não construídas de propriedades privadas (quintais de casas, espaços livres dentro de condomínios, jardins privados, etc.). Portanto, é possível considerar que um espaço livre de edificação é qualquer espaço que não seja ocupado por um volume edificado. Os espaços livres podem ser arborizados ou não, com ou sem vegetação, tendo ou não mobiliários e equipamentos urbanos e são também áreas de usos comum e coletivo, cumprindo uma função social que vai além de sua funcionalidade. Ao mencionar a vida pública nas cidades brasileiras, os tipos de espaços livres de edificação mais comuns são parques e praças, pois são áreas localizadas, muitas vezes, em espaços públicos e que propiciam o lazer urbano coletivo às pessoas. Na revista Paisagem Ambiente: ensaios – n.21, a autora e arquiteta paisagista Miranda Magnoli afirma que, normalmente, os espaços livres são vinculados à funções específicas, nas quais podem ser muito complexas pelo fato de que esses espaços não se auto selecionam por funções. FIGURA 1 – Espaço Livre Público
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Durante o texto, Miranda cita as funções desses espaços definidas por Marion Clawson, sendo elas: propiciar perspectivas e vistas do cenário urbano; propiciar recreação no mais lato sentido do termo, com amplo de atividades específicas; propiciar proteção ecológica a valores importantes, como prevenção de inundações, preservação de áreas excepcionais e similares; servir como dispositivo ou influência para a morfologia urbana, de tal forma que parte de um extensor aglomerado seja identificado de suas vizinhanças; e preservar presentemente áreas sem utilização para uso futuros. Assim como os espaços residenciais, comerciais e industriais, por exemplo, têm suas funções pré estabelecidas, os espaços livres também tem. Miranda Magnoli cita também as funções dos espaços livres urbanos de acordo com as normas californianas, definindo parques e praças como Espaços Livres, Sanitários e Sociais, nos quais podem ser classificados como zonas de lazer, jardins e praças públicas de quarteirões, parques urbanos, parques regionais e outras áreas de reserva, zonas de deslocamento para o lazer, circulação, pistas para ciclistas, equitação, zonas de ponto de vistas notáveis e zonas para controle e guia do crescimento urbano, capazes de permitir identificação das aglomerações urbanas, assegurando separação entre usos do solo. Os espaços livres públicos, além de suas funções, também são considerados elementos de "comunicação", pois conectam os espaços privados com a vida pública, promovendo o encontro de pessoas. Segundo Miranda Magnoli (2006): “Quaisquer que sejam as distribuições das áreas edificadas será necessário serem associadas, nos aspectos da paisagem urbana, à distribuição no solo, incorporando o espaço livre adjacente às edificações, seja ela particular ou público, individual ou comunitário.” Isso significa que, ao falar sobre espaços livres de edificação, os mesmos devem estar relacionados de alguma forma com o entorno.
ESPAÇOS LIVRES DE EDIFICAÇÃO PÚBLICOS
As cidades urbanas podem ser divididas em espaços edificados (volumes
construídos) e espaços livres de edificação. E dentro dos espaços livres de edificação, constam os espaços livres de edificação privados e públicos. Mesmo com a explicação do conceito de espaços livres de edificação, é preciso compreender também o que são os espaços livres de edificação públicos dentro das cidades urbanas e quais são suas funções. A rua e a calçada, por exemplo, são espaços livres de edificação públicos que têm como função oferecer a circulação de veículos e pedestres, respectivamente. É possível afirmar também que os espaços livres públicos são aqueles espaços de uso comum a todos e que podem ser desenvolvidas atividades coletivas, atividades que requerem o convívio e a junção de pessoas para que possam acontecer. Mesmo que os espaços públicos sejam de responsabilidade do governo, quem os utilizam são os moradores das cidades. As prefeituras, por exemplo, cuidam das praças e fazem as devidas manutenções para que as pessoas as utilizem-nas e as preservem para que não se tornem espaços degradados e inutilizados. Sendo assim, é possível afirmar que a existência dos espaços livres públicos está diretamente ligada com a relação e integração de pessoas nas cidades e também com a qualidade de vida. De algumas décadas para cá, a construção de ruas, avenidas, viadutos e rodovias aumentou radicalmente por conta do crescimento populacional, fazendo com que o número de veículos também aumentasse Com isso, os espaços destinados à circulação de veículos influenciou nos espaços destinados à circulação de pedestres, que vêm, de certa forma, perdendo importância nas cidades urbanas contemporâneas. Este é um problema que pode afetar diretamente na qualidade de vida e na saúde da população, já que o número de veículos vem aumentando, gerando mais poluição no ar e os pedestres andam por calçadas cada vez menores, inacessíveis e desconfortáveis.
Além disso, há outros fatores que influenciam na qualidade do espaço público urbano como, por exemplo, a questão da segurança e a interação com a comunidade. A escritora Jane Jacobs já tratava deste assunto na década de 60, em seu livro Morte e Vida de Grandes Cidades. Uma opção para melhorar o espaço livre público é a criação de uma política que anti exclusão social, defendendo a convivência entre diferentes tipo de pessoas, diminuindo a segregação e as distâncias sociais. Com isso, poderá haver menos violência e mais relação entre as pessoas. Portanto, compreender como a qualidade do espaço livre público urbano é importante vai muito além da estética da cidade. Com calçadas mais largas, acessíveis, arborizadas, é criado um ambiente mais agradável para caminhar, trazendo mais qualidade de vida e bem estar físico e mental para a população. FIGURA 2 – Calçadão de Ipanema
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LAZER URBANO
Assim
como os espaços livres de edificação públicos, o lazer urbano também está inteiramente ligado à qualidade de vida, pois pode ser considerado como sendo a atividade prazerosa praticada no tempo livre das pessoas. A partir da leitura da tese Os espaços e equipamentos públicos de lazer da cidade de Araguaína (TO) sob a ótica de seus moradores, a autora Luciana Souza afirma que os espaços e equipamentos de lazer são propícios para o convívio social, desenvolvimento intelectual, emocional e motor, proporcionando qualidade de vida para os cidadãos de todas as idades. E esses espaços podem ser parques, praças, jardins públicos, centros de eventos, shoppings, cinemas, bares, praias, clubes e outros lugares que oferecem o convívio e recreação. O lazer deve satisfazer as necessidades do indivíduo e tem relação com a qualidade de vida, pois nas cidades urbanas as pessoas vivem em um “caos”, num cotidiano agitado com trânsito e estresse e, para fugir dessa realidade, elas buscam locais de conforto, para descansar e sair da rotina. Por esse motivo, a cidade oferece aos seus habitantes espaços de lazer, como parques e praças, por exemplo. De acordo com a urbanista e professora da Universidade de São Paulo Raquel Rolnik, o lazer humaniza o espaço urbano, pois produz polos de atração que redimensionam o fluxo das pessoas de um espaço para outro mais amplo e agradável. Portanto, é possível considerar que a cidade oferece as conexões entre os pontos de lazer e com isso, surge a necessidade de preservar os espaços viáveis para o lazer, pois são esses que irão oferecer a qualidade de vida que a população procura. Atualmente, um dos problemas que está muito visível nas cidades urbanas é o fato de que a preocupação com a fluidez do sistema viário é muito maior do que a qualificação dos espaços de lazer urbano. O investimento em alargamento de ruas, avenidas, construção de rodovias é drasticamente maior do que em parques e praças públicas e isso faz com que as cidades se tornem um espaço de circulação e não mais de convivência social. 16
