Revista Escada - Edição 43

Page 1

A REVISTA DAS ESCOLAS PARTICULARES DO PARANÁ

O início d a c a m inha d a Ed uca çã o I nfant il pode ser cons id era d a alicerce pa ra a forma çã o integral d o s er hum a n o

A melhor escolha

Pais compartilham o que os levou a escolher a instituição de Educação Infantil onde seus filhos estão matriculados

Página 06

Página 09

Mentes curiosas à espera de estímulos criativos

Entrevista com o membro fundador do Todos pela Educação, professor Celso Antunes

Página 15

Número 43 | Ano 11 jul/ago/set 2021 Publicação Sinepe/PR


Ín d ice

REVISTA ESCADA . Publicação Periódica de caráter inform ativo com circulação dirigida e gratuita. Desenvolvida para o Sin epe/PR. Conteúdo e Com ercializa çã o V 3COM Projeto gráf ico e Ilustra ções V 3COM Jornalista Responsável Ari Lem os | MTB 5954 Com ercial Paulo Grein com ercial@revista esca da.com.br (41) 99886 - 0099. Críticas e Sugestões ari@v3com.com.br Os ar tigos assin ados são de responsabilidade de seus autores e n ão expressam, n ecessariam ente, a opinião desta revista. Conselh o editorial Douglas Oliani Rocimar Santos Oliani Carm em Murara Ever ton Droh om eretski Fatima Chueire Hollan da Marcio Mocellin


EDITOR I AL

06 A MELHOR ESCOLHA

E N TR EVI STA DO MÊ S

04

Educação Infantil: A base do desenvolvimento

13

A importância da convivência

20

Educação Infantil

22

A marca de um legado

15

Professor Celso Antunes membro fundador do Todos pela Educação

25

Conf ira os Eventos do Sinepe/PR


ED I TORIAL

Educa çã o Infantil: A base do desenvolvim ento

Douglas Oliani Presidente do Sinepe/PR

Prezados leitores, Nesta edição da Revista Escada, vamos abordar a Educação Infantil, o alicerce do desenvolvimento de todo o processo de ensino e aprendizagem. Uma das diferenças de mentalidade entre o Brasil e nações mais desenvolvidas está, justamente, na importância com que é tratada essa etapa da educação. A diferença pode ser vista até mesmo no perfil dos profissionais envolvidos, pois nesses países são educadores extremamente capacitados responsáveis por cada aspecto ligado ao estímulo dessa fase do desenvolvimento. Aqui no Brasil, além da necessidade dessa rápida evolução, precisaremos lidar com um pós-pandemia do qual só teremos a real dimensão daqui a aproximadamente dois anos, quando teremos uma fotografia desse momento, no censo escolar. Até lá, seguimos como sociedade privando de oportunidades uma série de jovens que diariamente trocam canetas e lápis pelo comércio nos sinaleiros ou pela enxada. Para ressaltar a importância da Educação Infantil, fomos entrevistar ninguém menos do que o professor Celso Antunes. O fundador do movimento Todos Pela Educação destacou a necessária mudança de perspectiva até mesmo por parte dos nossos professores.

Também contamos com a participação da psicóloga e psicopedagoga Luciana Lima, em uma matéria que traz questões relacionadas ao tempo de desenvolvimento das crianças e aos estímulos necessários para melhor desencadear o processo de ensino e aprendizagem. Outra matéria, com pedagoga com pós em neuropsicologia e gestão escolar Andréia Godoy, falou sobre a importância da convivência para o desenvolvimento das crianças. Na seção Pensamento Crítico, a professora Fátima Chueire Hollanda contextualiza a normatização e a importância da Educação Infantil, e ainda temos uma matéria feita com base na entrevista do professor de Gestão de Empresas Familiares, Carlos Humberto de Souza Filho, que fala sobre os processos de sucessão nas escolas de Educação Infantil. Por fim, e não menos importante, entrevistamos pais de crianças para entender o que eles esperam da Educação Infantil a partir da leitura deles sobre as habilidades necessárias atualmente na sociedade.

Desejo uma boa leitura a todos.


EXPE DI E N T E

SINEPE/PR Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado do Paraná www.sinepepr.org.br | www.facebook.com/sinepepr

CONSELHO DIRETOR - GESTÃO 2020-2022

Adriana Veríssimo Karam Koleski Durval Antunes Filho Ir. Maria Zorzi Dorojara da Silva Ribas Valdecir Cavalheiro Magdal Justino Frigotto Volnei Jorge Sandri Rogério Pedrozo Mainardes

CONSELHEIROS 1.º Conselheiro 2.º Conselheiro 3.º Conselheiro 4.º Conselheiro 5.º Conselheiro 6.º Conselheiro 7.º Conselheiro 8.º Conselheiro 9.º Conselheiro 10.º Conselheiro 11.º Conselheiro 12.º Conselheiro 13.º Conselheiro 14.º Conselheiro 15.º Conselheiro 16.º Conselheiro 17.º Conselheiro

Francis Wagner Ferreira Ronaldo Campos Cavalheri Dinamara Pereira Machado Acedriana Vicente Vogel Cristiane Mello David

CONSELHO FISCAL Efetivos Suplentes Dilceméri Padilha de Liz Marta Regina Andre Orlando Serbena Gisele Matovani Pinheiro Luiz Antônio Michaliszyn Filho José Mário de Jesus

