Revista Shimmie . Edição 1

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www.shimmie.com.br

ANO 1 Nº 1 R$ 10,00

Entrevista Exclusiva

Lulu Sabongi

Chegamos!

Abra e descubra o melhor conteúdo de dança do ventre, feito especialmente para você!

CONFIRA MAQUIAGEM • FIGURINOS • ACESSÓRIOS • LEITURA MUSICAL • FUSÕES • CORPO • MENTE


Como vocĂŞ, definitivamente Ăşnica.


Entrevista Exclusiva

Lulu Sabongi

Chegamos!

Abra e descubra o melhor conteúdo de dança do ventre, feito especialmente para você!

CONFIRA MAQUIAGEM • FIGURINOS • ACESSÓRIOS • LEITURA MUSICAL • FUSÕES • CORPO • MENTE


Bailarina: PatrĂ­cia Moura . FotĂłgrafa: Adelita Chohfi

www.hanasedas.com.br Tel.: 11 3873-2049 Cel.: 11 9198-2549



DIRETO DA REDAÇÃO

Diretoria Executiva Redação Monica Nice Marketing e Negócios Daniella Ogeda Nice Design e Multimídia Adriana Brida Monteiro Produção Divina Consultoria www.divinaconsultoria.com.br Redação Jornalista Responsável Andre Rossi - MTB 30.907 Diretora de Arte Josi Madureira Diagramação Carol Troque Sara de Morais

É com imensa satisfação que apresentamos a Revista Shimmie, uma publicação feita com muito carinho, respeito e amor à Dança do Ventre e tudo que envolve nossa arte. Nosso objetivo é conversar diretamente com você, no sentido de ampliar conceitos, debater ideias e contribuir para que nossa arte torne-se cada vez mais abrangente, democrática e inteligente! Nossa equipe é grande, formada por profissionais apaixonados pela dança, e que abraçaram o conceito “Shimmie” com total dedicação, brindando-nos com conteúdo leve e de qualidade. Sem deixarmos de citar aqui todo conceito gráfico, moderno e limpo, algo realmente novo em nosso segmento. Seja bem-vindo então ao Mundo Shimmie: plural, pensante, colorido e moderno, sem deixar de lado a tradição! Beijos a todos! A Redação

NÚMEROS SHIMMIE Para esta revista chegar às suas mãos tivemos...

4 horas de entrevistas 18 horas em reuniões de pauta 20 horas em sessões de fotos 35 horas em reuniões de diagramação 52 horas em reuniões conceituais Mais de

3000 e-mails trocados

5000 revistas impressas ... E um número incalculável de risadas e suspiros de satisfação!

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Contato Administrativo Patricia Moura Tradutora e Intérprete Thaís Cristina Casson Contato Publicitário Nathalia Maysief Fotógrafa Adelita Chohfi Usina de ideias Vera Moreira Produção Gráfica Kamaleão Digital Tiragem 5.000 exemplares A Revista Shimmie é uma publicação bimestral da K Editora & Comércio de Papéis Ltda, destinada ao público envolvido com a Dança do Ventre. ISSN 2178-5759. A Revista Shimmie é destinada à informação e entretenimento, não cabendo responsabilidade por conceitos emitidos em artigos assinados ou por qualquer conteúdo publicitário e comercial, sendo este último de inteira responsabilidade dos anunciantes. Não é permitida a reprodução total ou parcial de qualquer material sem prévia autorização por escrito.

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GPS DA REVISTA

COLUNAS

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Estilo

14

Figurinos

15

Acessórios

16

Beleza

17

Maquiagem

18

Off Bellydance

19

Faça você mesma

20

Fusão de ideias

21

Fusão de ideias

22

Folclore

24

Corpo - Anatomia

25

Corpo - Consciência corporal

26

Saúde mental

27

Saúde corporal

28

Dança do ventre na universidade

29

Encontrei por aí

30

Cantinho das blogueiras

31

Corrente do bem

48

Diário de Bordo

50

Leitura Musical

51

Teoria Musical

52

Moderno

53

Clássico

54

O homem na Dança do Ventre

55

Meu negócio

56

No início foi assim

57

Olhos de Bastet

58

Programe-se

59

Novelinha Shimmie

60

Humor

61

Glamurosa

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Diferentes estilos, diferentes looks Você mais linda no palco! Detalhe que faz a diferença Lisos X Cacheados Make para figurino roxo e rosa Beauty Fair Porta-snujs

A arte de fundir Luz, câmera e... suor! Folclore Libanês Parte superior

O que é consciência corporal Prisões sem muros Conhecendo melhor a fisioterapia Entre o sagrado e o profano Minha vida

Construindo um blog de Dança do Ventre Projeto Pérolas A Dança do Ventre pelo Mundo Deslizando entre sons... Características da música árabe Tendências A música clássica Show masculino

Grupo Bele Fusco

NESTA EDIÇÃO

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Capa

38

Entrevista

Adriana Bele Fusco O culto à Deusa

Primeira aula Purpurina

Tudo é uma questão de... POSTURA!!!

CHEGAMOS! LULU SABONGI



O QUE TEM NO SITE

ENQUETES

ENTREVISTA

O MAIS UM POUC DA ENTREVISTA NGI COM LULU SABO

PROGRAME-SE

ONDE ENCONTRAR

CALENDÁRIO DE EVENTOS

VÍDEOS

PROMOÇÕES

MESMA FAÇA VOCÊ MAKE-UP

ONDE ENCONTRAR A SUA SHIMMIE

ENQUETE GALASSI CÊ QUER AL QU FIGURINO VO SICO, ÁS CL IS? MA SABER RNO. FOLCLORE OU MODE

PURPURINA PRÓXIMAS PERGUNTAS

E MUITO M AIS!!! NOVELINHA

SHIMMIE

TARÔ EGÍPCIO PRIMEIRA CART A

VEJA MAIS NO SITE

AGUARDE! NA EDIÇÃO 2.

OÇÃO VÍDEOS DA PROM PA CA NA 'VOCÊ MIE' DO SITE DA SHIM

HOMENS QUE FIZERAM E FAZEM HISTÓRIA NA DANÇA DO VENTRE + 2 COLUNAS COM LULU SABONGI (ME LEVA LULU E CRIANDO PONTES)

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ESTILO

por SIMONE GALASSI fotos ADELITA CHOHFI

Olá! Estarei com você neste novo meio de comunicação que tem a proposta de enriquecer o conhecimento de todos nós. Nesta primeira edição vou dar uma palavrinha rápida sobre os figurinos dos principais estilos musicais. O principal estilo da Dança do Ventre é o Clássico. Os figurinos sempre são amplos em suas saias, que podem ser as tradicionais godês ou evasês com muitas nesgas. Tudo com muito bordado, franjas no cinto e no sutiã. O Folclórico expressa a tradição de um povo, por isso acho que os padrões de modelagem devem ser mantidos e algumas características básicas de padronagem também, lembrando que este estilo tem variações de acordo com a região de origem, então devemos

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estudá-las minuciosamente para não perdermos os detalhes. No estilo Moderno as variações são mais propensas à moda do dia a dia. É onde podemos testar novas tendências, novas matérias-primas e aproveitar a dança para expressar um estilo mais pessoal, mas nunca esquecendo a beleza e o glamour que a dança do ventre merece. E ainda temos as performances que fundem músicas de qualquer categoria (pop, rock, etc...) com passos de dança do ventre. Nestas sim, podemos dizer que tudo é possível, afinal o figurino precisa estar de acordo com o estilo musical. O que tenho visto muito são apresentações de grupos inteiros com macacões de aula e lenços de quadril.

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ATENÇÃO: este tipo de figurino só vale em algumas performances, afinal o macacão foi desenvolvido para sala de aula, onde o professor tem maior facilidade de perceber erros de postura e evitar futuras lesões de joelhos, pés, lombar e etc... Independente do estilo musical, temos que lembrar sempre que Dança é arte e deve ser tratada com o devido primor que merece. Nosso próximo bate-papo quem decide é você! Acesse o site e escolha sobre qual estilo gostaria de ter informações mais abrangentes: clássico, folclórico ou moderno. Simone Galassi é estilista e admiradora da Arte da Dança do Ventre simonegalassi@shimmie.com.br



FIGURINOS

VOCÊ mais LINDA no

PALCO!

“Vestir uma mulher não é cobri-la com ornamentos, mas sim sublinhar o significado de seu corpo e realçá-lo, envolver a natureza em um contorno capaz de acentuar sua graça.” Paul Poiret por ALEX FÃO E ADRIANA BRIDA ilustração ALEX FÃO

Reconhecer o formato de seu corpo é imprescindível no momento de escolher o melhor corte e caimento para suas roupas. Somente ao compreendê-lo você poderá optar pela modelagem que mais a privilegia, realçando sua beleza. Neste espaço iremos abordar algumas dicas para os cinco principais tipos de corpos femininos, ajudando você a escolher seu figurino a partir da identificação de seu tipo.

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Reconhecendo estes formatos, você saberá onde concentrar os detalhes e volumes de seu figurino, realçando a beleza natural, sem gafes e exageros. Dica: para identificar seu tipo de corpo, é só medir seu busto, cintura e quadril; será por eles que você conseguirá se encaixar nos tipos que estudaremos. Existem algumas dicas para cada tipo de corpo. Nesta primeira edição estudaremos o formato “triângulo invertido”. Nele, os ombros têm uma medida maior que os quadris. No desenho 1, podemos ver como seria um figurino inadequado para este tipo de corpo. O bustiê passa uma imagem muito “carregada”, e a saia, muito justa, deixou o quadril desproporcional. Ficou evidente a diferença de tamanho entre as partes. No desenho 2, temos um figurino que se encaixa aos padrões deste tipo de corpo. O busto está menos evidente, com menos bordados e nada de colares. Nos quadris, um bordado mais pesado e saias mais soltas, dando um pouco mais de volume e deixando as partes “igualadas”. Muitas vezes você vê um figurino maravilhoso, com ricos e detalhados bordados, e tecido ricamente elaborado, mas nem sempre o que fica bem em uma bailarina fica bem em outra. Seguindo estas dicas, dificilmente isso voltará a acontecer. Na próxima edição continuaremos falando deste assunto.

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ACESSÓRIOS

DETALHE

que faz a

DIFERENÇA Quando o bom gosto faz a diferença! por ALEX FÃO E ADRIANA BRIDA ilustração ALEX FÃO

Escolhido o figurino... não está faltando nada não? Sim! Os acessórios! Qual mulher que não gosta de joias e bijuterias? E quando vamos dançar então... gostamos tanto que podemos cair no exagero e ficar com a imagem parecida com uma “árvore de Natal”, não é mesmo? Aqui traremos algumas dicas para ajudar a compor seu figurino, sempre combinando com o modelo apresentado. Estas bijuterias foram desenhadas especialmente para o figurino apresentado, por isso, optamos por utilizar materiais da mesma cor da roupa. Mas nada impede que, para não errar, você use nosso famoso e amigo strass. Só tome cuidado para que as cores da roupa não “briguem” com as das bijus. Dica: se seu figurino tem bastante dourado, opte por bijuterias douradas, ou até mesmo da cor das pedras ou tecido do seu figurino, e assim por diante. Alex Fão – Estilista alexfao@shimmie.com.br Brida – bailarina e estudiosa de dança do ventre brida@shimmie.com.br

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BELEZA

Lisos

Cacheados

Preparando suas madeixas para o palco! por BETO SILVA fotos ADELITA CHOHFI e DIVULGAÇÃO

Olá bailarinas! Neste espaço vamos falar de um dos itens mais importantes que compõem seu visual no palco e no dia a dia: cabelos! Vemos no palco que muitas escolhem lisos chapados e outras cacheados e soltos. Darei algumas dicas sobre como deixar seus cabelos mais bonitos e prontos para seu show ou seu dia a dia.

Lisos Nos cabelos lisos, o ideal é fazer hidratação no dia que vai fazer a escova, para garantir o liso perfeito. Depois de lavar, passe defrizante antes de escovar e, ao terminar de passar a prancha, aplique reparador de pontas. Jamais passe pente ou escova fria, para não ativar a eletricidade estática do fio e o tão famigerado efeito “arrepiado”.

Cacheados Fazer uma escova cacheada dá todo o ar de sensualidade e glamour, mas há um grande medo, pois, em alguns casos, os cachos já desmancharam antes do final da música! Neste caso, você deve usar um defrizante para deixar o cabelo leve e macio. Primeiro faça a escova, só depois os cachos. O ideal é fazer os cachos com a própria prancha (piastra) do que com o baby-liss, pois dá maior durabilidade. Outra dica importante é não fazer hidratação no dia que fizer escova cacheada, já que cabelos hidratados ficam mais “pesados”, fazendo com que o cacho desmanche. Continuaremos falando de cabelos a cada edição. Envie suas dúvidas!

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Serum utilizado como finalizador nos 2 penteados.