A falta de qualificação e manutenção dos espaços de lazer faz com que as pessoas não os ultilizem com frequência, criando espaços pouco utilizados e rejeitados, que acabam sendo considerados perigosos. A urbanista Raquel Rolnik também afirma que é necessário implementar uma política de investimento muito clara na retomada da qualidade do espaço da cidade, na retomada da sua multifuncionalidade e beleza, na retomada da ideia de uma cidade que conecta usos, funções e pessoas diferentes, em segurança. Na sociedade contemporânea, o lazer não é entendido como algo essencial e, portanto, os espaços e equipamentos de lazer não têm a atenção necessária da administração pública. Mas para as pessoas que prezam o lazer, é muito importante, pois é o que possibilita o encontro e convívio com outras pessoas, mantendo relações entre a sociedade e o espaço. Pensando na necessidade de se ter cidades mais humanizadas, é necessário, hoje em dia, relacionar o lazer com a qualidade de vida dos moradores, e para isso, tem que haver um compromisso do governo em todas as escalas, em criar e implementar políticas públicas que visem ampliar o sentido de democracia e cidadania, oferecendo espaços adequados para o lazer e recreação. FIGURA 3 – Lazer Urbano em Salvador
PRAÇAS DO BRASIL
As praças são espaços livres de edificação que têm como função oferecer recreação, lazer e convivência social para a população. E para que seja possível compreender as características e diferenças entre os variados tipos de praças, é necessário analisar suas origens e evolução. No Brasil, as praças surgiram no século XVIII, durante o período colonial e, na época, eram os primeiros espaços livres públicos e urbanos. As praças brasileiras costumam ser associadas com as igrejas católicas, pois as primeiras praças foram construídas ao redor de igrejas. “Logradouro público por excelência, a praça deve sua existência, sobretudo, aos adros das nossas igrejas. Se tradicionalmente essa dívida é válida, mais recentemente a praça tem sido confundida com jardim. A praça como tal, para reunião de gente e para um sem-número de atividades diferentes, surgiu entre nós, de maneira marcante e típica, diante de capelas ou igrejas, de conventos ou irmandades religiosas.” MARX, Murillo in ROBBA; MACEDO em Praças Brasileiras (2002, p. 14). FIGURA 4 – Vista da Praça Matriz em sua primeira urbanização (1890)
As primeiras praças brasileiras atraíram para o local onde estão inseridas residências luxuosas, edifícios públicos e o comércio, além de oferecer o mais importante, a convivência social. Portanto, é possível considerar que as igrejas assumiram por muitos anos, um papel significativo na formação das praças brasileiras. A Praça da Matriz, também conhecida como Praça Marechal Deodoro, em Porto Alegre, é um exemplo dessa formação já que se encontra ao redor da Igreja Matriz. Além disso, neste local há outros edifícios públicos ao redor, sendo eles: o Palácio Piratini, a Assembléia Legislativa e o Teatro São Pedro. Na época, a principal característica das praças brasileiras do período colonial era ter algum templo religioso ou algum edifício público (como um teatro, por exemplo) em suas margens ou dentro delas. No início, os jardins eram restritos às propriedades religiosas, mas depois as praças ajardinadas foram surgindo, destinando-se à atividades recreativas, de passeio e lazer. As praças existentes da época que se tornaram ajardinadas posteriormente, perderam seus papéis de pátio, largo e terreiro e acabaram exercendo outras funções. E com isso, foram surgindo as praças ecléticas causando grandes transformações paisagísticas no país. E foi neste período que as praças públicas passaram a ser projetadas e desenhadas pelos primeiros jardineiros e paisagistas. O desenho paisagístico das praças ecléticas pode ser dividido em duas linhas diferentes: a clássica e a romântica. A linha clássica tem influência dos jardins franceses do século XVI e XVII e tem como características a forma de cruz, simetria, eixos de circulação ortogonal, grandes quantidades de áreas permeáveis, passeio perimetral, canteiros que apresentam formas geométricas e espelhadas, elementos ecléticos pitorescos (espelhos d’água, estátuas, monumentos e fontes), vegetação arbustiva, gramados e geometrização e simetria no plantio da vegetação, sempre buscando a ortogonalidade e centralização. A Praça Paris, no Rio de Janeiro, é um ótimo exemplo de praça brasileira seguindo a linha clássica, pois contém todas as características citadas acima. 17
FIGURA 5 – Planta baixa da Praça Paris, Rio de Janeiro
A Praça Paris, localizada no bairro da Glória (próximo ao centro da cidade), possui jardins em estilo francês, bem similar aos do Palácio de Versalhes. Conta com grandes gramados, chafariz, lago e esculturas, sempre seguindo a forma simétrica. Ao contrário dos jardins ingleses ou românticos, os jardins clássicos franceses seguem rigidamente a geometria e simetria nos traçados dos jardins e vielas, além de demonstrarem o predomínio da razão e domínio do homem sobre a natureza, tentando sempre criar uma natureza perfeita, seguindo o pensamento da época classicista
Outro exemplo é o Museu do Ipiranga em São Paulo, que possui uma praça ortogonal e simétrica à sua frente. Seguindo a linha romântica, as características dos projetos começam a mudar, pois, por serem mais elaborados, precisam de mais área para a implantação. Com influência inglesa, os projetos paisagísticos românticos têm as seguintes características: traçados mais orgânicos e sinuosos, recantos contemplativos, lagos serpenteantes, busca pelo naturalismo, criação de cenários naturalistas e visuais, uso de espécies exóticas europeias e nativas de plantas, mantimento dos equipamentos ecléticos pitorescos e da quantidade de área permeável. FIGURA 7 – Planta baixa da Praça da República, São Paulo
FIGURA 6 – Praça Paris, Rio de Janeiro
A partir do século XX, começaram a surgir projetos paisagísticos que mesclavam as duas linhas de projeto, chamadas de praças românticoclássicas. 18
Ainda neste período, ocorreram drásticas transformações urbanas por conta da migração “campo – cidade” e isso acabou gerando um aumento da população e, consequentemente, mudanças nos espaços livres de edificação das cidades, já que começaram a surgir novos hábitos (práticas esportivas, recreação ao ar livre, etc.). E foi neste período que ocorreu a transição do ecletismo para o modernismo, tendo o paisagista Burle Marx como grande paradigma dessa época. A praça moderna adquiriu novas características e o programa de atividades nela também evoluiu, tendo novas formas de uso. Ela passou a ser estruturada por áreas de estar, deixando de lado a característica eclética de possuir eixos e caminhos e agora, o programa se baseia em lazer esportivo e recreativo. Algumas das características, de acordo com a análise do arquiteto paisagista Fabio Robba e Silvio Soares Macedo, são: - setorização das atividades; - utilização de formas orgânicas, geométricas e mistas (de acordo com os novos padrões estéticos) tanto para piso, como para caminhos, canteiros e espelhos d’água; - liberdade na composição formal, respeitando os dogmas modernistas; grandes áreas de pisos processados; - criação de estares e recantos como elementos centrais de projeto; - circulações estruturadas por sequência de estares; - valorização de ícones e signos de cultura nacional e regional; - vegetação utilizada como elemento tridimensional de configuração de espaços; - plantio em maciços arbóreos e arbustivas, formando planos verticais; - plantio de forrações como grandes tapetes; - larga utilização e valorização da flora nativa e tropical. Tendo em vista essas características, é possível citar algumas praças com referências modernas: a Praça Santos Dumont em Goiânia (também conhecida como Praça do Avião), a Praça Vinicius de Moraes em São Paulo e, como ponto focal, os projetos paisagísticos de Burle Marx.
