Revista Escada - Edição 58

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A REVISTA DAS ESCOLAS PARTICULARES DO PARANÁ

Reta final para o Enem: como apoiar os alunos dentro e fora da sala de aula

Provas que valem o ingresso no ensino superior trazem dúvidas e inseguranças para os estudantes, mas os professores e as instituições de ensino podem ajudar a garantir tranquilidade

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ENTREVISTA

Entenda a nova Política Nacional de Ensino Médio Jacir J. Venturi, membro do Conselho de ExPresidentes do Sinepe/PR, comenta as mudanças na lei e as perspectivas para o novo formato

Página 30

Inclusão e diálogo: confira as contribuições do mandato de Naura Nanci Muniz Santos Entre 1989 e 1992, a educadora esteve à frente do Sinepe/PR em tempos de desafios no setor; a homenageada foi a primeira mulher a assumir o cargo

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Número 58 | Ano 11 setembro 2024 Publicação Sinepe/PR

Índice

REVISTA ESCADA

Publicação periódica de caráter informativo, com circulação dirigida e gratuita, desenvolvida para o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado do Paraná.

Conteúdo e comercialização V3COM

Projeto gráfico V3COM

Design gráfico e arte final Marcelo Winck

Pauta, redação e revisão Frances Baras Milena Campos Nathalie Oda

Jornalista responsável Ari Lemos | MTB 5954

Críticas e sugestões ari@v3com.com.br

Conselho editorial

Carmem Murara

Everton Drohomeretski

Fatima Chueire Hollanda

Marcio Mocellin

Haroldo Andriguetto Júnior

Adriana Veríssimo Karam Koleski

Os artigos assinados são de responsabilidade dos seus autores e não expressam, necessariamente, a opinião desta revista.

RETA FINAL PARA O ENEM: COMO

APOIAR OS ALUNOS

DENTRO E FORA DA

SALA DE AULA 24

Provas que valem o ingresso no ensino superior trazem dúvidas e inseguranças para os estudantes, mas os professores e as instituições de ensino podem ajudar a garantir tranquilidade

A escolarização e seu impacto no mercado de trabalho

Pnad Contínua revela que menos de 25% dos trabalhadores brasileiros possuem formação superior; diretora de Ensino Superior do Sinepe/PR aponta que o crescimento é inferior à meta nacional

ENTREVISTA DO MÊS

O equilíbrio no uso da inteligência artificial no ensino Instituições de ensino e profissionais devem estar atentos às possibilidades de uso das ferramentas sem distanciar o professor e o estudante do papel central da educação

ARTIGO DA EDIÇÃO

Entenda a nova Política Nacional de Ensino Médio

Jacir J. Venturi, membro do Conselho de Ex-Presidentes do Sinepe/PR, comenta as mudanças na lei e as perspectivas para o novo formato

Como lidar com a relação família-escola em tempos de grupos de WhatsApp

Por Roberta e Taís Bento 12

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Inclusão e diálogo: confira as contribuições do mandato de Naura Nanci Muniz Santos

Entre 1989 e 1992, a educadora esteve à frente do Sinepe/PR em tempos de desafios no setor; a homenageada foi a primeira mulher a assumir o cargo

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Permissividade parental: um desafio para o desempenho escolar

Com poucos limites e sem correções ou regras, crianças podem enfrentar dificuldades relacionadas ao autocontrole, à responsabilidade e à disciplina

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Escola pode ajudar no enfrentamento das mudanças da pré-adolescência

Suporte emocional, acompanhamento psicológico e um diálogo aberto com os pais e responsáveis estão entre as estratégias

Sergio Herrero Moraes

Presidente do Sinepe/PR

Caros leitores e leitoras,

Apresentamos mais uma edição da Revista Escada, um espaço em que exploramos os desafios e as inovações do cenário educacional brasileiro. Com novos dados publicados no 2º semestre, trazemos uma análise sobre o índice de trabalhadores com ensino superior no Brasil, que, apesar de ter apresentado um aumento contínuo, ainda representa apenas 23% da nossa população. Na área da tecnologia, discutimos os cuidados a serem tomados para integrar a inteligência artificial no ambiente escolar. Já no âmbito da educação infantil, falamos sobre a influência da permissividade parental no desempenho escolar, com a análise de uma psicóloga sobre as dinâmicas familiares e o impacto desse estilo de criação na educação. Nesse mesmo sentido, temos o privilégio de contar com um artigo exclusivo de Roberta e Taís Bento sobre a relação família-escola e os grupos de Whatsapp. Ainda nesta edição, abordamos dicas de como

orientar e dar suporte para estudantes que farão o Enem 2024 com um olhar que vai além do conteúdo em sala de aula. Em outra matéria, com foco nos estudantes que ainda chegarão lá, mas que estão no ensino fundamental, abordamos a importância do suporte psicológico na pré-adolescência, um período repleto de mudanças e desafios emocionais que merece uma atenção especial de educadores e familiares. Da mesma forma, a nova lei sobre o Novo Ensino Médio também é abordada em uma entrevista especial com Jacir J. Venturi. E, por fim, a edição traz uma homenagem a Naura Nanci Muniz Santos, ex-presidente do Sinepe/ PR, que deixou um legado significativo para a nossa instituição e para o campo educacional. Esperamos que esta edição inspire discussões e reflexões que contribuam para a melhoria da educação no Brasil. Boa leitura!

Sergio Herrero Moraes

SINEPE/PR

Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado do Paraná www.sinepepr.org.br | www.facebook.com/sinepepr

