Dados do Censo da Educação Superior 2023 apontam a predominância do ensino privado, o crescimento do EaD no país e taxas preocupantes de evasão na modalidade
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ENTREVISTA Nova presidência do Sinepe/PR
Haroldo Andriguetto
Júnior, atual vicepresidente, assume a presidência e compartilha expectativas e planos em entrevista exclusiva para a Revista Escada
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Mandato de negociações e transformações
Presidente de 1992 a 1994, Maria Alice de Araújo Lopes esteve à frente de um período repleto de desafios, principalmente no aspecto econômico devido à instabilidade no país
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Número 59 | Ano 11 novembro 2024
Publicação Sinepe/PR
REVISTA ESCADA
Publicação periódica de caráter informativo, com circulação dirigida e gratuita, desenvolvida para o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado do Paraná.
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Projeto gráfico V3COM
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Marcio Mocellin
Haroldo Andriguetto Júnior
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Os artigos assinados são de responsabilidade dos seus autores e não expressam, necessariamente, a opinião desta revista.
REFLEXOS DA EDUCAÇÃO
SUPERIOR PRIVADA NO BRASIL 24
Dados do Censo da Educação Superior 2023 apontam a predominância do ensino privado, o crescimento do EaD no país e taxas preocupantes de evasão na modalidade
06
O propósito da docência entre as novas gerações
O papel dos professores é fundamental para a formação de cidadãos mais preparados para os desafios do mundo. Há valorização na mesma medida?
08
No ritmo certo: a musicalização no desenvolvimento das crianças
Com atividades e técnicas diversas, ensino de música pode ajudar a desenvolver inteligências múltiplas e essenciais para o futuro
ARTIGO DA EDIÇÃO
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O cyberbullying sob a perspectiva jurídica
Por Victória Esmanhotto, mestre em Direito pela UniCuritiba, pós-graduada em Gestão de Risco, Compliance e Auditoria pela PUCPR e advogada criminalista na Beno Brandão Advogados
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Mandato de negociações e transformações
Presidente de 1992 a 1994, Maria Alice de Araújo Lopes esteve à frente de um período repleto de desafios, principalmente no aspecto econômico devido à instabilidade no país
30 ENTREVISTA DA EDIÇÃO
Nova presidência do Sinepe/PR
Haroldo Andriguetto Júnior, atual vice-presidente, assume a presidência e compartilha expectativas e planos em entrevista exclusiva para a Revista Escada
21
Nova Política Nacional de Ensino Médio garante flexibilidade na oferta de espanhol nas instituições
Elementos como a falta de profissionais especializados e a complexidade de implementação foram pontos pesados para a rejeição da proposta de obrigatoriedade
28
Educação inclusiva: direitos e deveres em pauta
Assessor jurídico do Sinepe/PR esclarece o papel das instituições de ensino e as obrigações perante a lei no fornecimento da educação especial
Sergio Herrero Moraes
Presidente do Sinepe/PR
Caros leitores e leitoras,
Estamos chegando ao final de mais um ano de publicações relevantes da Revista Escada, um espaço onde reunimos os principais assuntos do setor educacional, com a colaboração de especialistas de diversas áreas. Nesta edição, iniciamos com uma reflexão sobre o propósito das novas gerações que optam pela docência e as muitas variáveis que envolvem o papel dos professores no Brasil.
No mesmo sentido, publicamos também uma análise acurada de Everton Drohomeretski sobre os dados publicados no Censo da Educação Superior 2023, publicado em outubro, e seus desdobramentos no cenário estadual. O destaque vai para o desempenho da modalidade de ensino a distância e a estabilidade do formato presencial nesses anos pós-pandemia.
A partir das definições da Nova Política Nacional de Ensino Médio, que discutimos na última edição, exploramos mais detalhadamente as discussões sobre a obrigatoriedade de línguas estrangeiras no ensino médio e os fatores em âmbito nacional que estão envolvidos na decisão de tornar o espanhol optativo no currículo obrigatório.
Abordando, também, os demais níveis de ensino, tratamos sobre a importância da musicali-
zação na educação infantil para o desenvolvimento das crianças, em relação à coordenação motora, à socialização e à capacidade criativa das novas gerações.
Não podemos deixar de falar também sobre o cyberbullying, uma questão em pauta desde o crescimento das novas tecnologias e o aumento do acesso de crianças e jovens. Para discorrer sobre o tema, contamos com a participação especial de Victória Esmanhotto, advogada especialista no assunto.
Também com respaldo jurídico, tratamos sobre a educação inclusiva e os direitos e deveres das instituições de ensino na adequação de suas estruturas, metodologias e equipes para receber os alunos da educação especial. Com ênfase no embasamento e no direcionamento especializado, trazemos um conteúdo para contribuir com as associadas nesse processo de adequação. No quadro de ex-presidentes, contamos um pouco da trajetória de Maria Alice de Araújo Lopes, que conduziu o Sinepe/PR de 1992 a 1994. Por fim, divulgamos também a entrevista exclusiva com o mais novo presidente do Sinepe/PR, Haroldo Andriguetto Júnior, que compartilhou suas expectativas e planos para o novo mandato. Com muita alegria após dois anos à frente desta instituição fundamental para a educação paranaense, espero que as próximas páginas tragam ainda mais reflexões e discussões para continuarmos atuando em prol da qualidade do ensino em nosso país. E, claro, dou minhas boas-vindas ao meu caro colega, professor Haroldo, que passará a escrever neste espaço de diálogo com nossos leitores. Desejo a todos uma boa leitura!
