Jornal Pinheiro - nº 47 - 2021.2

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JORNAL

DA

PINHEIRO DISTRIBUIÇÃO GRATUITA | Ano 16 | 2021.2| nº 47

Onde o Cristo observa o lixo CLAUDINE VARELA • claudinemv@gmail.com

Cidade Maravilhosa, parece que há contradições entre o título, ou apelido, do Rio de Janeiro e a realidade inunda turistas e cariocas. Sim, inunda,e em locais que são cartões-postais, tanto pela beleza quanto pela história, como é o caso do Catete, onde, a cada chuva mais forte, turistas são impedidos de voltar a seus hotéis e hostels, como de visitar o Museu da República ou de acessar o Parque do Flamengo. p.05

Maquiagem: os perigos da compra online e produtos falsificados Comprar produtos importados nunca foi tão comum quanto atualmente, de acordo com dados da E-Commerce Brasil. p.02

Veja mais... Jovens buscam oportunidades diante das adversidades p.03

Retorno de público aos estádios não deveria ser uma prioridade p.04

Videogame vira opção de lazer na pandemia p.08


Editorial O processo de confecção jornalística é transpiração. Muito trabalho é desenvolvido desde a seleção do conteúdo para abordagem. É trabalho de pesquisa, redação e produto final. Os fatos são apurados sobre a ótica multifacetada, preservando a ética com intuito de demonstrar de forma clara e objetiva várias linhas de análise. Isto permite que a opinião pública mantenhase atualizada e esclarecida sobre diversidade de fatos. O trabalho executado pelo jornal laboratório reflete a base teórica desenvolvida em quatro anos de graduação, no qual os alunos vão pondo em prática tudo o que aprenderam.É a hora de ter uma ideia real de como funciona uma redação.Participar das fases de produção e concretização do jornal.É a preparação para o mercado de trabalho e para a eficaz prestação de serviço a comunidade. Os temas abordados levam em conta os assuntos de maior relevância e as editorias estão alinhadas com temáticas atualizadas e envolventes. Os transtornos causados pelo grande número de desapropriações para os eventos esportivos, o impacto ambiental são um retrato do posicionamento desta edição.

Jornal Laboratório do curso de Jornalismo da Faculdade Pinheiro Guimarães Produzido pelos alunos da disciplina Jornal Laboratório (7º período) Diretor-Executivo: Armando S. Pinheiro Guimarães Coordenador do curso: André Luiz Cardoso Editor-Chefe: Sergio Xavier(sergiosx@gmail.com) Repórteres: CLAUDINE VARELA, BRUNA SOARES, LARISSA BARROS, LEONARDO OLIVEIRA, RHAMON MATTOS Diagramação: turma de 7º da discciplina Jornal Laboratório Revisão: Cláudio Pimenta Impressão: Gráfica Folha Dirigida Rua do Riachuelo, 144 - Centro - RJ - CEP 20230-014 Tiragem:15 mil exemplares Rua Silveira Martins, 153 – Catete - RJ Telefone: (21) 2205-0797

www.faculdadepinheiroguimaraes.edu.br

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Maquiagem: os perigos da compra on-line e produtos falsificados

Compradores de maquiagem correm riscos com produtos falsificados (FOTO: LARISSA BARROS)

LARISSA BARROS • deluna.larissa@gmail.com

Comprar produtos importados nunca foi tão comum quanto atualmente, de acordo com dados da E-Commerce Brasil, cerca de 86% dos brasileiros passaram a fazer compras on-line durante o período de pandemia. Maquiadores, ou apenas f ãs de maquiagem, estão sempre atrás de novidades das marcas estrangeiras, mas obter esses artigos não é tarefa tão fácil e seguros como pensam. Sabemos que a internet é recheada de perigos e as compras on-line são um ambiente e tanto para golpistas agirem. O mercado de produtos de beleza pode parecer simples, mas existem diversos riscos para seus consumidores. Além de compras que nunca chegam no seu destino, artigos falsificados são comuns serem encontrados na internet e podem ser muito prejudiciais para quem os adquire, já que problemas como alergias e, até mesmo, doenças mais sérias podem ser o resultado. provocar. Segundo Vanessa Rodrigues, vendedora e maquiadora na MAC Cosmetics, é mais comum do que