FIGURA 8 – Planta baixa da Praça Santos Dumont, Goiânia
No final do século XX, surgiram os projetos contemporâneos, mas suas características ainda não eram completamente definidas, pois ainda estavam se configurando nas cidades urbanas. Entretanto, uma delas é a liberdade e excesso de formas e linguagens. Seu programa é muito semelhante ao das praças modernas, mas esta linha possui um caráter mais livre, ou seja, não há uma regra específica para o projeto, além do fato de que a utilização comercial foi retomada. A partir de toda a análise da evolução das praças do Brasil, baseada no livro Praças Brasileiras de Fabio Robba e Silvio Soares Macedo, pode-se afirmar que cada linha projetual possui as seguintes características: 19
CARACTERÍSTICAS DA PRAÇA EM DIFERENTES PERÍODOS
ROBBA, Fabio; MACEDO, S. S. Praças Brasileiras. São Paulo: IMESP, 2002. p. 152.
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DIFERENÇA ENTRE PRAÇAS E PARQUES
Conforme visto acima, as praças cumprem o papel de integrar as pessoas no
contexto urbano, então, de certa forma, dependem do entorno ao qual estão inseridas já que devem interagir visualmente e fisicamente com os elementos que estão ao seu redor. De acordo com a análise do arquiteto paisagista Fabio Robba, é possível afirmar que as praças são origem da convergência de um assentamento urbano, pelo fato de surgirem e existirem a partir do entorno, ou seja, o entorno cria a praça. Os parques, em contrapartida, são caracterizados como espaços com mais áreas verdes, mais vegetação e que, de alguma forma, presam mais pela preservação do meio ambiente, com menor dependência do entorno para existirem. Então, podese considerar que, enquanto as praças dependem do local em que se localizam mantendo esta conexão, os parques são morfologicamente autônomos e nascem “sozinhos”, ou seja, não há a percepção da cidade ao redor dos parques. FIGURA 9 – Praça da República
FIGURA 10 – Parque Ibirapuera
AS PRAÇAS E SUAS DEMANDAS CONTEMPORÂNEAS
As
praças contemporâneas são projetadas com a colaboração da administração pública, mas também com outras formas de “parceria” que envolvem a organização da cidade, na relação entre o público e privado, como por exemplo: empresas, associações de bairro, movimentos sociais, escolas, moradores, etc. E as praças são para uso de diferentes pessoas e grupos sociais e essa diversidade e heterogeneidade marcam o conceito de praça na atualidade. De acordo com o arquiteto paisagista Fabio Robba (2003), nas duas últimas décadas do século XX, muitas mudanças projetuais e programáticas levaram à constituição de uma nova forma de modernidade: uma corrente projetual denominada contemporânea. Rompendo com alguns dos preceitos modernistas, os projetos contemporâneos são diversos e envolvem diferentes posturas. Segundo Robba, quanto à forma, os projetos contemporâneos de praças caracterizam-se pelas revitalizações e restauros da imagem (o velho e o novo uso), pelas reconfigurações e mudanças estruturais, pela colagem decorativa e irreverência, pelo formalismo gráfico como contra ponto à praça ajardinada e e pelas cenarizações. Quanto aos usos, são valorizados a introdução do uso comercial e de serviços (utilitarismo), o direcionamento do uso para a passagem de pedestres e a circulação, com a criação de esplanadas e a revalorização da praça seca, a criação de espaços multifuncionais e adaptáveis, que podem ser utilizados pela população de diversas formas. Além disso, o programa de praça contemporânea inclui a convivência e o lazer ativo, a utilização comercial (que foi banida do espeço público durante o ecletismo) e a liberdade nos projetos que permite aos arquitetos e paisagistas proporem diversas opções funcionais no programa de uma praça.
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MÉTODO
MOSAICO DE ESPAÇOS LIVRES
LEGENDA: ESPAÇOS EDIFICADOS ESPAÇOS LIVRES DE EDIFICAÇÃO PÚBLICOS ESPAÇOS LIVRES DE EDIFICAÇÃO PÚBLICOS DESTINADOS À CIRCULAÇÃO DE PEDESTRES ESPAÇOS LIVRES DE EDIFICAÇÃO PÚBLICOS DESTINADOS À CIRCULAÇÃO DE VEÍCULOS ESPAÇOS LIVRES PRIVADOS DE USO INDIVIDUAL ESPAÇOS LIVRES PRIVADOS DE USO COLETIVO CÓRREGO ÁGUA ESPRAIADA
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PÚBLICO X PRIVADO
A partir do estudo do texto da revista da Miranda Magnoli, foi possível identificar e compreender os espaços livres de edificação da região estudada e o mapa ao lado esquerdo refere-se a este estudo. O mosaico mostra claramente que, acima da Av. Jornalista Roberto Marinho, há muito mais prédios do que abaixo, onde há mais lotes de médio porte e com poucos espaços livres. Com a análise do mapa, é possível presumir as características da região e até a diferença de gabarito de um lado da avenida para o outro. Além disso, pode-se considerar que há poucos espaços livres de edificação públicos em um bairro de caráter residencial e a predominância se encontra às margens do córrego Água Espraiada. E são estes espaços livres (dentro do perímetro demarcado em branco e em vermelho, no mapa do lado direito) que serão estudados afundo para a proposição de projeto. No mapa ao lado direito, é possível visualizar os espaços públicos e privados do Brooklin. Os espaços públicos mostrados no mapa são as calçadas, ruas, praças e canteiros.
ESPAÇOS PÚBLICOS
ESPAÇOS PRIVADOS 23
ESTUDOS DE CASO
RIO CHEONGGYECHEON Localização: Seul, Coréia do Sul Área: 400 km Ano: 1999 - 2003 Autoria: Kee Yeon Hwang
FIGURA 12 – Canal Cheonggyechon
Este parque linear tem como objetivo recuperar o antigo canal Cheonggyecheon. A área se localiza próxima à Universidade de Ewha, fazendo com que seja um local bem frequentado em diferentes períodos do dia. Além disso, o parque trouxe mais infraestrutura e crescimento econômico nas proximidades do canal e ganhou uma fonte que se assemelha a uma cachoeira que tinha no lago original. E grande parte dos materiais demolidos, foram reutilizados na construção deste novo espaço. FIGURA 11 – Parque Linear Fluvial no canal Cheonggyechon
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FIGURA 13 – Canal Cheonggyechon - fonte
SOLUÇÕES APLICÁVEIS: A recuperação do rio foi muito significativa para este projeto, pois foi um marco histórico e cultural para a cidade. Dessa forma, as pessoas podem usufruir das margens do rio, caminhar e contemplar a paisagem. Conforme visto nas fotos, muitas pessoas passam por lá e isso se dá justamento por conta dessa intervenção. Este projeto trouxe muitos benefícios para a cidade, pois virou um atrativo que possibilita a passagem de pedestres, espaços de estar ae de descanso e qualidade de vida na região por conta da fauna e flora e do lazer. Essa conexão com o rio é algo que será implantado no projeto às margens do Córrego Água Espraiada, prevendo, assim como este parque, atrair pessoas para o local e funcionar tanto para a passagem de pessoas quanto também para lazer, descanso e contemplação da paisagem.
