A REVISTA TÉCNICA DO SETOR GRÁFICO BRASILEIRO ANO XXII Nº 105 • VOL. I 2019 • ISSN 1678-0965
ENTREVISTA Paulo Faria, diretor geral da Koenig & Bauer, fala de perspectivas de mercado e tendências em tecnologia
SUSTENTABILIDADE
TG105 - capa 01.indd 1
ESPECIAL
TUTORIAL
11/03/2019 14:59
Anúncio_POS 2019.pdf
1
08/03/2019
17:30
turbine sua
carreira!!
pós-graduação EM: GESTÃO EM
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DESENVOLVIMENTO E PRODUÇÃO DE
EMBALAGENS FLEXÍVEIS
INOVAÇÃO
EAD
E COMPETITIVIDADE INDUSTRIAL
GESTÃO DE
PROJETOS DE EMBALAGEM GESTÃO DA PRODUÇÃO DE
CELULOSE E PAPEL MAIS INFORMAÇÕES:
11 2797.6313 posgrafica114@sp.senai.br
Volume I – 2019 Publicação da ABTG – Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica e da Faculdade Senai de Tecnologia Gráfica, Rua Bresser, 2315 (Mooca), CEP 03162‑030 São Paulo SP Brasil ISSN: 1678-0965 www.abtg.org.br ABTG – Telefax (11) 2797.6700 Internet: www.abtg.org.br ESCOLA SENAI – Fone (11) 2797.6333 Fax (11) 2797.6309 http://grafica.sp.senai.br Presidente da ABTG: Francisco Veloso Filho Diretor da Faculdade Senai de Tecnologia Gráfica: Elcio de Sousa Diretor da Revista Tecnologia Gráfica: Manoel Manteigas Jornalista Responsável: Tânia Galluzzi (MTb 26897) Projeto Gráfico Mara Cristine Aguiar Conselho Editorial: Andrea Ponce, Bruno Cialone, Bruno Mortara, Elcio de Sousa, Enéias Nunes da Silva, Manoel Manteigas de Oliveira, Mara Cristine Aguiar e Tânia Galluzzi Elaboração: Escola Senai Theobaldo De Nigris Produção: Escola Senai Theobaldo De Nigris Editoração Eletrônica: Escola Senai Theobaldo De Nigris Impressão e Pós-impressão: Escola Senai Theobaldo De Nigris Capa: Verniz Soft Touch - Printverniz Hot Stamping - fitas Crown do Brasil Assinaturas: 1 ano (4 edições), R$ 40,00; 2 anos (8 edições), R$ 72,00 Redação redacao@revistatecnologiagrafica.com.br
Apoio:
Esta publicação se exime de responsabilidade sobre os conceitos ou informações contidos nos artigos assinados, que transmitem o pensamento de seus autores. É expressamente proibida a reprodução de qualquer artigo desta revista sem a devida autorização. A obtenção da autorização se dará através de solicitação por escrito quando da reprodução de nossos artigos, a qual deve ser enviada à Gerência Técnica da ABTG e da revista Tecnologia Gráfica, pelo e-mail: abtg@abtg.org.br ou pelo fax (11) 2797.6700
ABTG chega aos 60 anos, e o trabalho não para
O
grande desafio de todas as organizações, quer sejam privadas ou públicas, é manterem-se ativas. E não exclusivamente no sentido de sua perenidade temporal, mas sobretudo alinhando e adaptando a sua visão e missão ao seu ambiente de atuação, de forma proativa. Apesar de simplificarmos exponencialmente essa definição, ela é sobrepujante a diversas outras. Num rápido exercício de reflexão, podemos constatar que muitas empresas, marcas e serviços que lideravam posicionamentos em nosso setor há tempos simplesmente deixaram de existir. Atingir, portanto, de forma ativa 60 anos de existência em 1º de julho de 2019 é um importante marco, que nos remete a comemorarmos merecidamente essa data com um evento dedicado aos 60 anos, que ocorrerá no mesmo mês de nossa fundação. Em paralelo e na mesma dinâmica, a importância de implementarmos a alternância de dirigentes de nossa entidade, que, alinhados com os princípios essenciais de mantermos a ABTG atuante, oxigenam com novas abordagens e ideias a continuidade das ações. Nessa perspectiva, em 30 de junho próximo encerra-se o triênio de gestão das atuais diretorias executiva e do conselho diretor, e novos componentes estarão à frente de nossa entidade, guarnecidos por veteranos e também novos interessados em contribuir mais diretamente com as novas diretorias para o triênio 2019-2022. Os ventos favoráveis da retomada da plena atividade de nossa indústria são sempre precedidos de edições de feiras setoriais importantes, e com essa positiva expectativa é que estaremos presentes na Fespa Brasil 2019, em março, e na Future Print, em julho, ambas fortes propulsoras da atividade gráfica. O Congresso Internacional de Tecnologia Gráfica, em agosto, traz em sua chamada: Impressão digital, o futuro é agora. Veremos palestras de diversos especialistas, importantes e inovadoras abordagens sobre as múltiplas possibilidades dessa plataforma em nosso setor e nas suas fronteiras com outras áreas. Com destaque, realizaremos em setembro uma apresentação pré-Drupa, antecipando as principais tendências e avanços tecnológicos da maior feira mundial da indústria de comunicação impressa, que ocorrerá em Düsseldorf, Alemanha, em 2020. Nosso programa de trabalho neste ano comemorativo é bastante extenso, incluindo ainda as ações da campanha Two Sides, diversos cursos, trabalhos dos grupos de normalização, eventos dirigidos e inúmeras consultorias, além de realizarmos a 29ª edição do Prêmio Fernando Pini, reconhecidamente o principal evento setorial. Assim, comemoraremos os 60 anos de forma ativa e trabalhando em prol do desenvolvimento e disseminação do conhecimento em nossa indústria. Francisco Veloso Filho, presidente da ABTG VOL. I 2019 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105 - editorial.indd 3
3
14/03/2019 15:35
Sumário 10
Fespa Brasil/Digital Printing 2019 a maior e mais importante feira do setor abre as portas ESPECIAL
22
Sem medo do novo CULTURA GRÁFICA
38
Vida longa à flexografia SPINDRIF
Paulo Faria fala sobre os caminhos da Koenig & Bauer no Brasil
12
Entrevista
A precisão nas medições de cor na indústria gráfica e a ISO TR 23031 - Parte 2
14
Normalização
Vantagens do sistema de cura por feixe de elétrons Academia
4 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105 - Sumario.indd 4
18
Serigrafia rotativa em máquinas híbridas
28
Florestas plantadas em equilíbrio com a natureza
32
Como Funciona
Sustentabilidade
Automação de estilo no InDesign com metacaracteres Tutorial
Notícias Produtos
6 8
34 Capa: Thiago Justo
VOL. I 2019
15/03/2019 16:09
ARECEI TAI DEAL DAI MPRESSÃO4. 0 ESTÁAQUI :
Junt emai sde200anosdeexper i ênci aem i mpr essão com dosesgener osasdeaut omaçãoer obust ez. Adi ci oneamai sal t avel oci dadedei mpr essão,t r ocas r ápi dasear econheci daqual i dadeKoeni g&Bauer . Col oquepi t adasgener osasdamai spur ai nt el i gênci a ar t i fici alemi st ur et udo! Pr ont o!O concei t odepr odução4. 0daKoeni g&Bauer est áasuadi sposi ção. I mpr i maesi r va.
RuaCapi t ãoAnt oni oRosa376,Conj unt o81-Jar di m Paul i st ano-SãoPaul o-SP
( 11)38037560 www. koeni gbauer . com
Notícias
Especialistas recebem certificação G7 Expert
N
Senai e Prakolar recebem prêmio internacional
O
s organizadores do Label Industry Global Awards agraciaram as empresas que produziram os trabalhos mais inovadores da indústria de impressão em etiquetas e embalagens, realizados em todo o mundo. A cerimônia oficial ocorreu durante a Labelexpo Americas, no final de setembro. Duas organizações brasileiras receberam prêmios em categorias importantes: a Theobaldo De Nigris foi a vencedora na categoria Label on metalized (process colors), e a Prakolar venceu na categoria Label on film (line/spot colors). Ambos os desenvolvimentos foram realizados com os clichês de fotopolímero produzidos pela Cliart. Com a iniciativa de Matias Katila, sócio-diretor do Flint Group, e Ezequiel Fernandez, fundador e diretor executivo da Cliart, organizou-se um evento, em XXX para a entrega dos troféus, em território nacional, no auditório do Senai. Com os mesmos impressos, tanto a Escola Senai, como a Prakolar haviam conquistado prêmios nacionais.
o final de 2018, a Ideallliance Latin America certificou um time de 14 especialistas da Theobaldo De Nigris como G7 Expert. O G7 é um conjunto global de especificações para obtenção de similaridade visual em todos os processos de impressão, sendo a Idealliance responsável pela certificação de especialistas do setor com o objetivo de qualificar fornecedores de impressão, criação e pré-impressão na metodologia G7. Foram seis dias de treinamento específico, teórico e prático, nas áreas de impressão digital, impressão offset e impressão flexográfica. Com esses certificados, os especialistas estão aptos a ministrar treinamentos e assessorias segundo a metodologia G7, além de poder certificar as gráficas com o título de G7 Master. Do grupo de especialistas fizeram parte alguns professores da Faculdade Senai de Tecnologia Gráfica, visando acrescentar a metodologia G7 na disciplina do curso superior Processos Produtivos Gráficos.
IV Simpósio Senai/Aber acontece em junho
A
Faculdade Senai de Tecnologia Gráfica e a Associação Brasileira de Encadernação e Restauro, Aber, promoverão, nos dias 13, 14 e 15 de junho o IV Simpósio Senai/Aber de Inovação, Desenvolvimento e Tecnologia na Preservação de Acervos. O simpósio é aberto à participação tanto da comunidade acadêmica do Senai- SP como da área de preservação do patrimônio. A programação contará com a apresentação oral, em auditório, dos autores de papers, e com a exposição de banners em área reservada, os quais serão previamente selecionados pela comissão científica do simpósio, sendo também publicados nos anais do evento. Para mais informações, acesse: grafica.sp.senai.br
N
Espaço dedicado às embalagens
o dia 13 de dezembro, a Theobaldo De Nigris, em parceria com a GMG Color, fabricante de software para gerenciamento de cores, e a Epson, inauguraram na escola a sala de desenvolvimento de embalagens. O espaço será usado para treinamentos e apresentações sobre gerenciamento de cores utilizando as soluções cedidas pelas duas empresas. Para marcar o evento, GMG e Epson realizaram workshop sobre normas ISO, gerenciamento de cores e gama expandida, contando com a presença e participação de clientes. Ao longo de 2019, serão organizados outros encontros, inclusive em outras regiões do País.
6 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105 - Notíciasbb.indd 6
VOL. I 2019
15/03/2019 19:27
Theobaldo De Nigris marca presença em simpósio
A
Faculdade Senai de Tecnologia Gráfica participou do 1º Simpósio das Faculdades de Tecnologia Senai-SP – Informação e Conhecimento. O evento aconteceu no dia 26 de novembro, no Teatro Sesi-SP, na Fiesp, em São Paulo. A abertura teve a participação do diretor regional do Senai São Paulo, Ricardo Figueiredo Terra, e de Luis Miguel Marques de Sá, gerente sênior de Projetos e Produtos da Festo Didactic SE , empresa de automação e consultoria da Alemanha, que apresentou a palestra magna internacional “Quarta revolução industrial – A transição e seus impactos”. No período da tarde houve a exposição em banners dos artigos submetidos ao simpósio por alunos e professores das faculdades do
Senai-SP. A Faculdade de Tecnologia Gráfica participou com cinco trabalhos sobre sustentabilidade em embalagens, otimização do tempo de setup em impressora rotográfica, o papel do professor como agente disruptivo, a apropriação de fragmentos das obras do pintor Vincent van Gogh aplicadas na publicidade, e gestão de pessoas na era da indústria 4.0. Outros cinco trabalhos da Theobaldo De Nigris entraram para os anais do evento: Uso da metodologia AHP na avaliação de métodos para a construção da visão do produto; o mercado gráfico em disrupção; enobrecimento de embalagens flexíveis; gamut expandido para a impressão offset em quatro cores; e aplicação do método SIPOC para definição de indicadores no processo gráfico.
Novo Centro de Tecnologia
E
m uma parceria inédita, Coralis e EFI inauguraram na Escola Senai Theobaldo De Nigris, em março, o mais novo Centro de Tecnologia para as soluções EFI Fiery. O espaço será o primeiro do gênero fora das instalações da EFI nos Estados Unidos e promoverá a certificação de profissionais para todas as soluções da EFI Fiery. “A EFI está engajada no desenvolvimento de tecnologias inovadoras que possam transformar o negócio de impressão digital. Também focamos em apoiar nossos clientes a obter o nível de conhecimento necessário para liberar todo o potencial dos produtos EFI ”, afirmou Marcelo Tomoyose, gerente da divisão Fiery da EFI . “Agora a indústria gráfica pode contar com nosso centro de tecnologia para ajudar e orientar na transição para a Era Digital e Indústria 4.0. Os empresários gráficos já nos mostraram o caminho, investindo em tecnologias diferentes dentro do mesmo parque gráfico. Já temos gráficas que mesclam sistema de impressão offset, digital laser e flexografia,” completou Marcel Fróio, responsável da Coralis pelo Centro de Tecnologia.