Beto Silva é cabeleireiro há mais de 15 anos e cuida das madeixas de várias bailarinas. betosilva@shimmie.com.br


MAQUIAGEM

MAKE PARA FIGURINO

ROXO e ROSA por VERA MOREIRA fotos ARQUIVO PESSOAL

A maquiagem tem a intenção de ser bem romântica como o figurino, porém sem deixar de lado o toque sensual de um côncavo bem escuro, com cílios enormes. Uma boa dica para fazer a sombra rosa “aparecer” é molhar de leve o pincel para aplicar a sombra, ou utilizar o corretivo mais claro que você encontrar à venda – a “tela branca" que o corretivo claríssimo formará irá potencializar a pigmentação da sombra. Se sua sombra verde não é “tão escura assim”, vale a dica de molhar o pincel na sombra preta e na sombra verde conjuntamente. Essa mistura de cores combina muito bem com olhos verdes e azuis, e é muito versátil. Pode ser utilizada para dançar tanto num teatro quanto num restaurante, em um ambiente mais próximo ao público. Fica também belíssima para ser usada em um casamento, porém com um vestido mais discreto. Para dar um toque mais dramático à maquiagem, você pode aplicar glitter verde sobre a sombra verde no côncavo, ousar com um batom cor “Vinho”, e caprichar ainda mais no traço do delineador. Todos irão comentar a riqueza do seu look! Tons utilizados: roxo, rosa e verde. Vera Moreira é bailarina e professora especializada em maquiagem de palco. veramoreira@shimmie.com.br


OFF BELLYDANCE

por VERA MOREIRA fotos VERA MOREIRA

De 28 a 31 de Agosto aconteceu a 6ª Beauty Fair - Feira Internacional de Cosmetologia e Beleza, no Expo Center Norte em São Paulo, e a equipe Shimmie esteve lá com exclusividade para trazer todas as novidades para vocês! Em 76 mil m2, mais de 400 expositores especializados em atender o segmento de beleza para profissionais como maquiadores, cabeleireiros, manicures, esteticistas, etc. O conceito da feira é mostrar os lançamentos em maquiagem, unhas e cabelos, e lançar as tendências para verão, outono e inverno 2010/2011. E, mais uma vez, a indústria cosmética dará ênfase às cores fortes para valorizar a beleza da mulher brasileira: rosa, amarelo e verde flúor, na maquiagem e nas unhas para o verão, e chumbo, vinho e azul petróleo para o inverno. Os fabricantes de maquiagem vêm seguindo uma tendência internacional de valorizar o produto com melhor fixação e pigmentação, e de dedicar um maior investimento na apresentação do produto, com embalagens mais atraentes e de melhor qualidade. Outra novidade em maquiagem são os lançamentos

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de diversos produtos para preparação da pele antes da aplicação, como hidratantes e primers. Nas novidades em unhas o céu é o limite! A brasileira realmente “descobriu” as cores além do rosinha e os fabricantes entenderam muito bem o recado. Para o próximo ano, a tendência master é o esmalte holográfico 3D, com um tipo especial de brilho que faz as unhas parecerem joias. A marca Extase inovou também lançando uma base que deixa as unhas com o cheirinho das fragrâncias internacionais mais famosas, além da sensação da feira: um esmalte que seca em 60 segundos! Para os cabelos a aposta da indústria foi investir em matéria-prima 100% brasileira, como frutas e raízes da Amazônia, e a inovação maior é a escova progressiva à base de cisteína, que promete fios lisos e bem tratados, 100% livre de formol. A feira movimentou mais de 300 milhões de reais em negócios, e promete muitas inovações para a edição de 2011. E a Shimmie estará lá, com certeza!


FAÇA VOCÊ MESMA

SNUJS

PORTA-

por MÁRCIA BAPTISTA fotos ADELITA CHOHFI ilustração SARA DE MORAIS

Solte sua imaginação e faça um porta-snuj personalizado, fácil e bonito, para acomodar um instrumento tão original. MATERIAL 66 cm x 10 cm de tecido brim na cor de sua preferência 47 cm x 10 de feltro da mesma cor do brim Linha de costura Galão bordado combinando com a cor do brim Colchete de pressão Máquina de costura

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1º PASSO Brim

Brim 10,5

Corte 47 cm no comprimento x 10 cm de largura do brim. Faça o mesmo com o feltro.

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Feltro

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Galão

Corte 20 cm no comprimento x 10 cm de largura do brim 2 vezes. Corte 2 pedaços de galão na largura de 10 cm.

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Costure em ponto de caseado o brim e o feltro junto virando as bordas para dentro, formando uma carteira; o tamanho total da carteira será de 25 cm, então cada bolsinho terá 10,5 cm, deixando 4 cm entre eles.

Sugestão: Se você não tem máquina e sabe fazer crochê, faça as costuras utilizando linha para crochê em ponto baixo. Você também pode pintar, ou bordar seu porta-snuj. Costure em ponto de caseado os dois pedaços de brim de 20 cm x 10 cm, formando uma capinha. Costure o galão na borda de cada lado da capinha.

Costure em ponto normal essa capinha no meio da carteira, ficando 2 cm de cada lado. Prenda um dos colchetes na carteira e outro na capinha para formar o fechamento.

Marcinha é artesã e estudante de Dança do Ventre. marcinhabaptista@shimmie.com.br

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FUSÃO DE IDEIAS

A arte de fundir por DANNA GAMA ilustração ADRIANA BRIDA imagens iSTOCKPHOTO

A Dança do Ventre é praticada com muitos focos diferentes.... tem quem faça aula para se distrair, outros para fazer uma atividade física, alguns para frequentar um espaço e fazer amizades , mas muitos para se profissionalizarem e estudarem ‘de verdade’....e isso é muito bom!!!! Também sabemos que existem estilos dentro da nossa arte que vão desde o Tradicional Clássico, e o Folclore, até o Moderno, e o Tribal, e há alguns anos vemos difundir o estilo Fusion (ou Fusão), onde outras modalidades de dança misturam-se com a dança do ventre e trazem-nos inusitados e muitas vezes lindos e criativos resultados. Na verdade, o mais interessante do Fusion é que qualquer estilo pode ser adaptado. Assim temos um leque enorme de possibilidades. O único problema que vejo é que, em muitas apresentações aparecem ótimas ideias e intenções, mas nem sempre quem está ‘fundindo’ as modalidades as domina. Não basta somente ‘gostar’ de determinado estilo e decidir colocá-lo na sua dança. É preciso que você domine e estude os dois estilos. Não podemos esquecer que o nosso ‘mundo da dança’ não é restrito. Sempre existirão espectadores para o seu show que podem conhecer e estudar aquilo que você está fusionando. Por isso, temos que sempre nos preocupar em fazer e apresentar o melhor trabalho possível. Estude muito e faça sempre um trabalho coerente e com conteúdo, não apenas coloque uma música diferente e faça uma dança caricata. No próximo número, falarei sobre Belly Tango e seus elementos principais. Danna Gama é bailarina e professora de dança do ventre, com estudos em Tango, Ballet Clássico, Jazz e Danças de Salão dannagama@shimmie.com.br

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Não basta somente ‘gostar’ de determinado estilo e decidir colocá-lo na sua dança. É preciso que você domine e estude os dois estilos.


Luz, câmera e... suor! A importância de um bom nível técnico nas fusões por ISIS MAHASIN

Quando comecei a estudar dança, eu fazia parte da turma mais tradicionalista em termos de performances, talvez por esse motivo não enxerguei muito bem a evolução das fusões do meio da dança, mas quando me tornei profissional, nos meados de 2007, a dança moderna já estava bem encorpada! Não só ela como vários outros estilos. As fusões chegaram para fazer a dança evoluir, quebrar mais barreiras. Mas o que caracteriza uma boa fusão? Acredito que nenhuma profissional de dança do ventre tem obrigação de ser formada em jazz para criar uma coreografia de bellyjazz, mas ela deve suar a sapatilha para executar o movimento que ela se propôs a fazer com precisão, para apresentar um bom trabalho e, mais ainda, fazer misturas harmoniosas. Os níveis técnicos têm que manter a proximidade, e é preciso se conscientizar da importância de estudar os movimentos para não cometer gafes. Neste último caso podemos recorrer

a sites, vídeos, workshops...enfim, não tem desculpa para não estudar!! Outro ponto difícil é como inovar sem ridicularizar! Para garantir o sucesso em sua apresentação, o ideal é aliar: técnica, harmonia e músicas que gostamos de dançar. Daí é só se preparar para as luzes, o público e, se entregar no palco, para sair dele sabendo que você deu o máximo de si! Para coroar este assunto, conversei com Vinícius Fennix, bailarino e coreógrafo há 6 anos, atuante nos estilos Ballet Clássico, Jazz e Street Dance. Isis: O que você acha das fusões de dança do ventre com algo mais ‘moderno’? Vinícius: Entendo pouco de dança do ventre, mas pelo que sei a dança moderna não chega a ser tão ousada como um belly jazz, por isso é importante não perder a essência da dança do ventre que é singular, para que a coreografia não fique sem as características da bailarina e sem referências musicais. Isis: Você acha que as técnicas de Ballet e Jazz estão bem aproveitadas? Vinícius: Falando de modo geral. acho que sim, embora eu aumentaria os graus de dificuldade de alguns passos. evitando assim movimentos muito básicos para não cair no óbvio e previsível. Isis: Quanto à dança moderna, qual o nível técnico de Jazz/Ballet suficiente para iniciar uma fusão? Vinícius: Nível intermediário para cima... justamente para que os movimentos inseridos na fusão não sejam tão básicos e previsíveis. É muito raro vermos coreografias que surpreendam a plateia e jurados, em casos de competição. Bom leitores, isso é só o começo, ainda temos muito assunto sobre as fusões !! Até o próximo número! Isis é bailarina e professora de Dança do Ventre. Também estuda Ballet Clássico e Jazz, além de fazer parte de diversas Companhias de Dança. isismahasin@shimmie.com.br

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A roda de Dabke nunca se fecha, pois sempre cabe mais um!

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Material cedido do workshop de "Folclore Libanês" de Tufic Nabak

FOLCLORE


Folclore libanês Falando sobre Dabke

por TUFIC NABAK fotos iSTOCKPHOTO e ARQUIVO PESSOAL

Os árabes, em suas danças típicas, buscam alegrar as pessoas em festas, cerimônias e casamentos. Nas aldeias do Líbano, em qualquer festa tradicional, quando a música começa a tocar, os homens, as mulheres e as crianças começam a dançar o Dabke. O Dabke faz parte do folclore libanês, e teve origem no norte do país. Esta dança é executada por homens, mulheres, casais e crianças. A palavra "Dabke" significa "Bater no chão com o pé", e esta dança típica libanesa é originária dos movimentos com os pés, que os homens realizavam nos telhados das casas, cobertas com lama, para compactar as rachaduras causadas pelas chuvas do inverno. O folclore libanês possui uma grande variedade de passos com movimentos básicos, intermediários e avançados. Além dos passos soltos, existem movimentos e passos tradicionais para se dançar sozinho, em casais ou em grupos. Alguns dos passos são originários dos dois primeiros passos tradicionais do Dabke: Baalbakiye (originou-se na cidade de Baalbek contando com 06 tempos) e

Bedáuiye (originou-se com os beduínos, contando com 10 tempos) e que são muito utilizados na montagem de coreografias. A dança do vilarejo libanês tornou-se uma das tradições mais famosas da terra. Tal dança é muito executada nos Festivais Internacionais de Arte de Baalbeck, com participação especial do grupo folclórico libanês Carcalla, que é de grande importância para o folclore do país.

Figurino As roupas das mulheres são bastante coloridas. Elas podem usar somente vestidos, Galabiye ou Aabaye (túnicas femininas), ou vestidos em cima de calças. As mulheres usam lenços ou xales amarrados na cintura, bijuterias, e sapatos com salto médio adequado para a dança (máximo de 3 cm). Na cabeça, elas colocam chapéus com formato de cone ou véus com faixas. Os homens usam o cheruél (calça larga tradicional) com vestimentas coloridas sobre suas camisas e botas. Eles usam ainda coletes de cores variadas para compor o conjunto e uma faixa vermelha que é colocada na cintura. Na

cabeça, os homens usam o tarbuch ou lebáde (chapéus típicos avermelhados) ou aaguél ua kaffiye (turbante).

Expressões populares em árabe utilizadas durante a dança YALLAH! - Vamos! YALLAH AA DABKE! - Vamos ao Dabke! YALLAH YA CHABÉB! - Vamos rapazes! YALLAH YA SABÁYA! - Vamos meninas! HABIBI! - Meu amor! YÁ AAYUNI! - Oh, meus olhos! AYUA! - Isso mesmo! LILILILILILILICH - Grito de alegria AUIHA - Grito típico HEY - Hey Encerro esta matéria ressaltando que o Dabke é uma dança de todos. Dançamos o famoso Dabke de mãos dadas com outras pessoas que às vezes nem conhecemos. Após anos de pesquisas e estudos, defino o Dabke numa única frase: "A roda de Dabke nunca se fecha, pois sempre cabe mais um!" Tufic Nabak é bailarino folclórico e pesquisador - tuficnabak@shimmie.com.br

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CORPO - ANATOMIA

Parte SUPERIOR

Falando de pescoço, trapézio e braços por LAYLA ALMAZA foto iSTOCKPHOTO

Traduzir com o corpo o que a música nos diz é subjetivo. Mas, independente da maneira que cada pessoa dança, utilizamos nosso corpo para nos expressarmos e estudarmos nossa anatomia, a fim de entender como esse processo é maravilhoso. Nesse primeiro artigo, falarei da parte superior do corpo. Na próxima edição, da inferior. Vou começar falando do pescoço, onde temos a 1ª articulação. Ela tem o nome de Trocoidea e faz a ligação da cabeça com as primeiras vértebras da coluna. Essa articulação, junto com seu grupo muscular correspondente, fica “dura” quando estamos tensos. Na dança, é comum ver bailarinas nervosas, com o pescoço tenso – o pescoço pode ficar para frente ou para trás. Essa tensão muitas vezes prejudica o trapézio (região da clavícula e escápula) e o corpo responde “subindo” os ombros. Um trabalho de alongamento e técnica em dança ajudam muito nesses casos. Uma das maneiras de trabalhar para evitar este problema é um exercício que complementa a autodisciplina: “descer os ombros”. É imaginar que você tem um peso em cada lado do ombro. Geralmente, só imaginando esse peso, já nos colocamos em nosso eixo. Fazemos um trabalho de força nos ombros e as pessoas que são “encurtadas” ou tensas, ou seja, que não têm alongamento na região do trapézio, vão sentir a região alongando. O trapézio (clavícula e escápula) une-se por outra articulação: acromioclavicular. Ela, por sua vez, une-se com a articulação do ombro. Graças a essas duas articulações podemos trabalhar os ombros com movimentos circulares, frente/ trás, cima/baixo. O grupo muscular corresponden-

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te também se eleva quando estamos tensos ou em má postura. Em adolescentes, é comum ver toda essa área para frente (ombros caídos). Há de se tomar cuidado com essa região, principalmente quando trabalhamos com véu. Todos os pontos mencionados, agregados à falta de tônus muscular, provocam movimentos indefinidos e sujos. Com um bom trabalho postural, disciplina e técnica em dança, gradualmente você chegará à postura certa. Sobre braços: sempre foram, em minha opinião, uma moldura para o trabalho que o corpo executa. Ledo engano. Em meus estudos, compreendi que os desenhos e posições de braços dependem também do tônus muscular. Quando aprendi que “a nítida percepção do braço e mão vai do ombro até a unha”, eu sinceramente achei surreal, mas a verdade é que, assim como eu, tem muita gente que dançava/dança sem estar sentindo seus braços, seu corpo. Enfim, a dança é subjetiva, mas também é técnica. Juntando esses pontos, aí sim teremos uma bailarina por inteiro. Nesse processo, quando você dança, começa a sentir a musculatura do corpo respondendo a cada comando. A sensação é realmente deliciosa. Braço com tônus é vivo. Os movimentos são delineados e precisos. Toda a intenção do movimento é visível e por isso a dança também é força. Força muscular é tônus muscular e braços precisam de muito tônus. Um grande beijo e muita dança consciente em nossas vidas. Layla Almaza é bailarina, professora e pesquisadora. laylaalmaza@shimmie.com.br


CORPO - CONSCIÊNCIA CORPORAL

O que é

consciência

corporal?

