Revue Cultive Nº 7 - Março 2019 | Capa JackMichel

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CUlTURA

anné 03 | n°007 | 2019

ENTREVISTAS EM DESTAQUE

ESCRITORAS

ETERNAS

Revue Cultive ISSN 2571-564x

MARÇO MÊS MULHER 33°SALÃO DO LIVRO DE GENEBRA GENEBRA DIREITOS HUMANOS

PORTUGÊS NOSSA LÍNGUA SAÚDE ARTE

JACKMICHEL A ESCRITORA 2 EM 1

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que colaborem para o crescimento moral do individuo. A Revue Cultive não colabora para o racismo, nem para disputas ideológicas, doutrinarias ou políticas, sem, no entanto, usar de sensura. Todos têm o direito de expressar suas ideias desde que não seja provocativo, difamatório e desrespeituoso. Nosso leitor é capaz de ler e tirar suas próprias conclusões sem se sentir pressionado ou guiado por idéias camufladas. Por isso os textos aqui apresentados são claros e variados.

Caro Leitor Em cada página dessa revista encontra-se textos de esperança e de incentivo para jovens e adultos escritos pelas mãos férteis de escritores e artistas que dedicam seu tempo, esforço e investimento financeiro para elaborar e deixar, na estrada da vida de cada um que os lê, uma mensagem positiva, idéias criativas, muita imaginação e ensinamentos, e sujestões práticas.

Outro ponto forte da Cultive é divulgar eventos Culturais, seja no Brasil ou em outro país. Focalizamos também pessoas que colaboram para o crescimento do individuo, tais como professores, médicos, advogados, ONGs, escolas, associações culturais ou qualquer pessoa que contribua para o bem do próximo. A arte como um dos meios de evolução humana é aqui incentivada e divulgada. Exposições, artigos sobre museus internacionais ou nacionais são aqui mostradas, obras de artistas são expostas na seção galeria. A Revue Cultive está aberta a mostrar toda forma de arte, música, dança, teatro e circo.

A edição da Revue Cultive tem o cuidado de elaborar uma revista, alegre, colorida, útil, respeitando o desejo do leitor e os mais sagrados preceitos de hegemonia.

A Revue Cultive por ser uma revista produzida e editada na Suíça aproveita essas páginas e dedica uma seção a esse país que tanta beleza e tanta cultura tem a transmitir e que o público estrangeiro desconhece.

Procuramos expôr textos contendo idéias equílibradas, temas coerentes com a paz e respeito ao próximo.

Desejamos uma boa leitura e pedimos que nos envie sujestões. O leitor é o nosso principal crítico.

Respeitamos todas as formas literárias e toda liberdade de expressão, mas temos os nossos critérios, como toda revista, editora e até mesmo leitores. Por isso divulgamos aqui temas relacionados com a paz, o bem estar do ser, e

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CULTIVE ART LITTÉRATURE ET SOLIDARITÉ CAROS LEITORES A CULTIVE ASSOCIATION ART LITTÉRATURE ET SOLIDARITÉ visa divulgar e apoiar a arte e a literatura, assim como, apoiar e organizar eventos que levem cultura e ajuda às comunidades carentes.

auxiliar a organizar a logística dos projetos Cultive no Brasil. A REVUE CULTIVE é uma das atividades da ASSOCIAÇÃO CULTIVE criada para divulgar escritores, artistas e pessoas interessadas pela cultura ou que queiram divulgar seus trabalhos no Brasil e no mundo.

OBJETIVO CULTIVE consiste em apoiar e elevar o nome dos escritores e artistas na Europa e no Brasil promovendo e organizando vernissages, amostras, assim como, exposição de obras literárias e obras plásticas em Genebra, na Europa, EUA ou em outro país que a Cultive escoilha para realizar seusprojetos, reforçando, assim, o entrosamento entre artistas e literatos para que possam, com a união, tornarem-se uma força.

A REVUE CULTIVE colabora dessa maneira para que a cultura atinja pessoas de todas as áreas sociais.

SOLIDARIEDADE - é outro objetivo da Cultive, focalizar seu trabalhar no meios sociais mais carentes, seja econômico, seja cultural. A Cultive procura organizar projetos culturais em comunidades mais necessitadas. O COMITÉ DA CULTIVE é formado por: Presidente: Valquria Guillemin Imperiano Secretaria: Elizia Grasta Conceição Tesoureiro: Rubson de Abreu Imperiano Coordenadora e designer: Luciana Imperiano Correpondente no Brasil Rita Guedes - em Fortaleza cuja função é www.cultive-org.com

A REVUE CULTIVE publica obras literárias e obras de arte de todo artista ou escritor que nos procuram para divulgar seus trabalhos. Os trabalhos são analisados antes da publicação. Caso haja espaço a obra será publicada. A publicação na REVUE CULTIVE é gratuíta para os membros da Cultive, convidados e participantes dos eventos Cultive segundo o regulamento do evento ou por decisão do comitê. Para cada edição é proposto um tema e os autores podem enviar seus textos por e-mail, seja texto infantil, literatura para adulto, ficção seja textos históricos, pesquisas, poesias, crônicas, contos, críticas, fotos, pinturas, arte, etc . Como meio de informação a REVUE CULTIVE é publicada no site da Cultive online e pode ser consultada gratuitamente por todas as pessoas que querem ter acesso à leitura. CULTIVE é uma REVISTA eclética, porém reservamo-nos o direito de não aceitar textos de cunho político, religioso e/ou pornográfico. C CULTIVE | 3


Equipe da Cultive a quem a Cultive agradece e faz uma justa homenagem.

Luciana Imperiano

Diretora Operacional, co-fundadora da Cultive. Ela dá suporte à organização das atividades Cultive. Sem ela toda a logística da Cultive é difícil de ser colocada em ação. Luciana executa seu trabalho direto da Alemanha, são horas de trabalho interativo para que tudo saia com boa qualidade.

Stephan Bodner

Cameraman alemão. Stephan colabora durante os eventos Cultive, registrando os acontecimento, fazendo entrevistas com os autores e o público. Um trabalho esmerado e precioso para os arquivos da Cultive.

Marc Guillemin é fotógrafo profissional em Genebra, com especialidade em fotos jornalísticas e artísticas. Pela qualidade de suas fotos Marc é continuamente convidado para fazer cobertura em várias empresas de Genebra, organizações internacionais. Sua prestação voluntária ajudando a registrar sempre que possível os eventos da Cultive. Marc também colabora revisando os documentos escritos em francês.

Valquiria Guillemin

Fundadora e Presidente da cultive. Mentora do projeto Cultive. Escritora, artista plástica Diretora da Revue Cultive. Organiza, dirige e programa todos os projetos da Cultive. 4 | CULTIVE

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Cultive PROJETOS PASSADOS Salão do Livro de Genebra 2017- 2018

PRÓXIMOS EVENTOS dia 22 de março

Semana Brasileña en Barcelona 5/2019 - Genebra

Salão do Livro de Genebra

Salão do Livro de Luxem- 5/2019 bourg - 2018 VI Antologia Cultive

Tema: SuperAção & Sobrevivência

Salão do livroCasa Brasil em Lichteinstein

5/2019

Exposição Imagem Poética - Consulado Geral do Brasil em Genebra

Campanha da Felicidade2015-2016-2017 - 2018 FEC

- Festival Cutural Cultive realizado em agosto e setembro em Alagoa Nova, João Pessoa, Natal, Crato, Fortaleza .

ANTOLOGIAS I Antologia Cultive II Antologia Cultive - Songe d’une Nuit III Antologia Cultive - Il est temps de Réveil IV Antologie Cultive - Coragem V Antologia - Receitas e Histórias para Sonhar e Ser Feliz .

5/2019 - Genebra- PortugalBerlin

Caravana Cultural Internacional Europeana 2019 - Brasil

Caravana Cultural Cultive

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Cultive N° 7

Somário

10 News

09 17 18 20

| Fecan | Salão do Livro de Genebra | Cultive- pela integração do imigrante | Encontro multicultural

Destaque

Mulheres eternas

35

36 | Eloah Westphalen Naschenweng 37 .| Cassia Cassitas -Academia feminina de letras do Paraná 39 | Telma Brilhante 40 | Maria Inês Botelho 42 | Maria Delboni 43 | Jania Souza - Nísia Floresta 46 | Cassia Cassitas - Academia Feminina de Letras do Paraná 50 | Elinalva Oliveira - Mulheres movimentam associações literárias brasileira. 52 | Gilson Moreira - A presença feminina nas academias.

22 22 | JackMichel 27 | Jania Souza 33 | Igor Lopes

Autoras

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53 | Claude Bloc 54 | Colly Holanda 55 | Ivanilde Morais de Gusmão 56 | Izabel Hesne Marum 57 | Izabelle Valadares 59 | Jô Menodnça Alcoforado 61 | Jacira Barros 63 | Maria Linda Bezzera 65 . | Maria José Arimateia 67 | Maria José Esmeraldo 68 | MariaTereza Penna 69 . | Montana Cabral 70 | .Norma Bezerra 71 | Rita Guedes 72 | .Valquiria Imperiano

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Suíça

101

101 | Genebra 105 | Feministas de Genebra

Livraria Cultive

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| .Valquiria Imperiano | Izabel Hesne Marum | Marivania Albergaria | Antologia Cultive

Livraria Cultive

76 84

Autores

85. | .Alexandre Santos. 88 | Diógenes da Cunha Lima 89 | Cassio Cavalcante 91 | Edavaldo Rosa 91 | Emerson Monteiro 93 | José Flávio Morais 94 ..|..José Maria Ramda 95 | Luiz Carlos Amorim 96 . | Paulo Roberto Bretas 99 | Russen Moreira Conrado

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Português nossa língua

110

111 | Maria Delboni - Onde e Aonde 112 | Aderiano Souto- A gramática da literatura e a literatura na gramática 114 | Igor Lopes -Secretário Executivo da CPLP

115 Saúde

115 | Viviane Lutz 116 | Vanessa Gomes de Moraes

Arte

118 120 | 121 | 126 | 130 | 131 | 132 |

Leila Chaves Luciana Imperiano . Marcia Prata Manoel Osdemi Rita Guedes Valquiria Imperiano

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FESTIVAL CULTURAL CULTIVE DE ALAGOA NOVA

A CULTIVE - – Association International de Genève Litératture Art et Solidarité fundada para promover a cultura criou o Festival Cultural Cultive (FECC), projeto que visa promover diversas atividades culturais destinadas aos professores, alunos do ensino básico e médio das escolas públicas e privadas e ao público geral oferecendo-lhes assim, a oportunidade de expandir e diversificar a vivência cultural. Estruturada a FECC, em 2018, a cidade de Alagoa Nova na Paraíba foi a escolhida para lançar o projeto recebendo o nome de « 1a FECCAN ( 1° FESTIVAL CULTURAL CULTIVE ALAGOA NOVA ) » . A importância do projeto da 1a FECCAN justifica-se na emergência de uma educação que www.cultive-org.com

prioriza o estudo livre, a criatividade, a autonomia, autoestima, a democracia, o fazer coletivo e o sentido de estar junto. A Cultive como incentivadora cultural aposta no ineditismo do evento, levando um evento cultural para uma cidade que não é a capital, visto que apenas as grandes metrópoles são privilegiadas com eventos abrangendo a arte e principalmente a literatura. Ficando assim, as cidades afastadas dos grandes centros, longe dos acontecimentos culturais. O contato entre alunos, escritores e artistas pode abrir-lhes o incentivo para o mundo das possibilidades reais quebrando, assim, o muro invisível que separa o público dos literatos e dos artistas. C CULTIVE | 9


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ORGANIZADORES DA FECCAN

VALQUIRIA IMPERIANO Escritora, artista plástica, presidente do International Club Cultive - Association Art Littératura et solidarité Idealizadora e diretora da FECCAN

LAURA IMPERIANO Bibliotecária e coordenadora da Cultive e da FECCAN em Alagoa Nova. Foi ela que iniciou o contato com a Cultive. Motivada para encontrar meios de melhorar o Colégio Violeta da Costa ela não desistiu diante das primeiras dificuldades para convencer as ajutoridades do valor do projeto FECCAN para a escola e para cidade. O trabalho difícil que finalmente aconteceu. A Cultive agradece a Laura pelo seu entusiasmo. 10 | CULTIVE

LUCIANA IMPERIANO Designer da Cultive - responsável do designer do evento.

LUIS CARLOS Diretor do Colégio Violeta da Costa, professor na Universidade Estadual da Paraíba, coordenador da FECCAN em Alagoa Nova. Devotado ao colégio, que dirige com carinho e mão de ferro. Luis, juntamente com professores e a vice diretora, quebrou a rotina da escola organizando toda a logística, apesar dos escassos recursos. O resultado foi um belo trabalho de colaboração e de apoio ao projeto. Ao Luis os agradecimentos da Cultive www.cultive-org.com


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Apoio e coloboração JOSé AQUINO DE UCHOA - PREFEITO DE ALOGA NOVA O apoio do prefeito José Aquino de Alagoa Nova José Aquino de Uchoa foi fundamental para a realização do Projeto da Cultive FECCAN. Um jovem prefeito que reconhece apoia o valor da cultura para os jovens e adultoa dessa pequena cidade do interior da Paraíba. Apesar dos poucos dessa pequena prefeitura, o prefeito Uchoa colocou a prefeitura para que o projeto acontecesse dentro da segurança. A prefeitura colocou à disposição do grupo de autores, levados pela Cultive, carros para transporte, hotel, refeições, corpo de segurança, além de preparar o ambiente do colégio. A Cultive -Association Littérature Art et Solidairté de Genève, parabeniza o jovem prefeito pelo apoio e colaboração.

DUVANIL NERIS COSTA - secretária da educação de Alagoa Nova, foi graças a ela que a Cultive obteve o apoio e a colaboração do prefeito da cidade de Alagoa Nova José de Aquibno Uchoa. Com sua atenção e carinho e, principalmente, com o seu trabalho e dedicação para que todo o festival saísse à contento. Duvanil facilitou o trabalho da logística e manteve-se a nossa disposição durante todo o evento. Duvanil é uma daquelas muilheres que investe na cultura e no bem estar do seu município, Alagoa Nova. Ela já contactou a Cultive para programar a FECCAN de 2019 e a Cultive já está preparando o projeto.

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CONFERENCISTAS FECCAN

Festival Cultural de Alagoa Nova Aconteceu em Alagoa Nova no dia 24, 25 e 26 de agosto no Colégio Violeta da Costa. A Cultive reuniu diversos autores, palestrantes, autoridades. Autores vindos de todo o Brasil.

Luis dos Santos historiador, diretor do Colégio Violeta da Costa coordenador do festival na escola Violeta

Alexandre Santos Engenheiro Presidente UBE -PE coordeandor CCDB Escritor Idealizador da Flip conferencista

Maria Delboni escritora, professora, escreveu a Nova Gramática realizou oficina de escritura 12 | CULTIVE

Programação Salão do livro Exposição de Arte Lançamento de livros Mesa Redonda Valquiria Imperiano escritora, artista plástica, professora presidente da Cultive organizadora da FEC

Damião Ramos Cavalcanti Escritor, presidente da Academia Paraibana de Letras Fundaçnao Casa José Américo conferencista

Joana vieira professora de língua portuguesa, escritora realizou oficina de escritura

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CLaude Bloc professora poeta e escritora vice presidente acdemia do ICC-Instituto Cultural do Cariri.

Luis Avelima escritor tradutor das obras Dostoivski palestrante

Bruno Gaudêncio escritor palestrante

Tereza Penna artista plástica e poeta realizou oficina de arte

Cassio Cavalcante escritor jornalista conferencista ministrou curso de escrita

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Arlinda Lamego escritora realizou oficina de escritura

Rita Guedes Escritora professora aposentada realizou oficina de arte

Victória Valente advogada romancista palestrante

Jonilda A. Ferreira professora de matemática realizou oficina de matemática Wills Leal

Gina Teixeira atriz do teatro de revista palestrante C CULTIVE | 13


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RECITAL LÍRICO NA FECCAN PRESENÇA DA SOPRANO KEZYA MARQUES E DO PIANISTA DANIEL SEIXAS

KEZYA MARQUES A FECCAN foi encerrada com chave de ouro. A presença da cantora soprano Kezya Marques, nos presenteou com um recital lírico emocionante. Kezya foi acompanhada pelo pianista paraibano Daniel Seixas. A presença da cantora foi uma verdadeira sensação. Nesse canto do mundo onde a população está habituada ao forró, sua presença graciosa e profissional apresentando uma programação regada Franz Schubert Waldemar Henrique, Ronaldo Miranda, Guilio Caccini, Giusepe Verdi, Mozart e George Bizet foi supreendente e inovadora.

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Kezya não só cantou como encantou o público da FECCAN. O sucesso prolongou-se na Festa da Galinha que acontecia paralelamente à FECCAN. Após o recital da FECCAN Kezya foi convidada juntamente com o pinista Daneil Seixas para fazer um apresentação no pavilhão da Festa da Galinha. Durante a festa de encerramento o prefeito José Uchoa de Aquino convidou a cantora para inugurar o teatro da cidade. www.cultive-org.com


Valquiria Imperiano

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Cultive no 33° Salão do Livro de Genebra Tudo o que foi feito pela Cultive em 2018, ultrapassou a espectativa da boa realização. A equipe Cultive através do seu trabalho esmerado e responsável realizará em 2019 mais uma vez o Salão do livro de Genebra. O trabalho da Cultive é de divulgar a Cultura brasileira na Europa e no Brasil seguindo caminhos reais, bem conduzidos e sólidos Os autores do Brasil presentes no Stand da Cultive apresentarão suas obras, realizarão conferências, conversarão com o público, contatarão editoras, bibliotecas, associações culturais, organizadores de feiras, livrarias e clubes culturais, tudo resultado do trabalho coordenado pela Cultive. A semente da literatura brasileira está semeando nas terras da Europa. Resta-nos continuar esse trabalho de formiguinha. Para 2019 estamos com novas ideias, aproveitem e venham trabalhar conosco. Graças ao contato direto entre os escritores e o público, o leitor poderá conhecer a forma de trabalho e o estilo de cata autor, despertando, assim, muito interesse sobre a literatura brasileira. A Cultive está empenhada em organizar o salão em 2019. Nós firemos nossa parte e o escritores farão a deles e todos ganharão, os autores felizes em ter suas obras vendidas e divulgadas na Europa. Nós da Cultive agradecemos a confiança. Valquiria Imperiano, Luciana Imperiano

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Cultive - pela integração do imigrante em Genebra

Campanha Um dia de Felicidade; Participação na FLIPO porto de Galinhas outubro- 2019.

Atividades permanentes na sede da Associação Cultive em PROJETOS Genebra CULTIVE 2019 ASSISTÊNCIA INFORMATIVA AO IMIA Association Cultive também representa autores e artistas em Genebra, apresentando seus livros no Salão do Livro de Genebra e expondo suas obras na sede da Cultive.

A Cultive criou em sua sede um lugar de exposição de arte, uma biblioteca e livraria.

Antologia Cultive - tema " Superação e Sobrevivência" - lançamento no Salão do Livro 2019; Exposição Imagem Poética - Consulado Geral do Brasil em Genebra - maio 2019; Caravana Cultural Internacional Cultive Alemanha, Portugal e Genebra, Gruyère maio 2019; Caravana Cultural Nacional FEC - segundo semestre; 18 | CULTIVE

GRANTE A Cultive abre as suas portas para receber o imigrante e auxiliá-lo nas diversas dificuldades de integração. O serviço de asssistência informativa ao imigrantes prpões informações sobre, saúde, educação, profissionais jurídicos; endereços de outras associações de apoio ao imigrante, à mulher e à criança; palestras, enfim, estamos abertos para orientar o imigrante www.cultive-org.com


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com informações para lhes facilitar a daptação. O bureau de apoio estará à disposição das pessoas que precisam de orientação sobre os direitos e deveres dos estrangeiros em Genebra tais como: direito infantil; direito e deveres do trabalho, orientação e indicação de especisliatas jurídico em caso de separação e divórçio, apoio à mulher, orientação sobre obtensão de permis, centros de alimentação gratuíto, tratamento médico, centros de disposição de roupas, transporte, ensino para adulto ( locais e lagalização de diplomas), cursos de línguas, enderêços de instituições religiosas, órgãos de representação de países, indicação de tradutores juramentados. Com certeza esse plus será uma vitória que corresponde aos objetivos da Cultive, além do trabalho de divulgação Cultural. Esse serviço é amplo e dirigido a todo estrangeiro que deseje obter ajuda para a sua integração independente de credo ou origem.

CURSO DE FRANCÊS PARA IMIGRANTE A CULTIVE - Association Internacionle d’Art Littérature et Solidarité sediada em Genebra sem fins lucrativos que visa a cultura e a solidariedade. As atividades culturais que realiza, anualmente, na Europa e no Brasil, iniciou agora no mês de janeiro seu mais novo projeto, o curso de françês para estrangeiros imigtantes. Esse curso é de nível básico e o método consiste em trabalhar situações do cotidiano, para que o imigrante possa se comunicar e inciciar-se no processo de integração no país. Curso de Língua francesa para estrangeiros - segunda e quarta de 15h30 à 20h30 Assistência informativa ao imigrante segunda e quarta de 13h30 à 15h Valquiria Imperiano e Elizia Grasta.

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A Cutlive coloca à disposição seu local para interessados em realizar eventos, encontros e reuniões culturais. Seja membro da Cultive, tenha vantagens e ajude a Cultive a continuar a realizar projetos culturais e sociais. Local: rue du Pré Jérôme 12 1205 Planpalais- Genebra informações: 0041 79 616 37 93 email- cultivelitterature@gmail.com www.cultive-org.com C CULTIVE | 19


News Antologia comemorativa pelos 10 anos do Conselho de Cidadania Braslieiro no Exterior Em 10 anos de trabalho o CBRE, realizou atividades envolvendo comunidades Brasileiras no exterior. Hoje a proximidade das populações junto aos consulados mudaram, uma cumplicidade com decisões inovadoras e propostas desenvolveram-se, e veio facilitar a vida de três milhões de brasileiros que vivem no exterior. Para comemorar a data, a conselheireira do

IV ENCONTRO MULTICULTURAL DO PEUPLE INDÍGENA O objetivo principal do projeto é criar um encontro intercultural, aberto a todos permitindo promover a criação de vínculos entre brasileiros, latinos, suíços e estrangeiros, de diferentes gerações . Um oportunidade de promover a cultura brasileira e latina em Genebra, incluindo exposições, gastronomia, danças, músicas, artesanato, workshops e debates relacionados com a experiência de cada comunidade em Genebra e no país de origem.

cidadão Angela Mota em parceria com conselheiros do mundo (CBRE), estará lançando no Stand da Cultive, no dia 5 de maio, uma antologia que reúne relatos dos trabalhos realizados pelos conselhos de vários países. Os conselheiros relatam, nesse livro, suas experiências desenvolvidas nas respectivas comunidades brasileiras

O encontro acontecerá no dia 14 de abril2019 local: rue des Savoises 9 bis - Planpalais 20 | CULTIVE

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Destaque

JACKMICHEL - A E

fala sobre seu tr

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Destaque

ESCRITORA 2 EM 1

rabalho literário

Quem é JackMichel, resposta simples, uma escritora, mas uma escritora dois em um. Duas irmãs que têm a mesma paixão, a literatura. Juntaram-se e formaram o grupo JackMicheL, lá de Belém – PA (Brasil). Elas respondem vinte e oito questões sobre o grupo e sua atuação. Curioso não é? Leiam e apreciem o que dizem essas irmãs talentosas. A JAck e a Michel. 1-Essa união de vocês leva-me a uma curiosidade. Vocês são gêmeas ou são daquelas irmãs inseparáveis? Sempre dividiram tudo durante a vida? Nem uma coisa nem outra; achamos que firmando esta parceria literária “acertamos na mosca branca”. 2-Costumavam discordar em alguma coisa, ou idéia? E quem convencia quem? Sim, claro. A ideia mais forte sempre prevaleceu. 3-Como nasceu a ideia de formar um grupo literário? Vocês já escreviam individualmente? O primeiro grupo da história da literatura mundial surgiu por acaso, da necessidade de juntar textos. Quando eu, Michel, começei rascunhar meus primeiros manuscritos, Jack minha irmã e parceira literária, já pegava na pena. Anos depois, haja vista termos acumulado muito material escrito, decidimos unir os calhamaços. Daí tivemos o timing certo para mover esse meio tão estático da literatura convencional, composto por autores indiviwww.cultive-org.com

duais: dar vida a uma terceira pessoa, JackMichel, cujo slogan é “A Escritora 2 em 1”. 4-Quando vocês começaram a se aventurar na literatura? Houve alguma influência direta de pare alguém? Quantos anos vocês tinham quando publicaram o primeiro livro? Sempre há os “amigos da onça” que desestimulam os inícios de carreira. Mas isto não chega a constituir percalço em nossas vidas quando temos vontade firme. 5-Com quantos anos vocês começaram a escrever e o que as levou a escrever? Quando eu tinha cerca de 12 anos de idade, época da adolescência em que lia amiúde vates do século XIX com a mesma velocidade que se come pipocas, comecei a escrever textos de minha autoria. Nesta época Jack já escrevia há alguns anos estando, portanto, na pole position. 6-Quanto tempo passou entre a criação da primeira obra e sua publicação? Há quanto tempo estão escrevendo e publicando? Escrevemos calhamaços e guardamos. Desde a adolescência até a maturidade, levou algum tempo. 7- Qual é o título da sua primeira obra, foi fácil publicá-la? Arco-Jesus-Íris (Chiado Editora, 2015). Ao submeter o original desta obra à análise, ive-o prontamente aceito por esta editora de Portugal. C CULTIVE | 23


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8-O que sentiram ao ver o seu primeiro livro publicado? Sempre que um artista finaliza uma obra-prima, seja ela literária ou não, penso que deva sentir um misto de orgulho e satisfação em seu ego. Por certo, Michelangelo auferiu des emoção quando concluiu a Pietà e, talqualmente Géricault, quando deu a última pincelada em Têtes de Suppliciés. 9-Alguns autores precisam de reclusão para criar, outros viajam, outros fazem pesquisa para criar cenários, personagens e montar o arcabouço da história. Qual é sua maneira de estruturar a sua história? JackMichel é uma escritora moderna muito voltada aos ecos do passado, id est, pertence à geração de autores que rascunham no próprio personal computer mas por vezes datilografa na máquina de escrever; seus livros de ficção histórica focam casos que outrora ganharam as manchetes dos jornais e hoje jazem esquecidos. É relevante caminhar para frente sem detrimento do que passou, já que o novo existe porque o velho o construiu. 10- Como vocês elaboram um texto, juntas ou separadas? Quem faz o quê? Quanto tempo vocês precisam pra escrever um texto? Jack e Michel não escrevem junto. A concepção de uma obra é planeada pelo know-how técnico e criativo de ambas; já o critério utilizado para a elaboração da escrita se dá unindo as cotas de texto a posteriori. Trocando em miúdos: às vezes, Jack escreve a maior parte de um livro e separa trechos para Michel preencher... outras, esta cria o título e aquela a compõem... de modo que, ao fim do trabalho, não se detecta os enxertos realizados tão coesos são o primor formal e a estilística da expressão. Uma mescla perfeita tal qual o queijo com a goiabada. 11- Qual é o seu gênero literário? Que temas prefere abordar nas suas histórias? Qual é o seu estilo? 24 | CULTIVE

