Jornal Laboratório - nº 45 - 2021.1

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JORNAL

DA

PINHEIRO DISTRIBUIÇÃO GRATUITA | Ano XX| 2021.1| nº 45

COVID-19 avança no país e lota hospitais CARLOS GOMES • carloszacariasadm@gmail.com

No final de 2019, uma misteriosa e desconhecida pneumonia foi descoberta na China, e o que parecia uma doença simples, foi ganhando de forma silenciosa e invisível o restante do mundo. Poucos dias depois, cientistas chineses descobriram que um novo coronavírus, altamente contagioso, era o causador da doença. p.04

Pandemia causa crise financeira no setor cultural Desde o início da pandemia causada pelo coronavírus, que provoca a doença Covid-19, o Brasil, assim como outros países, passam por uma grande crise sanitária e financeira.

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Veja mais... “Megaferiado” do Rio de Janeiro afeta pequenos p.02

Vida financeira dos Brasileiros, após um ano de pandemia p.XX

O Maracanã antigo faz muita falta para o povão p.XX


Editorial O processo de confecção jornalística é transpiração. Muito trabalho é desenvolvido desde a seleção do conteúdo para abordagem. É trabalho de pesquisa, redação e produto final. Os fatos são apurados sobre a ótica multifacetada, preservando a ética com intuito de demonstrar de forma clara e objetiva várias linhas de análise. Isto permite que a opinião pública mantenhase atualizada e esclarecida sobre diversidade de fatos. O trabalho executado pelo jornal laboratório reflete a base teórica desenvolvida em quatro anos de graduação, no qual os alunos vão pondo em prática tudo o que aprenderam.É a hora de ter uma ideia real de como funciona uma redação.Participar das fases de produção e concretização do jornal.É a preparação para o mercado de trabalho e para a eficaz prestação de serviço a comunidade. Os temas abordados levam em conta os assuntos de maior relevância e as editorias estão alinhadas com temáticas atualizadas e envolventes. Os transtornos causados pelo grande número de desapropriações para os eventos esportivos, o impacto ambiental são um retrato do posicionamento desta edição.

Jornal Laboratório do curso de Jornalismo da Faculdade Pinheiro Guimarães Produzido pelos alunos da disciplina Jornal Laboratório (7º período) Diretor-Executivo: Armando S. Pinheiro Guimarães Coordenador do curso: André Luiz Cardoso Editor-Chefe: Sergio Xavier(sergiosx@gmail.com) Repórteres: Carlos Gomes, Taís Flores, Adriano Cornélio, Márcio Faria, Bruna Vieira, João Paulo Gonçalves, Rodolpho Teixeira Diagramação: turma de 7º da discciplina Jornal Laboratório Revisão: Cláudio Pimenta Impressão: Gráfica Folha Dirigida Rua do Riachuelo, 144 - Centro - RJ - CEP 20230-014 Tiragem:15 mil exemplares Rua Silveira Martins, 153 – Catete - RJ Telefone: (21) 2205-0797

www.faculdadepinheiroguimaraes.edu.br

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“Megaferiado” do Rio de Janeiro afeta pequenos empreendedores.

Foto: Bruna Vieira / Rennan Melo vendo do portão sua rua com o comércio fechado em dias de “superferiado”

BRUNA VIEIRA • lbruna.vieira@gmail.com

Na tentativa de conter o avanço da Covid-19 e desafogar os hospitais, o Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes anunciou na ultima semana (25) que faria um “megaferiado” de 10 dias, iniciando no dia 26 de março até 04 de abril, domingo de páscoa. Mas no dia 02 de abril, Paes anunciou a prorrogação até o dia 08 de abril, liberando uma flexibilização a partir de meia noite do dia 09 de abril. O decreto proíbe a circulação nas praias, restaurantes e bares apenas no delivery, horário reduzido de circulação na rua, entre outras medidas. O Estado diz que o descumprimento dessas regras é sujeito a multa de R$562,42. Nos 7 primeiros dias de feriado, a prefeitura do Rio registrou mais de 7 mil autuações aplicadas em bares, restaurantes, ambulantes e interditaram 89 estabelecimentos. Mas enquanto alguns estabelecimentos conseguem se manter, tem quem não possa nem abrir o próprio empreendimento. As pessoas que são classificadas como MEI (Microempreendedor Individual) que possuem uma barraca na rua ou trabalha na praia, estão proibidas de