DIRETORIA EXECUTIVA Presidente Douglas Oliani 1.º Vice-Presidente Sérgio Herrero Moraes 2.º Vice-Presidente Paulo Arns da Cunha Diretor Administrativo Haroldo Andriguetto Junior Diretor Econômico/Financeiro Rosa Maria Cianci Vianna de Barros Diretor de Legislação e Normas Nilson Izaias Pegorini Diretor de Planejamento Carmem Regina Murara DIRETORIA DE ENSINO Diretor de Ensino Superior Diretor de Ensino Médio/Técnico Diretor de Ensino Fundamental Diretor de Ensino da Educação Infantil Diretor de Ensino dos Cursos Livres Diretor de Ensino dos Cursos de Idiomas Diretor de Ensino das Academias Diretor de Marketing Diretor de Ensino da Educação Profissional Técnica de Nível Médio Diretor de dos Cursos Pré-Vestibulares Diretor de EaD Diretor de Sistemas de Ensino Diretor de Ensino de Pós-Graduação

Fábio Hauagge do Prado Cristiano Vinícius Frizon Pe. José Alves de Melo Neto Raquel Adriano M. Maciel de Camargo Everton Drohomeretski Leonora Maria J. M. Rossato Pucci Artur Gustavo Rial Rocimar Santos Oliani Josiane Domingas Bertoja Jaime Maurício Marinero Vanegas Raphael Bonatto Fernando Luiz Fruet Ribeiro Osni Mongruel Júnior Fabrício Pretto Guerra Gelson Luiz Uecker Bruno Ramos Neves Branco Liya Regina Mikami

DELEGADOS REPRESENTANTES - FENEP Ademar Batista Pereira Douglas Oliani

DIRETORIAS REGIONAIS REGIONAL CAMPOS GERAIS Diretor Presidente - Osni Mongruel Junior Diretor de Ensino Superior - Patrício Vasconcelos e José Sebastião Fagundes Cunha Filho Diretor de Ensino da Educação Básica - Rosângela Graboski e Valquíria Koehler de Oliveira Diretor de Ensino da Educação Infantil - Bianca Von Holleben Pereira e Carla Moresco Diretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Paul Chaves Watkins REGIONAL CATARATAS Diretor Presidente - Artur Gustavo Rial Diretor de Ensino Superior - Fábio Hauagge do Prado Diretora de Ensino da Educação Básica - Edite Larssen

Diretor de Ensino da Educação Infantil - Ana Paula Krefta Diretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Lucimar Neis REGIONAL CENTRAL Diretor Presidente - Dilceméri Padilha de Liz Diretor de Ensino Superior - Roberto Sene Diretor de Ensino da Educação Básica - Cristiane Siqueira de Macedo e Juelina Marcondes Simão Diretor de Ensino da Educação Infantil - Ir. Roselha Vandersen e Ir. Sirlene N. Costa Diretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Marcos Aurélio Lemos de Mattos REGIONAL SUDOESTE Diretor Presidente - Fabricio Pretto Guerra Diretor de Ensino Superior - Ivone Maria Pretto Guerra

Diretor de Ensino da Educação Básica - Velamar Cargnin Diretor de Ensino da Educação Infantil - Márcia Fornazari Abasto Diretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Vanessa Pretto Guerra Stefani REGIONAL OESTE Diretora Presidente - Marta Regina Andre Diretora de Educação Infantil - Marcia Lima Ambrosi Diretor de Educação Básica - Edmilson Martins (Titular) Diretor de Educação Básica - Valmir Gomes (Suplente) Diretor de Ensino Superior - Gelson Luiz Uecker Cursos Livres/idiomas - Denise Veronese


Ilustrações: Freepik

A m el h o r esco l h a Pa i s com par t ilham o q ue o s l evo u a escolh er a ins tituiç ã o d e Edu ca çã o I nfantil o n de s eus f i l h o s est ã o m atric ula dos

No Brasil, a lei prevê que crianças a partir dos 4 anos de idade devem ser matriculadas na educação básica. Quando é chegado esse momento, um dos principais dilemas que os pais e responsáveis precisam enf rentar diz respeito à escolha da instituição de ensino. Não é à toa que se diz que os filhos são os bens mais preciosos de alguém. O que deve ser levado em conta? O que priorizar? É interessante pedir sugestões a amigos? As dúvidas são muitas. Levando isso em consideração, a Escada conversou com pais de crianças para compreender o que os levou a optar pela escola na qual seus filhos estudam. Fatores como segurança, acolhimento, planejamento e construção de relacionamento de parceria se mostraram fundamentais.

Pais de quatro filhos – Arthur, Eric, Gabriel e Heitor –, a nutricionista Ana Gonzales e o contador Denis Gonzales contam que, após pedirem referências a conhecidos, visitaram diversas instituições antes de escolher aquela onde as crianças foram matriculadas. “Eu consegui visualizar meu filho mais velho lá, estudando nessa escola. Eu consegui enxergar ele brincando, fazendo as atividades. A relação entre pais e instituição de ensino é de parceria, de cumplicidade. Você precisa, então, sentir-se seguro em deixar a criança no local. A escola, no meu ponto de vista, precisa ser muito parceira e transmitir segurança”, diz Ana. No entendimento de Denis, a instituição de ensino precisa ser similar a um lar. É importante ensinar, mas também dar carinho, fornecer