Tendo Oscar Wilde, Andersen, Lewis Carroll e Allan Poe escrito livros em multifários gêneros literários, hauri na fonte de suas novelas, poemas, romances e contos fantásticos; contudo, eles me inspiram somente para dar forma ao texto que construo. Pois quem se influencia sobremodo por outrem acaba desvalorizando sua própria identidade. 12-Vocês já leram muitas obras? Vocês gostam mais dos clássicos ou dos modernos? Algum autor lhes inspira? Vocês dividem, também, os mesmos gostos pelo mesmo autor ou género literário? Não é fácil preferir um autor a outro visto que muitos são os poetas maravilhosos, os romancistas históricos, os biógrafos fortes, que lemos e nos imprimiram marcas fundas na alma. Para responder a pergunta citarei Irmãos Grimm, Jack Kerouac, Alfred Rosenberg, autor de Der Mythus des Zwanzigsten Jahrhunderts e Antônio Domingos Raiol “Barão de Guajará” de Motins Políticos. 13- Como você cria do nada uma história? De onde você tira seus personagens? Costuma inspirar-se em obras que já leu? Por serem nascidas no Pará, onde a cultura é muito rica e cheia de lendas, vocês também utilizam ou se inspiram em alguns personagens das lendas regionais. Não sei dizer assim como também não poderia saber se me causam maior interesse as palavras de Franz Kafka: “Apenas deveríamos ler os livros que nos picam e que nos mordem... se o livro que lemos não nos desperta como um www.cultive-org.com


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murro no crânio, para que lê-lo?”... ou as de Olavo Bilac, o Príncipe dos Poetas Brasileiros: "Os livros não matam a fome, não suprimem a miséria, não acabam com as desigualdades e com as injustiças do mundo, mas consolam as almas, e fazem nos sonhar.” 14-O meio ambiente exerce alguma força na sua criatividade? Há reciprocidade entre todos os elementos do universo; é disso que fala “Correspondências”, de Baudelaire. 15-Como vocês estruturam um romance, ou seja, como nasce um romance escrito por vocês? Com é feita e organizada a estratégia e o desenvolvimento do enredo? Vocês seguem uma linha de trabalho, algum hábito no momento da criação? Quem dá o xeque-mate é a inspiração que nos surge no cérebro, como uma centelha brilhante que risca o céu dos pensamentos. 16-Vocês recorrem a um revisor ou vocês não admitem que alguém aponte uma incoerência semântica ou não gostam de enviar texto para o revisor? Não recrutamos trabalhos de revisor; mas acedemos às regras das editoras que adotam esta medida como prioridade para as obras que publica. 17-Vocês já publicaram obras individuais? título? Já pesaram em publicar um livro individual? www.cultive-org.com

Jack nunca publicou obra separada de Michel ou vice-versa. Não pensamos em desfazer o grupo. 18-Tem alguma obra na gaveta? Quem publica suas obras? Vocês recebem ou receberam algum apoio de algum órgão brasileiro? Temos imenso material literário escrito nos gêneros ficção, poesia, romance, fábula e conto de fadas. Pois tendo mantido tal produção arquivada por anos, agora basta irmos ao baú de nossas criações e lançar mãos delas: uma espécie de pirata na Ilha do Tesouro. 19-Você costuma participar de eventos culturais que divulga a literatura tais como salões, bienais, feiras, e festivais literários? A participação nos eventos literários de alguma forma é positiva para a divulgação de suas obras? Já participei de eventos literários tais como XXIX Salão Internacional do Livro de Turim, XVIII Bienal Internacional do Livro do Rio 2017, 6ª Feira do Livro Livre de Buenos Aires, 31º Salão do Livro e da Imprensa de Genebra, Salão Internacional do Livro de Milão, BUK Festival Literário de Modena, Feiras Literárias de Mântua, Bolonha e Roma, 32° Salão do Livro e da Imprensa de Genebra e 25ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo dentre outros. Congratulo as associações culturais internacionais que desenvolvem atividades artísticas e culturais entre escritores de língua lusófona e europeus, apoiando a sua participação em eventos literários que os divulguem no Brasil e no exterior. 20- Já teve obra premiada? literários, tais que salões, encontros literários, conferências e debates? Livro “Papatiparapapá” (Prêmio Talentos Helvéticos-Brasileiros IV), conto “Maria Mariposa” (3º lugar I Concurso Cultive de Literatura “Prix ALALS de Littérature”), conto “No Mundo dos Cogumelos Falantes” (3º lugar -I concurso literário da Casa Brasil Liechtenstein), poema “Alma Simbolista” (1° C CULTIVE | 25


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lugar II Festival de Poesia de Lisboa). 21-Hoje nos observamos uma grande quantidade de autores participando de antologias organizadas por academias, editoras e organizadores de eventos. Qual é a importância para o autor em participar dessas antologias? Vocês costumam participar e em que essa participação é benéfica para o autor? Por integrar várias coletâneas internacionais bilíngues, julgo serem opção excelente para quem quer publicar um texto que está guardado na gaveta. 22-Você é membro de alguma associação? Cite apenas as mais importantes para a sua carreira. Tomo parte em ACIMA (Associazione Culturale Internazionale Mandala), LITERARTE Associação Internacional de Escritores e Artistas), AMCL (Academia Mundial de Cultura e Literatura), UBE (União Brasileira de Escritores) e Movimiento Poeta del Mundo. 23-Como você considera a posição da literatura no quadro social Brasileiro? Você acredita que o brasileiro está lendo e comprando mais livros? Nosso país passa por um processo de retardamento enorme no que concerne a ler ivros; processo este que vem do social, passa pelo econômico e descamba no cultural que acaba por derruir o mito do culto às belas-letras. Mas o hábito da pouca leitura não é um apanágio só do brasileiro, pois a truculência do mundo atual causa o alheamento que atrofia, atropela e deforma as boas qualidades das pessoas que, ao invés de preferirem segurar um livro entre as mãos, optam por ter um revólver ou uma faca afiada. 24-Como os autores brasileiros poderiam incentivar o leitor a comprar livros? Os livros teriam menor custo e maior acessibilidade às massas se os governantes observassem a máxima "Ler é beber e comer. O espírito 26 | CULTIVE

que não lê emagrece como o corpo que não come." de Victor Hugo. Mas, se os preços disparam a toda brida nos supermercados e nos postos de gasolina, as livrarias ficariam ilesas deste efeito borboleta. 25-Como vocês se protegem do plágio? Costumam registrar seus textos antes de publicá-los? Pode dar dicas de como proteger uma obra? Nossas obras tem registro ISBN (International Standard Book Number) e também são registradas no EDA. Tais procedimentos são importantes para os autores. 26-Qual é o caminho para chegar a uma editora e como vocês publicam, e vendem suas publicações? É um processo fácil publicar e vender? O mercado livreiro no Brasil tem hoje enorme multiplicidade em estilos da literatura porque novas editoras abrem suas portas a escritores que estão à sombra e precisam apenas de uma chance para poder mostrar seu talento. Apesar disso, não é fácil achar editores que recebam originais que não venham de agentes literários. 27-Vocês têm outra atividade paralela a da escrita? Vocês conseguem viver apenas da escrita? É difícil viver de literatura? Em todos tempos tem sido difícil viver somentecom a venda de livros; basta ver que grandes nomes da literatura só conheceram a glória literária post-mortem. 28-Que conselho você poderia dar aos escritores que debatem para publicar suas obras e para sobreviver dela? Lembrem-se de que o mundo não se fez do dia para a noite. Paciência é a palavra chave para se alcançar um sonho! Para uma obra literária ser efetivamente grande e vir à tona, antes são necessários muitos aprimoramentos em prol dela. Afinal de contas, não vale a pena correr atrás da borboleta azul que voa a nossa frente, para capturá-la? www.cultive-org.com


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JANIA SOUZA de Natal para o mundo

Escritora, poeta e artista plástica. Nasceu no estado do Rio Grande do Norte na cidade de Natal na região Nordeste do Brasil. Cidade conhecida como Trampolim da Vitória durante a 2ª. Guerra Mundial pela sua favorável posição geográfica para acesso à Europa pelos aliados. Bacharel em Ciências Econômicas e, também, em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. O primeiro concluído em 1978 e o segundo em 1983. 1-Quem e o que lhe deu mais incentivo para escrever, a escola, seus pais, um livro, um amigo ou simplesmente as circunstâncias? www.cultive-org.com

Desde criança dizia que uma das minhas profissões seria a de escritora. Embora não se leve muito a sério o que uma criança diz. Contudo, hoje, sei que sonhos se materializam principalmente, quando há incentivos. Portanto, minha mãe, boa leitora e educadora, em casa dava o exemplo, lia bastante. Eu só a via com um livro, revista ou jornal na mão em seus momentos de lazer. Também contava histórias, alternando com minha avó materna. E ensinava aos filhos as lições de casa antes de ir para o seu trabalho. Gostava de poesia e ensinou-nos a ler e a escrever no reforço de casa. A escola, também, teve seu fundamental papel: a professora de OSPB e História, Paizinha, do atual Escola Estadual Winston Churchill, mudou as C CULTIVE | 27


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provas de questões objetivas para descritivas. ELa fazia duas perguntas para falar sobre o assunto da matéria abordada em cada período. Além disso escreviamos relatórios dos trabalhos realizados nos laboratórios da escola, Foi um salto de criatividade. Gostava muito de ler. Apaixonei profundamente pelos mistérios contidos nos livros, a leitura insgava-me a vontade de desvendá-los, essa foi a gostosa fase da adolescência, quando os meus amigos e eu tínhamos um carinho todo especial pelos livros. Escrevi, nessa época, meu primeiro romance. Certo dia, Maria Aparecida Ferreira da Silva, amiga de infância e vizinha, contou na minha presença a um poeta e escritor amigo, que ela tinha o maior orgulho de ter uma amiga escritora naquela época. Fiquei surpresa , agradecida e orgulhosa pela consideração dos meus amigos. 2-Quando você se descobriu escritora? Você lembra do seu primeiro texto, aquele que você escreveu já pensando em colocar no seu primeiro livro? Descobri-me escritora na adolescência, como falei anteriormente, ao escrever um romance e ter a petulância de enviar a uma editora para apreciação. Acredito que me encontrava entre os 11 e os 12 anos. Guardei durante muitos anos o manuscrito, porém ele sumiu por alguma razão. Se ele ainda estivesse comigo, provavelmente iria revê-lo e adequá-lo ao meu pensamento atual. Lembro que era uma ficção romântica dramática. 3-O que mais lhe apaixona, a poesia ou a literatura infantil? Meu casamento é bígamo com a poesia e a prosa. A escrita poética em versos encontra uma resposta mais rápida em produção. Já a prosa, quando se conta uma história, demanda muito mais tempo por causa dos seus desdobramentos. Sou apaixonada por poesia por vivenciá-la a cada suspiro. Sua presen28 | CULTIVE

ça é constante em minha vida. Também sou apaixonada por literatura infantil, minha oportunidade de falar e trocar ideias com os pequeninos, que muito amo e admiro, sentindo vontade de revelar coisas para eles que aprendi em minha caminhada. Falo de forma lúdica, mas com mensagem responsável, sobre o encanto e a dificuldade que é estar aqui nesse mundo, mas que é possível vencer essa jornada desde que descubramos a poesia que há na vida, nos relacionamentos e no meio em que se habita, aprendendo com as derrotas e com as vitórias, que nos fortalecem e alimentam, tornando-nos seres amadurecidos. 4-Por que você escolheu a literatura infantil para expressar-se como escritora, existe um motivo especial? Alguma influência de algum autor em especial? Escrevo para o público infantil, mas também para outros públicos. Em 2017, publiquei o livro “Em horas vagas” pela Caravela Selo Cultural/RN, uma coletânea com contos e, que foi ganhadora do Prêmio de Melhor Livro de Contos de 2018, Troféu Cora Coralina, promovido pela ZL Books, Brasil/Portugal. Estou concluindo um romance, que já faz alguns anos que iniciei. Coloquei sua conclusão como uma de minhas metas para 2019. Além desse, tenho outros no prelo, mas tenho que ir com calma, porque o romance é uma narração longa com muitas conexões internas, que tem que ser bem buriladas. Preocupo-me muito com a clareza e como ele chegará as mãos e olhos do leitor. Tenho um carinho cuidadoso com cada texto, quer seja poético ou narrativo e destine-se à criança, ao jovem, ao adolescente ou ao leitor adulto. Não tenho nenhum autor em particular que eu deseje seguir sua escola, na realidade, acredito que sou resultado de todas as leituras que fiz e faço até hoje. Por isso, aproveito essa oportunidade para agradecer a todos os autores que li, por suas contribuições a minha escrita. 5-De onde você tira seus personagens? Costuma inspirar-se em obras que já leu? Meus personagens acontecem do exercício da www.cultive-org.com


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escrita. Escolho um tema e vou amadurecer a ideia. Eles chegam de mansinho e firmam-se no enredo à medida que o desenvolvo. Na realidade, ainda não escolhi nenhum personagem retirado de uma obra que já li. Considero plágio. Respeito muito o direito autoral. Sei que se pode fazer releituras de um personagem já posto, contudo esse ainda não foi meu foco. Acredito que posso criar e usar minha imaginação fartamente para a ficção. Mas, também, registro memórias e, nesse caso, baseio-me em características reais, contudo a narração sempre mergulha em minha contação, análises e avaliações, que são subjetivas e enveredam-se pela ficção, quando não relatam um fato real. 6-Sendo uma escritora infantil quais os principais fatores que você procura abordar nas histórias. Como você estrutura uma história infantil. Você segue uma linha de trabalho, algum hábito no momento da criação? Quando escrevo para crianças, procuro falar para elas sobre amor, paz, família, amizade, meio ambiente, natureza, fé, esperança, tolerância e, principalmente, sobre aqueles problemas que angustiam as crianças, como julgamentos, bullyng, ódio, desentendimentos e outros bloqueadores da felicidade, que levam ao estresse, tristeza, ansiedade e outras doenças. Por isso, gosto, preferencialmente, mas não unicamente, de tratar desses temas através de fábulas, por essas se utilizarem de um mundo fictício para abordar uma situação real de conflito de uma forma lúdica que seja agradável e de fácil assimilação da mensagem pelo leitor infantil. 7-Um autor pode influenciar o comportamento dos leitores, sobretudo o leitor infantil? Essa é a grande responsabilidade do escritor para qualquer faixa etária de leitor, ter o entendimento de que suas palavras vão influir necessariamente de forma positiva ou negativa no comportamento e nas ideias de seu leitor, quer seja infantil ou adulto. Sendo assim, há necessidade de um compromisso ético do www.cultive-org.com

escritor com a sua mensagem, embora acreditemos que não se deve haver censura para a criatividade artística. Mas essa linguagem artística tem que ter a consciência de que está influenciando em valores, virtudes, emoções, sentimentos individuais e coletivos de acordo com o alcance dessa mensagem. Para a literatura infantil, essa sensibilidade do escritor é primordial por está trabalhando com seres em construção. 8-Quando você termina uma história costuma pedir a alguém para lê-la, apontar as incoerências ou mesmo fazer uma leitura crítica. Não. Sei que é uma falha, mas não costumo pedir a ninguém para fazer essas avaliações de leitura, apontar incoerências ou fazer leitura crítica. Esse procedimento, provavelmente, diminuiria muito o meu trabalho. Durante o processo criativo, eu particularmente, realizo todas essas etapas até concluir a história. Após concluído o texto, envio para a editora analisar se interessa e fazer revisão. 9-Quantas vezes passa seu texto pela peneira analítica, mudando frases, palavras, pontuação, eliminando expressões dúbias antes de descansar a caneta? Quando você considera um texto terminado? Muitas vezes repasso o texto até a sua conclusão. Releio, Releio. Releio. Faço cortes. Insiro novos pensamentos. Etc. Há textos que já nascem prontos. São raros. Mas, quando se prima pela estética, quanto mais nos debruçamos sobre a matriz, mais caprichamos na qualidade. Quando essa é alcançada para a minha avaliação, descanso a caneta. Normalmente, escrevo a ideia e trabalho. Ao cansar, guardo. Passados alguns dias ou até anos, posso redescobrir aquele trabalho e revê-lo. Ele é quem diz para mim se já está pronto. Ao relê-lo mais uma vez, acho-o perfeito em forma, estética e mensagem. Então autorizo seu voo. 10-Quantas obras individuais você já escreveu, título? Alguma premiada? Você recebe ou recebeu algum apoio de algum órgão brasileiro, ou de alguma empresa para a edição das C CULTIVE | 29


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suas obras? Obras individuais publicadas, tenho 13 até 2018. Poemas: Rua Descalça. 2007; Fórum Íntimo, 2009; Entre Quatro Paredes, 2010, Corpos Editora, Portugal/Porto; Calle Descalza, 2014, Editorial Argenta, Argentina/Buenos Aires; Lápis & Boca, Sentimento, 2014; Voo nas Entrelinhas da Liberdade, 2017; Pingos de Momento, 2018; Literatura Infantil: Magnólia, a besourinha perfumada, 2009; O Menino e o Cavalo, 2014; O dia em que o boi falou, 2014; Nossa Morada, 2014; O Jovem Lenhador e o Violão, 2018; Contos e Crônicas: Em Horas Vagas, 2017. Duas premiadas: Entre Quatro Paredes, Prêmio World Art Friends VI, 2010, Portugal/Porto Em Horas Vagas, Troféu Literatura Cora Coralina, Prêmio de Melhor Livro de Contos 2018, Brasil/Portugal Até 2018, para a publicação de minhas obras, não recebi qualquer apoio ou incentivo de algum órgão público brasileiro ou de qualquer empresa. 11- Já teve obra premiada? Qual é a importância para o autor a sua participação em eventos literários, tais que salões, encontros literários, conferências e debates? Sim, já tive duas obras premiadas, a primeira foi um prêmio de publicação na cidade do Porto em Portugal em 2010, o Prêmio Worlds Art Friends VI, que resultou no livro “Entre Quatro Paredes”; o segundo, recebi agora em janeiro de 2019 no dia 26 no Hotel Copacabana Palace, durante a entrega do Troféu de Literatura Cora Coralina, Prêmio de Melhores Livros de 2018, promovido pela ZL Editora, que laureou o meu livro “Em Horas Vagas” na categoria contos. Considero de importância vital para a carreira literária a participação do autor em feiras, salões, festivais, conferências, debates, pois, além da divulgação e difusão da sua obra, esses eventos literários são, também, apropriados para a realização de negócios e de 30 | CULTIVE

contatos com editoras, escritores, apoiadores e novos leitores, universalizando seu trabalho e libertando-o para novos caminhos favoráveis à leitura. 12-Como você considera a posição do escritor infantil literatura no quadro literário Brasileiro? A criança brasileira está lendo e comprando mais livros do que na sua época. É uma posição confortável em relação aos outros autores, porque há uma resposta da demanda pelo seu produto. Os pais compram e as crianças, também, solicitam essa aquisição. As escolas incentivam. Compete ao autor e a sua editora divulgar a obra para que seja adquirida. Acredito que a criança brasileira está lendo e comprando mais livros do que em minha época. Durante minha infância, não havia tantos autores como há hoje. Falava-se em Monteiro Lobato, praticamente, só. A literatura infantil era importada, tanto oralmente quanto em livros. Atualmente, pode-se ver uma grande oferta de novas histórias produzidas por autores brasileiros. Essa realidade é muito boa. A grande concorrência da leitura infantil são os jogos em celulares e youtubers que competem fortemente com os livros. Ainda é uma batalha inglória para o livro no novo cenário internacional da telefonia celular. Mas esperamos que esse aumento de escritores possa encapar uma luta por uma divulgação mais agressiva em termos de Marketing a favor do livro infantil. 13-No nosso país a tv ocupa um lugar de destaque no seio familiar. Você acredita que o livro, algum dia, ocupará uma posição de importância comparável no seio familiar? Qual o futuro do livro, você tem alguma ideia a respeito? Essa afirmação é uma constatação verdadeira. Acredito que tudo passa por uma questão de educação. Quando a leitura se tornar fundamental para o brasileiro a partir da infância, semelhante a necessidade do oxigênio para a vida, a grande diversão será passear nas páginas do livro. Mas o grande concorrente hoje, www.cultive-org.com


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torno a frisar, não é a TV, porque muita gente está frente a esse aparelho, mas continua a manusear o telefone celular, que lhe concede mais informações e comunicação em tempo hábil e funciona como um escritório ambulante, inclusive com TV e filmes. Mas tenho esperança que esse quadro seja revertido com a ferramenta do incentivo à leitura na família e na escola. Não gosto de prognósticos nem de ver o futuro, estou habituada a viver no presente, porque o futuro se constrói com o hoje, por isso acredito que o livro vai continuar a existir, apesar das árvores cortadas. Os livros são também uma forma de eternizar as árvores e as suas utilidades em todas as áreas através do conhecimento. Na escola, aprende-se a amar o livro e a tê-lo como um fiel companheiro que tudo informa. O celular está competindo nessa área, mas o prazer de segurar e folhear um livro de forma tão íntima é inalienável. 14-Como os autores brasileiros poderiam auxiliar as crianças a se interessarem mais pela leitura? Visitando as escolas para apresentar seus livros de forma lúdica e interativa com esse público. As crianças amam esse contato em que descobrem que o escritor é real como elas. Aqui em Natal, temos esses momentos maravilhosos e encantadores para o autor e para os leitores nas escolas através de convites individuais aos autores ou as entidades culturais como à Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN; à União Brasileira de Escritores do RN; à Associação Literária e Artística de Mulheres Potiguares; à Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil, coordenadoria RN; à Casa do Cordel; à Estação do Cordel e às outras. Antes desses encontros em festivais literários ou nas salas de leitura ou classes, os professores trabalham os textos e os alunos fazem suas leituras. Já fui presenteada com vários momentos desses e citarei o trabalho em escolas diferentes com «Magnólia, a besourinha perfumada» com as professoras Evania e Alzenir. Fiquei muito emocionada com a recepção www.cultive-org.com

das crianças, suas leituras através de desenhos e escrita e suas perguntas. Outro instante marcante foi na Escola Estadual Berilo Wanderley, já com alunos do Primeiro e Segundo Grau à época a convite da professora Flauzineide Moura, quando toda a escola recebeu vários escritores que estavam estudando. Depois tive minha obra “Lembranças da Infância no Alecrim”, apresentada no final da graduação do Curso de Artes Cênica na UFRN por uma ex-aluna da Escola Berilo Wanderley. Acredito que esse é o caminho para incentivar o interesse das crianças pela leitura. 15-Qual é o caminho para chegar a uma editora e como você conseguiu publicar seus livros? Atualmente, chegar a uma editora é fácil, pois há editoras que trabalham com autores independentes prestando os serviços de publicação ao autor, o qual arca com os custos da obra e não vincula seus direitos autorais à essa editora. Muitas delas fazem convite ou o interessado as encontra na internet. No Brasil, esse nicho de empreendimento vem crescendo dia a dia com o aumento da procura dos autores, que comercializam seus livros. Também há as editoras que adquirem a cessão de publicação da obra mediante contrato, pagam um percentual sobre o valor da obra vendida. Nesses casos, essas editoras tem uma linha editorial e escolhem os textos que lhes são enviados ou convidam autores conhecidos, que dão retorno de vendas. É um grupo menor, mas que tem capital para gerir seus investimentos. Há também aquelas editoras que trabalham com as duas opções. Também existem aquelas que contratam o autor para produzir para elas. São mais raras, mas elas exigem um contrato de exclusividade, que impede a ampliação e veiculação do autor com outras editoras. O caminho para qualquer editora é ter um texto autoral em que você acredita. As editoras vão avaliar esse manuscrito digitado ou não e informarão se tem interesse em publicá-lo ou não. Minha orientação: não desista com a primeira negação. Lá na adolescência, desisti. Décadas após, voltei a insistir nesse ramo da escrita. C CULTIVE | 31


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Em meus primeiros livros, contatei com as editoras e publiquei arcando com os custos. Tornei-me conhecida no mercado editorial, ganhei um concurso de publicação pela internet no Porto, então começaram os primeiros convites, inclusive o da Argentina. Atualmente, tenho muitas propostas e estou com dois contratos internacionais com remuneração sobre o valor da capa em royaltes. 16-Percebe-se, na sua biografia, uma participação marcante em atividades culturais do Rio Grande do Norte, o que a levou comprometer-se com tantas atividades sociais ligadas à cultura? Literariamente, minha carreira ficou suspensa da adolescência até minha era balzaquiana, quando voltei a expressar-me em versos. Participei do Concurso Literário de Poesia “O Guincho”, promovido pelo poeta Josean Rodrigues. Não fui classificada no certame, porém recebi o convite do irreverente poeta e jornalista Paulo Augusto da Silva para participar da fundação da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do Rio Grande do Norte – SPVA/ RN. Aceitei o convite por ser uma idealista e ter apreciado a proposta da entidade de reunir, divulgar e difundir os artistas vinculados conhecidos ou iniciantes no contexto artístico literário da cidade de Natal. Por ser muito comprometida com as responsabilidades que assumo, envolvi-me totalmente nessas atividades sociais e administrativas ligadas à cultura e, hoje, estou aqui, porque extrapolei as fronteiras da minha cidade, do meu estado e do meu país com a literatura. 17-Sua posição em academias e associações literárias e culturais seja como membro ou encabeçando-as em postos de direção e presidência são muito relevantes na sua biografia. Como consegue gerenciar as atividades de escritora e de ativista cultural? É muito complicado, porque tenho que abrir mão de algo. Um exemplo, é a conclusão de meu primeiro romance, que está pronto em minha cabeça, mas que ainda falta redigir al32 | CULTIVE

guns capítulos, além das correções e adaptações que terei que fazer. Ele já se arrasta a mais de dez anos. Decidi conclui-lo agora. Contudo já tive que parar outra vez, por causa de outras solicitações, como a nossa conversa nesse momento, que está me dando tanta satisfação. 18- Você acredita que os autores têm uma responsabilidade ética para com a população mesmo que não sejam seus leitores? Quais os meios de comunicação que você utiliza para divulgar suas obras e suas atividades ligadas à literatura? Sim, acredito na responsabilidade ética dos autores para com a população mesmo que não sejam seus leitores, em virtude desses escritores serem formadores de opiniões e essas opiniões formadas poderem se voltar a favor ou contra aqueles que não são seus leitores ou seguidores. Essa responsabilidade ética está intrinsecamente ligada ao cuidado com a palavra no trato do bem comum e da paz mundial. Embora a palavra seja um direito à liberdade, ela pode cassar a liberdade individual e coletiva em um contexto de geração de conflito. Para divulgação das minhas obras e atividades ligadas à literatura, utilizo a rede social nos canais: www.janiasouzaspvarncultural.blogspot. com; www.facebook.com/janiasouzasouza; www.youtube.com/janiasouza Além de matérias em rádios AM e FM; jornais; televisão; revistas; blogs e sites em que participo. Em uma palavra 19-Livros no papel ou digital? Papel. 20- Escritor isolado? Participativo. 21-Literatura brasileira? Brasileira. 22-Terror ou ficção? Ficção. 23-Fantasia ou realidade? Realidade. 24-Criança ou adulto? Criança. 25-Mulher ou homem? Mulher. 26-Fazer ou acontecer? Fazer. 27-Futuro ou passado? Futuro. 28-Ter ou ser? Ser.