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funcionar. E boa parte de quem tenta descumprir o decreto, acaba sendo autuado. Conversando com Rennan Melo e Matheus Rocha, dois amigos que abriram uma drinkeria, Drinks do Russo na porta de casa na Zona Norte do RJ, é possível ver a frustração de não levar o negócio para frente e não conseguir pagar as contas de casa. “É pesado você não ter a certeza de quando isso tudo vai passar e não saber o que levar para comer dentro de casa. Você escolhe se paga a luz ou se compra mais carne”, comentou Rennan triste sobre a sua atual situação. Para Matheus, é um pouco mais complicado. O amigo precisa todo final de semana se deslocar da sua casa até a casa de Rennan, onde os dois trabalham. Mas nem para fazer uma reunião, saber o que podem vender, comprar, eles podem, afinal, sem dinheiro no caixa, não tem como pagar a passagem de ônibus. “Uma vez por semana a gente se reúne para ver o que falta, repor material e deixar tudo preparado para abrir a drinkeria, mas a gente fica com medo de levar uma multa, de

perder tudo. O problema também é o movimento, não está tendo... A gente realmente fica a mercê”, completou Matheus pelo telefone explicando a dificuldade do momento em que estão passando. Por conta desse decreto, as ruas estão mais vazias e o movimento não é o mesmo, mas fica a esperança de tudo voltar ao normal e o negócio se reerguer. O Prefeito Eduardo Paes disse na ultima coletiva de imprensa, sábado (27) que “ninguém está feliz com essas medidas, mas que não podemos ignorar o que os especialistas dizem”, ainda completou dizendo “só há emprego se há vida”.

Foto: Bruna Vieira / Rennan conversando com o seu sócio por chamada de vídeo


CULTURA

Pandemia causa crise financeira no setor cultural ADRIANO CORNÉLIO • adriano@pressway.com.br

Teatro Carlos Gomes, Centro do Rio, fechado em razão das medidas de restrições (Foto: Adriano Cornélio)

Desde o início da pandemia causada pelo coronavírus, que provoca a doença Covid-19, o Brasil, assim como outros países, passam por uma grande crise sanitária e financeira. O afastamento social gerou enormes problemas em vários setores da sociedade, e a cultura é um dos segmentos que mais vem sofrendo, com a paralisação das atividades, e, consequentemente, com a falta de serviço e de dinheiro para os profissionais da área. Diante dessa circunstância, o setor do entretenimento foi obrigado a se reinventar. Procurar alternativas para manter a produção dos conteúdos e , criar novos meios de atrair o público e fazer com que ele continuasse consumindo diversão. Esses estão sendo se tornou o os maiores desafios para o setor. Com o isolamento social, a ideia foi produzir o material e levar até o conforto do lar do espectador, por meio da internet. Shows e espetáculos que antes eram presenciais foram

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transformados para o modo digital e online, com a preocupação de que não perdessem a qualidade. Em entrevista ao Jornal Pinheiro, o fundador, diretor e organizador do Projeto Música no Museu, evento de música clássica, Sergio Costa e Silva, relata os desafios de se adaptar a essas novas mudanças. “Infelizmente, a pandemia acabou fazendo o motivo de modificação do nosso formato, e optamos pelo virtual, afim de não finalizar o projeto depois de tantos anos de sucesso. Dificuldades, muitas dificuldades. Transformar presencial em virtual, inicialmente, exige uma mudança de gravações dos músicos que pudessem ser aproveitadas na mídia social”, disse. A dificuldade de transpor trabalhos produzidos para os palcos para uma ferramenta à distância, e a falta de recursos financeiros para auxiliar artistas, produtores e todos os demais profissionais da área, foram amenizadas pela Lei Aldir Blanc, de nº 14.046, de