Sergio Herrero Moraes
SINEPE/PR
Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado do Paraná www.sinepepr.org.br | www.facebook.com/sinepepr
Diretor de Legislação e Normas Nilson Izaias Pegorini
Diretor de Planejamento Carmem Regina Murara
DIRETORIA DE ENSINO
Diretor de Ensino Superior Adriana Veríssimo Karam Koleski
Diretor de Ensino Médio Felipe Mazzoni Pierzynski
Diretor de Ensino Fundamental Ir. Maria Zorzi
Diretor de Ensino da Ed. Infantil Dorojara da Silva Ribas
Diretor de Ensino dos Cursos Livres Valdecir Cavalheiro
Diretor de Ensino dos Cursos de Idiomas Magdal Justino Frigotto
Diretor de Marketing Rogério Pedrozo Mainardes
Diretor de Ensino da Educação Profissional
Técnica de Nível Médio Carolina Caramico Berg
Diretor dos Cursos Pré-Vestibulares Fernando Luiz Fruet Ribeiro
Diretor da EaD Dinamara Pereira Machado
Diretor de Sistemas de Ensino Acedriana Vicente Vogel
Diretor de Ensino de Pós-Graduação Ana Lucia Cardoso Ribeiro
CONSELHEIROS
1.º Conselheiro Fábio Hauagge do Prado
2.º Conselheiro José Mário de Jesus
3.º Conselheiro Angela Silvana Basso
4.º Conselheiro Raquel Adriano Momm Maciel de Camargo
5.º Conselheiro Durval Antunes Filho
6.º Conselheiro Leonora Maria Josefina Mongelós Rossato Pucci
7.º Conselheiro Artur Gustavo Rial
8.º Conselheiro Newton Andrade da Silva Júnior
9.º Conselheiro Josiane Domingas Bertoja
10.º Conselheiro Ricardo de Albuquerque Todeschini
12.º Conselheiro Guilherme Isensee Andrade
13.º Conselheiro Osni Mongruel Junior
14.º Conselheiro Fabrício Pretto Guerra
15.º Conselheiro Marcelo Ivan Melek
16.º Conselheiro Jose Luiz Coimbra Drummond
17.º Conselheiro Daniela Ferreira Correa
CONSELHO FISCAL
Efetivos Suplentes
Dilceméri Padilha de Liz Marta Regina Andre
Marcelo Pereira da Cruz Gisele Mantovani Pinheiro
Luiz Antônio Michaliszyn Filho Charles Pereira Lustosa Santos
DELEGADOS REPRESENTANTES - FENEP
Ademar Batista Pereira
Sergio Herrero Moraes
DIRETORIAS REGIONAIS
REGIONAL CAMPOS GERAIS
Diretor Presidente - Osni Mongruel Junior
Diretor de Ensino Superior - Patrício Vasconcelos e José Sebastião Fagundes Cunha Filho
Diretor de Ensino da Educação Básica - Rosângela Graboski e Valquíria Koehler de Oliveira
Diretor de Ensino da Educação Infantil - Bianca
Von Holleben Pereira e Carla Moresco
Diretor de Ensino dos Cursos Livres/IdiomasPaul Chaves Watkins
REGIONAL CATARATAS
Diretor Presidente - Artur Gustavo Rial
Diretor de Ensino Superior - Fábio Hauagge do Prado
Diretora de Ensino da Educação Básica - Edite Larssen
Diretor de Ensino da Educação Infantil - Ana
Paula Krefta
Diretor de Ensino dos Cursos Livres/IdiomasEleceu Barz
REGIONAL CENTRAL
Diretor Presidente - Dilceméri Padilha de Liz
Diretor de Ensino Superior - Roberto Sene
Diretor de Ensino da Educação Básica - Cristiane Siqueira de Macedo e Juelina Marcondes Simão
Diretor de Ensino da Educação Infantil - Ir. Roselha Vandersen e Ir. Sirlene N. Costa
Diretor de Ensino dos Cursos Livres/IdiomasMarcos Aurélio Lemos de Mattos
REGIONAL SUDOESTE
Diretor Presidente - Fabricio Pretto Guerra
Diretor de Ensino Superior - Ivone Maria Pretto Guerra
Diretor de Ensino da Educação Básica - Velamar Cargnin
Diretor de Ensino da Educação Infantil - Márcia
Fornazari Abasto
Diretor de Ensino dos Cursos Livres/IdiomasVanessa Pretto Guerra Stefani
REGIONAL OESTE
Diretora Presidente - Marta Regina Andre
Diretora de Educação Infantil - Sônia Regina Spengler Xavier
Diretor de Educação Básica - Valmir Gomes
Diretor de Ensino Superior - Gelson Luiz Uecker Cursos Livres/idiomas - Denise Veronese
REGIONAL LITORAL
Diretor Presidente - Luiz Antonio Michaliszyn Filho
Diretor de Ensino Superior - Ivan de Medeiros Petry Maciel
Diretor de Ensino da Educação - Básica (Ensino Fundamental)- Selma Alves Ferreira
Diretor de Ensino da Educação Básica (Ensino Médio) - Mirian da Silva Ferreira Alves
Diretor de Ensino da Educação Infantil - Lilian R. M. Borba
Diretor de Ensino dos Cursos Livres/IdiomasLiliane C. Alberton Silva
O propósito da docência entre as novas gerações
O papel dos professores é fundamental para a formação de cidadãos mais preparados para os desafios do mundo. Há valorização na mesma medida?
Por Frances Baras
A cada 15 de outubro, o cenário é parecido em diversas escolas pelo país: um feriado especialmente dedicado à profissão e muitos presentes levados para as salas de aula. Assim se comemora o Dia do Professor, estabelecido em 1963. A referência da data no Brasil vem de um decreto de Dom Pedro I, sobre o ensino elementar, que definiu que todas as cidades deveriam ter “Escolas de Primeiras Letras” (modelo de certa forma equivalente ao atual ensino fundamental) e estipulou o salário dos professores. De lá para cá, muitas coisas mudaram em diversas áreas, mas a profissão de docente ganha cada vez mais importância para a preparação dos estudantes para os desafios da vida. As novas tecnologias, as mudanças climáticas e as habilidades do século 21 são apenas alguns dos fatores que vêm alterando significativamente as exigências do mercado de trabalho e da sociedade como um todo em relação aos profissionais do futuro. Em termos de valorização efetiva do professor, no entanto, o cenário ainda está longe do ideal. Um reflexo direto desse cenário é a procura, cada vez mais baixa, pela formação em licenciatura, como acredita Alexandre Luís Götz Weiler, diretor acadêmico da Esic Internacional. “Diversas fontes de informação apontam para o abandono da profissão”, afirma.
Falta de contrapartida
Para Weiler, é de se esperar que os docentes queiram reconhecimento, apoio por parte das famílias, das instituições e dos alunos. “Este apoio e reconhecimento não são apenas monetários, mas também de criação de espaço para o bom exercício da docência, para a validação da autoridade em sala de aula, assim como para o in-
centivo à disciplina de forma equilibrada”, pontua.
O diretor reforça que, se de um lado falta o reconhecimento, de outro sobram as exigências. Espera-se que o professor não apenas domine o conteúdo, mas seja capaz de tornar as aulas um momento de aprendizagem memorável, com o domínio de novas tecnologias e que utilize a criatividade para desenvolver iniciativas que surpreendam e impactem.