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parece pessoas usarem produtos falsificados sem saber: “Às vezes as pessoas compram numa loja de shopping achando que o batom, base, sombra, skin care ou o que for, é original, mas na verdade estão comprando uma réplica feita com ingredientes duvidosos e sem fiscalização de entidades sérias e autorizadas”, disse. Nem sempre podemos confiar no que vemos nas propagandas dos banners ou em fotos, por isso Vanessa dá dicas para quem não quer passar perrengue com maquiagens falsas: “Antes de comprar, é sempre bom verificar resenhas na internet sobre o produto que você está querendo. Avaliar custo x benefício e quais blogueiras falaram sobre aquilo também é uma opção, mas devemos sempre utilizar do bom senso, porque sabemos que nem todas as blogueiras falam a verdade em suas resenhas, então procure uma séria e que tenha know how para falar sobre o assunto. Também é muito válido ler os ingredientes e verificar a presença de parabenos, chumbo, triclosan, alcatrão e

outros como esses que podem ser prejudiciais para a saúde da sua pele”. Apesar do “fácil acesso” das compras on-line, também é possível dar de cara com um produto falso ou nenhum produto na hora que sua encomenda chega. Dani Germano, inf luenciadora digital, afirma que já caiu no golpe num site famoso de compra e venda: “Já comprei alguns produtos de um certo site e os produtos que eu achei que eram da marca x, na verdade eram falsificados e eu acabei com uma alergia horrível nos meus olhos, gastei mais com colírios e remédios do que com a compra no site, ou seja, me dei muito mal”, conta Dani. Após levar o golpe, a inf luenciadora disse que não faz mais compras em sites de revenda, ela prefere comprar em lojas confiáveis como Sephora, Beleza na Web e Época Cosméticos, mesmo pagando mais caro - devido a impostos e a porcentagem da loja - do que deixar sua saúde e bem estar na mão de algum vendedor com má fé. A opinião de um dermatologista é sempre bem-vinda quando falamos de produtos cosméticos e maquiagem, afinal, ele é o profissional que sabe exatamente para que serve cada um dos componentes descritos na embalagem e pode, até mesmo, recomendar produtos de confiança para seu tipo exato de pele. Sempre consulte um médico ao notar algum tipo de anormalidade logo depois de utilizar algum produto, seja de maquiagem, skin care ou para o corpo. O que levamos como lição é que sempre devemos pesquisar bastante sobre a loja, marca ou revendedor, olhar as avaliações de outros compradores e é ,claro, saber quais alergias temos, para que o resultado do uso não seja negativo em relação ao que você esperava.


VENCENDO A PANDEMIA

Jovens buscam oportunidades diante das adversidades

Apesar do medo e das incertezas, pandemia serviu de ponto de partida para grandes realizações BRUNA SOARES • brunassoares23@gmail.com

Amanda Sibanto e Jhonatan Ferraz nas gravações do curta “O Mural de Poesias” / Foto: Bruna Soares

O isolamento, o distanciamento, o medo e as incertezas causadas pela pandemia da Covid-19, além também do fator econômico, fizeram com que muitas pessoas interrompessem projetos, porém, muitas outras enxergaram no caos a oportunidade de realizar seus sonhos. O auxiliar de serviços gerais, Jotta Zurc, sempre teve uma relação muito forte com a música. O jovem iguaçuano, de 24 anos, quando adolescente, chegou a cantar em eventos estudantis e igrejas, e mesmo demonstrando talento e domínio para o canto, não pôde contar com o apoio familiar. Sem condições financeiras para investir, seus pais optaram por não lhe dar esperanças, fazendo com que o menino deixasse esse sonho engavetado por anos. Com a chegada da pandemia, Jotta se sentiu encorajado e resolveu que era hora de arriscar. Com a ajuda de familiares e amigos, o rapaz gravou suas composições em estúdio, e