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IGOR LOPES o escritor - jornalista que une Portugal e Brasil

Ígor Pereira Lopes, nascido em 18 de agosto de 1980, é jornalista e escritor. Mestre em Comunicação e Jornalismo pela Universidade de Coimbra, Portugal; Graduado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), Rio de Janeiro, Brasil; Especialista em Gestão de Comunidades e Redes Sociais pela Universidade de Guadalajara, México; Especialista em Mobile Journalism, pelo Knight Center for Journalism in the Americas da Universidade do Texas, EUA. Tem diversas formações na área da comunicação digital, mídias digitais, marketing digital, assessoria de imprensa, consultoria e assessoria literária. Atua entre Brasil e Portugal. É autor dos livros “Maria Alcina, a força infinita do fado” e “Casa do Distrito de Viseu: cinquenta anos de dedicação à cultura portuguesa no Brasil” e foi o responsável editorial pelo livro www.cultive-org.com

“A Voz da Mulher”, da jornalista Wylma Guimarães, do Grupo Bandeirantes. É jornalista correspondente no Rio de Janeiro da agência E-Global (Lisboa), da agência Azores News (Ponta Delgada), do jornal Portuguese Times (EUA), do jornal Mundo Lusíada (São Paulo) e do site Minho Digital (Viana do Castelo), além de ser o fundador e CEO da agência de jornalismo digital Incomparáveis. É também colaborador no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), no Rio, assessorando a Coordenação-Geral de Recursos Humanos e auxiliando em projetos administrativos e de comunicação na área de gestão de pessoas; trabalhou na Infoglobo, onde produziu pautas para os jornais O Globo, Extra e Expresso; Viveu em Portugal de 2004 a 2010, onde foi profissional dos veículos Jornal Global, Diário C CULTIVE | 33


de Viseu, O Crime, Notícias de Vila Real, Lamego Hoje, além de exercer funções de produtor e assessor de imprensa na área cultural e no turismo rural; fez a cobertura jornalística do festival Rock in Rio Lisboa em 2004, 2006 e 2008 para blogs, jornais, revistas, sites e outros veículos como o jornal O Povo, de Fortaleza, e rádio Vacaciones, do Chile. Foi autor, em 2009, da Grande Reportagem “Alcino Correia: o homem do coração em desalinho” para o jornal Mundo Lusíada e site da Câmara Municipal de Armamar; também em 2009, escreveu a Grande Reportagem “Jovens de Moimenta da Beira recebem prêmio do Parlamento Europeu”, cuja apuração foi realizada no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, França, com matéria publicada no Diário de Viseu e jornal Mundo Lusíada; no ano de 2006, foi responsável pela Reportagem Especial “Lisboa no Top mais europeu”, publicada na edição 51 da revista VIZOO, Brasil. No início da carreira, fez estágio na rádio Cristal FM, Mesquita, e rádio Grande Rio, Itaguaí, em ambas como repórter esportivo. Em termos profissionais, tem experiência também em assessoria de comunicação, relações públicas, comunicação corporativa, institucional e empresarial, consultoria em comunicação e consultoria literária. Conta com prêmios na área do jornalismo e distinções acadêmicas. É Comendador da Ordem do Mérito Cívico e Cultural pela Sociedade Brasileira de Heráldica e Humanística; detentor do Diploma de Honra ao Mérito da Casa-Museu Maria da Fontinha; da Medalha Albino Fontes de Araújo da Academia de Letras e Artes Paranapuã (ALAP) e do Diploma de Reconhecimento ao Mérito do Elos Clube de Leiria, entre outros. É membro acadêmico da Academia de Letras e Artes Paranapuã (ALAP), da Academia de Letras de Teófilo Otoni (ALTO) e da Eco Academia de Letras, Ciências e Artes de Terezópolis de Goiás (E-ALCAT). 34 | CULTIVE

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Mulheres

que o tempo não esqueceu, que marcaram época, que quebraram regras, que fizeram história, que tiveram coragem, que venceram o preconceito, que cultivaram a semente do respeito. Mulheres que são destaques aqui e sempre.

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Mulheres eternas

ELOAH WESTPHALEN NASCHENWENG Sei da sua acordada fé, sua tenacidade, resistência, sua doação, sacrifício e a magia da doçura que se faz leveza intensa e sempre maior. Sei que suas mãos perpassam, confortam, agasalham e transmitem no afago o afeto absoluto e pleno do amor, que resiste e persiste no seu coração. Transcendência, dádiva generosa, catarse rificadora, que faz da mulher e do seu amor, o amparo único e insubstituível no coração dos filhos amados.

MULHER , MÃE E DOR Sei de mulheres tristes, submissas, violentadas, mutiladas, perseguidas e queimadas - sem espaço e sem vida. Sei de mulheres sedentas, esfomeadas, desgastadas do tempo, da dor, do medo, das amargas mágoas e das cicatrizes incuráveis. Sei de mulheres, que como tantas carregam nos ombros a herança sombria de Ser - alimentando-se de inquietudes, desesperanças e lágrimas que calam fundo na alma e deixam rastros na história. Mas eu sei também, que estas mulheres no tempo, no espaço da vida, escondem as dores, descoram as tristezas para que no aconchego de seus braços possam transformar o silêncio da alma em ternura, abrigo e acalanto para seus filhos. 36 | CULTIVE

NÓS AS MULHERES

Abro um espaço e no ócio tão raro e precioso, reflito, percorro o tempo e, penso nos transtornos, que acarretamos, nós as mulheres, na ordem do mundo, desde que num ato de rebeldia consciente resolvemos mudar o curso de nossas vidas, quebrar as sequências e reavaliar os valores. Que trabalho aprontamos com essa generalizada bagunça. Afinal, de nós foi sempre o esperado: o abrigo, o prazer, o conforto, o tempo e o sagrado posto de esposa e mãe. É verdade que levamos conosco a dádiva de ser mulher, procriar e o dom de possuir esse sentimento pleno, avassalador, insubstituível que nos toma conta por inteiro e nos suga minuto a minuto a vida toda. Mas a par da plenitude e da beleza incorporada, que nos encanta e alimenta - e não abrimos mãos de vivê-lo traz na bagagem fartas exigências, cobranças e responsabilidades que vão proliferando-se ao longo do tempo e juntando-se a sentimentos de tantas e quantas culpas imaginadas, mas reais, porque nos fizeram acreditar que a perfeição leva à perfeição e que o dever está em www.cultive-org.com


Mulheres eternas primeiro lugar. E o tempo? Ah! Precioso tempo. Esse tempo que contamos, puxamos, esticamos e desdobramos muitas vezes no afã de achar tempo para correr - e isso exige que sejamos as atletas que não somos - atrás de outras realizações pessoais, tão nossas e, vezes sem conta, impraticáveis porque não temos tempo. São elos que se interligam com novos elos compondo densas correntes, e que nos acompanham e aos nossos conflitantes e arraigados valores vida afora. São tantas as amarras, difícil e espinhosa tem sido a mudança por mais tênue que seja. Mas sabemos que estamos abrindo caminhos e que abrir caminhos nunca deu leveza aos passos. Energizadas e impulsionadas pelo desafio e a tenacidade engendrada no dia a dia, continuamos a persistir motivadas e fortalecidas. Sabemos, também, que somos muitas e que de todas as maneiras, diferentes maneiras estamos, paulatinamente, abrindo uma brecha à luz do mundo para que possamos iguais em direito, mesmo parte de outros sonhos, buscar em outras plagas os nossos tão sonhados sonhos.

Somos sombrias e hostis às vezes, mas entre a graça e a revolta embrulhamos os imprevistos, cerramos nossas portas, abandonamos a vigília e mantemos a distância. Somos vales obscuros, mas também auroras resplandecentes, dias livres e ensolarados. Sem pretextos e nem desamparo, jogamos com o tempo, sabemos dividir, subtrair e somar com a vida.

33° Salão do Livro de Genebra do 01 ao 05 de maio de 2019 Lançamento de livros Concurso Literário Antologia Cultive Presença de autores Confraternização

Somos Mulheres Eloah Westphalen Naschenweng Somos profetizas entusiasmadas, feiticeiras, mulheres do nosso tempo. Somos tenazes, muitas vezes vulneráveis, mais caprichosamente persistentes. Somos loquazes e justas, mas manipulando e espreitando o caminho modulamos a nossa alma.

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Antologia Cultive lançamento no 33° Salão do livro de Genebra do 1 ao 5 de maio 2019

Cultive

no 33°Salão Internacinal do Livro de Genebra

do 01 ao 05 de maio 2019 Exposição Imagem Poética no Consulado cultivelitterature@gmail.com 38 | CULTIVE

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Mulheres eternas

TELMA BRILHANTE é escritora brasileira, contista, poeta, haikaísta e escritora de livros infantis. Atualmente é Presidente da Academia de Letras do Brasil/PE. Tem 12 livros publicados e participa de mais de 60 antologias.

A MULHER, ONTEM E HOJE. Em épocas primitivas as mulheres eram consideradas apenas um elemento secundário. Elas eram designadas para serem donas de casa, aptas para a reprodução e complemento do homem, a história contada sob a ótica masculina No correr do tempo, graças às lutas que tinham como objetivos o respeito e o reconhecimento de seus talentos, as mulheres foram conseguindo o devido espaço que lhes é de direito. Elas tornaram-se protagonistas da própria história, apesar de ainda hoje sofrerem com as consequências deprimentes da violência, resquícios de um sistema social patriarcal ultrapassado. Hoje as mulheres assumem tarefas importantes nas empresas onde trabalham, demonstrando competência e responsabilidade, embora na política ainda enfrentem desigualdades na distribuição dos cargos exewww.cultive-org.com

cutivos, legislativos e judiciários. Vale esclarecer que não é uma luta homem/ mulher cujo objetivo seja a medição da inteligência. Não é uma mera luta de preconceitos para um superar o outro. O homem não é um inimigo, é um companheiro de quem a mulher precisa para tornar a caminhada mais leve, mais produtiva. A família representa o esteio da sociedade, onde são implantados valores que preparam os filhos para um melhor convívio, enfrentando a vida com justiça e compromisso, derrubando verdades seculares estabelecidas que tanto humilharam a mulher. Na literatura, nos idos do séc. XIX , as mulheres que possuíam aptidões para escrever tinham que apresentar suas obras com pseudônimos masculinos, caso contrário não eram publicadas. Assim temos pseudônimos como George Sand (Amandine Dupin); Os irmãos Bell ( As irmãs Brontê); George Eliot (Mary Anne Evans ) e muitos outros, que se tornaram célebres. Desde o início a história foi escrita por homens, que faziam o registro de grandes feitos e acontecimentos realizados por eles. Quando esporadicamente envolvia uma mulher, quem o contava eram os homens. Assim, conclui-se que não houve uma história do ser humano no geral por que o foco estava sempre em um só gênero, o masculino. A mudança feminina eclodiu no século XX, quando as contestações tomaram vulto e as mulheres se fizeram presentes como sujeitos no curso da História e despertaram o interesse da sociedade como centros de questões concernentes ao gênero feminino. Hoje, nas Universidades, os trabalhos acadêmicos passaram a incluir na narrativa da história universal a presença das mulheres, levando em conta as vivências comuns, lutas e resistências. C CULTIVE | 39


Mulheres eternas

MARIA INÊS BOTELHO põe pelos versos, poemas, contos, crônicas, artigos, imagens, músicas, que a exaltam pela sua majestosa figura, que propicia, ao Univeso, a sensação de que Ele é soma deste amor real, sincero, eterno.

MÃE, VIDA QUE IMBRICA outras Vidas

Assim, Mães que geraram Vidas de dentro de si e Mães que passaram pela adoção ao amor de coração seja, este seu Dia, plenamente repleto de sorrisos, afagos, continuação de construção do amor real, que se torna sublime pelas suas conjunturas abarcadas.

Sentir o perfume que cada flor exala traz à mente em quantas vidas uma Mãe se faz presente no tecer os fios que conduzem os caminhos que palmilham à busca pela felicidade. Sentir a brisa marinha e entender quão grande é um coração de Mãe, que comporta um oceano dentro de si, para regá-lo e deixá-lo viver saudável e com o seu ritmo ajustado às tarefas a executar, é ação cotidiana onde o carinho se põe a fazer morada.

Mãe, seja o prenúncio de que belos dias sempre estarão a compor o quadro da Vida de todos que por Si deixam marcas de gratidão, respeito, admiração e consecução do amor filial. Receba bênçãos divinas e o reconhecimento do Universo do quão importante És ao habitar, indubitavelmente, as Vidas de seus rebentos, ávidos pelos rastros que deixa pelos chãos palmilhados de estrelas e pelo perfume que exala.

Sentir o contraste entre o iluminar do Sol e o da Lua traz a imagem de quão poderoso é Deus, Seu Criador, ao permitir que Mães vivenciem espetáculos majestosos da Natureza e da vida humana, impondo à estas o sorrir e o se encantar com as multicores, o ritmo e as formas de cada um, favorecendo um amanhecer que se alterna frente às diversas nuances que o luar traz à visão.

Seja definitivo o entender que Você é, Mãe, a expressão, nesta Terra, da ternura, do aconchego, do conselho, do entremear mãos, mente e coração no compor a sinfonia que ecoará, até, em terras desérticas.

Sentir o amor de Mãe, que consegue abarcar múltiplos abraços familiares, é ter a certeza de que esta maravilhosa e poderosa Vida se com40 | CULTIVE

Tenha a felicidade e o amor como ponto de partida maternal para adentrar, continuamente, na casa do sublime amor e espargir a esperança e a paz em todos os dias de sua Vida. Parabéns.

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Mulheres eternas Apresentam a ampla gama de verdades que traz em si, os desejos relacionados a sonhos construídos com as batidas de corações apaixonados pelo bem coletivo e traduzidos em direitos, sem deixarem de somar os deveres impostos pela sociedade.

Dia Internacional da Mulher Maria Inês Botelho

Mais um ano chegou e 2019 trouxe consigo a agenda de datas comemorativas.

Mais um Dia Internacional da Mulher vem demonstrar a sua face. Traz consigo, hoje, com maior profundidade, a complexa teia tecida por atores de diversos segmentos de uma sociedade sobre a figura da Mulher em ação. Traduzem-na, alguns, como essência pura do Divino, plural quando proativa, multicultural em ações diversas.

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Outros cidadãos, através de atos grotescos, cruéis, desprovidos de sentimentos quanto a importância da Mulher para o meio social, procuram, de diversas formas, excluir a presença feminina em suas vidas, mesmo contrariando legislações existentes. Portanto, para eliminar esta dicotomia, é preciso que a sociedade global se mobilize para comemorar o Dia Internacional da Mulher ressaltando a importância desta estrela de tamanha grandeza na vida de todos os seres, pois, mesmo existindo pontos e contrapontos nesta teia, ela traduz, em seu âmago, a visão de mundo sob a conjugação da sabedoria com os sonhos, a ousadia, a coragem, a garra, a motivação, a meiguice e põe-se em perfeita integração ao mundo das diversidades com as suas múltiplas faces. Seja, assim, este dia “8 de Março” contemplado com maior riqueza em alegria, congraçamento, vidas em comunhão.

Que este comemorar sirva de efetivo reconhecimento quanto ao caminhar positivo que a Mulher vem traçando, gerando produtividade em laços afetivos e profissionais de todos os tipos .

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Mulheres eternas

Nada mais justo é o alçar da Mulher a píncaros cada vez mais elevados, carregando de limpidez os céus de cada um a ela ligados. Tenha, a Mulher, a geração da simplicidade como marca.

Que a cada novo dia a compreensão sobre a importância da atuação da Mulher no amplo meio social seja mais difundida e tabus sejam removidos. Que o sonhar traga mais alegria ao amplo horizonte desenhado para um tempo mais aberto à integração entre a Mulher e as pessoas com as quais se relaciona.

Que o perfume que de si demande seja o reflexo da colheita de flores plantadas ao longo de seus dias. Afinal, a presença marcante de Rrosas, margaridas, orquídeas, e muitas outras flores, em profusão na natureza, significam o quantidade de carinho existente ao se presenteá-la, pois a mulher é completa em sua criação divina e na atuação social. Seja a Mulher, sempre, retrato da perfeição multicultural, adornado com moldura apropriada à sua altura, e o ritmo cadenciado da vida irá propiciar-lhe o melhor viver. Receba você, Mulher, o meu abraço carregado de admiração e respeito.

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MARIA DELBONE

O direito feminino Ser sexagenária hoje é ter vivido as repressões, castrações e preconceitos que caracterizaram a sociedade dos anos 60. È ter ido à luta, ter enfrentado os julgamentos e buscado um lugar na sociedade – lugar de direito. E fomos aos bancos das escolas e nos preparamos para o trabalho. Brigamos pelo direito de ser ouvidas. Hoje 50 anos após o que temos são mulheres emocionalmente perdidas no limiar dos espaços. Tendo vivido com represálias, frustradas e incompreendidas soltas na liberdade atual as almas transbordam de emoções conflitantes. Os desejos represados querem asas, mas o comedimento aprendido quebra essas asas impedindo o vôo e o que temos são mulheres inconformadas. O inconformismo resultante de sua formação, das brigas pelo espaço, conflita com a suposta liberdade dos anos 2.000. E se a alma quer alçar vôo e viver a modernidade, os valores arraigados de uma vida vivida nos limites impostos por família e sociedade tolhem os movimentos e trazem a frustração de desejos insatisfeitos. Não estamos mais a brigar por espaço, ele está aí, não brigamos mais pelo trabalho, ele abunda em nossas vidas, dentro e fora de casa, mas brigamos pelo direito de ser tratadas como merecemos. São cinqüenta anos, meio século, alguma coisa mudou, mas o respeito, este continua no baú. As mulheres continuam sendo estupradas, sofrendo “bulling” e olhadas como segunda opção em termos de valores. A sociedade continua como antes, os direitos inquestionáveis têm gênero – são masculinos.

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Nísia Floresta por JANIA SOUZA “Certamente Deus criou as mulheres para ter um melhor fim, que para trabalhar em vão toda a sua vida.” – Nísia Floresta, em “Direito das Mulheres e In-

justiça dos Homens” – 1832. Com essas palavras registradas na obra acima citada e estampada em estandarte na sala dedicada à ilustre escritora, poeta, feminista e educadora, nascida em Papari no estado do Rio Grande do Norte, o visitante começa sua jornada sobre a vida da autora, que revolucionou os conceitos machistas da sua época e tornou-se precursora da luta feminina na América Latina por igualdade de oportunidades civis, profissionais e intelectuais com o homem no século XIX, no Museu, que resgata para as novas gerações o legado dessa brilhante cidadã brasileira e do mundo. Além da bandeira empunhada pela causa fewww.cultive-org.com

minina, essa forte e valorosa mulher também foi uma brava lutadora pelas causas: abolicionista, indianista e republicana. Deixou um tributo em exemplo de garra, virtude, persistência, dignidade e força para a posterioridade de quaisquer gêneros. Foi educadora, escritora, filósofa, poeta, feminista, ativista política por declarar suas opiniões e crenças nas quais fundamentou suas ações. De imbatível coragem. Jamais se deixou vencer a qualquer pretexto. Escreveu: “Direito das Mulheres e Injustiça dos Homens”; “Conselhos à Minha Filha”; ‘Daciz ou a Jovem Completa” e “Discurso que as suas Educandas Dirigiram à Nísia Floresta”; “Lágrima de um Caeté”; “Dedicação de uma Jovem”; “Opúsculo Humanitário”; “Páginas de uma Vida Obscura” e “Passeio ao Aqueduto da Carioca”; “O Pranto Filial”; “Pensamentos” e no jornal “O Brasil Ilustrado”; ”Itinéraire d’un Voyage en Allemagne”, França; “Consigli a Mia Figlia”, Itália; “Scintille d’un Anima Brasiliana”, na França e Itália; “A Mulher”, traduzido para o inglês pela sua filha e publicado em Londres; “Fragments d’un Ouvrage Inèdit: Notes Biographiques”, Paris, seu último livro. Em 1885, falece em Bonsecours na França de pneumonia. Seus restos mortais foram trasladados de Rouen na França para a cidade de Papari no Rio Grande do Norte, Brasil, retornando definitivamente a terra mãe, da qual foi apartada por razões superiores e fora de seu controle, mas que lhe permitiu se apropriar do mundo e ser a escrevinhadora de uma nova história da mulher. Seu corpo, ao chegar encontrou Papari rebatizada com o seu nome de Nísia Floresta em 1954. Hoje, repousa na terra em que veio à vida, na Fazenda “Sítio Floresta” perpetuada em seu coração através do pseudônimo que adotou de Nísia Floresta Brasileira Augusta, quando da sua primeira publicação em 1832. A essa mulher de excepcional valor, cuja coragem levou-a a lutar com palavras e livros contra o velho mundo arcaico do machismo, escravocrata, colonialista e monárquico, o agradecimento dos oprimidos no universo feC CULTIVE | 43


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minino e humanitário, que tiveram a privação dos seus direitos civis de cidadãos menosprezados em qualquer época da civilização. Nísia Floresta, a heroína de ontem, para reforçar e garantir a liberdade da mulher para sempre. A luta ainda não acabou. Só acabará quando houver uma consciência plena de amor e respeito entre todos os homens e todas as mulheres de qualquer gênero, de qualquer etnia, de qualquer poder econômico e cultural. Mas temos total esperança no amanhã.

Brava Guerreira À educadora e escritora Nísia Floresta Brasileira Augusta Nos velhos tempos de opressão Em que a mulher não tinha direitos Negro era escravo do branco Índio era de todos o mais indigente Veio ao mundo uma menina formosa Do pai herdou nome, força e 44 | CULTIVE

Perseverança de Arcanjo. Foi criada com zelo e valor para lutar Por seus interesses e dos demais Quer fossem oprimidos ou desgarrados Da sorte ou de quaisquer coisas mais! Tão valorosa foste tu, ó brava guerreira! Mulher destemida! Lutou contra tudo E fez valer seus reais ideais de amazona Por demonstrar ao mundo a sabedoria Contida na essência de teu pensamento Isento de injustiça e de segregação! Gratidão, ó brava guerreira! Sempre Teremos pelos teus áureos feitos Por deixar para nós esperança De que um dia teremos respeito!.