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24 de Agosto de 2020, iniciativa da deputada Benedita da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), aprovada pelo Congresso Nacional e depois regulamentada pelo governo federal. A ação busca apoiar todos os trabalhadores do setor que sofreram com o impacto das medidas de distanciamento social, em razão da Covid-19. O prazo de um ano que foi dado para a remarcação dos eventos após a data de encerramento do Estado de Calamidade Pública acabou no entanto se tornando insuficiente para contornar todos os prejuízos sofridos. Teatro, cinemas e casas de shows fechados trouxeram muitos problemas para a classe artística. Isso significa dizer que 2021 traz grandes desafios para os beneficiários da lei, que, desde o começo do ano não mais recebem o auxílio emergencial, no valor de R$ 600,00. O auxílio emergencial da Lei Aldir Blanc tende a favorecer dois tipos básicos de beneficiários: pessoas físicas, que engloba os

profissionais do setor artístico e cultural, e entidades culturais afetadas em suas atividades. O ator e presidente da Cooperativa dos Artistas do Brasil (COOPERARTE), Vitor Andrade, relata que, mesmo registrado, teve dificuldades em conseguir o benefício concedido pelo governo. “Não recebemos nenhum apoio do governo. Pois, pois a lei Aldir Blanc só veio beneficiar instituições culturais que têm no mínimo 24 meses e, no caso da nossa cooperativa, a gente só tem apenas um ano. Com a pandemia, se tornou impossível viver de arte porque todos os trabalhos cessaram, o teatros fecharam, as gravações na TV pararam. Aqui na nossa cooperativa, tivemos que parar com todas as nossas atividades. As oficinas de teatro, TV e cinema, de dança, e outras oficinas também. Tivemos que paralisar outros projeto, espetáculos teatrais que tínhamos, os nossos filmes curta metragens. E a situação financeira dos artistas da cooperativa, e a minha não é nada boa. Porqu, porque e estamos sem trabalhar a mais de um ano”, desabafou. A chegada do momento pandêmico trouxe novos hábitos para toda a sociedade. Impossibilitados de frequentar teatros, centros culturais, museus, cinemas, parques e casas de shows, o público se adequou aos conteúdos pela internet, sem sair do conforto do lar, e sem se expor ao contágio do vírus. E com a quarentena imposta pela pandemia já tendo completado um ano, o público estabeleceu uma nova relação com a televisão, o computador e o celular, meios pelos quais passou a se divertir, tornando-se um consumidor maior de streaming, lives, filmes e espetáculos teatrais on line.


CAPA

COVID-19 avança no país e lota hospitais CARLOS GOMES • carloszacariasadm@gmail.com

No final de 2019, uma misteriosa e desconhecida pneumonia foi descoberta na China, e o que parecia uma doença simples, foi ganhando de forma silenciosa e invisível o restante do mundo. Poucos dias depois, cientistas chineses descobriram que um novo coronavírus, altamente contagioso, era o causador da doença. No dia 26 de Fevereiro de 2020, o Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso de COVID-19 no Brasil, desde então, a doença vem evoluindo no país. Passado mais de um ano após o primeiro caso, o Brasil contabiliza a triste marca de mais de 300.000 mortos, ficando em segundo lugar, perdendo apenas para os Estados Unidos. O Dr. Pedro Nunes Neto é médico intensivista do hospital federal de Ipanema, e fala como é feito o tratamento de pacientes contaminados com a COVID-19: “Há protocolos bastante rígidos no atendimento na emergência, ou seja, quando o paciente chega para ser triado atendido já é feito uma triagem para avaliar se tem risco de ter COVID. Se der Ppositivo, ele vai para uma ala específica, com todos os EPI’s e uma rotina de atendimento seja tanto pela enfermagem quanto pelo médico já bem determinado, são feitos feitas rotinas de exames padronizados, e confirmando a suspeita decidindo se o paciente vai ser internado, ou não”, disse ele. Um dos grandes desafios da Pandemia da COVID-19 é manter o distanciamento social. A bibliotecária Joicilene Ramos, que testou positivo para a COVID-19 fala como foi ficar longe dos filhos, durante os dias em que