FIGURA 15 – Canal Cheonggyechon durante a noite
FIGURA 14 – Canal Cheonggyechon
FIGURA 16 – Festa cultural no canal Cheonggyechon
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AGIAS SOFIAS COMPETITION Localização: Thessaloniki, Grécia Ano: 2012 Autoria: OFFICETWENTYFIVEARCHITECTS Este projeto, chamado de Project Regeneration – Promotion of the Agias Sofias, foi elaborado em 2012, numa competição em Thessaloniki, na Grécia, tendo como objetivo criar uma passagem metropolitana para integrar alguns dos mais importantes monumentos da cidade, além de propor uma paisagem icônica e ecologicamente correta. FIGURA 17 – Prancha da Competição Agias Sofias (2012)
Neste projeto, há espaços de estar e de lazer como: áreas de vegetação densa, áreas de atividade com mesas pinguepongue, áreas para skatistas, playgrounds, áreas de florescimento e horta e bancos para que as pessoas possam se sentar e apreciar a paisagem. É possível notar que o trajeto segue um eixo contínuo e que os autores do projeto se preocuparam em maximizar as áreas verdes, em controlar o acesso de veículos e criar extensos percursos para os pedestres e para ciclistas. O trajeto cria uma rota histórica, pois unifica todos os elementos culturais da área. FIGURA 18 – Projeto Agias Sofias (2012)
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Há também uma preocupação com a iluminação local e de criar áreas de repouso estrategicamente localizadas em direção aos monumentos. O metrô é uma oportunidade que deve ser explorada para melhorar o nível da rua não apenas funcionalmente, mas também esteticamente e ambientalmente. Cada entrada da estação será visível e promovida através do design exclusivo do seu galpão e iluminação e dá acesso à nova paisagem urbana da cidade, com espaços agradáveis, de lazer, de estar e de recreação. FIGURA 19 – Prancha da Competição Agias Sofias (2012)
SOLUÇÕES APLICÁVEIS: As formas deste projeto são algo que chamam bastante a atenção, pois formam um desenho de piso esteticamente bonito e com um ar bem contemporâneo. A linearidade deste projeto também é interessante, pois possibilita uma caminhada contínua e agradável, algo que será incorporado no projeto de requalificação dos espaços livres existentes do Brooklin. Além disso, a priorização de pedestres, a conexão com rio, a iluminação adequada durante a noite, os espaços de lazer e de recreação, e a horta também são itens que serão utilizados, pois são questões muito semelhantes ao que está sendo proposto para este projeto. FIGURA 20 – Projeto Agias Sofias (2012)
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ARROIO DILÚVIO Localização: Porto Alegre, Rio Grande do Sul Área: 17,60 km Ano: 2010 Autoria: Maria Isabel Marocco Milanez
Mesmo que seja um local com maior incidência de passagem, tem ótimos espaços de estar, descanso, contemplação e lazer. Todo o programa prioriza os pedestres e isso acaba se tornando um atrativo na região. FIGURA 22 – 3D da iluminação noturna
O Parque linear fluvial é um projeto de urbanização que prioriza bastante o espaço público e faz uma recuperação dos taludes existentes nas margens do canal. Nele, são criadas plataformas como continuação das calçadas que parecem flutuar em cima do canal em uma malha ortogonal, porém irregular, criando a sensação de movimento. Nas plataformas estão localizados bancos de diferentes formas e tamanhos que criam uma relação com o projeto em si. FIGURA 21 – 3D do Projeto
SOLUÇÕES APLICÁVEIS: A forma como os arquitetos envolvidos trabalharam com a conexão com o canal que estava retificado e canalizado é muito interessantes, pois eles não modificaram o canal em si e tentaram trazer a tona novamente o seu percurso. As travessias de um lado para o outro do canal também poderão ser implantadas no projeto às margens do Córrego Água Espraiada, pois o córrego e a avenida do projeto acabam sendo uma barreira entre os dois lados e as travessias facilitariam a passagem dos pedestres. 28
DICKINSON SQUARE PARK Localização: Filadélfia, Estados Unidos Área: 12,14 km Ano: 1854 Autor: desconhecido O Dickinson Square Park é um parque comunitário localizado no bairro Pennsport, na Filadélfia, Estados Unidos, construído por volta de 1900. O principal objetivo deste parque era tirar as crianças das ruas e leválas para lá, onde teriam mais segurança e comodidade para brincarem e correrem e, por isso, possui ótimas instalações recreativas para crianças.
Além disso, o parque dispõe de quadras de basquete, equipamentos de ginástica e grandes árvores de sombra para garantir um ambiente agradável e confortável a todos que lá frequentam. Hoje, o Pennsport é um bairro densamente povoado e nele há uma comunidade urbana sólida, racial e economicamente diversa, que sofreu mudanças ao longo dos anos por conta de novas construções e reformas. Pelas características do bairro, o Dickinson Square atende às necessidades dos moradores. FIGURA 24 – Dickinson Square Park (2015)
FIGURA 25 – Dickinson Square Park (2015) (2015)
FIGURA 23 – Dickinson Square Park (2015)
SOLUÇÕES APLICÁVEIS: Este parque foi escolhido como referência por ser considerado um espaço de lazer para os moradores do bairro. Apesar de ser simples, é bem arborizado e bem utilizado, com ótimos equipamentos e mobiliários que são cuidados pelas pessoas que lá frequentam. Essas características do parque podem ser implantadas no projeto proposto, desde os espaços recreativos até os usuários do parque. 29
O BAIRRO HISTÓRIA
O Brooklin teve a sua primeira construção em 1822, por Chico Mimi, que, pouco tempo depois, a vendeu para um novo proprietário. O terreno foi sede da fazenda “Casa Grande” (como todos a chamavam) com 174 alqueires. FIGURA 26 – Primeira construção do bairro
FIGURA 27 – Família Klein
No ano de 1867, um casal de alemães, Carlos Klein e Ana Catarina Norgang Klein compraram a fazenda para morarem com seus filhos já nascidos no Brasil. Em 1876, Carlos Klein faleceu, deixando a casa para seu filho João Klein e sua esposa Carolina, que tiveram 8 filhos lá. Quando João Klein faleceu, todo o terreno da fazenda “Casa Grande” foi partilhado para seus 2 filhos homens que, em alguns anos depois, foi vendido para Julio Klauning. Julio, junto com o político da época, Álvaro Rodrigues, começaram então a lotear toda a gleba adquirida e se emprenharam para vender os terrenos loteados. O Dr. Afonso de Oliveira Santos foi o primeiro loteador da gleba entre a Avenida Morumbi e o Rio Cordeiro (onde se encontra a atual Avenida Roque Petroni Jr.) e este loteamento foi chamado de Jardim das Acácias. O perímetro entre a Avenida Morumbi, Águas Espraiadas, Avenida Santo Amaro e Marginal Pinheiros foi a gleba adquirida por Julio Klaunig, onde se encontrava a sede da fazenda “Casa Grande”, e a divisão dos lotes e a venda foram confeccionados por Álvaro Rodrigues. 30
FIGURA 28 – Loteamento por Julio Klauning
Em 1913, a empresa canadense, conhecida como Light, introduziu bondes elétricos na região, gerando um grande interesse imobiliário e atraindo investimentos públicos e privados, fazendo com que o bairro se tornasse tanto industrial quanto residencial. Por último, no mesmo ano de 1922, Pereira Ignácio procedeu ao loteamento da parte alta, entre o córrego Água Espraiada e Cordeiro, desde a avenida Adolfo Pinheiro até a Auto Estrada Washington Luís, atual Avenida Washington Luís. A fundação do bairro só foi considerada em 1922, quando os 174 alqueires da fazenda foram loteados, divididos em pequenos lotes e vendidos em prestações. Portanto, quando os primeiros proprietários dos lotes construíram as suas casas, criando um núcleo regular, efetivou-se o nascimento do bairro.
FIGURA 29 – Bonde Elétrico da Light
O nome do bairro foi dado pela Light, usando como referência o distrito do Brooklyn em Nova Iorque, que significa “ponte pequena”. Com isso, muitas ruas do bairro acabaram adquirindo nomes de diversos locais dos Estados Unidos (Texas, Miami, Kansas, Florida, Nova York, etc.). Até 1935, o bairro pertencia ao município de Santo Amaro que, no mesmo ano, foi extinto. Acredita-se que primeiros moradores do bairro foram ingleses e alemães por conta das características da região na época, com ruas bem arborizadas e belas casas em grandes terrenos. O bairro Brooklin, ao contrário do que muitos pensam, nasceu e cresceu auto suficiente, pois progrediu dentro de suas próprias e naturais divisas e não teve ajuda nem a influência dos poderes administrativos. Em 1959, um homem empreendedor e com muitas iniciativas resolveu construir uma avenida pelo traçado da estrada que conectava Santo Amaro a São Paulo e um ano depois ela foi inaugurada.