CONSELHO DIRETOR

- GESTÃO 2022/2024

DIRETORIA EXECUTIVA

Presidente Sergio Herrero Moraes

1.º Vice-Presidente Haroldo Andriguetto Júnior

2.º Vice-Presidente Celso Maurício Hartmann

Diretor Administrativo Everton Drohomeretski

Diretor Econômico/Financeiro Cristiano Vinícius Frizon

Diretor de Legislação e Normas Nilson Izaias Pegorini

Diretor de Planejamento Carmem Regina Murara

DIRETORIA DE ENSINO

Diretor de Ensino Superior Adriana Veríssimo Karam Koleski

Diretor de Ensino Médio Felipe Mazzoni Pierzynski

Diretor de Ensino Fundamental Ir. Maria Zorzi

Diretor de Ensino da Ed. Infantil Dorojara da Silva Ribas

Diretor de Ensino dos Cursos Livres Valdecir Cavalheiro

Diretor de Ensino dos Cursos de Idiomas Magdal Justino Frigotto

Diretor de Marketing Rogério Pedrozo Mainardes

Diretor de Ensino da Educação Profissional

Técnica de Nível Médio Carolina Caramico Berg

Diretor dos Cursos Pré-Vestibulares Fernando Luiz Fruet Ribeiro

Diretor da EaD Dinamara Pereira Machado

Diretor de Sistemas de Ensino Acedriana Vicente Vogel

Diretor de Ensino de Pós-Graduação Ana Lucia Cardoso Ribeiro

CONSELHEIROS

1.º Conselheiro Fábio Hauagge do Prado

2.º Conselheiro José Mário de Jesus

3.º Conselheiro Angela Silvana Basso

4.º Conselheiro Raquel Adriano Momm Maciel de Camargo

5.º Conselheiro Durval Antunes Filho

6.º Conselheiro Leonora Maria Josefina Mongelós Rossato Pucci

7.º Conselheiro Artur Gustavo Rial

8.º Conselheiro Newton Andrade da Silva Júnior

9.º Conselheiro Josiane Domingas Bertoja

10.º Conselheiro Ricardo de Albuquerque Todeschini

12.º Conselheiro Guilherme Isensee Andrade

13.º Conselheiro Osni Mongruel Junior

14.º Conselheiro Fabrício Pretto Guerra

15.º Conselheiro Marcelo Ivan Melek

16.º Conselheiro Jose Luiz Coimbra Drummond

17.º Conselheiro Daniela Ferreira Correa

CONSELHO FISCAL

Efetivos Suplentes

Dilceméri Padilha de Liz Marta Regina Andre

Marcelo Pereira da Cruz Gisele Mantovani Pinheiro

Luiz Antônio Michaliszyn Filho Charles Pereira Lustosa Santos

DELEGADOS REPRESENTANTES - FENEP

Ademar Batista Pereira

Sergio Herrero Moraes

DIRETORIAS REGIONAIS

REGIONAL CAMPOS GERAIS

Diretor Presidente - Osni Mongruel Junior

Diretor de Ensino Superior - Patrício Vasconcelos e José Sebastião Fagundes Cunha Filho

Diretor de Ensino da Educação Básica - Rosângela Graboski e Valquíria Koehler de Oliveira

Diretor de Ensino da Educação Infantil - Bianca

Von Holleben Pereira e Carla Moresco

Diretor de Ensino dos Cursos Livres/IdiomasPaul Chaves Watkins

REGIONAL CATARATAS

Diretor Presidente - Artur Gustavo Rial

Diretor de Ensino Superior - Fábio Hauagge do Prado

Diretora de Ensino da Educação Básica - Edite Larssen

Diretor de Ensino da Educação Infantil - Ana

Paula Krefta

Diretor de Ensino dos Cursos Livres/IdiomasEleceu Barz

REGIONAL CENTRAL

Diretor Presidente - Dilceméri Padilha de Liz

Diretor de Ensino Superior - Roberto Sene

Diretor de Ensino da Educação Básica - Cristiane Siqueira de Macedo e Juelina Marcondes Simão

Diretor de Ensino da Educação Infantil - Ir. Roselha Vandersen e Ir. Sirlene N. Costa

Diretor de Ensino dos Cursos Livres/IdiomasMarcos Aurélio Lemos de Mattos

REGIONAL SUDOESTE

Diretor Presidente - Fabricio Pretto Guerra

Diretor de Ensino Superior - Ivone Maria Pretto Guerra

Diretor de Ensino da Educação Básica - Velamar Cargnin

Diretor de Ensino da Educação Infantil - Márcia

Fornazari Abasto

Diretor de Ensino dos Cursos Livres/IdiomasVanessa Pretto Guerra Stefani

REGIONAL OESTE

Diretora Presidente - Marta Regina Andre

Diretora de Educação Infantil - Sônia Regina Spengler Xavier

Diretor de Educação Básica - Valmir Gomes

Diretor de Ensino Superior - Gelson Luiz Uecker Cursos Livres/idiomas - Denise Veronese

REGIONAL LITORAL

Diretor Presidente - Luiz Antonio Michaliszyn Filho

Diretor de Ensino Superior - Ivan de Medeiros Petry Maciel

Diretor de Ensino da Educação - Básica (Ensino Fundamental)- Selma Alves Ferreira

Diretor de Ensino da Educação Básica (Ensino Médio) - Mirian da Silva Ferreira Alves

Diretor de Ensino da Educação Infantil - Lilian R. M. Borba

Diretor de Ensino dos Cursos Livres/IdiomasLiliane C. Alberton Silva

A escolarização e seu impacto no mercado de trabalho

Pnad Contínua revela que menos de 25% dos trabalhadores brasileiros possuem formação superior; diretora de Ensino Superior do Sinepe/PR aponta que o crescimento é inferior à meta nacional

A última divulgação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) revelou que apenas 23,1% dos trabalhadores brasileiros possuem ensino superior completo. O índice, embora em ascensão nos últimos anos, ainda não atingiu as metas estabelecidas pelo país para o desenvolvimento educacional. Em 2013, o mesmo indicador registrado foi de 14,6%.

Para Adriana Karam, diretora de Ensino Superior do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR), o aumento na porcentagem de trabalhadores com ensino superior completo representa um avanço significativo, porém insuficiente. “Em dez anos, nós evoluímos quase 10%, mas é uma evolução aquém do que o próprio governo e o país tinham definido”, observa. De acordo com a especialista, a meta estabelecida era de que 33% da população brasileira de 18 a 24 anos estivesse no ensino superior até 2024, um objetivo ainda distante. O crescimento moderado e contínuo reflete uma transformação gradual no perfil educacional dos trabalhadores brasileiros, que, ao longo da última década, têm contribuído para a modernização de diver-

sos setores econômicos. “Certamente, esse avanço foi fundamental para que o país trilhasse caminhos de desenvolvimento, como a atualização do nosso parque industrial, do agronegócio, dos serviços e da economia como um todo”, analisa. No entanto, a evasão escolar ainda é um desafio significativo. Muitos estudantes que ingressam no ensino superior não completam seus cursos, o que ocasiona um desperdício de recursos financeiros e humanos, segundo a diretora. Ela destaca que a evasão sempre representa um desperdício de recursos financeiros, tanto do Estado quanto do próprio estudante, e atribui à problemática fatores como as dificuldades financeiras e a escolha inadequada de cursos, além da dificuldade em equilibrar a vida profissional com o mundo acadêmico.

Apesar dos obstáculos, a importância de um diploma de ensino superior para o mercado de trabalho não pode ser subestimada. De acordo com dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgados pelo Instituto Semesp, a graduação em nível superior garante uma remuneração 144% maior em comparação a profissionais que tenham o ensino médio completo. “Introduzir um estudante que tenha completado o ensino superior no mercado de trabalho não só contribui para a produtividade de uma empresa,

mas também para a inovação e para a inserção de novas ferramentas e novos conhecimentos”, diz. Com o ensino superior completo, o profissional aumenta suas chances de empregabilidade e de oportunidades em posições de maior responsabilidade, o que reflete em salários mais altos e melhores condições de vida. Nesse sentido, a educação privada desempenha um papel fundamental na ampliação de vagas e de acesso. A 14ª edição do Mapa do Ensino Superior no Brasil, publicação anual do Instituto Semesp, mostrou que as instituições de ensino da rede privada representam 88% das instituições de ensino superior (IES) do país. A publicação detalha, ainda, que entre 2021 e 2022 houve um aumento de 5,1% no total de estudantes, com destaque para o crescimento na rede privada, que foi de 6,6% no número de matrículas.

A expansão da formação superior tem um impacto significativo na economia e na qualidade do mercado de trabalho brasileiro. Para a especialista, um aumento na taxa de formação poderia levar a um crescimento econômico mais robusto. “Mais formados no ensino superior contribuiriam, sem dúvidas, para a inovação e a competitividade do país. As empresas são resultado do seu capital humano que, aliado com a tecnologia e processos organizacionais, fazem resultado”, pontua.