Todos os cursos regulares da Coralis, como Colorimetria e Gerenciamento de Cores, também serão ministrados no novo centro, aproveitando ainda os equipamentos de última geração da Theobaldo de Nigris. VOL. I 2019 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105 - Notíciasbb.indd 7
7
15/03/2019 19:28
PRODUTOS
Ricoh divulga Série Pro C7200 com opção da 5a cor
A
Ricoh anunciou no final do ano passado a nova série de equipamentos de folhas soltas Pro C7200, com os modelos Graphic Arts Edition e estação de quinta cor com certificado Energy Star e classificação Epeat Silver. Dotadas de sensores e calibração incorporados, as impressoras ajudam a melhorar o registro entre frente e verso e a consistência de cores sem a necessidade de longo treinamento especializado. Além disso, a estação da quinta cor das C7200X e C7210SX permite que as gráficas produzam aplicações a cinco cores, de alto valor. Construídas sobre o legado da Ricoh Pro C7100X, a série Pro C7200 também imprime em cinco cores com mais rapidez e precisão, oferecendo ainda maior flexibilidade de mídia. O novo toner vermelho invisível produzindo designs visíveis somente sob luz ultravioleta, ideais para recursos de segurança, como nos tickets ou cupons. A Série Pro C7200 imprime com qualidade de imagem de 2400 x 4800 dpi VCSEL , com uma ampla gama
Akad lança
de cores, sem sacrificar a velocidade ou a versatilidade. Disponível em modelos de 85 páginas por minuto ou 95 ppm, tem recursos de duplex automático e a opção de imprimir em papel de até 1260 mm de comprimento simplex ou 698,5 mm em duplex. A plataforma também permite que
equipamento de corte e gravação a laser
8 TECNOLOGIA GRÁFICA
RTG105 - Produtos.indd 8
os usuários imprimam com tinta branca e CMYK em uma única passada. Por fim, sensores integrados contribuem para melhorar o registro entre frente e verso e a calibração de cores automaticamente, ajudando a criar uma aparência consistente e profissional.
A
mpliando sua linha de equipamentos de corte e gravação a laser, a Akad lança em fevereiro o Novacut Laser BL1610MF 120W. O modelo tem área útil de corte de 1600 mm x 1000 mm e possui aberturas dianteira e traseira para permitir que objetos longos possam atravessar por dentro do equipamento. Essas portas aumentam a possibilidade de adequar placas ou objetos com dimensões superiores as da área de trabalho e abre perspectivas para mercados como de sinalização, comunicação visual, serigráfico, indústria têxtil e de brindes promocionais. Construído numa estrutura robusta, porém de simples operação viabilizada pelos recursos disponíveis do painel colorido de LCD, o Novacut Laser BL1610 MF 120W já vem acompanhado de acessórios para a sua correta instalação como compressor, exaustor de ar, mangueiras e o chiller responsável pelo arrefecimento do tubo de laser. O equipamento é capaz de suportar chapas de materiais como acrílico e MDF de maiores dimensões até o limite de sua área útil de corte e conta com a potência do laser do tipo CO 2 de até 120W, capaz de realizar trabalhos em couro, cortiça, tecidos, entre outros materiais homologados pelo fabricante.
VOL. I 2019
14/03/2019 18:03
Durst amplia linha de impressoras digitais UV
A
Durst anunciou no final de janeiro o lançamento da Tau 330 RSC E, modelo que amplia a família de impressoras digitais industriais inkjet UV para produção de rótulos e etiquetas. O novo equipamento possui tecnologia de impressão de passada única e é indicada para convertedores que precisam de uma solução robusta, confiável e altamente produtiva, mas de menor custo para atender seus clientes do segmento label, no qual a demanda por alta resolução, alta definição e riqueza de cores não para de crescer. A Tau RSC E oferece padrão de até oito cores, com as quais é possível abarcar 97% da escala de cores especiais Pantone, segundo o fabricante. Além disso, a riqueza de cores está diretamente atrelada à alta produtividade, podendo imprimir a uma velocidade de até 52 metros lineares/minuto – ou 78 metros lineares/minuto no modo de impressão de alta velocidade, no qual pode produzir em configuração quatro cores (CMYK) ou CMYK mais branco. A máquina acomoda mídias com até 330 cm de largura e possui resolução de impressão de 1200 x 1200 dpi, combinada com tecnologia de aplicação de pontos de apenas dois picolitros, assegurando às imagens uma qualidade fotográfica. Também é totalmente integrada à solução Durst Workflow Label, sistema de gerenciamento de fluxo de trabalho desenvolvido pela Durst que oferece, por meio de uma interface amigável e simples, ferramentas para controlar com eficiência e transparência todo o processo de impressão, desde a entrada do arquivo, configuração do equipamento, acompanhamento e liberação do trabalho.
X-Rite eXact Auto-Scan, precisão e rapidez nas medições de cores
O
novo X-Rite eXact Auto-Scan é um espectrofotômetro portátil que automaticamente realiza medições de cores e oferece grande precisão para que os gráficos obtenham os tons perfeitos em seus processos de impressão, minimizando erros, desperdícios e retrabalhos. O produto foi um dos destaques da X-Rite durante o Color19 Conference, que aconteceu em janeiro. O eXact Auto-Scan suporta os principais padrões de impressão, como G7, PSO, ISO, SCTV, e Japan Color. Além disso, permite com facilidade a medição e criação de biblioteca de cores, possui recursos automáticos que agilizam os processos de medição (menos de 15 segundos), e oferece resultados imediatos dos dados de cores de modo compreensível via Bluetooth, possibilitando ao usuário proceder ajustes pontuais e precisos na sala de impressão. Flexível, pode ser integrado à maioria das soluções para controle tinta. “Com as gráficas comerciais demandando maior produtividade e tempos de resposta mais apertados, os operadores precisam de ferramentas que ajudem a automatizar tarefas recorrentes, como medir manualmente os patches das barras de cores”, disse Ray Cheydleur, gerente de portfólio de produtos de impressão e imagem da X-Rite. “O eXact Auto-Scan possibilita a medição automática e rápida de todos os patches de uma barra de cores em menos de 15 segundos. Isso pode reduzir os tempos de preparação em 30% em comparação com as verificações manuais para melhorar a produtividade operacional e a eficiência.” VOL. I 2019 TECNOLOGIA GRÁFICA
RTG105 - Produtos.indd 9
9
14/03/2019 18:04
ESPECIAL Tânia Galluzzi
Fotos: Divulgação
Fespa Brasil/Digital Printing 2019 cresce 21% Evento acontece de 20 a 23 de março, no Pavilhão Azul do Expo Center Norte, em São Paulo
Saiba mais sobre a
Fespa Brasil/Digital Printing 2019:
A
Fespa Brasil/Digital Printing 2019 abre as portas no dia 20 de março com uma área de exposição 21% maior, oferecendo aos visitantes ampla oferta de soluções no segmento de impressão digital. A comparação é feita com o espaço ocupado pelo evento em 2017, uma vez que no ano passado, como já programado, o evento deu lugar à ExpoPrint/ConverExpo. Outro número positivo é na quantidade de pré-inscritos para visitar a Fespa, que há um mês da feira superava em 37% o registrado no mesmo período da última edição. “Os números comprovam a forte atuação e a importância do evento para o mercado. Isto faz da Fespa Brasil/Digital Printing a principal feira de impressão digital do País. Nossa missão é proporcionar o ambiente perfeito para geração de negócios, combinando visitantes qualificados e os melhores fornecedores apresentando a mais alta
10 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105 - Especiall.indd 10
tecnologia”, afirmou Alexandre Keese, diretor da mostra, no final de fevereiro. EXPERIÊNCIA COMPLETA
A feira, organizada pela Fespa e APS Marketing de Eventos, reúne tecnologia de ponta, com marcas nacionais e internacionais mostrando o estado da arte em impressão digital, cobrindo toda a cadeia de produção, dos substratos às tintas, das impressoras aos softwares, da pré-impressão ao acabamento. O evento, de acordo com Alexandre, “vai levar ao público soluções inovadoras que permitirão a otimização do tempo de produção, a redução de custos e a inovação em serviços e produtos. Além disso, durante os quatro dias, o visitante tem o benefício de assistir a diversos seminários gratuitos, ministrados por profissionais com reconhecimento nacional e internacional”. Na quarta e quinta-feira, 20 e 21 de março, será
VOL. I 2019
12/03/2019 16:00
promovido o congresso Inteligência Gráfica, para tratar de conceitos de gestão, empreendedorismo e tendências futuras visando a transformação do negócio de impressão. A primeira edição do congresso pretende ainda levar conceitos e dicas sobre como entender melhor os custos, como organizar a empresa, técnicas de venda, sempre com o pensamento de mostrar as boas práticas para a indústria de impressão, independente do segmento de mercado. A sexta-feira, 22, traz o Digital Textile Conference, quinta edição do congresso focado em debater o panorama atual e evolução da estamparia digital, também conhecida como impressão digital têxtil. A conferência está formatada para destacar tendências, novos conceitos, possibilidades de mercado e quais produtos e soluções fazem parte de um segmento em crescimento. No sábado, 23, acontece a Academia da Impressão Digital, parceria com o Núcleo Gráfico do Senai. De acordo com Mara Aguiar, especialista em Pré-Impressão da Theobaldo De Nigris, “para a escola e para a Faculdade Senai de Tecnologia Gráfica é sempre uma satisfação fazer parte da programação dos eventos da APS . O conteúdo está alinhado à indústria da impressão digital e vai ao encontro do objetivo do Senai em disseminar conhecimento e tecnologia, formando profissionais para o mercado de trabalho. Preparamos uma programação de palestras voltadas à modernização e otimização do fluxo de trabalho na impressão digital”. Entre os temas estão problemas e soluções na preparação de arquivos digitais, gerenciamento de cores, acabamento e enobrecimento para impressão digital, impressão direta em tecido e sustentabilidade. Sucesso em sua primeira edição, a Ilha da Sublimação vem ampliada para a Fespa Brasil/Digital Printing 2019, unindo no mesmo espaço palestras diárias, workshop e exposição de produtos sublimados para quem deseja empreender nesse setor ou ampliar suas atividades. Entre os palestrantes, o consultor da ABTG , José Pires de Araújo Jr, que falará sobre precificação. Essa é uma ação APS , Fespa e ComunidadeWeb. Completando o cardápio de atividades paralelas será realizado o Cambea #9. Realizado pela Alltak, trata-se da principal competição do mercado de envelopamento e o momento de celebração e
confraternização entre os aplicadores de todo o país. O vencedor do Cambea garante uma vaga para disputar o World Wrap Masters Series que acontece durante a Fespa Global Print Expo, na Alemanha. Fespa Brasil/Digital Printing 2019 Data: 20 a 23 de março, quarta a sexta, das 13h às 20h, sábado, das 10 às 17h. Local: Expo Center Norte, Pavilhão Azul, São Paulo, SP.
VOL. I 2019 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105 - Especiall.indd 11
11
12/03/2019 16:01
ENTREVISTA Tânia Galluzzi
Koenig & Bauer quer crescer no comercial
E
m março de 2017, a Koenig & Bauer, ainda como KBA1, deu início a uma nova fase no Brasil. Passando a atuar como subsidiária e não apenas como representante, o desafio era reposicionar a marca, sustentar market share, liderar o segmento de embalagem e fortalecer-se no comercial. Para tanto, entregou o comando da unidade a um novo personagem, Paulo Faria. Formado em Engenharia Mecânica e com especialização em Marketing, Paulo trazia na mochila 20 anos de atuação em offset e três em impressão digital, amalgamados com muita disposição para ouvir e entender o que os clientes esperavam. Dois anos depois, o executivo pode computar em sua conta a evolução da empresa. No primeiro ano registrou sua mais alta participação no mercado de máquinas offset, superando os 40% no Brasil. No final de 2017 mudou-se para um escritório maior no bairro de Pinheiros, ampliou o quadro de funcionários e inaugurou, em abril de 2018, seu novo estoque de peças de reposição em Barueri. Nesta entrevista, Paulo Faria faz um balanço de 2018, fala sobre perspectivas e da disposição da Koenig & Bauer em desenvolver soluções sob medida. Como foi 2018 para a Koenig & Bauer? Não foi um ano fácil para toda a indústria gráfica. Muita gente segurou os investimentos por conta da indefinição no cenário político. Para nós foi um ano razoável, dentro da meta. Mas a atmosfera agora está totalmente diferente. Os clientes estão animados, sobretudo no segmento de embalagem, com vários projetos na mesa. 1 Em 2018, ao completar 200 anos, a companhia abandonou as siglas e retomou a sua marca original.