6


boa alimentação, brincar. Segundo o contador, ele e Ana enxergam a escola como uma extensão de casa e os profissionais como uma grande família. “Na Educação Infantil, as crianças vivenciam sua primeira socialização fora de casa. Os valores mais fundamentais que elas vão carregar para a vida são as que aprendem nessa etapa de ensino: é saber respeitar os outros e o meio ambiente, entender que cada um tem sua vez, a usar as ‘palavras mágicas’ – como por favor –, saber que nem sempre dá para ganhar, ter bons hábitos de higiene, saber argumentar. A escola também precisa incentivar a autonomia do indivíduo, mostrar que há várias atividades que eles podem fazer sozinhos”, acrescenta. O PAPEL DO LÚDICO A pré-escola, portanto, mostra-se como o primeiro passo do caminho para fazer das crianças seres pensantes, independentes, que não aceitem tudo, que tenham

opinião. O pensamento crítico, nesse sentido, deve ser estimulado. “A escola infantil onde meu filho mais velho estudou e onde minha filha estuda hoje tem pilares muito sólidos, ligados ao estímulo da autonomia, da independência e à construção do relacionamento interpessoal. Lá, as crianças aprendem brincando, sem perceber o quanto estão aprendendo. Nós, pais, sentimos a diferença em casa e quando estamos reunidos com amigos que têm filhos”, conta a analista

de marketing Gisele de Oliveira, mãe do Henrique, de 12 anos, e da Giovanna, de 5, que também levou em consideração para a escolha o fato de a escola incentivar a aprendizagem de outras línguas e o uso da Denis Gonzales - pai tecnologia. Para Denis, unir o lúdico à aprendizagem torna o processo muito mais prazeroso e exitoso para as crianças. Na escola onde seus filhos estudam, o ensino de pontos como números e sílabas se dão por meio de brincadeiras e música, por exemplo. “A escola não tem que ser uma obrigação para eles, até porque se consegue prender a atenção das crianças por muito pouco tempo. Acredito, ainda,

“É importante ensinar, mas também dar carinho, fornecer boa alimentação, brincar.”

7


que a variedade de ofertas de atividades escolares, tanto no turno normal como no contraturno, com aulas de desenho, pintura, educação f ísica, é muito importante para a formação multidisciplinar, pois deixa as crianças curiosas e estimula sua autonomia”, pontua. Denis também ressalta que é preciso construir uma relação estreita com os educadores, de confiança e respeito mútuo. Conhecer os professores, conversar periodicamente com os profissionais e visitar a escola são atitudes essenciais. Afinal de contas, à instituição de ensino está sendo confiada a vida das pessoas mais importantes de todo pai.

“Lá, (na escola) as crianças aprendem brincando, sem perceber o quanto estão aprendendo. Nós, pais, sentimos a diferença em casa e quando estamos reunidos com amigos que têm filhos” Gisele de Oliveira - mãe

8


O in í ci o d a cami nh a d a Uma etapa na qual o indivíduo vai iniciar o convívio social fora da família, aprender a lidar com as diferenças, começar a desenvolver sua personalidade e autonomia, conhecer limites e regras e criar laços de amizade. Assim é a Educação Infantil, que pode ser considerada uma base para as próximas etapas do ensino formal. Não é exagero afirmar, portanto, que consiste em uma fase fundamental para o desenvolvimento intelectual e pessoal dos pequenos. Psicóloga e psicopedagoga, Luciana Lima afirma que para que o cérebro se desenvolva, é preciso

Educação infantil pode ser considerada alicerce para a formação integral do ser humano

estimular as emoções, o contato interpessoal, o caráter, a personalidade e os valores. Na escola, tudo isso é facilitado. As crianças aprendem com facilidade, porque são “esponjas” de conhecimento, e as professoras da Educação Infantil têm competências para trabalhar os embasamentos das habilidades emocionais e cognitivas necessárias para esse momento da vida. Sobre os pontos do desenvolvimento que são priorizados na Educação Infantil, a especialista afirma que o primeiro deles envolve trabalhar o “eu”, porque a criança chega à instituição de

9


ensino muito egocêntrica, sem saber dividir. Em ta para a construção da inteligência, principalseguida, tem-se o “nós”, que visa, justamente, o mente porque o prazer que o jogo causa vai ser respeito ao outro. Na escola, os pequenos tam- um motivador para a aprendizagem. Enquanto bém aprendem sobre os movimentos, traços, atividade lúdica, os jogos possuem um caráter formas e sons; aprendem a escutar, a desenvol- educativo voltado tanto à psicomotricidade – inver sua linguagem, a pensar e a imaginar. Ainda, tegração das funções motoras e psíquicas em a psicopedagoga ressalta a importância do lúdi- consequência da maturidade do sistema nervoso – quanto à seara afetivo-social, pois ajuda na co nesse primeiro estágio da vida. “Muitos falam que a criança vai à escola só para formação de valores, como honestidade. brincar, mas esse brincar é realmente importante e necessário na Educação Infantil. Por meio ESTÍMULOS ADEQUADOS do brincar, dos jogos, é que ela vai adquirir co- A Educação Infantil é o alicerce, como o de um nhecimento. [Jean] Piaget dizia que o jogo não edifício mesmo, para todas as outras formações pode ser visto apenas como um divertimento ou do indivíduo. Nesse sentido, se uma criança paspara ‘descarregar’ energia, pois favorece o de- sar por uma boa Educação Infantil, significa que senvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral ela terá uma boa base para os ensinos fundados pequenos. Quando dizemos, portanto, que mental, médio e até para a faculdade. a criança vai para a es“As professoras da Educola só para brincar, tecação Infantil vão demos que ter em mente senvolver a compreenque é por meio desse são da criança, para brincar que será estique ela possa interagir mulada a motricidade, com histórias, filmes, a fantasia, os valores e para que ela seja estias regras necessárias mulada de acordo com para o convívio em soo tempo de concentraciedade”, pontua Lução indicado para cada ciana. idade. Não adianta pasConsiderado um dos sar um filme de duas mais importantes penhoras para alunos de sadores do século 20, quatro anos, por exemJean Piaget afirmava plo. As educadoras vão Luciana Lima que os jogos possuem estimular o vocabuláPsicóloga e psicopedagoga uma relação estreirio, a linguagem, dar a