Karam reforça, também, que a criação de polos de conhecimento e a sinergia entre instituições de ensino e empresas são fundamentais para o desenvolvimento das regiões onde essas instituições estão localizadas, uma vez que com um maior número de profissionais qualificados, o país melhora sua posição no mercado global, atrai investimentos e fortalece a base de sua economia interna.

O equilíbrio no uso da inteligência artificial no ensino

Instituições de ensino e profissionais devem estar atentos às possibilidades de uso das ferramentas sem distanciar o professor e o estudante do papel central da educação

A introdução da inteligência artificial (IA) no ambiente educacional traz uma série de oportunidades e desafios tanto para os estudantes quanto para os profissionais. À medida que plataformas como o ChatGPT, o Copilot e o Gemini se tornam mais acessíveis, é essencial que as instituições de ensino reflitam sobre como integrar essas ferramentas de forma responsável para evitar que o aprendizado dos alunos seja comprometido. Durante a adaptação, é importante que todos os envolvidos entendam a tecnologia como um fator complementar ao processo educativo, e não substitutivo.

Hoje, as crianças e adolescentes que estão em fase escolar têm, com um simples comando virtual, acesso a todo tipo de informação. Respostas precisas sobre assuntos diversos, dicas sobre viagens e resumos de livros são apenas algumas das mensagens que as ferramentas de IA oferecem. Com toda essa facilidade, as atenções das instituições e dos professores devem estar voltadas ao mal uso dessas plataformas. Quando os estudantes utilizam as ferramentas para completar tarefas sem reflexão ou sequer uma tentativa de entendimento, correm o risco de se tornarem consumidores passivos de informação ao invés de protagonistas em seu próprio aprendizado. O uso excessivo da IA pode levar à superficialidade no aprendizado, além de gerar uma certa dependência, que pode prejudicar a autonomia e o pensamento crítico. Para Everton Drohomeretski, diretor administrativo do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR), a IA é uma nova ferramenta de pesquisa, assim como eram as bibliotecas e, posteriormente, os mecanismos on-line de buscas. No entanto, para que o uso contribua

para o processo de aprendizagem, é indispensável que seja ligado à tutoria de um professor e ao acompanhamento da família. “Se você dá um microscópio a um aluno que não foi orientado pelo professor, há uma grande chance de ele usar esse microscópio de forma incorreta e não tirar proveito dele”, diz. Da mesma forma acontece com a IA.

Com a orientação adequada, é possível despertar a consciência no estudante, para que as ferramentas tecnológicas se tornem propulsoras para o desenvolvimento. Em uma lição de casa, por exemplo, o aluno deve ter consciência de que ao invés de pedir para a IA solucionar o problema de matemática, a melhor forma para utilizá-la para contribuir para o aprendizado pessoal é pedir que ela mostre o passo a passo de como resolver o problema de matemática.

“Uma estratégia eficaz é ensinar os alunos a verem a IA como uma parceira de aprendizado, não como uma fonte de respostas prontas. Isso pode ser feito integrando a tecnologia de forma crítica, onde os alunos são orientados a verificar, revisar e refletir sobre os resultados oferecidos”, complementa Giovani Fabris Marcarini, analista de sistemas e coordenador de Tecnologias no Colégio Mater Dei e Pré-vestibular Mater Dei, além de docente no curso de Sistemas de Informação no Centro Universitário Mater Dei (UNIMATER).

Envolvimento dos educadores

Para que esse cenário seja possível, é essencial que os educadores estejam capacitados para orientar as novas gerações em relação à utilização das ferramentas. Fabris Marcarini ressalta o desafio da adaptação dos profissionais da área frente ao ritmo acelerado de atualização da tecnologia, que nem sempre acompanha a formação dos professores. Para isso, programas de formação continuada e de fácil acesso podem

freepik.com

colaborar para o desenvolvimento de metodologias que integrem as novas plataformas ao dia a dia em sala de aula de forma proveitosa.

“É essencial que essas formações não sejam apenas técnicas, mas também voltadas para o desenvolvimento de estratégias pedagógicas que usem a IA de forma crítica e inovadora. Além disso, a criação de espaços de troca de experiências entre professores pode ajudar a disseminar boas práticas e a reduzir a resistência ao

uso dessas ferramentas”, aponta.

Dessa forma, é importante que qualquer usuário esteja ciente do funcionamento dos programas, que são generativos e não programados. Por isso, muitas vezes, as respostas oferecidas são criadas e, devido a essa característica, Drohomeretski também alerta sobre a potencialização das fake news, informações que podem ser publicadas como verdades, mas que foram criadas pela IA. Nesses casos, o senso crítico e a capacidade de checagem das informações fica por conta dos humanos e de seu raciocínio lógico.

“Muitas vezes, a IA vai criar respostas. Sem a tutoria de um professor, o indivíduo acabará fazendo um trabalho com informações que não são reais. Como uma ferramenta complementar para o aprendizado, para a pesquisa e para o estudo ela é muito importante, desde que o aluno seja orientado”, conclui o diretor.

“Um ponto importantíssimo na IA é saber elaborar as perguntas. Quanto melhor você pergunta, mais ela será um apoio dentro do processo educacional. Mas lembrando: ela é um apoio, não é seu professor e nem sua biblioteca”

Everton Drohomeretski diretor administrativo do Sinepe/PR

Como lidar com a relação famíliaescola em tempos de grupos de WhatsApp

Por Roberta e Taís Bento

Ao mesmo tempo que facilitam e agilizam a comunicação entre as famílias dos estudantes de uma mesma turma, os grupos de Whatsapp gradativamente foram se tornando um dos principais focos de conflito e tensão entre os adultos responsáveis e na relação entre a família e a escola.

A boa notícia é que, por mais que sejamos levados a pensar que o problema é a ferramenta, temos, enquanto gestores, o poder de ajustar o foco e agir no ponto que de fato gera os transtornos, agindo assim para tornar mais leve a relação entre as famílias e delas para com a escola. E nada mais adequado do que começar por tirar o foco do mensageiro, no caso, o Whatsapp, e pensar no que leva os adultos responsáveis a terem as posturas, atitudes, escolhas de palavras e tipos de comunicação que acabam levando para os grupos de Whatsapp dos filhos.

As mães, pais, cuidadores e responsáveis buscam apoio nos grupos de WhatsApp da turma da escola porque estão desesperados, em busca de ajuda para conseguir lidar com os desafios de educar um filho nascido na era digital. Quando olham para trás, para a educação que receberam, os pais não encontram referências para enfrentar os desafios da hora da lição de casa, da falta de motivação para os estudos e do relacionamento social entre os filhos e os colegas na escola. Ao mesmo tem-

po, as famílias vivem em uma constante pressão por acertar sempre, enquanto recebem informações não confiáveis, de fontes duvidosas, o tempo todo. De tempos em tempos, surgem novos termos, que rapidamente se espalham pelas redes sociais, gerando uma enorme ansiedade, e colocam em dúvida os valores e crenças até então usados como base na tomada de decisão que cada adulto responsável precisa fazer a cada momento na educação de um filho. Parece um cenário caótico? Pois ainda tem mais desafio. As crianças e adolescentes nascidos na era digital não têm na rotina diária as oportunidades que nós tínhamos para desenvolver a base de habilidades essenciais para um relacionamento saudável e positivo com o processo de aprendizagem formal.