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lançou seu primeiro single, que irá compor seu EP independente. A canção intitulada ‘Santiago’, já está disponível nas mais variadas plataformas de streaming. A música tem uma pegada pop e originouse de um poema que fala sobre o processo de libertação de um relacionamento abusivo, pelo qual Jotta se permitiu viver por dois anos, descrevendo como sendo a fase mais difícil de sua vida. A canção, traz também, uma mensagem de superação, que transpõe as incertezas vividas pelo cantor. “Escrever e cantar foram formas que encontrei de me expressar e me ajudam a colocar o sentimento para fora. Eu não tive apoio familiar, porque na realidade em que vivíamos, era difícil imaginar isso acontecendo. A pandemia me encorajou. O medo de não saber muito bem com que estávamos lidando, me fez pensar no que poderia acontecer se eu tentasse, então não pensei duas vezes e resolvi arriscar”, declarou Jotta.

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Os amigos Amanda Sibanto, Marcos Henrique, Aislann Vieira e Will Vianna, se conheceram através da escola de teatro Fábrica de Atores e Materiais Artísticos. O isolamento também trouxe frustrações e incertezas para ambos. Com o sonho em comum de atuar e produzir filmes, os jovens se uniram e fundaram uma produtora, a qual batizaram de 4Filmes. A primeira produção independente, chamada “Existe Um Impostor Entre Nós”, é um curta-metragem e chegou ao canal da produtora no YouTube, em dezembro de 2020. “Foi muito repentino. Me veio essa ideia, na mesma hora liguei para o Will, ele achou um pouco absurda, mas topou. Marcamos com a Amanda e o Aislann e eles também toparam. Ninguém tinha nada a perder, muito pelo contrário. Somos atores e precisamos estar nos exercitando sempre. No momento, estamos trabalhando para poder registrar a produtora e tentando patrocínios”, conta Marcos.

No momento, os meninos estão a todo vapor nas gravações do curtametragem “O Mural de Poesias”, com data de estreia prevista para o mês de outubro. Gravado seguindo todos os protocolos de segurança determinados pela OMS (Organização Mundial de Saúde), o filme retrata questões LGBTQI+ e conta a história de um adolescente que, no auge dos seus 16 anos, começa a receber poemas de amor de um admirador secreto, e a partir disso, precisa lidar com algumas questões internas. Para Alexandre Gomes, Diretor e professor de teatro da escola Fábrica de Atores, essa iniciativa que seus ex-alunos tiveram é espetacular. “Buscar nas dificuldades meios de seguir fazendo o que gosta, criando suas oportunidades, é de uma grandiosidade. Fácil não é, é preciso perseverança e muito estudo, mas isso a gente sabe que eles têm de sobra. Torço muito por eles e como professor me sinto realizado por cada conquista”. A mil por hora, a produtora já tem outras três produções em andamento e para quem sonha em atuar, dirigir ou até mesmo escrever uma obra, basta entrar em contato com a @4Filmes pelas redes sociais.

Jotta Zurc gravando em estúdio Foto: Reprodução


ESPORTES

Retorno de público aos estádios não deveria ser uma prioridade RHAMON MATTOS • rhamon.mattos@gmail.com

Com o avanço da pandemia no Brasil, diversos setores foram afetados economicamente em se tratando da forma com que o governo trabalhou no planejamento das vacinas e como tratou os brasileiros. Com isso, mexeu com a paixão de milhares de pessoas que é o futebol. Após mais um ano da Covid-19, os casos e as mortes estão em uma escala crescente, agora o assunto em debate entre as federações, órgãos sanitários, desejo dos clubes e de alguns torcedores é a volta do público aos estádios. O governo brasileiro desde o início da pandemia não se importou com sua população, quem realmente deveria dar o exemplo não manteve o nível adequadamente para isso. Com isso, abriu precedentes em um caso recente, que foi a Copa América realizada aqui, totalmente em cima da hora pois os países vizinhos não puderam sediar o evento. Atualmente, este caso é bastante polêmico e está sendo bem comentado em várias praças, seja ela envolvendo a esfera política – assunto mais discutido na internet e nas ruas e também nos grupos futebolistas. Tal qual possui a posição principal dos esportes no nosso país. Em continuidade, Matheus Cadilhe que é um torcedor organizado e fanático pelo Flamengo deu sua opinião sobre: “Sou da opinião que se eu pego um transporte público lotado todos os dias, eu posso sim ir ao estádio torcer para o meu clube. Minha família trabalha e eu também. Uma hora ou outra vamos ter que bater de frente com esse vírus. Não me sinto protegido, mas como falei antes, pego ônibus lotado todos os dias e não tem essa preocupação com quem está