“Muitos falam que a criança vai à escola só para brincar, mas esse brincar é realmente importante e necessário na Educação Infantil.”

10


base para a alfabetização. No ensino infantil, as crianças vão conhecer as letras do alfabeto, mas isso precisa ser feito de uma forma lúdica, não maçante”, comenta Luciana. O QUE DIZ A LEI No Brasil, a matrícula na escola é obrigatória a partir dos 4 anos completos até 31 de março do ano letivo, conforme previsto na Lei n. 12.796/2013 e em julgado de 2020 do Supremo Tribunal Federal (STF), mas nada impede que os pais ou responsáveis matriculem os filhos antes disso, para que a interação com outras crianças seja iniciada o quanto antes. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a chamada LDB (Lei n. 9.394/1996), a Educação Infantil tem como finalidade “o desenvolvimento integral da criança de até 5 anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”. Já a Política Nacional de Educação Infantil, do Ministério da Educação (MEC), traz que o processo pedagógico deve considerar as crianças em sua totalidade, observando suas especificidades, as diferenças entre elas e sua forma privilegiada de conhecer o mundo por meio do brincar.

11


A im p or t ân c i a d a co nv i vê n c i a O último ano e meio, com a chegada da avassaladora pandemia de Covid-19, foi repleto de desafios no campo educacional. Ainda que estudantes de todas as etapas de ensino tenham sofrido com o cenário, não é exagero afirmar que a Educação Infantil foi a que teve maiores impactos.

Pa n d em ia l i m itou a intera ç ã o s o c i a l das cri an ças , mas retorn o g ra d u al tem si do p os itivo

12


outras crianças e professores está no fato de que se aprende muito com os outros. A Educação Infantil tira a criança de casa e a coloca em experiências sociais reais, assistidas por alunos. A escola é a mini sociedade dos pequenos. É no ambiente escolar que a criança começa a tratar seu caminho social, a aprender com os outros, com o espaço, a se desconectar da família”, diz a especialista. Em meio à crise sanitária, o ensino remoto acabou se mostrando a saída mais factível para o momento. Não houve escolha. Educadores sabem, contudo, que não se trata do método de ensino ideal, principalmente para os primeiros anos da trajetória escolar. Segundo Andréia, as crianças que melhor aprenderam foram aquelas que puderam contar com a forte presença da família, sendo que muitos pais “vestiram da camisa” e se tornaram verdadeiros auxiliares dos docentes dentro de casa. Não se pode negar, contudo, que a falta de convívio físico com professores e colegas foi prejudicial.

Foto: Freepik

Isso porque se trata de uma etapa da formação intelectual do indivíduo na qual a socialização presencial é fundamental, além de ser marcada pela realização de jogos educativos e atividades que buscam desenvolver a psicomotricidade, que visa aprimorar os movimentos do corpo, a noção do espaço onde se está, a coordenação motora, equilíbrio e o ritmo. Pedagoga com pós em neuropsicologia e gestão escolar, Andréia Godoy ressalta que as instituições de ensino não são feitas somente de aprendizagens acadêmicas, mas de convivência. A base de uma boa Educação Infantil, portanto, é a qualidade desta convivência no ambiente escolar. O ser humano, afinal de contas, é um ser social, que aprende junto com outras pessoas. Assim, a Educação Infantil é formada pelo olhar, pelo tom de voz, pelos caminhos e sentidos que são tratados diariamente por meio da sociabilidade proporcionada nesses verdadeiros espaços de saber. “A importância da interação presencial com

13


“Nosso grande desafio atual é reorganizar as formas de contato que temos na Educação Infantil. Hoje, a voz do professor sai abafada pela máscara, o acrílico da face shield se coloca entre o olhar da criança e do professor. É nesse contexto que as convivências estão ocorrendo, sendo repensadas e transformadas”, completa a psicóloga, que diz que novas formas de demonstração de carinho também precisam ser repensadas, uma vez que abraços e beijos, por enquanto, não são permitidos. Por outro lado, as crianças possuem capacidade de aprendizado elevada, aprendem muito rápido. Com o retorno gradual à sala de aula, o convívio será retomado. De modo geral, os pequenos estão felizes em retornar para a escola. Há, também, o caso dos estudantes que ficaram muito tempo em casa e que tiveram sua timidez reforçada. Aqui, o obstáculo é incluí-los novamente no convívio com outros alunos.

virtual com as crianças. Acredito que a principal lição foi a de que temos que sempre fazer o nosso melhor, além de estarmos abertos às mudanças. Muitas mudanças ainda virão. A incerteza faz parte do nosso dia a dia, então temos que aceitar os desafios e fazer tudo acontecer”, comenta a especialista. Agora, no retorno ao presencial, um dos focos está na adequação aos protocolos de segurança e a proteção das crianças. Andréia pontua, porém, que isso não tem sido difícil, na medida em que os pequenos têm se mostrado muito maduros nos cuidados que precisam ser tomados, como a troca de máscaras, o não compartilhamento de objetos pessoais e o distanciamento social.