Especialistas na relação família-escola. São educadoras e fundadoras do SOS Educação. São responsáveis pelo maior Instagram do Brasil voltado para gestores de escola, professores e famílias com filhos em idade escolar. São responsáveis pela coluna Escola da revista Pais&Filhos e pelo site SOS Educação, que faz parte do site do Jornal Estadão.

Roberta Bento
Taís Bento

Conforme ganhamos algumas facilidades no dia a dia, com a evolução da tecnologia, abrimos mão, sem perceber, de momentos nos quais naturalmente desenvolvíamos a paciência, a capacidade para lidar com frustrações, o foco e muitos outros recursos fundamentais para o desafio da convivência social e para o amadurecimento. É dentro desse cenário que nossos estudantes nascem, dão seus primeiros passos, aprendem as primeiras palavras e movimentam seus dedinhos apertando botões e arrastando telas. Assim, chegando na escola com uma lacuna enorme de recursos para lidar com desafios da vida real. Em paralelo, os profissionais da educação também vivem tempos desafiadores: com seus próprios filhos, em casa, e com uma formação que não contempla as ferramentas necessárias para lidar com estudantes cujas necessidades e características mudaram radicalmente em um espaço de tempo muito curto. Enquanto os adultos responsáveis, nas famílias e na escola, buscam sempre o melhor para a formação dessas crianças, as duas instituições, escola e família, se veem diante de um abismo de respostas para situações até então desconhecidas: dificuldade enorme de foco e concentração, baixa autoestima, níveis insuficientes de autonomia e uma carência cada vez maior por preencher a necessidade de pertencimento.

A expectativa das famílias em relação ao papel da escola também mudou. É co-

mum atualmente encontrarmos situações de conflito que nascem da dissonância entre aquilo que a escola entende como seu papel e o que a família espera em relação à educação de seu filho. Mesmo que de forma inconsciente, muitos pais gostariam que os filhos ficassem felizes e sem situações que geram frustração durante todo o período que passam na escola. Isso é não somente impossível, como também prejudicial para o desenvolvimento pleno de uma criança, que tem na escola a oportunidade para enfrentar, em ambiente seguro, os desafios que são parte de um processo saudável de desenvolvimento.

A falta de alinhamento entre as expectativas da família e o real papel da escola gera um peso enorme no dia a dia dos professores, gestores e colaboradores da escola. Em meio a esse turbilhão de mudanças na estrutura das famílias e ao imediatismo que permeia as relações humanas, os grupos de WhatsApp se tornaram o caminho mais rápido de comunicação: no trabalho, nas amizades, nas famílias e, como sequência natural, entre as famílias dos alunos de cada turma na escola. De fato, os grupos de WhatsApp das turmas podem mesmo se tornar um recurso valioso para as famílias com filhos em idade escolar, desde que usados a partir de princípios como o respeito e a colaboração. Parece simples e óbvio, mas a verdade é que essa premissa vale para toda e qualquer situação da vida em sociedade: no trânsito, na fila do supermercado e nos transportes públicos.

Todas essas instituições e momentos da nossa vida, porém, têm seu funcionamento em consequência das pessoas que delas fazem parte. Elas refletem, assim, todo esse caos, imediatismo, medo, sentimento de solidão, necessidade de autoproteção características da época em que vivemos. Os conflitos, demandas e desafios gerados nos grupos de WhatsApp das famílias dos alunos nada mais são do que um reflexo dos desafios que enfrentamos nos relacionamentos enquanto sociedade. A questão que fica é: a escola tem como

“Um ponto importantíssimo na IA é saber elaborar as perguntas. Quanto melhor você pergunta, mais ela será um apoio dentro do processo educacional. Mas lembrando: ela é um apoio, não é seu professor e nem sua biblioteca”

Everton Drohomeretski diretor administrativo do Sinepe/PR

agir de modo a minimizar os conflitos nascidos nos grupos de Whatsapp e a demanda por decisões que, grande parte das vezes, não tem relação com o processo de aprendizagem, mas que impacta diretamente no desempenho do aluno e na saúde mental dos professores e equipe de gestão escolar?

A resposta é sim. Entender que mesmo os diferentes perfis de famílias têm um objetivo comum, que é a busca pelo sentimento de segurança de que o filho está sendo visto, acompanhado, atendido dentro de suas necessidades e que os pais desse aluno não são só mais um adulto em meio a uma multidão é o ponto de partida. A partir dessa consciência, a gestão da escola precisa ter entre suas prioridades, uma política de construção de um vínculo com essas famílias. A parceria sólida, construída com cada família a partir do que cada qual traz de cultura e histórico, é a garantia de que os grupos de Whatsapp jamais serão a principal fonte de informações dos pais.

Conheça a história dos ex-presidentes do Sinepe/PR

Ir. Policarpo Zilliotto

“In Memorian” (25/08/1948 - 21/03/1950)

Frei João Crisóstomo Arns

“In Memorian” (17/04/1956 - 20/10/1958)

Dauro Rivadávia C. Bond

“In Memorian” (17/10/1986 - 01/10/1987)

Ir. Victor Floriano

“In Memorian” (21/03/1950 - 25/10/1951)

Amazonas Parodi

“In Memorian” (20/10/1958 - 20/10/1962)

José Manoel de Macedo Caron Jr.

(01/10/1987 - 07/11/1989)

Francisco M. Albizú

“In Memorian” (25/10/1951 - 20/03/1954)

Dalton de Oliveira Vianna

“In Memorian” (20/10/1962 - 18/11/1977)

Naura Nanci Muniz Santos

(07/11/1989 - 10/11/1992)

Luiz Anibal Calderari

“In Memorian” (01/08/1947 - 25/08/1948)

Marlus C. L. César

“In Memorian” (20/03/1954 - 17/04/1956)

Padre Kuno Paulo Rhoden

“In Memorian” (18/11/1977 - 31/10/1986)

Maria Alice de Araújo Lopes

(10/11/1992 - 09/11/1994)

Maria Luiza Xavier Cordeiro Emília Guimarães Hardy

“In Memorian” (09/11/1994 - 09/11/1998) (09/11/1998 - 07/11/2000)

Maria Luiza Xavier Cordeiro José Manoel de Macedo Caron Jr.

Ademar Batista Pereira

Jacir José Venturi

Esther Cristina Pereira Douglas Oliani

“In Memorian” (07/11/2000 - 04/11/2004) (04/11/2004 - 26/10/2008) (31/10/2008 - 30/10/2012) (30/10/2012 - 31/10/2016) (04/11/2016 - 13/11/2020) (13/11/2020 - 11/11/2022)

A atuação do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR) é estruturada por uma equipe de profissionais que se dedica ao setor e trabalha para defender os interesses das instituições privadas de ensino no Paraná. Na dinâmica complexa e multifacetada da educação, os presidentes que passaram pelo Sinepe/PR desempenharam um papel crucial que vai além das fronteiras administrativas. São líderes que representam os interesses da classe, mas também moldam as políticas que impactam diretamente na qualidade e no ambiente educacional das instituições. A gestão eficaz não se resume a lidar com questões burocráticas, mas também é um fator de influência na definição do curso da educação.

Ao longo de suas gestões, todos enfrentaram desafios significativos e, com uma condução habilidosa, puderam também inspirar a comunidade educacional a buscar constantemente melhores condições de ensino e aprendizagem. Pensando nisso, a nova editoria de homenagens aos ex-presidentes do Sinepe/PR é um espaço para reconhecer suas contribuições e destacar o impacto duradouro de suas lideranças na educação.