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ali. Afinal, o comércio não pode fechar, nada né? O ideal é abrir tudo e bater de frente com esse vírus.” Como exposto, é existente inúmeras críticas ao posicionamento do governo em relação a esse período pandêmico. Além de não se obter exemplos governamentais, uma parcela da população não respeita os decretos de isolamentos sociais, e não tendo exemplos e fiscalizações eficientes, fica ainda mais difícil conter o avanço do vírus Covid-19. Aglomerações em festas, bares, entre outros é algo normal, deixando parecer que a vida continua a mesma de antes. Democraticamente, fomos em busca de outra opinião, Larissa Aguiar também apaixonada por futebol conta o seu ponto de vista sobre o retorno aos estádios: “Sou totalmente contra, desde o início da pandemia eu tenho essa opinião, nosso país tem um governo que, infelizmente, fez de tudo pra atrasar a vacinação e ter público nos estádios, agora, ou qualquer outro tipo de evento não é legal. Óbvio que não, mesmo com muita saudade não faria essa loucura de voltar ao estádio agora. Prefiro esperar, por mim e pela minha família que tem comorbidade e não sou egoísta. Não me acho protegida, pois grande parte da população não respeita e se aglomera. E não é o momento de abrir as coisas, deveríamos respeitar o momento difícil em que estamos passando.” Contudo, mesmo com as federações e os clubes alegando ter protocolos sanitários, ele não será seguido e nem respeitado no trajeto até o estádio, seja de transporte público ou carro de passeio, no entorno do estádio também, já que as pessoas vão confraternizar

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não respeitando o isolamento e uso das máscaras, dentro do estádio também não, ou seja, não estamos seguindo corretamente os conselhos dos órgãos sanitários e não é o momento correto para isso onde milhares de pessoas estão morrendo diariamente – chegando há quase 600 mil mortos. “Ainda não é o momento de autorizar a presença de público em estádio. Esta autorização passa a mensagem errada de que a situação está sob controle. Ainda estamos em um patamar preocupante.” –

disse o Diretor médico do Hospital Universitário da UFRJ e vicepresidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alberto Chebabo em uma entrevista ao jornal Lance. Levando-se em consideração esses aspectos é cabível afirmar a necessidade de esperar o momento em que a pandemia esteja controlada para poder ser feita as aberturas dos estádios e aguardar com esperanças o andamento das vacinas, executando os protocolos para ter sucesso no retorno como os outros países que estão avançados.

Torcedores se aglomeram em BH e não seguem protocolo - FOTO: Alexandre Guzanshe


CAPA

Onde o Cristo observa o lixo

CLAUDINE VARELA • claudinemv@gmail.com

Lixo e abrigo improvisado se misturam na Praia de Botafogo.(FOTO: DIVULGAÇÃO)

Cidade Maravilhosa, parece que há contradições entre o título, ou apelido, do Rio de Janeiro e a realidade inunda turistas e cariocas. Sim, inunda, e em locais que são cartões-postais, tanto pela beleza quanto pela história, como é o caso do Catete, onde, a cada chuva mais forte, turistas são impedidos de voltar a seus hotéis e hostels, como de visitar o Museu da República ou de acessar o Parque do Flamengo. Outras áreas turísticas sofrem com problema semelhante, entre elas, Lagoa, Copacabana e Jardim Botânico. Esse problema deixa à mostra ratos e outros animais boiando, sacos de lixo e sujeira não ensacada. Na água da Baía de Guanabara, um cartão-postal natural, podem ser encontrados objetos grandes, inclusive sofás e geladeiras. Esse lixo sólido, se é encontrado na água, é porque primeiro esteve e está nas calçadas, ruas, encostas e margens