“Acredito que a principal lição foi a de que temos que sempre fazer o nosso melhor, além de estarmos abertos às mudanças.”

LIÇÕES Andréia conta que nunca imaginou que uma escola de Educação Infantil pudesse existir remotamente. A pandemia de Sars-CoV-2 foi um susto muito grande, que “quebrou a cabeça” dos educadores na busca por soluções que dessem certo. “Tivemos muitos momentos de contação de histórias, momentos compartilhados com a família. Nos últimos meses, o professor entrou na casa dos alunos e os estudantes entraram na casa do professor. Tivemos uma intimidade

Andréia Godoy - Pedagoga

14


E N TR EVI STA DO M ÊS

Me n tes curi o s a s à es pera d e es tí m u l os cria ti vos Membro fun da dor do Todos pela Educa çã o, professor Celso Antun es ressalta a impor tân cia do ensin o infantil na forma çã o intelec tual e pessoal das crian ças

15


Toda criança é uma “usina de aprendizagens” em potencial. Para que essa mente criativa se desenvolva, contudo, são necessários estímulos, como conversas intrigantes, desafios lógicos e linguísticos e jogos educativos, sendo a escola o terreno mais fértil para que isso ocorra. É o que acredita o educador Celso Antunes, autor de inúmeros livros didáticos, consultor educacional do Canal Futura e membro fundador da organização Todos Pela Educação.

Em entrevista à Escada, o especialista falou da importância da Educação Infantil na formação dos pequenos, no necessário envolvimento da família com essa etapa de ensino e nas principais diferenças da Educação Infantil contemporânea em relação ao que era verificado década atrás. Confira: Qual é o papel da Educação Infantil na formação da criança? Na infância, é na escola que ocorrem as primeiras descobertas do ser humano. Aqui, é destacada a importância do estímulo e da afetividade no desenvolvimento da pessoa para toda a sua vida. Toda criança é, potencialmente, uma “usina de aprendizagens”, uma mente admiravelmente curiosa à espera de estímulos criativos. Para que essa usina funcione plenamente, contudo, são necessários estímulos diversos e constantes proporcionados por educadores que a convidem para conversas intrigantes, desafios lógicos e linguísticos, brincadeiras que a fazem imaginar o impossível e sonhar como protagonista. Quem verdadeiramente educa uma criança abre as portas de um cérebro ávido pela superação de dificuldades. Uma criança é fonte inesgotável de

“Toda criança é uma “usina de aprendizagens” em potencial. Para que essa mente criativa se desenvolva, contudo, são necessários estímulos, como conversas intrigantes, desafios lógicos e linguísticos e jogos educativos, sendo a escola o terreno mais fértil para que isso ocorra.”

16


consciência intrapessoal, interpessoal e existencial, mas ela precisa ser desafiada pelos adultos que proponham o embarque nesse “tapete mágico”.

É importante compreender que há brincadeiras sem qualquer finalidade educativa e jogos educativos. É interessante aprender brincando porque a brincadeira traz mais interesse e motivação. Precisa-se, entretanto, ter muito cuidado para selecionar esses jogos, observando a significação nas aprendizagens para as quais foram idealizados. Não podemos pensar que toda brincadeira ensina e que devemos abolir outras ações e ferramentas pedagógicas. Importante ressaltar que jogos operatórios não são “brincadeiras”, mas estratégias altamente motivadoras e que promovem aprendizado.

Como escolher a melhor instituição de ensino para os pequenos? A melhor resposta é confiar no fato de que estamos investindo no mais profundo de nossos sentimentos, que é o afeto. Eu costumo dizer que uma boa escola é o lugar onde se aprende a aprender. A parte cognitiva, dos conhecimentos, da memória, é muito importante, mas não devemos nos iludir. Uma boa escola não é apenas isso; é também um espaço de formação, onde criança aprende a conviver, a se relacionar, a fazer amigos, a aceitar as diferenças. A escola precisa ser um lugar onde a criança aprende a fazer, a desenvolver competências, onde aprende que o conteúdo aprendido se transforma em experiência e fatos. Na escola, a criança vai aprender a valorizar o sentido do trabalho e da realização pessoal.

Outro senso comum é de que a docência na Educação Infantil exige menos formação em comparação com outras etapas de ensino. Em que medida essa afirmação não é correta? O educador nunca deve parar de ler

“Uma boa escola é o lugar onde se aprende a aprender”

Muitas pessoas leigas têm a impressão de que a Educação Infantil contempla apenas o “brincar”. Por que isso está equivocado?