Na edição 57 da Revista Escada, José Manoel de Macedo Caron Jr. é o homenageado. Conheça um pouco de sua história e sua contribuição nos três mandatos em que ficou à frente da gestão da instituição.

Inclusão e diálogo: confira as contribuições do mandato de Naura Nanci Muniz Santos

Entre 1989 e 1992, a educadora esteve à frente do Sinepe/PR em tempos de desafios no setor; a homenageada foi a primeira mulher a assumir o cargo

Por Nathalie Oda

Com uma trajetória marcada pela dedicação à educação especial, Naura Nanci Muniz Santos esteve na presidência do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR) entre 1989 e 1992. Em um período de embates e desafios da educação brasileira, foi a primeira mulher a assumir o cargo e, além de romper as barreiras de gênero, também se tornou referência na luta pela qualidade da educação paranaense. No início de sua carreira, quando começou a trabalhar aos 16 anos como estagiária na Escola para Surdos Epheta, foi quando se apaixonou pela causa da educação especial. Nessa época, Naura Nanci ainda era estudante da antiga Escola Normal e alu-

na do curso de especialização para surdos. Posteriormente, ao se mudar para o Rio de Janeiro, passou a lecionar na Escola de Surdos Santa Cecília. Anos depois, com três filhos pequenos, retornou a Curitiba e adquiriu o Jardim de Infância Tutuca, onde atuou como diretora por três décadas.

Foi nesse período que a educadora se aproximou do Sinepe/PR, na década de 1980, como associada na gestão do Padre Kuno Paulo Rhoden. Com engajamento e interesse pelas lutas do setor, passou a integrar o setor de Educação Infantil da instituição e, em seguida, foi membro da diretoria na gestão de José Manoel de Macedo Caron Júnior. Em 1989, foi eleita presidente do Sinepe/PR.

“Fui a primeira mulher a assumir o cargo de presidente do nosso sindicato, um feito inédito. Me dediquei à tarefa de corpo e alma, ‘vivendo’ o Sindicato com a alegria e a honra de contar com a contribuição competente e carinhosa da vice-presidente Maria Luiza Xavier Cordeiro, de saudosa memória, e a constante colaboração dos diretores e do Conselho Consultivo que supriram as demandas da minha inexperiência. Foram tempos difíceis devido às pressões econômicas sobre a categoria e malfadadas políticas educacionais que nos sufocavam”, relembra a entrevistada.

Sua posse foi em seguida à promulgação da Constituição Federal de 1988, que mobilizou as escolas particulares na luta pela li-

vre escolha das famílias, para que as escolas da iniciativa privada não se tornassem uma concessão do Estado. Entre os desafios, ela cita o congelamento das mensalidades, o preconceito contra os “tubarões do ensino” e o controle absurdo sobre os preços, com as planilhas de custos das escolas analisadas e aprovadas ou não pelo chamado “senhor do MEC”.

Entre muitos embates, Naura Nanci relembra um episódio em que o sindicato desafiou o Ministro Carlos Chiarelli com decisões tomadas em grandes assembleias, uma delas com 1,2 mil presentes no auditório do Colégio Santa Maria. Na ocasião, o setor conseguiu elevar o percentual de reajuste das mensalidades acima do determinado. “Vivendo em constante sobressalto, mesmo assim conseguimos sobreviver e, em equipe, participar e contribuir em momentos muito importantes”, adiciona.

Entre as realizações de sua gestão, destaca-se a implementação das atividades da Federação Interestadual das Escolas Particulares (Fiep), dissidência da Fenen e que mais tarde se tornou a atual Fenep – Federação Nacional das Escolas Particulares. Como diretora de Educação na primeira gestão, participou da realização do 1º Congresso Fiep de Educação, um marco que reafirmou a importância da colaboração entre instituições de ensino. “Convidamos o nosso saudoso governador, Jaime Lerner, que proferiu palestra memorável: ‘Tendên-

cia não é destino’, ovacionado em pé, uma lição de vida para todos”, recorda. O legado da ex-presidente também inclui a alteração no regimento que possibilitou a criação das regionais do sindicato, permitindo uma estrutura mais representativa e ágil para atender às demandas locais. Em 1990, a iniciativa foi uma resposta às necessidades dos associados das regiões Norte e Noroeste do Paraná e aprovou a formação do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Norte do Paraná, a antiga Delegacia Regional de Londrina. Já em 1992, em seu último ano de mandato, foi criado o Sinepe de Maringá – Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Noroeste do Paraná. Nesse mesmo ano, Naura Nanci passou a ser conselheira do Conselho Estadual de Educação do Paraná (CEE) como representante do Sinepe/PR, cargo em que, atualmente, é suplente do conselheiro Jacir J. Venturi. Foi através dessa troca com as demais instituições do setor que ela recebeu do então governador, Álvaro Dias, a responsabilidade de designar, na composição do CEE, uma vaga permanente para um representante do sindicato.

Hoje, como parte do Conselho de Ex-Presidentes, ela contribui ativamente para o setor e, segundo Fátima Chueire Hollanda, assessora pedagógica do Sinepe/PR desde 2005, esteve à frente na normatização de várias deliberações que organizam a edu-

cação para o Sistema Estadual. A pedagoga destaca, ainda, que a homenageada atuou nos encaminhamentos para a educação inclusiva no Sistema Estadual de Ensino, participou ativamente na implementação no Novo Ensino Médio e colaborou com muitas instituições de ensino na construção de seus projetos pedagógicos.

“Ela tem – o que considero uma característica bem importante – a visão do todo, o que contribui como facilitador na criação de diálogos institucionais políticos, de grande relevância para o interesse da rede privada. Ela tem uma habilidade de negociação e de interlocução com todos os setores do sistema educacional. Domina a legislação de ensino e, com isso, tem o poder de argumentação para o que de fato agrega encaminhamentos importantes para as tomadas de decisões”, complementa Fátima.

“Há dois momentos muito importantes na vida de quem assume um cargo eletivo: o momento da posse no início da jornada, recheado de planos, repleto de ânsias realizadoras, expectativas de crescimento; e o momento do desligamento, da certeza dos erros e dos acertos ao longo do caminho, esperando que o sucessor possa fazer melhor”

Naura Nanci Muniz Santos ex-presidente do Sinepe/PR

Permissividade parental: um desafio para o desempenho escolar

Com poucos limites e sem correções ou regras, crianças podem enfrentar dificuldades relacionadas ao autocontrole, à responsabilidade e à disciplina

Uma infância sem broncas, sem correções e sem cobranças pode parecer uma realidade feliz do ponto de vista de uma criança. No entanto, a ausência desse direcionamento oferecido pelos pais ou responsáveis é prejudicial para o desenvolvimento humano. O termo bastante discutido no contexto educacional é chamado de permissividade parental e pode impactar diretamente e negativamente o desempenho escolar do estudante e a formação de capacidades es-

senciais para o futuro.

Cléria Regina Bizon, psicóloga do Hospital São Vicente, define a permissividade parental como um estilo de criação no qual os pais são excessivamente tolerantes aos comportamentos inadequados de seus filhos, impondo pouca ou nenhuma limitação. Sem regras claras determinadas, as crianças, desde muito cedo, passam a agir apenas conforme suas vontades e gostos, comportamento que, na maioria das vezes, não leva a uma rotina produtiva.