Sentindo seu corpo por HANNA HADARA

O corpo é o nosso instrumento de comunicação com o mundo. Por ele, recebemos e emitimos informações externas, usando nossos cinco sentidos (tato, audição, visão, paladar e olfato), e internas, por meio dos ossos, músculos, articulações e órgãos, que percebem suas condições e informam o cérebro através dos nervos. A consciência é uma percepção que nos dá a noção do que fazemos ou sentimos. Ter consciência corporal significa reconhecer e identificar os processos e movimentos internos e externos do corpo. É um meio de comunicação e de autoconhecimento que nos faz compreender e respeitar as capacidades e limites do próprio corpo e sua relação com nós mesmos e com o meio em que vivemos. Por isso não é correto dividir o corpo físico em mental e emocional, já que o nosso físico também “pensa” e “sente”. Corpo/mente/alma não devem ser separados, nem por vírgulas, pois são parte de um todo. Um corpo consciente tem maior conhecimento sobre suas capacidades e limites, além de maior controle e integração de ações físicas, mentais e emocionais, pois nos faz vivenciar experiências internas e externas dentro da realidade de cada um. Ajuda também na prevenção de lesões e nos dá sinais de quando algo não está bem. Qualquer atividade física, como danças, ioga, massagem biodinâmica, eutonia, educação somática, técnicas Alexander, RPG e Klauss Vianna e os métodos Laban, Pilates, Feldenkrais, Bartenieff, Belong, entre outros, ministrada por profissionais competentes, favorece a consciência corporal. Na próxima edição: aplicação da Consciência Corporal no aprendizado da Dança do Ventre – o pensar, o sentir e o expressar. Hanna Hadara – Bailarina, Atriz e Coreógrafa. hannahadara@shimmie.com.br

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SAÚDE MENTAL

sem

PRISÕES MUROS A dificuldade em ser você mesmo... por SHEILA REGINA LEITE

Você já teve ou tem uma sensação de estar presa, sufocada, engessada? De ver as coisas através da janelinha? Não consegue realizar seus desejos? Parece que falta algo, que está distante de si mesma? Costumo chamar esse fenômeno de prisão sem muros. Muros virtuais que colocamos, ou onde nos colocam, e são tão aprisionantes quanto os muros de uma prisão real. As prisões sem muros nos prendem a papéis, rótulos e sentimentos desagradáveis, que torturam e paralisam, e nos afastam do que se é e do que se quer na vida. Quantas você já foi hoje? Mãe, esposa, filha, aluna, vizinha, bailarina, profissional... Nossa, é uma lista enorme! Já parou para pensar que, desde pequena, você “puxou alguém”? Lembra de alguma frase do tipo: “Ah, você puxou seu pai!”; “você parece sua avó”; “você é igualzinho sua mãe”; ou ”ela é assim mesmo desde pequena, não tem jeito!”? Tanto os papéis que desempenha quanto os rótulos acabam deixando poucas opções para você ser realmente quem é ou até de mudar. Infelizmente

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as pessoas esperam e querem que você haja sempre de acordo com aquilo que desejam, ou seja, prisão sem muros! Por acaso aconteceu de em alguma ocasião você agir conforme seu desejo e as pessoas te estranharem e soltarem comentários como: “Nossa! O que está acontecendo? Você está estranha!” ou “ você está doente?”? Isso leva muitas vezes a uma angústia grande, pois sua personalidade vai ficando oculta, sufocada. E nada pior do que viver em uma prisão sem muros. Recebo em meu consultório muitos clientes que chegam com a queixa de viverem assim. Têm medo de assumir suas verdadeiras personalidades. Quando pergunto o porquê, quase todos respondem a mesma coisa: têm medo do que os outros vão pensar. O medo em sua origem nos foi benéfico para a preservação de nossa espécie. Sem ele não estaríamos aqui, eu escrevendo e você lendo este artigo. Mas ao longo do tempo, o medo vem crescendo e querendo ser absoluto na vida de muitas pessoas, tornando-se prejudicial ao sair do caráter de proteção e preservação para ser um agente paralisante

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e criador de obstáculos. Até que se acredita na crença que aquilo que as pessoas esperam ou querem ver de você que é o certo. Adivinhem? Prisão sem muros! Nesta altura você me pergunta: então é possível sair dessa prisão? Eu te respondo: sim, é possível! Quando se está cansada de estar distante de si mesma, é hora de se encontrar e voltar a ser plena. Na plenitude, nos tornamos maiores e nos fortalecemos para, derrubar os muros virtuais dessa prisão, (deixando de ver as coisas somente pela janelinha), e irmos em busca dos nossos desejos sem se preocupar com o julgamento dos outros, cumprindo a sentença de todos nós, que é de ser feliz. No nosso próximo encontro vamos continuar neste assunto. Quero, neste espaço, ter um bate-papo gostoso com você. Compartilhar, trocar, receber ideias, histórias, impressões, e poder dar e receber elementos que possam fazer a diferença no seu e no meu dia a dia. Sheila Regina é psicóloga. (CRP 06/59.910) sheilapsicologa@shimmie.com.br


SAÚDE CORPORAL

CONHECENDO melhor Você sabe o que faz um fisioterapeuta?

A FISIOTERAPIA

por MARAÍSA NUNES ilustração iSTOCKPHOTO

A dúvida cerca a todos quando a questão é: o que faz exatamente a fisioterapia? Com certeza muitos já ouviram falar, mas poucos sabem realmente explicar. O que sempre está na mídia são os casos de reabilitação - um ligamento rompido, uma distensão muscular, uma entorse de tornozelo - mas nada é explicado a fundo. A verdade é que a fisioterapia vai muito além disso, e é de grande importância para todos que têm o corpo como instrumento de trabalho. Aqui incluem-se todos os trabalhadores, afinal ninguém trabalha parado e, mesmo que trabalhasse, também seria necessário um preparo físico para se manter na mesma posição por horas a fio. Dentre suas diversas áreas, que vão desde a reabilitação cardio-respiratória até a reabilitação neurológica, passando pela saúde da mulher e auxílio a gestantes na hora do parto (isso mesmo, também estamos lá na hora do parto sim!), a fisioterapia pode atuar na prevenção de lesões ocorridas por esforços repetitivos. E não pensem que neste grupo incluem-se somente os que utilizam o computador, causador das famosas tendinites. Todos estamos suscetíveis a ter lesões por esforços repetitivos em qualquer parte do corpo que esteja relacionada a atividade realizada com maior frequência. Sem um preparo para habilitar a tal função, qualquer um está propenso a desenvolver alguma lesão que poderá ser simples ou, em muitos casos, levar a uma aposentadoria precoce. O preparo pode ser feito através de orientações simples, porém importantíssimas, e exercícios focados nas necessida-

des de cada um. Para tal, é necessário procurar um profissional qualificado. As técnicas são muitas, e isso pode confundir qualquer um; além disso, o mundo está cheio de oportunistas. A saúde é um item imprescindível para qualquer um, ainda mais quando envolve a profissão (que muitas vezes é um sonho que se torna realidade). Por isso fiquem atentos! Procurem informações sobre se a técnica (alongamentos, pilates, exercícios resistidos) é realmente indicada para a sua atividade ou se vai piorar a situação. Também verifiquem se o profissional realmente é do ramo. A atividade certa para você é aquela que atende suas expectativas e que, acima de tudo, proporcione bem-estar. Por isso nada de preguiça! Este é o chute inicial, daqui pra frente vamos compartilhar novidades e curiosidades sobre estas técnicas que geram tantas dúvidas, mas que podem ajudar muito. Maraísa Nunes é fisioterapeuta. (CREFITO 34263 – LTF) maraisafisioterapeuta@shimmie.com.br

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DANÇA DO VENTRE NA UNIVERSIDADE

ENTRE O

e o

Teses e monografias sobre nossa arte por MARIANA ROCHA ilustração JOSI MADUREIRA

Muito tem se falado sobre cursos de graduação em dança. Embora para alguns pareça novidade, o primeiro curso superior em dança no Brasil foi criado em 1950, na Universidade Federal da Bahia. Atualmente, há universidades, federais, estaduais e particulares, que oferecem essa graduação, não só no Brasil, mas em todo o mundo, como em Princeton e Stanford, entre tantas outras. A necessidade de aprofundamento nos estudos teóricos práticos dessa área tem levado bailarinos a buscar o bacharelado. Essa mesma necessidade leva ao aprimoramento crescente dos cursos, valorizando cada vez mais a dança. Faculdades vêm incluindo o curso em seus currículos, inclusive na pós-graduação e mestrado. Nesse contexto universitário, a dança do ventre tem sido tema de Artigos Científicos, Teses, Dissertações, Monografias e TCCs (Trabalhos de Conclusão de Curso). A integração com o meio acadêmico dá maior seriedade e respeito à dança do ventre ao trazer pesquisas minuciosas e, por esses trabalhos, em sua maioria, estarem disponíveis ou na Internet ou em bibliotecas universitárias, eles ficam acessíveis a todos os interessados em seu conteúdo. Todo o meio ganha com isso. Escolas, professoras, bailarinas, alunas, enfim, todos aqueles que estão envolvidos de alguma maneira com a dança do ventre. Como consequência, o velho discurso sobre a escassez de material bibliográfico vai cada vez mais caindo por terra. A variedade de ramificações dentro do tema “dança do ventre” traz um material extremamente rico aos estudiosos, como por exemplo, o trabalho de Carolina Louro: “Repensando a Dança do Ventre. Análise crítica e os novos campos de aplicação”, e o trabalho de Sandra Marques: “Dança do Ventre: Uma possibilidade de resgate do feminino na Mulher”. Ambos tratam do mesmo tema, porém com vertentes totalmente diferentes, adicionando, ampliando e incrementando informações. Durante quatro anos, período o qual cursei na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, no curso de Comunicação das Artes do Corpo, com formação e habilitação específicas em Dança, tive a oportunidade de vivenciar como é levar a corporeidade da dança do ventre para dentro da universidade, reconhecendo e estudando esse fenômeno inserido num contexto completamente diferente do habitual. 28

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Fui surpreendida, oras agradavelmente, oras amargamente, em momentos que resultaram em crescimento. A dança que eu praticava já não era mais a mesma. Eu já não era mais a mesma. Minhas ideias e opiniões sobre a dança do ventre haviam mudado e, a partir daí, surge a necessidade de estudar mais intensamente o histórico da dança para poder entender a transformação pela qual estava passando. Deparei-me com vários autores falando de aspectos sagrados relacionados à dança do ventre. Inquietei-me com diversas questões relacionadas a isso, e também quando li sobre possíveis aspectos que a “tornariam” profana. Mergulhando cada vez mais nessa dualidade sagrado x profano, passei a estudar o arquétipo da Grande Deusa Mãe na psique feminina a fim de tentar entender suas influências na mulher atual, fazendo um paralelo à mulher que dança o ventre. E é sobre esses possíveis contextos, tão opostos, que versa meu trabalho de conclusão de curso - “Entre o Sagrado e o Profano: A Dança do Ventre e um Possível Diálogo com o Corpo Contemporâneo” - passando por todo o histórico da dança, analisando a Bíblia, desde a passagem de Salomé, discutindo sobre as possíveis representações da imagem de Virgem Maria, finalizando com a observação pessoal agregada ao longo de dez anos de trabalho e estudos, com e sobre esta arte. A monografia encontra-se disponível para pesquisa na biblioteca Nadir Gouvêa Kfouri da PUC-SP. Mariana Rocha - Bailarina, professora, coreógrafa e pesquisadora de Dança do Ventre. marianarocha@shimmie.com.br


ENCONTREI POR AÍ

MINHA VIDA Um convite à leitura

por NAZNIN ilustração SARA DE MORAIS foto DIVULGAÇÃO

Hoje compartilho com você um grande achado entre os livros: a obra “Minha Vida”, biografia de Charles Chaplin. É uma leitura gostosa, tranquila, e apesar de suas 574 páginas, uma semana é mais que o suficiente para terminá-la. Por que recomendar um livro de um ator para bailarinas? Porque Chaplin não foi apenas um ator, mas um artista completo. Sua história é marcada por momentos muito tristes - como sua infância paupérrima e a loucura de sua mãe - mas também por sua luta e o auge, com o reconhecimento do público e da crítica. Apesar de seus primeiros anos na pobreza e de todos os problemas, Chaplin nunca se colocou como vítima. Tinha um sonho, uma paixão, e sua trajetória até o sucesso só reforça a imagem do grande artista que ele estava destinado a ser.

Todos esses momentos me fizeram chorar várias vezes durante a leitura; a forma como ele os relata também mostra que ele é um ótimo contador de histórias. Para dar uma pequena amostra a você, cito uma das partes que mais gosto, o momento em que Chaplin cria seu personagem mais famoso, o Carlitos, e que mostra para nós bailarinas aquele processo tão familiar de caracterização de artista preparando-se para o palco. “[...] A caminho do guarda-roupa, pensei em usar umas calças bem largas, estilo balão, sapatos enormes, um casaquinho bem apertado e um chapéu-coco pequenino, além de uma bengalinha. Queria que tudo estivesse em contradição: as calças fofas com o casaco justo, os sapatões com o chapeuzinho. [...] Não tinha nenhuma ideia, igualmente, sobre a psicologia do personagem. Mas, no momento em que assim me vesti, as roupas e a caracterização me fizeram compreender a espécie de pessoa que ele era. Comecei a conhecê-lo e, no momento em que entrei no palco de filmagem, ele já havia nascido. Estava totalmente definido.