A saída para o equilíbrio, comenta o especialista, é a soma de forças entre iniciativas políticas, privadas e a sociedade civil organizada. “O setor público possui verbas, a capacidade de desenvolver marcos legais importantes, enquanto o privado pode contribuir com investimentos, agilidade, profissionalismo e sistematicidade. Já a sociedade civil organizada possui a capacidade de gerar a liga que une todas estas iniciativas, somando esforços, implementando, fiscalizando e garantindo sua longevidade”, sugere.
Escolha pelo exemplo e admiração
A pedagoga Giuliana Capano, recém-formada pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), conta que escolheu a profissão em função da sua própria experiência como estudante. Aos dois anos de idade, deixou Buenos Aires, na Argentina, para viver em Curitiba e, de acordo com ela, a atenção dos professores para que ela aprendesse o português e superasse as dificuldades foi fundamental.
Para ela, a principal recompensa para o docente é constatar o desenvolvimento humano dos estudantes.
“Independentemente da faixa etária, sejam crianças, jovens ou adultos, o importante é você poder acom-
panhar essa evolução”, acredita. “E ver o nosso crescimento, tanto pessoal como profissional, à medida que trabalhamos com isso é ainda mais gratificante”, acrescenta.
Ainda assim, Giuliana percebe que a maior parte da população ainda não entendeu qual é a importância social do professor. “Claro, nós temos famílias que acreditam, a gestão da escola tem esse olhar, mas eu acho que, como um todo, precisamos caminhar bastante para poder alcançar, para ter dimensão da importância do trabalho do professor”, diz.
Não se pode desistir de vidas
A professora Ana Rosy Alves Araújo Bezerra é um grande exemplo de persistência. Formada em pedagogia pela Uninter, ela está cursando atualmente os cursos de letras Língua Portuguesa e letras Língua Inglesa no mesmo grupo educacional, que é de Curitiba e oferece cursos em todo o Brasil. Mas a sua história com a educação vem de muito tempo.
Ainda antes da formação em pedagogia, como administradora e gestora de recursos humanos, ela lecionou educação socioemocional e nunca mais quis sair das salas de aula. “A gestão, com seus números e planilhas, não era a minha paixão e acabei me encontrando no ensino”, conta. “Há um ano e meio, dou aulas de inglês na educação infantil, para crianças de 3 a 5 anos”, completa.
Apesar dos altos e baixos da função, Ana não se arrepende da escolha e não pretende desistir. “Temos que continuar, temos um papel muito importante, somos também responsáveis por vidas. O melhor é perceber que elas estão se apropriando do conhecimento e desenvolvendo habilidades, crescendo”, reconhece. Muitos dos seus alunos da época em que ela lecionava educação socioemocional já são adultos formados e, para ela, é um grande orgulho vê-los em suas áreas de atuação.
No ritmo certo: a musicalização no desenvolvimento das crianças
Com atividades e técnicas diversas, ensino de música pode ajudar a desenvolver inteligências múltiplas e essenciais para o futuro
Por Frances Baras
Habilidades técnicas são muito importantes para o mercado de trabalho e para a vida, mas, cada vez mais, o mundo prova ser um lugar onde há a necessidade de se ter mais diversidade e inteligência emocional para enfrentar os desafios. Durante a infância, ainda na educação infantil, a música pode ser a saída para a formação de futuros adultos mais adequados a essa realidade.
É nisso que acredita, por exemplo, o professor Guilherme Romanelli, do Departamento de Teoria e Prática de Ensino, do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Para ele, não existe uma resposta específica sobre como a música ajuda no desenvolvimento infantil, mas ela tem a capacidade de desenvolver essas inteligências múltiplas e, ainda, de tornar a pessoa mais feliz a longo prazo.
Mais música, mais repertório
Quanto maior for o contato com a música ao longo da vida, reforça o professor que também atua nos programas de pós-graduação em Música e Educação da UFPR, maior será o repertório desse indivíduo. “Falamos sobre a capacidade de leitura do mundo e de adquirir novos conhecimentos. Essa pessoa vai aprender para sempre, ter maior capacidade criativa e, por consequência, ter respostas melhores frente aos problemas”, explica.
Para que se tenha uma experiência ainda melhor nos anos iniciais da educação, é essencial que as famílias insiram a música dentro da sua própria dinâmica. Para o especialista, é importante considerar essa interação a partir dos seis meses de gestação da criança.
Benefícios diretos no aprendizado
O professor lembra que o aprendizado por meio da música tem duas correntes e que elas devem ser vistas de forma equilibrada na educação. Uma delas é a visão essencialista, em que a música tem a função por ela mesma. “Porque ela nos faz humanos e torna a criança capaz de exercer plenamente a sua humanidade. A música também é instrumento de socialização”, justifica.
Na visão contextualista, trata-se dos benefícios que a música traz para o desenvolvimento. “Tem música que ajuda no desenvolvimento motor, cognitivo e favorece o aprendizado de algum conteúdo. Nenhum segmento da cultura humana ativa tantas áreas corticais como a música”, diz Romanelli.
A teoria das inteligências múltiplas, proposta pelo psicólogo Howard Gardner, sugere que existem diferentes tipos de inteligência, além da tradicionalmente medida em testes de QI. A música, na educação infantil, pode ser uma ferramenta valiosa para desenvolver várias dessas inteligências ao mesmo tempo, contribuindo para a formação integral das crianças.
Ao trabalhar com música, especialmente em atividades que incluem movimentos e dança, lembra o professor, a criança desenvolve também sua percepção espacial, o que pode ajudar na coordenação motora e na capacidade
de visualizar padrões e estruturas. Já as letras, rimas e jogos sonoros podem auxiliar no desenvolvimento da inteligência linguística, ajudando a aprimorar o vocabulário e compreender ritmos e entonações, aspectos que são úteis para a leitura e a comunicação.
Melhores práticas de musicalização
Para que esse trabalho tenha o resultado desejado, é fundamental que as escolas não deixem o ensino de música exclusivamente para um professor de música. O ideal, sugere o especialista em educação, é que se tenha um
grupo de professores aptos a trabalhar a música na interdisciplinaridade e que se conte, sim, com um docente licenciado em música para projetos maiores e mais específicos.
“Com isso em mente, é preciso expor as crianças a todos os ritmos, possibilitar o uso da voz e passar a estimular o uso de instrumentos e de quaisquer outros objetos dos quais se tenha a possibilidade de extrair som”, sugere. Vale muito, também, a construção dos próprios instrumentos, com cabos de madeira, latas e fios de nylon, por exemplo.
Como alternativa complementar, é importante proporcionar o contato das crianças com a música ao vivo. Isso pode ser feito, por exemplo, por meio dos próprios professores e com convites feitos a músicos que façam parte da comunidade escolar - entre os pais, familiares ou mesmo na vizinhança.