12 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105 - Entrevista.indd 12
Paulo Faria Mundialmente, o interessante em 2018 e no início deste ano foram os movimentos que a Koenig & Bauer fez unindo-se a empresas com a Durst2, que vai cooperar com a Koenig no lado digital, a compra da turca Duran, especializada em sistemas de acabamento para cartuchos especiais, e agora a joint venture com a Tetra Pak (ver box). Há algum exemplo de parceria com o cliente aqui no Brasil? Posso citar a Rami, muito forte em in mold label. A Koenig & Bauer vendeu uma máquina para imprimir em substratos flexíveis – de baixíssimas gramaturas, sensíveis e suscetíveis à eletricidade estática –, alimentada com bobina, e outra máquina para cortes rotativos. Durante a instalação e no ramp up da máquina, o cliente deu sugestões que foram acolhidas e incorporadas à impressora, uma Rapida 106 híbrida com oito cores + verniz, e uma RDC 106. Essa parceria permitiu a evolução das performances para níveis nunca antes vistos nesses substratos. Qual a expectativa para 2019? Estamos bem otimistas pelo número de projetos, pela atmosfera de negócios, tanto no segmento de embalagem quanto comercial. O setor comercial também está mais favorável? Está. O segmento de gráficas comerciais sofreu uma consolidação importante. Esse movimento continua, mas o mercado estabilizou-se. Olhando o lado político, também há uma estabilização, fazendo os 2
O objetivo é o desenvolvimento de soluções de impressão digital para o segmento de papelcartão e papelão ondulado. O primeiro marco da joint venture será a fabricação da impressora VariJet, que deve ser lançada na Drupa 2020.
VOL. I 2019
12/03/2019 16:05
clientes começarem a mexer na gaveta de projetos. A minha missão aqui é tornar a Koenig & Bauer do Brasil tão forte no mercado comercial quanto ela o é no resto do mundo. No segmento de embalagens estamos muito bem posicionados, com excelentes clientes. Lógico, com desafios pela frente, mas estamos indo muito bem. Agora falta o segmento comercial. E também queremos avançar na seara da flexografia, com a divisão Flexotecnica. Estamos começando a trabalhar com essa linha. Ela já é representada aqui pela Coras, e agora vamos trabalhar em cooperação com eles.
A estabilização tem feito os clientes começarem a mexer na gaveta de projetos. Aproveitando a sua experiência, e pensando nas gráficas de médio porte que precisam se modernizar objetivando aumentar a sua produtividade e lucratividade, o que o gráfico deve analisar antes de sentar à mesa com os fornecedores? Algumas ondas que vêm de fora acabam chegando aqui, mais cedo ou mais tarde. Aconteceu isso há décadas com as máquinas quatro cores. Levei anos para convencer o primeiro cliente a trocar as suas bicolores. Depois com o verniz em linha, as máquinas longas, e mais recentemente com o digital. Todas essas evoluções estavam focadas no aumento da produtividade, em fazer mais com menos. Todos estão fazendo essa conta, pensando no que é possível investir para elevar a produtividade, reduzir custo e agregar valor para o cliente. Não interessa se o processo é digital ou analógico. Nesse sentido, o que eu vejo de mais interessante é a indústria 4.0, onde a Koenig & Bauer está bastante engajada. Quais processos podem passar a ser feitos de forma autônoma? O que eu posso reduzir de interferência humana? As máquinas que vendo hoje incorporam o software Auto Run, focado em operação autônoma. A máquina está finalizando um trabalho, entende qual é o próximo e já começa a fazer o processo de acerto enquanto está terminando o anterior. Essa é uma tendência que já está batendo aqui e só ficará mais forte.
Outro exemplo. A Koenig & Bauer tem investido muito em assistência técnica remota. Temos uma série de sistemas nesse sentido. Há um no qual o técnico consegue enxergar a máquina do cliente através de óculos chamados Data Glass. O operador coloca os óculos e olha para parte de uma máquina, como o armário das placas, e o nosso técnico na Alemanha enxerga o que o operador está vendo e vai orientando-o no reparo da máquina, inclusive desenhando para o operador onde estão as partes que devem ser mexidas. Isso tem a ver com produtividade, sobretudo para os clientes que estão em regiões mais distantes. Temos hoje uma taxa muito boa de solução remota de problemas. Esse modelo, que permite ao operador ficar com as duas mãos livres, já está sendo substituído por uma plataforma que usará o próprio smartphone do operador, dispensando os óculos e reduzindo o custo. Ele baixará o aplicativo, conectando-se com a fábrica, que vai enxergar a máquina por meio da câmera do celular. Há cerca de um ano a Koenig & Bauer do Brasil inaugurou uma área de estoque em Barueri com o objetivo de agilizar o atendimento às gráficas. Como está a operação? A pleno vapor. É uma localização bastante interessante por conta do Rodoanel. Foi um investimento pesado, que dificilmente um representante poderia arcar. O custo de nacionalização das peças foi assumido pela fábrica para tornar mais ágil nosso tempo de reação. Antes tínhamos um estoque não nacionalizado. Se houvesse uma greve no Porto de Santos, o envio ao cliente ficava comprometido.
A QUATRO MÃOS
No início de fevereiro, a Koenig & Bauer e a Tetra Pak anunciaram o desenvolvimento conjunto de uma nova impressora digital, a RotaJet 168. O equipamento está em construção e será instalado ainda neste ano na unidade de conversão da Tetra Pak em Denton, Texas, nos Estados Unidos, mirando a impressão de embalagens cartonadas. Com 168 cm de banda, a máquina roda quatro cores com cabeçotes piezoelétricos, alcançando 1.200 dpi. O foco, segundo Paulo Faria, é reduzir o tempo entre o design da embalagem e a impressão, viabilizando a customização em massa, a personalização, atendendo campanhas especiais focadas em nichos, lançamentos especiais e tiragens para teste de mercado. A tecnologia também aumentará a capacidade de rastreabilidade das embalagens. VOL. I 2019 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105 - Entrevista.indd 13
13
12/03/2019 16:05
NORMALIZAÇÃO
A precisão nas medições de cor
Bruno Mortara
na indústria gráfica e a ISO TR 23031 – Parte 2 O primeiro artigo desta série que investiga as questões em torno da precisão de medições de cor entre diferentes instrumentos trouxe as principais premissas teóricas e as questões básicas desse desafio. Neste artigo, parte 2, vamos analisar a proposta do TC130 da ISO, ou seja, a ISO TR 23031 – Assessment and validation of the performance of spetrocolorimeters and spectrodensitometers (Avaliação e validação da performance de espectrocolorímetros e espectrodensitômetros).
A
norma ISO TR 23031, já na introdução, cita o problema central. “À medida que as tecnologias óticas e eletrônicas melhoraram, os instrumentos se tornaram menores, mais precisos e mais acessíveis. Ao mesmo tempo, a ciência da metrologia amadureceu a tal ponto que o desempenho do dispositivo de medição de cores superou a capacidade dos laboratórios nacionais de produzir e certificar materiais padrão adequados para testes. Os instrumentos optoeletrônicos modernos são mais precisos e mais estáveis que os materiais usados para avaliar seu desempenho. Assim, tornou-se problemático determinar se um equipamento está dentro de sua especificação de fábrica ou se dois dispositivos produzem resultados que estão de acordo um com o outro” 1. Isso significa que não há materiais de referência adequados para calibrar instrumentos da indústria gráfica, ficando o usuário somente com a “calibração” em relação a um azulejo de referência que vem com o equipamento. Outra questão importante é a geometria dos equipamentos: na indústria gráfica se trabalha com instrumentos com emissão cônica com 45° (ou 0°) e leitura cônica a 0° (ou 45°) e, infelizmente, os laboratórios nacionais de metrologia ainda não estabeleceram uma escala universalmente aceita de fator de reflexão difusa para tais dispositivos. Como 1 ISO TR 23013:2018, Assessment and validation of the performance of spetrocolorimeters and spectrodensitometers, p.6.
14 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105 - normalização.indd 14
resultado, “instrumentos de medição de cor de diferentes fabricantes não fornecem (necessariamente) um acordo adequado sobre a determinação dos valores de cor...” 2. Além disso, os instrumentos de artes gráficas não possuem ajustes além do modo de leitura (qualidade espectral da luz incidente - M0, M1, M2 ou M3), e não têm como determinar ou ajustar a qualidade espectral do iluminante. A realização da “calibração” sobre o azulejo fornecido junto com o equipamento produz um fator de escala de radiância particular e não universal, pois, não havendo metodologia dos institutos de metrologia, o fator é apenas rastreável àquela amostra (base branca do dispositivo). Essas limitações se somam às possíveis aberturas de leitura dos instrumentos, que podem trazer ainda mais dificuldade de resolução de leitura em áreas com retículas, pois a amostragem tinta/papel daquele pequeno diâmetro de leitura pode não ser representativa da área avaliada. A ISO TR 23031 prescreve procedimentos padronizados para se avaliar a repetibilidade, reprodutibilidade e precisão dos equipamentos usados na indústria gráfica. A SOLUÇÃO
A solução proposta pela ISO TR 23031, uma vez que a calibração de instrumentos portáteis da indústria gráfica não é possível de ser implementada, é 2 Idem
VOL. I 2019
12/03/2019 14:40
utilizar uma série de materiais de referência certificados (CRM) ou uma série de materiais de referência estáveis e idealizados. Para a escolha desses materiais há vários elementos a se levar em consideração: 1) A computação de valores “tristimulus” (colorimétricos) a partir de dados espectrais requer o uso de uma ampla faixa de valores de refletância, por exemplo, incluir cores brilhantes, úteis na reprodução de imagens. Elas possuem grandes diferenças entre regiões de absorção e não absorção de luz. 2) O sistema de visão humano tem ótimas respostas espectrais e permite que um observador perceba diferenças de matiz tão pequenas quanto 1 nm. Por isso, os dispositivos de avaliação de cor precisam ter uma precisão várias vezes maior que o sistema visual humano, e as amostras têm de ter uma proximidade grande entre si para refletir uma gama ampla e precisa de fatores de refletância. 3) O sistema proposto é composto de um conjunto de 10 a 20 padrões físicos para amostrar o espectro visível com materiais de alta e baixa refletância e a transição entre os dois extremos numa faixa muito pequena de comprimentos de onda. 4) Esses materiais devem ser estáveis e quase opacos para evitar os problemas de difusão lateral observados quando a abertura de amostragem é pequena. 5) Provavelmente, por uma questão de custo, nas artes gráficas esses materiais deverão ser impressos, com uma vida útil relativamente curta. REPETIBILIDADE
A repetibilidade da cor refletida é melhor avaliada usando um material branco que não contenha alvejantes ópticos. Ele tem que ter fatores de refletância espectral de pelo menos 85% em todos os comprimentos de onda superiores a 420 nm, similar à base branca proposta pela ISO 13655. Com o instrumento ajustado de acordo com as instruções do fabricante e o material de referência branco colocado na posição de medição, deve-se proceder a 30 leituras com pelo menos cinco segundos entre elas e não mais que 30 segundos de intervalo entre elas. As leituras são salvas como dados espectrais. É preciso calcular a média das bandas de leitura dos dados espectrais e não dos valores CIELab. O método de cálculo leva à resultante dispersão para precisão, uma vez que o desvio padrão da amostra ou da população não é adequado para as estatísticas de dados não-normais. REPRODUTIBILIDADE
A reprodutibilidade é geralmente avaliada com o uso de vários materiais de referência e lidos em
intervalos de tempo mais longos e por vários operadores. O número mínimo de materiais de referência é quatro: vermelho brilhante, verde brilhante, azul profundo e cinza médio. Há materiais e procedimentos de fabricantes que produzem resultados similares – porém não padronizados –, como o NetProfiler, da X-Rite. Quanto à metodologia para aferir a reprodutibilidade há duas principais: Acordo entre Instrumentos e Acordo Inter-Modelos (Inter-Instrument Agreement and Inter-Model Agreement). O tipo de método depende do propósito desejado. Quando houver vários equipamentos de modelos iguais, por exemplo em consoles de diferentes máquinas impressoras, eles devem ser testados quanto ao acordo entre suas leituras a fim de se garantir que todas as máquinas impressoras sejam controladas da mesma forma. Esse é o tipo de reprodutibilidade conhecido como Acordo entre Instrumentos. Quando uma gráfica deseja harmonizar as medições entre dispositivos de bancada (laboratório de tinta), tipo “grampeador” (máquina offset) e de varredura (pré-impressão), o segundo método é o desejado. O método, para os dois cenários acima, é o mesmo: os padrões são lidos em cada instrumento e as diferenças entre os equipamentos são determinadas para cada padrão no conjunto de teste, sejam 4, 12, 24 ou 42 amostras. As diferenças podem ser compiladas na diferença média, diferença cumulativa de 95% e até dispersão de MCDM 3 , usando a média de todos os instrumentos como a média. Embora os valores de cor absolutos determinados 3 Ver MCDM em https://en.wikipedia.org/wiki/Multiple-criteria_decision_analysis.