Quando cheguei em frente de Mack, entrei no personagem, andando em passos rápidos, girando a bengalinha diante dele. Incidentes e ideias cômicas vinham em tropel à minha mente.” E dessa forma simples que nasce Carlitos, “um cavalheiro, um poeta, um sonhador – sempre à espera do amor”. Por meio desse artigo, espero ter pelo menos dado um gostinho da grande história contada nesse livro, e tudo que posso dizer é: leiam “Minha Vida” de Charles Chaplin e inspirem-se com a história desse grande artista! Naznin é estudante de dança do ventre, chamada aqui na redação carinhosamente de “nerd bellydancer” international@shimmie.com.br Charles Chaplin nasceu em Londres em 6 de abril de 1889 e faleceu em 25 de dezembro de 1977. Ator e diretor, realizou mais de 60 grandes filmes. Foi aclamado pela crítica como um dos gênios do cinema e criou o imortal personagem “Carlitos”, que conquistou o mundo e se transformou na figura mais famosa da história da sétima arte. Minha vida Tradução: Rachel de Queiroz, R. Magalhães Júnior e Genolino Amado Preço: R$61,00 Editora José Olympio

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CANTINHO DAS BLOGUEIRAS

Construindo um

BLOG de dança

do ventre Pensa que é fácil?

por VERA MOREIRA fotos SARA DE MORAIS

Olá meninas!!! Você acordou hoje com uma vontade incrível de fazer um blog de dança do ventre. Escrever artigos, expressar ideias, compartilhar vídeos bacanas. Você senta em frente ao computador animada e começa a procurar “Blogs de dança do ventre” no Google (não encontrei o meu). De repente você começa a verificar as datas de atualização mais recentes dos primeiros blogs da lista: 25/11/2007, 29/08/2009, 29/04/2008, 05/03/2008, 07/08/2008... Mas, afinal, um blog não é uma espécie de diário? Se é, as atualizações dos blogs não deveriam ser mais recentes? A resposta é: sim. O propósito de um blog é manter as atualizações constantes, com o objetivo de ser quase um diário mesmo. E são, com certeza, as atualizações constantes que mantêm a galera “antenada” nele. O fato é que nem sempre as ideias são bem coordenadas e, não raro, quem o mantém se vê sem ter do que falar. Para ter um blog que chame a atenção das pessoas, que seja interessante, é preciso, em primeiro lugar, construir uma identidade. Do que você quer falar? De dança do ventre, claro. Mas com que objetivo? Vamos listar alguns: • Informativo: trazer as novidades do meio.

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• Estudo: trazer informações sobre ritmos, músicas, estilos, passos, etc. • Reflexão: compartilhar com as leitoras ideias sobre dança e mercado de dança. • Alunas: colocar músicas de trabalho, vídeos de coreografias, material para estudo especial, dicas de maquiagem e figurino, etc. Dentro da identidade do seu blog, que pode ser qualquer uma das listadas acima, ou um mix de todas elas (que é o caso do meu próprio blog), o céu é o limite. E como manter-se sempre com o bolso cheio de ideias? É, habibas, ainda não inventaram a fórmula mágica pra isso. A minha dica é: seja muito, mas muito observadora e, principalmente, não tenha medo das rejeições. Seu blog é sua casa, o local para expressar ideias com o máximo de franqueza e verdade. Se alguém não gosta do que você escreveu, é ele quem não deve voltar para ler seu blog, e não você a mudar o estilo de escrever e expressar suas ideias. Outra dica é manter um caderninho sempre à mão para anotar ideias que possam ser posts em potencial. Obviamente você pode ter mais de uma ideia por dia, mas se “usar” todas de uma vez, pode acontecer o que aconteceu com os blogs de que falamos

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no começo do artigo: uma hora você se vê sem ter o que escrever e tchau, tchau. Nunca mais você coloca as mãos nele. Publique, no máximo, dois posts em um dia, dê um ou dois dias para seu público ler com calma, “digerir” a ideia e comentar. Dica importante é: a ferramenta mais poderosa de marketing do blog é o boca a boca. São as pessoas falando bem que trarão outras para conhecê-lo. Não faça spams em Orkuts da vida e nem encha a caixa de e-mails de suas amigas, alunas, parceiras de dança ou desconhecidas. Quando você escrever um artigo que ache pertinente ser abordado em alguma discussão no Orkut, faça a menção “... inclusive falei disso no último post do meu blog...” e dê o endereço. Gente que a cada post criado manda e-mail, faz chamada no Orkut, publica em 1001 comunidades, deixa tudo isso muito chato. Para finalizar, passo os blogs das amigas queridas que são meu objetivo de sucesso: http://andancasdelory.wordpress.com http://www.dancadoventrebrasil.com. Vera Moreira veramoreira@shimmie.com.br


CORRENTE DO BEM

A dança como

SUPERAÇÃO Dança do Ventre para portadoras de Síndrome de Down por NIRA LUCCHESI fotos ARQUIVO PESSOAL

Responsabilidade Social

Para pessoas com qualquer tipo de deficiência, as limitações físicas impulsionam vontades e sonhos. Com a vontade de mostrar que as barreiras muitas vezes não vêm do corpo, estas pessoas lutam e vencem condições adversas, e hoje contam sua história de sucesso. Cada pessoa vem ao mundo com uma missão maravilhosa a cumprir, mas poucas descobrem isso a tempo, e eu descobri.

Projeto Pérolas Desde 2007, desenvolvo no meu espaço de dança um projeto de inclusão social voltado a crianças e jovens portadoras da Síndrome de Down. Minha missão é estimular, por meio da dança do ventre, o desenvolvimento bio-psico-social destas meninas. O maior objetivo é conscientizar a família e a sociedade do potencial que elas têm.

Resultados

Este projeto tem o objetivo de integrar o portador de Down na sociedade por meio da dança, ensinando e mostrando os seus direitos, obrigações e deveres como qualquer outro cidadão, além de incentivar outros profissionais da área a abrirem espaço para que eles não sejam mais a minoria. Hoje o projeto conta com um grupo de oito alunas - GRUPO MALAK - que se apresenta em mostras de danças. Em breve, buscaremos concursos para premiações. O Espaço Allah Maak de dança do ventre está aberto, e eu estou apta a receber portadores de qualquer tipo de deficiência, porque o que me move é o amor, o carinho e o respeito que emprego naquilo que faço. Se você, querida leitora, conhecer alguém que deseja dançar, indique-nos. Será um prazer aumentar nossa família. Espero também que este artigo seja inspirador para que você faça o mesmo em sua cidade ou estado.

O grupo se apresenta em eventos e casas de shows com muita tranquilidade e segurança.

Nira Lucchesi é professora, bailarina e coreógrafa

Aulas As aulas são ministradas uma vez por semana, com duração de uma hora, e a metodologia empregada é a mesma de qualquer outro curso regular de dança do ventre.

Superação A maior superação que o grupo enfrentou foi compreender leitura musical, interpretação, expressão, harmonia e deslocamento. Não foi difícil, pois as meninas são determinadas, disciplinadas, e hoje conseguem com facilidade executar uma grande parte dos movimentos que a dança exige.

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CAPA

Chegamos!

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CAPA

Inspiração para a foto da equipe.

É com prazer que anunciamos a chegada da Revista Shimmie!!! Shimmie: movimento utilizado na Dança do Ventre semelhante a um tremor, o que muitos chamam de “tremido”. A ideia do nome Shimmie vem do conceito de familiaridade da bailarina com este movimento, desde o início de seus estudos, até sua profissionalização. Fazendo um paralelo, o movimento “shimmie” mexe diretamente com o corpo da bailarina, assim como a Revista Shimmie irá falar diretamente para e com você. Mas, antes de falarmos sobre a revista, você já parou para pensar sobre a amplitude do mercado da Dança do Ventre? É incontável o número de escolas de dança do ventre no Brasil, que, apesar de ter sua maior representatividade em São Paulo, já está presente em todo nosso país. Isso sem contar as aulas ministradas em academias de ginástica e espaços terapêuticos em geral. A principal comunidade de Dança do Ventre que existe na Internet conta com mais de 27.000 membros ativos. No YouTube são mais de 5000 vídeos postados. Festivais com mostras de dança acontecem todos os meses, com público que varia entre 500 e 5000 pessoas, isso sem falar nos campeonatos estaduais, nacionais, interamericanos

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e mundiais, com o Brasil sempre se destacando como um dos países onde mais se pratica a Dança do Ventre fora de seu berço, o Egito. Existe um número imenso de ateliers de dança do ventre, movimentando um mercado profissional que envolve estilistas, costureiras, bordadeiras e comerciantes. Há, ainda, o mercado real e virtual de comercialização dos mais variados acessórios usados pelas bailarinas: véus, lenços de cintura, sapatilhas, espadas, candelabros, snujs, entre outros. Como as festas são fundamentais, elas acontecem o ano inteiro em teatros, restaurantes e buffets, envolvendo profissionais diversos como: músicos, cantores, DJs, decoradores, cozinheiros, atendentes, recepcionistas e afins. É muita coisa, não é mesmo? Por isso, em nosso slogan, ampliando conceitos, deixamos embutida as ideias nas quais acreditamos: que a dança do ventre pode sempre mais, que é um meio artístico e comercial cuja pontencialidade tem sido muito pouco explorada, e finalmente, que através da união de esforços, mentes e talentos, podemos muito mais! Nossa equipe de colunistas e colaboradores é formada pelos mais variados profissionais relacionados à dança, saúde e beleza.


...o movimento “shimmie” mexe diretamente com o corpo da bailarina, assim como a “Revista Shimmie” irá falar diretamente para e com você.

Isso sem contar no canal direto com você, que poderá nos enviar matérias, fazer perguntas e dar sugestões. Nossa equipe será constantemente renovada para garantir a atualização constante de nossa Revista e evitar que tudo seja dito por um grupo fechado, inacessível. Procuramos, com a Revista Shimmie, expressar modernidade e conteúdo, sem preconceitos, sempre respeitando os profissionais envolvidos, os estilos abordados e, claro, você, que nos acompanha a cada página. Acreditamos que mulher/homem que está inserido na Dança do Ventre é inteligente, de bom gosto, que espera algo mais de um mercado tão dinâmico e versátil. Temos também conteúdo investigativo e pensante, através de nossas matérias de capa, de forma que você possa formar/reforçar sua própria opinião sobre temas pertinentes à Dança do Ventre. Por isso, contamos com você, que lê agora a sua Shimmie, para vir conosco nesta viagem. Seja também um membro agregador de esforços para que a Dança do Ventre seja cada vez mais vista como Arte: uma arte encantadora, a qual se estuda muito, se batalha diariamente por “um lugar ao sol”; tudo isso, claro, sem deixar o alto astral de lado.

A revista Shimmie não tem bandeiras, todos terão sua vez, “só não vem quem não quer!” Pretendemos que esta seja a sua Revista de bolsa, uma vitrine da Dança do Ventre, onde você pode encontrar suas diversas manifestações: clássica, moderna, fusão e tudo mais que você puder imaginar! Para finalizar, agradecemos toda a Equipe Shimmie: nossos colunistas e colaboradores, que fizeram com que o conteúdo fosse tão interessante, nossa equipe de design gráfico, que a deixou tão linda quanto nossa arte, e claro, nossa equipe comercial, que apresentou tão bem a proposta para nossos anunciantes nacionais e internacionais que, tão brilhantemente acreditaram em nossa proposta e estão conosco nesta histórica edição de lançamento. Agradecemos imensamente a você. Que esta primeira leitura seja determinante para que você integre realmente a família Shimmie. A cada matéria você encontrará o contato direto com cada colunista. Você também poderá acompanhar a Revista Shimmie em nosso site, com enquetes, além do contato com a redação. Seja bem-vinda/o ao Mundo Shimmie!!! A Redação redacao@shimmie.com.br

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Beto Silva

Sheila Regina Mariana Rocha

Flávio Amoedo

Suheil Aysha Almeé

Samyra Muraddy

Isis Mahasin

Fátima Braga

Roger Amaral

Maraísa Nunes

Marcia Baptista

Nira Lucchesi

Ives al Sahar

Adriana Bele Fusco

Sahira Fatin

Giuliana Scorza

Hanna Hadara


Lulu Sabongi

Naznin

Rhazi Manat

Tufic Nabak Simone Galassi

Adelita Chohfi

Adriana Brida

Danna Gama

André Rossi

Patrícia Moura Layla Almaza Alex Fão

Daniella Ogeda Nathalia Maysief

Sara de Morais

Carol Troque

Vera Moreira

Josi Madureira


ENTREVISTA

Lulu Sabongi As mulheres por detrás da bailarina por DANIELLA OGEDA NICE fotos ADELITA CHOHFI

Ser escalada para entrevistar Lulu Sabongi não é tarefa fácil. Apesar de ser a pessoa da equipe Shimmie que tinha o menor envolvimento emocional, ao descer a rua que dá acesso ao Shangrila House, o peso começou a aparecer, afinal de contas, a ideia era representar as leitoras da Revista. Eu seria responsável por essa ponte. Ela foi a primeira bailarina profissional que vi dançando, há 13 anos. Estava curiosa para saber como era a mulher por detrás da bailarina. Eu só a conhecia através da sua dança e pelas vozes de outras bailarinas que a amavam ou odiavam. Eu, realmente, não tinha opinião formada sobre a pessoa Lulu Sabongi. Ao descer a rua, fui incorporando todas as mulheres que buscam suas aulas, sua técnica, seu olhar. Já no Shangrila, fui recebida por Rose Langhamer, dizendo que Lulu estava se preparando, já que a entrevista seria externa (Parque da Aclimação). Nesse ínterim, chega a nossa fotógrafa Adelita Chohfi e, logo em seguida, nossa entrevistada. Lulu me acolheu de forma incrível, como quem recebe uma amiga. No caminho, dava os últimos retoques na maquiagem, desligava o celular, enquanto eu já acertava com a Rose os detalhes da festa de lançamento da Shimmie. Vi-me, no Parque da Aclimação, lugar onde aprendi a andar de bicicleta, iniciando a entrevista com Lulu. Intencionalmente, não enviamos as perguntas antes, para que a entrevista fluísse o mais natural possível. Mesmo tendo planejado uma hora de entrevista, foram duas horas e meia e duas fitas de gravação. Ela se mostrou uma amante da dança, sem afetações, agradabilíssima, uma pessoa para passar horas conversando, tamanha sua sinceridade, educação e, claro, muito divertida. Voltando, subindo a rua, entendi que, a mulher que eu conheci na entrevista é apenas uma das mulheres que compõe a Lulu. Mas, se juntarmos: uma mulher decidida, apaixonada pelo que faz, pelos filhos e pelo marido, e uma aluna eterna, você entenderá porque nos palcos. Lulu Sabongi flutua no ar.