“Nenhum
segmento da cultura humana ativa tantas áreas corticais como a música”
Guilherme Romanelli especialista em educação e música
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O cyberbullying sob a perspectiva jurídica
Por Victória Esmanhotto
No cenário pós-pandêmico, o uso da internet se intensificou entre crianças e adolescentes. Esses jovens saíram do contexto em que toda e qualquer interação social ocorria pelo meio virtual para voltar ao convívio presencial. Com o avanço das redes sociais, as interações entre alunos ultrapassaram os limites físicos das escolas, ampliando as oportunidades de convivência, mas também o alcance do bullying. As desavenças que antes se encerravam quando os alunos iam para suas casas, agora permanecem acontecendo através do celular. Hoje, as escolas enfrentam o desafio de lidar com essa violência digital, tanto no aspecto educacional quanto no jurídico. Diferente do bullying tradicional, o cyberbullying – que é justamente quando as agressões acontecem através do meio digital - atinge os alunos em qualquer lugar e momento, tornando-se difícil de conter.
A modalidade virtual traz impactos ainda mais graves do que o tradicional bullying. Isso porque, além das informações permanecerem disponíveis na internet, sendo muito difícil controlar seu alcance, existe a falsa ideia de anonimato virtual. A desmistificação desses conceitos é essencial para o combate ao cyberbullying.
Cada vez mais, o Estado demonstra sua preocupação com o tema. A Lei nº 14.811/2024 reforça ainda mais o cuidado
com o assunto. Promulgado em janeiro de 2024, o diploma legal tipificou como crime atos de intimidação sistemática (bullying) e intimidação sistemática virtual (cyberbullying), sendo que esta segunda modalidade possui a previsão de pena de 2 a 4 anos.
Apesar da equivocada crença de que os adolescentes não podem ser pessoalmente responsabilizados por suas condutas, na medida em que menores não cometem crime no Brasil, é necessário entender que existe a figura do ato infracional – que nada mais é do que a previsão legal para penalização daqueles que ainda não atingiram 18 anos que praticam condutas que se enquadram como crime na legislação brasileira. A modalidade possui regramento próprio, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
ESMANHOTTO
Mestre em Direito pela UniCuritiba, pósgraduada em Gestão de Risco, Compliance e Auditoria pela PUCPR e advogada criminalista na Beno Brandão Advogados
VICTÓRIA
A escola tem um papel essencial nesse contexto, tanto na prevenção quanto na mediação e, se necessário, no encaminhamento dos casos às autoridades. Diante disso, é crucial que educadores e pais conscientizem os alunos de que suas ações no ambiente virtual têm consequências jurídicas. As instituições de ensino têm a obrigação de oferecer um ambiente seguro, o que inclui a existência de políticas claras de combate ao bullying, bem como, em casos graves, sua comunicação ao Conselho Tutelar, para que investigue e tome as medidas cabíveis, se necessário. Além disso, é essencial criar espaços de diálogo para que os alunos se sintam à vontade para relatar incidentes. A escuta ativa e a mediação de conflitos são ferramentas importantes para gestores escolares. Mais do que punir, a prevenção é a melhor estratégia, e isso pode ser feito através de iniciativas que promovam o uso responsável das redes sociais e o desenvolvimento de habilidades socioemocionais.
A parceria entre escola e família também é fundamental. Os pais precisam estar atentos ao comportamento on-line dos filhos e dialogar sobre os riscos da internet. Muitas vezes, os responsáveis desconhecem o alcance do cyberbullying ou não percebem a necessidade de acompanhar a vida digital dos filhos. A cooperação entre escola e família fortalece a prevenção e o combate a esses casos.
Quando usadas de forma responsável, as redes sociais são poderosas ferramentas de aprendizado. Contudo, também se tornaram palco para o cyberbullying, especialmente entre adolescentes. Por isso, é essencial que gestores, pais e professores trabalhem juntos para prevenir e lidar com esse problema. Além das ações educativas, é necessário que todos entendam as consequências jurídicas, desmistificando o anonimato virtual e reforçando a possibilidade de responsabilização dos jovens pelos atos cometidos.
Conheça a história dos ex-presidentes do Sinepe/PR
A atuação do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR) é estruturada por uma equipe de profissionais que se dedica ao setor e trabalha para defender os interesses das instituições privadas de ensino no Paraná. Na dinâmica complexa e multifacetada da educação, os presidentes que passaram pelo Sinepe/PR desempenharam um papel crucial que vai além das fronteiras administrativas. São líderes que representam os interesses da classe, mas também moldam as políticas que impactam diretamente na qualidade e no ambiente educacional das instituições. A gestão eficaz não se resume a lidar com questões burocráticas, mas também é um fator de influência na definição do curso da educação.
Ao longo de suas gestões, todos enfrentaram desafios significativos e, com uma condução habilidosa, puderam também inspirar a comunidade educacional a buscar constantemente melhores condições de ensino e aprendizagem. Pensando nisso, a nova editoria de homenagens aos ex-presidentes do Sinepe/PR é um espaço para reconhecer suas contribuições e destacar o impacto duradouro de suas lideranças na educação.
Mandato de negociações e transformações
Presidente de 1992 a 1994, Maria Alice de Araújo Lopes esteve à frente de um período repleto de desafios, principalmente no aspecto econômico devido à instabilidade no país
Por Nathalie Oda
Em tempos turbulentos, a capacidade de mediação é um trunfo para amenizar os conflitos e dialogar com todas as partes envolvidas. O marco do mandato de Maria Alice de Araújo Lopes, presidente do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR) de 1992 a 1994, foi uma gestão de negociações intensas e de muito suporte às associadas. No período de decisão sobre qual carreira seguir e qual graduação cursar, Maria Alice optou pela pedagogia para colaborar com a pré-escola Balão Vermelho, fundada por sua mãe e seu tio. Posteriormente, a homenageada desta edição da Revista Escada esteve à
Maria Alice de Araújo Lopes
frente da escola Elias Abdo Bittar e do pré-vestibular Colégio Anglo Bittar. No entanto, ainda em sua juventude, a profissional passou a fazer parte das reuniões do Sinepe/PR em representação à instituição de sua família. Entre muitos encontros, ela relata um momento que ficou marcado em sua memória.