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A Cultive -Association Internacional de Litterarture, Art et Solidarité A Cultive

P r o j e t o s Cultive 2019 - Antologia tema: « superação e sobrevivência» com lançamento no Salão do Livro de Genebra 2019; registro na Biblioteca Nacional Suíça. - Exposição Imagem Poética Local - Consulado Geral do Brasil em Genebra - dia 3 de maio 2019. - Caravana Cultural Internacional Cultive A Cultive levará os autores à- Berlim no dia 6 de maio. Na programação consta: visita guiada à Biblioteca Estadual de Berlim; encontro no do Centro Íberico-Americano para doação de livros dos autores presentes; homenagem à Literatura na praça Bebelplatz, visita à Porta de Brendenbourg, Heishtag, ´Ópera de Berlim, Catedral. No dia 9 de maio o grupo seguirá para Lisboa, onde serão visitados museus, será realizadis um encontro literário na APP. 1° Encontro Internacional de Literatura Contemporânea e Desenvolvimento Cultural, sarau. A programação da 1a Caravana Cultural Internacional inicia-se em Genebra. A Cultive terá um estande onde os autores apresentarão suas obras, haverá encontro com a embaixatriz do Brasil, lançamento da Antologia Cultive e da Revue Cultive impressa; das obras: Reflexões sobre a vida de Marivania; Jacira; Norma Bezerra; Telma; Rita guedes; Eloah; maria Inês Teixeira; Izabelle Valadares; O jardim da consciência e Sourir e Leoleão de Valquiria www.cultive-org.com

Imperiano; A continha a Galinha dengosa de Izabel Hesne Marum, No segundo semestre a Cultive realizará a Caravana Cultural Nacional; Um dia de Felicidade; e participará da FLIPO em porto de Galinhas -no mês de setembro- 2019. E em 2019 a Cultive coloca em ação na sua sede, rue du Pré Jérôme 12 - Genebra, atividades permanentes especificamente criadas para esse fim. Além da Livraria com livros em língua portuguesa, organizamos um agradável ambiente onde oferecemos curso de Francês, que serão ministrados por Elisia Conceição na agenda abaixo apresentada. Os interessados podem entrar em contato por email: cultivelitterature@gmail.com ou por telefone. Valquiria Imperiano: 0041 79 616 37 93 Eilisia Conceição: 0041 79 107 75 83 Horários dos cursos. -curso de Língua francesa para estrangeiros segunda e quarta de 15h30 à 21h - na sede da Cultive - rue du Pré Jérôme 12 - Genebra -bureau de assistência informativa ao imigrante - sede da Cultive segunda e quarta de 13h30 à 15h20. Essas novas atividades da Cultive serão marcadas com um aperetivo no dia 22 de fevereiro.2019 Seja membro da Cultive, tenha vantagens e ajude a Cultive a continuar a realizar suas atividades. C CULTIVE | 45


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ACADEMIA FEMININA DE LETRAS DO PARANÁ NOS PASSOS DE RACHEL PRADO Cassia Cassitas

Nascida Virgília Stella da Silva Cruz em 1891, sob o pseudônimo Rachel Prado a curitibana se tornou nacionalmente conhecida. A filha do fundador do tradicional periódico A República iniciou aos 14 anos uma carreira jornalística sem precedentes para uma mulher de sua época. Aos 18 anos, acompanhou a família de mudança para o Rio de Janeiro, onde, autodidata, adquiriu sólida cultura humanística. Foram em congressos internacionais que suas teses obtiveram o sucesso que lhe permitiu promover inúmeras campanhas, entre as quais cito a divulgação dos cursos de Enfermagem da Cruz Vermelha e o amparo aos cegos. Líder feminista, acreditava na defesa dos direi46 | CULTIVE

tos da mulher sob um ponto de vista moderado. Atuou na Comissão Interamericana de Mulheres ao lado de Minerva Bernardino, que viria a assinar, com Eleonor Roosevelt e Berta Lutz, a Declaração dos Direitos Humanos de 1948. Como rábula, advogada prática da época, dedicou especial atenção a presidiários e sua reintegração à sociedade. Por muitos anos visitou presídios, e conseguiu a liberdade para muitos. Pelos menores delinquentes, prestou inestimáveis serviços ao Juizado de Menores. Visitou favelas e bairros pobres do Rio de Janeiro, pleiteou reformatórios de aspecto mais humano, apontou condições precárias de higiene e alimentação, bem como a necessidade de afastá-los do convívio com criminosos adultos. A empreendedora Rachel Prado organizou o primeiro curso de Jornalismo Profissional do país e se tornou a primeira mulher editora. Sua Editora Rovaró publicou dezenas de obras de grande valor, dentre as quais destaco “O cerco da Lapa e seus heróis” de David Carneiro. A ecologista Rachel Prado fundou o escoteirismo e organizou campanhas de reflorestamento. A jornalista Rachel Prado teve seus trabalhos publicados em centenas de periódicos, dentre os quais A Manhã, Correio da Manhã, Diário Carioca, Jornal das Letras, Jornal do Brasil, Mundo Infantil, O Cruzeiro, e O Globo, O Imparcial, O Lyrio, O Malho, O Tico-Tico, Revista da Semana, Eu sei tudo e Senhorita no Rio de Janeiro e A República, Cinema, Corrreio do Paraná, Correio dos Ferroviários, Diário da Tarde, Gazeta do Povo, Luz de Krótona, Mawww.cultive-org.com


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rinha e O Dia no Paraná. A escritora Rachel Prado firmou-se no gênero do conto infantil, e publicou dezenas de ensaios, biografias, livros infantis, contos e romances em diversos países sul americanos, Estados Unidos e Itália. Como crítica de arte, discorreu sobre obras literárias, artes plásticas, produções musicais. Mãe dedicada e carinhosa, confessava constantemente: “Tudo que sou, devo ao grande amor que tenho aos meus filhos, que foram o meu melhor estímulo para lutar e vencer.” Aos cinquenta e dois anos, vencida pela tuberculose, ela partiu serenamente no Natal de 1943. Sucedeu-lhe a neta do coronel-comandante da Guarda Nacional. Como primeira ocupante da cadeira número um dessa instituição, vivificou os ideais humanitários de luta e moderação ladeados por nossa patrona.

terior do Paraná para se tornar, nas palavras do então presidente da Academia Paranaense de Letras: “Uma dessas mulheres capazes de transformar o mundo pela ternura e exemplo”. Aos cinco anos mudou-se para Curitiba e estudou na escola fundada pelo avô para alfabetizar seus funcionários. A escola tornou-se o Colégio Estadual Pietro Martinez e há 108 anos pulsa na antiga casa do coronel. A estudante Olga frequentou o Instituto de Educação, formou-se em Direito na Universidade Federal do Paraná. E não parou mais. Estudou Literatura Comparada, Biblioteconomia, Braille, Legislação Trabalhista, entre outros. Olga, a economista, ganhou o Prêmio Renaux como primeira aluna nas cadeiras de Economia Politica e Finanças. Traduziu do espanhol o livro Finanças, de Vitti di Marco. Foi tesoureira na Legião Brasileira de Assistência, a LBA. Olga, a advogada, prestou concurso na Copel, onde floresceu em competência e dedicação de 1962 a 1975. Assumiu as funções do chefe que adoeceu, mas não o seu cargo “porque era mulher”, lhe disseram. Sem se calar, cancelou sua inscrição na OAB, pediu transferência para outro setor, fundou o Coral da Copel do qual participou. A vida retrucou com um cargo importante em uma multinacional e um presente inusitado no primeiro dia: uma gravata masculina.

Olga de MacedoGutierrez

brotou na cidade de Teixeira Soares, no in-

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Mas foi através do Curso de Braille que um mundo novo se abriu. Em suas próprias palavras: “Tive a sorte de encontrar em meu caminho os deficientes visuais. Após serem alfabetizados em braile pelo Instituto dos Cegos, frequentavam escolas comuns. Entusiasmada com esse trabalho, tornei-me voluntária. Daí em diante minha vida não teve um instante vazio. Tornei-me a ‘mãe solteira’ com o maior número de filhos. Reestudei matérias de Direito para auxiliar minha filha do coração se tornar advogada. Tive a alegria de vê-la C CULTIVE | 47


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aplaudida em pé na noite de formatura. Deixei minhas atividades literárias de lado. Passei a montar peças de teatro para cegos.” Olga a dramaturga escreveu diversas peças de teatro como O Progresso, que mereceu reportagem da TV Globo, no programa Fantástico, por ter sido a primeira vez que cegos se movimentaram normalmente em um palco. Atenta ao mundo e às oportunidades, Olga resolveu prepará-los para as Olimpíadas. Corria com eles nos treinos e acabou tendo uma estafa. Despediu-se dizendo: “Guardo em meu coração cada rosto, cada nome e agradeço a Deus por tê-los posto no meu caminho”. Era tempo de semear em outros corações. Fundou o Clube Soroptimista. Foi a 1. Secretária da Associação de Jornalistas e Escritores do Brasil – Coordenadoria Paraná. Foi voluntária da Associação Feminina de Amparo ao Deficiente e Recém-nascido. De 1953 a 2002, escreveu 56 discursos com a alma e o coração. Publicados em 2003, são o testemunho de uma época, da sensibilidade, e de seu conhecimento literário, artístico e histórico. Pomphilia Lopes dos Santos, a fundadora da Academia Feminina Paranaense de Letras a definia como ‘uma violeta, flor que se oculta’. Olguinha, a pequena flor, se fechou em 2011, aos 87 anos, no dia 17 de abril.

A criança que escalava árvores, telhados e guarda-roupas galgou vitórias. Apaixonada pela obra de Monteiro Lobato, jamais se aproximou de seu autor favorito quando foram vizinhos em São Paulo. Entre a sua Rua Diamante e a paralela Rua Alabastro, de Lobato, imperava o equilíbrio que ela desenvolveu no alto das grades daquele berço. Mas a timidez não impediu que a proximidade a fizesse se sentir “Filha de Lobato da primeira geração”. Cada vez mais próxima da mulher que viajaria o mundo com os olhos de passarinho e a liberdade dos cavalos de sua infância, a maneira como, aos dezessete anos, se engajou na campanha da primeira mulher a ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa do Paraná tornou-se uma lenda na terra dos pinheirais. A Lapa de suas cavalgadas pelos campos da revolução federalista, narrada no livro editado por Rachel Prado, palpitava em seu peito e permeava suas atitudes. Aos dezoito anos, Maria Thereza assumiu a presidência do Centro Paranaense Feminino de Cultura numa gestão marcada por realizações, como a homenagem às enfermeiras voluntárias que prestaram serviço durante a 2a guerra mundial. Sem perce-

Maria Thereza Brito de Lacerda, sucedeu Olga de Macedo. Ela partiu

“à francesa do casarão da Lapa”. O vanguardismo de sua trajetória se inicia aos sete meses de idade. Interessada na algazarra das crianças que ouvia de seu berço, a pequena escalou as grades de ferro. Lá do alto, percebeu que seria temeroso se lançar ao chão. Então permaneceu, firme e rubra, sem um lamento sequer, até ser resgatada. Diante da cena, o pai sentenciou: “Minha filha terá força e coragem para superar qualquer obstáculo”. Disso foi feita a vida de Eza, como era chamada. 48 | CULTIVE

ber, homenageou também nossa patrona e suas campanhas pelos cursos de enfermagem. www.cultive-org.com


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Tendo concluído o secundário no Colégio Estadual do Paraná, a jovem que conhecera Pégaso, o cavalo alado da mitologia grega que ajudou a exterminar o monstro Quimera, ganhou asas ao matricular-se na Aliança Francesa e na Escola de Serviço Social e pôs-se a trabalhar para “exterminar a pobreza no mundo.” Dedicou-se arduamente a esta causa, mas o prêmio veio da Aliança Francesa: uma bolsa para representar Curitiba em Paris. Deixou para trás o curso de Assistência Social, a grande família e partiu para a terra de Flaubert, Balzac e Zola. Desvendou a efervescência parisiense, cruzou vários países, despojou-se de preconceitos e entendeu, no âmago de suas reflexões solitárias, que os livros seriam sempre os amigos de que não poderia prescindir. Despediu-se da França prometendo retornar.E assim o fez! Em Curitiba, trocou a Escola de Serviço pelo curso de Biblioteconomia. Em Paris, obteve o diploma superior de Língua e Literatura Francesa. Maria Thereza jamais parou. Proferia palestras e conferências em cursos, seminários e congressos. Foi a bibliotecária da Casa Romário Martins, da Procuradoria Geral do Estado, da Curadoria do Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná, da Casa da Memória, do Museu da Gravura, e assistente artística e cultural da Fundação Cultural de Curitiba. Publicou artigos, crônicas e contos em jornais, revistas e informativos.

jamais são esquecidos. Rachel Prado delineou um caminho que Olga Gutierrez seguiu, e Thereza Brito de Lacerda alinhavou transformações. Em tempos desafiadores, precisamos realizar. Como elos que somos da grande obra do Criador, cabem a nós os próximos passos.

Cassia Cassitas No dia 28 de setembro de 2018, passou a ocupar a cadeira número um da Academia Feminina de Letras do Paraná sucedendo Maria Thereza Brito de Lacerda. Cassia confessou que uma forte emoção acompanhou-a desde o início dos preparativos. Pesquisar sobre a trajetória da patrona Rachel Prado despertou-lhe algo em seus sentimentos e deu-lhe um novo sentido aos passos dados dia após dia.

Ela fez da coragem e do desprendimento sua marca na defesa dos ideais erigidos em sua alma pela infância risonha na Lapa, a presença forte de sua família, e os amores com que o destino alinhavou sua existência. Em breve, o Instituto de Conscienciologia de Foz do Iguaçu lançará seu título inédito “A juventude vista de longe, a velhice vista de perto”. Aquela que “se incomodava com a dor dos que nunca são lembrados”, me fez compreender como as realizações de homens e mulheres www.cultive-org.com

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MULHERES MOVIMENTAM ASSOCIAÇÕES LITERÁRIAS BRASILEIRA MALBMOVIMENTO ACADEMICO LITERÀRIO BRASILEIRO

ELINALVA ALVES DE OLIVEIRA No período colonial, a mulher era propriedade, assim como os escravos, antes, do pai que arranjava o casamento da filha, como se fosse uma transação comercial. Ao casar, era propriedade do marido, devendo ser uma boa dona de casa, procriadora e mãe, sendo-lhe dispensável conhecimento e cultura, para que a mesma em nada contestasse a condição de submissão em que vivia. Vivia em uma sociedade paternalista, preconceituosa e discriminatória, mas o mundo se transformou e com ele as relações entre homens e mulheres, a luta por novos caminhos foram alcançados e podemos afirmar que o sexo nada frágil, deve ser parte no mundo, e integrante da sociedade. E assim, aconteceu. Uma das grandes conquistas femininas da história do Brasil é o direito de votar, até 1932 era prerrogativa apenas dada aos homens. Destaca-se nessa conquista Carlota Queiroz, a primeira Parlamentar eleita em 1935. Igual50 | CULTIVE

mente, a criação da lei do divórcio, representou para muitas mulheres “a liberdade, sua carta de alforria”, passando a ser livre para reescreverem sua história, poder ser senhoras de seus destinos. Embora siga enfrentando muitas dificuldades no ingresso ao mundo do trabalho, uma vez que, além da qualificação técnica, ainda pontuam e exigem um padrão de beleza trazida nos anúncios de emprego como “Boa aparência”, é possível vislumbrar avanços na legislação ao criar aportes legais de proteção e incentivo ao trabalho da mulher. Apesar dessa problemática enfrentada pelas mulheres, hoje após uma revolução, embora silenciosa, somos visíveis nas faculdades, em cursos diversos em nível de graduação, especialização, doutorado e pós-doutorado, tem lá, a predominância do sexo feminino, que muiwww.cultive-org.com


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tas vezes são maioria, em meio a toda carga de trabalho e deveres, são sempre as mais assíduas, pontuais e disciplinadas para o estudo. Hoje, a mulher é presença no meio universitário, escolhe sua profissão, decide casar ter filhos ou não, candidatar-se ao que desejar. Tudo isso, fruto de um sonho de outrora, a conquista árdua traz bem estar em nosso dia a dia e não há como imaginar um mundo sem as mulheres.

É uma associação sem fins lucrativos, fundada em 08 de abril de 1970. Mantém Coordenadorias em vários estados do Brasil com a mesma finalidade: estimular a união de jornalistas e escritoras de todo o Brasil, cujo lema é: “A perenidade do pensamento pela palavra.» A atual presidente nacional é Maria Odila Menezes de Souza. O Ceará já participou da vida nacional ajebiano, onde duas delas, já presidiram os destinos da instituição: Cândida Maria Santiago Galeno e, Giselda Medeiros.

É nesse cenário novo, conquistado pelas nobres mulheres brasileiras, apaixonadas pela literatura que traçamos a trajetória institucional no diálogo da palavra que ocorre em diversas esferas e momentos Brasil a fora que surge a Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil - AJEB.

E é nesse convívio irmanado na fraternidade que vimos surgir as melhores ideias, para vivenciar e disseminar a cultura literária cearense e nacional. Certamente, as futuras gerações, herdeiras desse mundo, em muito agradecerá o zelo pela história escrita e rescrita das mulheres.

Partindo do percurso do universo de mulheres na literatura brasileira, traço um ponto menor para encontrar e apresentar uma associação formada por jornalistas e escritoras que em seus ensaios, romances e poemas, expõem a sensibilidade feminina na “perenidade do pensamento pela palavra”. Falo da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil-AJEB. Instituição que nasceu do desejo de algumas mulheres em proteger nossa língua materna, assim como partilhar experiências literárias sob a inspiração de nossos escritos compilados aqui no Ceará na coletânea, “Policromias” partindo para a X edição. A sua história tem início após a reunião de oito mulheres compondo a primeira diretoria da AJEB, sediada na cidade de Curitiba que trilharam um brilhante mandato sendo elas, sócias fundadoras, presidida por Hellê Vellozo Fernandes, nos idos de 1970-1974. No decorrer desse mandato, as ajebianas fizeram contatos e visitas aos demais Estados do Brasil, para divulgar e expandir o quadro de novas associadas, fundando diversas filiais. Em 1974, essas filiais foram extintas e em seu lugar vem uma associação brasileira autônoma de jornalistas e escritoras em nosso país. www.cultive-org.com

33° Salão do Livro de Genebra do 01 ao 05 de maio de 2019 Lançamento de livros Concurso Literário Antologia Cultive Presença de autores Confraternização Venda de livros inscrições: cultivelitterature@gmail.com

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Mulheres eternas Cronologicamente, a ABL assim também o fez, 55 anos após o pioneirismo cearense, na integração de membro feminina entre os “imortais” acadêmicos. Após três tentativas de ingresso feminino, a ABL se manifesta favorável ao ingresso, em

GILSON MOREIRA

. é membro da Academia de Letras dos Municípios do Ceará - ALMECE, escritor, genealogista, historiador, pesquisador.

A PRESENÇA FEMININA NAS ACADEMIAS Parece estranho o título acima descrito, tendo como horizonte o século XXI, onde as discussões sobre a participação da mulher na sociedade brasileira, já atingem outros patamares, sendo relevante frisar que um dos grandes aliados à mudança desse perfil foi a própria sociedade, nas suas diversas vertentes. No entanto, o surgimento das academias literárias no Brasil não contemplava a participação da mulher nas suas fileiras. Fatos históricos nos apresentam o nascedouro do estabelecimento acadêmico no país, com a fundação, há 125 anos, da Academia Cearense de Letras -ACL, em 15 de agosto de 1894, três anos antes da Academia Brasileira de Letras ABL, iniciada em 1897. Assim sendo, destacamos a presença feminina nas Academias em 1922, ao tomar posse na ACL, a escritora Alba Valdez e dessa forma constituindo - se na primeira mulher a ocupar uma cadeira acadêmica no país. 52 | CULTIVE

1977, da escritora Cearense Rachel de Queiroz, transformando -se num ícone ímpar em meio a um ambiente até então restritamente masculino. Pela importância do silogeu e da escritora empossada, sempre lembrada entre as mais relevantes figuras do universo literário brasileiro, a cultura literária do Brasil ficou fortalecida pelo acréscimo de originalidade de enfoque nos textos literários, além da exposição abalizada e o excessivo cuidado na estética da forma. O engrandecimento da nossa cultura foi pareado com a criação das instituições acadêmicas, grupos e associações literárias, daí a salutar relevância em manter um caráter gregário, relacionamento fraterno entre as arcádias. No pensamento filosófico, todos os acadêmicos têm as mesmas garantias de externação, os mesmos tributos de respeito e homenagem, e, no desenvolvimento literato, contribuir para a realização dos projetos e ações das instituições, com temas de grande destaque, que instiga-nos a imaginar que a presença das mulheres na missão das entidades, incentivando o movimento das letras, da intelectualidade, representa um aparato de engrandecimento quede faz desfilar pelas nossas arcádias. www.cultive-org.com


Autoras

CLAUDE BLOC

U

m galho da Cultive em Crato. Foi elaquem estruturou o evento FECCCR em Crato. Hoteis, restaurante, carro para o transporte, agendou as palestras e nos colocou em contato com o Isntituto ICC onde fizemos uma tarde de palestras, leituras, com presença de violeiros repentistas e cordelistas. Claude também fez o elo com a Universidade do Crato e numa manhã rica em troca e debates com professores de diversas áreas de ensino pudemos levantar varios assuntos relativos à língua e ao ensino. Sua ação foi prestimosa e muito presente na nossa passagem pelo Crato, além de toda a parte intelectual ela fez conhecer as riquezas dessa região, levando-nos a conhecer parques naturais de lazer, de preservação ambiental e de pesquisa histórica e paleontológica de extremo valor, sitos arqueológicos de onde são extraídos verdadeiras preciosidades da história da humanidade, como o esqueleto do dinossauro Santanaraptor placidus queimado no Museu Nacional do Rio de Janeiro. Claude é escritora e professora. Os laços com a Cultive estreitaram-se durante o 32° Salão do Livro de Genebra onde participou trazendo seus livros e particpando do lançamento de duas Antologias Cultive : Songe d’une Nuit e Coragem. Uma escritora cujos textos detalham imagens do passado vivido na fazenda onde seu pai vindo da França administrou. Em seus textos as relações familiares, o contato com a terra, o contato com os empregados da fazenda, o zelo da sua mãe, também imigrante francesa, aparecem transmitindo uma doce nostalgia poética. www.cultive-org.com

Ninguém vê

R

einvento caminhos no céu dessa noite quente, Estrelas existem Estão presentes. ninguém vê! Coso o céu junto ao mar no fundo da minha mente Sei que o amor existe. Está presente. ninguém vê!

Fagulhas Às vezes sou sombra Quieta Vazia Enrosco-me, fecho-me Encrespo-me Negligente Deixo a vida passar Alheia ao meu confinamento. Às vezes sou vulcão E em abrasadas ondas Rasgo o silêncio Corto o espaço Ardo em fagulhas.

Sensações Por um instante Meu pensamento Tocou teu pensamento. Por uma fração de tempo, apenas Nossas mentes se uniram. Sonhei teus sonhos Sob tuas pálpebras cerradas Senti tua lembrança Fluindo em mim Percebi tua saudade Se tornando tão minha Se esvaindo Num momento apenas. C CULTIVE | 53


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Carrero; entre outros, os infantis O jacaré; Lobo Cara de Mingau; O Pinto Pelado; Mais uma sobre a cobra e o sapo. A autora faz parte da ALAMPE (Associação Literária e Artística de Mulheres Potiguares), seu trabalho social não para e o resultado de todos os seus investimentos culturais são em prol da escrita e da leitura.

COLLY HOLANDA Colinéte Holanda Soares, nascida na cidade de Natal, RN, escritora, poeta, intérprete, autora de vários livros dirigidos à Literatura infantil, tem como filosofia de vida “a intensidadede usufruir cada minuto vivido. ” Participa de diversas atividades culturais, a exemplo da União Brasileira de Escritores, a Cultura Nordestina Letras e Artes, além de coordenar saraus literários mensalmente, e, atualmente, dirigir o Programa Quarta às Quatro, na UBE, através do qual, a voz do escritor protagoniza a programação. O livro Reflexos da memória, as antologias: Mulheres que mudaram a história de Pernambuco; Primeira coletânea laboratório da Literatura fantástica de Pernambuco; Quarta às Quatro; Os sete pecados capitais em prosa e verso; Os dez mandamentos; Setenta anos de Raimundo 54 | CULTIVE

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IVANILDE MORAIS DE GUSMÃO

Ivanilde ativa escritora e intelectual está sempre presente nas importantes atividades e eventos que envolvem a cultura seja no Brasil, seja no exterior. Invanilde colabora e participa como membro atuante de varias academias de letras e associações culturais.Professora, advogada, ensaísta, contista, poesa. Publicou os livros de ensaios: Sobre o Programa de Gotha, Karl Marx ; Dignidade na Morte; Rememorando e Resgatando a História da Floresta (coautoria); Um Caminho para Marx; Para Compreender o Método Dialético; de poesia: No Redemoinho da Vida a Luz Aflora em Mim; Dans le Tourbillon de la Vie la Lumière Affleure en Moi; Entre o Silêncio e a Solidão (português/ inglês); No Cotidiano da Vida a Poesia vai Construindo o Humano (português/francês e Nas Veredas da Vida Com Ternura Vai Resgatando o Humano.

O rio que navega em mim... Transbordará em ti! Estás vendo este aí, é o Capibaribe, na língua Tupi-guarani, Rio das Capivaras! Nele habitam répteis, mamíferos, aves, crustáceos-moluscos e peixes, desafiando a poluição, o lixo onde vivem em grande simbiose! Em suas águas de cor, cheiro e aparência estranha, fervilhavam caranguejos. E em seus manguezais habitavam seres humanos, Homens-caranguejos, que se alimentavam de sua carne e que com eles aprendiam a engatinhar e andar na lama. E, ao se labuzarem acabavam pensando e sentido como eles. Hoje, em suas margens, sinuosamente habitada por árvores que fincam suas raízes nesses manguezais, alimentando-se dessa seiva contaminada pela www.cultive-org.com

ação dos homens e por cujos caminhos – Pontes –, suspensas sobre suas águas, assistem, em suave deslizar, a vida pulsar numa constante vibração. E, como diz o poeta, O Cão Sem Plumas que és, Oh, Rio, atravessas a cidade, como atravessamos a vida, e tua paisagem assombrada pelas altas muralhas de concreto, habitadas por Homens, que assistem deslumbrados de suas moradas, o nascer e o findar do dia, maravilhados com a beleza do Universo! Protegidos pelas sombras, olhamos com admiração o suave deslizar das águas que vindas de tão longe, cumprindo seu destino, alcançam o Mar e, nessa leveza, navegamos, eu a dizer-te que, em ti, transbordará todo o sentimento do Mundo que carrego em mim! C CULTIVE | 55


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IZABEL HESNE MARUM FILHA

nascida em São Paulo, reside há varios anos em Florianópolis. Izabel dedidcou sua vida a criar históroias para crianças. Ela viaja pelo mundo da fantasia, escreve suas história e distribui seus livros em escolas. Seu prazer é escreve seu objetivo ver os olhinhos infantis, viajar no mundo da fantasia proposto por ela e incentivá-los a criarem eles mesmos sua histórias e personagens. Agora em maio A Cultive fará o lançamento, no 33° Salão Internacional do Livro e da Imprensa de Genebra, da segunda edição do seu livro infantil, Cotinha a Galinha Dengosa. O livro é editado em língua portugêsa e será lançado no dia 1 de maio.

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Quando você chegou, eu já estava aqui. Preparei a casa, a mesa, o banho e a cama. Tudo seu era novidade, eu e você éramos novidade. Sua voz era um movimento estranho naquele palco, Espaço para dois? Não! Tudo era seu! Sua urgência se tornou a minha urgência. Você recolhia os minutos e os transformava em séculos, de apreensão ou de delírio. Parei tudo para começar, e recomeçar, e de novo, e de novo, e de novo, até as cores do dia se esgotar e permear o negro. Tua vontade era real. Aniquilar teu desconforto era prazer, teu prazer era meu êxtase! Brincadeiras para confortar, um jogo de pode e deve... Dormir? Não! Se acordada ficava, observava arfar teu peito, Sincronizadas, aguardava o teu inspirar! Incontadas vezes. Só o tempo acalmaria meu coração, e eu não aprenderia. Como infinitos pareceram os dias antes de tua chegada e agora desejo que sejam infindos os dias de te ver.

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Autoras decisão de sair de casa. O pai advertiu: 5_Pense bem, a vida lá fora pode ser muito dura pra uma moça sem instrução. 6 Mas, Cidália era Leonina teimosa, iria sair e mostrar a família que tinha asas.

IZABELLE VALLADARES MATTOS nasceu em

1976, em Niterói. Reside atualmente na cidade de Petrópolis, no RJ.