Por Nathalie Oda

“A característica principal da permissividade é a ausência de controle e disciplina. Frequentemente, os pais fazem isso para evitar conflitos ou descontentamentos, na crença de que oferecer liberdade total os tornará mais felizes. No entanto, essa forma de educar possivelmente vai acarretar consequências prejudiciais, como a dificuldade das crianças em lidar com frustrações e de ter interações sociais saudáveis”, explica.

A relação permissiva com a educação pode partir de um receio por parte dos responsáveis, que acreditam que as restrições e os limites podem prejudicar o vínculo emocional ou gerar sentimentos de culpa inevitáveis. Por outro lado, a rotina de adultos que trabalham fora, cuidam dos filhos e gerenciam a relação profissional e pessoal pode afetar a educação, seja pela falta de tempo ou pelo esgotamento físico e emocional.

A psicóloga reforça que uma alternativa a ser considerada é a psicoterapia para os pais, uma forma de auxílio que pode promover alternativas de manejo da dinâmica familiar e oferecer entendimento sobre o real impacto

“A característica principal da permissividade é a ausência de controle e disciplina. Essa forma de educar possivelmente vai acarretar consequências prejudiciais, como a dificuldade das crianças em lidar com frustrações e de ter interações sociais saudáveis”

Cléria Regina Bizon psicóloga do Hospital São Vicente

da permissividade para o desenvolvimento infantil. Ao conscientizar os adultos, é possível transformar a relação familiar a evitar consequências negativas nas relações sociais e no desempenho escolar das crianças nos anos seguintes.

Reflexos na vida escolar

No ambiente escolar, a falta de direcionamento e de limites é especialmente problemática, já que o contexto exige a aceitação de normas para a convivência e a aprendizagem. Entre as áreas de desenvolvimento que podem ser comprometidas, a especialista cita habilidades emocionais e comportamentais essenciais, como o autocontrole e a responsabilidade. Para a profissional, que trabalha com a abordagem psicológica pelo viés da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), crianças que não enfrentam limites em casa podem ter dificuldades como:

• Ausência de autorregulação: podem ter dificuldade em desenvolver autocontrole, o que resulta em baixa concentração, desorganização de tempo para estudo e incapacidade de cumprir prazos;

• Dificuldade em acatar regras: podem apresentar problemas para aceitar normas escolares, respeitar horários e lidar com figuras de autoridade dos professores;

• Baixa capacidade de resistência: enfrentam mais dificuldades com desafios e frustrações, o que pode gerar desmotivação, ansiedade e afetar o desempenho escolar;

• Problemas comportamentais: alguns exemplos são a indisciplina, a desobediência e a agressividade, resultando negativamente no rendimento acadêmico;

• Baixo senso de responsabilidade: a conduta permissiva desmotiva e enfraquece a responsa-

bilidade da criança, levando à negligência com as tarefas escolares e atitude desinteressada em cumprir metas.

Uma vez que o comportamento dos pais também gera um reflexo no comportamento dos filhos, a psicóloga detalha que essa relação tolerante em excesso pode causar pensamentos como:

“Não preciso me esforçar”

“Ninguém se importa com meu desempenho”

“Não preciso fazer isso agora, posso adiar”

“Não sou capaz de fazer isso”

Entre tantas outras crenças que a criança pode absorver através dessa liberdade excessiva, o simples ato de fazer a lição de casa pode se tornar uma tarefa penosa e desgastante. “A falta de aplicar consequências para

o comportamento não aceitável pode ficar entendido para a criança como reforço positivo. Isso pode levar a um ciclo de procrastinação e desmotivação, pois ela não entende o valor de cumprir suas obrigações”, detalha. No início da jornada escolar, que para todos – independentemente da região, da instituição de ensino e da idade – é repleta de desafios, de obrigações e da necessidade constante de esforço, os reflexos da permissividade parental podem ser determinantes. Por isso, ainda na educação infantil, nos primeiros anos de convívio no ambiente escolar, é essencial que os profissionais e as escolas estejam com ouvidos atentos e olhos abertos para sinais que indiquem essa dificuldade causada pela falta de limites.

Reta final para o Enem: como apoiar os alunos dentro e fora da sala de aula

Provas que valem o ingresso no ensino superior trazem dúvidas e inseguranças para os estudantes, mas os professores e as instituições de ensino podem ajudar a garantir tranquilidade

Em 2024, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) acontece no início de novembro. A essa altura, muitos estudantes já podem ter traçado suas estratégias para fazer boas provas, enquanto outros são tomados pelo medo e pela insegurança. Afinal, boas notas no exame podem garantir o tão sonhado ingresso na universidade.

O papel das escolas e dos professores, nesse momento, é fundamental para guiar os alunos. E as orientações vão além dos conteúdos em sala de aula. É claro que reproduzir as questões ajuda a praticar, mas a experiência de quem já vem acompanhando estudantes há anos também é válida para outras dicas e orientações.

Para o diretor de Ensino Médio do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR), Gil Vicente Moraes, o aspecto mais relevante do Enem - e que deve estar entre as principais orientações para o aluno - é em relação ao tempo de prova. “São 90 questões que precisam ser resolvidas em menos de cinco horas, sobra pouquíssimo tempo para cada questão. Daí a importância de se ter uma boa estratégia e de manter a calma”, avisa.

É hora de afinar a estratégia de prova

Com o tempo contado, lembra Moraes, esse é o momento de estar com o esquema de prova bem alinhado. Cabe aos professores e orientadores ajudarem o estudante nessa decisão. Entra nessa conta a capacidade do estudante de lidar com

frustrações, por exemplo. “É preciso pensar o quanto todo o desempenho pode ser afetado por uma questão que esse aluno não saiba muito bem como responder já no início ou no meio da prova”, diz.

Por isso, a compreensão dos enunciados deve ser exercitada de forma contínua. A interpretação de texto e as táticas para identificar a essência da pergunta podem contribuir para um resultado positivo. “O comando da questão também precisa ser reforçado para os alunos na reta final. Além de ajudar na resolução correta, ter essa atenção pode fazer a diferença até mesmo no tempo de prova”, exemplifica o diretor do Sinepe/PR.

O ideal, de acordo com o conselheiro, é que a técnica a ser aplicada seja construída ao longo do ano. Logo após a inscrição do estudante no Enem, as instituições já devem dar início a essa preparação. Os simulados que acontecem no período letivo ajudam a entender o que funciona e o que pode não dar tão certo assim de acordo com o perfil de cada estudante.

“A dois meses da realização do exame, já

“A dois meses do exame, já é possível saber o que se pode manter ou mudar na estratégia de resolução de prova”

Gil Vicente Moraes diretor de Ensino Médio do Sinepe/PR

é possível saber o que se pode manter e o que é preciso mudar em uma estratégia de resolução de prova. O contato próximo e a conversa com os estudantes é o melhor caminho para se ter bons resultados lá na frente”, avalia Moraes.

Revisão da matéria (e das regras também)

Não é incomum que os alunos deixem de ler os editais das provas. Essa fase final é também um momento crucial para lembrá-los de alguns pontos que podem parecer pequenos, mas que são importantes e podem custar a participação, mesmo após meses, ou melhor, anos de preparação.