Esta avenida possibilitou a integralização da cidade, unindo algumas das regiões metropolitanas de São Paulo ao Brooklin Paulista, que estava ilhado entre os dois córregos por mais de um século, e que hoje está inserido dentro na grande metrópole paulistana. Isso fez com que as pessoas fossem atraídas para o bairro, acarretando em um aumento demográfico para cinco milhões de habitantes na época. E foi neste momento que o bairro começou a perder suas características industriais e a passar por um período de transição, adquirindo o perfil de uma região mais residencial. Em 1960, a Estação Berrini (trem) foi construída e e um centro comercial ao redor da Avenida Luís Carlos Berrini foi formado. Empresas nacionais e multinacionais saíram do centro da cidade e migraram para o Brooklin Novo, que se localiza da Avenida Jornalista Roberto Marinho pra cima. Anos depois, por volta de 1970, com o crescimento e desenvolvimento empresarial da cidade, foi necessário criar novas centralidades empresariais. Uma delas foi para a Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini. Entretanto, a predominância do bairro ainda é de uso residencial. FIGURA 30 – Mapeamento de 1954, VASP Cruzeiro
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Na década de 80, o bairro começou a atrair novos investimentos públicos, como a Operação Urbana Água Espraiada, que visava construir a atual Avenida Água Espraiada, fazer a canalização do córrego e remover as favelas localizadas às margens do córrego. Depois de 5 anos, a Câmara Metropolitana de Transportes recomendou a construção de uma avenida às margens do córrego (Avenida Água Espraiada). O projeto da avenida foi iniciado pelo ex-prefeito Jânio Quadros, que deixou o cargo antes de iniciar a construção. A obra, então, foi interrompida por Luiza Erundina. Mas em 1993, a construção da Avenida Água Espraiada (atual Avenida Jornalista Roberto Marinho) foi retomada pelo político Paulo Maluf. A Avenida Água Espraiada foi inaugurada em 1995 e, apenas 4,5km foi concluído, custando R$840 milhões, o que a tornou a avenida mais cara do mundo na época.
Quase 10 anos após a inauguração da avenida, a Ponte Octávio Frias de Oliveira (Estaiada) foi inaugurada, se tornando um marco arquitetônico da cidade de São Paulo e foto para os cartões postais da cidade. FIGURA 32 – Ponte Octávio Frias de Oliveira (Ponte Estaiada)
FIGURA 31 – Avenida Jornalista Roberto Marinho
E, por último, em 2014, a construção do monotrilho começou (linha acima do Córrego Água Espraiada). Este projeto, além da estação de metrô que foi inaugurada em abril de 2019 (Linha Lilás - Estação Campo Belo) na Avenida Jornalista Roberto Marinho com a Avenida Santo Amaro, influenciará no fluxo de pessoas e valorizará ainda mais a região FIGURA 33 – Construção do monotrilho
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TRANSFORMAÇÕES URBANAS CONTEMPORÂNEAS
O Brooklin é um bairro que sofreu diversas mudanças ao longo dos anos e,
atualmente, se consolida como uma área privilegiada na cidade de São Paulo. A obra do monotrilho vai influenciar ainda mais nos investimentos imobiliários da região, por possibilitar e facilitar o acesso das pessoas à diversos bairros da cidade. A inauguração da Estação Campo Belo do Metrô (Linha 5 - Lilás), em 8 de abril de 2019, já foi um grande atrativo para o bairro, considerando que, anteriormente, as estações mais próximas eram a Morumbi e Berrini da Linha Esmeralda da CPTM, localizadas às margens do Rio Pinheiros. Conforme mencionado anteriormente, o bairro é dividido em Brooklin Velho (da Avenida Jornalista Roberto Marinho para baixo, sentido Avenida Morumbi) e Brooklin Novo (da Avenida Jornalista Roberto Marinho para cima, sentido Rodovia dos Bandeirantes) . Atualmente, o Brooklin nova abriga edifício de médio / ato padrão, com várias sedes de empresas multinacionais concentradas na Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini. Em sua extensão, também se localizam a Sociedade Hípica Paulista e o Hotel Hilton, um dos principais hotéis da cidade. Além disso, dispõe de diversas farmácia e dois hospitais (Santa Paula e São Luís) que são uma referência na região, assim como diversos comércios e serviços (supermercados, restaurantes de qualidade, padarias, agências bancárias, etc.) que atendem aos moradores do local. E por ser um dos centros financeiros da cidade, possui um tráfego intenso durante a semana, principalmente na avenida em si e também, por ser uma região comercial, é o bairro paulistano que mais consome água (cerda de 600 litros de água por habitante por dia). Próximo ao Rio Pinheiros, situa-se a Ponte Estaiada, um dos novos pontos turísticos paulistanos, por ser a imagem dos carões postais da cidade. Já o Brooklin Velho se consolidou como uma região que possui muitas residências de médio / alto padrão mais horizontalizadas, diferente do Brooklin Novo que contém mais prédios
Nesta parte da cidade, acontece a famosa festa Alemã, o Brooklin Fest, e é onde se localizam os shoppings Morumbi e Market Place. Este é um dos bairros que mais recebe lançamentos e propostas imobiliários da cidade e está bem valorizado, atualmente por conta das transformações urbanas e crescimento do bairro. Outra questão importante a ser mencionada é a despoluição do Rio Pinheiros que o governo pretende investir. O Governador João Doria informou, ao lado do presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP) que o compromisso do governo é entregar o Rio Pinheiros limpo até dezembro de 2022 e que terá condições adequadas e padrão internacional de classificação. Entre as áreas que receberão investimentos (cerca de R$1,5 bilhões), está o Córrego Água Espraiada que passa pelo bairro Brooklin. Lazer, turismo e melhora no trânsito são alguns dos benefícios diretos que vão acontecer com a requalificação e limpeza do rio, de acordo com os integrantes do projeto “Por uma Cidade Navegável”. FIGURA 34 – Projeto “Por uma Cidade Navegável – Rio Pinheiros
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LINHA DO TEMPO – RESUMO HISTÓRICO
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ZONEAMENTO
O presente mapa apresenta o zoneamento da região estudada, sendo que cada zona exerce diferentes funções.