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estava contaminada: “Na verdade, é bem complicado ficar afastado dos filhos que estão na mesma casa, mas eu tentei, eu fiquei no meu quarto isolada, e quando precisava sair para ir ao banheiro, que eles me viam, saiam correndo para me abraçar, aí a minha irmã tirava e explicava pra eles que não podia. Porque lá em casa, a gente explicou pra eles o que que é a COVID, os sintomas, e também a TV está mostrando o tempo todo, na internet, então eles já estão sabendo do que que é”, explicou ela. No Brasil, não há uma coordenação nacional nas medidas de restrição. Elas ficam a cargo de governadores e prefeitos, o que para muitos especialistas contribui para o descontrole da Pandemia, considerando que seriam necessárias medidas unificadas no país inteiro. O uso de máscara, antes defendido apenas para quem estivesse contaminado, passou a ser regra em todos os estados, como forma de minimizar o risco de contaminação, além disso, em praticamente todos os lugares do mundo, o uso de máscara é obrigatório. Felizmente, há muitas pessoas que conseguem vencer a doença. No Brasil, há mais de 10 milhões de curados da COVID-19. Uma dessas pessoas que venceram a doença foi o Supervisor Operacional supervisor operacional, Ronaldo Torrão, ele conta que ficou apreensivo quando recebeu o resultado: “No primeiro momento, quando eu recebi a notícia de que estava contaminado em casa, bateu aquele medo, e agora, o que será de mim?, Sserá que eu vou precisar ser internado?, foi uma apreensão muito grande, mas os dias foram passando e eu percebi que não tive

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sintoma algum, não tive reação nenhuma, não tive dificuldade para respirar, e a partir disso gente passa a ficar mais calmo”, conta ele. Atualmente, o Brasil conta com acordos para a aquisição de vacinas, com alguns laboratórios, mas a vacinação segue em ritmo lento, o que tem gerado críticas ao Brasil, por ter ficado para trás na

Vacinação no Brasil está lenta | Foto: Divulgação

compra de imunizantes. Enquanto a vacinação segue em ritmo lento, os números de casos não param de subir. Em alguns estados, como o Amazonas, houve problemas com oxigênio e pacientes vieram a óbito por esse motivo. Outros estados estão com hospitais lotados, e com o sistema de saúde em colapso.


EDUCAÇÃO

Desequilíbrio na educação remota preocupa educadores e alunos JOÃO PAULO GONÇALVES • joaopaulo_gp@yahoo.com.br

Irmãos dividem o celular da mãe para estudar de forma remota. (Foto: Divulgação)

Após um ano com portas fechadas, escolas públicas e privadas não conseguem estabelecer um método eficaz para garantir o ensino de qualidade durante a pandemia. Essas são as palavras de Edson Santos Da Silva, diretor do CIEP 377, Carmem da silva, localizada em Recantus, Belford Roxo. Segundo ele, esse período de isolamento social revelou o grande abismo que existe na sociedade. Enquanto uns têm acesso farto a internet, para grande maioria, ter um pacote de dados é sinônimo de luxuosidade. “Percebendo a secretária de educação que o acesso ao conteúdo didático era mínimo, disponibilizou o site e possibilitou às escolas produzirem seu próprio material. Porém, a realidade dos alunos que estão mais próximos da periferia é complexa. O acesso à a internet é escasso ,muito caro e o poder aquisitivo da população é menor, então esse público fica muito carente de internet,