O espectrodensitômetro eXact, da Xrite, com múltiplas funcionalidades VOL. I 2019 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105 - normalização.indd 15
15
12/03/2019 14:40
e um número de diferença esperada será relatado como segue: “A diferença média entre as determinações do instrumento 1-5 é de 0.xx unidades ∆E, onde a métrica de diferença de cor pode ser unidades CIEL ab ou CIEDE 2000” 4 . PRECISÃO
O espectrodensitômetro SpectroDens, da Techkon, também vem completo de funcionalidades
a partir do fator de refletância espectral medido ou do fator de radiância espectral sejam variáveis, as diferenças serão mais semelhantes. O problema mais difícil e complexo é o do Acordo Inter-Modelos. Um cenário desafiador poderia ser a comparação entre um instrumento de maior desempenho no laboratório de materiais e de um dispositivo de menor custo e menor desempenho no chão de fábrica. Ou, então, a gráfica usando o instrumento “A” e o comprador de impressão o instrumento “B”. A média de medições entre instrumentos em uma avaliação Inter-Modelos não é recomendada, pois a suposição de que os dois dispositivos estão avaliando a mesma propriedade pode não ser verdadeira. O método proposto na ISO TR 23031 é fazer a leitura dos materiais de referência três ou mais vezes em cada ferramenta. “A diferença de cor entre a média das três leituras é comparada com a média de cada um dos outros instrumentos (uma forma de MCDM) ou com uma comparação de contraste, similar àquelas feitas em uma Análise de Variância (ANOVA) ou estudo Gauge R & R. As diferenças individuais de cores seriam então calculadas e reportadas. Assim, se houvesse cinco equipamentos, a média de leitura em cada padrão de material seria comparada (instrumento 1 para instrumento 2, 1 para 3, 1 para 4, 1 para 5; instrumento 2 para o instrumento 3, 2 para o 4, 2 para 5; terminando com o instrumento 4 para o instrumento 5). Haveria então 10 contrastes para cada bloco. Como os contrastes representam diferenças para o mesmo material, os contrastes podem ser calculados e as diferenças relatadas para esse padrão de material. Por exemplo, um cinza claro pode ter uma diferença média muito pequena, mas uma cor vermelha brilhante pode ter uma variação muito maior. Finalmente, todas as diferenças para os padrões de material podem ser calculadas como uma média 16 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105 - normalização.indd 16
A precisão é um fator crítico na análise de um dispositivo de avaliação de cor e depende da disponibilidade de materiais padrão ou de referência ou artefato em relação aos quais a escala do instrumento possa ser avaliada. Por não existir uma unidade física fundamental do fator de refletância bidirecional ou bicônica, depende-se totalmente dos materiais de referência certificados distribuídos pelos laboratórios metrológicos nacionais. Eles fornecem materiais para a extremidade alta da escala de refletância, com os quais a incerteza pode ser de até 0,4%. Existem no mercado padrões cerâmicos certificados, mas a incerteza atribuída a esses materiais de referência coloridos secundários é muito grande, de até 1%. Assim, a ISO TR 23031 recomenda que os usuários deixem a avaliação da precisão para os fabricantes. CONCLUSÃO A ISO TR 23031 vem ao encontro de uma maior
profissionalização da indústria gráfica, que recebe demandas de seus clientes para maior controle de processo e maior precisão de reprodução de cores. A conciliação entre dispositivos de mesmo modelo e de instrumentos de diferentes modelos é fundamental para a cadeia produtiva poder funcionar adequadamente. Hoje essa cadeia lida com esses dois problemas de uma forma empírica, aumentando a tolerância de reprodução (em ∆E, por exemplo), a fim de que as diferenças entre os instrumentos do produtor e do comprador sejam absorvidas pela tolerância acordada. Caso a ISO TR 23031 seja bem implementada, será possível trabalhar com tolerâncias menores, o que favorece as indústrias que investem em conhecimento, mão de obra qualificada e instrumentos de qualidade (sempre calibrados!). 4 ISO TR 23013:2018, Assessment and validation of the performance of spetrocolorimeters and spectrodensitometers, p. 16.
BRUNO MORTARA é superintendente do ONS27, coordenador do TC130/WG13 Conformance Assessment e professor de pós-graduação na Faculdade Senai de Tecnologia Gráfica.
VOL. I 2019
12/03/2019 14:40
AN_nucleo_loguin.pdf
1
27/09/18
17:31
O mais completo sistema integrado de gestão para gráficas de todos os portes e segmentos C
M
Y
CM
www.yemni.com.br
MY
CY
CMY
K
av. jabaquara, 2958 – cj 113 04046 500 – são paulo – sp fone. +55 11 2936 6001 contato@nucleologuin.com.br nucleologuin.com.br
vamos conversar?
ACADEMIA
Kaique Cunha e Silva
Vantagens de um sistema de cura por feixe de elétrons
T
radicionalmente, a flexografia utiliza tintas com baixa viscosidade, à base de água ou solvente, que são secas por processos térmicos. Isso se dá por conta da rápida evaporação dos solventes dessas tintas, permitindo a impressão em altas velocidades. No entanto, apesar dessas tintas apresentarem resultados satisfatórios, o mercado está demandando tintas e vernizes que apresentem menos impacto ambiental, maior segurança na produção de embalagens, redução de gastos de produção, redução do tempo de setup, e mais qualidade de impressão. Uma alternativa para alcançar melhores resultados é a substituição das tintas convencionais, à base de solvente ou de água, por tintas que secam por um processo de cura por radiação. Há basicamente dois sistemas de cura por radiação: por luz ultravioleta e por feixe de elétrons, EB (Electron Beam). Embora essas tecnologias estejam disponíveis no mercado desde 1960, a sua aplicação no dia-a-dia das gráficas é relativamente recente. O sistema UV já é amplamente utilizado e tem apresentado bons resultados nos processos offset, serigrafia, flexografia e no digital. EB é uma aplicação bem mais nova na área gráfica, mas tem sido muito usada em outros segmentos, como esterilização de instrumentos, materiais hospitalares e alimentos; emissão de raios-X para radiografias; aumento da vida útil de materiais poliméricos por melhorar a resistência química, física e mecânica; entre outras. No Japão, por exemplo, os pneus de todos os carros são irradiados com elétrons para aumentar sua resistência. A cura por radiação apresenta vantagens como maior definição das imagens impressas, mais brilho e contraste, menos consumo de tinta, maior resistência química e mecânica do filme de tinta, não há necessidade de ajustes nas tintas durante a impressão, maior eficiência energética, maior repetibilidade de impressão, menor emissão de calor, não emissão de compostos orgânicos voláteis
18 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105-academia.indd 18
(VOC). Esse último aspecto é a principal vantagem ambiental e de segurança em termos de saúde nas embalagens para alimentos. Na impressora, a unidade de cura EB fica localizada depois do último grupo impressor, ao contrário da cura UV, cujas unidades de secagem ficam entre as unidades de impressão. As propriedades da tinta EB , juntamente com o modelo de impressão do tipo satélite, permitem que o trapping dessas tintas seja mantido até a unidade de cura. PROCESSO DE CURA EB
O sistema de cura por feixe de elétrons seca as tintas por meio da aceleração de elétrons, que interagem com os componentes da tinta promovendo sua polimerização instantânea. O processo começa com a geração de elétrons, feita por emissão termoiônica, ou seja, o aquecimento de um filamento que, em altas temperaturas, libera elétrons que se acumulam em torno dele. O tungstênio é o metal escolhido por possuir um alto ponto de fusão (cerca de 3400°C), sendo capaz de resistir ao aquecimento que chega até 2100°C. O processo ocorre dentro de uma câmara de vácuo para impedir que o filamento entre em combustão e para não haver interferência de partículas do ar na passagem dos elétrons até o substrato. Assim que os elétrons são gerados pelo catodo (filamento), eles são atraídos em direção a uma folha fina de titânio que faz a divisão entre o vácuo interno e a atmosfera inerte por onde passa o substrato com o material a ser curado. Os elétrons são lançados em direção à folha de titânio através de um campo elétrico de alta tensão formado dentro da câmara de vácuo entre o catodo e o anodo, que é a armação da janela de saída feita de cobre. O ambiente externo à câmara é preenchido com nitrogênio, em substituição ao oxigênio, para que este não reaja com os radicais livres que são formados no revestimento quando os elétrons acelerados o atingem e, também, para evitar a formação de ozônio.
VOL. I 2019
12/03/2019 14:06
Ilustrações: Wendel Medeiros de França
Unidade EB na Tambor Central
Os elétrons acelerados têm energia mais que suficiente para romper as duplas ligações dos componentes da tinta e iniciar a reação em cadeia. Os elétrons carregam tanta energia que podem reagir com mais de um componente da tinta. A unidade de cura EB é devidamente revestida com chumbo ou, mais recentemente, com aço, para a proteção do operador contra os raios-x que são, eventualmente, formados no processo de cura. COMPARAÇÃO DO EB COM O CONVENCIONAL
As tintas convencionais possuem baixa viscosidade devido aos solventes. No entanto, trabalhar com viscosidades mais baixas acaba acrescentando variáveis ao processo, que já não são poucas. Variações no valor tonal das imagens podem se dar por conta de variações da viscosidade das tintas. Com isso, perde-se definição das imagens impressas. Viscosidade é algo que se deve controlar cuidadosamente ao longo da impressão. Por conta disso, o operador tem de fazer controles periódicos do tempo de escoamento da tinta para que a impressão flua sem interrupções. Em tintas base água, o controle é bem mais difícil, pois o pH das tintas também deve ser controlado para mantê-las estáveis. Mudanças bruscas na viscosidade alteram a cor dos impressos, impedindo a boa repetibilidade de impressão. Todos esses controles e cuidados
não são necessários na impressão com tintas de cura por EB , pois não há alterações de viscosidade. As tintas convencionais contam com solventes altamente voláteis que prejudicam o meio ambiente e contaminam a água se não forem devidamente descartados. Além disso, para a impressão, é necessário que haja solventes para a diluição, limpeza e controle do tempo de secagem das tintas. Tudo isso gera custos com a compra desses insumos, armazenamento, manejo dos produtos e disposição final. As tintas EB não utilizam nenhum solvente e assim não emitem os compostos orgânicos voláteis que tanto contaminam a atmosfera. Em outras palavras, além de serem ecologicamente corretas, também geram uma boa economia evitando gastos complementares. Além disso, a cura por feixe de elétrons consome muito menos energia do que os sistemas convencionais, que utilizam estufas de secagem com resistências aquecidas, sistemas a gás ou até mesmo caldeiras. Tais modelos ainda devem contar com um sistema de exaustão para a retirada do ar saturado. Essas unidades de secagem ocupam grandes espaços, ao passo que a unidade de cura EB é bem mais compacta. Os solventes utilizados nas tintas podem deixar também um cheiro residual nas embalagens o que interfere nas propriedades organolépticas dos VOL. I 2019 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105-academia.indd 19
19
12/03/2019 14:06
produtos embalados. Isso pode gerar problemas sérios. Na impressão de embalagens de ração animal, por exemplo, há a possibilidade de os animais rejeitarem a ração por conta de seu olfato apurado, que capta esses resíduos dos solventes. Unidade de Cura
O processo de cura por radiação EB pode promover outras vantagens como reduzir a necessidade de laminações em algumas estruturas de embalagens, gerando economia por diminuir etapas de confecção. Além de todos os benefícios que os sistemas de cura por radiação oferecem frente aos sistemas convencionais, eles ainda promovem uma redução considerável no consumo de tintas, gerando ainda mais economia, levando a uma maior competitividade em relação aos produtos fabricados pelo sistema convencional. Uma desvantagem dos sistemas de cura por feixe de elétrons é o alto custo dos seus equipamentos. Contudo, a julgar pelas vantagens produtivas e financeiras que o sistema gera e aos avanços recentes, pode-se afirmar que o retorno para tal investimento acontece no curto e médio prazos.
KAIQUE CUNHA E SILVA é operador de máquina de prova e ex-aluno dos cursos de Auxiliar de Produção Gráfica (CAI), pela Escola Senai Felício Lanzara, e do Técnico de Impressão Rotográfica e Flexográfica, pela Escola Senai Theobaldo De Nigris.
20 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105-academia.indd 20
VOL. I 2019
12/03/2019 14:06
CULTURA GRÁFICA
Sem medo do novo As mudanças têm sido tão rápidas que mal tomamos conhecimento de uma ferramenta nova e ela já é substituída por outra. Observar os passos de quem já passou por isso, e venceu, pode nos ajudar a conviver com esse cenário.
Thiago Justo
V
ocê já teve a sensação de que tudo está mudando cada vez mais rápido? Pois é justamente a velocidade das transformações tecnológicas que fundamenta a teoria de que já entramos na era da quarta revolução industrial, marcada pela convergência de tecnologias digitais, físicas e biológicas e uma tendência à automatização total dos meios de produção.