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de rios e lagoas, facilmente observável. Além dele, há o problema do esgoto in natura despejado nas águas da cidade e que deixam locais turísticos como a Lagoa Rodrigo de Freitas, a Enseada de Botafogo e trechos de praias, como Copacabana, Ipanema e São Conrado com o cheiro característico desse tipo de poluição. Segundo Joel (46 anos), pescador da colônia Z-13, em Copacabana, “a gente encontra de tudo nessa água.” Ocupando o número 191 no ranking mundial das cidades mais caras, também é a 2ª no Brasil, o Rio deixa aparente uma contradição entre o bemestar do turista e do morador e o dinheiro que gastam para estar, viver ou passear nela. Um exemplo disso é o que ocorre na Enseada de Botafogo, Fabiano (31 anos, gari da Comlurb) junta e recolhe o lixo da areia todas as manhãs e confirma o cheiro desagradável.

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“Ah, a gente faz o trabalho da gente direito, mas todo dia tem mais lixo. Tem o da beira, da água, e o que tá na areia, que o pessoal joga aí. Mais o cheiro de podre, né, depois da chuva, então, parece que piora.” Karine Aragão (30 anos), responsável pelo Clube Tropicália, de canoa havaiana, localizado na mesma praia, lamenta que seus alunos não possam mergulhar depois das aulas. “Poxa, é um cenário tão lindo! Imagina como ia ser bom a gente poder chegar nessa praia e ficar na água. É um sonho... Nem a gente nem o turista que chega pra visitar pode aproveitar essa água. Pode ver, as equipes de esporte que têm base aqui em Botafogo, várias têm chuveiro.” Para Tatiana Eirado (45 anos, moradora de Laranjeiras), a cidade desrespeita habitantes e turistas. “Você paga um absurdo de imposto e vê lixo na rua até no caminho pro

Cristo. De manhã cedo, tem até porco passeando na entrada do Rebouças e no Cosme Velho.” Segundo a apresentação da Comlurb, na página da prefeitura do Rio, são recolhidas mais de 10 mil toneladas de lixo todos os dias. Mas basta só recolher o lixo? Essa responsabilidade é apenas da companhia? Pela pesquisa, observa-se que todos concordam que o lixo é uma responsabilidade coletiva e que a cidade tem que trazer mais turistas. Eles entendem que o turismo é importante para a economia e sofreu uma baixa por conta da pandemia. Mas, para receber bem o turista e incentiválo a conservar a cidade, ela devia ser mais limpa. Em contraponto, foi relatado que diminuiu o número de lixeiras nas ruas. Não há uma tradição local de conservar a cidade limpa nem consciência de que todos são responsáveis pelo lixo que produzem. Tampouco acesso total à coleta de lixo domiciliar. Problema que se agrava com o aumento das pessoas em situação de rua, que produzem lixo, mas que inúmeras vezes dependem do lixo alheio para sobreviver. Diante dessas questões, como construir uma nova realidade, a de cidade limpa, sem investir na ampliação do tratamento de esgoto? Sem acesso de todos à coleta de lixo domiciliar? Sem um projeto que ensine à população que o lixo é uma questão coletiva e que cada um, individualmente, tem responsabilidade nela? Segundo Joel, o pescador, “Ah, se não tem lata de lixo perto, eu deixo ali no cantinho. Não vou levar lixo pra casa, né?”