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tornando a impressão do arquivo uma tarefa quase inviável “ Além dos custos relacionados ao modo on-line, o educador aponta para as dificuldades na infraestrutura, pois muito antes da pandemia se fazia notório a falta de computadores de qualidade e iluminação adequada na instituição. A falta de preparo pedagógico é outro fator que minimiza o avanço da aprendizagem, nesse período pandêmico, isso porque as técnicas e ferramentas utilizadas durante as aulas presenciais são ineficazes nas modalidades remotas. Neste caso, é necessário que o professor passe por um período de adaptação para que o mesmo consiga prender a atenção dos alunos através de videoconferência. No ano passado, o MEC (Ministério da educação) decidiu que os alunos não poderiam ser prejudicados pelas alternativas virtuais adotadas, recomendando a aprovação dos alunos durante o período de pandemia, porém deixou

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a cargo das escolas avaliarem o desempenho dos alunos. Para o professor de português, Edmilson Queiroz, que leciona à quase uma década, é de grande valia o uso da nova modalidade virtual à favor da educação. “A tecnologia veio para somar. Dentre as vantagens podemos citar, economia de tempo e dinheiro para colaboradores e alunos, os estudantes atendidos por esse sistema podem obter seu material a qualquer momento, estimulando a autogestão da vida acadêmica. Como nos países de primeiro mundo. O problema está na estrutura que o nosso país apresenta, podemos dizer que é uma falha governamental. Ou, ou seja, se o recurso digital não for realidade absoluta na vida da população, dificilmente esse tipo de conhecimento solucionará esse período de crise.” Para a autônoma, Lariane Silva da Conceição, o modo on-line estabelecido pelas escolas durante a pandemia não é eficiente. Ela

se formou durante o ano letivo de 2020 e mencionou que o sistema educacional apresentam falhas. “ Nas escolas públicas, o ensino já é fraco, tive muito trabalho para desenvolver matérias com cálculos, meu smartphone não era adequado e tudo tirava minha atenção. Os professores lançavam as atividades e explicações no grupo de whatsapp de cada matéria e não davam tempo para responder. Estudar on-line exige muita concentração, apesar de ter me formado, não acho que valeu a pena. Não aprendi como deveria e na minha opinião o ano de 2020 deveria ser anulado e voltar de forma presencial assim que possível.” O mal funcionamento da plataforma de ensino disponibilizada pelo governo lidera a lista de reclamações de pais e responsáveis de alunos. Muitos alegam que, o aplicativo é pesado e trava constantemente, além de consumir toda memória do telefone e bateria do aparelho. O formato da tela é outro agravante, que demonstra insatisfação, por ser muito pequena, muitas crianças possuem dificuldades para transcrever o conteúdo listado pelos professores. O próximo fator e talvez o mais prejudicial de todos é a realidade social que cada lar está inserido. Nas famílias mais carentes, muitas das vezes existe um único aparelho para atender todo corpo familiar, contemplando pai, mãe e irmãos. Assim fica difícil aprender.

Edson Santos na reunião de líderes e mestres debatendo o desempenho de estudantil de ano de 2020


SAÚDE

Saúde prejudicada por trabalho noturno MÁRCIO FARIA • marcio.renatofaria@gmail.com

Trabalhador noturno exausto meio ao expediente (Foto: Divulgação)

Mais de 15 milhões de trabalhadores brasileiros desenvolvem as tarefas entre 22h e 5h. Esses colaboradores atuam nas empresas, de casa ou em indústrias. Por ser mais desgastante que os demais turnos, esses profissionais recebem tratamento diferenciado. Dessa maneira, a computação da hora trabalhada equivale a 52 minutos, com direito ao adicional noturno e hora extra, caso a jornada de trabalho exceda. De, de acordo com o Art. 73 da consolidação das Leis do Trabalho – CLT. A evolução tecnológica tem acelerado a demanda de serviços, dessa maneira o trabalho noturno tornou-se essencial para a sociedade. Mas o colaborador designado a desempenhar tais tarefas está exposto a desenvolver uma série de problemas de saúde, tendo em vista que as atividades laborais, nesse período, são mais desgastantes que as demais. Portanto, o trabalho nesse turno agride a saúde do colaborador, porque o corpo