Por maiores que tenham sido as transformações trazidas pelas revoluções industriais anteriores, ainda ficamos com receio do que está por vir. O medo de não conseguir acompanhar as mudanças (agravado pela rapidez com que deverão ocorrer), ou de ser engolido pelas novas tecnologias é um sentimento compartilhado por muitos. Por essa razão, não é difícil encontrar livros e
Uma das páginas duplas que compõe a Revolução dos Tipos
22 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105 - cultura-grafica.indd 22
VOL. I 2019
12/03/2019 14:17
reportagens que tentem explicar o que está acontecendo. Temas como Indústria 4.0, Internet das Coisas (IoT), Big Data e Inteligência Artificial nunca foram tão discutidos. Não existe fórmula de sucesso para driblar um cenário tão imprevisível. Todavia, sempre poderemos olhar ao redor e aprender com outras pessoas que passaram por situações parecidas. Ao pensar sobre o assunto, a primeira coisa que me veio à cabeça foi o impacto que o computador teve sobre as artes gráficas. Em meados dos anos 1980 foi apresentado o primeiro sistema de Desktop Publishing (DTP)
constituído por um computador Apple Macintosh, software de editoração eletrônica Page Maker da Aldus, fontes digitais licenciadas pela ITC (International Typeface Corporation), linguagem de descrição de páginas PostScript da Adobe e impressora digital Apple Laser Writer, com 300 dpi de resolução. Esse novo sistema de editoração mudou drasticamente a produção gráfica. Várias atividades que necessitavam de muitas pessoas para serem executadas, como paste-up e retoque fotográfico, passaram a demandar um operador de computador apenas. Milhares de funções desapareceram, setores inteiros fecharam. Empresas que só prestavam serviços de fotocomposição acabaram ficando obsoletas. O professor Vicente Gil Filho, titular do Departamento de Projeto, Grupo de Disciplinas de Programação Visual da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, não apenas passou por toda essa mudança, como escreveu sobre o impacto do computador na transformação da tecnologia do design gráfico, além de abraçar essa ferramenta e dominá-la como poucos de sua geração. Vicente, e sua mulher Nasha, foram uns dos pioneiros no uso do computador aplicado ao design gráfico aqui no Brasil e uns dos primeiros a adquirir um computador para tal finalidade. Toda essa trajetória é apresentada no livro Revolução dos Tipos, tese de doutorado defendida por Gil. Esse trabalho foi produzido entre os anos 1997 e 1999 e traz a história da escrita e de algumas famílias tipográficas clássicas, além de discutir o impacto do computador como vetor transformador da tecnologia aplicada ao desenho gráfico. Meu primeiro contato com a obra foi na biblioteca da faculdade de Arquitetura e Design do Mackenzie. Ao me deparar com o livro fiquei encantado com seu projeto inovador e com sua produção gráfica esmerada. A composição dos textos, a utilização das cores e a disposição dos elementos nas páginas eram completamente diferentes dos demais livros sobre tipografia e design gráfico que eu estava acostumado a ver. Devo ter renovado o empréstimo uma dezena de vezes. Nessa época, nem imaginava que muitos anos depois eu teria o privilégio de ter Vicente Gil como professor. No livro são apresentadas várias releituras de trabalhos profissionais realizados entre os anos 1992 e 1997. Esse é um de seus aspectos mais interessantes, propiciar ao leitor a visão desse recorte de tempo, para que ele possa observar as possibilidades
Experimentações tipográficas viabilizadas pelo computador
VOL. I 2019 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105 - cultura-grafica.indd 23
23
12/03/2019 14:18
projetuais viabilizadas pelo uso do computador, além, é claro, de evidenciar a genialidade de Gil ao solucionar as questões comunicativas demandadas por cada trabalho. O discurso do livro é predominantemente gráfico e traz diversas citações, muitas vezes antagônicas, espelhando as incertezas de quem vive em um cenário de grandes mudanças. Segundo Gil, o livro comunica uma ideia principal—a luta pela manutenção dos livros como forma de comunicação em um mundo conturbado pela presença de diferentes e novas mídias, que se justifica na medida em que eles deverão ser repensados, deverão deixar fluir a emoção contida nas mensagens e, consequentemente, tornarem-se mais envolventes para que não morram. Passados quase 20 anos, o tema do livro continua atual. O cenário não mudou muito e ainda estamos nos acostumando com as novas mídias
digitais. O mercado gráfico vive uma queda na demanda e seus produtos estão cada vez mais focados na materialidade (tipo de papel, recursos de impressão, acabamento e enobrecimento) como forma de se diferenciarem e ficarem mais atraentes que os produtos digitais. Gil não nasceu sob a era do computador. Pelo contrário. Trabalhou durante muitos anos no processo convencional e, contestando a imagem fantasiosa de que somente jovens são interessados pelo novo, começou no processo digital com cerca de 40 anos. É claro que essa transição não foi fácil, o preço pelo pioneirismo é andar por caminhos nunca trilhados. Não havia para quem pedir ajuda, não existia Google ou Youtube, ele só podia contar com o manual dos softwares gráficos em inglês e de poucos amigos que também tinham computador. Por essa razão, o tempo de aprendizado foi bem mais longo. Mesmo passando por
5
24 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105 - cultura-grafica.indd 24
VOL. I 2019
12/03/2019 14:18
CRIADOR E CRIATURA Como foi migrar do sistema convencional para o computador? Existia temor quanto ao impacto do computador no setor gráfico? O primeiro contato com a nova tecnologia foi numa viagem a Paris, em 1987. O marido de uma amiga estava fazendo um livro num computador Macintosh SE , preto e branco, numa tela minúscula, eu achei aquilo horrível e não dei a menor importância. Em 1988 comecei a fazer um curso num computador PC , aos sábados, sem possuir máquina ainda. A cada sábado era uma tortura, pois não lembrava o que havia aprendido na aula anterior, a tela verde era horrível, nem um pouco motivadora. Em 1989, um ex-aluno, Kiko Mistrorigo, desenvolvia alguns trabalhos pequenos para o escritório Cauduro Martino desenhando os fundos de segurança para cheques do Banco Safra e me apresentou o computador Macintosh II , que operava em cores—enlouqueci, e no mesmo ano investi US$ 15.000 e me equipei com um computador Macintosh IIci, em conjunto com uma impressora a laser e um scanner manual. E com isso, junto com minha mulher, Nasha Gil, iniciei uma verdadeira lavagem cerebral, tamanho o sofrimento de aprendizado da nova ferramenta. Comecei com os softwares da Aldus Corporation—Page Maker e Free Hand, além do Illustrator da Adobe. A adaptação foi muito difícil, pois a forma de raciocinar era completamente diferente daquela que eu já praticava em meu ofício há 15 anos. Não havia preocupação quanto ao impacto do computador no setor gráfico porque não existia ainda a internet, que só apareceu anos mais tarde e tomou proporções capazes de abalar o setor gráfico. Na época também não existiam os birôs para processamento de fotolitos, hoje praticamente extintos com a tecnologia computer-to-plate. Eu só conhecia um lugar na cidade que possuía uma Linotronic Imagesetter, impressora com “high-quality” capaz de imprimir em 2.540 dpi (ou seja, capaz de processar os fotolitos para gravação nas chapas de impressão), a Edições Loyola, no Ipiranga. Seu uso era complicado—primeiro era necessário marcar hora com dois dias de antecedência e pagar US$ 100 por hora de utilização, além de outro valor por metro de filme processado. O problema maior era dar a saída, uma vez que você mesmo tinha que comandar a impressão na Linotronic, caso saísse errado, pagava-se da mesma forma.
Em relação ao seu círculo profissional, como as pessoas, gráficas e agências encaravam a chegada do computador? As gráficas sofreram um grande impacto inicial porque não eram capazes de processar fotolitos. Os birôs aos poucos foram proliferando e as gráficas demoraram mais tempo para começarem a produzir os seus próprios fotolitos. Os profissionais que trabalhavam com design gráfico passaram a contratar operadores de computador e ficavam do lado dando instruções. Eu brincava que eles haviam se transformado em “damas de companhia de operadores”. Não havia cursos, não havia internet e a única saída era estudar com o manual que acompanhava cada um dos softwares. Indiscutivelmente o leque de possibilidades se ampliou enormemente, o que levava a uma grande possibilidade de novas experimentações, bem como uso diverso para a tipografia que amplificou o seu poder, daí o título — Revolução dos Tipos. Como você enxerga o momento que vivemos hoje, principalmente no que diz respeito à automação das tarefas mais repetitivas e equipamentos cada vez mais conectados? Sinto uma falta de humanidade na maioria dos trabalhos de design gráfico produzidos atualmente. A não utilização das mãos como ferramenta faz com que o trabalho fique privado de humanidade, o que torna tudo muito pasteurizado. Em contraponto, sinto que existe um crescente interesse por técnicas manuais. O desenvolvimento da impressão digital, que permite impressão por demanda, incluindo livros com capas individualizadas e sem repetição, pode viabilizar, em um futuro próximo, a impressão de “livros de artista”, com tiragem única, tornando-os objetos de luxo. Tem alguma dica ou conselho para os profissionais gráficos que atuarão nesse cenário? Os profissionais deveriam se aprofundar cada vez mais em estudar programação para que possam personalizar e criar suas próprias ferramentas dentro do computador. Acredito que o profissional deva controlar todas as etapas do processo produtivo. Por exemplo, “livros de artistas” deverão ser inteiramente produzidos e impressos pelo próprio artista. VOL. I 2019 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105 - cultura-grafica.indd 25
25
12/03/2019 14:18
Páginas presentes no livro
Folheie o livro Revolução dos Tipos em: https://issuu. com/vicente_gil/docs/ revolucao_dos_tipos Ou acesse este conteúdo pelo QRCode:
26 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105 - cultura-grafica.indd 26
CURIOSIDADES DA REVOLUÇÃO DOS TIPOS O livro foi todo feito em FreeHand, em conjuntos de 10 ou 12 páginas, pois não era possível trabalhar em um arquivo único para toda a obra. Foram usadas apenas três cores na impressão: prata, preto e vermelho. Todavia, na hora da produção foram utilizados quatro conjuntos impressores, porque dois tinteiros continham a tinta prata, no primeiro e último, e imprimiam a cor prata por cima e por baixo das demais cores. Isso ocorreu por um erro no processamento dos fotolitos. Gil foi o primeiro a utilizar as malas (folhas para acerto de impressão) do próprio livro como sobrecapas para os livros acabados. Durante sua produção, o setup de máquina foi feito com o mesmo papel do livro,
Garda Pat, gerando uma perda de 5000 folhas. Diante delas, Gil ficou impressionado e resolveu escolher 1000 para serem utilizadas como sobrecapa. Para isso estudou um tipo de dobra na folha inteira e imprimiu e aplicou relevo com o título do livro, gerando uma grande diversidade de sobrecapas distintas. O livro teve uma tiragem de 700 exemplares. Gil presenteou com um exemplar cada uma das pessoas presentes no dia da defesa de sua tese. O Plano Collor teve um impacto positivo no projeto: como Vicente ficou sem trabalho por mais de seis meses, usou esse tempo para aprender os softwares gráficos que tinha em seu computador.
VOL. I 2019
12/03/2019 14:18
tantas dificuldades, Gil é categórico ao afirmar que a grande transformação tecnológica foi possibilitar a execução de uma infinidade de experimentos e contribuir para a construção da linguagem própria de cada designer. O olhar que Gil teve sobre o novo nos faz perceber que uma das melhores maneiras de enfrentar as mudanças é aceitando-as, estando receptivo as possibilidades trazidas pelas novas tecnologias. Não é à toa que ele foi um dos poucos profissionais de sua geração que conseguiu migrar para o sistema digital com a mesma excelência. A grande maioria não acompanhou as mudanças e ficou presa aos velhos métodos de produção convencional.
Tal postura fez de Gil uma das maiores contribuições individuais ao design gráfico nacional, com dezenas de trabalhos selecionados para as bienais de design gráfico, organizadas pela Associação de Designers Gráficos, ADG . É possível que as incertezas quanto ao futuro que Gil já havia deixado transparecer em seu livro nunca desapareçam por completo. Entretanto, aceitar as mudanças que estão por vir pode fazer toda diferença na vida profissional de qualquer pessoa. THIAGO CESAR TEIXEIRA JUSTO é professor especialista em pré-impressão e impressão digital na Escola Senai Theobaldo De Nigris. VOL. I 2019 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105 - cultura-grafica.indd 27
27
12/03/2019 14:19
COMO FUNCIONA
Felipe Wagner da Silva Consiglio
Serigrafia rotativa:
enobrecendo rótulos em flexografia banda estreita Diego Aparecido Nobre
André Cifuente Filho
O
mercado está cada vez mais exigente. Tal fato abre espaço para o crescimento da demanda por rótulos com diversos tipos de enobrecimentos, ao mesmo tempo em que a produção se torna mais complexa e custosa. Para atender a essa necessidade, as impressoras estão cada vez mais versáteis, incorporando o conceito de “impressão híbrida”. O QUE SÃO MÁQUINAS HÍBRIDAS?