17


e imaginar formas de transformar o que aprendeu em ações propositivas; deve sempre conversar com seus colegas, convidando-os à vigorosa prática de troca de conhecimentos. Uma verdadeira sala de professores pode abrigar momentos de lazer, distração e conversa descontraída sobre os momentos que se vive, mas precisa também guardar instantes para que sejam revelados experimentos, para que haja a proposta de caminhadas intelectuais, para que haja uma reflexão sobre os desafios que cada cotidiano nos impõe. O educador, brasileiro, infelizmente, parece ainda não perceber a verdadeira dimensão de sua representatividade, descobrindo-se como um efetivo semeador de amanhãs, um construtor de futuros.

tre o que no primeiro momento parece ser o menos severo, ainda que não lhe seja o melhor. Quando pais e professores proclamam línguas diferentes, a estruturação da personalidade da criança se perde entre o antagonismo de modelos em conflito. Para que os males dessa educação não comprometam a pessoa que existe em todo aluno, é essencial que haja alguma uniformidade. Essa é apenas uma das muitas razões pelas quais é importante que os pais venham à escola, conversem com os professores e percebam a dimensão do trabalho do docente. Quais são as principais diferenças da Educação Infantil hoje em comparação com o que ela era décadas atrás? Existe uma tendência de alguns professores pensarem a ideia de mudança atrelada à tecnologia. Dessa forma, verbos como “inovar” sempre aparecem associados a novos recursos eletrônicos, transformando itens como livros de papel, cadernos, lousas e lápis como algo do passado. É evidente que os recursos tecnológicos estão mudando conceitos usuais, mas o que parece essencial é considerar que se não houver uma

Qual é o papel da família nesta etapa de ensino? Nada prejudica mais a aprendizagem e o desenvolvimento do caráter do que a convivência com linguagens antagônicas. Quando os pais falam línguas diferentes e opostas, a criança se desenvolve cercada pela insegurança e pela dúvida, dividindo-se perfidamente entre um e outro, en-

18


mudança radical na “pessoa” do professor, surgirá um inseparável abismo entre seus pensamentos e os recursos eletrônicos que agora chegam. Temos que acreditar que toda mudança tecnológica somente assume contorno de verdadeira mudança comportamental quando é antecedida por significativas mudanças mentais. Tempos atrás, a postura do professor diante de seus alunos era, invariavelmente, a do “proprietário do saber”, do “inquisidor de memórias”. Para tais docentes, o ponto de interrogação representava apenas a arma com que feria seus alunos. Não mais se concebe postura similar. O professor dos novos tempos necessita menos ensinar e mais ajudar o aluno a aprender, menos cobrar repostas prontas e mais provocá-las, fazendo do ponto de interrogação a alma de sua aula. O novo aluno possui estilo de aprendizagem múltiplo e requer a palavra e o pensamento, a foto e mensagem, o texto e a ilustração, não priorizando esta àquela inteligência, pois o uso de todas é que representa a ferramenta de um novo aprender.

“O educador, brasileiro, infelizmente, parece ainda não perceber a verdadeira dimensão de sua representatividade, descobrindo-se como um efetivo semeador de amanhãs, um construtor de futuros.”

19


Educação Infantil Marcos regulatórios iniciados em 1959, com o a Declaração Universal dos Direitos da Crian ça e do Adolescente instituído n o país pelo ar tigo 227 da Constituição Federal de 1988 e pelo Estatuto da Crian ça e do Adolescente - Lei 8 .069/90 consolidam mudan ças de paradigm as em prol ao direito de todas as crian ças à educação. A constituição de 1988 ao in corporar a crech e e a pré - escola com o um direito social das crian ças estabelece o dever do Estado com a Educação e cria um a n ova identidade para a Educação Infantil desvin culan do seu caráter assisten cialista ou da perspec tiva de preparatória para as etapas posteriores de esco larização form al. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n.º 9.394/96 - LDBEN, em seu art. 29 estabelece a Educação Infantil como primeira etapa da Educação Básica com a finalidade do desenvolvimento integral da criança de zero a cinco anos de idade em seus aspectos f ísico, afetivo, intelectual, linguístico e social, complementando a ação da família e da comunidade. Regulamenta a creche e a pré-escola e torna a matrícula obrigatória para as crianças de 4 e 5 anos a partir da aprovação da Emenda Constitucional n.º 59/2009. A participação de representantes de várias entidades nacionais garantiu uma pauta de discussão permanente voltada para uma política mais efetiva, exigindo novos marcos normativos para a Educação Infantil. O Conselho Nacional de Educação – CNE fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil através da Resolução CNE/CEB n.º 1/99 e Parecer CNE/CEB n.º

22/98, documentos mandatórios importantes, principalmente, pela normativa para a reorganização das Propostas Pedagógicas. Muitas questões postas continuam como balizadoras para a organização da Educação Infantil, outras, no entanto exigiram novos desafios os quais demandaram, por parte do CNE, a reformulação de novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil - DCNEI, fixadas através da Resolução N.º 5, de 17 de Dezembro de 2009 e do Parecer CNE/CEB n.º 20/2009. A Educação Infantil ganha o status formal no cenário educacional brasileiro. As instituições de Educação Infantil têm a responsabilidade de educar e cuidar das crianças de zero a cinco anos de idade sob a responsabilidade de profissionais devidamente habilitados. A criança passa a ser considerada “sujeito histórico e de direitos”, o centro do planejamento curricular ou da Proposta Pedagógica. Em