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ENTREVISTA

Revista Shimmie: Você acha que, em 28 anos de carreira, você alcançou a alma do povo que representa? Lulu Sabongi: Que pergunta boa! Eu posso dizer que já recebi comentários muito positivos de egípcios que me assistiram, e a minha conexão com a dança é muito mais ligada à forma como a música é sentida no Egito do que nos demais países árabes. Acho que estou chegando perto, embora nunca vou imaginar que cheguei. Mas acho que estou no caminho certo. RS: Você já teve oportunidade de aprender a dança em seu berço. Qual a importância disso para a bailarina? Lulu: Principalmente compreender que existe uma tradição a ser mantida. Acho importante a bailarina entrar em contato com o gestual deles, a comida, a forma como eles se comportam e principalmente os professores mais antigos. E aí é uma decisão do artista, preservar a raiz ou enveredar por algo que ele considera sua própria criatividade, sua própria forma de expressão, e passar por cima da cultura que ele representa, se no próprio país isso já está acontecendo. RS: Você acredita em divisões de estilos como egípcio, libanês e americano, por exemplo? Lulu: Diria que existe uma dança que é mais oriental e outra que é mais ocidental. A dança no Egito ainda carrega os traços da dança do oriente. Agora, no Líbano e nos Estados Unidos ela é mais ocidental. Na Rússia, por exemplo, há uma vertente que poderíamos chamar de Escola Russa, onde se vê muito pouco trabalho de quadril e muito ballet. A leitura da música é sem considerar os trâmites, essa teia que vai da improvisação para o fundo de ritmo, do solo melódico... Lá eles leem apenas uma camada... As bailarinas são lindíssimas, mas o estilo não dá para comparar com nada, é o estilo russo! (risos) RS: Você acha que as praticantes têm noção destas distinções? Percebemos que as próprias alunas ficam perdidas, contando com as professoras... Eu acho que não fica claro, em função da pouca disponibilidade de investimento da maioria das praticantes, já que a maioria esma-

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gadora das praticantes nunca saiu do Brasil. Como estabelecer um referencial sem comparativos? Então eu posso dizer que, fora o Brasil, eu já visitei 26 países. Daí acontece o seguinte: você aprende o básico, de pois vai descobrindo as camadas e esse processo nunca pode terminar.Eucontinuofazendoaula,depois de 28 anos, e são poucas as pessoas que têm essa disponibilidade. Esse ano veio um professor maravilhoso, chamado Gamal Seif, e tínhamos 30 pessoas inscritas nesse workshop. Para o número de praticantes da dança no Brasil, esse número é uma piada, pois, para ter acesso a este trabalho fora do Brasil, é necessário pagar uma passagem que custa por volta de 1200 dólares, mais a hospedagem, alimentação... Daí dá pra ter uma ideia do comprometimento. Não que as pessoas não queiram, muitas não tem condições... Sem contar que, como as brasileiras são muito talentosas, isso “facilita” as coisas, de forma que não é necessário a bailarina sair do país para ter um número suficiente de alunas, então ela se acomoda. Eu vejo essa acomodação quando vem um profissional estrangeiro super gabaritado e não vejo as pessoas que deveriam estar ali, na sala de aula. RS: Aí você acaba se frustrando... Lulu: Não, eu não! Eu não me frustro! Porque eu estou ali fazendo aula, eu estou ativa, trabalhando... Mas eu só me frustro com o fato de um país tão grande não aproveitar o quanto deveria. RS: E o seu estilo Lulu, como você definiria? Lulu: Eu diria que sou um mosaico das pessoas que já passaram pela minha vida. É como se o meu corpo fosse segurando as impressões que vão sendo deixadas. E, depois de um tempo, o corpo reage ao som. Eu não penso mais quando eu danço, eu só penso quando estou estudando, criando uma coreografia. Eu ouço muitas vezes a música, para estar integrada com ela, mas eu prefiro que o momento da apresentação seja fresco, carregando a emoção daquele momento. RS: Como você vê a proliferação das fusões na Dança do Ventre? Lulu: Com resguardo. Não que eu não


goste, eu uso músicas diferentes nos meus aquecimentos, eu já dancei músicas que não eram árabes, eu abri minha festa dançando com uma música tocada ao piano a quatro mãos, então, quem sou eu para dizer que não misturo coisas? Eu diria que, tudo que é feito com alta qualidade e apropriadamente é válido. Acho que o problema é quando se usa um cantor tradicional, como por exemplo, Abdo Halim Hafez, colocar um “putz putz”, e colocar uma dança gótica no final. Aí meu bem...(risos) RS: Você fez vários dvds didáticos. Podemos interpretar este conjunto como a metodologia Lulu Sabongi? Lulu: Sim. Eu acredito que, como várias pessoas utilizam este material como forma de estudo, já existe essa metodologia, mesmo que ela não esteja escrita, reconhecida legalmente, ela já existe, é algo incontestável. Eu acredito que a dança árabe, como as outras danças, têm regras e têm formatos que podem ser adaptados para qualquer corpo. As pessoas deveriam respeitar alguns posicionamentos de pernas, alguns formatos de movimentação para atingir aquele resultado que ela almeja em termos de Dança Oriental. RS: Do que é feito uma boa professora? Lulu: Em primeiro lugar, ela deve ser uma boa aluna. E eu diria, uma aluna eterna. Eu não acredito numa professora que aceite dinheiro – que é uma forma de energia para ensinar – e que não invista dinheiro para continuar aprendendo. Em segundo lugar, ela deve gostar de gente, porque é impossível ensinar se você não gosta de estar com pessoas. Em terceiro lugar, ela deve aceitar suas próprias limitações, pois se ela não aceitar as dela, não saberá aceitar as dos outros, pois as pessoas que buscam a dança vêm por motivos diferentes e possuem limitações diferentes também; em quarto lugar, saber que ela não sabe nada. RS: Do que é feito uma boa bailarina? Lulu: De muitas bolhas no pé! (risos).... de muito respeito pelos seus professores, de respeito pela dança e respeito pelo público. RS: E uma boa aluna? O que uma aluna faz que te chama a atenção? Quando

você olha e vê que ela tem potencial? Lulu: Eu acho que a boa aluna não é aquela que vai crescer, a boa aluna é aquela que quer aprender. Simplesmente isso. Porque de todas as alunas que buscam as aulas, apenas uma pequena porcentagem vai se profissionalizar. A grande maioria busca outras coisas com esta dança, não uma segunda profissão. RS: Você tem o projeto do seu livro. Ele fala sobre o quê? E quando será lançado? Lulu: Ai, esse bebê! (risos).... Esse é um projeto que seria necessário uma “quebra” , onde eu não fosse chamada para nada, ficasse quietinha escrevendo!! (risos)... Enfim, escrever um livro é uma experiência de disciplina e é uma atividade diária. Você não pode escrever um livro uma vez por semana! Ele é um bebê que nunca termina sua gestação... eu já comecei textos, tenho coisas guardadas.... A ideia seria de um livro que reunisse informações reais sobre o folclore, sobre a origem da dança, que eu pude colecionar estes anos todos, e que falasse da minha experiência de vida com esta dança, como bailarina e professora, e para onde a dança me levou. Mencionar alguns nomes daqui do Brasil também, já que este é o meu país. Mas a data... não vou arriscar. Esse livro é um sonho que eu ainda vou realizar. RS: A proposta da Shimmie é falar sobre as diversas mulheres existentes dentro de cada bailarina. Quantas mulheres existem dentro de Lulu Sabongi? Lulu: Eu acho que tem 3 personagens principais: um é a “bailarina”, que é uma cigana, que é capaz de se entregar onde ela está, então quando eu estou fora, eu não sofro. Eu sinto saudade na hora que a “mulher” me visita. Outra é a “mãe”, que é diferente da “mulher”. RS: Você tem algum ritual que é só da Lulu e outro que é só da Luciana (seu nome de batismo)? Lulu: ... um ritual que é da Luciana: tomar banho com luz apagada ouvindo música. E música não-árabe. Eu gosto muito de música brasileira – inclusive, hoje de manhã, antes de vir para cá, eu estava ouvindo um cd antigo do Gilberto Gil – ou jazz, mas jazz suave, eu adoro...

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ENTREVISTA

mas eu sou bem eclética musicalmente, eu só não gosto de funk, rap, rock pesado e música eletrônica. RS: E um ritual da Lulu? Lulu: Eu sempre faço um sinal em mim mesma antes de entrar no palco, que é o meu símbolo, uma lua e uma estrela, faço na testa e na nuca. Mas eu acho que um ritual da Lulu é: sempre estudar. É uma mania, eu preciso estudar, o nãoestudar me faz mal. Todo ano eu faço todos os workshops que promovo, e uma vez por ano eu faço uma semana intensiva, de 36 horas, com três professores que eu respeito muito. RS: Você já dançou “obrigada”? Lulu: Ah... acho que todo mundo já fez isso na vida... às vezes quando você se sente muito frágil emocionalmente, quando você quer se esconder, não quer ver ninguém... mas você vai lá e dança... eu já fiz isso várias vezes. A última vez, foi na minha última vez na Casa de Chá (Khan el Khalili), no dia 30 de agosto de 2009. Eu queria e não queria estar lá. Foi uma situação bem ambígua. RS: Nessa situação, foi a Luciana ou foi a Lulu que dançou? Lulu: Eu acho que naquela noite foi uma mistura, mas foi principalmente a Luciana. Porque quem amou aquele chão foi a Luciana, foi a Luciana que nasceu lá dentro. A bailarina nasceu da Luciana. A bailarina é uma das facetas da mulher. Então a mágoa e a dor da despedida foi um fechamento de um ciclo e uma dor pessoal. RS: Você já pensou em desistir? Se sim, o que a fez mudar de ideia? Lulu: Várias vezes! Mas, sempre alguém, uma pessoa de fora, aparece com uma carta, dizendo o quanto eu tinha significado num determinado momento da trajetória dela, e o que a dança a transformou... aí pronto, eu entendia que eu não podia... (parar). Acho que chega um ponto que a sua lenda pessoal diz que você não tem mais o direito. Eu sinto isso, que eu não tenho o direito de parar. Hoje em dia acho que eu só pararia se fosse obrigada. RS: Sua despedida da Casa de Chá (Khan el Khalili) foi amplamente divulgada. Na época, percebemos muitas pessoas

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apoiando, outras criticando veemente e dizendo que era uma superexposição desnecessária. Como foi isso para você? Lulu: Eu pensei bastante antes de escrever a carta (carta explicando sua saída da Casa de Chá, escrita e divulgada via Internet). A exposição é minha. Então eu não dou o direito de ninguém julgar. Então, eu tomei muito cuidado com o que escrevi e como eu me comportei. E até hoje eu leio e não me vejo desrespeitando ninguém. Então, eu não faria diferente. Eu quis me despedir daquele lugar, tomei cuidado, não desrespeitei ninguém... A vida é minha... Em nenhum momento eu fui indecorosa. Mesmo porque os funcionários da casa sabiam que era minha última noite, e falaram para outras pessoas também, então eu não poderia ser retirada daquela noite, porque a casa estava lotada. Então, essa questão da intromissão das pessoas, é como com os artistas: as pessoas querem falar da vida dos outros e sentem essa necessidade. Mas o interessante também é que tem as pessoas que criticam, mas também tem as “defensoras”! RS: Sim, porque essa foi uma questão que atingiu o lado “mulher” de muitas das suas admiradoras... Lulu: Sim, as mulheres e as outras bailarinas, pois foi uma mensagem muito clara: “não interessa o que você significa, não interessa quem você é, não importa...” e a ação que se seguiu foi exatamente assim. Então, se hoje existem tantas bailarinas, eu tenho um papel nisso, e se a Khan el Khalili existe, é porque eu fui sócia durante 22 anos. Já disseram que “a Lulu só é a Lulu porque a lançaram”... E nos outros países, onde eu comecei do zero? Quem foi que me fez lá? Quem de fato me lançou no mercado brasileiro além das fronteiras da casa de chá, foi a livraria Horus, que existia na continuação da Hadock Lobo (SP), e lançou o primeiro DVD didático do Brasil, que foi o meu. A partir deste DVD, todo o país teve acesso a esta dança. Deste ponto em diante, todos os outros volumes foram investimento financeiro meu, com o auxílio de meu ex marido sim, mas a criação do contento, e de todas as sequências, assim

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como os convites das bailarinas, foram feitos por mim, independente do que se escreva a respeito. Então, compreendo perfeitamente o fato das mulheres se sentirem desrespeitadas, pois estas entenderam exatamente o que aconteceu naquele momento. RS: Falando do seu Selo de Qualidade. Assim que você saiu da Casa de Chá, foram inúmeros os pedidos, imediatos, para você criar o seu Selo de Qualidade. Foi algo que você já estava pensando ou surgiu a partir destes pedidos? Lulu: Foi uma resposta às pessoas sim. Eu nem estava preocupada com o número de pessoas inscritas, eu estava preocupada com a continuidade do meu trabalho. Então, uma vez que eu fui retirada do processo que eu criei, eu deveria continuar para as pessoas que queriam isso comigo. Foi um divisor de águas e uma grata surpresa, saber que muitas se importam mais com o lado da arte do que com o lado comercial. Esse processo eu faço realmente sozinha, só tenho uma pessoa me ajudando a responder algumas mensagens, mas o processo é realizado totalmente por mim. RS: A gente percebia que, no caso da pré-seleção, quando a bailarina passava, era alçada aos céus, quando não passava, sua autoestima ia lá para o chão... fale umpouco sobre esse envolvimento emocional... Lulu: Pois é... espero que isso não aconteça comigo. É muito difícil. Tem professoras que eram noites do Harém, e ainda são, que não querem participar das bancas, porque se aquela aluna dela não passava, ela (a aluna) desaparecia. Então, para não perder aluna, ela não ía. É uma grande fantasia achar que se a professora está na banca ela vai passar. As pessoas deveriam encarar isso como um processo de aprendizado, e não como a finalização de algo. Se não passou é porque não estava pronta naquele momento, mas daqui a pouco estará. Tudo deve ser encarado como um processo. Qualquer processo seletivo sempre será um flash, nunca poderá ser avaliado todo o potencial da pessoa. E é importante que ela saiba trabalhar sob pressão.