Embutida

E a tarde passava por ela em um suspirar tão doído, que doía aos olhos de quem a observava. Sempre assim... Cidália era moça do interior, sabe aquela moça que sonha um dia em ir morar naquela cidade grande de pelo menos 30 mil habitantes? Isso mesmo, o sonho de Cidália não beirava uma capital, era só o sonho de sair de sua cidade natal e poder achar que vivia em uma cidade grande. Viver na cidade era seu sonho, não era sonho de capital, era o sonho só de poder andar em ruas calçadas ouvindo o som de saltos, de sentar na sorveteria da esquina e ver carros passando, sonho de ter alguma festa na praça no final de semana e poder, finalmente, usar o pó de arroz a tanto tempo guardado no fundo da gaveta. Enfim, anos se passaram até tomar a www.cultive-org.com

7Assim, aos 30 anos, com uma mochila carregando dois vestidos comportados, mudas de baixo, um pó de arroz e um batom laranja da avon, que ganhara da avó em algum natal perdido no tempo, seus documentos e um caderninho de anotações, cruzou a ponte de madeira da entrada da cidade, deixando no sítio que vivera desde o nascimento, pai, mãe, irmãos, 3 sobrinhos e a cadela Pretinha, por quem nutria forte afeto e amizade. Saíra com a sensação que a tristeza profunda que guardava em seu peito sairia com ela, que ao sair de sua casa, teria novos horizontes, novas esperanças, conheceria novas pessoas e quem sabe, teria a sorte de conhecer um amor. Ah! o amor! Quantas e quantas vezes suspirou a procura dele. Lembrava-se com carinho do João, filho da Tia Zezé, um quase primo que chegou a enamorar- se de Cidália, mas, foi pra capital paulista e se casou e nunca mais se ouviu falar nele. Chegou a cidade e pediu abrigo ao Padre que logo arrumoupara Cidália um emprego na padaria da cidade e com direito a esticar-se por lá a noite quando as portas se fechassem e o porão de trigo se abrisse. Cidália pensou em como tinha sorte. Trabalhava da hora em que a padaria abria até a hora de fechar. O dono reclamava: _Menina vá dar uma volta, pegar um ar. Mas, Cidália não tinha o que fazer na rua, preferia ficar ali, ouvindo as histórias de quem entrava e se demorava e de quem passava sem mais Delongas. C CULTIVE | 57


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E a ida de Cidália pra cidade se resumiu a isso. A tristeza que achava que deixaria lá na casinha humilde onde morava com a família, levou com ela, no inicio, dava um sorriso amarelo para os clientes, depois nem isso. Sr Joaquim até pedia: _ Seja mais simpática Cidália, ou os clientes vão achar que trabalhas aqui como escrava. Mas, Cidália não estava ali para sorrir pra ninguém, só pra fazer seu trabalho. E aos poucos aquela enorme tristeza, que achava ter trazido em sua mochila, já fazia parte de todo o porão onde dormia, ela estava embutida nela. Lembrava sem saudade do lugar onde nascera e vivera, de lá, só pretinha fazia falta. E então os suspiros foram ficando fundos, pesados, tristes e sombrios e uma tarde, sem mais nem menos, aquela tristeza vazou pelos olhos, pelos poros, pelo grito e no meio da tarde Cidália chorou. Chorou por tudo o que não era, chorou por tudo o que não foi e chorou por tudo o que nunca seria. Os clientes olhavam intrigados, o que havia dado naquela menina?

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Era dia de Procissão de Santa Rita de Cássia, a procissão vinha pela rua, quando Cidália avançou em direção a igreja, subiu a torre do sino, arrancou suas vestes, abriu os braços e saltou em direção a multidão curiosa. E seus braços viraram as asas que sempre sonhara...E sua tristeza, mudou-se de vez de sua pequena cidade interior onde sempre vivera, e seu corpo, tocou o chão sem vida, dando o último suspiro triste, deixando para trás, toda a tristeza que cabia em Cidália. Não houve canto, não houve pranto, não houve vela. Virou apenas mais um causo, recortado de jornal, daquela cidadela. A procissão desceu o morro e o corpo subiu à capela. Cidália levou consigo toda a tristeza que todo sempre estivera embutidas nela.

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JÔ MENDONÇA ALCOFORADO para conseguir passar com seu carro sem entrar água nele e chegar à garagem de sua casa? Preocupada com o nível da água na rua que dava para andar de barco. Pensou que o carro podia encharcar e resolveu estacionar próximo e encontrar uma estratégia de como poderia entrar em sua casa. Queria ver como estava à situação da casa e se tinha sido invadida pela água. Teria mais um problema e providencias a tomar. Samira já tinha passado por tanta coisa, que não sabia mais o que fazer para arranjar dinheiro para consertos da casa que morava. Sua vida era de muito trabalho e o que ganhava não cobria suas despesas de sustento. Gostava de cuidar da sua casa que conseguiu com muito esforço e ajuda das pessoas para quem trabalhava. psicóloga da UFPB, escritora, poeta, artista plástica, atriz, cantora e compositora. Coordenadora do Intercâmbio Cultural com projetos sociais e culturais incentivando a leitura e expressões artísticas no Brasil e exterior. Comendadora da ALAV e ABD. Representante da REBRA-PB. Grand Ambassadeur Divine Academie des Arts Lettres et Culture – Paris.

O PRANTO DE SER BRASILEIRO O frio da noite abraçava Samira que banhada pela chuva estava num transito caótico indo para casa, após um dia de trabalho estressante. Chegava próxima a sua residência, levou um susto! Mais uma vez entre tantas, ficou impressionada com a quantidade de água na rua que mais parecia um rio barrento cheio de sujeira. Samira ficou sem ação. O que fazer www.cultive-org.com

Samira adorava estudar e investiu seu dinheiro para pagar a faculdade de letras, ela queria ser professora. O máximo que conseguiu para ganhar melhor, foi fazendo unhas em casa de família. Mesmo com um curso superior não conseguia arranjar nada, os empregos que procurava em escolas pediam experiência e mesmo com o currículo de mestrado, não conseguia encontrar um valor de salário a altura. Resolveu trabalhar fazendo unhas, ganhava mais do que em um emprego certo. Filha órfã de pai e mãe, sempre trabalhou desde pequena. Fazia de tudo para sobreviver nessa sociedade robótica comandada por políticos que tem uma visão voltada para os seus interesses. Não só Samira, como a sociedade inteira merece a atenção e obrigação dos órgãos públicos para que a sua rua seja calçada e saneada. Talvez isso, aliviasse e recompensasse o sofrimento causado durante treze anos de vida que Samira passou convivendo C CULTIVE | 59


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em períodos de chuva e com esse problema. Essa era a situação dela, que sonhou com um lugar para morar, sacrificou-se para comprar sua casa pensando na tranquilidade da velhice até a sua morte. Uma casa modesta que passou por invasões da água da chuva, que na rua não tinha por onde escoar. Um problema de anos com perdas materiais e financeiras. E as promessas de saneamento e calçamento das ruas pelos políticos da cidade continuaram. Samira sabe que “deitados em berço esplêndido” acomodados com seus salários, estão os políticos desafiando “o nosso peito à própria morte”. Morte clara, de uma espera que não vem e mesmo assim, muitos ainda, acreditam que são brasileiros. Um dia isso poderá mudar? A fé em si própria fez com que Samira superasse os problemas depois de passar muitas tristezas ocasionadas pelo sofrimento e perdas materiais. Na espera de uma solução Samira continuou sua jornada pensando que dias melhores virão. E como a esperança é a última que morre... Verás que “um filho teu não foge a luta!”

Vou ficar a espera, um só momento. Onde eu possa declarar o meu desejo Não vai ser agora, vou ver se consigo relaxar. Espera-me, lá fora, vamos ver se eu consigo ir até lá. O meu coração bate tão forte um sentimento Pra poder te dizer Meu amor é você... Vem cá.

Esta é apenas uma situação dentre outras piores a que o nosso Brasil se submete esperando um dia, quem sabe, uma solução!

POLTRONA DO AMOR Estou sentada aqui enamorada Ouvindo sua voz nos meus ouvidos Palavras tão bonitas encantadas Deixou meu coração enternecido. Você não sabe mais eu estou atenta Ouvindo sua voz com sentimento Você não deixou brecha Que me ama. E eu sonhando aqui me desvaneço Não quero mais ficar assim com medo De mostrar todo o meu sentimento 60 | CULTIVE

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JACIRA BARROS

E agora, o que vou fazer? Publicação em revistas e jornais literários A atualidade de um clássico O circo está armado, vamos ao espetáculo. Obra autoral publicada Ficção brasileira – pernambuco . I. A noite que não tem fim

O desatino.

Maria Jacira Serrano do Rego Barros, nasceu em Recife. Bacharel em Administração, diplomada pela FOCCA – Faculdade de Olinda. Apreciadora das Artes e, em especial da Literatura, passou a frequentar desde 2009 Oficinas literárias. É membro da União Brasileira de Escritores – PE, e da Academia de Letras do Brasil – PE. Participa do Grupo Literário Dom Graciliano, tendo contos divulgados em diversas antologias, incluindo as publicações do grupo ao qual pertence. Trabalhos litrários Participação em antologias Ensaio Bartleby, uma visão contemporânea. Contos Sentimentos em conflito Encontro marcado Um agradável fim de semana La bella ragazza A magia das cores O suave perfume da lavnada Vitória dos santos Não dá pra se feliz, não dá pra ser feliz! www.cultive-org.com

Todos perguntavam o que teria acontecido, qual a causa dessa mudança repentina. Gostaria de possuir tal conhecimento, mas, em minha memória não existe qualquer informação. Desde aquele momento a revolver o passado, na tentativa incessante de elucidar o mistério tento armar o quebra- cabeça intricado de ideias. Teço várias conjecturas no emaranhado de fatos e emoções, sinto-me perdida num labirinto, sem repostas para meus questionamentos. Aprendera a amá-la desde pequena, sua altivez, o modo de comandar a organização da casa, sempre atenta a cada movimento, objetos, pessoas, tudo em redor de si na mais perfeita harmonia. Raras as manifestações de alegria, o temperamento austero afastava demonstrações de afeto, era temida. A dedicação ao lar ocupava-lhe o tempo, sentia-se realizada. Sem permitir às pessoas o acesso ao quarto onde dormia, alegava ser capaz de cuidar ela própria. Respeitavam-lhe os caprichos, atribuindo a mania de moça solteira. Impressionava a lucidez com que lembrava os aniversários de cada um dos meninos, cada parente, e dos amigos. Um sentimento me aflige, teria sido responsável, de algum modo provocara essa situação, e, sendo assim, em que momento ocorrera? Quase em desespero tento rememorar os fatos em busca de um indício a apontar minha culpa. O olhar perdido vagando no espaço, alheia a tudo, enclausurada em si mesma num isolamento voluntário, sem entusiasmo, tornara-se indiferente, apática, entregue ao desânimo. As palavras em monossílabos, respondiam apenas às perguntas. C CULTIVE | 61


Autoras

Essa mulher, em nada se parece com Luzia, não é mais a minha amiga, como posso agir para tê-la de volta, e poder retornar ao nosso convívio, talvez pedir-lhe perdão, mas, por quê? Havia a possibilidade de se mudarem do Sul para o Nordeste. A ansiedade sobre a perspectiva do futuro preocupava. O aniversário de Luzia estava próximo, resolveu-se comemorar e deveríamos pensar nos preparativos. A festa seria de confraternização e talvez despedida dos amigos. Os primos foram consultados e o mais velho sugeriu um almoço em sua casa, o que morava no centro encarregava-se das bebidas e o que residia na zona norte levaria o bolo confeccionado pela esposa. Comprar-lhe presente, uma tarefa difícil, a boa pensão permitia-lhe ter o que desejasse. Mas, intrigava-me o fato de conservar a cama velha, principalmente o colchão, dava para notar, de tanto uso estava gasto. Pela manhã, logo cedo, fomos ao salão de beleza, e, penteados os cabelos, unhas impecáveis, seguimos ao local do encontro. A euforia dos parentes, agitação das crianças, o falatório dos amigos, um ambiente mais que alegre, tumultuado. O sorriso de felicidade aos poucos cede à expressão de enfado e no semblante um aspecto de cansaço torna-se evidente. Em meio ao burburinho, percebeu que algo no mais profundo do ser deixara de existir. Por que se sentia assim, alheia a tudo e a todos? A festa animada, pessoas agradáveis, amigas, ambiente acolhedor, nada a motivava. Aquela solidão, há longo tempo sua companheira. Mesmo em contato com familiares, em qualquer momento, de alegria ou tristeza, parecia-lhe ser uma estranha no ninho, pensou já não pertencer a tal dimensão. Uma ave que perdera o prazer dos gorjeios a festejar a natureza, aprisionada em gaiola de ouro. O espírito adormecido não lhe permitia manifestar sensações contidas, gestos efusivos, talvez não mais houvesse espaço para sentimentos, melhor a discrição. Ao redor de si a vida a pulsar célere, compasso incessante. Por vários momentos experimentara a mesma sensação 62 | CULTIVE

de vazio. Um sonâmbulo caminhando sem perceber o próprio rumo. Fazia-se necessário que surgisse algo para despertá-la do sono nebuloso à descoberta de um novo amanhecer. Era preciso libertar-se do estado de letargia em que se encontrava, prestes a se evaporar, tornar-se etérea. As sutilezas dos pequenos gestos de ternura fizeram-na compreender a extensão do amor. Soubera amar? Não possuía a dimensão para poder dizê-lo. Acreditava ter sido deveras amada. Afinal, que importavam tais indagações se tudo ficara no passado, lembrança de emoções que sentiu, das experiências vividas. Cantamos os parabéns, as velas foram sopradas, o bolo repartido, decidimos retornar a casa. Mal podia conter a ansiedade, ver qual seria a reação dela quando mostrasse a cama Box que lhe comprara. Meu colchão, onde está meu colchão, Bianca? O dinheiro! O que foi feito do meu dinheiro? Ela insistia, teimava em querer o velho colchão, estava irredutível. Sem conseguir acalmá-la fomos ao quarto de despejos e ao avistar o objeto correu alucinada até ele. Apalpava com os dedos trêmulos como à procura de algo que ali tivesse escondido. Da minúscula abertura iam surgindo cédulas e mais cédulas de valores diversos, muitas das quais sem validade. Os primeiros sintomas haviam surgido aos poucos. Em várias ocasiões mostrava-se alheia a tudo e a todos, mesmo em momentos alegres se isolava a um canto, reclusa em seu mundo interior, e sonolenta. Pouco tempo depois, vítima de um aneurisma, Luzia nos deixou, talvez tenha se recusado a viver em uma terra estranha.

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Maria Linda Lemos Bezerra

Membbre D’Honneur da Divine Académie Française des Arts, Lettres et Culture.

HISTORIÊTAS DE BITUPITÁ O cenário cultural cearense está em festa. Chega Manoel Osdemi, destacando-se no mundo das artes, em todas as suas formas de expressão. Como ator interpreta personagens das obras do respeitado lendário professor e contista cearense José Maria Moreira Campos, entre outros filmes patrocinados pelo governo do estado: As corujas, Visita ao filho, Dizem que os cães veem coisas, entre outros. No campo literário Osdemi faz história quando registra a fala do povo, termos folclóricos, o cotidiano, as paisagens, a cultura da Praia de Bitupitá que, em estado primitivo e selvagem, dista de Fortaleza 395 km. Em visita à Vila, constata-se a afirmação do autor de que lá “o Curral é de Peixes, a Pancada é de Vento e Totó, Cadeia Pública, é a menor prisão do mundo”, localizada no centro do vilarejo.

de Vento, reconhecido pela Secretaria de Educação do Estado do Ceará, em 2012, ganhador do Prêmio Oliveira Paiva. Aí ele descreve, em detalhes, a fundo, os costumes, crenças, valores dos que nascem e vivem naquele reduto de belezas naturais, manifestos, em todo o seu apogeu, nas lindas paisagens compostas de praias desertas, com dunas, coqueirais, foz de rios e o maior manguezal do estado do Ceará, formado na confluência dos cinco rios (Timonha, Ubatuba, Chapada, Camelo e Carapina) com ilhas que fazem a separação dos estados do Ceará e Piauí. Cenário paradisíaco, a praia de Bitupitá, nome de origem indígena tupi-guarani, localiza-se no município da pequena e hospitaleira cidade de Barroquinha, no litoral oeste cearense. Para deleite, somos presenteados agora com o livro Historietas de Bitupitá, uma continuação dos contos e causos que Osdemi registrou ao longo dos 20 anos que lá viveu, vendo a Jangada Barriguda sair para o mar, levando a espia, a sala grande, a salinha e o chiqueiro a riscar, no oceano, um coração. Sabendo que é possível à obra (re)construir a vida, a escritora mineira Maria da Conceição Evaristo de Brito diz que há mundos submersos, onde só o silêncio da poesia penetra. Nestes mundos encontra-se Pimpim, representando todos o pescadores, cuja vida foi dedicada ao mar e à família. Outra particularidade da expertise artística de Manoel Osdemi é a pintura. Usando a técnica Óleo sobre tela ele marca, com a assinatura Mom, quadros em exposição permanente no ateliê em sua casa. O emoldurado Coqueirais do Doro, inspirado no comboeiro, proprietário de 21 muares, que plantou naquela praia igual número da palmeiras, nomeando cada uma delas, a ilustrar a capa do mais novo livro de Osdemi, Historietas de Bitupitá. Registre-se: este foi apresentado na TV Verdes Mares, no Jornal Bom Dia Ceará, para encanto dos telespectadores que eram estimulados a conhecer aquele paraíso.

O autor intitulou seu primeiro livro Pancadas www.cultive-org.com

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Autoras

O afeto à terra é motivo para o mais novo contista “apaixonado pelas geografias naturais e humanas do Ceará” gravar também na sua linda voz, com musicalidade inconfundível, cada causo do livro. Não bastasse a forte expressão plástica, as historietas como bumba meu boi, entre outras, estão gravadas em CD, colado à obra. Registre-se, ainda lhe sobra tempo para compor música gospel para a igreja do bairro. Osdemi entra para o universo literário como Membro Efetivo da Academia de Letras dos Municípios do Estado do Ceará - Almece patroneado pelo Município Barroquinha, que sente orgulho do talentoso filho. Não bastasse, ele recebe o Selo de Reconhecimento da Academia de Letras Juvenal Galeno, um distintivo que apresenta-se em forma de chancela, a ilustrar livros, diplomas, medalhas, bottons, troféus ou outros, para ressaltar e enaltecer personalidades que promovam e disseminam a cultura, conhecimento, sabores, saberes, cores e tradições portanto, àqueles que tenham compromisso com a arte literária em todas as suas formas de expressão.

33° Salão do Livro de Genebra do 01 ao 05 de maio de 2019 Lançamento de livros concurso Literário Antologia Cultive Presença de autores Confraternização Venda de livros inscrições abertas cultivelitterature@gmail.com

Funcionário Público Federal da Empresa Correios e Telégrafos, o autor incursiona também pela área das Ciências Contábeis, sendo apelo menor diante de todos os talentos aqui apresentados.

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VADIOS E SOLITÁRIOS Maria José Arimateia (mjarimatei@gmail. com) GUILHERMINA– Um anjo leve, solto e nu, que tem um grande carinho pela humanidade, embora cheia de erotismo, de medos, e culpas. (CARRERO, Raimundo. JC, 21.04. 2013) Sentada no banco da praça está a menina. Os olhos verdes encantam-se pelo moço que lhe traz um sorvete. Ela sorri. É Ernesto, o cunhado. Vai sorrir sempre à espera dele. Os cabelos tingidos de sol, amarrados com duas marias-chiquinhas e um beijo agradecendo a gentileza. Vê a irmã aproximar-se e puxá-lo pelo braço. Distanciam-se agarrados. Ficará esperando até que voltem para buscá-la. Os olhos verdes dirigem-se para um canto da praça. O cachorro que comia grama, aproxima-se. Esfrega-se nas pernas da menina. Vai para o colo e dali para casa. Único amigo.

MARIA JOSÉ ARIMATEIA formação em Letras, Especialista e Sociologia e Ensino da Literatura Brasileira, Escritora, Produtora cultural, Mediadora de Leitura, fundou em 1994 o Movimento artístico e literário de Bezerros (MALB) que passou a associação (AMALB) em 2014. Organiza curso voltados para a mediação de leitura e a escrita literária. Assinou a curadoria da FLIPO INFANTIL desde 2015 a 2018. Tem textos acadêmicos e literários publicados. Dedica-se neste momento ao curso de ilustração infantil (Oficina de Imagens com Anabella Lopez e Rosinha). É mãe de seis filhos. www.cultive-org.com

Demorou. Dolores, a irmã, custou em vir buscá-la. E na meninice sentia-se abandonada. Solitária. O lugar esvaziou-se de pessoas. E somente quando a noite queria entrar na cidade voltaram para casa. Do sertão, as memórias da fazenda. Na capital, a felicidade espera Guilhermina. Estudar é seu destino. E a Dolores, o casamento com o herdeiro do engenho. Guilhermina tinha os passinhos apressados e miúdos. Os seios eram brotos. O pai indignado e com raiva do cachorro lhe aplica um beliscão naquilo que seria o peito esquerdo, mais tarde. Dói em Guilhermina. O velho não percebe as lágrimas em cada olho. Ele também tinha dores. Amava demais aquela menina e não era bom saber que vivia aos beijos com rapazes. O cão. O cão paga pelos erros dela. Espanca-o C CULTIVE | 65


e o põe pra fora, para a rua. Guilhermina está machucada. Ela chora. Ele vai para o quarto ler a bíblia. Ele lê. O pai, esse é o pai. Mais um domingo de peregrinação. Os cachorros sozinhos no domingo. Nunca mais viu o cãozinho. Chorou em silêncio muito tempo. E decidiu. No domingo ia alimentar os vadios abandonados. E fazia isso tinha muito tempo. Muito antes de Mateus vir morar com ela. Moça feita, vivia sozinha na casa verde da torre. O menino veio e ocupou seu tempo enquanto as portas ficavam fechadas. No domingo, ela saía, e quando Mateus cresceu levava-o também. Eram domingos solitários. Domingos vadios. Domingos de cachorros vadios e solitários. - Quando os cachorros comem capim é porque tem cólicas, não é pastar, é remédio. A voz da mãe ecoava nos ouvidos toda vez que passava na rua e via um cachorro comendo mato. Domingo de carnaval. As ruas cheias. Agremiações ocupam o Recife. E naquele domingo sentia-se mais vadia e mais solitária. Primeira visita. Abraçada as lembranças caminhava sem remo, querendo a festa da carne. Os cabelos de fogo eram curtos, agora. Permanecia magra, e os seios empinados e leves denunciavam o ardor que a consumia. Estava tarde, devia voltar pra casa. E sozinha. Sempre sozinha. Deveria pensar naquele que a abandonara. Pensar em Mateus. O homem que amou casou-se com Dolores. Desejava Dom Ernesto. Rejeitou todos os namorados. E Mateus, esse outro amor, também consumia suas carnes. E Guilhermina chorava. Chorava pelos namorados que nunca teve, pelos amores que nunca viveu. Devia livrar-se de tudo; de tudo que a incomodasse; de tudo que 66 | CULTIVE

Autoras

desejasse. Mateus estava preso. Outro crime, desta vez no Beberibe. A sala se encheu de outras mulheres. No pacote tinha livros, goiabada cascão, bolo de rolo e cigarros. Encolhida a um canto esperava por ele. Os olhos atentos viam choros e abraços. A vergonha instalou-se no instante em que os olhos se encontraram. E entre eles, um temor, a separação. Entregou a Mateus o pacote já aberto. Deu um sorriso forçado e ele gesticulou grosseiramente e se retirou. Ela segurou-o pelas mãos, e não achou palavra que pudesse ser dita. Despediram-se com um aceno. Saiu do presídio cambaleando. As pernas não davam conta do peso do corpo. Não voltaria a vê-lo. Não, ali. Embrenhou-se pelas ruas sempre naquele passinho miúdo e apressado. Acarinhou cachorrinhos solitários e vadios. Dolores. Foi Dolores a culpada. Matou o marido. Não foi suicídio. Negou o crime. O culpado sempre nega. Essa era Dolores. Sempre negando. Negando amor, negando companhia. Suspirando pelos cantos da casa. Infeliz era Dolores. E chegou na casa verde da torre vestindo um cobertor de saudades. Era sim, saudade. Do pai: - Tu nasceu pra ser puta, Guilhermina. Da mãe, ajeitando Dolores. De Mateus, lendo contos enquanto ela tocava piano. De Dolores entregando Mateus ainda quente, saído do útero. Nascido já na prisão.

33° Salão do Livro de Genebra do 01 ao 05 de maio de 2019 inscrições: www.cultive-org.com cultivelitterature@gmail.com


Autores

MARIA JOSÉ ESMERALDO política. Seu filho, o doutor em direito Francisco Ferreira de Castro, seguiu os seus passos do pai, mas tornou-se governador do Estado.

“A todos que participaram destes momentos valiosos para mim, o meu agradecer. Retribuo através de meu trabalho literário e educativo, para a paz no nosso país e no mundo.” _Maria José Esmeraldo Rolim. Maria José Esmeraldo nasceu em Floriano – Piauí, estado do Nordeste do Brasil. Ela é a terceira neta do desbravador Sul do Estado do Piauí, Cristiano Castro, que levou desenvolvimento cultural para a região; importou máquinas da Inglaterra no período da Segunda Guerra; construiu a primeira estrada de Floriano, até antigo povoado de Nova Lapa, levou energia elétrica com recursos próprios; hoje o povoado foi elevado à condição de cidade com o nome de Cristino Castro em homenagem ao seu benfeitor. Cristiano Castro descobriu riquezas oriundas do maior lençol freático da América do Sul, às margens do rio Gurgueia e incentivou seus conterrâneos a estudarem. Todo o seu trabalho foi feito pelo bem do seu povo, sem nunca fazer parte da www.cultive-org.com

Com a anuência da família, Maria José transformou a casa familiar no Centro Cultural Cristino Castro (CCCC), onde funcionam os cursos do PRONATEC (informática, teatro, dança) e o Prodart - projeto gerador de renda para mulheres artesãs. O Centro, também, abriga o Museu Zezé Castro, homenagem a avó de Maria José, e a biblioteca Da Costa e Silva com um acervo de cinco mil livros. Parte desse acervo foram doados pela Academia de Letras do Rio Janeiro presidida por Alberto Da Costa e Silva. O CCCC recebeu o apoio de Paulo Renato - Ministro da Educação da época e de Genu Morais, mulher das letras do Piauí, que motivou o governador Mão Santa a apoiar o projeto. SEGUINDO OS PASSOS DO AVÓ, CRISTINO CASTRO UM HOMEM QUE é HISTÓRIA VIVA NO PIAUÍ, MARIA JOSÉ ESMERALDO FAZ LITERATURA. Maria José Esmeraldo escolheu o magistério por paixão. Fez mestrado e doutorado em Educação, na Universidade Americana, no Paraguai, sob a orientação de Aidee Fernandes e Oilda Ortega Vera (vice-ministra da Educação Básica em seu país) que a incentivaram a escrever “A Violência na Escola”, onde expõe suas ideias para trabalhar a paz nas escolas. Em 2009 lançou o livro na OBOÉ, que vendido até na longínqua África do Sul. Publicou: “Violência e Bullying na Escola, como Prevenir e Corrigir”, traduzido para o espanhol e lançado pela Universidade Americana que aborda o bullying, e foi escrito após uma pesquisa nas escolas da rede pública; “ Violência dos laços familiares aos bancos escolares”, pesquisa do C CULTIVE | 67


Autoras

doutorado e fez parte da Audiência Pública que transformou o dia 7 de abril, em Dia Nacional do Bullying. Publicações conjuntas em educação: “Multisaberes à Prática Docente, Perspectivas e desafios para educação contemporânea”, “Tessituras de Saberes” e “Violência dos laços familiares aos bancos escolares”, publicado no Congresso de Consumerismo Juvenil da OAB-Ceará. Em consequência ao seu trabalho na educação, Maria José foi convidada pelo OEI (Organização dos Estados Iberos Americanos) para representar o Brasil no 8º Congresso Internacional de Educação. Recebeu o título de reconhecimento da Assembleia Legislativa do Ceará. Tornou-se membro da Academia Feminina de Letras do Ceará e Membro da Divine Académie Française e de Academie Luso Suisse, em Genebra. Maria José está deixando sua marca por onde passa, mas não deixa de ser grata às pessoas que souberam ser generosas e a incentivaram na sua caminhada literária e na realização dos seus sonhos. Ela é sobretudo grata à sua mãe, Enedina Castro (in memoriam), e ao seu pai, Felizardo, que foi um grande mestre para os seus filhos: Flávio Esmeraldo, médico e artista; Diogo, médico nas Olimpíadas de 2016; Priscila Cisne, que concebeu a neta Helena, hoje seu grande amor” e Júlia, a filha de ideias.