Isso vai desde um checklist dos documentos obrigatórios que o aluno deve portar no local de realização dos exames, até o tipo da caneta que pode ser utilizada na realização das provas, que deve ser de cor preta, em tubo transparente.

O equilíbrio é importante

Além de revisar o conteúdo e a estratégia de prova, é essencial que os estudantes encontrem momentos para relaxar e recarregar as energias. A pressão e o estresse são comuns nessa fase e podem prejudicar o desempenho no dia da prova se não forem gerenciados adequadamente. Assim, uma rotina de sono adequada, que possibilite cerca de 8 horas de sono por dia, é imprescindível para o descanso necessário nessa etapa da vida.

Para balancear o estímulo gerado pela alta quantidade e complexidade das provas, as escolas podem oferecer atividades que ajudem os alunos a lidar com a ansiedade, como momentos de descontração

com dinâmicas, filmes e jogos educativos. “O equilíbrio emocional é tão importante quanto o preparo acadêmico. Um aluno calmo e confiante tem mais chances de ter um bom desempenho”, acrescenta.

Escola pode ajudar no enfrentamento das mudanças da pré-adolescência

Suporte emocional, acompanhamento psicológico e um diálogo aberto com os pais e responsáveis estão entre as estratégias

A pré-adolescência é uma fase de inúmeros desafios. Essa etapa da vida, que acontece por volta dos 10 aos 14 anos de idade, é marcada por uma série de mudanças físicas, hormonais e psicológicas. Esses fatores podem afetar o bem-estar e o desempenho escolar dos estudantes. Por isso, as instituições de ensino podem - e devemoferecer suporte emocional a estes jovens. Como parte importante da rede de apoio, já que os pré-adolescentes passam boa parte dos seus dias dentro das escolas, professores, diretores e orientadores precisam traçar estratégias e manter um fluxo de comunicação aberto e frequente com os pais ou responsáveis.

Desafios internos e externos

A psicóloga do Colégio Aliança, de Guarapuava, na Região Central do estado, Camila

de Souza, lembra que a pré-adolescência é uma fase de transição. “Nesse período, é comum que as mudanças na vida e na escola, com novas preocupações, tragam sensibilidade emocional e ansiedade”, explica.

As mudanças vão afetar a forma como os jovens se percebem e são percebidos, além da pressão que colocam em si mesmos para se encaixarem e serem aceitos.

Novas vivências e novos sentimentos também influenciam nessa fase, como os relacionamentos e as questões emocionais - experiências mais intensas como amizades rompidas, questões familiares e o início de relacionamentos amorosos.

É inevitável que haja impacto no desempenho escolar como consequência. “Isso acontece, porque pode haver uma pressão externa - dos pais e professores - e do próprio estudante, por um desempenho melhor”, reforça a especialista.

A escola deve ser um ambiente seguro

Camila, que também atua como psicóloga clínica, reforça que é preciso que

os estudantes sintam que têm na escola um ambiente seguro para expor as suas preocupações e ter as suas dificuldades acolhidas. O suporte, avalia, ajuda a enfrentar todos esses problemas de forma mais saudável.

Será preciso ter conhecimento e estrutura para resolver questões ligadas à autoestima, à resolução de conflitos e ao gerenciamento das emoções desses alunos. “Mais do que nunca, é importante promover e trabalhar para que os jovens desenvolvam hábitos saudáveis de autocuidado e de bem-estar mental”, orienta.

A psicóloga sugere a implantação de treinamentos, programas de acolhimento e serviços de aconselhamento e escuta, iniciativas que podem contar com profissionais da psicologia ou de outras áreas que estejam capacitados para atividades de aconselhamento individual ou em grupo.

Diálogo com os pais ou responsáveis

Para que o suporte seja efetivo, é primordial que haja diálogo aberto e acolhimento também em relação aos pais e responsáveis pelos alunos. “A parceria entre a escola e os pais é ainda mais importante quando se trata da saúde mental e do suporte emocional aos estudantes que estão na pré-adolescência”, avalia a psicóloga.

A comunicação entre pais e professoresalém dos demais membros da comunidade escolar - deve ser aberta e regular para que essa dinâmica seja efetiva, na opinião da profissional.

Bullying e cyberbullying: informação e prevenção

Embora os termos sejam recentes, lembra a advogada Maria Victória Esmanhoto, a prática de bullying e até mesmo do cyberbullying não é exatamente nova entre os jovens. E a pré-adolescência, em função de todas as suas características e mudanças, é um terreno fértil para esse tipo de comportamento.

A profissional, especializada na resolução deste tipo de conflito em ambiente escolar, chama a atenção para os efeitos devastadores tanto para as vítimas quanto para os agressores. “Por isso, a escola deve estar preparada para trabalhar o assunto”, justifica. “Isso passa pela informação não apenas dos estudantes, mas de toda a comunidade escolar”, completa.

Enquanto os alunos precisam entender o que é certo e o que é errado, com a ajuda da escola e dos pais, a instituição precisa ter um protocolo e saber como averiguar casos de bullying e agir da forma mais adequada - na punição e orientação do agressor e no apoio à vítima.

Maria Victória ressalta que é uma obrigação pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, de acordo com o artigo 70-B, que as escolas tenham pessoas capacitadas para lidar com possíveis crimes envolvendo os estudantes, para que possam fazer a comunicação ao Conselho Tutelar, sob pena de negligência ou omissão. Isso inclui a prática de bullying e cyberbullying, segundo a advogada.

Entenda a nova Política Nacional de Ensino Médio

Jacir J. Venturi, membro do Conselho de Ex-Presidentes do Sinepe/PR, comenta as mudanças na lei e as perspectivas para o novo formato

O ensino médio no Brasil precede o vestibular e recebe jovens entre os 15 e os 17 anos. Após o Novo Ensino Médio (NEM), que foi implantado em 2022 e teve vigência de apenas três anos, uma nova Política Nacional de Ensino Médio foi instituída no final do mês de julho de 2024. Com mudanças referentes à separação da carga horária, aos itinerários formativos e à educação profissional, o novo texto traz alterações na lei que passará a valer para os estudantes matriculados na 1ª série em 2025. Consequentemente, em 2026 a reestruturação abrangerá a 2ª série e, em 2027, a 3ª série.

Após mais de um ano de debates intensos entre representantes das partes interessadas do setor, a reforma ainda precisa ser compreendida pelas instituições e pelos profissionais que passarão por essa adaptação junto aos estudantes. Para esclarecer dúvidas sobre a nova lei e contribuir para o entendimento em relação aos impactos da nova regulamentação, convidamos Jacir J. Venturi, especialista do setor educacional que atuou como professor e gestor escolar durante cinco décadas no Paraná. Parte do Conselho de Ex-Presidentes do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR), representante do Conselho

Estadual de Educação (CEE) e da Federação das Escolas Privadas do Brasil (Fenep), o entrevistado compartilhou suas percepções acerca do tema. Confira:

Quais as principais mudanças que serão implementadas a partir da aprovação da nova lei que substitui o chamado Novo Ensino Médio?