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ENTREVISTA

Imagina uma bailarina que, dependendo do seu público, o seu desempenho de trabalho diminui. Então, é importante que a bailarina tenha trabalhado essa confiança, baseada em sua qualidade técnica, sua leitura musical, no seu bem-estar ao dançar. Quando você chegou a este ponto de maturidade, você está pronta! Quando você está absolutamente segura, você não tem nenhum medo. Se passou, tudo bem, se não passou, tudo bem também. O meu selo vai ter revalidação todo ano. Todo ano, a bailarina tem que se encontrar comigo, durante uma hora; eu vou colocar uma música e vou verificar se a qualidade dela continua. RS: Lulu: mãe de cinco filhos, empresária, esposa, bailarina, professora e uma referência internacional em sua área. O que te falta? Lulu: Tempo! (risos)... eu sinto falta de tempo... RS: Tempo para a Luciana? Lulu: Sim, tempo para a Luciana. Eu sinto falta disso, mas eu não posso parar porque eu sou o norte da minha família. A minha arte, felizmente, pode ser o meio de sobrevivência da minha família e é difícil dizer não. Eu gostaria de ter mais tempo para estudar fotografia, que é algo que eu adoro! Gostaria de voltar a estudar canto... RS: Você sabe distinguir quando alguém chega até você só para te agradar? Como você lida com isso? Lulu: Esse é o meu problema! Eu vou sempre de peito aberto em tudo! Na verdade, essa é uma outra piada que fazem de mim, “que sou uma boba”. Eu não me importo que, se tive uma experiência ruim no passado, não tenho problema em dar uma segunda chance para alguém. Eu brinco com isso, dizendo que Deus me fez com este defeito, de nunca ficar amarga e sempre perdoar. E nem sempre eu gostaria de fazer isso, gostaria de ser capaz de me preservar mais. Existem algumas coisas que merecem o meu descrédito. Mas eu não consigo. O que eu acabo ganhando com isso (não que eu faça isso querendo algo em troca) são presentes inusitados, vindos de outras pessoas e que talvez sejam a minha

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recompensa por não ficar amarga. RS: A maioria das pessoas te vê no Olimpo. Como você acha que se cria essa imagem? Tem a ver com o palco? Lulu: Eu acho que sim. As pessoas captam isso muito facilmente e levam isso para o lado da mulher. Quando eu danço, eu me sinto num universo diferente. Eu me entrego mesmo. É uma linguagem que eu não consigo explicar, A dança para mim é algo tão de verdade, é algo tão visceral, que quem assiste, percebe que é de verdade, que não é uma “persona”. Há sentimento. Aquela sou eu. A personagem é a do dia a dia: tem que trabalhar, lidar com as coisas, pagar contas... e quando eu danço, acho que é o meu coração que está conversando com as pessoas, por isso tenho esse resultado. É uma relação emocional, difícil de trabalhar com palavras. RS: A intenção da Shimmie, Lulu, não é te tirar do Olimpo, mas entender essa relação, entender a mulher que está por detrás da bailarina. Lulu: Essa coisa do Olimpo... eu nem colocaria dessa forma, porque para mim não é toda apresentação minha que é boa, pois eu sou muito crítica, e isso só acontece porque eu não estou no Olimpo coisa nenhuma! Eu sofri muito, eu choro muito, eu tenho muitas dúvidas, eu me cobro muito... é isso que eu sou. Agora, sobre a fantasia do outro a gente não tem controle. Eu costumo dizer que as pessoas me amam ou me detestam; mas, geralmente quem me detesta, nunca teve contato comigo, ouviu alguma coisa de uma outra pessoa, que, por algum motivo resolveu falar mal de mim, e aí fica com aquela imagem de mim, vai me ver dançar e, quando eu danço - eu não danço com cara de coitadinha, - aí já viu, juntam as duas coisas e saem falando: “eu sabia que ela era isso mesmo, uma insuportável!”.. (muitos risos) RS: Lulu significa pérola. Como o alemão (Michael, seu atual marido) te fisgou? Foi uma conquista ou um resgate? (muitos risos) Lulu: Nossa que pergunta legal!!! Bom, ele era meu anfitrião na última cidade de uma turnê pela Alemanha. Era para

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eu ter pernoitado na casa dos pais dele, e fomos apresentados por uma amiga minha de muitos anos. Michael era seu cunhado. Nós nos conhecemos e ele diz que estava buscando por algo diferente na vida dele, mas ele não sabia o quê. Na época. ele namorava uma outra pessoa havia mais de dois anos, e ele queria constituir família, ele estava buscando essa solidez, e essa outra pessoa não estava muito interessada nisso. Nós nos conhecemos, aconteceu uma aproximação, é claro que eu imaginei que não ia dar em nada porque ele estava do outro lado do oceano, com uma vida estável, trabalhando como consultor... enfim, dois meses depois que nos conhecemos, aconteceu um incêndio no apartamento dele. Daí ele nasceu de novo e decidiu que iria fazer as coisas que fizessem bem pra ele. Como ele é extremamente organizado, tinha seguro do apartamento e de tudo que estava lá dentro. Ele recebeu o seguro, acertou todos os débitos que tinha, saiu do emprego, vendeu tudo, se organizou para morar no Brasil, investiu junto comigo na escola (Espaço Shangrila House), e é um companheiro incrível. Então eu acho que eu o resgatei de uma vida chata! (risos) RS: A pérola vive dentro da concha. Você é assim, mais reservada? Lulu: Não mesmo, eu sou aberta demais! As pessoas sempre tiram sarro de mim, dizendo que minha boca é muito grande, que eu falo mais do que deveria, que eu não me preservo e eu diria que, a partir do momento que você fala qualquer coisa, isso não é mais privado, eu sei disso. Hoje digo: eu “falo sempre pela minha boca”. Eu “banco” tudo que eu falo. A única coisa que você pode garantir é o direito de ser sempre honesta. Existem pessoas que não são honestas, porque ser honesta faz com que elas percam coisas. Então é tudo uma questão de escolha. De qualquer forma, isso é algo que vem com a idade também. Porque você deixa de se preocupar tanto em agradar as pessoas, para ser fiel a você mesma! Acompanhe mais desta entrevista no site da Shimmie - www.shimmie.com.br


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ENTREVISTA

ROSE LANGHAMER, há 16 anos

trabalhando diretamente com Lulu Sabongi, produtora executiva do Shangrila House, apesar de sua timidez, nos cedeu esta entrevista. Durante nossa conversa, estava sempre atenta às necessidades de Lulu, em uma sincronia na qual elas se entendem até pelo olhar, típica das grandes parcerias. Revista Shimmie: Rose, como é a Lulu “chefe”? Rose: Ela é uma pessoa maravilhosa, eu não tenho do que reclamar dela. Ela não é brava, é organizada e quer que a gente seja também, então, ela é disciplinada. Cada um tem um tipo de organização, mas como eu já estou com ela há muitos anos, isso facilita um pouco. RS: Hoje você é amiga dela também. Existe uma separação entre trabalho e amizade. Como é isso? Rose: Bom, na verdade, nós temos vidas separadas, porque eu sou casada, tenho meu filho e agora a Lulu está numa fase super boa, casada, com a filhinha, então, quando ela não está dando aula ou workshop pelo mundo, faço questão de ela ficar com a família. RS: Qual a maior qualidade da Lulu e da Luciana? Você vê essa distinção?

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Rose: Bom, durante todos esses anos, essa distinção é mais difícil, apesar de eu atuar mais com o lado Lulu Sabongi, com as aulas, shows e workshops. Ela é uma pessoa “simples e boa”. RS: E um defeito? Rose: Desligada! (risos) RS: Você acaba sendo uma bússola dela? Rose: Sim, eu acho que sim.... meu marido me chama a atenção, dizendo que eu não consigo desligar; na verdade, eu durmo e acordo pensando na escola, é automático. Principalmente quando tem evento. Eu me sinto responsável, não tem jeito. RS: Se você recebesse uma proposta milionária para ir trabalhar para outra pessoa, você iria? Rose: Olha, eu aceitaria sim. Mas eu não deixaria de ajudá-la em nenhum momento. De noite, de madrugada, quando ela precisasse eu estaria ajudando, de coração. RS: Com a abertura do Shangrila, você acha que a Lulu ficou mais independente, ou pelo menos se envolvendo mais em questões empresariais? Rose: Sim, sim, com certeza, esse lado mudou. Ela precisa desse lado empresarial, mas não tem muito a ver com ela

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não. Ela tenta, tudo que ela pega para organizar ela é muito boa, mas ela nasceu para ser estrela. A Lulu Sabongi nasceu para dançar, dar aulas... o lado artístico. RS: Como você vê a importância da assessoria para bailarinas? Rose: Eu acho que é tudo. É super importante. A bailarina precisa, não tem jeito. Ela tem que se preocupar mais com o palco e com o seu lado show, e apresentar o melhor dela para o público. Mas eu acho que um trabalho de consultoria e assessoria é tudo. Porque quando a gente sai com uma bailarina ou grupo de bailarinas (Lulu e Cia. de Dança Lulu Sabongi) nos shows em Hotéis e Casas, eu procuro fazer com que elas tenham tudo que eu gostaria de ter, e garantir que elas sejam sempre bem tratadas e tenham estrutura para o show. Eu sou muito dedicada ao que faço. Posso não ser a melhor, mas procuro sempre dar o melhor de mim. Lulu volta, dizendo: “não lembro do que a gente estava falando...” Brincando e retornando a entrevista com a Lulu, digo que a Rose quando perguntada sobre um defeito seu disse “ela (lulu) é desligada”....“Sim, sou mesmo! A Rose me conhece muito bem!” entre risos....


Dr. GAMAL SEIF Egípcio, coreógrafo e pedagogo em dança, formado em Dança Moderna e Dançaterapia. Pós-graduação em Medicina Esportiva e reabilitação na Alemanha. Em sua visita ao Brasil para ministrar seu workshop, Gamal nos cedeu esta entrevista, num clima muito harmonioso e descontraído. Revista Shimmie: Gamal, é um imenso prazer entrevistá-lo. Quais suas impressões sobre o Brasil? Gamal: Eu amo o Brasil! Adoro trabalhar aqui, as pessoas daqui nasceram para dançar! O brasileiro tem muito ritmo e dança. Aqui todas as pessoas, de fato, podem dançar. RS: E a visão de onde você veio sobre o Brasil? (ele mora na Alemanha e é egípcio) Gamal: Na Alemanha, quando eles ouvem sobre o Brasil, eles conectam diretamente com o samba. Mulheres lindas, com um corpo maravilhoso. As alemãs ficariam um pouco enciumadas com esta imagem (risos)... quando dou aulas, faço comparações, digo, “andem com o jeito brasileiro, com gingado” RS: Como é essa mistura de estilos, o brasileiro e o egípcio na dança?

Gamal: É fundamental. A cultura brasileira é similar à egípcia. Claro que existem diferenças, mas as mulheres daqui aprendem muito rápido, entendem a mensagem rapidamente. A dança tem que ter expressão, senão não é dança. As pessoas aqui conseguem se expressar melhor, não são tão bloqueadas, tão tensas, são muito sentimentais, emotivas.. não têm problema para se expressar, o que facilita o aprendizado. Isso estimula o professor que tem contato com este material humano, ele sente-se muito mais motivado, sabendo que o que está passando está sendo assimilado e será aplicado. A conexão Brasil-África, África-Brasil-Egito, é como um círculo que se fecha, com várias similaridades. RS: Como é ser professor da Lulu Sabongi? (Este momento foi especial: enxergar no comportamento de Lulu com seu professor, sua ansiedade com a resposta de Gamal, com seu olhos brilhando e seu corpo retraído) Gamal: É um orgulho! (suspiro de alívio da Lulu) Ela é uma grande bailarina. Ela não apenas aprende, mas também pesquisa, é muito séria e nunca fica tímida, porque ela é uma aluna, uma grande professora e uma grande mulher.

Quer aprender todos os dias. Essa é a grande diferença entre as grandes pessoas e as pessoas comuns. (Foi maravilhoso também ver todas as alunas de Lulu representadasnelamesma,concretizando sua máxima de “aluna eterna”) RS: Qual sua principal mensagem para os leitores da Shimmie? Gamal: Que vocês possam ver a dança como uma cultura, e descrever a dança por cada uma das suas faces da comunicação: expressão, comunicação, comunicação com as outras pessoas, com a música, comunicação com os ritmos. É uma dança que fala acerca das pessoas, não apenas uma vertente comercial, de mercado. A qualidade tem que estar acima da comercialidade da dança. A dança é uma grande ciência: uma vez que você está nela, você vai atuar sobre o psicológico das pessoas, a postura, a saúde... como as pessoas dançam nas diferentes regiões, os folclores regionais... aprender de fato sobre folclore. Que as pessoas possam abrir as suas mentes e a dos outros sobre essa área, para de fato, compreender o quão ampla ela é, e passem a estudá-la seriamente. A dança é muito mais informação do que apenas imagem.

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DIÁRIO DE BORDO

A Dança do Ventre

PELO MUNDO A experiência de Suheil em Nova Iorque por SUHEIL fotos ARQUIVO PESSOAL

É com grande satisfação, e orgulhosa pelo convite, que inauguro esta seção da revista. Poder falar sobre a dança do ventre fora de nossa Terra Brasilis, e, a pedido da redação, sem focar no Oriente Médio, é o tipo de desafio que me agrada muito; como tudo que não é redundante. Não é novidade que a qualidade técnica das bailarinas brasileiras é incontestável, tendo em vista o número de colegas dançando e ministrando aulas ao redor do globo. Nas oportunidades que tive de fazer isto, tanto na Europa como nas Américas, o trabalho que vem das terras tupiniquins é escandalosamente bem recebido. Vou focar então, naquilo que acredito que nós brasileiras ainda temos muito o que aprender, muito mesmo: SUCESSO. A qualidade de nossas apresentações (estamos muito longe de poder chamá-las de shows) ainda peca pela falta de tato, de atenção; ou seria de conhecimento no assunto? Poucas são as apresentações onde encontramos cenógrafos de qualidade, iluminadores aptos e com projetos de luz a ser seguidos, acompanhados, claro, de material e tecnologia para tal. Será que alguém por aqui já conseguiu ter em sua montagem uma equipe com assistente de palco, diretor de cena, programador de luz (que não seja o gentil rapaz do som que se oferece a apertar alguns botões extras), figurinista (não só na criação do contexto, mas na coxia do palco para as eternas emergências), enfim, o que lá fora é apenas tido como “equipe”? Por favor, não me matem por antecedência!

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A crítica é para ser construtiva e já sei que você irá responder algo como “Haja grana!” ou “Somos um país pobre” e milhares de outros poréns... isto chega a ser até cultural. Por isso quero falar sobre EVOLUÇÃO. Esta é a palavra. Nova Iorque é a terra da Broadway, dos grandes musicais. Los Angeles é a terra de Hollywood. Lembro-me como ontem quando Sahra Saeda, ao ser contestada por mim (e minha imaturidade da época): porque eu deveria passar por uma audição, se eu já estava lá como convidada? Freando o carro abruptamente, e num inglês pausado olhando no fundo dos meus olhos, ela me respondeu: “Isto é Hollywood baby! Todos os artistas do mundo querem estar aqui.” É... Provar competência é a regra número 1. Para uma entrevista do BDE (Belly Dance Evolution) em Nova Iorque (praticamente um Off-Broadway) me pediram um vídeo-demo com iluminação “pretty baby”; levei um tempão até descobrir o que era isso! Pior foi o susto que levei com o tanto de gente trabalhando nos bastidores para que tudo acontecesse “redondo”, e a moça com o cronômetro atrás de nós o tempo todo: “12 minutos para aquecimento no palco”, “3 minutos para início de ensaio, nas suas posições por favor”, “35 minutos de almoço” (preparado claro por uma equipe de nutricionistas!), “80 minutos para produção”, e assim por diante... até quase infartar ao escutar: “ok garotas, figurinos preparados para o camarim de palco; estaremos recolhendo as araras em 7 minutos”. Ahn? Sim, a

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Central Park :: Nova Iorque

Camarim

Jillina

Heather Aud. Perséfane


Isto é Hollywood baby! Todos os artistas do mundo querem estar aqui.