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humano gasta mais energia ao tentar suprir as necessidades do expediente. Geralmente, esses trabalhadores sentem-se bastante fatigados por conta das noites perdidas e quando deitam o barulho atrapalha o descanso diurno. Fabrício Mota é funcionário noturno em uma doceria na Zona Oeste do Rio de Janeiro, mesmo com formação e experiência na área administrativa, o profissional está fora do ramo há dois anos. Sem alternativas, percebeu no comércio a oportunidade para sustentar a família. Mas está descontente por desempenhar dupla função. São dez horas diárias trabalhando sozinho. Então para facilitar o desempenho das atividades na loja, cuida para que os ambientes são sejam bem organizados por ele. Portanto, além de atender, receber pagamentos, empacotar e entregar os produtos aos clientes ė preciso estar atento aos momentos em que não houver fluxo de pessoas, para repor as mercadorias nas gôndolas, arrumar

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e limpar toda loja. Durante a jornada, o colaborador não consegue descansar e se alimenta no balcão de atendimento, uma situação desconfortável e estressante. Diante da fadiga, o profissional enfrenta grande obstáculo quando precisa ir ao banheiro, porque os clientes não costumam compreender sua ausência e ficam o chamando sucessivamente. Por isso, muitas vezes o atendente deixa de fazer as necessidades fisiológicas para atendê-los. Por estar vulnerável, Fabrício sente-se inseguro em trabalhar a à noite sozinho, portanto observa os comportamentos e atitudes das pessoas que entram na loja. O medo da infecção por Coronavírus também complica a sua rotina e gera indignação, ao perceber que os clientes não usam máscaras de proteção e não possuem hábitos de cuidados com a própria saúde. A sonolência no ambiente de trabalho causa irritabilidade e constrangimento em Fabrício que

tenta despertar caminhando no interior da loja, mas se desequilibra e bate nos produtos armazenados no depósito; então com poucos recursos procura lavar o rosto e a cabeça, entretanto seu corpo continua pedindo repouso. Por essas questões, o profissional pretende retornar ao ramo administrativo para trabalhar em horário comercial, mas entende que esse objetivo será alcançado quando houver normalização referente a questão epidemiológica do Coronavírus, que assombra o mundo. O corpo humano produz a melatonina naturalmente, um hormônio responsável pela regulação do sono e está ligado ao ciclo circadiano. O metabolismo é regularizado pela melatonina produzida especialmente durante os repousos da noite. O hormônio também é responsável pelo ajuste do organismo no período diurno. Portanto, o repouso diurno dificulta e reduz a produção do hormônio podendo desencadear uma série de doenças ocupacionais, o que de fato pode gerar afastamentos dos empregos. Contudo, ao lutar contra o sono para dar conta das tarefas do expediente, o colaborador está sujeito a desenvolver doenças gastrointestinais, cardiovasculares, psicológicas, aumento da pressão arterial, obesidade, diabetes, distúrbios visuais e baixa imunidade. De, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Portanto, para minimizar o desgaste físico e emocional é importante dormir sempre no mesmo horário, incluindo os dias de folga, manter uma dieta balanceada, arejar o ambiente e cobrir as janelas para evitar a claridade.


ECONOMIA

Vida financeira dos Brasileiros, após um ano de pandemia TAIS FLORES • taisflores_cat@hotmail.com