TECNOLOGIA RETRANCA

Venda de celulares sofre queda por conta da pandemia RENATO GRACIANO • renatograciano@aluno.pinheiroguimaraes.br

A pandemia do novo Coronavírus afetou muito as vidas das pessoas, e a economia não foi diferente. Apesar do aumento de vendas de computadores, não é o caso dos celulares. Segundo a consultoria IDC Brasil, o Brasil caiu 8% em comparação com 2019, e totalizou 48,7 milhões de aparelhos vendidos. A expectativa, no entanto, era de queda de 19%. O número acompanhou a recaída mundial, que foi de 7% no período. Alguns fatores são levados em conta, como a alta do dólar, que aumenta o preço dos aparelhos importados, e a aceleração da digitalização aumentaram a busca por smartphones. Os modelos de celulares mais vendidos, em 2020, foram os da faixa de preço entre R$ 1,1 mil e R$ 2 mil (crescimento de 83% em comparação a 2019), e de R$ 2 mil e R$ 3 mil (88% ao ano interior). Ou), ou seja, o consumidor foi atrás de aparelhos mais caros e com mais recursos. “Em uma crise por causa de um vírus, é normal as pessoas procurarem uma troca de celular por um preço mais baixo. Como vivemos em uma época de informação, quem costuma trocar mais de celular são aqueles que compram por um valor menor, mas não vai ser tão bom futuramente. Agora quem costuma pagar mais, significa que não quer saber de procurar outro tão cedo. Hoje em dia, a galera está procurando mais celulares com a linha 5G ou Xiaomi”, explicou o vendedor Gabriel Farias Lima. Para 2021, com o prolongamento da pandemia e a alta do dólar, a consultoria IDC

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acredita que a expectativa é de um crescimento pequeno, de apenas 3%. As marcas que mais vem vendendo este ano são Samsung, Motorola e LG, respectivamente. A última, inclusive, anunciou a saída do mercado de celulares em abril. Para Gabriel, o poder das empresas no Brasil e o preço são os maiores motivos: “Celulares da Motorola, Samsung, você encontra em tudo qualquer lugar, e como você sabe, muita gente mais velha compra o celular pela confiança na marca e por vender em lojas grandes, como Casas Bahia, aí vai lá comprar a geladeira, aproveita e troca o celular. Além disso, como os dois já estão estáveis no Brasil, também têm os preços mais acessíveis para qualquer um, seja um intermediário, ou um avançado”,

completou Gabriel Farias. No entanto, isso não significa que o mercado de celulares esteja frio. Se por um lado as pessoas buscam menos aparelhos novos, a procura por reparos nos usados aumentou. Essa opção alternativa se tornou mais atrativa porque o número de desempregados no país aumentou. O técnico em manutenção, Fabiano Pinto Cardim explicou o motivo da alta procura por reparo: “O conserto sai mais em conta do que comprar outro novo e o funcionamento continua do mesmo jeito. O reparo não custa nem a metade de um valor de um celular novo, e às vezes, um aparelho que ficaria por 1.300 reais, têm as configurações só um pouco melhores do que o celular que a pessoa já tem”, disse Fabiano.

Brasil acompanhou a queda mundial de 7% nas vendas de celular (Foto: Divulgação)

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Perguntado sobre quais são as maiores demandas, Fabiano respondeu: “geralmente são troca de tela e problemas com a bateria, a grande maioria é isso. E após o feriadão, aparecem mais pessoas dizendo que o celular molhou e estragou. Quando é assim, a gente tem que fazer o reparo em placas”. Quanto ao tempo de conserto, o técnico explicou que varia muito. “Acontece o seguinte: quando é um problema grande, costuma demorar cerca de três dias, mas também têm aqueles que conseguimos reparar em questão de segundos. Só nesta semana já duas pessoas reclamaram de problemas no conector, fiz apenas uma limpeza rápida e voltou a funcionar normalmente. Quando a pessoa fica colocando e tirando o celular do bolso, entra tudo qualquer tipo de coisa”.