20


sua trajetória, vivências, interações com os adultos, com diversos contextos culturais, com as outras crianças de idades diferentes ela, criança, se desenvolve. Esses elementos passam a ser balizadores para a organização dessa Proposta que deve ser estrutura pelas Interações e Brincadeiras. Ganhando cada vez mais espaço, a Educação Infantil, como primeira etapa da educação básica, inicia uma nova caminhada com a aprovação da Base Nacional Comum Curricular – BNCC. Nesse documento histórico vemos garantido o direito de a criança ser criança. Ele reafirma as DCNEI, em seu Artigo 9.º, garantindo que os eixos estruturantes das práticas pedagógicas dessa etapa da Educação Básica são as interações e a brincadeira, “experiências nas quais as crianças podem construir e apropriar-se de conhecimentos por meio de suas ações e interações com seus pares e com os adultos, o que possibilita aprendizagens, desenvolvimento e socialização. A interação durante o brincar caracteriza o cotidiano da infância, trazendo consigo muitas aprendizagens e potenciais para o desenvolvimento integral das crianças”. (BNCC, pg.35) Os eixos estruturantes e as competências gerais da BNCC, como práticas pedagógicas, e os seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento criam espaços para que as crianças aprendam em situações favoráveis ao seu universo: “Brincar, Conhecer-se, Explorar, Expressar, Conviver e Participar” criam possibilidades

para a formação da Identidades pessoal de cada criança. A intencionalidade educativa deve estar presente em cada brincadeira. Em cada interação. A articulação dos saberes que as crianças trazem aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio histórico e cultural garante que as relações sociais estabelecidas pelas crianças, desde bem pequenas, entre os professores e as outras crianças afetam a construção de suas identidades. (DCNEI pg.6) Através dos seis direitos de aprendizagem vemos a presente semente sendo plantada para uma futura construção de um “Projeto de Vida”. Pensar a Educação Infantil é pensar na infância plena com a riqueza das brincadeiras que fazem parte desse universo. É pensar em um “Território do Brincar”. (Instituto Alana) Através do imaginário a criança brinca, explora, expressa sentimentos, participa sua fantasia, convive com outros personagens cria novos cenários, novos personagens, outra realidade e se conhece. A fantasia transporta a criança para um novo universo onde a imaginação e riqueza de detalhes combinados com a interação com outras crianças, com adultos, contribui para a formação das culturas infantis. Viver a Educação Infantil é deparar-se com um caleidoscópio com suas surpreendentes combinações de cores e magia.

Fátim a Chue ire H o lla n da

21


Ilustrações: Adobe Stock

A ma rca de um l ega d o

Sucessã o em instituições de ensin o é assunto que exige aten çã o e plan ejam ento

Um tema bastante importante às escolas particulares, mas que muitas vezes é esquecido e relegado a um segundo plano, diz respeito à sucessão. Trata-se de um processo que envolve

muitos meandros, que vão de questões técnicas à manutenção da história e características da instituição. Levando isso em consideração, a Escada conversou com o administrador e pro-

22


fessor de Gestão de Empresas Familiares na FAE Business School Carlos Humberto de Souza Filho para tornar o assunto mais palatável. O especialista ressalta não haver uma regra clara que funcione para todos os casos, mas há alguns fatores que contribuem para o êxito da sucessão, como a compreensão por parte dos envolvidos, tanto do fundador que está deixando o local quanto dos possíveis sucessores, dos valores que tornaram o negócio importante e rentável ao longo da história. Segundo Souza Filho, há valores que são considerados fundamentais em uma instituição escolar, como o atendimento próximo aos estudantes, a humanização de ensino ou a utilização de métodos pedagógicos diferenciados, por exemplo. Ao mesmo tempo, há aspectos de inovação que podem surgir de geração para geração mas que não necessariamente rompem com esses princípios, caso da adoção de recursos tecnológicos

problemas. Compreender que novas visões de crescimento e expansão não estão em conflito com os valores da escola exige muita habilidade. Esse seria o início da discussão”, afirma o professor da FAE Business School. O administrador destaca que é interessante que esse processo de sucessão seja iniciado o quanto antes, independentemente de os postulantes serem herdeiros ou executivos. É importante que a instituição tenha atividades ou processos que transmitam esses valores e que os deixem claros. Ainda, convém analisar o “perfil ideal” de sucessor. Como dito, não há regras claras sobre o procedimento, mas ca-

por alunos e docentes, a fim de incrementar o processo de ensino e aprendizagem. “Assim, é bastante importante alinhar bem esses valores entre sucessor e fundador. Quando tal alinhamento não está claro, podem surgir

Também não adianta trazer alguém de fora que tenha muitas habilidades teóricas mas que não compreenda a essência da instituição”, pontua Souza Filho. O especialista lembra que empresas, indepen-

“É bastante importante alinhar bem os valores entre sucessor e fundador. Quando tal alinhamento não está claro, podem surgir problemas. ”

23

racterísticas como amar o negócio, ter formação adequada e postura de líder são essenciais. “Que essa pessoa tenha uma formação de liderança, seja um bom gestor e tenha experiência na área, além dos valores que tornaram a organização relevante com o passar do tempo.


dentemente do setor, são grandes fontes de paradoxos. Na sucessão, o principal deles é, sem dúvidas, manter a tradição da instituição versus a visão de mundo do postulante de aprimorar o negócio, de não o deixar ficar estagnado no tempo. Nesse sentido, é preciso que o fundador saiba fazer concessões, que compreenda que o mundo evolui.

“No último ano, com a pandemia de Covid-19, as mudanças foram aceleradas e as instituições de ensino tiveram que se adaptar a novos métodos e instrumentos. O grande desafio está nessa questão: posso mudar totalmente o meu método, inovar, adaptar-me à realidade, mas sem que isso signifique a perda de valores”, comenta.