LEGENDA: ZER 1 ZM ZC ZEU ZPR ZEUP ZEIS 3 ZEIS 5 ZCOR 1 ZCOR 2 AC 1 - CLUBES PRAÇAS / CANTEIROS
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De acordo com o conteúdo disponibilizado no site da Gestão Urbana SP, as zonas listadas apresentam as seguintes características: • ZER – Zona Exclusivamente Residencial: destinada ao uso exclusivamente residencial de habitações unifamiliares. Esta zona é caracterizada pela ausência de usos não residenciais e pela baixa densidade; • ZM – Zona Mista: tem como principal característica viabilizar a diversificação de usos, com a predominância de usos residenciais, com a pretensão de preserver a morfologia urbana existente; • ZC – Zona de Centralidade: promoção de usos não residenciais, com densidades construtiva e demográfica médias e promoção da qualificação paisagística e dos espaços públicos; • ZEU – Zona Eixo de Estruturação da Transformação Urbana: promoção de usos residenciais e não residenciais, com densidades demográfica e construtiva altas e promoção da qualificação paisagística e dos espaços públicos de modo articulado ao sistema de transporte público coletivo; • ZEUP – Zona Eixo de Estruturação da Transformação Urbana Previsto: tem características similares à ZEU, porém, com a diferença de que os parâmetros urbanísticos somente poderão ser ativados após emissão da Ordem de Serviços das obras das infraestruturas do sistema de transporte que define o eixo, após a emissão pelos órgãos competentes de todas as autorizações e licenças, especialmente a licença ambiental e após edição de decreto autorizador; • ZPR – Zona Predominantemente Residencial: zona similar à ZER no que se refere aos parâmetros de ocupação e à baixa densidade, porém, com a diferença de possibilitar usos não residenciais que não causam incomodidade à vizinhança residencial; • ZEIS – Zona Especial de Interesse Social: tem como função oferecer moradia digna para a população da baixa renda por intermédio de melhorias urbanísticas, recuperação ambiental e regularização fundiária de assentamentos precários e irregulares, bem como à provisão de novas Habitações de Interesse Social – HIS e Habitações de Mercado Popular – HMP a serem dotadas de equipamentos sociais, infraestruturas, áreas verdes e comércios e serviços locais, situadas na zona urbana; • ZCOR – Zona Corredor: são as zonas demarcadas pela ZER ou ZPR, que fazem frente para vias que exercem estruturação local ou regional, em que se pretende promover usos não residenciais compatíveis com o uso residencial e com a fluidez do tráfego, com densidades demográfica e construtiva baixas; • AC-1 – são as zonas com clubes esportivos sociais; • PRAÇAS E CANTEIROS – são as zonas caracterizadas como canteiros e praças. 37
DISTRITO E PREFEITURA REGIONAL
LEGENDA: DISTRITO: ITAIM BIBI PREFEITURA REGIONAL: PINHEIROS DISTRITO: CAMPO BELO PREFEITURA REGIONAL: SANTO AMARO DISTRITO: MOEMA PREFEITURA REGIONAL: VILA MARIANA
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MACROAREA E MACROZONA
MACROAREA: O perímetro delimitado acima está inserido na Macroárea de Estruturação Metropolitana (beirando o córrego), o que significa que está sujeito à transformações urbanas (Projetos de Intervenção Urbana – PIU e as operações urbanas consorciadas, por exemplo), e também na Macroárea de Urbanização Consolidada, que visa melhorar as condições urbanísticas da área ao qual está inserida e otimizar o aproveitamento das terras urbanos a partir da oferta de serviços, equipamentos e infraestruturas urbanas. MACROZONA: O local estudado está inserido na Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana, que corresponde à área urbanizada e propícia para usos e atividades urbanas. Nela, há grande diversidade de usos e padrões diferenciados de urbanização.
LEGENDA: MACROAREA DE URBANIZAÇÃO CONSOLIDADA MACROAREA DE ESTRUTURAÇÃO METROPOLITANA
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ANÁLISE DA REGIÃO
As quadras numeradas no mapa acima fazem parte do perímetro de intervenção para o projeto de requalificação dos espaços livres de edificação existentes. E, portanto, as fotos do local são de grande importância para visualizar a situação atual da região e entender que estes espaços poderiam ter um uso melhor e mais qualificado.
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FOTOS AUTORAIS Quadra 1
Quadra 3
Quadra 2
Quadra 4
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Quadra 5
Quadra 6
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Quadra 7
Quadra 8
Quadra 9
Quadra 11
Quadra 10
Quadra 11
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Quadra 12
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Quadra 13
Quadra 14
Quadra 14
Quadra 15
Quadra 14
Quadra 15
Quadra 16
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ÁREAS VERDES ÁREAS VERDES
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O mapa ao lado mostra as áreas verdes da região, que são classificados como canteiros / praças pelo GEOSAMPA. Em um raio de 1 km é possível visualizar que não há nenhum parque público na área delimitada. O parque mais próximo é o Parque Cordeiro, que se localiza a 3,6 km de distância do ponto central do mapa acima. Dentro do perímetro, há apenas algumas pequenas praças públicas / canteiros espalhadas pelo bairro, das quais não possuem infraestrutura urbana. A requalificação e conexão das praças que beiram a Avenida Jornalista Roberto Marinho com as áreas de influência do projeto atenderia às necessidade de moradores de 68 quadras de uso exclusivamente residencial que se encontram dentro do perímetro circular delimitado.
ÁREAS VERDES E ÁRVORES EXISTENTES
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PONTOS DE INTERESSE
ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR ENNIO VOSS
MONOTRILHO
ESTAÇÕES DO MONOTRILHO
A Escola Estadual Professor Ennio Voss é um dos principais pontos de justificativa para o projeto, pois, ao fazer visitas constantes ao local, foi notado que as não tem onde ficar quando saem da aula. Normalmente, elas ficam sentadas nas calçadas da Rua Oscar Gomes Cardim até as peruas escolares buscarem-nas ou ficam vagando pelas ruas próximas. Os familiares que vão buscar as crianças na escola também ficam aguardando sentados nas calçadas, pois não há nenhum lugar para sentarem. Portanto, com a requalificação das praças existentes, haverá espaços próprios para isso e para outros fins também, principalmente de recreação e lazer. As estações do monotrilho e o monotrilho em si também foram classificadas como pontos de interesse, pois quando a obra estiver finalizada, o fluxo de pessoas será maior e, consequentemente, haverá ainda mais pessoas para usufruírem dos novos espaços propostos, por conta da facilidade de acesso ao local. 48
TRAVESSIAS
As travessias existentes, que conectam os dois lados da avenida, também foram usadas como justificativa para o projeto, já que em duas delas não há semáforos para pedestres e, por ser uma avenida movimentada e com alta velocidade de veículos, atravessar a avenida acaba sendo um desafio. Um dos requisitos mais importantes do projeto é priorizar os pedestres. Portanto, o trajeto das pessoas tem que ser contínuo, agradável e seguro.
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MONOTRILHO
A obra do monotrilho está mudando a paisagem da Avenida Jornalista Roberto Marinho, por conta de sua extensão e grandeza. Este será um novo sistema de transporte público na cidade de São Paulo, com baixo impacto ambiental e social e que promoverá a mesma qualidade de serviço dos metrôs. De acordo com o governo do estado de São Paulo, o projeto promoverá viagens mais rápidas e confortáveis, não influenciará no trânsito das ruas e avenidas, não vai poluir a atmosfera, possibilitará a integração de diferentes bairros, vai gerar investimentos nas regiões onde está inserido e é previsto o uso de 450 mil pessoas por dia. A linha 17 – Ouro passa pelo perímetro de intervenção e de estudo e, atualmente, ainda encontra-se em obra. O trem elétrico, com pneus de borracha, acompanhará o trajeto do córrego Água Espraiada, e passará a uma distância de 15m de altura acima do nível da Avenida Jornalista Roberto Marinho, com grandes pilares de sustentação projetados a cada 30 metros de distância, aproximadamente. 50
FIGURA 35 – Linha do Monotrilho
Esta linha promoverá a ligação dos bairros Jabaquara e Morumbi com o Aeroporto de Congonhas e também terá uma conexão com a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e com a linha azul, lilás e amarela do Metrô. E por conta disso, é considerado um ponto de grande importância para a justificativa de projeto, considerando que há 3 estações presentes na região de estudo. Além disso, a presença da estrutura do monotrilho é essencial para o desenho projetual e não deve ser ignorada, pois é a questão central a ser enfrentada para um projeto na região.
FIGURA 36 – Monotrilho
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HIDROGRAFIA
O Córrego Água Espraiada nasce no Jabaquara e desagua no Rio Pinheiros. No perímetro estudado, divide os dois lados da Avenida Jornalista Roberto Marinho e é, de certa forma, “quebrado” pelas ruas que possibilitam a travessia de um lado da avenida para o outro. Para a proposição de projeto na região, o córrego será considerado um atributo e não uma barreira, pois ainda há a esperança de que, um dia, haverá o rio será limpo. FIGURA 37 – Córrego Água Espraiada
TOPOGRAFIA Conforme visto no mapa ao lado, o córrego é onde tem a topografia mais baixa. E nos dois lados da Avenida Jornalista Roberto Marinho, as curvas de nível vão aumentando gradativamente. É possível visualizar que, no perímetro delimitado, a topografia não é muito acentuada, o que favorece as possibilidades de projeto para os espaços que serão requalificados.