“Eu estava participando como escola de uma reunião com o Padre Kuno Paulo Rhoden que, na época, era o presidente do Sinepe/PR. Na hora da assembleia, eu defendi que os professores deveriam ganhar mais, porque eu tinha essa preocupação, eu achava que os professores tinham que ter um salário compatível. Na hora que me posicionei, o então presidente perguntou meu nome e a escola que eu estava representando. Eu falei, mas com muito receio de ter dito alguma bobagem. No fim, ele me convidou para participar das reuniões do sindicato”, relembra.
Seu perfil participativo e suas opiniões sobre o setor foram os fatores que a levaram a atuar de forma constante no Sinepe/PR. Após muitos anos de participação nas reuniões e um engajamento relativo às necessidades do setor, Maria Alice foi eleita presidente em 1992, em um mandato posterior ao de Naura Nanci Muniz Santos.
O cenário político na época era desafia-
dor. Sua posse, em novembro de 1992, aconteceu um mês após Itamar Franco assumir a presidência da República. A entrevistada relembra a instabilidade econômica e a incerteza das escolas particulares na época. “Eu tive uma gestão bem atribulada, foi um caos para a escola. Era uma medida provisória por mês. Nós não sabíamos o que íamos fazer com a mensalidade no próximo mês, tínhamos que esperar a orientação do governo”, conta.
O vice-presidente da época, Jacir Venturi, também membro do Conselho de Ex-Presidentes atualmente, destaca que o período foi um dos mais trabalhosos, tensos e desafiadores. Ao mesmo tempo em que a legislação era atualizada de um mês para o outro, todas as mudanças geravam certa indignação e alvoroço entre os pais e responsáveis. Enquanto as instituições de ensino particulares lutavam para se adequar às novas normas e manter o equilíbrio financeiro das escolas, os pais lutavam por seus direitos e, muitas vezes, iniciavam embates na justiça.
“Foi bem difícil. Eu andava com um advogado trabalhista de um lado e um advogado civil do outro. A gente não sabia qual era a lei do próximo mês. A escola era muito atacada. Tínhamos que estar sempre atentos para não
levar um processo”, afirma a ex-presidente. Entre transformações constantes na economia, a atuação do sindicato precisava ser extremamente ativa junto à imprensa, já que o Sinepe/PR concentrava a posição das instituições de ensino particulares perante as novas medidas.
Já na implementação do Plano Real, que foi desenvolvido para combater a hiperinflação e estabilizar a economia do país, o setor privado da educação foi diretamente afetado. Os pais e responsáveis perderam o poder aquisitivo e muitas escolas perderam alunos por esse motivo. Nesse período de adaptação, o Sinepe/PR manteve seu papel de apoiar as associadas com consultorias, assessorias e orientações constantes. “Todos os mantenedores permaneciam incrédulos, porém esperançosos. Tivemos muitas reuniões e assembleias, inclusive em Brasília, para debater como o dia a dia das escolas deveria ser conduzido, especialmente em relação às mensalidades. A presidente Maria Alice se manteve muito ativa, boa articuladora e com elevada idoneidade. Uma presidente que merece nossa gratidão, como também ser reconhecida”, comenta Venturi.
Entre tantos desafios, Maria Alice relembra também das reuniões trabalhis-
tas, que exigiam horas, dias e até semanas de negociações para chegar a um denominador comum. “Eram reuniões acaloradas. Tínhamos que ficar atentos a todos os detalhes, aos pormenores, às vírgulas e às leis para poder amparar as escolas”, pontua. Por outro lado, os momentos vividos a partir de todas as mudanças na educação contabilizaram anos de experiência em gestão, fator que, segundo ela, contribuiu muito para sua atuação profissional como diretora de escola. A capacidade de diálogo e negociação, o aprofundamento em diversos aspectos do setor, a habilidade para condução de uma instituição que reúne associadas por todo o estado são parte da bagagem acumulada na posição de presidência.
“Foi uma experiência ótima, porque você convive com todos os diretores, com todas as escolas, você troca muita ideia e faz ótimos amigos”
Maria Alice de Araújo Lopes ex-presidente do Sinepe/PR
Nova Política
Nacional de
Ensino Médio garante flexibilidade na oferta de espanhol nas instituições
Elementos como a falta de profissionais especializados e a complexidade de implementação foram pontos pesados para a rejeição da proposta de obrigatoriedade
A aprovação da Política Nacional de Ensino Médio, por meio da Lei nº 14.945/2024, suscitou intensos debates no campo educacional, inclusive no que diz respeito à inserção de línguas estrangeiras no currículo obrigatório. Com a reestruturação do ensino médio, o texto da lei determinou a obrigatoriedade do ensino da língua inglesa, mas estabeleceu uma flexibilidade para outras línguas estrangeiras, com a preferência pelo espanhol, dependendo
da oferta e da viabilidade nos diferentes contextos regionais e educacionais. O texto rejeitado pelo relator sugeria a obrigatoriedade do espanhol em todas as instituições que oferecem o ensino médio no Brasil. No entanto, o movimento é considerado um processo complexo, que envolve pontos como a formação de professores, a adequação da infraestrutura escolar e o perfil dos novos estudantes. O tema em debate levantou questões sobre a equida-
Por Nathalie Oda
de no acesso ao ensino e as reais condições para uma efetiva implementação.
Para Celso Hartmann, 2º vice-presidente do Sinepe/PR e diretor executivo do Grupo Positivo, na etapa de definição de parâmetros mínimos para o currículo escolar por parte das autoridades, é importante que considerem a necessidade de flexibilizar o ensino e dar mais autonomia às escolas na elaboração de seus projetos pedagógicos.
“O Brasil, sendo um país de grande diversidade cultural e territorial, possui necessidades educacionais que variam de região para região. Nesse contexto, o ensino do espanhol pode não ser prioritário ou altamente demandado em várias partes do país”, aponta.
Nos estados e municípios com menor disponibilidade de recursos ou com estruturas mais precárias, a simples adoção do espanhol como disciplina de ensino pode ser um desafio logístico significativo. A flexibilidade proposta pela Política Nacional de Ensino Médio, que permite a oferta de outras línguas estrangeiras conforme as condições locais, se mostra como uma alternativa de acomodar essas diferenças.
“O Brasil, sendo um país de grande diversidade cultural e territorial, possui necessidades educacionais que variam de região para região”
Celso Hartmann
2º vice-presidente do Sinepe/PR e diretor executivo do Grupo Positivo
“Em regiões como o sul do Brasil, que têm uma proximidade significativa com países hispanofalantes, a demanda por espanhol tende a ser maior devido aos laços turísticos, culturais e comerciais. Por outro lado, em áreas onde o contato com a língua é limitado, a oferta de ensino pode ser ajustada para priorizar outras línguas ou disciplinas que atendam melhor às necessidades e interesses da comunidade local”, observa o especialista. Entre os fatores que impactaram a decisão, a carga horária do ensino médio pode também ser relevante, uma vez que é limitada e, na maioria das instituições, é ocupada por disciplinas em ordem prioritária. Na visão de Hartmann, por ter status de língua global, o inglês acaba precedendo o espanhol.