POLÍTICA

Eleições 2022 Embate pelo pleito WALLACE CLAYTON • wallaceclayton@aluno.pinheiroguimaraes.br

O ano de 2022, reserva a todos os brasileiros o momento de realizar o ato democrático de direito a todos os cidadões, “votar”. Contudo, essa eleição para presidente promete ser uma das mais emblemáticas de todos os tempos, porque o atual presidente, “Jair Messias Bolsonaro” vem causando um grande alvoroço com as suas declarações polêmicas, e em contrapartida o ex presidente da república “Luís Inácio Lula da Silva” está de volta ao cargo político e disposto a disputar as eleições, formando novamente o “embate eleitoral”, entre direita e esquerda. Como se não bastasse os casos relacionados a à pandemia, o atual presidente em uma live, realizada em uma das suas redes sociais afirma que: “Eu aceito qualquer um que se eleja ano que vem, entrego a faixa presidencial numa boa, mas em eleições limpas” para muitos essa declaração dele é uma ameaça direta a à democracia. Ele que defende o voto impresso, por alegar que as urnas não são muito confiáveis, foi eleito através do voto eletrônico em 2006, 2010 e 2014 para deputado federal e 2018 para presidente, ele também discursou para milhares de apoiadores que organizaram uma manifestação. no ultimo 07 No última dia 07, da independência da república, quando o mesmo afirmou que em caso de derrota só da presidência “ preso, morto ou com a vitória. Quero dizer aos canalhas que eu nunca serei preso” . Lula por sua vez, tem estado longe de polêmicas e procura reatar laços, e construir novas alianças para concorrer às eleições. Ele indicou que a empresária, Luiza Trajano, seria a vice ideal para ele, . Luiza é presidente do conselho administrativo da Magazine Luiza e única brasileira

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Bolsonaro e Lula se encaram na eleição de 2022 (Foto: Divulgação)

eleita pela revista Time como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. Com as atenções todas voltadas para eles, o embate vem tomando forma e as pessoas tem mostrado certa empolgação com a eleição presidencial e também esperam melhorias de imediato, . Raiane Duarte é administradora e candidata a à vereadora em Mauá no Rj Rio de Janeiro. ela Ela conta sobre suas perspectivas: “Eu espero que as pessoas se conscientizem, votem certo, e joguem menos o voto fora que não seja necessário o segundo turno, porque as propostas precisam estar claras e as intenções também, assim fica fácil para população decidir.” “Espero que tenham uma grande proposta de investimentos nas naáreas área, econômica e que realizem geração de empregos, projetos que levem refeições aos mais pobres, nivelamento dos preços dos alimentos e combustível com menor taxação.

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Perguntada sobre a postura que devem tomar, que osos partidos que percam, devem tomar ela diz: “Acredito que diferente das outras vezes, eles devem agir em conformidade com a presidência e evitar embates desnecessários. Não que devam concordar em tudo, porem porém alinhar as medidas a serem tomadas e estar em paralelo com as decisões tomadas” Embora o ano não tenha chegado ainda, os bastidores das eleições já estão bem agitados sejam entrevistas com os possíveis candidatos, apurações de intenções de voto e muitas especulações, e a. A aproximação da eleição diminuiu o prazo para o senado Senado sancionar qualquer lei que altere o processo eleitoral de 2022, sendo assim, toda e qualquer decisão precisa ser tomada o mais breve possível e uma dessas decisões que é muito aguardada é sobre o voto impresso, . Bolsonaro pressiona a todo

custo o senado Senado para que mudem as formas de votar e implementem o voto impresso. O movimento para as próximas eleições também pode ser visto no “Centrão” eles analisam uma aliança entre Centrão e Bolsonaro, mesmo que ambos desconfiam um do outro, num exercício permanente de defesa contra a traição. Posterior aos últimos depoimentos de Jair, o Centrão realizou uma manifestação que não tinha apoio de Bolsonaro e tão pouco de Lula, porém os mesmo estudam uma união com Bolsonaro pra criar o maior partido do País, e com essa junção ganhar as eleições de 2022, já. Já a esquerda, tenta se fortalecer e busca a aproximação com diferentes públicos, o que podemos considerar para a próxima eleição é que ambos estão dispostos a realizar muitos esforços para assumir a presidência em 2022.