Com o isolamento social provocado pela Covid19, a vida financeira dos brasileiros teve um impacto muito grande, o que antes já estava difícil, agora com a crise do coronavírus estar está pior, uma pesquisa realizada pelo PoderData mostra que 64% da população tiveram suas contas em atraso ou não pagas pela falta de verbas. Uma questão que preocupa a população em geral pois, praticamente, metade da população brasileira tiveram a situação financeira prejudicada, após um ano de pandemia. Com o passar do tempo, as pessoas estão cada vez mais preocupadas com a crise e questionam será que vai passar? Uma pergunta que todos querem a resposta. Enquanto isso, muitos sobrevivem com uma renda extra para ter pelo menos o que comer. Para a economista, Julia Leal, o brasil Brasil teve muitos impactos: ``A crise provocada pela pandemia do novo coronavírus representou um duplo choque de demanda e oferta. Do lado da demanda, podemos destacar a queda do consumo, da renda, das exportações e do investimento privado devido às incertezas. A oferta, tanto de bens quanto de serviços, foi afetada pelas medidas necessárias de distanciamento social e fechamento parcial (ou total) de empresas e comércio. Todos os setores da economia foram impactados, desde o pequeno comerciante até empresas aéreas e de hotelaria´´ Uma pesquisa realizada pelo o Ibope solicitada pelo Facebook, mostra que 1,5 mil internautas com idade acima de 16 anos, em março, detectou que 58% acreditam que a economia só retornará em 6 meses ou mais de um ano. Para 79% das pessoas, sua situação financeira estará muito pior, e muitos ainda sofrem com o medo de perder o emprego nessa pandemia. Mesmo o governo criando a LEI 13.982, de 2 de abril de 2020 que permitiu uma ajuda no valor de 600 reais durante três meses e depois prorrogando por mais três meses, foi um alivio, mas não o suficiente para todos, ainda mais as mulheres, chefe de família, muitas delas ficaram desempregadas e

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Comércio, um dos maiores afetados na pandemia (Foto: Divulgação)

sem poder sair de sua casa para buscar de novas oportunidades. Mesmo, após um ano de pandemia, uma situação mundial o governo brasileiro não se preparou para uma possível crise de saúde e econômica como relata a economista Julia Leal: Não. A postura do governo de negar a gravidade da pandemia e atrasar a compra de vacinas impacta diretamente o bemestar da população e os indicadores econômicos. A imagem do Brasil está manchada internacionalmente e

estamos enfrentando o pior momento da pandemia, com recordes diários de óbitos, hospitais sobrecarregados, falta de insumos e uma campanha de vacinação ainda embrionária. Devemos acreditar e não perder a esperança que essa situação tão caótica um dia vai passar, e sempre cobrar do governo uma posição e enquanto não chega é possível driblar essa crise financeira para que o governo não sofra mais impactos futuramente: Participação ativa do Estado. O governo deve aumentar o investimento

Situação financeira é preocupação dos brasileiros na pandemia (Foto: Divulgação)

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público e fornecer um nível de renda suficiente para garantir o bem-estar das famílias mais necessitadas. Também é obrigação do Estado estimular o investimento privado e socorrer pequenos/microempresários. Na contramão, o que observamos é a ausência de um governo capaz de estimular a economia, principalmente através da expansão dos investimentos públicos. Além disso, é preciso combinar medidas de isolamento com vacinação em massa para conter o avanço do vírus.


ESPORTES

O Maracanã antigo faz muita falta para o povão RODOLPHO TEIXEIRA • rodolphoivo@aluno.pinheiroguimaraes.br

Num lindo chute de primeira, Ademir de Menezes fez o primeiro gol oficial da seleção no Maracanã. (Foto: Divulgação)

Construído para ser palco dos jogos da copa de 1950, o estádio Jornalista Mário Filho, conhecido como Maracanã, deixou uma saudade para os torcedores que presenciaram grandes jogos dos seus times de coração e seleção brasileira até meados de 2010. O primeiro Jogo oficial da seleção Brasileira foi contra o México, com uma bela vitória por 4 x 0. Antes o estádio chegou a ter um público 199.854 espectadores, num jogo que, considerado por muitos o mais importante da história: Brasil 1x2 Uruguai, na final da copa do mundo de 50, conhecido como “Maracanazo”. A primeira partida aconteceu no mesmo ano, num confronto entre as seleções de São Paulo e Rio de Janeiro. Os paulistas venceram por 2x1, num jogo com vários atletas que também jogavam na seleção. Outro jogo que entrou para a história do estádio foi o milésimo gol de Pelé, contra o Vasco da Gama, em novembro de 1969 Além de jogos importantes, o estádio recebeu artistas famosos em shows: Frank