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MARIA TEREZA PENNA

Você veleja em mim Estou apaixonada por sua imaginação... E não me peça para liberta-la, por que Ela não quer ir. Ela se aninhou em meus braços e implora para que não a deixe. Já falei para Ela que seguisse seu caminho, mas Ela insiste em continuar. E Ela me diz: - Não existem mais caminhos nem atalhos. Eu estou aqui. E eu me lembro de nós juntos, da sua risada gostosa, de sua picardia irreverente que fazia barulho e deixava presentes na porta. Uma vez desesperada eu gritei: - Leave me alone! - Leave me alone! Mas Ela não quis me ouvir e continuou me confortando... E eu me deixei encantar por tamanha gentileza. Sua imaginação sedutora está aqui... Eu não quero perde-la, pois não se perde o que já está em você. Não vou abortar o que insiste em ficar... Pois eu iria junto e eu quero permanecer e me deixar levar. Eu faço amor a cada segundo em que Ela me solicita, e realizo a vontade mais secreta que Ela possa desejar. Tua imaginação escolheu ficar e não vou manda-la embora, pois eu amo sua presença. Eu quero que Ela fique e amarei cada instante que acontecer junto. www.cultive-org.com


Autoras

MONTANA CABRAL

de nacionalide suíça-brasileira, viúva, nasceu na Paraíba. Ainda criança foi morar em Caruaru-PE onde efetuou seus primeiros estudos. Algum tempo depois mudou-se para Recife onde se formou em técnica de farmácia. Foi proprietaria de uma farmacia durante muitos anos. Mora na Suíça, em Genebra há mais de 18 anos. Sempre teve um verdadeiro interesse pela leitura, a escritura, o cinema e o teatro. Esse é o problema. E é assim que està se passando no mundo inteiro. Essa nova geração e o afã de acompanhar as novas tecnologias sem freios. Por esta razão eu me pergunto: o que será desta nova geração no futuro? Que tipo de pais e mães se tornarão? Que caminhos tomarão o amor dos pais por seus filhos?

CRÔNICAS OU REFLEXÕES Sabe-se que os pais costumam perguntar aos filhos o que querem ser quando atingir a idade adulta. A mãe perguntou ao filho: -O que você quer ser quando crescer? Quero me tornar um telefone celular. O que? Um telefone celular? Mas por que meu filho? Com ar triste, ele respondeu à sua mãe: -Quero me tornar um telefone celular para você me dar atenção, para você falar comigo, para você me segurar nas suas mãos, para eu me tornar útil para você, mamãe. Nesse exato momento, a mãe se deu contado do que estava acontecento. Ela dava mais atençao ao seu aparelho celular que ao seu próprio filho! www.cultive-org.com

Que as pessoas reflitam quanto ao grave erro que estão cometendo. Por onde anda o diálogo com a familia? As pessoas adultas se recusam a conversar. O que é gravíssimo principalmente para quem é cristão, porque não estão mais usando um dos sentidos que nos foi dado. Isso é uma afronta, é preciso pensar nisso!! Outro dia vi pela imprensa; jamais, televisão etc. Um jovem adolescente que estava conversando no celular e não viu o sinal vermelho. Infelizmente, foi fatal. Nos restaurantes as pessoas não se falam mais. Ficam pai, mãe e filhos, todos, olhando o telefone celular. Acabou a família com troca de ideias e ninguém tem conscincia da gravidade que se instalou nessa última década. Façamos uma reflexão… tomemos consciência ... É preciso entender os beneficios das novas tecnologias, o telerfone é muito útil para fazer ligações, para fazer videos, para pesquisar informações no google, essas ações existem, são úteis, mas não são as mais importante nas nossas vidas. Enfim, estamos perdendo a conexão humana. E as relações humanas estão, infelizmente, cada dia mais empobrecidas. C CULTIVE | 69


Autoras

NORMA BEZERRA

Nasceu na cidade do Crto CE,morou em Recife, mudou-se para Recife/PE, onde residiu por mais de trinta anos. Desde 2011 mora em Brasília. Filha do jornalista José Figueiredo de Brito e Rosa Bezerra de Brito. Tem quatro filhos e três netos. Formada em Letras com especialização no Ensino da Língua Inglesa e Mestrado em Linguística Aplicada pela Universidade Federal de Pernambuco/UFPE. Ensinou em escolas públicas e universidades. Aposentou-se pela Universidade Regional do Cariri. Participou de várias antologias em Recife e Brasília. Escreve para a revista A Província, do Crato. Publicou um livro de crônicas e contos - A Vida não é Ensaio. É membro da Academia Cruzeirense de Letras/ACL e da Academia de Letras e Música do Brasil/ ALMUB. Viaja pelo mundo colecionando vivência, observando as diferenças e jogando no papel o que sente e o que vê.

VIVA AS DIFERENÇAS Todos nos acomodamos nos assentos e logo depois, o avião decolou. Ao meu lado direito, uma senhora que rapidamente adormeceu. Ao meu lado esquerdo, um jovem bem magrinho todo vestido de branco e turbante. Como não tinha levado nenhum livro para ler, eu passei a observar o rapaz que parecia um indiano ou, no mínimo, uma pessoa excêntrica. Alpercatas de couro natural calçavam seus pés. Os antebraços ornados por duas pulseiras douradas e, nos dois braços, pulseiras de couro trançado. A viagem transcorreu normalmente. Uma criança chorava, alguns assistiam aos filmes e outros liam. Poucos dormiam. O lanche foi anunciado. De pronto, o rapaz levantou-se e pegou no bagageiro uma mochila listrada e de lá tirou algo enrolado em panos brancos. Voltou a sentar, abriu a trouxa de pano e desembrulhou um prato e uma caneca de ágata branca. Em seguida, pegou um frasco de álcool gel e passou nas mãos. Esperou. Passado alguns minutos, o lanche começou a ser servido. O moço cruzou as mãos e baixou a cabeça. Parecia fazer uma oração de agradecimento. Chegou nossa vez. O comissário nos perguntou o que queríamos para beber. Depois nos serviu um pacotinho miserável de biscoitos. Quando viu o prato do rapaz vazio 70 | CULTIVE

ofereceu dois pacotes. Ele aceitou e abriu um pacote espalhando os biscoitinhos pelo prato. Pegou o segundo pacote e fez o mesmo. Daí foi pegando um a um até terminar de comê-los. Arriscando-me a levar um fora, ofereci o meu pacote, ele aceitou e agradeceu em português carregado. Enquanto os comissários recolhiam os utensílios, o rapaz limpou o prato com o guardanapo amarrou no pano branco, levantou-se e o guardou dentro de uma sacola de listras coloridas. Deu-me vontade de perguntar sua origem, o significado dos gestos. Mas não tive coragem. Não sei qual interpretação ele daria a minha curiosidade. A aterrissagem foi anunciada. Quando o avião pousou, nosso personagem levantou, pegou a bagagem de mão, a sacola listrada e mais uma bolsa a tiracolo, quiçá a única bagagem. Deu sinal para passar e saiu na minha frente. Logo adiante, ainda no finger ele passou pela primeira porta. Fez um giro de 160 graus e continuou a andar. Ao passar pela segunda porta, ele fez o mesmo gesto e assim, sucessivamente, até chegar à sala de embarque. Daí seguiu o seu rumo. Fiquei matutando: como esse mundo é cheio de diversidades! Culturas diferentes, costumes diferentes. Graças a Deus o mundo é assim! Seria muito sem graça se fôssemos todos iguais! www.cultive-org.com


Autoras

grandeceu a FEC e motivou os participantes. Em fortaleza ela organizou toda a logística necessária para que o evento Cultive FECFOR fosse palco de muita alegria, amizade e confraternização. Graças à dedicação de Rita Guedes a Cultive conretizou seu objetivo da FECCFOR com sucesso.

Transpiro poésia

RITA GUEDES

nasceu em Crato- CE. É graduada em Letras ( Bacharelado), pela Faculdade de Filosofia de Crato-Ce, atualmente URCA. Professora aposentada, artista plástica, escritora e poeta. É membro da AFELCE-Academia Feminina de Letras do Ceará, ocupa a Cadeira Nº17. Sócia efetiva da AJEB-Associação dos Jornalistas e Escritores do Brasil,(1ª Tesoureira). Da ACEAssociação Cearense de Escritores, Membro efetivo correspondente da Academia de Letras Brasil/Suíça. Cad.152. Membro efetivo do Cercle des Écrivains Luso-Suisse de Genéve, e membro efetivo da Society Europe of Phine Arts. Vários trabalhos publicados e prêmios em concursos literários. Rita esteve no Salão do livro de Genebra quando seu conto recebeu a medalha de Honra ao mérito no concurso Cultive de Literatura. Rita é a representante da Cultive em Fortaleza e foi a coordenadora da FECCFO (Festival Cultural Cultive de Fortaleza). Um trabalho de dedicação à cultura Cearense. Rita foi uma das estrêlas que iluminou os encontros literários durante a FECC 2018. Sua presença dirigindo uma oficina de arte em Alagoa Nova, suas mensagens transmitidas nas palestras, sua ativa participação nos debates realizados só en-

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Transpiro o néctar puro da poesia Que a minha pele brota, perfuma e exala. Da primavera flores aninham-se aladas Ao calor do sol brotando entre as vagas! Deus fonte de luz inesgotável, admirável, A cada amanhecer me ilumina, abrasa. Fazendo renascer a minha alma agitada Que em versos eloquentes a natureza exalta. Sob a brisa suave e ar puro que eu respiro Céu, terra, mares, rios e os campos floridos, Toda onipotência de Deus são os suspiros Que abraço em cada poema que faço Decantando a beleza o valor de cada passo! Admirando a amplidão desse Universo Pródigo, Tão detalhado e sabiamente por Deus criado. Transpiro poesias seguindo a vida passo a passo! Inebriando almas com versos decantados. Rasgo o manto do infinito e te aquecendo Docemente entre os meus fortes braços. Amenizando essa distância que nos mantém Amando-nos à distância, sempre separados! Transpiro poesia e sigo o curso lúcido da vida Vivenciando esse imenso e múltiplo aprendizado. Amar a natureza é ter uma vida prolongada! Não se é feliz sem a presença viva de Deus Sem a força da natureza que nos alimenta e afaga. Transpirar poesia é simplesmente, amar, ser amada! C CULTIVE | 71


Lançamentos litarários Cutlive 2019

O jardim da consciência será lançado no salão do livro de Genebra no dia 3 de maio

Um livro que reúne contos e poesias. História que relatam situações metafísicas. Crer ou não crer eís a questão! As narrativas evocam situações que nos fazem parar e pensar no jardim aonde desenvolve-se a nossa consciência. Que jardim será esse? Em maio O jardim da consciência estará nas livrarias . autor Valquiria Imperiano capa: Luciana Imperiano língua: Português

VALQUIRIA IMPERIANO

organizadora da FECCAN ( Festival Cultural Cultive Alagoa Nova) Criadora e diretora da REVISTA IMPRESSA e on line Cultive - Orgainzadora do Evento Cultive no SALÃO DO LIVRO DE GENEBRA e Site: www.arts-imperiano.com www.cultive-org.com

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Lançamentos litaráriosCutlive 2019

Lança dia 01 de maio no 33° Salão do Livro

COTINHA A GALINHA DENGOSA

Izabel Hesne Marum

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Lançamentos litarários Cutlive 2019

MARIVANIA ALBERGARIA,

nasceu em na cidade de Salvador- Bahia. Atualmente em Genebra. Diplomada na Escola de Enfermagem Ética em Salvador. Durante seis anos trabalhou nesta profissão nos hospitais : Aristides Maltez, São Rafael e Hospital Roberto Santos onde conviveu em contato direto com enfermos de todas as categorias. Dessa experiência cresceu uma enorme ligação humanizada com a sociedade. Do sofrimento de pessoas sem expectativa e esperança de vida, tirou exemplo de vida. O convívio com o sofrimento tocou o interior do seu ser. Uma força superior (Deus) a fez valorizar e descobrir o verdadeiro sentido da vida. O gosto de escrever, surgiu da necessidade de mostrar, aos que a cercam, a importância de estar vivo. Seu primeiro texto publicado foi, O Misterioso Armário, esse texto surgiu de uma inspiração do seu amigo o Espirito Santo e o apoio, e insentivo da minha querida Professora de francês Léa. A história relata o medo que toda

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criança tem ao dormir sozinha em seu quarto. O texto encontra-se na «Antologia Receitas e histórias para sonhar e ser feliz», editora Cultive. Agora em maio Mari estará lançando o seu primeiro livro solo « Reflexões sobre a vida» no Salão do livro de Genebra, a data do lançamento será o dia 5 de maio. O livro é editado num formato 15x15 cm, ideal para carregar na bolsa e ser consultado a qualquer momento e em qualquer lugar. O assunto gira em torno de passagens repletas de otismismo e sabedoria, fruto de esperiências da escritora. O livro é um convite à fé e à coragem. «Agradeço a Deus, a minha professora e aos meus queridos leitores pelo apoio».

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Lançamentos litaráriosCutlive 2019

jando, no íntimo, uma mão amiga que lhe dê uma palavra de conforto e de otimismo? São muitas pessoas que se enquadram nessa descrição. Quem ainda não passou por sentir essa necessidade, com certeza, irá precizar desse apoio consolador do amigo, da família ou de um livro. Porque todos nós estamos vivendo nesse ciclo de dependência mútua, dando e recebendo apoio, quebrando nosso orgulho diante do sofrimento.

A VI ANTOLOGIA CULTIVE - Superação & sobrevivência é a sexta antologia organizada pela Cultive Associação e editada pela Editora cultive, com ISBN suísso. O livro é registrado na biblioteca nacional Suíssa e tem capa criada pela designer Luciana Imperiano. Os textos participam do Concurso Cultive de Literatura e concorrem a vários prêmios. A Antologia reúne apenas autores lusófonos, em sua maioria brasileiros. Essa coletánea aborda um tema singificativo para o ser humano, a Superação e a sobrevivência. Quem não passou por uma dificuldade? quem não se sentiu abatido? desencorajado? desewww.cultive-org.com

Foi com esse fim que a Cultive propôs aos autores esse tema, para que eles pudessem registrar mesnagens de otimismo, informativas e encorajadoras para que o leitor, mesmo sem precisar desses exemplos de superação, possam, quem sabe, usá-los para apoiar e auxiliar um próximo. São exemplos tirados da vida, são passagens de coragem de momentos vividos por pessoas que através do sofrimento deixaram uma mensagem positiva, não necessariamente um modelo de vida, pois cada um tem o próprio padrão e tomam as suas decisões. O leitor ficará supreso e emocionado com os heróis anônimos de cada história contada nesse livro. A VI Antologia Cultive - Superação & sobrevivência será lançado no Salão Internacional do Livro e da Imprensa de Genebra, no Stand da Cultive, juntamente com obras de vários autores brasileiros, espanhois, peruanos, portugueses e angolanos. Salão Internacional do Livro e da Imprensa de Genebra - do 1 ao 5 de maio 2019. C CULTIVE | 75


Livros

Livraria Cultive www.cultive-org.com

Os autores que trabalham com a Cultive tem seus livros aqui na sessão livraria assim como na livraria Cultive na Rue du Pré-Jérôme 12 - Genebra e no site www.cultive-org.com. Temos o maior prazer de divulgar suas artes.

ALEXANDRE SANTOS

ANA CAVALHEIRO

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CASSIA CASSITAS

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Livros

Livro,omelhor presente para quem se gosta

Cassio Cavalcante obras publicadas

Cassio Cavalcante obras publicadas

Cassio Cavalcante obras publicadas

Cassio Cavalcante obras publicadas Cassio Cavalcante obras publicadas

Cassio Cavalcante obras publicadas Cassio Cavalcante obras publicadas

Cassio Cavalcante obras publicadas Cassio Cavalcante obras publicadas

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Livros

Christiane De Murville

Eloah Westphalen Naschenweng

Emerson Monteiro

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Flavio Morais

Livros

Ivanilde M de GusmĂŁo

Maria Linda Bezerra

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Jacira Barros

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Livros

JANIA SOUZA

JackMichel

IGOR LOPES

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Livros

MARIA DELBONI

MARIA JOSÉ ARIMATÉIA

Antologia Culive

RITA GUEDES SOBRE AS ONDAS ROMANCE

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Livros

O DOCE LIVRO DOS BEIJOS POéTICOS PAULO BRETAS

SAYONARA MEU AMOR VICTORIA VALENTE ROMANCE

HAIKAI

Soraia Evangelista Soraia Evangelista Escritora & Palestrante Compartilhar informações cotidianas e preventivas. Ajudar a fortalecer o lado emocional do paciente e da família, como suporte a pacientes. Despertar um novo olhar para mulheres de todas as idades.

Tereza Custódio O Bálsamo

CEM CULPAS TEREZA PENNA POESIA

O AMOR TIAGO SILVA

Livro, o melhor presente 33° Salão do Livro de Genebra do 01 ao 05 de maio de 2019 Lançamento de livros Concurso Literário Antologia Cultive Presença de autores Confraternização Venda de livros inscrições: cultivelitterature@gmail.com

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Livros

LIVRARIA INFANTIL WWW.CULTIVE-ORG.CH

AIMEZ LES ANIMAUX DU BRéSIL

EDNA BARBOSA DE SOUZA RATO Zé

BIROSCA E JAQUEIRA O BOI DE MAMÃO VERDE

A

CALANGO TANGO

IZABEL HESNE MARUM

PAPATIPARAPAPá JACKMICHEL

BIROSCA QUER FUGIR DE CASa

JANIA SOUZA O DIA EM QUE O BOI FALOU TEREZA CUSTÓDIO JANIA SOUZA O DIA EM QUE O BOI FALOU

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A VIDA COLORIDA DE VITÓRIA

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Atividades Cultive e CBCD

(Câmara Brasileira de Cultura e Desenvolvimento)

ANTOLOGIA CULTIVE

Caravana Cultural Internacional

Salão do Livro e da Imprensa de Genebra maio 2019

CONCURSO DE LITERATURA CULTIVE 2019 Apoio UBE Consulado Brasileiro de Genebra Livraria on line Cultive.: www.cultive-org.ch

inscrições: cultivelitterature@gmail.com 84 | CULTIVE

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Autores

ALEXANDRE SANTOS

engenheiro, professor, coordenador nacional da Câmara Brasileira de Desenvolvimento Cultural idealizador da FLIPO, presidente da Academia de letras e artes do Nordeste, presidente da União brasileira de Escritores -Pe;

FESTIVAL FLIPO é um festival cultural que

acontece em Porto de Galinhas praia próxima à Recife, em Pernambuco. São três dias de muita festa, regada à exposição de arte, colóquios, palestras, debates, lançamentos de livros. Apresentação de curta metragem, grupos músicais, orquestra sinfônica. O festival acontece na rua principal da cidade, paralela à praia de Porto de Galinha e conta com apresença de autores de todo o Brasil, do exteior e representantes de academias. O projeto Flipo tem como mentor Alexandre Santos, presidente da UBE e coordenador nacional da Câmara Brasileira de Desenvolvimento Cultural:. Alexandre conta com a colaboraçãeo de uma grande equipe de benévolos que trabalham www.cultive-org.com

duro durante os três dias do festival. www.flipo.com.br

A FLOR

Alexandre Santos* Ela era linda, delicada e repleta de encantos que maravilhavam a todos. Nascera há muito tempo, filha de muitas vontades e de muitos sonhos, dos quais, os mais bonitos talvez fossem a liberdade, a paz, a esperança, o bem estar e a alegria. Quem a observava com atenção tinha razões para imaginar que ela era fruto da mistura de muitas coisas muito boas, das quais [ela] retirara a melhor parte para fazer a si mesma. Esta, talvez, fosse a razão de ter e não ter, ao mesmo tempo, todas as cores, todos os credos, todas as raças, todas as artes, todas as gnoses, todas as agnoses.Ela não viera ao mundo num repente. Não. Ela nasceu aos poucos, dando forma às ideias e ideais de muitos, lutando contra inimigos poderosos, revolucionando costumes, trazendo o novo que virou velho e voltou a se renovar, vencendo resistências, driblando obstáculos, convivendo com adversidades e cooptando adversários, congelando inimigos C CULTIVE | 85


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e suspendendo rivais, vezes recuando, vezes avançando, atraindo adeptos, se recuperando de golpes rudes incorporando nuances, perfumes e sabores ao longo dos tempos. Por tudo isto e muito mais, ela era cobiçada pela maioria. Aliás, só uns poucos admitiam abertamente não desejá-la e, mesmo estes, faziam questão de elogiar os seus dotes. De fato, de tão bonita, além daqueles que, por pura inveja, queriam se parecer com ela - e, para isso, alteravam as descrições que dela faziam, chegando a deturpar o seu modo de ser e viver -, a maioria queria e dizia querer a sua companhia. Entre estes, uns a queriam por amor sincero e outros [a queriam] por interesse vil, com o objetivo de usar a sua imagem [a imagem dela] para parecer aquilo que, de fato, não era e, assim, iludir as pessoas. Vale dizer que nem todos a queriam de verdade. Isto acontecia, especialmente com aqueles que ojerizavam o tipo de convívio por ela estabelecido com tantos quantos a quisessem e, também, com aqueles que, por uma razão ou outra, preferiam a supremacia de uns sobre os outros. De qualquer forma, como a ninguém interessava ser associado à rejeição de valores como pureza e bondade, todos (até mesmo aqueles que no íntimo a repudiavam), com um ou outro eventual reparo, publicamente a endeusavam. De fato, segundo a voz geral, sufocando os defeitos que pudesse apresentar com uma miríade de qualidades, de todas, ela era a melhor. Embora nunca conseguisse, sempre tentava satisfazer a todos. Talvez por ser amorosa, generosa, tolerante, carinhosa, paciente e gentil, como se fosse, ao mesmo tempo, mãe, avó, irmã, esposa, amante e amiga, ela tinha a capacidade de considerar e respeitar o jeito de ser de cada um, se esforçando para, sempre que possível, atender aquilo que todos queriam. Muitas vezes, claro, os interesses se chocavam e, como mediadora firme e implacável, sem desrespeitar a opinião das minorias, especialmente daquelas mais frágeis (e que, por isso mesmo, mereciam maior atenção), fazia valer o interesse da maioria, o quê muitas vezes lhe valera a injusta acusação de prepotência. 86 | CULTIVE

Na realidade, ela era muitas em uma só, sem ser volúvel ou cair na promiscuidade, podia satisfazer a todos e a qualquer um que a quisesse, se dando a todos, mesmo àqueles pouco sinceros. De fato, de coração generoso, ela conseguia amar a todos e se deixava amar por todos, reservando a todos e a cada um, a possibilidade de desfrutá-la por inteiro. De qualquer forma, ao contrário do que alguns pudessem pensar ela não era permissiva. Pelo contrário. Ela era uma para cada caso. Aliás, a multivalência da sua natureza a deixava ser, conforme a situação, mais suave, mais carinhosa, mais austera ou mais severa, reservando beijos apaixonados e sorrisos angelicais para os amigos e tempos de paz e punhos fechados, patas pesadas e garras afiadas para os inimigos e tempos de guerra. Por toda a vida, ela sempre despertou invejas (sem suportar a alegria trazida por ela, muitos a solapavam apenas para roubar-lhe o sorriso) e enfrentou muitos perigos. Às vezes, sem poder tê-la, embusteiros moldavam coisas que diziam ser ela, passando a viver ilusões insatisfatórias. Às vezes, querendo-a só para si - fosse por ciúmes da atenção que ela dava a todos ou por mero preconceito dos ‘outros’ -, desdenhando a sua natureza ‘dada’, de ‘ser de todos’, egoístas tentavam apartála dos demais para tê-la com exclusividade. Na realidade, por si só, qualquer restrição ao seu abraço, sorriso ou carinho representa um grande risco à sua existência, pois, em detalhes que os brutos nunca demonstram saber ou ligar, se deixar de ser de todos, ela deixa de ser ela e morre, passando a ser uma corruptela de si própria. Ainda assim, muitas vezes, de caso pensado ou maldade calculada, mesmo sabendo da possibilidade de vir a matá-la, egoístas agem como se não houvesse outros no mundo e tentam mutilar a essência do seu modo de ser. Na realidade, de tão agredida, se não fossem amantes apaixonados e a sua capacidade de regeneração, ela já teria desaparecido, sendo definitivamente substituída por alguma impostora. www.cultive-org.com


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Além destes perigos, ela enfrentava muitos outros. Alguns, inclusive, decorrentes da sua própria natureza. Por ser muito pura, por exemplo, havia o permanente risco de ela ser contaminada por algum parceiro, vizinho ou, mesmo, infiltrado, cujos eventuais pecados poderiam até comprometer a sua existência. Com efeito, com a pureza das vestais, ela não resistia certos vícios, como a corrupção, a manipulação, a injustiça, a fome e, sobretudo, o egoísmo. Por milagre de Deus, ela jamais envelhecia. Pelo contrário. Com o passar do tempo, ao invés de perder encantos e criar rugas, ela perdia arestas e, conforme a situação, incorporava formatos, parecendo ficar mais graciosa. De qualquer forma, independentemente do tempo já vivido, ela era sempre tenra e, como uma flor em constante desabrochar, [sempre] frágil e sujeita a ameaças. Esta condição era mais grave quando das mudanças e metamorfoses. De fato, embora atenda à gênese de melhor satisfazer aos seus, as transmutações implicam em muito perigo, pois criam a chance de atuação de vis manipuladores. De fato, no embalo das mudanças naturais, forças oportunistas procuravam interferir na evolução do seu formato original, aproveitando a situação para tentar moldá-la aos seus próprios interesses [interesses deles, das forças manipuladoras], num processo tão complexo que, quando concluído, costumava deixá-la diferente a tal ponto que ela passa a não parecer consigo mesma. Estes ajustes radicais de formato refletem não apenas o poder, mas, principalmente, a sinceridade e as intenções das forças que interferem nas mudanças.

fazendo surgir em seu lugar uma sósia barata - uma usurpadora que, embora, atenda pelo seu nome, não tem as suas características e, ao invés de se dar a todos como ela, passa a obedecer a poucos, tendo-os como senhores e não como parceiros e amantes. Vale dizer que, fruto de sofisticados processos de manipulação, embora tenha poucas semelhanças e afinidades com ela, a usurpadora ocupa-lhe o lugar como se fosse seu e, se não fossem as discriminações aos preteridos e os favorecimentos aos seus mentores, poucos perceberiam o embuste. Nada disto, no entanto, consegue sepultar a existência dela. Quando os brutos pensam-na morta e comemoram a supremacia das impostoras criadas para substituí-la, surge um fio de vida pelo qual ela sempre ressurge das cinzas para retomar a jornada de paz e alegria e atormentar os manipuladores. De fato, mesmo nos casos em que, parecendo totalmente subjugada, como um avatar da usurpação, ela não é mais ela própria, seus amantes apaixonados lutam contra a manipulação e contra os manipuladores, numa luta que, ao custo de muito sangue e lágrimas, sempre termina por desmascarar e destronar a fraude e resgatá-la das masmorras dos poderosos, regenerando a Luz, a Paz, a Alegria e a Esperança. Viva a Democracia!!!