Jacir J. Venturi: O maior e inconteste mérito do NEM e da nova lei que agora o substitui foi a ampliação da carga horária do ensino médio para 3.000 horas, ou seja, 25% a mais do que as 2.400 horas do modelo anterior. Nos últimos 14 meses, o principal embate na discussão da lei foi a carga horária da Formação

Geral Básica (FGB), que para a atual gestão do MEC deveria ser ampliada de 1.800 para 2.400 horas. Os dois relatores, deputado federal Mendonça Filho e senadora Dorinha, defendiam uma carga intermediária, mas, após um confronto duríssimo, prevaleceu a pressão do governo, e a lei acabou sendo promulgada com a maior carga horária. Outra modificação significativa é que Língua Portuguesa e Matemática não mais são componentes curriculares obrigatórios em cada um dos três anos do ensino médio, desde que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) seja cumprida integralmente ao final. É importante esclarecer que a FGB é comum a todos os estudantes. É composta de 13 componentes curriculares obrigatórios e clássicos, como Língua Portuguesa, Matemática, Física, Filosofia, Inglês, Arte etc. As 600 horas restantes são dedicadas aos Itinerários Formativos (IF), em que os estudantes podem optar por uma Formação Técnica e Profissional ou pelo aprofundamento para o ingresso no ensino superior, priorizando-se os componentes curriculares de maior interesse para o curso de graduação escolhido em uma das 4 áreas: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas e Sociais. Os IF deverão seguir diretrizes a serem elaboradas até dezembro pelo Conselho Nacional de Educação, e a unidade escolar que ofertar o ensino médio deve dispor de pelo menos dois IF, que poderão ser ofertados de forma integrada. Se a opção for pela Formação Técnica e Profissional, deve-se considerar o Catálogo Nacional de Cursos Técnicos (CNCT), que estabelece carga horária de 800, 1.000 ou 1.200 horas. Devido à impossibilidade de ajustar essas cargas

nas 600 horas de IF, adotou-se o seguinte arranjo: a FGB será reduzida de 2.400 para 2.100 horas nesses casos. Mesmo assim, para acomodar os cursos de 1.000 ou 1.200 horas, a nova lei admite que até 300 horas da carga horária sejam destinadas ao aprofundamento de conteúdos diretamente relacionados ao curso escolhido pelo estudante. Pela nova lei, ficam autorizados convênios ou outras formas de parceria com instituições credenciadas de Educação Profissional, preferencialmente públicas.

Foi também estabelecida a obrigatoriedade, quando houver demanda, de que todos os municípios do país ofertem turmas para o ensino médio regular noturno, sendo aqui essencial uma melhor regulamentação pelo respectivo sistema de ensino, como bem ponderado na lei, considerando que 1.257 municípios têm menos de 5 mil habitantes.

Com as diversas mudanças durante e após a pandemia de Covid-19, a educação a distância sofre mudanças no país?

Jacir J. Venturi: A nova lei é mais restritiva, estabelecendo que o ensino médio deve ser ofertado na modalidade presencial, mas admite excepcionalmente o ensino mediado por tecnologia, transferindo aos Conselhos de Educação (Nacional ou Estaduais) a regulamentação da possibilidade de ajuste no percentual atual de 20% para o ensino médio diurno e 30% para o noturno, com flexibilidade para contemplar as realidades regionais. As comunidades ribeirinhas da Amazônia, por exemplo, têm necessidades específicas que justificam o aumento desses índices, e o ensino via satélite é uma excelente alternativa para complementar o ensino presencial em locais distantes e de difícil acesso.

ENTREVISTA DA EDIÇÃO

“É essencial concentrar-se em conhecimentos fundamentais para o desenvolvimento acadêmico e profissional dos nossos discentes”

Jacir J. Venturi

membro do Conselho de Ex-Presidentes do Sinepe/PR

Na sua percepção, as alterações na lei trarão benefícios aos estudantes?

Jacir J. Venturi: Com relação à Educação Profissional, é importante viabilizar e estimular a modalidade, já que ela tem o potencial de reduzir a evasão e a reprovação, atraindo o estudante pela possibilidade de ingresso mais rápido no mundo do trabalho e da consequente monetização para subsistência pessoal e familiar. A introdução dos IF e as mudanças nos cursos profissionalizantes, a partir de 2022, geraram um despertar, uma mola propulsora, um ecossistema propício para ampliar significativamente a oferta dessas vagas. No Paraná, por exemplo, em 2024, 32% das aproximadamente 115 mil novas matrículas no 1º ano do Novo Ensino Médio seguirão a trilha de uma formação técnica (em 2021, eram apenas 11%). A lei também acertou ao permitir aos estudantes em regime de tempo integral que os sistemas de ensino reconheçam aprendizagens, competências e habilidades desenvolvidas em experiências extracurriculares, como estágios e trabalhos voluntários supervisionados, cursos de qualificação profissional com certificação, iniciação científica ou atividades de direção em grêmios estudantis.

Com o veto do Presidente em relação à cobrança de conteúdos dos IF no Enem, o exame ficará focado na FGB. Na minha visão, uma decisão acertada, porque, se os conteúdos dos IF fossem exigidos, as condições de isonomia ficariam comprometidas, uma vez que o Enem é um dos principais norteadores do ensino médio.

Levando em conta todos esses pontos de mudança, quais suas expectativas e ponderações sobre o ensino médio nos próximos anos?

Jacir J. Venturi: É preciso que o Ministério da Educação (MEC) e as Secretarias Estaduais evitem a repetição de erros do passado (refiro-me ao antigo ensino médio), em que penduricalhos pouco estimulantes e excessivos eram ministrados. É essencial concentrar-se em conhecimentos fundamentais para o desenvolvimento acadêmico e profissional dos nossos discentes. Além disso, as diretrizes para as 600 horas dos Itinerários Formativos devem ser balizadoras, no sentido de garantir a presença de temas contemporâneos, relevantes e que, direta ou transversalmente, sejam ofertados conteúdos de Educação Financeira, Educação Digital e Pensamento Computacional, além do Projeto de Vida. É imperativo que as autoridades educacionais deste país promovam uma normatização eficaz que equilibre inovação e viabilidade prática, em busca de uma melhora nos indicadores de nosso combalido ensino médio. A responsabilidade pela oferta dessa etapa da educação recai preponderantemente sobre os Estados e seus Sistemas Estaduais de Ensino, que devem receber suporte técnico e financeiro necessário do MEC, além de avaliações comparativas e consistentes, pois, como William Deming ensina: “não se gerencia o que não se mede”.

Calendário de eventos

CURSO DE ATUALIZAÇÃO PARA SECRETÁRIOS ESCOLARES

Quando: Mais informações no site do Sinepe/ PR

Onde: Sinepe/PR, em Curitiba

Palestrantes: Técnicos da SEED/PR

HOMENAGEM AO DIA DOS PROFESSORES

Quando: 15 de outubro, às 20h

Onde: Teatro UP Experience, Ecoville – Curitiba

Atração: Os Barbixas

POSSE DIRETORIA E JANTAR DE CONFRATERNIZAÇÃO

Quando: 21 de novembro, às 20h

Onde: Torres Eventos

Novas associadas

• 13/08/2024 | CEI Favo de Mel, de Colombo

• 10/09/2024 | Youtz/Prospere Educação, de Curitiba

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Selo Escola Legal 2024

Para auxiliar pais e alunos na busca por instituições de ensino particular devidamente regularizadas perante os órgãos oficiais, o Sinepe/PR lança a edição 2024 do selo “Escola Legal”. Associadas podem solicitar seus selos por meio do www. sinepepr.org.br

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