Impressoras híbridas são aquelas que possuem mais de um processo de impressão em linha, como por exemplo: rotogravura e offset, offset e
flexografia, flexografia e serigrafia. Também são híbridas as máquinas que usam cabeçotes de impressão digital, para aplicação de dados variáveis. A serigrafia, também conhecida como silk screen¸ permite a impressão de uma camada muito espessa de tinta ou verniz, bem além do que é possível com os outros processos. Além das tradicionais telas de fios sintéticos, as formas de serigrafia também podem ser eletroformadas em níquel, um avanço tecnológico que permite maior resistência, maior precisão no registro de cores e na dosagem de tinta. Esse tipo de tela é utilizado nas fôrmas rotativas de máquinas híbridas.
1
Antonio Paulo Rodrigues Fernandez
Tela cilíndrica de serigrafia rotativa e rodo raspador (Fonte: Autores)
28 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105-como-funciona.indd 28
VOL. I 2019
13/03/2019 15:34
2
Ilustração do funcionamento da serigrafia rotativa
O princípio básico da impressão serigráfica rotativa é o mesmo que da plana. Utiliza tela, tinta e rodo de raspagem, também chamado de racle. A tela cilíndrica é alimentada internamente com tinta, por meio de sistema de bombeamento que conduz e distribui uniformemente a camada de tinta aplicada na tela (1). A impressão acontece quando o rodo raspador, feito de poliuretano, força a passagem da tinta através das áreas abertas da tela, conforme mostrado na figura. A área aberta é, portanto, o grafismo da fôrma serigráfica (2). A espessura da tinta depositada depende da abertura entre os fios da tela serigráfica, chamada de mesh (malha) e da espessura da camada que veda o contra-grafismo. Quanto menor o valor do mesh e maior a camada de emulsão na área de contra grafismo, maior será a espessura de tinta ou verniz aplicado sobre o substrato de impressão. Um exemplo de aplicação que aproveita essa vantagem da serigrafia é a impressão de informações em braile. Devido a essa quantidade aplicada sobre o material, é necessária uma tinta ou um verniz específico, uma vez que o volume, velocidade e mesh influenciam diretamente no processo. Outros exemplos, são a impressão de circuitos elétricos com tintas condutivas, produção de fitas eletroluminescentes, aplicação de verniz localizado, impressão de tintas termocrômicas, aplicação de verniz glitter, impressão de sensores médicos e produção de tarjas magnéticas para tickets. A tela de serigrafia rotativa é diferente da tela para o processo convencional plano, que trabalha com fios tramados. Trata-se de uma placa curvada em formato cilíndrico que possui aberturas (regiões vazadas) semelhantes a favos de mel. As figura (3) e (4) mostram um conjunto de fôrmas serigráficas rotativas produzidas com lâminas metálicas de alta durabilidade, as quais possuem região de grafismo vazada na forma hexagonal e paredes de sustentação semi abauladas.
3
Fôrmas serigráficas
PARÂMETROS DA FÔRMA ROTATIVA ROTAMESH
1. Mesh, quantidade de “furos” por unidade de comprimento 2. Espessura da tela sem a camada de emulsão (expressa em unidades de comprimento) 3. Área aberta total dos furos (expressa em porcentagem) 4. Diâmetro do furo (expresso em unidades de comprimento) 5. Deposição teórica da espessura da camada de tinta que será obtida na impressão (expressa em unidades de comprimento) 6. Tamanho da partícula de tinta, a qual pode atingir valor máximo de 1/3 do diâmetro do furo (expresso em unidades de comprimento) 7. Menor espessura de linha que pode ser reproduzida, o mesmo que resolução (expressa em unidades de comprimento). 4
1
5
2
6
3
7
4
Fôrmas serigráficas tecnologia Rotamesh
VOL. I 2019 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105-como-funciona.indd 29
29
13/03/2019 15:34
5
RM
RM
RM
RM
RM
RM
RM
RM
RM
RM
75/40
75/32
125/15
215/25
215/21
305/17
305/13
305/11
305/8
405/17
Malha linear/inch
75
75
125
215
215
305
305
305
305
405
Espessura
150
125
100
80
80
80
80
80
80
80
Abertura da área
40
32
15
25
21
17
13
11
8
17
Diâmetro do Furo
214
192
79
59
54
34
30
28
24
27
Deposito de tinta úmida
60
40
15
20
17
14
10
9
6
10
Tamanho Max de partícula
71
64
26
20
18
11
10
9
8
9
Resolução
350
350
225
125
125
100
100
100
100
80
Tipo
Características técnicas das telas Rotamesh
6
75/40
215/25
Foto microscópica de duas telas serigráficas rotativas com Rotamesh diferentes (Fonte: Autores)
Assista o vídeo e confira o funcionamento de uma impressora serigráfica rotativa
30 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105-como-funciona.indd 30
A tabela acima (5) demonstra as diversas telas fabricadas pela SPGP rint e suas características técnicas. A fôrma serigráfica rotativa (6) é composta pela tela, anel, engrenagem e sensor. A tela é um item muito sensível a impactos mecânicos, porém muito resistente em relação à tiragem e pode ser regravada diversas vezes. Alguns cuidados precisam ser observados no seu manuseio: ◆◆ Retirar a tela dentro da embalagem original somente para uso ◆◆ Manuseá-la com cuidado ao retirar da embalagem ◆◆ Segurá-la somente pelos anéis ◆◆ Armazená-la dentro da embalagem original
Não forçar a tela ao retirar e colocar as espumas de proteção ◆◆ Realizar sua limpeza com solvente específico por meio de espuma ou equipamento adequado O cabeçote de serigrafia é móvel, para que possa ser posicionado em qualquer ponto da linha de impressão, dependendo das necessidades técnicas do produto que será impresso. Existem várias configurações de equipamentos híbridos. Dessa forma, é possível que uma máquina impressora flexográfica possua mais que um cabeçote de impressão serigráfica (7). O cabeçote de impressão serigráfico é sincronizado eletronicamente à impressora, o que permite ◆◆
VOL. I 2019
13/03/2019 15:34
7
8
Impressora híbrida da Escola Senai Theobaldo De Nigris, composta por seis unidades fixas de impressão flexográfica e uma unidade móvel de impressão serigráfica (Fonte: Autores)
realizar o acoplamento entre diferentes diâmetros de fôrmas serigráficas rotativas e diferentes diâmetros de cilindros porta clichês, o que tipicamente ocorre por meio de sensores, entre eles encoders, que levam em consideração o número de dentes da engrenagem da tela e do cilindro porta clichê (8). Outros recursos também fazem parte desses equipamentos híbridos ◆◆ Controle de rotação da fôrma serigráfica rotativa ◆◆ Controle de distância entre a tela e sistema de pressão ◆◆ Ajuste de pressão do rodo de raspagem ◆◆ Ajuste de registro lateral ◆◆ Ajuste de registro longitudinal ◆◆ Controle de fluxo de tinta por meio de bomba
Cabeçote de impressão serigráfica rotativa (Fonte: Autores)
Sistema automático e manual de avanço da fôrma serigráfica rotativa. A serigrafia rotativa está ganhando o mercado de rótulos, pois agrega valor ao produto, alavancando as vendas. Segundo dados fornecidos pela empresa SPGPrints, atualmente existem mais 250 unidades de serigrafia rotativa na América do Sul. ◆◆
ANDRÉ CIFUENTE FILHO, DIEGO APARECIDO NOBRE E FELIPE WAGNER DA SILVA CONSIGLIO são instrutores de Impressão Flexográfica da Escola Senai Theobaldo De Nigris e ANTONIO PAULO RODRIGUES FERNANDEZ é orientador de Práticas Profissionais da Escola Senai Theobaldo De Nigris.
REFERÊNCIAS Catálogo Rotary Screen Printing SPGPrints.
CLICHÊS PARA HOT STAMPING E RELEVO Fabricando clichês e matrizes por corrosão química e usinagem desde 1997. Infraestrutura moderna e completa.
Rua das Três Meninas, 53 - Serraria - Diadema - SP. Fone: (11) 2969-377 - bronzart@terra.com.br - www.bronzartclicheria.com.br VOL. I 2019 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105-como-funciona.indd 31
31
13/03/2019 15:35
SUSTENTABILIDADE
A economia circular e a indústria gráfica
Manoel Manteigas de Oliveira
U
ma questão que se apresenta como um grande desafio para a economia mundial é compatibilizar crescimento com sustentabilidade. Como garantir suprimento de matérias-primas para a produção crescente de bens de consumo e assegurar que os resíduos e produtos descartados não contaminem o meio ambiente? A simples redução do consumo, como muitos propõem, não resolve o problema. Essa atitude, embora louvável, pode implicar na redução da atividade econômica, pelo menos dentro do modelo dominante. Também não considera que grandes contingentes de pessoas querem usufruir de um pouco mais de riqueza. É o caso, por exemplo, de centenas de milhões de chineses que estão ascendendo para níveis mais elevados de bem-estar. Na Índia há outras centenas de milhões em situação semelhante. Ainda há as populações da África na fila e, porque não, as latino-americanas, inclusive a brasileira. Por isso, a tese de redução de consumo dificilmente será o caminho para solucionar a questão ambiental. No entanto, o assunto não pode ser deixado de lado e é urgente. É evidente que o planeta está sendo exaurido em seus recursos não renováveis e que a poluição tem levado a consequências muito graves, como a degradação de ecossistemas e as mudanças climáticas. Acrescente-se a isso o fato de que a exploração exagerada dos recursos naturais e a poluição também tendem a frear o crescimento econômico. É nesse contexto que o conceito de economia circular foi desenvolvido. Essa abordagem é também representada pela expressão “cradle to cradle” (do “berço ao berço”). A pioneira dessa ideia foi a velejadora inglesa Ellen MacArthur, a partir de 2004. Em 2010 foi criada uma fundação com o seu nome e o tema passou a ser levado seriamente em conta por grandes empresas e estudiosos. Essencialmente, a produção industrial está baseada no modelo extração de recursos, produção
32 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105 - sustentabilidade.indd 32
de bens e, finalmente, descarte ou reciclagem de resíduos e de bens pós-uso. Frequentemente o descarte é feito diretamente nos ecossistemas, sem tratamento, ou em depósitos de lixo. Em situações melhores, resíduos são tratados antes do descarte, para redução ou eliminação de sua toxicidade, e bens inservíveis são reciclados parcialmente (poucos são completamente reciclados). A economia circular pretende a mudança do próprio modelo de produção. A proposta é que no design dos produtos já esteja planejada a reciclagem total dos materiais utilizados na sua fabricação e/ ou a reutilização de suas partes. Daí a expressão do “berço ao berço”, em substituição à fórmula do “berço ao túmulo”. Na economia circular nada morrerá, tudo será reaproveitado, transformado em novos bens. No limite, não haverá mais lixo oriundo da produção, apenas materiais a serem reciclados e reutilizados. O crescimento da economia deverá ser impulsionado no longo prazo, pois a limitação dos recursos não renováveis será superada. Segundo Léa Gejer e Carla Tennenbaum, do site ideiacircular.com “o lixo é um erro de design”. Parece impossível? Difícil sim, impossível não. Pelo menos muitas empresas importantes acreditam nesse conceito e estão investindo pesado em tecnologias que possam realizá-lo, e os resultados estão aparecendo. Segundo Michael Braungart e William McDonough, a economia circular se baseia em três princípios: 1. Os materiais não devem ser potencialmente prejudiciais à saúde dos seres vivos. Além disso, devem ser reutilizáveis e/ou recicláveis. Nesse sentido, distinguem-se os ciclos biológico e técnico. O primeiro é típico dos materiais biodegradáveis, que não contenham substâncias tóxicas e que, de volta à natureza, possam ajudar a regenerá-la. Esse pode ser o caso, por exemplo, de materiais celulósicos e de tintas e vernizes formuladas com essa preocupação. Já o ciclo técnico abrange os materiais que devem ser reciclados e reutilizados repetidamente e, dessa forma, ter seu valor
VOL. I 2019
12/03/2019 16:12
recuperado. Nesse caso deve-se levar em conta os possíveis impactos ambientais dos processos de reciclagem. 2. Utilização de fontes de energia renováveis, idealmente de origem solar, mas também eólica e outras. 3. Promoção da biodiversidade. Também aqui os suportes celulósicos mostram vantagens. As áreas de responsabilidade das indústrias de base florestal, incluindo árvores plantadas e florestas nativas preservadas e/ou recuperadas, representam menos de 2% do território nacional. Ainda assim, essa pequena extensão possui índices positivos de biodiversidade. O setor florestal trabalha com o plantio em mosaico, integrando vegetação natural e plantios comerciais, permitindo a formação de corredores ecológicos. Das espécies brasileiras ameaçadas de extinção, 38% dos mamíferos e 41% das aves são encontrados nessas áreas. Na indústria gráfica não é tão difícil migrarmos para esse novo modelo. Os substratos celulósicos são oriundos de fonte renovável: árvores
plantadas. Os produtos impressos em papel, após seu uso, já são largamente reciclados (67% no Brasil, 72,5% na Europa). Fabricantes se preocupam em produzir tintas e vernizes com componentes renováveis e que possam passar pelo processo de reciclagem. À medida que clientes e consumidores finais compreenderem o significado da economia circular, espera-se que passem a preferir produtos projetados segundo esse conceito. A campanha Two Sides apoia e encoraja iniciativas que ajudem a fechar esse ciclo virtuoso.