Contexto em análise
A decisão de incluir o espanhol de forma preferencial, mas não obrigatória, leva em conta a quantidade de professores capacitados disponíveis para atender a demanda total de alunos no país. Em muitas regiões, sobretudo nas mais distantes dos grandes centros urbanos, a oferta de professores especializados em espanhol pode ser limitada. Por isso, a escassez de docentes na área reflete uma estrutura educacional que, em muitos aspectos, ainda não está preparada para atender às propostas sugeridas inicialmente. Outro fator importante a ser considerado é o perfil dos estudantes do ensino médio que, de acordo com Hartmann, se modificou significativamente nos últimos anos. “Esses jovens estão altamente conectados,
com acesso ilimitado a informações, o que os torna mais autônomos e críticos em relação ao que desejam aprender”, adiciona. Eles se preparam para ingressar no ensino superior e, para cursos como relações internacionais, letras, turismo e áreas afins, o domínio de outros idiomas além do português é um diferencial. O especialista destaca, ainda, que o aprendizado de línguas estrangeiras é fundamental para o desenvolvimento cognitivo, cultural e social dos alunos, ampliando suas habilidades de comunicação e pensamento crítico: “no contexto do ensino médio, o domínio de uma segunda língua oferece uma vantagem competitiva, tanto no ambiente acadêmico quanto no mercado de trabalho”. Diante do cenário, a implementação de línguas adicionais com uma abordagem mais flexível e contextualizada pode contribuir para melhorar a preparação dos jovens para os desafios futuros. Assim, a forma como o ensino de línguas será estruturado nos próximos anos terá consequências no processo de integração do Brasil com o mundo, no fortalecimento de suas relações diplomáticas e comerciais com os países vizinhos e, principalmente, no desenvolvimento de uma geração de jovens mais capacitada para enfrentar os desafios de um mercado de trabalho globalizado. No entanto, para que isso aconteça, será necessário um esforço conjunto de políticas públicas, gestão educacional e formação docente que garantam a equidade e a qualidade no ensino das línguas estrangeiras nas diversas regiões do país.
Reflexos da educação superior privada no Brasil
Dados do Censo da Educação Superior 2023 apontam a predominância do ensino privado, o crescimento do EaD no país e taxas preocupantes de evasão na modalidade
Por Nathalie Oda
No cenário educacional do Brasil, os números apresentados pelo Censo da Educação Superior 2023, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), revelam um panorama de crescimento da rede privada, com destaque para a modalidade de ensino a distância (EaD), que tem conquistado terreno nos últimos anos. O censo traz dados que apontam a relevância do setor privado no Brasil e, também, os desafios estruturais e as oportunidades para o futuro da educação superior.
Com 2.580 instituições de ensino (IEs) superior no Brasil, a maior parte delas é de ensino privado: 87,8% em comparação a 12,2% de instituições públicas. Os percentuais apontam uma disparidade significativa na oferta de educação superior, refletindo a configuração do mercado educacional brasileiro. Na análise das mais de 24,6 milhões de vagas disponibilizadas no sistema de ensino superior brasileiro, quase 96% são em instituições de ensino particulares.
Já a quantidade de matrículas no ensino superior foi equivalente a 9,9 milhões de estudantes, um crescimento de 5,6% em relação ao ano anterior (2022), sendo que 79,3% dessas matrículas foram provenientes de instituições privadas e 20,7% de públicas. Dentro deste cenário, o ingresso na modalidade EaD continua a ser um fator de destaque. O ensino a distância representou 66,4% das matrículas de ingres-
O crescimento acelerado do EaD é um fenômeno verificado em todo país. No entanto, a partir de uma análise disponibilizada pelo diretor administrativo do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR), Everton Drohomeretski, esse movimento pode ser destacado no ensino privado no Paraná. De acordo com os dados extraídos, de 2012 a 2023, a quantidade de IEs que oferecem ensino presencial caiu 17%, enquanto as que oferecem a modalidade EaD aumentaram 340%. Na comparação, o especialista considera que a modalidade presencial está estabilizada.
“Podemos ver um contínuo crescimento dos ingressantes na educação à distância no Brasil, tanto pública, mas principalmente privada. Em comparação com 2021, ano em que, em virtude da pandemia, muitas instituições privadas sofre -
“Podemos ver um contínuo crescimento dos ingressantes na educação à distância no Brasil, tanto pública, mas principalmente privada”
Everton Drohomeretski diretor administrativo do Sinepe/PR
ram até mais do que em 2020, é natural que em 2022 e 2023 o setor retorne por uma demanda reprimida de pessoas que não se matricularam e que queriam fazer presencial”, observa.
Já na verificação dos cursos ofertados pelas IEs particulares no estado, o EaD teve um crescimento expressivo de mais de 1.200%, saindo de 296 cursos em 2012 para 3.912 em 2023. No formato presencial, o crescimento foi de 10% no mesmo período. “Vemos um número interessante de instituições fechando, reduzindo ou parando sua operação presencial nos últimos 11 anos no Paraná e o EaD crescendo tanto na oferta de número de instituições com credenciamento de educação à distância quanto no número de cursos”, destaca o diretor.
Os dados comparativos refletem uma adaptação do sistema de ensino às novas necessidades da sociedade, como a flexibilidade e o acesso a uma educação de qualidade, independentemente da localização geográfica. Para muitos estudantes, especialmente aqueles que moram em regiões mais afastadas ou possuem outras dificuldades logísticas e financeiras, o EaD se tornou uma alternativa viável de acesso ao ensino superior. Por isso, um dado interessante revela o número de jovens que estão em sala de aula se preparando para entrar no mercado de trabalho e contribuir com o mercado em suas áreas de graduação. O númesantes, totalizando 3.314.402 estudantes, enquanto os cursos presenciais ficaram com 33,6% dos ingressos, equivalente a 1.679.590 alunos.
ro de ingressantes no ensino superior via Ead aumentou 564% nos últimos 11 anos. No mesmo intervalo, os alunos do formato presencial diminuíram 20%.