PLANEJAMENTO É ESSENCIAL Um dos principais erros de fundadores, de acordo com o especialista, principalmente quando estão à frente de negócios de sucesso, está no fato de que, via de regra, esquecem-se de que são mortais. Desta forma, falham em se planejar com antecedência, o que muitas vezes significa tomar decisões importantes no pior momento possível, quando as partes envolvidas estão fragilizadas – no caso de uma internação, para citar um exemplo. Souza Filho afirma que o principal instrumento do qual as instituições podem lançar mão quando o assunto é sucessão se trata do “acordo fami-

liar”, que consiste em um acordo escrito que define quais regras serão seguidas pelos membros familiares no processo sucessório. O acordo pode estipular desde exigências mínimas para o sucessor – como ter ensino superior ou experiência na área – até uma espécie de código de conduta. “Se essas regras estão claras e, evidentemente, todos os envolvidos concordam com elas, a tendência é de que no futuro conflitos sejam evitados. Esse acordo pode ser registrado [em cartório], inclusive, para definir as sanções, por assim dizer, àqueles que descumprirem suas cláusulas. Caberá à família, portanto, dependendo de seus valores, definir que tipo de acordo é melhor”, finaliza.

24


N OT Í CI AS RÁPIDA S 26.ago.2021

O Novo Ensino Médio e seus desafios Intensivo 3 - Formação Básica Geral

NOVA ASSOCIADA Colégio Bom Jesus Seminário Curitiba/PR

Palestrante: Prof.a Fátima Chueire

31.ago.2021

O Novo Ensino Médio e seus desafios Intensivo 4 - Itinerários Formativos Palestrante: Prof.ª Naura Muniz

09.set.2021

O Novo Ensino Médio e seus desafios Intensivo 5 - Projeto de VIDA e Parcerias Palestrantes: Psicóloga Rocimar Santos Oliani e Prof. Douglas Oliani

16.set.2021

PATR O C Í N I O

Live: Como a humanização da tecnologia tem impacto nas matrículas Palestrante: Foreducation

23.set.2021

Podcast: Falando sobre Gestão Educacional - Principais conceitos e como desenvolver

Parceria CETACEO

O Sinepe/PR oferecerá em breve e gratuitamente às associadas um Business Analytics voltado à Educação, por meio de um convênio de cooperação com a CETACEO, empresa criadora do BA2EDU que irá fornecer a tecnologia para auxiliar os gestores educacionais de maneira estratégica, a partir de dados públicos disponibilizados pelo MEC. Esse tipo de informação permite que o associado tenha um olhar mais acurado sobre os cenários e, por tanto, auxiliará na tomada de decisão.

27.set.2021

Podcast - O Novo Ensino Médio e seus desafios 16.set.2021

Live: Aspectos Legais do Contrato de Prestação de Serviços Educacionais Dr. Esmanhotto e Dr. Juliano

25



INFORME PUBLICITÁRIO

Exposiçã o excessiva a telas prejudica a saúde ocular das crian ças

Es t u d o d o Con selh o Brasileiro de Oftalm olog ia m ostrou que o n ú m e ro d e dia g n ósticos de c rian ç as e a dolescen tes com m io pi a a u m e n tou duran te a pan dem ia

O número de pessoas míopes vem aumentando em

TRIAGEM VISUAL NAS ESCOLAS

todo o mundo, e o problema vem afetando especial-

Com o objetivo de auxiliar os pais e responsáveis no cui-

mente as crianças. A exposição intensa a celulares,

dado da saúde ocular das crianças, a organização “Num

tablets e TV pode levar ao desenvolvimento e agrava-

Piscar de Olhos”, em parceria com o Hospital de Olhos

mento dos casos de miopia, e muitas vezes podem ser

do Paraná, tem por objetivo identificar problemas de

irreversíveis.

visão em de forma preventiva.

Segundo estudo do Conselho Brasileiro de Oftalmolo-

Em formato de “blitz” nas escolas, a equipe realiza a tria-

gia (CBO), houve aumento no número de diagnósticos

gem em horário de aula.

de crianças e adolescentes com miopia durante a pan-

Os exames são realizados de forma rápida, segura e

demia da Covid-19. No levantamento, 72% dos profissio-

tranquila e servem para medir erros refrativos e acui-

nais entrevistados relataram maior detecção do proble-

dade visual em crianças a partir de 6 meses de vida. O

ma na faixa etária de zero a 19 anos. Para a maioria dos

projeto ainda garante acompanhamento da saúde ocu-

especialistas ouvidos, a principal razão é a maior expo-

lar das crianças anualmente.

sição dos jovens a telas de aparelhos eletrônicos no ensino remoto e no lazer durante o isolamento.

CONHEÇA O PROJETO

A miopia é um distúrbio da visão em que objetos pró-

Site numpiscardeolhos.com.br

ximos são vistos com clareza, mas os distantes não. A

Instagram instagram.com/orgnumpiscardeolhos

principal causa é a herança genética, mas a exposição

WhatsApp (41) 99688-5866 | Telefone (41) 3779-7444

excessiva às telas e a redução do tempo passado ao ar livre podem potencializar sua manifestação.

A EXPOSIÇÃO À TELA DE TV, COMPUTADOR, CELULAR E TABLET DEVE SER LIMITADA E SUPERVISIONADA.

:: 0 a 2 anos: evitar a exposição às telas sem necessidade. :: 2 a 5 anos: limite máximo de 1h por dia, sempre com supervisão de adultos. :: 6 a 10 anos: entre 1h a 2h por dia, sempre com supervisão de adultos :: 11 a 18 anos: entre 2h a 3h por dia, sempre com supervisão de adultos Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.