Na banda ocidental, por exemplo, dizendo querer protegê-la, brutos manipulam o processo de forma tão profunda que chega a mexer na essência dela, sufocando e inibindo conceitos importantes como liberdade, alegria e bem estar, modificando-a ao ponto de ela passar a não ser ela própria (e, portanto, matando-a), www.cultive-org.com

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DIÓGENES DA CUNHA LIMA

Você participou de algum movimento cultural/literário na época de estudante? De muitos. Fui presidente do Centro Panamericano no Atheneu. O Centro tinha pretensão otimista de interagir com alunos da América Latina. Com José Augusto Delgado e outros fizemos uma exposição de poesia no Grande Ponto. Na Faculdade, apontado como de direita, fui candidato à Presidência do Diretório Acadêmico Amaro Cavalcanti e da União Estadual de Estudantes, derrotado por pouco votos. Participei da chamada Turma da Paz da Faculdade de Direito. Aluno encantado por Luís da Câmara Cascudo, Edgard Barbosa, Alvamar Furtado, Otto Guerra, Floriano Cavalcanti, Raimundo Nonato Fernandes. Meu pai fora Adjunto de Promotor de Nova Cruz. Meu primo Otalício Pessoa da Cunha Lima, meu primo, foi Promotor da Cidade. Substitui-o, algumas vezes em Nova Cruz e fui Adjunto 88 | CULTIVE

de Promotor da Primeira Vara de Natal cujo titular era Nogueira Fernandes. Otalício e Dr. Nogueira ocuparam, depois, a Procuradoria Geral de Justiça. fui Procurador da Prefeitura de Natal, fiz dois concursos para juiz de direito, fui nomeado e nunca assumi. Talvez, por medo de julgar pessoas. Eu poetava em Nova Cruz. Com treze anos trouxe os poemas para Natal. Aqui o soneto era coisa do passado. Mudei o rumo e, incentivado por Newton Navarro e por Câmara Cascudo, publiquei pela Universidade Federal “Lua quatro vezes sol”. O editor foi Geraldo Batista. E as obras seguintes; «Instrumento dúctil», “Corpo breve» e «Natal, poemas e canções”? Seguem a mesma linha poética do primeiro? Não sei dizer. Só posso viver com poesia, viver poesia, acreditar nela até como um meio de sobrevivência. Estes livros representam o meu momento, estado de espírito. www.cultive-org.com


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CASSIO CAVALCANTE

Cearense escritor, radicado em Pernambuco há mais de 20 anos.. Pertence as academias: Recifense de Letras, ocupando a cadeira de nº 01 (PE); Academia de Letras do Brasil na cadeira de nº 01 (SP/ São José do Rio Preto).

O SELO EDITORIAL ENSEADA DAS LETRAS HOMENAGEIA TODAS AS MULHERES NESSE DIA MERECIDO em nome de todas as escritoras que fazem parte do nosso time: Ariadne Quintella, Colly www.cultive-org.com

Academia de Letras do Brasil na cadeira de nº 01 (MG/ Uberaba). Delegado da Delegação do Brasil na Academia de Letras e Artes Valparaíso (CHILE). Personalidade da Neolatinidade concedida pelo Conselho Consultivo do Movimento Festival Internacional de Culturas, Línguas e Literaturas – Festlatino. Biógrafo da cantora Nara Leão, prosador, editor do jornal Folha Cultural. Colaborador dos Jornais Folha de Pernambuco. Homenageado pela CULTIVE pela sua contribuição literária realizando palestras e oficinas. Cassio é o organizador e editor da Enseada das Letras em Penambuco. Ele é um dos incentivadores da mulher, incentivando o trabalho da m ulher pernambucana na literatura, ele edita seus livros e organiza lançamentos, assim como divulga seus trabalhos.

Holanda, Dea Coirolo, Luciene Aguiar, Patricia Ferraz, e a todas as outras de todo o mundo, tudo de bom hoje e sempre. – avec Luciene Aguiar et Ariadne Quintella.

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ENSEADA DAS LETRAS PROMOVENDO O LANÇAMENTO DO LIVRO NA PELE DE JUH DE LUCIENE AGUIAR A autora participando do programa Redator Comunitário com Roberto Souza, na Radio

Universitária FM, 99,9 MHz. Lançamento: Dia 14 de março, as 17h na Biblioteca Pública do Estado - Recife - PE. – avec Luciene Aguiar.

Salão do Livro e da Imprensa de Genebra maio 2019 inscrições abertas

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EDVALDO ROSA

poeta escritor de São Paulo membro acadêmico de diversas academias de literatura no Brtasil e no exteriro, com destaque em Porftugal, França e Angola . Escreveu Crônicas de minha mãe, Marcad o Coração e participou de varias antologias.

MULHER... HOJE É O TEU DIA!

Os meus olhos fixos nos teus olhos, atentos ouvidos colados a teus lábios, ao teu minimo murmurar! Minhas mãos querem lhe atar... Somos corpos, que se completam! Universos distintos: Sentimentos, sentidos! Num único caminhar! Sou homem, que só se completa em ti... -És a alma que me dá sentido para viver! A parte mais sensível da minha humanidade... A quem coube gerir e gerar. Mulher! Eu sou todo você! E eu te dou tudo, se me dou todo, é por que é assim que você se dá!

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E M E R S O N MONTEIRO nasceu em Lavras da Mangabeira, Ceará, no dia 26 de março de l949. Advogado. Fotógrafo. Escritor. Pesquisador de literatura, psicologia e religião; já publicou os livros Sombra e Luz, Noites de Lua cheia (crônicas - 1996), Cinema de janela (crônicas e contos – 2002), É domingo (crônicas e contos – 2006) e Histórias do Tatu (memórias - 2016). Pertence à Academia Lavrense de Letras (Lavras da Mangabeira, Ceará) e ao Instituto Cultural do Cariri (Crato, Ceará).

MINHA MÃE

Quando casou, em 1944, ela deixou a casa de sua avó, em Crato, e foi morar com meu pai em Lavras da Mangabeira, no sítio do sogro, numa fazenda típica do sertão cearense. Lugar dotado de açudes, a casa grande dos ancestrais da família, engenho movido a lenha, situações de cana, algodão, feijão, milho e arroz. E casas de taipa dos moradores espalhadas em mais de 1.500 tarefas de carrasco e baixio. Curral. Gado. Chiqueiro de criação. C CULTIVE | 91


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Uma capelinha próxima da casa que meu pai construiu, em oiteiro defronte da antiga estrada Crato-Fortaleza, que cortava as terras. Nesse pouso, permaneceria por dez anos, tempo em que vieram os quatro dos cinco filhos do casal. Quando engravidara do terceiro filho, nos afazeres de ensolarada manhã, varria o terreiro da casa e se surpreendeu com a presença, nas imediações, de tio Edson, irmão mais novo de meu pai, que sofria de epilepsia. Vivia na fazenda coberto dos mimos de minha avó, a dar trabalho aos pais pelos caprichos que lhes impunha. Andava por volta dos 18 anos de idade esse tio, que dispunha do físico desenvolvido das pessoas adultas; olhos espantados, rosto bochechudo, roliço, cabelos escuros, aparados, conforme os registros fotográficos que existem. No meio das suas manias, antipatizava minha mãe, causa da apreensão nas suas aproximações furtivas, cheias de surpresas e gestos agressivos, pois pouca reserva de tolerância possui para com os outros. Perante as mínimas contrariedades, excedia-se nas proporções da reação. Existe a notícia de haver sustado marã de cabra pelas patas trazeiras e matado batendo ela de encontro ao chão. Desta vez, de longe, atirou banda de tijolo na direção da minha mãe, que só pararia quase lhe chegando nos pés. Assustada com aquilo, ainda que recorresse aos recursos urgentes da medicina dos matos, abortou sem maiores apelações.

fase da gestação do sétimo para o oitavo mês, seguiu motada a cavalo até Lavras para, acompanhada de minha avó, mãe de meu pai, e de uma cunhada, irem de trem até Aurora comprar tecido para o enxoval da criança a nascer. Nesse dia, chegou tio Edson aborrecido por motivo de que seu cavalo de estimação torcera uma das patas. Exigia de imediato outro animal, de um dos cunhados, tio Expedito. Aos gritos, adentrou o quarto aonde avistou minha mãe e outras pessoas reunidas. Incontinenti, aproximou-se e desferiu-lhe soco violento do lado da cabeça, jogando-a no solo. A calma daqui, acalma dali, chamaram uma parteira, por ausência de médico, a qual indicou chá de gergelim tostado como antídoto às possíveis consequências do abalo. Mesmo perdendo líquido, o que esconderia dos demais, fez a viagem programada. para ceu-se do certo.

Houve-se como pode também retornar à fazenda, e restabeleo suficiente. Teria o filho no perío-

Não demorou muito além desses acontecimentos e tio Edson morreria dormindo. Dentre as suas condenáveis peripécias, cegara um dos olhos da própria mãe, munido de canivete, nas atitudes intempestivas com que exteriorizava os instintos nefastos. Em 1953, a família fixaria residência em Crato, aonde minha mãe, pessoa inteligente e aplicada, exerceu o ofício de professora da rede pública estadual, aplicando seus conhecimentos na formação da juventude da época.

Um ano depois, em 1949, grávida de novo, 92 | CULTIVE

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JOSÉ FLÁVIO MORAIS José Flávio Bezerra Morais é juiz de direito e professor. Natural de Milagres, Ceará, Brasil, iniciou-se na literatura publicando MILAGRES DO CARIRI (1989), ainda na adolescência. O gosto pelas histórias populares o levaram a pesquisá-las e registrá-las, daí resultando HISTÓRIAS QUE OUVI CONTAR (1993), HISTÓRIAS DE EXEMPLO E DE ASSOMBRAÇÃO (1997) e SETE CONTOS DE ARREPIAR (Rocco-2006), além do ensaio literário NAS VEREDAS DO FANTÁSTICO (1997). Visando popularizar conhecimento jurídico, publicou DÍVIDAS: COMO PREVENI-LAS OU LIVRAR-SE DELAS, COMPÊNDIO DE PRÁTICA DE PROCESSO PENAL e COMO DEFENDER SEUS DIREITOS, todos em 2003. Enveredando no gênero romance, publicou A SOMBRA DO LAÇO (2008 e Chiado-2016), drama de tribunal no início do século XIX e inspirado em fatos reais, e CARVÃO (2014), que trata da exploração de trabalho infantil. Em 2015 veio a coletânea PADRE IBIAPINA - HISTÓRIAS MARAVILHOSAS. O seu romance infanto-juvenil DANIEL ALECRIM E O TALISMÃ DE ÉBANO (2010 e Novo Século - 2018) foi um dos vencedores do Prêmio Raquel de Queiroz de literatura, da SECULT Ceará. Ocupa a cadeira n. 22 do Instituto Cultural do Cariri, e a cadeira n. 17 da Academia Brasileira de Cultura Jurídica. www.cultive-org.com

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JOSÉ MARIA RAMADA nasceu em Medelo, concelho de Fafe, primeiro de 4 filhos de uma família humilde. Sempre teve uma queda especial pela escrita, escrevia poesia e alguns textos, apenas pelo simples prazer de o fazer. Estudou até ao 11º ano, porém com a morte do pai, teve de começar a trabalhar, concluindo anos mais tarde o curso geral dos liceus. Como quase todos os jovens daquela época, esteve algum tempo no serviço militar. De regresso a Medelo, sua terra natal, iniciou um novo trabalho, mas sempre com o sonho de trabalhar como cozinheiro, algo que já ia fazendo nas suas actividades de escuteiro. Emigrou para a Suíça em 1981 para trabalhar na restauração, onde as portas se lhe abriram. Pôde então tirar o curso de chefe de cozinha e posteriormente o de formador, cursos que até hoje abraça com toda a dedicação. Escondia o sonho de um dia editar um livro de poesia, conseguiu realizar o grande sonho, fruto de alguns anos, “Vagueando em Sonhos”, primeiro livro de Poesia, seguindo-se “Flauta Partida” uma História Infantil e “A Viagem” Narrativa, recentemente escreveu a Biografia do Agrupamento de escuteiros de Medelo, “45 Anos de História”. Ao longo dos anos participou em 94 | CULTIVE

mais de uma dezena de antologias. Actualmente vive na Madeira, dividindo o seu tempo como chefe de cozinha e dando formação na área da restauração um pouco por todo o lado.

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LUIZ CARLOS AMORIM – escritor, editor e revisor – cadeira

19 da academia sulbrasileira de letras, fundador e presidente do grupo literário A ilha, com 38 anos de trajetória.

A JANELA Teus olhos, mulher, são assim: meigos, brejeiros, castanhos, malandros, sinceros, brilhantes, essas luzinhas acesas na janela do teu rosto. E essa luz, minha amada, na janela do teu rosto, convite irresistível, me atrai para dentro, no aconchego carinhoso do teu/nosso coração. E eu me sinto em casa, com todo amor que há lá dentro. Só saio pra ver de novo, na janela do teu rosto, aquelas luzes castanhas convidando-me a entrar.

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PAULO ROBERTO BRETAS

Escritor mineiro, Paulo tem formação em administração de empresa, mas é amante da escrita. A poesia tem raizes na sua sensibilidade. Seu olhar analítico e sua interação com a natureza e preocupação com o homem fá-lo mergulhar na poésia mais especificamente o aikai. Em 2017 publicou o livro «O doce livro dos beijos poéticos» onde reúne Aikais de sua autoria.

Mulher inocente. Mulher imprudente.

Mulher na parada. Mulher transviada. Mulher obscura. Mulher madura.

TODAS AS MULHEREs

Mulheres queridas. Mulheres da vida. Mulheres da trama. Mulher da lama.

Mulheres que gritam. Mulheres que brigam. Mulher que sorri. Mulher que perdi.

Mulher da fronteira. Mulher da cocheira.

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Mulher competente. Mulher atrevida. Mulher sem um dente. Mulher suicida. Mulher que malha. Mulher que se

espalha. Mulher azul e rosa. Mulher que é formosa.

Mulheres de preto. Mulher com medo. Mulheres feridas. Mulheres perdidas.

Mulher que viaja. Mulher que se engaja. Mulher que é cheirosa. Mulher toda prosa. www.cultive-org.com


Mulher no varal. Mulher no coral. Mulheres de Atenas. Mulher em cena.

Mulher que se humilha. Mulher que se encolhe. Mulher que reprimida. Mulher que se engole.

Mulher amiga. Mulher do João. Mulher temida. Mulher que faz o pão.

Mulher do convento. Mulher solta, ao vento. Mulheres de Deus. Mulheres de ateus.

Mulher na trincheira. Mulher cabideira. Mulher de trinta. Mulher que brinca.

Mulher empinada. Mulher afinada. Mulher ao piano. Mulher costurando.

Mulher de luta. Mulher força bruta. Mulheres da massa. Mulheres na praça. Mulher que voa. Mulher que destoa. Mulher da roça. Mulher que faz troça. Mulher da colheita. Mulher vida dura. Mulher que se deita. Mulher na fervura. Mulher sofrida. Mulher parida. Mulher humilhada. Mulher agredida. www.cultive-org.com

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Mulher de coragem. Mulher tatuagem. Mulher salto alto. Muheres do asfalto. Mulher no fogão. Mulher confusão. Mulher na fumaça. Mulher da audácia. Mulher cheiro d’alho. Mulher da cebola. Mulher do rosário. Mulher da leitoa. Mulher inocente. Mulher competente. Mulher dividida. Mulher da partida. Mulher que fuma. Mulher que envelhece. Mulher doente. Mulher que padece. Mulher despida. Mulher perdida. Mulher amorosa. Mulher espantosa. Mulher solitária. Mulher que trabalha. Mulher que é forte. Mulher, sul e norte. Mulher com seus filhos. Mulher com seus brilhos. Mulher que amamenta. Mulher que é detenta. Mulher que rema. Mulher Iracema. Mulher do barco. Mulher do charco. Mulher do bar. Mulher do mar. Mulher do piano. C CULTIVE | 97


Mulher do ariano. Mulheres incríveis. Mulheres visíveis. Mulher escondida. Mulher protegida. Mulher preta. Mulher da gaveta. Mulher delicada. Mulher engasgada. Mulher festejada. Mulher odiada. Mulher no palácio. Mulher do prefácio. Mulher armada. Mulher da viela. Mulher atirada. Mulher da favela. Mulher de vestido. Mulher da janela. Mulher sem marido. Mulher das chinelas Mulher idosa. Mulher da rua. Mulher caridosa. Mulher da candura. Mulher que dirige. Mulher que perdoa. Mulher que se exige. Mulher que é patroa.

Autores Mulher da saudade. Mulher do campo Mulher da cidade.

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Mulher inocente. Mulher indecente. Mulher orgulhosa. Mulher que é saudosa. Mulher da orquestra. Mulher de rendado. Mulher na festa. Mulher no bordado. Mulheres do mundo. 98 | CULTIVE

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RUSSEN M O R E I R A CONRADO

deles; ou, o efeito de sua falta. Escutá-los pode nos fazer saborear seu saber e valor, e tornálos visíveis. Nesse conflito de nebulosidade, mesmo na distância ou necessidade, sua arte adoçou a vida de muitos. Aqui, nessa reflexão, por intermédio de sua genialidade inspiradora, evoco a tantos seres que estão diante de invisíveis e carentes pessoas, para que sejam mutantes nas vidas desses necessitados. Algumas vezes, estão imersos em suas famílias; noutras situações, longes, submersos em suas dúvidas e temores. Amar, também é mudar as coisas que podem e que precisam ser modificadas. A semente que foi semeada no brilho de sua sabedoria que seja resgatada, restaurada, replantada e regada. Vejo o enxame de lamentos e de saudade, dos que foram arrancados de ti; e por eles também exprimo o benefício de acordar os que estão estáticos, sem ver os invisíveis, os mudos, os esquecidos do seu lado, os carentes de luz; antes que chegue a morte, ou coisa parecida.

Médico e psicoterapeuta, escreveu o livro Belchior. O Silêncio do Amor como preito de gratidão ao amigo Belchior e como louvor ao precioso amor transformador. O amor é a energia mais preciosa da vida.

¨Ao amigo Belchior e aos viventes no casulo dos desejos. Nesse texto de homenagem, rememoro e exalto os invisíveis que estão do nosso lado e que precisam da luz, do resgate e da ação transformadora de todos nós. Viver o amor verdadeiro com fidelidade ao saboroso tempero da vida, amando e mudando as coisas; eram grandes aforismos desse ilustre compositor. Num momento, alguns se tornam invisíveis e enclausurados por incertezas e inquietações psíquicas, verdadeiras ou fictícias; e muitos não ouvem o inconsciente clamor www.cultive-org.com

O tempo é remédio para tudo. O novo sempre vem; que seja estímulo para o semeio da caridade. Invisíveis muitas vezes ficam inclusos no mar da ignorância, da vaidade, do descaso e do Silêncio do Amor. Ouçamos o chamado deles...

Insight literário A escrita é forte e farta e jamais deve furtar do escritor seu mais sublime valor: o bem servir. Aos que aprimoram a arte literária, uma sugestão: ela deve omitir e esconder vaidades; e aprimorar e eternizar verdades. Que as pessoas queiram ser mais úteis do que grandes. Que silenciem seus feitos e corrijam seus defeitos. Que aprendam a louvar e agradecer, mais do que pedir sem limites. Algumas vezes precisamos nos desnudar das C CULTIVE | 99


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coisas do mundo e ingressar nos oásis de nossas almas buscando o que nos falta, semeando a raiz da alegria, que devemos plantar no nosso meio. O registro escrito pode eternizar no mármore da memória o que a audição ouve esporadicamente. Grandiosa literatura; que ela amarre em nós o amor. Decerto que aquilo, que os grandes estudiosos dos enigmas da mente aprenderam, migrou muito mais do que o que os outros escreveram; até mesmo, as redações, que fizeram de sua pesquisa interior chaves preciosas de suas questões para entender seu ser. O insight literário explicita o ver dentro de si, numa reflexão, frase ou palavra, e o aceitar coloca-se no vão do aprendiz sedento de saber, e cresce a todo momento, enquanto existir. Ele melhora a compreensão. Que a escrita nos faça lembrar do que se precisa e faça esquecer o que maltrata. No processo e na relação analítica, durante a transferência, os disfarces e meandros do inconsciente são descobertos através da palavra falada; penso que eles também podem ser expostos em alguns gatilhos vindos da escrita; esse é o insight literário. Aqui, nesse texto louvo a escrita e a leitura; como preciosos alicerces para crescer e aprender a arte de viver.

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Caravana Cultural Internacional Lisboa Berlim Gruyère Genebra no 33° Salão do Livro de Genebra do 01 ao 05 de maio de 2019 Lançamento de livros Concurso Literário Antologia Cultive Presença de autores Confraternização Venda de livros inscrições: cultivelitterature@gmail.com

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GENEBRA A CIDADE DA PAZ E DA CULTURA DOS DIREITOS HUMA-

foto: Lu Carriço

por Val quiria Imperiano

photo: Lou Carriço

GENEBRA DOS DIREITOS HUMANOS -

tema e serem controlados, e expulsos do país. A Suíça tem suas leis e é preciso conhecê-las e saber usá-las em seu benefício.$

A cidade de Genebra recebe todos os anos centenas de estrangeiros sem papel à procura de trabalho. Essas pessoas chegam à Suíça com poucos recursos e completamente ignorantes da realidade nacional, inclusive da língua. Durante anos permanecem no «negro» e sem ascesso a possíveis benefícios por falta de conhecimento ou por medo de entrar no sis-

Sair da ignorância e participar dos muitos benefícios oferecidos em Genebra é o caminho para a tranquilidade. Genebra é sede de inúmeras associações criadas para auxiliar todo tipo de problema do cidadão. A Cultive faz parte desse quadro de ONGs à disposição do cidadão imigrante. Com largos objetivos

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Suíça

galidade dos imigrantes que vivem no negro. Essa questão não é desconhecida das autoridades que fazem vista grossa, deixando o imigrante permacer na cidade sem pressioná-los, nem caçá-los, porém com seus direitos limitados e causando, também, uma sub economia.

photo Marc Guillemin

culturais a Cultive, também, propõe o trabalho de apoio ao estrangeiro. A quantidade des ONGS em Genebra é enorme, existe associações de defesa da mulher, de apoio e proteção à criança, de proteção e ajuda às protitutas( SOS femme), associações de apoio jurídico, médico, alimentar. Abrigos para os necessitados, centros de apoio ao viciado; todas são associações que prestam serviço ao imgirante. Além das associações citadas, existem as culturais que tanto podem servir aos imigrantes como ao cidadão de Genegra, snao elas associações de: música, cinema, atores, defensores de animais, do patrimonio, de cultura histórica, da literatura, de museu, de costumes de Genebra, defensores da natureza, de moradores, proteção do lago Léman, religiosas, associações de proteção e apoio a varios tipos de doenças, pesquisa médica, etc..). Além das associações, Genebra possui o Hospice Genéral orgão do estado que se ocupa das necessidades das pessoas legalizadas na cidade. A grande quantidade de imigrantes que vive no «negro» ( sem autorização legal), motivou as autoriadades a debaterem a situação da ile102 | CULTIVE

Para solucionar o problema de muitos imigrantes que vivem em Genebra no negro há mais de vinte anos, foi criada uma lei regional que abre as portas da legalização para esses estrangeiros ilegais, resolvendo assim a situação social de muitas pessoas e dando-lhes a oportunidade de integrarem-se no país. Genebra, também, tem sua história marcada pela presença de muitas mulheres fortes e batalhadoras. Mulheres que se impuseram na sociedade, criaram associações, impuseram-se no mundo machista da cultura. Defenderam os direitos femininos e trabalharam pela paz. Criaram jornais, apoiaram os esforços para a paz e a libertadade do trabalho feminino e para avanço moral e intelectual da mulher. Um esforço contínuo para melhorar gradualmente sua posição na sociedade através de reinvidacações dos direitos civis humanos e políticos. Hoje em Genebra, a mulher ocupa uma posição de repeito. Mesmo a estrangeira sem papel, tem direito à proteção, independentemente, da sua condição. Genebra por a sede da ONU, não pode agir contrariamente aos direitos humanos. Qualquer cidadão conhecedor dos direitos do homem, pode reeenvidicar a proteção contra abusos com a certeza de que será ouvido. Foram os cidadãos de Genebra que a fizeram assim. Genebra a cidade da Paz.