JOGOS ONLINE

Videogame vira opção de lazer na pandemia LEONARDO OLIVEIRA • leonardodecarvalho@aluno.pinheiroguimaraes.br

Vídeogame se torna um lazer necessário durante o isolamento (Foto: Divulgação)

Em 2020, com a chegada da pandemia do Coronavírus, os videogames foram promovidos de lazer para uma necessidade básica para se manter distraído e, até mesmo, para relaxar a sua saúde mental. Em um novo mundo, onde ficar em casa é basicamente uma questão de sobrevivência, os jogos online vêm ganhando um novo sentido: sair do tédio provocado pela quarentena. Os games que antes eram vistos como um principal causador do afastamento do convívio social, com o isolamento se tornou uma fonte de se aproximar das pessoas e até ajudar a fazer novas amizades. Para o Gabriel Marques, jogador casual de Call of Duty: Warzone, a experiência de jogar com os amigos é ainda melhor. ¨Videogame, hoje, é a minha fonte de diversão, faço parte do grupo de risco e me sentia muito isolado só com minha família, sem a minha rotina normal eu ficava com muito tédio. Aí eu

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conheci o Warzone e fiz muitos parceiros de game, amigos até mesmo de outra região, estado e país¨ diz Gabriel Marques. ¨O interesse por games pode, também, aproximar pessoas da mesma família ao permitir uma troca de conhecimento. Quando meu filho senta do meu lado e joga junto comigo, ou quando ele me pede alguma ajuda para passar de alguma fase, e isso para mim é muito importante, como forma de criar um relacionamento aberto com meu filho. Sem contar que tem bastante jogos para criança, muitos são educativos¨ diz Gabriel Marques. Além disso, os jogos online se tornaram uma fonte de renda com o aumento das buscas por lives de jogos eletrônicos. Os streamer estão ganhando cada vez mais espaço no cenário atual, e muitos jovens estão apostando nessa ¨nova¨ forma de trabalho. Com o início da pandemia, Vinicius Werneck, um jovem de

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20 anos, transformou lazer com trabalho ao se tornar streamer de Call of Duty: Warzone pela plataforma da Twitch. ¨Eu gosto muito de jogar o Warzone, tive uma adaptação ao jogo muito rápido por já estar acostumado. Eu olhava o crescimento das lives durante a pandemia e pensei que podia fazer algo também, fora a possibilidade de crescer e se tornar um streamer famoso e conseguir viver disso. E a dica que eu posso passar é, ser você mesmo, não copiar a gameplay de ninguém, desenvolver seu próprio estilo de jogo para conseguir o público que você deseja¨ diz Vinicius Werneck. Mesmo com muitos pontos a favor ao videogame, tem muitos pais que não gosta de ver seus filhos perdendo horas jogando. ¨Eu não sou a favor desses jogos, vejo meu filho jogando até tarde e não gosto, acho que ele perde o foco nas aulas¨ disse a Silesia Eller, de 54 anos.

Contudo, ao mesmo tempo que possibilitam um momento de desconcentração e lazer, o uso excessivo e sem controle pode causar diversos danos prejudiciais à saúde. Por isso, é de extrema importância se atentar ao tempo de jogo. ¨É muito importante se atentar ao tempo de jogo, para uma criança de 10 anos é recomendado não ultrapassar de duas horas por dia. Em excesso pode causar diversos malefícios, como: a falta de concentração em outras atividades, como por exemplo na escola; a obesidade é um fator cada vez mais presente na vida das crianças e adolescentes; problemas de audição que é muito comum pelo fato das pessoas usarem os fones de ouvido muito alto durante os jogos; e um dos principais malefícios é a famosa ¨dor de coluna¨, conforme você vai jogando, acaba não percebendo que está sentado de forma errada, e isso pode desencadear incômodos como a lordose, hérnia de disco ou escoliose. Para evitar essas dores, é importante dar uma pausa nos jogos e se alongar¨ disse a Kelly Oliveira, clínica geral da empresa Santa Mateus de São João de Meriti.

Streamer de jogos eletrônicos vira tendência durante a pandemia. (Foto: Divulgação)


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