Solo de percussão - Belly Dance Evolution

Mon tage md o pa lco

up Make

Compositor Paul Dinletir

Sharon Kihara ark :: NY Central P

troca de figurinos durante o show é feita em outro camarim, preparado dentro da coxia, onde uma equipe já deixa de cada lado os acessórios e tudo o mais que será utilizado – cabe a nós artistas apenas conferir nossos pertences e nos preocuparmos em dançar. Dançar bem, focadas, no mínimo justificando todo aquele investimento. Não existe espaço para falta de sincronismo, coisa que no nosso amado Brasil é visto em raríssimas apresentações. Não existe espaço para erro, afinal você não é uma profissional? É o que esperam de você. Sem falar no cachê, claro! Não precisa nem perguntar! Ao término do show, um envelope fechado, com seu nome escrito, estará esperando por você na saída. Como podemos evoluir tendo que pedir “quase em prantos” que fulano nos deixe dançar de graça em seu restaurante para promover nosso trabalho? Desvia do garçom aqui, compete com a fome do espectador ali. Sem falar na colega concorrente, que quando descobre que você recebe para tal, se oferece mais barata. Quem nunca viveu isso? Atire a primeira pedra. Evolução e profissionalismo só acontecem em simbiose. Temos bailarinas maravilhosas não só em beleza mas em técnica também. Podemos fazer muito, se não, melhor. Mas para isso é preciso começar uma nova consciência: de que a dança deve ser valorizada como arte em sua plenitude e não apenas como mero entretenimento. Beijos e nos vemos nos caminhos dançantes! Suheil é bailarina, professora e coreógrafa de Dança do Ventre.

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LEITURA MUSICAL

Deslizando entre sons... A importância da sensibilidade por RHAZI MANAT E FÁTIMA BRAGA fotos STOCK.XCHNG

Acreditamos que um dos fatores determinantes na criatividade e estilo pessoal da bailarina perpassa, sem sombra de dúvida, pela sua leitura musical. É esta leitura que vai determinar o que ela prioriza na música, sua relação com os instrumentos e, consequentemente, sua entrega em cena. A leitura musical é algo totalmente pessoal, pois depende de vários fatores: • Sua experiência como bailarina: o tempo e a sua vivência na dança, apresentações e estudos em geral. Quanto mais você vivencia a dança, mais poderá apurar o que escuta, como escuta e as possibilidades para cada sonoridade; • Sua experiência como aluna (eterna): sua vivência em sala de aula, estudando com seus professores, é o que faz seu corpo responder prontamente através de seu repertório estudado; • Sua sensibilidade como artista: a busca da emoção, a entrega, tudo aquilo que faz você amar a dança do ventre e estar em cena; • Sua vivência como ser humano: o que viveu, o que sofreu, amou... Como artista pleno, a emoção verdadeira deve aflorar. Treinar leitura musical é algo subjetivo, mas o principal caminho é o reconhecimento do humor (ou diversos humores) da música, seu estilo, seus instrumentos e seus ritmos. A partir daí, trabalhe sua emoção com estas diversas manifestações e, claro, a técnica de movimentos e sequências utilizadas para dançar essa música. Quando treinamos nossa leitura musical, treinamos nossa sensibilidade e, por que não dizer, nos preparamos para dançar improvisos também. Nesse estudo, nos permitimos também o autoconhecimento na condição de bailarina, quando descobrimos os instrumentos que preferimos, qual nos facilita quase automaticamente nossa interpretação. Vale ressaltar que, pelo fato de a leitura musical ser algo único, não é porque uma bailarina tem uma leitura diferente da sua que ela está errada, ou seja, não há “uma verdade absoluta”, essa “verdade” tem variações de acordo com a personalidade de cada artista. Permita-se então, ouvir os sons, sentir os instrumentos e vivenciar nossa Arte de forma plena, através da leitura musical... Rhazi Manat e Fátima Braga Rhazi e Fátima são bailarinas, professoras e coreógrafas, e escreveram juntas este artigo, tomando um delicioso café! rhazi@shimmie.com.br

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TEORIA MUSICAL

Características da

MÚSICA ÁRABE por IVES AL SAHAR fotos STOCK.XCHNG

A música árabe é o resultado da grande variação de tradições regionais dos países que constituem o al-’Arabi, termo utilizado para designar os 24 países do território árabe. Os tons são organizados respeitando os inúmeros Maqamat (maqam) existentes, onde cada maqam está associado a uma emoção específica, ou mesmo a um conjunto de emoções, como por exemplo: o Maqam Sikah simboliza o amor; Saba simboliza a tristeza; o Rast, o orgulho. São inúmeros maqamat árabes. Os mais utilizados chegam a 50, levando em consideração alguns mais locais da África do Norte. Este termo “maqam” começou a ser utilizado por volta do século XIV para designar a estrutura modal. É preciso deixar claro que salvo algumas exceções, não existe harmonia na música árabe e sim aplicações melódicas de tons e meio tons, variações microtonais. É grande característica da música árabe a improvisação instrumental, também conhecida como taqsim, onde os artistas deslizam por diversas modulações, que não estão desvinculadas da influência regional do músico. Este estilo, muito praticado no período clássico, o permanece até os dias de hoje. Devido à grande extensão territorial atingida pela colonização árabe em outros tempos, fortes influências locais das regiões agregadas marcaram a música, criando um amplo, profundo e complexo mosaico, no qual mais de 300 ritmos coexistem ecoando por todo o mundo árabe. Na esfera mais comercial da música trazida para o ocidente, podemos perceber não mais de 25 ritmos, que seguem uma medida de tempo, considerando suas variações. Isso é o que chamamos de compasso. Acredita-se que a música dos trovadores tenha relação com as tradições da poesia, o que não é difícil de ter acontecido, visto que a Península Ibérica (Portugal e Espanha) teve quase 800 anos de dominação árabe. Na próxima edição vamos saber um pouco mais sobre os instrumentos árabes, em especial a Tabla Egípcia, as três notas fundamentais utilizadas para o instrumento e alguns ritmos. Também veremos dicas de como improvisar na dança utilizando a estruturação musical. Ives Al Sahar é músico multi-instrumentista e pesquisador da música e cultura oriental. ivesalsahar@shimmie.com.br

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MODERNO

TENDÊNCIAS O que está acontecendo nos palcos por GIULIANA SCORZA fotos BANCO DE IMAGEM

Sejam bem-vindos ao espaço mais moderno que a dança do ventre já viu! Sim! É aqui que você vai ficar sabendo sobre as últimas novidades e tendências dessa arte que tanto amamos. Durante este ano, em cada edição, abordarei um novo tema: música, véus, cantores, etc., e quero também que você, leitor, manifeste-se e faça perguntas que, na medida do possível, irei responder. Posso dizer que 2010 foi o ano da dança moderna, e quando falo de moderno, falo também de fusões. Nunca se viu tantas coreografias envolvendo os mais variados tipos de danças e a dança do ventre. Se você acha que o tango belly dance é a última novidade, pode se atualizar! Agora a moda é o heavy metal belly dance! Sim! Exatamente isso que você leu. O metal vai rolar solto nas dunas do Sahara!

Mas para quem fica horrorizado com tudo isso achando que a dança do ventre clássica irá aos poucos desaparecer, tranquilize-se e lembre-se: o ballet clássico não foi suplantado pelo contemporâneo. Os dois coexistem de forma harmônica há muito tempo e não há nenhuma chance de extinção do clássico. Da mesma forma que existem os amantes do clássico, existem os do moderno, e há ainda aqueles que amam os dois. E essa é a grande magia: sabermos confraternizar e compartilhar cada qual com seu gosto. Despeço-me muito feliz por poder ter este canal direto com você, leitor. Aguardem! Giuliana Scorza é bailarina e professora de dança do ventre. Ama o moderno sem deixar de amar o clássico. giulianascorza@shimmie.com.br

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A músicaclássica

CLÁSSICO

Conhecendo a estrutura da Música Clássica Oriental por AISHA ALMEÉ fotos iSTOCKPHOTO

Para falarmos de Dança Clássica Árabe precisamos, inevitavelmente, falar da música árabe, seus ritmos e os instrumentos que a acompanham, pois a dança (seja ela qual for) é determinada pelo acompanhamento musical. A música não pode ser um pano de fundo, acompanhada por uma atleta que treinou horas a fio. É tarefa da bailarina, artista sensível e receptiva, expressar as emoções transmitidas pela música e destacar a qualidade do instrumento que sola, extraindo dele sua qualidade essencial. Podemos nos enganar com o termo “música árabe”. Ritmos, instrumentos e o modo como se canta variam de país para país. Porém, toda música árabe compartilha semelhanças. Uma delas é que dentro de sua estrutura formal, ela reteve do passado uma fortíssima qualidade na improvisação, e em sua essência ela, é altamente melódica. A música clássica árabe é composta

geralmente por grandes orquestras; ela ganhou uma textura mais rica, com instrumentos específicos ou grupos de instrumentos dominando certos trechos da música. E quanto maior a variedade dos instrumentos, mais fácil é criar uma rica sonoridade, e por consequência, uma rica dança. Os percussionistas produziram uma ornamentação mais complexa nos ritmos, e uma música, que no passado era improvisada, tornou-se mais estruturada. Quanto aos ritmos árabes, uma única oitava pode conter algo entre 18 e 22 notas com intervalos tão pequenos quanto à nona parte de um tom.

Por isso, a música clássica árabe nos oferece tantos momentos variados que nos possibilita diferentes interpretações e a utilização de inúmeras técnicas de dança, árabes ou não. E com estas tantas variações, ouvir uma música clássica árabe é como embarcar em uma cinematográfica viagem. A música clássica árabe é composta, basicamente, pelos seguintes momentos: introdução, entrada em cena, momentos cadenciados, taqsim, folclore, percussão e encerramento. Na próxima edição, falarei detalhadamente sobre cada um destes itens da música clássica árabe. Aysha Almee é bailarina, professora e coreógrafa.

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O HOMEM NA DANÇA DO VENTRE

SHOW MASCULINO Com graça e talento, os meninos arrasam! por FLAVIO AMOEDO fotos ARQUIVO PESSOAL

É com imenso prazer que escrevo para você. Este é um espaço destinado a nós, homens, que dançamos a dança do ventre. Através desta coluna, poderemos expor nosso ponto de vista e profissio-

nalismo. A cada edição falarei sobre as tendências na dança do ventre masculina, suas histórias, conquistas e barreiras. Durante 12 anos de carreira tenho percebido a ampla elevação na Dança do Ventre masculina; e isso é um fato confirmado através de grandes destaques na dança do Brasil, que fazem sucesso também no exterior. Citando alguns: Henry Neto (BH), o primeiro e o único homem a dançar no maior festival de dança do mundo, o Festival de Dança de Joinville; e o fabuloso Tarik Áli (SP), também premiado em vários festivais, dentre outros que se destacam nacional e internacionalmente. A visão da dança do ventre hoje está mais globalizada do que há 5 anos: percebemos que o público nos respeita, aplaude e parabeniza, demonstrando satisfação e encanto com nossas apresentações. Os grandes artistas homens - assim como as mulheres dançam com a alma, mostrando conhecimento através de coreografias criativas. O que eu não poderia deixar de ressaltar é que o homem também consegue pôr na sua dança uma interpretação ímpar, seja no sorriso, no gesto masculino, em nossa vaidade de mostrar figurinos ricos e adequados, na execução de passos, e no caráter de cada um que dança com profissionalismo e segurança. Flávio Amoedo é bailarino e professor de dança do ventre. flavioamoedo@shimmie.com.br

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MEU NEGÓCIO

Grupo BELE FUSCO Uma experiência de gestão por ROGER ALBERTO DO AMARAL fotos ARQUIVO PESSOAL

Eu trabalhava no Mercado Financeiro (BM&F / Bolsa de Valores) quando decidi me dedicar à gestão do Grupo Bele Fusco (dirigido por minha esposa, Adriana Bele Fusco) e também à contratações de bailarinas para eventos, ramo onde estou mais ligado há seis anos. Continuei estudando até me tornar PhD em Administração de Empresas e Gestão de Negócios. Hoje, paralelamente a este trabalho na Bele Fusco, possuo outros negócios, como locação de estruturas de som e iluminação para shows e eventos, e como sócio da Banda Santa Luna, que toca em casamentos, formaturas e festas em geral, desde em pequenas até em grandes empresas. Manter uma escola de dança não é nada fácil, pois, infelizmente, a dança não é a prioridade das pessoas atualmente, devido à

situação financeira do país não ser tão boa. Meu trunfo é que a experiência financeira que conquistei me faz lidar melhor com as adversidades, por isso procure sempre pessoas competentes para trabalhar com você. O que nos leva adiante é sempre usar a criatividade, sendo sempre uma pessoa “do bem”, pois inevitavelmente os iguais se atraem e seguem em frente. Quem não é, fica pelo caminho. Fomos pioneiros com o primeiro programa sobre dança no Brasil via Internet (UP2Dance) e em trazer para nosso país membros do grupo internacional Belly Dance Superstars para workshops memoráveis. Uma boa dica é sorrir sempre para a vida, ser alegre. Com isso os problemas e dificuldades menores até desaparecerem! Faça este teste. Você verá que dá certo.