Por outro lado, ao averiguar os números referentes à quantidade de estudantes que concluem seus cursos, os percentuais não são tão discrepantes. Entre os concluintes, a queda foi de 24% no presencial, ao mesmo tempo em que o crescimento no EaD foi de 116%. “Temos mais de 500% de aumento de matrículas de ingressantes no EaD no Paraná. Só que, desses 564%, nós tivemos um crescimento de formandos e concluintes de 116%. Então,
há uma evasão bem alta na educação superior privada à distância no Estado do Paraná”, aponta Drohomeretski.
O Censo 2023 oferece, portanto, um raio-x preciso da realidade da educação superior no Brasil, com a predominância da rede privada, o crescimento da modalidade EaD e um fator de análise relevante sobre a evasão nos cursos à distância. No entanto, esses dados, longe de serem apenas números, são indícios claros de um sistema educacional que continua a enfrentar grandes desafios em termos de acessibilidade, qualidade e equidade.
Educação inclusiva: direitos e deveres em pauta
Assessor jurídico do Sinepe/PR esclarece o papel das instituições de ensino e as obrigações perante a lei no fornecimento da educação especial
Por Nathalie Oda
Imagine um ambiente escolar onde todas as crianças, independentemente de suas necessidades ou habilidades, compartilham o mesmo espaço, os mesmos desafios e as mesmas conquistas. Um lugar onde cada aluno, seja com deficiência, altas habilidades ou transtornos de desenvolvimento, encontra apoio para aprender junto à oportunidade de crescer e interagir com seus colegas.
Esse é o objetivo da educação inclusiva, uma abordagem que busca integrar todos os estudantes, promovendo a convivência e o respeito mútuo. No entanto, para que isso se torne realidade, as instituições de ensino têm um papel fundamental a desempenhar, desde a adaptação de recursos pedagógicos até a capacitação de professores, tudo dentro dos deveres e das possibilida-
des estabelecidos pela legislação.
A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, instituída em 2015, já trazia termos para assegurar os direitos das pessoas com deficiência, inclusive no ambiente escolar, há quase dez anos. O texto determina que as medidas sejam implementadas em todos os níveis de ensino, ou seja, da educação infantil ao ensino superior para “alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem”.
Hoje, segundo Juliano Siqueira de Oliveira, assessor jurídico do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR), a adequação das instituições de ensino às regulamentações voltadas à educação inclusiva já não é mais
uma opção, mas uma exigência. “Ou você está adequado ou você está fora da lei. Assegurar esses direitos dos alunos não é uma opção da escola, é uma obrigação, pois sem executar essas atividades não existe serviço educacional”, afirma. Para isso, é indispensável que as instituições de ensino contem com o apoio de especialistas da área. Entre as exigências diárias que surgem no contexto jurídico das escolas, o especialista cita orientações do Ministério Público, orientações do Procon, deliberações estaduais, normas do Conselho Nacional de Educação, decretos e leis federais, por exemplo. Enquanto à equipe pedagógica e diretores cabe estruturar um ensino de qualidade, ao assessor jurídico cabe oferecer o respaldo necessário para o cumprimento de todas as leis que envolvem o processo educacional. O acompanhamento é importante para que as instituições não fiquem à mercê de informações falsas disseminadas de forma irresponsável e de reivindicações dos pais que não estejam previstas na lei. “A legislação, muitas vezes, dá brecha para discussões e interpretações. Então, a escola precisa, de fato, ter um amparo profissional especializado para que possa sempre estar orientada sobre como fazer a melhor adequação, a melhor interpretação da lei. Não raras vezes, as escolas têm que responder às demandas de pais que estão interpretando a lei de maneira equivocada”, completa. Por isso, o especialista destacou as principais
orientações para as instituições de ensino:
- É considerado um estudante da educação especial aquele que apresenta algum impedimento, seja por questões físicas, mentais, intelectuais ou sensoriais, que comprometem sua participação plena e efetiva no processo educacional;
- As instituições de ensino particulares são obrigadas a oferecer a educação especial aos estudantes;
- É considerado um crime recusar, cobrar valores adicionais, suspender, procrastinar, cancelar ou fazer cessar inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, em razão de sua deficiência;
- A instituição pode definir um número máximo de alunos da educação especial por turma;
- De acordo com a legislação, a escola deve ter ao menos um professor especializado em educação especial.
“A partir do momento em que houve de fato uma mudança significativa no que era o serviço educacional, as escolas têm que estar antenadas e saber exatamente de que maneira cumprir isso”
Juliano Siqueira de Oliveira assessor jurídico do Sinepe/PR
Nova presidência do Sinepe/PR
Haroldo Andriguetto Júnior, atual vice-presidente, assume a presidência e compartilha expectativas e planos em entrevista exclusiva para a Revista Escada
Por Nathalie Oda
Desde sua fundação, o Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR) já contou com a contribuição de 20 presidentes que conduziram a atuação no setor privado educacional durante 75 anos. A troca dessa figura que direciona, media e lidera o sindicato possibilita a oxigenação de ideias, os novos relacionamentos e um movimento de constante atualização, que só acontece em instituições que são feitas “a muitas mãos”. Por isso, a partir de 2025, o Sinepe/ PR passa a contar com um novo presidente, Haroldo Andriguetto Júnior.
Vice-presidente na gestão de Sergio Herrero Moraes, ele será responsável pela gestão 2024-2026. Antes disso, no entanto, em sua trajetória de mais de dez anos na instituição, Andriguetto Júnior já se destacou por sua visão estratégica e capacidade de interlocução com todos os braços que integram uma estrutura do porte do Sinepe/PR. Sua passagem pela vice-presidência o revelou uma figura fundamental na construção de projetos que fortaleceram o sindicato em várias frentes.
A mudança, prevista efetivamente para o início do próximo ano, marca um novo capítulo na história da instituição e traz consigo expectativas de inovação e, ao mesmo tempo, de continuidade do legado do Sinepe/PR, além da necessária adaptação diante dos desafios que surgem na esfera da educação privada no Brasil. Já a posse, evento solene que oficializa a transição, foi realizada no dia 21 de novembro com a presença do Conselho Diretor, educadores e representantes de Instituições relevantes para o setor educacional, como a Fenep, o CEE/PR, a Prefeitura Municipal de Curitiba e São José dos Pinhais, além da Assembleia Legislativa, da Câmara de Deputados e do Senado Federal. Para contar suas expectativas, planos e reflexões sobre a nova jornada, o novo presidente concedeu uma entrevista exclusiva para a Revista Escada. Confira:
Gostaríamos de iniciar contando um pouco mais sobre a sua trajetória no Sinepe/PR até o dia de hoje. O senhor poderia contar como foi sua entrada no sindicato e sua atuação durante esses anos?