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MUSEU DE ARTE E HISTÓRIA DE GENEBRA Foi criado em 1910. O imóvel é assinado pelo arquiteto Marc CAmoletti. O museu de Arte e História guarda nos cinco andares uma coleção de arquelógia, de artes aplicadas e belas artes. São 650,000 objetos, entre eles grandes obras de séries únicas. Cada ano o museu apresenta uma dezena de

exposições temporarias que passam por Picasso a Roger Pfund e Akhenaton. O museu é localizado no centro da cidade de Genebra, a entrada é grátis, salvo a visita para as exposições permanetes e é aberto de terça-feira à domingo.

photo Marc Guillemin

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Suíça

Retrato de mulheres q feminismo e

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Suíça

que trabalharam pelo em Genebra

Marie Goegg-Pouchoulin (1824-1899) Mulher corajosa e pioneira, ela foi vista com admiração pelos seus contemporâneos. Foi ela que fundou, em 1868 em Genebra, a primeira associação feminina em trerras romande, a Associação Internacional de Mulheres, cujo objetivo era apoiar os esforços para a paz e a libertadade de trabalho, avanço moral e intelctual da mulher e para melhorar gradualmente sua posição na sociedade através de reinvidacações dos direitos civis humanos e políticos. www.cultive-org.com

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Suíça A fama dessa fundação depassou as fronteiras suíças e foi saudada por Giuseppe Garibaldi. Dissolvida dois anos depois, a associação foi imediatamente substituida por outra, a « Solidarité» cuja atividade foi próspera e útil, ela ocupou-se principalmente de questões profissionais e saláriais. Marie Goegg-Pouchoulin foi durante mais de vinte anos secretária e caixa da liga da paz e da liberdade. Ela fundou o «jornal das mulheres», o primieiro jornal feminista Suíço. Graças a ela, as mulheres suíças puderam frequentar a Universidade de Genebra.

Pauline Chaponnière-Chaix

Emma Pieczynska-Reichenbach Genevoise de coeur, elle propagea à Genève les idées qui étaient à l’origine des premiers clubs de femmes américains. Elle créa en Suisse les premières ligues sociales d’acheteurs dont elle fut présidente et publia un des premiers livres d’éducation sexuelle (1897).

Camille Vidart (1854-1930)

(1850-1934) Co-fundadora da Alinaça de sociedades femininas suíças. ela participou da organizaçãodo primeiro congresso feminino suíço (1896), presidiu o conselho internacional de mulheres(CIF) e foi membro do Comite international da Cruz Vermelha. 106 | CULTIVE

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Suíça Camille foi a iniciadora, fundadora e a primeira presidente da União das Mulheres em Genebra. Professora de literatura francesa, ela traduziu em francês os famosos livros de Heidi escritos por Johanna Spiry. Feminista convicta por um espírito de justiça e equidade, solidariedade humana e uma concepção muito elevada das tarefas e responsabilidades das mulheres na vida pública, ela participou da fundação da Aliança das Sociedades de Mulheres Suíças.

outra ardente defensora do feminismo, ela presidiu a Associação Sufrágio(votos) e fundou em 1912 o jornal «Movimento Feminista» que se tornou hoje O Emilie . Professora de história brilhante e apaixonada, e oradora de destaque, suas realizações na causa das mulheres são numerosas: fundou em 1914 uma casa para prostitutas, um Cartel de higiene social e moral. Seu ao deixar a presidência da “Associação Suíça para o sufrágio feminino” em 1928 e que ilustra a sua personalidade: «Seja otimista, acredite no sucesso, nunca tenha medo; quando uma causa é justa, como a nossa, o sucesso não pode faltar, mas não devemos parar na expectativa de tempos mel-

Emilie Gourd (1879-1946)

hores, você deve forjá-los a si mesmo com as mãos e com o coração na fé no futuro. « Verdadeira pioneira do sufrágio feminino em Genebra e na Suíça, com Auguste de Morsier,

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Hélène Gautier-Pictet (1888-1973) C CULTIVE | 107


Suíça Ardente defensora dos direitos da muilher como o seu pai Paul Pictet ( fundador do jornal « A Suíça» com Gaspard Vallette), Helène Gautier foi a verdadeira fundadora do Centre de liaison des associations féminines genevoises e sua presidente durante vinte anos. Seu objetivo era agrupar as associações femininas existentes para permitir consultar e coordenar os esforços e de ter, durante varios anos, uma ação concetrada na melhoria do destino da mulher. Graças a sua tenacidade a CLAFG foi, desde o início, recebida, acolhida e ouvida pelas autoridades .

sés. Son « Manuel des Mères » se diffuse dans toutes les couches de la population. Elle crée en 1905 l’école d’infirmières du « Bon Secours » et « la Pouponnière ».

Dr Marguerite Champendal

Dr Lina Stern 1878 - 1968

Première étudiante genevoise à recevoir le diplôme de docteur en médecine, elle ouvre en 1901 un cabinet de consultation et crée la « Goutte de lait », institution d’avant-garde dont le but est de venir en aide aux nouveau-nés et aux enfants des milieux défavori108 | CULTIVE

Nasceu na Lituania. Foi a primeirarofessora na faculdade de Genebra de 1018 à 1925, e única mulher até os anos de 1940 a deixar sua marca no ensinamento universitário como professora de medicina, fisiologia e bioquímica.

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Suíça

Dr Lina Stern

Dr Lina Stern

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Português nossa língua

PORTUGUÊS NOSSA LÍNGUA

Lista de estados soberanos e teRritórios onde o português é um idioma oficial.

País

População (est. 2014)[1][2] informações Brasil 207 660 929 Português do Brasil

Mais

Moçambique 24.692.144 Português de Moçambique Angola 24.300.000

Português de Angola

Portugal 10.813.834 Português europeu

Guiné Equatorial 722.254 Português da Guiné Equatorial Macau 587.914

Português de Macau

Cabo Verde 538.535 Português cabo-verdiano São Tomé e Príncipe 190.428 Português de São Tomé e Príncipe Total 267.396.837

Língua Portuguesa

Guiné-Bissau 1.693.398 Português da Guiné-Bissau Timor-Leste 1.201.542 Português de Timor-Leste

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Português nossa língua

MARIA DELBONI Em 2016 e 2017 lança “Nas Asas do Tempo”, e “Tempo de Arranjos”. Contos que fazem uma releitura dos anos 60. Em 2017 lançou “Explorando o Português”, uma Gramática, fruto de seu trabalho docente até sua aposentadoria.

Como usar corretamente: ONDE E AONDE Onde você vai ou aonde você vai? Você vai de qualquer modo. Vai, mas na fala, na escrita não. Na escrita você precisa da forma correta. A oralidade não presta muita atenção à certas normas, assim as pequenas diferenças nas palavras passam despercebidas quando se trata da comunicação verbal entre pessoas. No entanto o bem escrever vai mostrar não só o nível de escolaridade dos interlocutores como também sua preocupação com o uso da língua. - Aonde deve ser usado com verbos de movimento então - Aonde você for, irá muito bem. E se ficar muito tempo - Onde você estiver estará muito bem, também. Ratificando sempre usar “Aonde você for”, Aonde você vai”, porque o verbo “ir” é verbo de movimento. por sua vez, “Onde” deve ser usado com verbos que indicam passividade, ou uma situação estática, um lugar. Vamos verificar a música de Cidade Negra|| Ela tem o título bem colocado - Onde você mora,|| gramaticalmente correto, Uns versos também corretos quanto à gramática - Aonde você foi morar?|| Mas peca com os versos Aonde você mora?|| Aonde está você?|| Todavia, poetas têm licença poética, isto é, de se pautarem pela sonorização ou pelo ritmo, podem trabalhar o verso, outro detalhe é o www.cultive-org.com

uso da linguagem, que foi também trabalhada para se adequar ao popular. Com o uso do pronome-“Cê” em lugar de Você, - nota-se a preocupação do autor com o linguajar popular. Mas, nós míseros mortais devemos tentar nos livrar destes erros. Um lugar. Um lugar indicará sempre um advérbio de lugar e se este acompanhar verbos será um adjunto adverbial de lugar. Este conceito de lugar bem aprendido e sedimentado pode salvar a pele de muitos ao longo da vida. Vejamos alguns exemplos. Como estão os livros? Os livros estão rasgados. Onde estão os livros? Os livros estão no armário. Se analisarmos as frases acima encontraremos os mesmos sujeitos – sujeito simples - os livros. Os mesmos verbos, o mesmo significante, com a mesma forma escrita – todavia não têm a mesma classificação sintática, são distintos. Enquanto o primeiro verbo é um verbo de ligação o segundo é um verbo intransitivo. Vejamos por quê? Explicando: o primeiro verbo responde a palavrinha - ”como”|| e tudo quer esponder a “como”? Será um adjetivo, indicará um modo, um estado, uma maneira, ex: Os livros estão: rasgados, sujos, lindos, encapados, comprados, lidos etc. Todos estes adjetivos dão qualidade e se referem e modificam o sujeito – livros. O verbo - “estão” na primeira frase pode perfeitamente sair de cena e leremos - Os livros rasgados e estará perfeita a compreensão. Sabe-se que eles estão rasgados, são rasgados, permanecem rasgados. A compreensão se faz porque estes verbos são apenas verbos de ligação que não contém a força de expressão, a força da comunicação. Em os -Livros estão rasgados, o que importa é o modo -“rasgados” é nesta palavra que está a informação que quero passar, por isso rasgados, sujos, ou qualquer C CULTIVE | 111


Português nossa língua palavra que dê qualidade a livros será um predicativo, e o ver- bo que se liga a um predicativo é um verbo de ligação. Na segunda frase, no entanto, não temos predicativo,- armário - não dá qualidade para livros e não é um adjetivo, mas sim uma palavra que indica lugar,

portanto o verbo - “estão” neste contexto, não é de ligação mas sim um verbo intransitivo. E porque armário indica um lugar, a pergunta -Onde? está perfeita na frase - Onde estão os livros?. E assim concluímos que em português uma informação sempre pode ajudar ou explicar outra.

ADRIANO SOUTO

qualquer coisa, segue seu rumo em direção ao mar da comunicação. Muitos se perguntam porque a língua oral difere, em muitos aspectos, da língua escrita. Não é um caso difícil de se compreender: na língua oral, normalmente, emissor e receptor estão presentes, então qualquer dúvida a respeito da mensagem será dirimida; já na linguagem escrita, pressupõe-se que emissor e receptor não estejam presentes, daí a necessidade de uma padronização do idioma. Nela, dependendo do que se pretende transmitir, não cabem ambiguidades ou dúvidas. Uma coisa é sentar na mesa, outra, sentar-se à mesa. Na fala tal variação é insignificante, na escrita não.

O professor de línuga portuguesa Adriano Souto escreve sobre o processo da escrita.

A gramática da literatura e a literatura na gramática “A Língua é um enorme iceberg flutuando no mar do tempo, e a gramática normativa é a tentativa de descrever apenas uma parcela mais visível dele, a chamada norma culta.” (Marcos Bagno – Preconceito linguístico. Pág. 9) O primeiro contato que o indivíduo tem com o idioma é oral. Quando ele chega à escola, sente uma enorme estranheza ao estudar a gramática normativa. Isso acontece porque essa gramática é a língua em estado imóvel, é como uma lagoa, estagnada, presa às margens que a rodeiam. Já a linguagem é algo dinâmico, é um rio caudaloso que, independente de 112 | CULTIVE

As comunidades ágrafas eram impregnadas de sentimentos místicos e sobrenaturais, por isso utilizavam recursos fonéticos, gestos, danças, até mesmo a sonoridade de instrumentos musicais para transmitir seus mais profundos sentimentos, eis aqui a diferença entre poesia e poema. Poema é o elemento físico, impregnado de grafia, forma e sonoridade, enquanto que poesia é abstrato. Existe poesia no olhar de uma mãe para o filho; o verdadeiro amor é poesia, e por mais que tentemos representá-lo em forma de poema, todo poeta sabe que jamais conseguiremos traduzir tal sentimento de forma perfeita, percebemos isso quando tentamos dizer a uma pessoa importante o quanto a amamos, por mais que falemos, não conseguimos transmitir exatamente o que se passa em nosso coração. Aquele que se aventura no processo da escrita deve ter plena consciência disso, não quero dizer que dominar a norma culta não seja www.cultive-org.com


Português nossa língua necessário ao escritor, inclusive é exatamente por conhecê-la bem que os melhores podem se desviar dela, que o diga o grande poeta Manoel de Barros; contudo o importante no ato da comunicação escrita é saber para quem e por que se escreve. Um professor de semântica nos contava uma lenda que dizia que Graciliano Ramos tinha a ajuda de uma secretária que revisava gramaticalmente seus textos, nunca pude confrontar a realidade dessa informação, mas confesso que foi em suas secas narrativas que percebi o regionalismo universal de suas mensagens impregnadas de uma introspecção psicológica que só encontrei, com o mesmo vigor, em Clarice Lispector. Mesmo alguns casos de regras facultativas devem ser vistos com muita ponderação, por exemplo: há uma regra de concordância verbal que diz que quando o sujeito é composto por coletivo e ele vier especificado, o verbo pode ficar no singular ou ir para o plural. A multidão de manifestantes gritava palavras de ordem./ A multidão de manifestantes gritavam palavras de ordem. Situação há em que a variação do verbo é insignificante, mas para a Literatura essa variação pode fazer diferença quando quem escreve quer dar maior importância ao núcleo ou ao adjunto adnominal.

Caravana Cultural Internacional Cultive

É fato que o desconhecimento da sintaxe é um empecilho para a construção de um bom texto, a falta de paralelismo, uma regência incorreta ou mesmo uma vírgula colocada de forma errada, ou a ausência dela geram problemas na decodificação da mensagem. De qualquer forma é importante salientar que não é a gramática que faz um escritor, mas o contrário.

-Antologia Cultive -exposição fotopoética -Encontro literário -Sarau -Lançamento de livros -Conférência -Venda de livros

Lisboa - Berlin- Genebra

33° Salão do Livro de Genebra do 01 ao 12 de maio de 2019

inscrições: cultivelitterature@gmail.com

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Português nossa língua

Secretário Executivo da CPLP defende língua portuguesa com “potencial a desenvolver” em termos econômicos

Por Igor Lopes para a E-Global O diplomata português Francisco Ribeiro Telles está à frente da Secretaria Executiva da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) desde janeiro deste ano. Apesar do curto período, este responsável conhece bem a realidade dos países membros do grupo, muito em virtude da sua experiência profissional no campo das relações internacionais, além de ter passado por algumas embaixadas como as de Cabo Verde, Angola e Brasil. Vencedor da primeira edição do Prémio Francisco de Melo e Torres, em 2013, criado pela Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa para distinguir o Melhor Diplomata Económico, este Secretário Executivo tem se mostrado defensor da promoção da língua portuguesa e do fortalecimento dos países integrantes da CPLP em vários domínios. 114 | CULTIVE

Em entrevista exclusiva à nossa reportagem, Ribeiro Telles falou sobre o cotidiano da Comunidade, revelou que existem avanços no campo da mobilidade, da promoção da língua portuguesa e da cooperação na área dos oceanos, destacou como necessário estabelecer mecanismos eficientes de diálogo e envolvimento no seio da CPLP, avaliou positivamente o papel das Missões de Observação Eleitoral do grupo, reconheceu a importância da atuação de António Guterres na ONU como forma de divulgar a CPLP, sublinhou ser primordial apostar no potencial económico da língua portuguesa, falou sobre o Vocabulário Ortográfico Comum (VOC) e sinalizou que devem ser promovidas ações de capacitação de empresários com o intuito de se incrementar a segurança jurídica dos investimentos no espaço da CPLP. www.cultive-org.com


Saúde

Atelier de Força Critiva um atelier cuja dinâ-

mica foi concebida por Viviane Lutz para desbloquear sua força criativa.

preensão de nossos sentimentos inferiores, que negamos ou reprimimos, e a transformacao deles. Um chamado para sair da nossa zona de conforto, retomar a consciência corporal e, consequentemente, a de nós mesmos.

O que é de fato a Força Criativa ?

A Força Criativa é a força mais po-

derosa que existe no ser humano. Quando a alinhamos com a energia do amor, do auto-amor, somos capazes de criar uma realidade baseada na expressão da nossa essência, o que gera a tão buscada paz. Esta força vem sendo bloqueada por nós desde a nossa concepção. Crescemos e queremos a todo custo evitar a dor emocional, a dor física, a dor mental, na expectativa de nos proteger e acabamos alimentando estas dores, gerando crenças negativas, altamente limitantes. Elas resultam por ganhar espaço nas nossas vidas, instalando-se no nosso incosciente e influenciando, assim, cada decisão nossa. Tudo isso sem nos darmos a menor conta. Segundo Barbara Brennan, autora dos best sellers «Mãos de Luz» e «Luz Emergente», que também foi minha professora e inspiração, «o processo de cura é um processo de liberação da nossa força criativa para o triunfo da saúde e do bem-estar. « . Barbara Brennan, terapeuta energética e física da NASA, tem suas bases no Pathwork de John Pierrakos, que desenvolveu com Alexandre Lowen a bioenergética, debruçados nos estudos de William Reich. Os nossos encontros são um convite para que, por meio de exercícios físicos, respirações, técnicas teatrais, meditações, possamos nos reconectar à nossa fonte criativa. Um convite para o auto-amor, para a comwww.cultive-org.com

Viviane Lutz-Reikiana nível II, Moon Mother® nível 3. C CULTIVE | 115


Saúde

VA N E S S A GOMES DE MORAES nasceu em Brasília no dia 14 de setembro de 1973. Filha de Neuzemar Gomes de Moraes e Vancy Gomes de Moraes, tem uma filha, Ísis Gomes Dutra. Graduada em Medicina pela Universidade Federal do Ceará em 1996, com especialização em Oftalmologia e em Acupuntura. Capacitação em medicina do tráfego; atuou ainda como médica perita da Justiça Federal. Presidente do Centro Cultural do Ceará. 116 | CULTIVE

Embaixadora da Divine Académie Française des Arts, Letres et Culture. Correspondente estrangeiro internacional da Academia de Letras e Artes de Portugal e da Académie de Lettres et Arts Luso-Suísse. Conselheira do Fórum Permanente de Pesquisas pela Educação no Estado do Ceará. Acadêmica do CONINTER (Conselho Internacional dos Acadêmicos de Ciências, Letras e Artes). Diretora administrativa da ONG CAVIVER (Centro de Aperfeiçoamento Visual Ver a Esperança Renascer) para crianças com deficiência visual. Livros publicados: “A mala é pequena, mas a bagagem é grande – Crônicas de viagens” (2016); Esoterismo (2018); Um mundo de aventuras de mãe e filha (2018). Participação em diversas palestras e antologias. www.cultive-org.com


POR MAIS SAÚDE:

D

e acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS/WHO), uma pessoa saudável precisa ter um completo bem-estar físico, mental e social. Não consiste apenas na ausência da doença, como muitos ainda acreditam. Como direito fundamental do ser humano, a saúde é essencial na construção da paz e desenvolvimento social em todos os países. Os governos têm responsabilidade pela saúde dos seus povos, segundo a própria OMS. Esse é um fator no qual os países em desenvolvimento, como o Brasil, tem deixado de investir, prejudicando toda a população. Hospitais superlotados, falta de material e medicação, profissionais não reconhecidos na sua luta diária. Em uma visão holística, percebemos que outros fatores também influenciam nossa saúde e bem-estar, tais como: lazer, sono reparador, autoestima elevada, hobbies, meditação, segurança, equilíbrio financeiro. Infelizmente, vivemos em um período de crise no país, cuja instabilidade adoece a população, tanto pela falta de investimentos, quanto pela insegurança nos empregos. Na prática, clínicando em consultório há 17 anos, posso observar a quantidade de doenças psicossomáticas e falta de resposta ao tratamento clínico, que em muitos casos contrastam com o uso abusivo de medicamentos, quando o problema é muitas vezes carência afetiva, stress, violência... A Medicina Tradicional Chinesa considera o corpo e a mente como um todo integrado. Para ter uma boa saúde, temos também que ter uma boa alimentação, respiração e emoções. Sentimentos que veem de dentro; ações, palavras e emoções que veem de outros ou do ambiente em que estamos, captamos também. Uma raiva, uma discussão podem alterar nosso organismo no mowww.cultive-org.com

mento, ou, se crônico, o problema dá origem a muitas doenças. Asma, sinusites, dores em geral (lombares, cervicais, enxaqueca...). Não podemos nos afastar dos problemas, mas a sabedoria nos ensina a lidar com eles. Utilizar a natureza como fonte de vida, para relaxamento, atividades físicas, brincadeiras com as crianças. A música, a arte, danças e cultura, traz alegria, conhecimento, educação, ajudando a elevar o nível social e intelectual de todos ao nosso redor. A espiritualidade tem grande importância no bem estar da população: fé, oração, pensamentos positivos. Estudos recentes mostraram que pessoas com espiritualidade têm hábitos de vida mais saudáveis. Este é um ponto de grande relevância na saúde pública, pois um dos seus pilares é a prevenção. Por estas pesquisas, observaram que as pessoas que cultivam a espiritualidade têm menor taxa de estresse e depressão, suportam melhor a dor, mantêm o sistema imunológico mais atuante. Algumas pessoas expressam a sua espiritualidade através da religião (orações e serviços religiosos). Para outras, a espiritualidade é a integração com a natureza e o universo. Para alguns, música, meditação ou arte. A espiritualidade é uma estratégia no combate à dor crônica, pois com elas a pessoa encontra a paz e a força para combater a dor e o stress. Nós, profissionais da área da saúde, necessitamos ampliar a visão de que atuamos diretamente não apenas nas células e moléculas, mas lidamos acima de tudo com emoções, sentimentos, crenças particulares, em um contexto cultural, social e ambiental. Para isto precisamos de estudo e formação (além do investimento do Estado) em saúde pública, epidemiologia, pesquisa, medicina social, medicina alternativa, holística e outras mais. Vanessa Gomes de Moraes Presidente do Centro Cultural do Ceará C CULTIVE | 117


AR 118 | CULTIVE

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RTE o ã ç o i ã s ç o i s p o x s s E xp Plu lu E rt tPP AAr

Exponha na GART PlUS Galerie d’Art em Genebra Revue Cultive cultivelitterature@gmail.com

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LEILA LIMA CHAVES

é natural de Fortaleza.. Formada em Pedagogia e Educadora da Sala de Leitura no município de Itaitinga. Especialista em Educação Infantil Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional. Estudou Desenho e Pintura pela Unifor nos anos de 2012/2013. Estuda Pintura em tela e em tecido no Ateliê Jsilva Studio desde 2014. Participou da exposição Origem: Pintura e Poesia no Shopping Center Um pelo Ateliê Jsilva Studio no ano de 2015. Participou da exposição Arte é vida no Shopping Center Um pelo Ateliê Jsilva Studio. Participou da exposição Integrarte pela Academia de Letra e Artes em Fortaleza e Mossoró, no ano de 2016. Participou da exposição no FECCFOR orgainzado pela Cultive de Genebra em setembro de 2018.

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A

Luciana Imperiano

rtista plástica de mil facetas. Luciana é brasileira porém mora em Berlim há quase 15 anos com o marido e dois filhos.

sensíveis e criativos como a sua pintura. Alguns desenhos de Luciana aqui publicados são a prova do seu talento.

Pintura, modelagem, grafismo, costura, fotografia, desenho, são algumas das muitas habilidades de Luciana. utilzando acrilico, grafite, carvão, aquarela, papel e tela ela dá livre voo a sua imaginação

Outra habilidade da Luciana, ela também tem facilidades para línguas, fala cinco idiomas que utiliza para outra atividade que exerce em Berlim, intérprete e guia de turismo.

Além de artista ela também escreve poemas

contato: luimperiano@yahoo.com

Mulheres de papel

mulheres que derretem na aquerela , mulheres nascidas da ponta dos lápis, das canetas, das penas. Bailarinas, mergulhadoras, trabalhando ou descansando elas estão presentes nas obras de Luciana. Uma pequena centelha de vida nasicda das suas pinceladas. Uma homengaem? Uma presença expressa para lembrar que as mulheres devem estar sempre em evidência, ou quemn sabe para lembrar a quem vê que essa criatura multiforme, de mil utilidades, é uma cosntante na vida terrestre. Com cor, sem cor, sutil e forte. concreta ou abstrata

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LUCIANA IMPERIANO BODNER

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LUCIANA IMPERIANO BODNER

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LUCIANA IMPERIANO BODNER

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LUCIANA IMPERIANO BODNER

bailarina

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MARCIA PRATA

Frida acrílico 126 | CULTIVE

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MARCIA PRATA

acrílico

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MARCIA PRATA

Monalisa Acrílico

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MANOEL OSDEMI Artista, escritor e músico

A sombra dos namorados ÓLEO

Bitupitá óleo

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RITA GUEDES

Carmem Miranda acrĂ­lico

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RITA GUEDES

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VALQUIRIA IMPERIANO

L’HOMME OISEAU Acrylique , feuille de l’or sur toile 80x100

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Benjamin Christina

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VALQUIRIA IMPERIANO

La vigne au Salève acrílico

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VALQUIRIA IMPERIANO

Pavôts rouges. É primavera, as flores ressurgem, polinizando o ambiente, convidando as abelhas, os pássaros, as formigas e outros insetos. É o despertar da natureza e a renovação da vida com suas cores, perfumes e beleza. O que há de mais belo do que a natureza? Valquiria responde a essa questão mostrando nas suas telas: a própria natureza. Valquiria dá a sua interpretação e imortalizá-as nas tela.

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EDIÇÕES CULTIVE

CULTIVE CULTIVE | 1

Revue Suisse de Culture et d’art

Natal

cultural o siNo está bateNdo bateNdo

MUSEU DO TRANSPORTE do antigo ao futuro cultura e lazer

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- I S SN - 2 5 7 1 - 5 6 4 X

6

R EV U E C U LT I V E

Magazine Cuétive - ISSN 25 71-564X

n°004| année 01 | 2017

HOMENAGEM à «MULHER QUE FAZ»

GENEBRA COMEMORA A ESCALADE

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O MUNDO DA LITERATURA ARTE

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Autores Brasileiros falam do Natal

O LOUVRE

LOUVA CRISTO ARTE SACRÉ

C CULTIVE | 1 LIVROS HOMENAGEM

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Revue Cultive Criação por V I Guillemin Data da criação novembro/2016 Colaboradores diversos escritores, artistas plásticos, fotógrafos © CADA AUTOR DETÉM OS DIREITOS AUTORAIS SOBRE OS TEXTOS PUBLICADOS NESTE JORNAL © V. Guillemin detém os direitos autorais deste jornal Os textos são de autoria e responsabilidade do autor. capa : Luciana Imperiano Bodner © V Guillemin Revisão parcial do autor Revisão geral: V I Guilemin Diagramação: Luciana I Guillemin Editor executivo: Luciana Imperiano Editor chefe: Luciana Imperiano Imagens: ©Marc Guillemin alguma imagens cedidas pelos autores e imagens de utilisação gratuita Distribuição gratuita por meios virtuais Tema desta Edição: Noel Magazine Cultive ISSN 25 71-564X Site: https://www.cultive-org.com/ Revista: https://issuu.com/cultive

O pdf da Revue Cultive para impresssão encontra-se no site www.arts-imperiano.com

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Próxima edição da REVUE CULTIVE : Janeiro/2019 Participação limitada Textosenviados são sujeitos a aprovação C CULTIVE 139 Revista Cultive || 03


V

Campanha da felicidade

Valquiria Imperiano

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