PARA SABER MAIS:
https://ideiacircular.com/ www.ellenmacarthurfoundation.org www.twosides.org.br Livro: “Cradle to Cradle - criar e reciclar ilimitadamente”. Michael Braungart e William McDonough. Editora Gustavo Gili Brasil, 2013
MANOEL MANTEIGAS DE OLIVEIRA é diretor técnico de Two Sides Brasil e da ABTG. É também diretor da Associação Brasileira de Encadernação e Restauro, Aber.
Você sabia que o papel é feito de árvores plantada s exclusivamente para essa finalidade? Todos os dias no Brasil são plantados o equivalente a cerca de 500 campos de futebol de novas florestas para a produção de papel e outro s produtos.
O Brasil tem 7,8 milhões de hectares de florestas plantadas. As indústrias que usam essas árvores conservam outros 5,6 milhões de hectares de matas nativas.
revistas e jornais impressos Você gostará ainda mais de é vem de árvores plantadas, sabendo que o papel que a Sej Descarte corretamente. reciclável e biodegradável. . um consumidor responsável Fonte: Relatório Ibá 2017, Indústria Brasileira de Árvores Two Sides é uma organização global, sem fins lucrativos, criada em 2008 por membros das indústrias de celulose, papel e comunicação impressa. Two Sides promove a produção e o uso responsável da impressão e do papel, bem como esclarece equívocos comuns sobre os impactos ambientais da utilização desse recurso. O papel, por ser proveniente de florestas certificadas e gerenciadas de forma sustentável, é um meio de comunicação excepcionalmente poderoso, de fonte renovável, reciclável e biodegradável.
VOL. I 2019 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105 - sustentabilidade.indd 33
33
12/03/2019 16:12
TUTORIAL
Automação de estilo no InDesign com metacaracteres
Ana Cristina Pedrozo Oliveira
O
uso de estilos para automatizar tarefas para formatação e edição de caracteres e parágrafos é um recurso que facilita a diagramação e agiliza as alterações em lote dos textos. Caso você tenha necessidade de alterar itens específicos, de maneira automática, é possível utilizar metacaracteres, criando uma programação de ações. Os metacaracteres são conjuntos formados por caracteres coringas que determinam tarefas específicas. No Indesign pode ser utilizado em vários recursos, mas o que vamos descrever está relacionado com os estilos. Como exemplo observe o texto a seguir (1). Nele existem alguns números e sinais de cifrão. A ideia é fazer uma formatação automática nesses dois itens aplicando um estilo de caractere. O caminho das pedras é procurar cada um desses itens, selecionar e aplicar o estilo de caractere desejado para cada um. Com os metacaracteres vamos fazer uma programação para que o Indesign realize essa ação de maneira automática.
Selecione o texto e aplique o estilo de parágrafo “texto”. Clique duas vezes o estilo “texto” na paleta Paragraph Style e escolha Grep Style nas guias que aparecem do lado esquerdo (3).
3 Clique no botão New Grep Style. Aparecerá uma opção para configurar o modo como a automação será aplicada (4).
1 Crie um estilo de parágrafo e os estilos de caractere que deverão ser aplicados nas variações. No nosso caso, o estilo de parágrafo será nomeado como “texto” para especificar as caraterísticas gerais. Os estilos de caractere para aplicação nos números será “numero” e para o cifrão será “real”. Para o estilo “número” configure como bold (negrito) e para “real” configure como italic (itálico) (2).
2
34 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105 - tutorial.indd 34
4 Clique na opção Apply Style e escolha o estilo de caractere “numero” que será aplicado nos números (5). Agora no campo To Text, clique no botão de opções indicado com o sinal de arroba (@) para disponibilizar os metacaracteres disponíveis. Escolha a opção Wildcards > Any Digit para qualquer dígito (6).
VOL. I 2019
12/03/2019 16:21
8
5
6 Como teremos vários números para aplicar o estilo, será necessário configurar a repetição dessa ação. Para isso escolha Repeat > One or More Times. Dessa forma, o estilo “numero” será aplicado a todos os números do texto (7).
Como não existe nas opções de metacaracter a configuração de cifrão, será necessário digitar R$ referente à função desejada. Portanto, em To Text digite “R$ ” entre chaves ([]) para especificar um conjunto de letras que será selecionado (9).
9
7
Clique em OK . Note que todos os números foram alterados e agora possuem as características especificadas no estilo de caractere. Vamos formatar agora os cifrões (R$), utilizando o mesmo recurso. Repita a operação clicando duas vezes no estilo “texto” na paleta Paragraph Style. Depois, escolha a opção New GREP Style e em Apply Style escolha o estilo de caractere “real”, que será aplicado nos cifrões (8).
Clique em OK . Veja que agora os cifrões foram alterados com um estilo caractere especificado.
VOL. I 2019 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105 - tutorial.indd 35
35
12/03/2019 16:21
TIPOS DE METACARACTER
Como você deve ter notado, a lista de metacaracteres contém várias opções prontas para facilitar o uso do recurso GREP, mas ao utilizar de maneira mais
ANA CRISTINA PEDROZO Oliveira é professora de PréImpressão na Escola Senai Theobaldo De Nigris
36 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105 - tutorial.indd 36
complexa esse comando, haverá a necessidade de descrever a ação desejada. Por isso, a seguir você tem uma tabela com alguns códigos que podem ser úteis ao utilizar estilos de parágrafo com GREP.
Código
Descrição
Exemplo
[]
Conjunto de itens
()
Agrupamento
(?i)w
Não diferenciar maiúscula e minúscula
(?-i)
Diferenciar maiúscula e minúscula
João joão JOÃO
\
Qualquer
\d
d
Dígito
O número 1 da turma
(\d\d\d\d)
Agrupamento de 4 dígitos
O telefone é 8764-3245
(\d\d\d\d)[-.] (\d\d\ d\d)
2 agrupamentos de 4 dígitos separados por (hífen) ou . (ponto)
O telefone é 8764-3245
\
Qualquer
w
Caractere (sem espaço)
+
Uma ou mais vezes
.
Qualquer caractere incluindo espaços
-
\t
Tabulação
-
~#
Qualquer número de página
-
[\l\u]
Qualquer letra
-
\s
Qualquer espaço vazio
-
[a] Maria (Maria) (Joana) Todos conheciam a casa da Maria e da Joana (?i)João João joão JOÃO (?-i)João
O telefone é 8764.3245 \w+ O telefone é 8764-3245
VOL. I 2019
12/03/2019 16:21
SPINDRIFT
A flexo morreu. Vida longa à flexo!
O
setor gráfico tem vivido anos traumáticos, com descontinuidades que provocaram mudanças e inovações em muitas áreas da cadeia produtiva. Porém, nenhum outro segmento dessa indústria desfrutou de um rejuvenescimento tão dramático quanto o da flexografia. Os avanços em tecnologias de imagem e processos químicos estão ajudando os convertedores a competir com outros processos de impressão como offset, rotogravura e impressão digital. A flexo abandonou sua antiga reputação, de ser um tanto desleixada, à medida que esses avanços criam novas aplicações, oportunidades de negócios e processos de fabricação altamente capacitados. O setor de embalagens, tradicional nicho da flexo, tem recebido muita atenção. Os fabricantes de impressoras digitais estão de olho no setor e os convertedores de embalagens e donos de marcas desejam ter acesso a novas maneiras de envolver seus clientes. Rob Vermeulen, membro do conselho da Associação Europeia de Design de Embalagens e Marcas (ePDA), identifica que os millennials da geração Z “não querem se comunicar da maneira convencional”. O colega de Rob, Uwe Melichar, presidente da ePDA , diz que a geração Z quer produtos e serviços “quando e onde eu quiser” e espera mais das marcas. “Nós vemos um movimento das grandes marcas em direção à marca própria. O selo privado se tornará cada vez mais forte e mudará suas comunicações porque não está vinculado a um histórico.” Isso é música para os ouvidos dos fabricantes de sistemas de impressão digital que trabalham com gráficas de embalagem para aplicações de pequenas tiragens e sob demanda. Nos próximos anos, a impressão digital será de fato a parte maior do mix de serviços, mas não dominará. Competir com a velocidade e a flexibilidade da tecnologia flexográfica é difícil, e as tecnologias flexográficas, como o
38 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105 - Spindrift-2.indd 38
sistema da Kodak, Flexcel NX , que celebraram seu décimo aniversário no ano passado, garantirão a continuidade da flexo. Chris Payne, presidente da divisão de embalagens flexográficas da Kodak, diz que “estamos ainda no início dessa transição da flexografia para embalagem”. A flexo está conquistando parte do território da rotogravura e do offset e crescendo organicamente na medida em que os riscos de investimento diminuem. PARECE BOM
Outras melhorias na pré-impressão flexográfica fornecerão ainda mais qualidade e produtividade de saída e a um custo razoável. O sistema Flexcel NX atende as crescentes demandas dos clientes por um controle mais rigoroso do processo e por prazos mais curtos de trabalho. De acordo com Chris Payne, presidente da divisão de embalagens flexográficas da Kodak, “estamos no início dessa transição em flexografia para embalagem”. O método de impressão flexográfico está pegando mercado da rotogravura e do offset, além de ter crescimento orgânico. À medida que se torna mais fácil controlar o processo, os resultados se tornam mais previsíveis e os riscos de investimento diminuem. Payne diz que “a flexo é o mais adaptável de todos os processos de impressão e a tecnologia de clichês Flexcel NX ajuda na mudança de desempenho na impressão, necessária para implementar novas e mais eficientes formas de trabalho, como a redução de tintas de cores especiais e a adoção de Impressão ECG [Impressão de Gamut Expandido]. Inovações em tintas e revestimentos, bem como novos desenvolvimentos de reticulas específicas para impressão de embalagens, estão ajudando as implementações de impressão de ECG. Isso também é facilitado, pois o gerenciamento de cores está cada vez mais simples para sistemas flexográficos de impressão,
VOL. I 2019
12/03/2019 16:17
garantindo uma aparência de cor precisa no substrato. A flexo muda lentamente “e nós não terminamos com os investimentos. A tecnologia Flexcel NX constitui um componente-chave à medida que avançamos na padronização do processo”, de acordo com Payne. Ele acrescenta que “temos outras coisas que ajudarão a impulsionar ainda mais eficiência e sustentabilidade”. AVANÇANDO
Nos próximos 10 anos haverá grandes novidades na ciência de materiais e desenvolvimentos para gestores de marcas e varejistas, impulsionando melhorias na tecnologia gráfica. Os sistemas de impressão digital produzem impressões sob demanda e em tiragens muito curtas, atendendo a pequenos produtores locais de itens como mel ou cosméticos, obras de arte e artigos de artesanato. No entanto, para que a tecnologia de impressão digital alcance escala suficiente para bens de consumo rápido (FMCG) ainda vai levar muito tempo. Podemos esperar ver muito mais variedade e diversidade nas soluções de embalagem. Os modelos de implementação de impressão digital criativa não serão econômicos em comparação com sistemas de impressão flexográficos, produzindo 10.000 impressões de embalagem por hora, um curto prazo típico de embalagens de FMCG . Como os proprietários de marca exigem embalagens de consumo cada vez mais personalizadas, mesmo para testes em uma única cidade, a flexo continuará sendo a opção preferida. A tecnologia flexográfica continua melhorando a confiabilidade e a estabilidade do processo, de modo que as cadeias de fornecimento estão sendo reformadas e os sistemas de fluxo de trabalho oferecem suporte cada vez maior à impressão de ECG e ao gerenciamento distribuído de tarefas. Essas são áreas-chave de desenvolvimento para os principais fabricantes de impressoras digitais, ansiosas por fornecer uma vantagem competitiva em relação à flexografia. Mas, com mais de 500 clientes usando o sistema Kodak Flexcel NX na produção diária, a empresa tem a experiência e a intimidade com o mercado, necessárias para mantê-la na vanguarda da produção em flexografia e em embalagens. O setor de flexografia está explorando o fluxo de trabalho digital e as tecnologias de automação de processos graças à produção de clichês previsível.