Haroldo Andriguetto Jr.: Minha entrada no Sinepe/PR aconteceu há mais de uma década, quando comecei a contribuir para o fortalecimento do setor educacional privado como membro do Conselho Diretor. Minha atuação foi se expandindo ao longo dos anos até que, entre 2022 e 2024, assumi a vice-presidência. Durante esse período, conseguimos, junto com os demais membros do Conselho Diretor e também do Conselho de Ex-Presidentes, bem como todas as assessorias, estreitar nosso relacionamento com as instituições, focando em suas necessidades e, especialmente, no apoio à formação de profissionais, na atualização em políticas educacionais e na promoção do diálogo entre as escolas. Esse trabalho resultou em um maior engajamento da rede e no fortalecimento da nossa representação. Cada etapa foi enriquecedora e me preparou para este momento em que assumo a presidência, com o compromisso de continuar o trabalho com o mesmo entusiasmo.
Agora falando sobre o presente e sobre o futuro. Quais são suas principais expectativas para o mandato como presidente do Sinepe/PR?
Haroldo Andriguetto Jr.: Minha principal expectativa é, com seriedade e respeito às instituições associadas, dar continuidade ao bom trabalho que o Sinepe/PR realiza há mais de 70 anos, respeitando o legado construído, e avançar em áreas estratégicas que impactam diretamente nossas instituições, abordando desde a educação básica até o ensino superior, além dos cursos de idiomas e técnicos profissionalizantes. Pretendo fortalecer nossa presença nas regionais, levando os benefícios
do sindicato para mais perto de todas as escolas do Paraná. Também é importante intensificar o suporte às mudanças recentes no sistema educacional, assegurando que todos estejam preparados para as transformações, especialmente em temas como o novo ensino médio, o processo de inclusão e a reforma tributária.
Existem mudanças específicas que o senhor planeja implementar na gestão do sindicato? Poderia compartilhar algumas delas?
Haroldo Andriguetto Jr.: A gestão de 2024-2026 deve priorizar a interiorização do Sinepe/PR, fortalecendo a representatividade em regiões como Ponta Grossa, Cascavel, Guarapuava, Foz do Iguaçu, Pato Branco e o litoral, para que todas as escolas tenham a mesma proximidade e apoio que temos na capital. Também gostaríamos de fortalecer os eventos de formação para nossas associadas, oferecendo oportunidades de desenvolvimento profissional alinhadas às demandas do setor. Outro ponto essencial é ampliar o diálogo e a aproximação com órgãos reguladores para simplificar processos de licenciamento e vigilância sanitária, reduzindo a burocracia que frequentemente impacta as operações das escolas. Além disso, buscaremos dar ampla visibilidade aos serviços oferecidos pelo Sinepe/ PR, com o objetivo de nos colocarmos cada vez mais a serviço de novas associadas. Assim, manteremos nossa rede forte e unida, assegurando que o setor se mantenha forte e sustentável.
Existem desafios que já podem ser previstos para os próximos anos? Como o senhor pretende enfrentá-los?
Haroldo Andriguetto Jr.: Os desafios enfrentados pelas escolas particulares são muitos, mas, entre os mais relevantes para o momento, estão os que
envolvem temas como a escassez de professores, a inclusão, as diretrizes para a implementação do novo Ensino Médio frente às novas legislações vigentes e os desdobramentos da reforma tributária. A adaptação a essas novas exigências requer investimentos em formação e infraestrutura. O Sinepe/ PR tem se empenhado em dar suporte às instituições associadas para enfrentar essas dificuldades e transformar desafios em oportunidades.
Ao seu ver, quais possibilidades ainda podem ser exploradas na atuação do Sinepe/PR no Paraná? Haroldo Andriguetto Jr.: O Sinepe/PR tem um papel fundamental e um campo sempre em expansão por meio dos serviços de assessoria às associadas, como jurídica, contábil, administrativa e pedagógica. Um dos principais caminhos é promover eventos de formação contínua para gestores e educadores, além de proporcionar o acesso a novas tecnologias e práticas pedagógicas que ajudem as instituições a se modernizarem e se manterem competitivas. Também vamos intensificar o trabalho de representação política e monitoramento parlamentar, defendendo os interesses do setor em todas as esferas, além de fortalecer a aproximação com outras entidades como a Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), por exemplo, de grande força e representação nacional do setor.
Pensando na inovação do setor educacional, quais iniciativas o senhor pretende lançar para modernizar a abordagem do sindicato?
Haroldo Andriguetto Jr.: Para modernizar a abordagem do Sinepe/PR, nossa gestão se concentrará em inovações fundamentadas em boas práticas, pesquisa de mercado e dados. O objetivo são inovações incrementais para otimizar a comunicação
com as associadas. Buscaremos também entender as necessidades do setor e oferecer soluções mais precisas, e, ao mesmo tempo, fomentar a troca de boas práticas entre as instituições. Com essas inovações, buscamos não apenas adaptar o Sinepe/PR às novas demandas do setor, mas também liderar o desenvolvimento de soluções tecnológicas que promovam uma educação mais eficiente e moderna.
Por fim, o senhor gostaria de deixar alguma mensagem aos leitores sobre sua nova gestão?
Haroldo Andriguetto Jr.: Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a confiança depositada em mim para liderar o Sinepe/PR neste novo biênio. Com mais de 70 anos de história, o sindicato possui um legado de grandes conquistas no setor educacional, o que traz consigo uma grande responsabilidade, exigindo competência e seriedade na condução dos trabalhos. A continuidade da nossa atuação está pautada no fortalecimento das nossas instituições associadas, alinhamento com as diretrizes nacionais da Fenep e busca constante por soluções inovadoras que atendam às necessidades das instituições associadas. Estamos em um período de grandes transformações no setor educacional e, mais do que nunca, é essencial que mantenhamos nossa união, nosso diálogo constante e nossa preparação para os desafios que surgem em todos os segmentos de ensino. Nosso maior desafio é garantir que a educação particular continue ocupando sua posição de destaque, que hoje é orgulho no Brasil e no mundo. E, com a colaboração de todos, estou certo de que continuaremos a trilhar um caminho de sucesso, inovação e excelência, contribuindo para um futuro educacional cada vez mais forte e transformador.
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Selo Escola Legal 2024
Para auxiliar pais e alunos na busca por instituições de ensino particular devidamente regularizadas perante os órgãos oficiais, o Sinepe/PR lança a edição 2024 do selo “Escola Legal”. Associadas podem solicitar seus selos por meio do www. sinepepr.org.br
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