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USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
RESIDENCIAL
SERVIÇO
INSTITUCIONAL
LOTE VAZIO
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PROPOSIÇÃO PARTIDO DE PROJETO
O partido do projeto é criar conexões das praças com o rio e os pontos de interesses escolhidos como justificativa para a proposição (estações do monotrilho, o monotrilho em si e a escola estadual), a partir de um desenho paisagístico caracterizado com linhas ortogonais. Assumindo um caráter contemporâneo, as linhas ortogonais formam o desenho de piso e delimitam seus devidos usos, que são diferenciados por cores. E com isso, o projeto é representado como um elemento único, tendo dentro dele, diferentes usos (lazer, permanência, comércio, passagem, travessias, etc.), um fluxo contínuo e o mais importante, a priorização dos pedestres.
ÁREA DE INTERVENÇÃO
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PLANO DE MASSAS
ESTAÇÃO DO MONOTRILHO
ESTAÇÃO DO MONOTRILHO
IMPLANTAÇÃO ABERTURA DE RUA DE COMÉRCIOS PARA TRAVESSIA VOLTADOS PARA A DE VEÍCULOS AVENIDA
DESVIO DA AVENIDA
ÁREA PARA PROJETO DE PRAÇA
CONTINUAÇÃO DO CÓRREGO
EIXO DE PASSAGEM PARA PEDESTRES
TRAVESSIA DE PEDESTRES
ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR ENNIO VOSS
REMOÇÃO DE LOTES
ESTAÇÃO DO MONOTRILHO
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DESENHO DE PISOS
CÓRREGO
PERMANÊNCIA
ACESSOS
TRAVESSIAS
PASSAGEM
COMÉRCIO
ARQUIBANCADA
GRAMA
ESTAÇÃO
RUA
CALÇADA
PONTOS DE INTERESSE
O projeto paisagístico da praça e das calçadas que fazem parte da área de intervenção é composto por um desenho de pisos com linhas ortogonais no qual cada cor representa um uso diferente do espaço. A escolha dos materiais dos pisos foi pensado de acordo com o devido uso do local ao qual está inserido e também com as condições climáticas da região, prevendo a durabilidade e sustentabilidade. Por conta disso, as melhores opções para atender às necessidades do projeto e do local são: 56
PISO INTERTRAVADO ( EM 6 CORES DIFERENTES)
PISO DE BORRACHA (PARQUINHO)
MADEIRA PLÁSTICA (ARQUIBANCADAS)
GRAMA
ARBORIZAÇÃO
ÁRVORES CONSOLIDADAS (EXISTENTES)
A arborização é de grande importância para o projeto, pois fazer sombras em áreas de passagem e de permanência, traz vida para a praça que está imersa em um entorno urbano e cinza. Ao inserir árvores com diferentes formas, cores e tamanhos, junto com as árvores já consolidadas, o desenho paisagístico é configurado. Algumas das espécies utilizadas no projeto são:
ÁRVORES PLANTADAS (NOVAS)
CONCEITO DE PLANTIO: - modulação em linhas e fitas; - áreas sombreadas; JACARANDÁ PAULISTA
AROEIRA
IPÊ AMARELO
- linearidade e continuidade; - diversidade de espécies; - conexão com o desenho de pisos;
OITI
ALFENEIRO
PATA DE VACA
- integração da natureza no projeto. 57
DEMARCAÇÃO DAS AMPLIAÇÕES
AMPLIAÇÃO 1
58
AMPLIAÇÃO 2
AMPLIAÇÃO 3
AMPLIAÇÃO 4
AMPLIAÇÃO 1
MOBILIÁRIOS URBANOS
OITI
JACARANDÁ PAULISTA
59
AMPLIAÇÃO 2
OITI AROEIRA
IPÊ AMARELO
JACARANDÁ PAULISTA
60
PATA DE VACA
AMPLIAÇÃO 2
ARQUIBANCADA
DECK
BANCOS
ÁREA PARA CACHORROS
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AMPLIAÇÃO 3
ESTRUTURA DO MONOTRILHO
PARQUINHO
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PAREDE PARA GRAFITE
AMPLIAÇÃO 4
ESPAÇO DE FOODTRUCKS
LUMINÁRIAS
HORTA VERTICAL
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DEMARCAÇÃO DE CORTES
SITUAÇÃO ATUAL
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PROPOSIÇÃO
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66 EDIFICAÇÃO RESIDENCIAL
ESTAÇÃO DO MONOTRILHO
GRAMA
AVENIDA
CALÇADA CÓRREGO CALÇADA
AVENIDA
CALÇADA
ESTAÇÃO DO MONOTRILHO
EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS
ESTAÇÃO DO MONOTRILHO
PISO INTERTRAVADO
AVENIDA
CALÇADA CÓRREGO CALÇADA
AVENIDA
CALÇADA
ESTAÇÃO DO MONOTRILHO
EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS
PROPOSIÇÃO
EDIFICAÇÃO RESIDENCIAL
CORTE AA
SITUAÇÃO ATUAL
SERVIÇO
GRAMA
PISO INTERTRAVADO
GRAMA
CÓRREGO
ARQUIBANCADA
GRAMA
AVENIDA
PISO INTERTRAVADO
RUA
CALÇADA
EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS
SERVIÇO
GRAMA
AVENIDA
CALÇADA
CÓRREGO
CALÇADA
AVENIDA
CALÇADA
SERVIÇO
CALÇADA
RUA
CALÇADA
EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS
CORTE BB
SITUAÇÃO ATUAL
PROPOSIÇÃO
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68 EDIFICAÇÃO RESIDENCIAL
CALÇADA
AVENIDA
GRAMA
PISO INTERTRAVADO
CÓRREGO
ARQUIBANCADA
PISO INTERTRAVADO
GRAMA
CALÇADA
RUA
CALÇADA
EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS
EDIFICAÇÃO RESIDENCIAL
CALÇADA
RUA
GRAMA
AVENIDA
CALÇADA
CÓRREGO
CALÇADA
AVENIDA
CALÇADA
GRAMA
LOTE VAZIO
EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS
CORTE CC
SITUAÇÃO ATUAL
PROPOSIÇÃO
EDIFICAÇÃO RESIDENCIAL EDIFICAÇÃO RESIDENCIAL
EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS
RUA CALÇADA
CALÇADA
AVENIDA
CALÇADA
CÓRREGO
CALÇADA
AVENIDA
CALÇADA
LOTE VAZIO
EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS
RUA CALÇADA
PROPOSIÇÃO
CALÇADA RUA CALÇADA
EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS
CALÇADA
AVENIDA
CÓRREGO
GRAMA
PISO INTERTRAVADO
GRAMA
PISO INTERTRAVADO
GRAMA
EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS
CORTE DD
SITUAÇÃO ATUAL
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CONSIDERAÇÕES FINAIS Levando em consideração todo o conteúdo abordado, analisado e estudado, é possível afirmar que as os espaços livres de edificação existentes no Brooklin são resultantes de um arruamento e de um loteamento do território e não foram pensados para ser a convergência do bairro. Mesmo que não tenham sido pensados para se tornarem praças e sim, apenas parte do melhoramento viário (alargamento da avenida Jornalista Roberto Marinho), o projeto de requalificação dessas áreas vai proporcionar a transformação dos espaços livres que atualmente são fragmentados, visando torná-lo adequado para utilização e para fins de recreação e lazer. O projeto paisagístico possibilitará uma conexão do entorno com as estações do monotrilho, atraindo pessoas para o local e requalificando os espaços. Além disso, com o desenvolvimento do trabalho, a melhor alternativa para a proposição foi aplicada, possibilitando novas formas para trabalhar com os lotes, com a avenida e o entorno. Como uma futura arquiteta e cidadã, vejo a importância dos espaços destinados ao lazer nas cidades urbanas. São Paulo é considerada por muitas pessoas como a “cidade do caos”, mas se tivesse mais espaços como o do projeto apresentado (não só os espaços em si, mas também as calçadas e a arborização), a qualidade de vida seria melhor e as pessoas, dentro desses espaços, não veriam essa imagem “ruim” que a cidade tem.