difícil, o crescimento das cadeias de fornecimento de frio levará a novas embalagens e aplicações de rótulos. De acordo com o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, mais de 40% dos alimentos produzidos na Índia são desperdiçados devido a fatores que incluem a falta de cadeias de fornecimento de frio e materiais acessíveis para o segmento de embalagem. Mesmo em lugares quentes, envoltórios de plástico em cocos podem prolongar a vida útil de quatro para 12 semanas. E novos formatos estão surgindo à medida que os hábitos de compra mudam, exigindo quantidades menores e tamanhos de teste. John Anderson, responsável pelo desenvolvimento de negócios da Kodak, diz: “nós passamos de supermercados com cerca de 9.000 linhas de produtos nos anos 1970 para mais de 45.000 nos anos 2000”. Diferentes tamanhos e versões, além de requisitos de curto prazo, adicionam pressão às
TEM MAIS
Na próxima década, nos mercados emergentes, onde a dificuldade em manter os alimentos frescos é mais VOL. I 2019 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105 - Spindrift-2.indd 39
39
12/03/2019 16:17
cadeias de suprimento complexas, e quantidades menores criam mais embalagens. Um pacote para um pão torna-se vários pacotes com menos fatias, mais propensos a serem comidos do que descartados. Isso aumenta a embalagem, mas reduz o desperdício de alimentos. A sustentabilidade tem a ver com o equilíbrio, de modo que a pressão por ciclos de vida de embalagens ecologicamente corretos aumentará de acordo com as mudanças nos comportamentos de reciclagem. RECICLAGEM
Anderson explica que a Europa tem um dos níveis mais altos de reciclagem do mundo… mas há uma diferença entre reciclar, reutilizar e recuperar componentes do produto. Um dos problemas com a reciclagem de plásticos é obter material suficiente para tornar a reciclagem mais fácil e economicamente viável. As marcas estão se unindo para desenvolver mecanismos para triar os materiais em usinas de reciclagem em vez de em casa ou no lado da calçada. Além da política complexa, há muitos desafios para conseguir isso, exigindo tecnologia e investimento em processos de separação, gerenciando componentes mistos, lidando com contaminantes e educação do consumidor. O uso de embalagens flexíveis continuará aumentando. Nós vemos mais e mais desse tipo de embalagem. Em vez de uma garrafa PET, estamos vendo bolsas flexíveis com materiais mais finos. Materiais leves que se esticam na impressão não são adequados para impressão em rotogravura, criando oportunidades para flexografia, que tem seus processos sob controle.
atingindo seus limites de desempenho e são desafiadas a corresponder à velocidade e qualidade de saída da Kodak, sem usar produtos e processos adicionais envolvendo tempo e custo. A Kodak emprega uma combinação de máscara baseada em filme de alta resolução, tecnologia de imagem Kodak SquareSpot e um processo exclusivo de laminação para criar pontos achatados extremamente nítidos que são uma reprodução 1:1 fiel do arquivo digital e otimizados para impressão. Essa abordagem técnica traz um maior grau de precisão ao processo de fabricação de clichês e oferece um potencial significativo para desenvolvimentos futuros que irão promover a evolução da produção de impressão automatizada e padronizada. A tecnologia da Kodak permite a geração de imagens de padrões microscópicos na superfície de impressão do clichê e Payne explica que “o clichê controla o fluxo de tinta”, impactando positivamente as velocidades de impressão da impressora. Isso ajuda os convertedores flexográficos a se afastarem das práticas desatualizadas, a usar técnicas de produção digital para
FLEXO FLEXÍVEL
Saber preparar-se para os próximos 10 anos depende fundamentalmente da consciência dos desenvolvimentos tecnológicos e da capacidade de ver para onde as tendências atuais estão caminhando. O setor de flexo está lento, mas trabalha duro para explorar as tecnologias de fluxo de trabalho digital e de automação de processos. Com a produção de clichês mais previsível usando tecnologias como o sistema Kodak Flexcel NX , isso fica mais fácil. As tecnologias de ablação à laser - LAMS (Laser Ablative Mask System), amplamente usadas para produção de clichês flexográficos nos últimos 20 anos estão 40 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105 - Spindrift-2.indd 40
VOL. I 2019
12/03/2019 16:17
reduzir as etapas do processo de pré-impressão. Payne diz que a impressão flexográfica é “ainda basicamente uma indústria artesanal e a direção para onde irá dependerá de um futuro processo de automação”. Além do mais, isso depende tanto da gestão de conhecimento do setor quanto da tecnologia. TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE CONHECIMENTO
Entender como aproveitar ao máximo as novas tecnologias ajuda as empresas a melhorar os serviços aos clientes e seus lucros. Mas fazer essa mudança exige esforço. Stefano d’Andrea, consultor técnico da Associação Europeia de Tecnologia Flexográfica, lembra às gráficas flexográficas que “as novas tecnologias são inúteis se você não as usar da maneira correta”. Ele sugere que os convertedores parem de usar a impressora como prova, porque não é mais possível trabalhar dessa maneira. Andrea também descobriu que a tecnologia, como o sistema Flexcel NX , pode tornar a flexo mais limpa e mais ecológica, por exemplo, reduzindo os impactos ambientais usando a impressão de ECG , o que reduz o número de tintas necessárias. Além de economizar dinheiro, a impressão por ECG significa menos limpeza na impressora, controle de cores previsível, agilizar os processos de preparação e compartilhamento de arquivos mais confiável entre os processos de produção. A implementação efetiva do ECG exige um entendimento do gerenciamento digital de cores, pois, como diz Andrea, “você precisa demonstrar o quanto é bom em CMYK para alcançar o gamut expandido”. As gráficas offset imprimem tendo como alvo de controle de impressão valores de normas ISO, extraídos de conjuntos de dados de caracterização predefinidos para diferentes condições de impressão. O CRPC 7, (condições de impressão de referência caracterizada), um dos vários conjuntos de dados de caracterização usados nos padrões de tecnologia gráfica ISO, caracteriza a maior gama de cores do CMYK em offset. d’Andrea ressalta que “devemos ser capazes de fazer isso na flexo” e que proprietários de marcas e convertedores podem trabalhar juntos para facilitar a conversão de conjuntos de dados específicos de processo para realocação automática de dados de cor porque “se você puder medi-lo, poderá controla-lo”. Nos próximos 10 anos, esperamos ver muito mais convertedores flexográficos melhorando o controle de cores e a confiabilidade de saída, porque é isso que os clientes querem.
LOUCOS POR CONTROLES
O controle de saída depende tanto do clichê de impressão quanto do software e dos conjuntos de dados de caracterização robustos. Melhorias na tecnologia de clichês são catalisadores para mudanças mais amplas na indústria e levaram a Kodak a continuar refinando o sistema Flexcel NX . Mas também estimulam as inovações de tintas e revestimentos, e Anderson diz que “uma das tendências que observamos é se a impressão pode ser parte das propriedades de barreira: podemos adicionar materiais à tinta para criar uma barreira?”. Um rápido exame de algumas iniciativas de marcas líderes reforça a necessidade de soluções tecnológicas. A agenda de sustentabilidade da Pepsi 2025 está trabalhando para atingir desperdício zero em aterros sanitários, por meio de colaborações com outras grandes marcas para classificação e processamento de resíduos. A Pepsi pretende que 100% de suas embalagens sejam recicláveis até 2025 e já há sinais de que outros grandes nomes estão seguindo o exemplo. Na Islândia, uma varejista britânica de alimentos congelados comprometeu-se a tornar-se 100% livre de plástico até 2025. Até lá, podemos esperar avanços consideráveis nos materiais. Os materiais ecológicos de hoje são feitos com produtos à base de plantas, mas retirar o milho da cadeia alimentar torna os alimentos mais caros. Anderson diz que a “próxima geração de produtos virá de resíduos de materiais vegetais”, como uma monocamada em vez de substratos multicamadas que são difíceis de reciclar. O óxido de alumínio (AlOx) é “uma solução de revestimento. É muito fino, mas quando você derrete o plástico, o AlOx flutua para a superfície e pode ser renovado e reciclado ... a química está realmente começando a se mover ”. Desde 2008, os avanços da tecnologia flexográfica se concentraram nas inovações químicas e de imagem e reformularam o setor. Em 2028, a impressão flexográfica irá compensar a estabilidade e a previsibilidade, e as cadeias tradicionais de suprimentos entrarão em colapso e se reformarão. Será uma jornada atribulada, mas, como Anderson diz, “somos todos nós juntos ... todos nós em parceria, impulsionando a eficiência operacional e a sustentabilidade juntos”.
Tradução autorizada de texto publicado no site Spindrift em 13 de novembro de 2018, publicação produzida pela Digital Dots, empresa de consultoria na área gráfica. VOL. I 2019 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105 - Spindrift-2.indd 41
41
12/03/2019 16:17
CURSOS CURSOS ABTG 2019 1º Ciclo de Desenvolvimento Profissional - Escolhas e compromisso: construindo crescimento e autorrealização
Cristina Simões Data: 10 de abril Suprimentos para Comunicação Visual Eduardo Yamashita
Data: 13 de abril
Engenharia de produtos Eduardo Azevedo De 23 a 25 de abril Intensivo de marketing Juliana Harris De 21 a 23 de maio Interpretação da versão 2019 da norma NBR 15540 Fernando Bebiano De 25 a 27 de junho
1º Ciclo de Desenvolvimento Profissional - Talento e atitude: a energia pessoal que transforma a realidade Cristina Simões 29 de maio
Valores dos cursos: Associados = R$ 322,00 Não associados = R$ 460,00 Estudante = R$ 230,00 Inscrição: www.abtg.org.br/ *Curso com valor diferenciado
saiba mais, acesse: abtg.org.br
Para mais informações entre em contato: abtg@abtg.org.br ou 11 2797-6700
CURSOS SENAI 2019 Gráficas e Editorial
Logística - Produção
l
l
l l
l l l l l l l l l l l l l l l l
l
l l l
Artios Cad - 40 horas Colorimetria aplicada à processos gráficos - 32 horas Controle do processo de gravação de clichês flexográficos - 16 horas Edição de vídeos com Adobe Premiere - 40 horas Fotografia digital - 40 horas Impressão offset em máquina quatro cores - 60 horas Impressor de corte e vnco automático - 80 horas Impressor de serigrafia - 64 horas Meio oficial impressor flexográfico banda estreita - 80 horas Meio oficial Impressor offset em máquina monocolor - 60 horas Operador de dobradeira para a área gráfica - 28 horas Operador de guilhotina linear para a área gráfica - 28 horas Orçamento de serviços gráficos - 40 horas Planejamento e controle da produção - 32 horas Pré-Impressão digital para flexografia - 32 horas Preparação de tintas líquidas - 20 horas Produção Gráfica - 40 horas Design gráfico editorial – 80 horas Aplicação de hot stamping em máquina automática de corte e vinco – 40 horas Montagem eletrônica e operação de equipamentos Computer to Plate – 40 horas Encadernador manual de livros – 32 horas Gerenciamento de cores – 24 horas Problemas, causas e soluções em impressão offset – 20 horas
CURSOS SENAI – Para inscrição é necessário apresentar, para sim‑ ples conferência, cópias ou origi‑ nais dos seguintes documentos: histórico ou certificado do ensi‑ no fundamental ou médio (con‑ forme requisito de acesso), RG, CPF, comprovante de residência e comprovante do pré‑requisito. Alunos menores de idade deve‑ rão comparecer para matrícula acompanhados por responsável.
42 TECNOLOGIA GRÁFICA
TG105 - cursos atualizado.indd 42
O pagamento dos cursos livres pode ser dividido no cartão de crédito ou boleto bancário. O Senai reserva‑se o direito de não iniciar os cursos se não houver nú‑ mero mínimo de alunos inscritos. A programação, com as datas e valores, pode ser alterada a qual‑ quer momento pela escola. A Escola atende de 2 ª– a 6 ª–-feira, das 8h às 21h, e aos sábados das 8h às 14h.
Operação de empilhadeira – Reciclagem - 40 horas
Papel e Celulose l l l l l
l
Conservação de livros e documentos - 40 horas Fotógrafo de registro documental - 40 Auxiliar de preservação de acervos em papéis – 160 horas Química para conservação e restauro – 40 horas Acondicionamento e encadernação para conservação de acervos em papéis – 40 horas Recuperação de materiais encadernados – 40 horas
Saúde e Segurança no Trabalho l
Nr-11 - Operação de empilhadeira - 32 horas
Tecnologia da Informação - Informática l l l l l l
Corel Draw - 40 horas Excel - 40 horas Illustrator - 40 horas Photoshop - 40 horas InDesign – 40 horas Excel Avançado – 40 horas
Gestão - Gestão de RH l
Liderança – 24 horas
Escola Senai Theobaldo De Nigris
Inscrições também pelo site: grafica.sp.senai.br
Rua Bresser, 2315 (Mooca) 03162-030 São Paulo -SP Tel. (11) 2797.6333 Fax: (11) 2797.6307 Para mais informações: senaigrafica@sp.senai.br www.sp.senai.br/grafica
VOL. I 2019
18/03/2019 11:54:13
Anuncio_fic.pdf
1
18/02/2019
11:45