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NO INÍCIO FOI ASSIM

Adriana Bele Fusco por ADRIANA BELE FUSCO fotos TOP PRODUÇÕES e ARQUIVO PESSOAL

Eu sempre fui apaixonada pela dança. Desde o ballet, que praticava quando criança. Desde pequena, graças a meus pais - artistas também – tive acesso a várias manifestações artísticas. Ainda me lembro que, quando pequena, por várias vezes eu brincava de montar coreografia com o barulho da máquina de lavar roupa da casa deles. Depois da formação em ballet clássico, jazz e contemporâneo, me formei em Educação Física e depois passei a conhecer todos os estilos de danças e culturas possíveis e imagináveis. Levei 17 anos para decidir o que eu realmente queria. Foi quando dei o primeiro passo, dando aula em uma sala de 20 metros quadrados e mostrando à minha família que era exatamente isso que eu queria, recebendo o apoio incondicional de todos eles. Daí já se passaram 23 anos que administro a Bele Fusco Escola de Danças, da qual me orgulho muito. O meu amor e o amor da família Bele Fusco foi tão forte que ultrapassou qualquer obstáculo que surgiu em nossa frente. Neste interim, tenho feito muitas coisas, inumeráveis. Formei várias professoras e promovi muitos espetáculos e eventos. Mas tudo que tenho feito só tem sentido se puder compartilhar com as pessoas. Com muito trabalho e dedicação, em todo esse período, tive a oportunidade de conhecer profissionais maravilhosos, passar na fase europeia para novos integrantes do Bellydance Superstars (BDSS) em 2008, ser convidada a fazer parte da UNESCO, e gravar um DVD pela Hollywood Music, junto com Jillina e outras incríveis bailarinas do mundo todo em 2009. Este ano, realizei o grande sonho de minha vida, que foi trazer dois integrantes do

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BDSS para workshops. Nossa escola foi responsável pela audição de novos integrantes para o grupo, e eu tive a oportunidade pessoal de coreografar e dirigir o show de gala, onde as integrantes do BDSS também participaram, com Miles Copeland assistindo na plateia. Eu afirmo que no final de cada dia temos a certeza que fizemos o nosso melhor. Passamos por altos e baixos, inclusive em nossas vidas pessoais (como, por exemplo, quando eu e Roger perdemos nosso bebê). Mas a vontade de crescer e mostrar que o Brasil é um

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país com excelentes bailarinas, com talentos inacreditáveis que só precisam de uma oportunidade, é enorme, é o que nos move. Quero agradecer a Deus por um dia ter me dado de presente a oportunidade de conhecer a dança e, através dela, me fortalecer para continuar meu caminho, sempre estudando e oferecendo oportunidades para todos que também escolheram a dança como principal caminho. Adriana Bele Fusco é bailarina, professora, coreógrafa e proprietária do Grupo Bele Fusco.


OLHOS DE BASTET

DEUSA BASTET “Os Olhos de Bastet podem ver através da escuridão. Nada passa despercebido” por SAMYRA MURADDY foto iSTOCKPHOTO

BASTET é a deusa gata da mitologia egípcia. Protetora dos gatos, das mulheres, da maternidade, da cura. É guardiã das casas e feroz defensora dos seus filhos, representando o amor maternal. Tem também grande ligação com a Lua, porque sua luz influencia a todos os felinos. Bastet é uma das esposas de Rá (deus Sol), com quem teve os filhos Nefertum e Mihos. É representada como uma Gata Preta, com um brinco e um colar, ou uma mulher com cabeça de gato segurando um sistro, instrumento musical sagrado. Os antigos egípcios representavam seus deuses com aspectos humanos e cabeça de animal. Cada deus tem seu animal sagrado associado e digno de adoração, como se fosse a própria divindade. E tal como os humanos, os animais eram também mumificados para assim poderem ser preservados no além. Os gatos eram tão sagrados no antigo Egito que quem matasse um era condenado à pena de morte. Considerado um ser divino ao ponto de, quando um deles morria de morte natural, as pessoas da casa raspavam as sobrancelhas em sinal de luto. O Templo de Bastet era em Bubastis, cidade do delta do Nilo, cujo nome em egípcio - Per-Bast significa “a casa de Bastet”. Lá eram mantidos gatos sagrados, embalsamados em grandes cerimônias quando morriam, porque eram considerados como encarnação da deusa. Seus nomes podem ser: Bastet, Bast, Ubasti, Ba-en-Aset ou “Ailuros”, palavra grega para “gatos”. A palavra egípcia para “gato” era “Mau”. Bastet foi uma das divindades mais veneradas no Antigo Egito. Nas festas dedicadas a ela, as ruas enchiam-se de música, dança e brincadeiras, com muita comida, doces, mel e vinho. As sacerdotisas de Bastet desciam o rio Nilo, anunciando as festividades em homenagem à deusa, usando uma espécie de sino de metal, os snujs. A bailarina purificava o ambiente ao dançar com os snujs, espantando os maus espíritos.

O símbolo do GATO PRETO era utilizado pelos médicos egípcios para anunciar a sua capacidade de cura.

Altar para a Deusa Bastet A Deusa Bastet protetora dos lares e da família. Faça um altar dentro de casa e coloque uma imagem da deusa Bastet. Em volta, distribua fotos de seus gatos, de sua família, e também de seus outros animais de estimação. Sempre que quiser, pode acender uma vela de cor verde ou branca. Peça sempre a proteção e o amor maternal de Bastet, porque ela tem o poder de se transformar em ferocidade quando algum de seus filhos é atacado.

Oração de uma Deusa aos deus egípcios “Em nome de Rá, Ísis, Osíris, Hórus, Ptah, Thot, Tum, Nut, Anubis, Hathor, Eu sou BASTET, a deusa dos mistérios da natureza”. Sammyra Murady é taróloga, pesquisadora do panteão egípcio e faz leitura na borra de café.

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PROGRAME-SE

Programação

de EVENTOS

15 de Outubro

24 de Outubro

28 de Novembro

V Festival de Dança Árabe de São Carlos Informações: São Paulo Country Club +55 (16) 3373-3600 www.sccountryclub.com.br

II Festival de Danças Orientais Marques Informações: +55 (11) 4285-2317 / 3445-3516 www.corpodedanca.com.br

Workshop Internacional Dr. Gamal Seif Informações: +55 (11) 5539-5092 www.shangrilahouse.com.br

23 de Outubro

14 de Novembro

12 de Dezembro

Noites do Além Especial - Divas Informações: +55 (11) 5575-6617 www.khanelkhalili.com.br

III Festival Oriente – A mulher e o sonho Informações: +55 (11) 2989-7223 alyyta2004@yahoo.com.br

12 a 15 de Novembro

18 de Fevereiro

11º Fiel – Festival Internacional das Escolas Luxor Informações: Tel:(11) 3205-3240 www.luxordancadoventre.com.br

Viaje para o Egito com Paulo Razec e a Link Group Informações: +55 (11) 3101-9632 www.egito.alif.com.br

Noite Oriental Beneficente promovido pelo estúdio Danças do Mundo Informações e Venda de ingressos: +55 (11)3812-3938 (seg. a qui.) Renda revertida para o CORA Centro Oncológico de Recuperação e Apoio www.coracentrooncologico.org.br www.estudiodancasdomundo.com

Quer ter seu evento divulgado? Envie um e-mail para contato@shimmie.com.br e acompanhe nosso site. Nele você encontrará um calendário geral de tudo o que acontece no meio da dança do ventre.

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NOVELINHA SHIMMIE

PRIMEIRA AULA

Acompanhe a aventura dessas mulheres que tem em comum a Dança do Ventre! por RHAZI MANAT imagens iSTOCKPHOTO ilustração JOSI MADUREIRA

A professora Habiba aperta o passo para não se atrasar, já se arrependendo de ter ido na 25 de Março procurar tecidos e cds bem na véspera de feriado. Foi repassando a aula mentalmente, seria um novo horário dentro da grade da escola. Tinham cinco alunas inscritas. Estava bem empolgada! Florzinha termina a terceira reunião do dia. Cansada, prometeu para a amiga que iria acompanhá-la na aula aberta de Dança do Ventre. Dança do ventre... Iria esperar a amiga ficar bem envolvida nas aulas e sairia do curso, afinal sua vida é muito corrida, não tem tempo para essas coisas. Borboletinha aproveitou o dia para se produzir: cabelo, unha, depilação... Seria sua primeira aula de dança do ventre!!! Todas devem ser lindas e ela não poderia ficar para trás! Sapatilha seca as lágrimas. Não aguentava mais uma discussão com o marido. Tinha que ficar “com uma cara boa”, já que mais tarde faria sua primeira aula de dança do ventre. O marido só a deixou frequentar as aulas na condição de ela “não sair se exibindo por aí”. Não via a hora de sair de casa. Fadinha tinha acordado melhor naquele dia. A amiga Florzinha a convenceu a fazer uma atividade para mexer o corpo e melhorar sua depressão. Ficou feliz com a ajuda da amiga e achou que seria interessante fazer uma atividade física e, já que detesta academia, dançar seria ótimo. Trancinha não saía da frente do computador, fazendo pesquisas e assistindo vídeos de Dança do Ventre. Não imaginava quanta coisa existia nesse meio e tentava entender o que via, principalmente aquelas que dançavam com bengalas e pratinhos nos dedos... iria perguntar tudo para a professora Habiba, já que, pelo seu currículo, entendia muito de dança do ventre. Não via a hora de conhecê-la, ver as outras alunas e aprender a primeira coreografia. Já na sala de aula, com cheirinho de incenso, estão: Florzinha, Borboletinha, Sapatilha, Fadinha, Trancinha e a Professora Habiba. Mulheres diferentes. Diferentes destinos que vão se cruzar entre músicas e véus... Acompanhe os capítulos semanais da novelinha Shimmie em nosso site, no link “artigos”.

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HUMOR

Perguntas frequentes respondidas pela Mestra Purpurina Dança do Ventre dá barriga? Não! O que dá barriga é sair da aula e comer coisas proibidas que vêm dentro de uma embalagem vermelha e amarela como essa que estou vendo dentro da sua bolsa...

Vou casar mês que vem e queria dar um presente para o meu marido, você pode sair do bolo de aniversário dele? Que coisa mais hollywoodiana baby! Over! Não saio do bolo não, nas minhas apresentações especiais saio do kibe, e de preferência recheado de homus, porque aí já saio distribuindo para os convidados!

É isso aí! Nas próximas colunas de Purpurina, quem decide a resposta do “causo” é você!

Tenho uma festa à fantasia na próxima semana, você me empresta a sua fantasia de odalisca? Desculpa... não posso emprestar, senão meu sheik me mata! Não posso chegar sem meu uniforme no palácio do Aladin!

Você dança com o facão na cabeça? Sim! Claro! Aliás, a Dança do Ventre no Brasil, regionalmente falando, começou com a Maria Bonita que decepava a cabeça das pessoas que perguntavam do facão dela no término de sua apresentação. Peraí que eu vou imitar essa parte!

Acesse www.shimmie.com.br e acesse minha página para ler as próximas perguntas. As melhores respostas, no melhor estilo “Purpurina”, entram na próxima edição! Vamos “purpurinar”, já que rir é o melhor remédio! Purpurina (Purpurina é um mosaico de várias bailarinas em dias estressados.) purpurina@shimmie.com.br

CAÇA-PALAVRAS Os instrumentos na Dança do Ventre servem para dar uma incrementada em sua dança. Você consegue encontrar 12 instrumentos utilizados na Dança do Ventre?

H C A N D E

1. ESPADA 2. BASTÃO 3. SNUJ 4. VEU 5. JARRO 6. DERBAKE 7. PUNHAL 8. CANDELABRO 9. PANDEIRO 10. CESTA DE FLOR 11. POI 12. FAN VEIL

E G F A N V E

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D E

S B A S V E A D R

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GLAMUROSA

Tudo é uma questão de...

POSTURA!!! por SAHIRA FATIN ilustração MARCO AURÉLIO CASSON e SARA DE MORAIS

“É sábado, são 19h.” O trânsito em frente ao teatro está confuso. Forma-se uma fila na entrada. Lá dentro, o “zum-zum-zum” das vozes em meio aos últimos acordes da orquestra “afinando” o espetáculo. Olhamos em volta e vemos somente convidados. O balé já vai começar! Silêncio. É domingo, são 10h30. Em frente ao teatro vemos um aglomerado de pessoas com capas, bastões, malas e mochilas. Ao lado, uma, duas e, às vezes, várias bailarinas de Dança do Ventre. Como sei? Ora, elas estão com o figurino à vista! Lá dentro escuta-se o “zum-zum-zum” das vozes em meio à música oriental. Olha-se para os lados e vemos convidados e bailarinas com suas capas ou véus. Na calçada, bailarinas se maquiando! Você estuda a dança durante anos, investe em workshops, figurinos e muito mais para atingir o status “profissional”. Você pode escolher entre se dar o respeito ou deixar que pensem

que a dança do ventre é só rebolar! Alguém já viu a Ana Botafogo sair do camarim com o figurino que se apresentou e ir até a plateia, ou até a lanchonete do teatro? Alguém já viu a Lulu Sabongi fazer isso? Claro que não! Elas têm POSTURA POSITIVA em relação à profissão delas! Cadê a POSTURA destas bailarinas de Dança do Ventre que se deixam à mostra? Será que elas não sabem a diferença entre figurino e roupa usual? A diferença entre um evento de dança e uma balada? Não quero ser chata, mas desfilar com o figurino da sua apresentação na rua ou na plateia, maquiar-se na calçada, é demais! E repassar a coreografia na calçada?! Se eu fosse parte da plateia, nem entraria! Vou pagar para ver o quê? Se boa parte do show já me foi dado aqui na rua, de graça! Vocês sabem o que é vergonha alheia? É aquela vergonha que a gente

sente pelos outros. Foi o que eu senti! É uma questão de valorização própria! Depois não vem falar que a Dança do Ventre não é valorizada! Como quer que os outros deem valor se você mesma não dá? Onde ficam a magia e o encanto que envolve a dança? Que envolve a BAILARINA? Não sou ninguém para julgar, mas me dou o direito de questionar. Alguém pode dizer: “Ah, o problema é dela!” Não! O problema é meu, é seu, é de todas nós, que encaramos a nossa arte com respeito! Se o público vê uma cena destas, acha que bailarina de Dança do Ventre é tudo igual! É sinônimo de “stripper”, e agora, na CALÇADA! Fui! Sahira Fatin é bailarina e professora de Dança do Ventre. Muitas vezes indignada com situações “over” do mundo bellydance. sahirafatin@shimmie.com.br

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PENSAMENTOS

"Por isso insisto que não me importa, hoje - e tudo no meu trabalho parte da minha vivência -, qual a idade, o tipo de musculatura, a altura ou o peso do bailarino: o que me importa é a cabeça. Não tenho qualquer idealização em um nível físico sobre o bailarino ou a bailarina com quem quero trabalhar. Quero só que tenha uma boa cabeça. Porque, ainda que difícil, é possível modificar um corpo. Mas mudar a mentalidade de um adulto é um trabalho quase impossível". Klauss Vianna do livro "A Dança"

foto VAGNER MEDEIROS 62

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