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FIGURA 38 – Praças Contemporâneas por Fabio Robba
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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GEHL, Jan. Cidade para pessoas. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2013.
MILANEZ, M. Arroio Dilúvio Porto Alegre RS Brasil, Dezembro 2010. Vitruvius. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/ projetos/11.123/3803?page=3 Acesso em: 02 nov. 2019. SAMPA ONLINE. Como nasceu o Brooklin?. Sampa Online. Disponível em: http://www.brooklin.com.br/especiais/comonasceuobrooklin.htm. Acesso em: 14 set. 2019 SAVUANA, M. Tipologia com os pilares do monotrilho. Skyscraper City. Disponível em: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?p92827904. Acesso em 19 out. 2019. ABBUD, Benedito. Criando paisagens: guia de trabalho em arquitetura paisagística. São Paulo: Ed. SENAC São Paulo, 2010. ABRAHÃO, Sérgio. Espaço Público na São Paulo do Século XXI: Perspectivas. Artigo. Universidade São Judas Tadeu. São Paulo.
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LISTA DE IMAGENS FIGURA 1 – Espaço Livre de Edificação Público Fonte: https://concursosdeprojeto.org/2012/11/16/concurso-nacional-depaisagismo-para-estudantes-1o-lugar/ FIGURA 2 – Calçadão de Ipanema Fonte: https://oglobo.globo.com/rio/verao-2016/calcadao-de-copacabana-foiprimeiro-de-pedras-portuguesas-no-rio-15168162 FIGURA 3 – Lazer Urbano em Salvador Fonte: http://visaocidade.com.br/2017/10/mais-de-230-pracas-municipais-saoopcoes-de-lazer-para-a-criancada-em-salvador.html
FIGURA 11 – Parque Linear Fluvial no canal Cheonggyechon Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cheonggyecheon FIGURA 12 – Canal Cheonggyechon Fonte: https://projetobatente.com.br/projeto-de-restauracao-docheonggyecheon/ FIGURA 13 – Canal Cheonggyechon - fonte Fonte: https://projetobatente.com.br/projeto-de-restauracao-docheonggyecheon/
FIGURA 4 – Vista da Praça Matriz em sua primeira urbanização (1890) Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Praça_da_Matriz_(Porto_Alegre)
FIGURA 14 – Canal Cheonggyechon Fonte: https://projetobatente.com.br/projeto-de-restauracao-docheonggyecheon/
FIGURA 5 – Planta baixa da Praça Paris, Rio de Janeiro Fonte: Livro Praças Brasileiras / ROBBA; MACEDO (2002)
FIGURA 15 – Canal Cheonggyechon durante a noite Fonte: https://www.pinterest.com/pin/397794579578417912/?lp=true
FIGURA 6 – Praça Paris, Rio de Janeiro Fonte: http://rwpaisagismo.blogspot.com/2016/08/praca-praca-paris-gloria-riode-janeiro.html
FIGURA 16 – Festa cultural no canal Cheonggyechon Fonte: https://projetobatente.com.br/projeto-de-restauracao-docheonggyecheon/
FIGURA 7 – Planta baixa da Praça da República, São Paulo Fonte: Livro Praças Brasileiras / ROBBA; MACEDO (2002)
FIGURA 17 – Prancha da Competição Agias Sofias (2012) Fonte: https://www.behance.net/gallery/5008823/Competition-of-the-AgiaSofia-Acheiropoeitos-axis
FIGURA 8 – Planta baixa da Praça Santos Dumont, Goiânia Fonte: Livro Praças Brasileiras / ROBBA; MACEDO (2002) FIGURA 9 – Praça da República Fonte: https://vejasp.abril.com.br/estabelecimento/praca-da-republica/ FIGURA 10 – Parque Ibirapuera Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2019/10/30/justica-de-saopaulo-libera-concessao-do-parque-ibirapuera-a-iniciativa-privada.ghtml 72
FIGURA 18 – Projeto Agias Sofias (2012) Fonte: https://www.behance.net/gallery/5008823/Competition-of-the-AgiaSofia-Acheiropoeitos-axis FIGURA 19 – Prancha da Competição Agias Sofias (2012) Fonte: https://www.behance.net/gallery/5008823/Competition-of-the-AgiaSofia-Acheiropoeitos-axis
FIGURA 20 – Projeto Agias Sofias (2012) Fonte: https://www.behance.net/gallery/5008823/Competition-of-the-AgiaSofia-Acheiropoeitos-axis FIGURA 21 – 3D do Projeto Fonte: https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/11.123/3803? page=3 FIGURA 22 – 3D da iluminação noturna Fonte: https://www.revistadigital.com.br/2011/12/um-projeto-possivel-para-oarroio-diluvio/ FIGURA 23 – Dickinson Square Park (2015) Fonte: https://tclf.org/landscapes/dickinson-square-park?destination=searchresults FIGURA 24 – Dickinson Square Park (2015) Fonte: https://tclf.org/landscapes/dickinson-square-park?destination=searchresults FIGURA 25 – Dickinson Square Park (2015) Fonte: https://tclf.org/landscapes/dickinson-square-park?destination=searchresults FIGURA 26 – Primeira construção do bairro Fonte: http://brooklin.com.br/especiais/comonasceuobrooklin.htm? fbclid=IwAR2IJx_7NvAXts0Xfkg6ew07T
FIGURA 29 – Bonde Elétrico da Light Fonte: http://brooklin.com.br/especiais/comonasceuobrooklin.htm? fbclid=IwAR2IJx_7NvAXts0Xfkg6ew07T %20%20%20%20%20%20%20%20%20WefPK0nanmQOoAoQAL0PQjPNLBt FIGURA 30 – Mapeamento de 1954, VASP Cruzeiro Fonte: GEOSAMPA FIGURA 31 – Avenida Jornalista Roberto Marinho Fonte: http://www.oas.com.br/oas-com-1/oas-engenharia/realizacoes/ infraestrutura/sistemas-viarios-drenagem/infra-estrutura-av-jornalistaroberto-marinho/ FIGURA 32 – Ponte Octávio Frias de Oliveira (Ponte Estaiada) Fonte: https://www.tripadvisor.com.br/ShowUserReviews-g303631d2350329-r628935548-Ponte_Estaiada_Octavio_Frias_de_OliveiraSao_Paulo_State_of_Sao_Paulo.html FIGURA 33 – Construção do monotrilho Fonte: https://www.agoraesimples.com.br/2019/01/18/linha-17-ouro/ FIGURA 34 – Projeto “Por uma Cidade Navegável – Rio Pinheiros Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/haus/urbanismo/rio-pinheirosnavegavel-novo-programa-preve-despoluicao-ate-2022/ FIGURA 35 – Linha do Monotrilho Fonte: Google Earth
FIGURA 27 – Família Klein Fonte: http://brooklin.com.br/especiais/comonasceuobrooklin.htm? fbclid=IwAR2IJx_7NvAXts0Xfkg6ew07T
FIGURA 36 – Monotrilho Fonte: https://jornalzonasul.com.br/linha-ouro-fara-conexao-na-estacaocampo-belo/
FIGURA 28 – Loteamento por Julio Klauning Fonte: Subprefeitura de Pinheiros
FIGURA 37 – Córrego Água Espraiada Fonte: Autoral 73