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Sinatra, no ínicio início dos anos 80, algumas bandas de rock, entre outros eventos, receberam milhares de pessoas. Mas com as reformas, a capacidade do estádio foi reduzida. Na primeira, em 1999, a capacidade foi reduzida para 103 mil torcedores, devido ao mundial de clubes, organizado pela FIFA, em 2000. Com cadeiras atrás dos gols, os nomes dos setores mudaram para arquibancada verde e amarela. Nas arquibancadas centrais, o que foi alterado foi o lado esquerdo, que passou a ter cadeiras brancas. As tribunas de honra continuaram no mesmo lugar. Mesmo com essas mudanças, a geral, que tinha o preço do ingresso mais em conta, tinham personagens ilustres, pessoas fantasiadas, outros com seus radinhos de pilha, o setor mais animado e irreverente do maior estádio do mundo. Nas arquibancadas o preço teve um aumento, principalmente no setor das cadeiras brancas (parte central do estádio). Nos setor verde e, amarelo, cadeiras comuns e geral, os preços continuaram acessíveis,

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sendo assim, o maracanã continuou recebendo bons públicos nos jogos. Com a instalação das cadeiras, a capacidade foi reduzida. Mas por outro lado fator muito importante foi a permanência da cobertura original do estádio, pois manteve a qualidade da acústica do estádio. Um restaurante popular foi construído, os valores dos ingressos continuaram atrativos, e isso era muito bom para os amantes do futebol. As cabines de rádio e Televisão também foram reformadas, para que repórteres e radialistas pudessem trabalhar com mais conforto nas transmissões. Entre os anos de 2005 e 2006, o estádio fechou para mais uma reforma, que jamais será esquecida pelos torcedores mais humildes. O gramado foi rebaixado e novas cadeiras foram colocadas no lugar do setor mais alegre do estádio: A geral. Com isso, as cadeiras comuns foram expandidas e todos os torcedores passaram a assistir os jogos sentados. Os placares eletrônicos foram substituídos por telões de Led e o sistema de som também foi trocado por outro mais moderno. Assim o estádio foi perdendo sua essência, originalidade que carregava há décadas e encantou milhares de Brasileiros. Em 2010, Maracanã passou por uma nova reforma para a copa de 2014. Além do gramado, camarotes, cadeiras, formato das arquibancadas e o teto foram reformados. Com essas modificações, a capacidade do estádio foi reduzida mais uma vez, para 79.000 torcedores. Com a nova cobertura bem mais leve, substituindo o de concreto, a acústica foi extremamente prejudicada e a “pressão” que era imposta aos adversários,

nunca mais foi a mesma. Com as inúmeras mudanças, a acessibilidade dos torcedores com menos condições financeiras piorou. Antes pagava 5 reais nos ingressos da geral, 10 nas cadeiras comuns e 15 nas arquibancadas. Atualmente o ingresso mais barato, no setor C e B, dependendo da partida chegam a custar 60 reais e isso afastou muitas pessoas do estádio. Diego Ramon, que frequentou como torcedor e Jornalista o Maracanã atual e o antigo, fala sobre os pontos positivos e negativos: “Duas coisas: da geral, onde podíamos ver o jogo circulando em torno do campo, mesmo com todos em pé. A outra era a “aura” que o estádio possuía, com dois lances de arquibancada, original da construção de 1950 e modernizada com o tempo. Com a reforma para a copa de 2014, o Maracanã virou “apenas” mais uma lenda. Um ponto positivo é que ficou mais confortável, seja na tribuna ou nas cabines (com ar condicionado, o que é perfeito em partidas com forte calor). Já o ponto negativo é a distância da tribuna e das cabines do estádio, onde muitos tem dificuldade de enxergar o campo na transmissão. No Engenhão, em São Januário e no Maracanã antigo, o local de trabalho dos cronistas era próximo do campo e dava para ver nitidamente “quem era quem” no gramado” .

O Maracanã com as cadeiras e capacidade reduzida após a reforma, em 1999. (Foto: Divulgação)


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