Revista Escada - Edição 45

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A REVISTA DAS ESCOLAS PARTICULARES DO PARANÁ

O ensino híbrido veio para ficar

Modalidade remota deve ser utilizada como complemento ao ensino presencial nas escolas brasileiras

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Rumo a um ensino cada vez mais inclusivo Co m o a pan demia d e Covid -19 afetou o ensin o e s p ec i al n o Bras il e q uais s ã o os caminh os pa ra s u a evol uç ã o Página 12

Aprendizado livre

Cursos livres e pósgraduação possuem indicações distintas para quem pretende incrementar currículo

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Número 45 | Ano 11 jan/fev 2022 Publicação Sinepe/PR


Ín d ice

REVISTA ESCADA . Publicação Periódica de caráter inform ativo com circulação dirigida e gratuita. Desenvolvida para o Sin epe/PR. Conteúdo e Com ercializa çã o V 3COM Projeto gráf ico e Ilustra ções V 3COM Jornalista Responsável Ari Lem os | MTB 5954 Críticas e Sugestões ari@v3com.com.br Os ar tigos assin ados são de responsabilidade de seus autores e n ão expressam, n ecessariam ente, a opinião desta revista. Conselh o editorial Douglas Oliani Rocimar Santos Oliani Carm em Murara Ever ton Droh om eretski Fatima Chueire Hollan da Marcio Mocellin


EDITOR I AL

14 O ENSINO HÍBRIDO VEIO PARA FICAR

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E N TR EVI STA DO MÊ S

Do extracurricular à formação acadêmica

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Inglês como segunda língua

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Quando o reforço é necessário

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O senador pelo Paraná Flávio Arns é o entrevistado desta edição da Revista Escada

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Aprendizado livre


ED I TORIAL

Do extracurricular à formação acadêmica

Douglas Oliani Presidente do Sinepe/PR

Prezados leitores,

dos pais e o cuidado que deve ser tomado para que não ocorra

Nesta edição da Revista Escada, vamos abordar a inclusão e

uma sobrecarga de atividades no contraturno.

a oferta de atividades extracurriculares, em forma de reforço,

Aproveitamos, ainda, a experiência do neuropedriatra Sérgio

apoio pedagógico e ensino de idiomas, alcançando também os

Antônio Antoniuk, mestre em Saúde da Criança e do Adoles-

cursos livres e as pós-graduações.

cente e especialista em Autismo e Hiperatividade, que conversa

Em diversas matérias, fica evidente que as dificuldades de

conosco sobre a inclusão educacional e como o período de crise

aprendizagem, como um reflexo da pandemia de Covid-19, per-

sanitária afetou o andamento desse processo em nosso país. Na

manecerão por algum tempo em nossa sociedade. Trata-se,

conversa, Antoniuk também trata dos impactos vivenciados pe-

portanto, de tema que deve estar cada vez mais frequente nas

los estudantes com necessidades especiais.

pautas de gestores e daqueles que se dedicam a discutir e de-

Trazemos à tona uma discussão sobre modalidade e metodolo-

senvolver políticas educacionais.

gia no ensino híbrido. Até mesmo sob o viés do ensino de idio-

Reforçando tal necessidade e urgência, um dos entrevistados

mas que, inclusive, está, de certa forma, à frente do ensino tradi-

da edição é o senador pelo Paraná Flavio Arns, que já esteve à

cional nesse quesito. Para discorrer acerca do assunto, tivemos a

frente da Secretaria de Estado da Educação (Seed) e da Dire-

participação do gerente executivo de conteúdo do PES English,

toria de Educação Especial, na mesma pasta. Atualmente, Arns

Luiz Fernando Schibelbain, e das coordenadoras educacionais

preside a Subcomissão Temporária para Acompanhamento da

da Talken English School, Tatiana Mendonça e Dafny Neves.

Educação na Pandemia, no Senado Federal.

Também temos uma entrevista com o diretor do Sinepe-PR,

Em sua entrevista, Arns fala sobre o ensino híbrido, a utilização

professor Valdecir Cavalheiro, sobre a oferta de cursos livres e

de tecnologias como um complemento pedagógico e até sobre

a popularização dessas iniciativas dedicadas a necessidades es-

o esboço de um programa nacional e emergencial para a recu-

pecíficas. Nessa mesma matéria, com o auxílio do professor José

peração de prejuízos educacionais.

Vicente Melo, diretor de Pós-Graduação da FAE, e do diretor de

Sobre, justamente, esses prejuízos aos nossos estudantes, te-

Recursos Humanos do Grupo Marista, Leandro Figueira Neto,

mos uma matéria a respeito da necessidade de reforço e apoio

trazemos o contraponto desse cenário, sobretudo levando em

educacional, na qual contamos com uma entrevista da direto-

consideração questões como currículo, carreira e diferenciais

ra do Sinepe-PR, a psicopedagoga Rocimar Santos Oliani, que,

para o mercado de trabalho.

acompanhada pela Gestora do Ensino Médio do Colégio Positivo, professora Silvia Mattar, discute questões relacionadas às necessidades dos estudantes de diferentes faixas etárias, o papel

Boa leitura a todos.


EXPE DI E N T E

SINEPE/PR Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado do Paraná www.sinepepr.org.br | www.facebook.com/sinepepr

CONSELHO DIRETOR - GESTÃO 2020-2022

Adriana Veríssimo Karam Koleski Durval Antunes Filho Ir. Maria Zorzi Dorojara da Silva Ribas Valdecir Cavalheiro Magdal Justino Frigotto Volnei Jorge Sandri Rogério Pedrozo Mainardes

CONSELHEIROS 1.º Conselheiro 2.º Conselheiro 3.º Conselheiro 4.º Conselheiro 5.º Conselheiro 6.º Conselheiro 7.º Conselheiro 8.º Conselheiro 9.º Conselheiro 10.º Conselheiro 11.º Conselheiro 12.º Conselheiro 13.º Conselheiro 14.º Conselheiro 15.º Conselheiro 16.º Conselheiro 17.º Conselheiro

Francis Wagner Ferreira Ronaldo Campos Cavalheri Dinamara Pereira Machado Acedriana Vicente Vogel Cristiane Mello David

CONSELHO FISCAL Efetivos Suplentes Dilceméri Padilha de Liz Marta Regina Andre Orlando Serbena Gisele Matovani Pinheiro Luiz Antônio Michaliszyn Filho José Mário de Jesus

DIRETORIA EXECUTIVA Presidente Douglas Oliani 1.º Vice-Presidente Sérgio Herrero Moraes 2.º Vice-Presidente Paulo Arns da Cunha Diretor Administrativo Haroldo Andriguetto Junior Diretor Econômico/Financeiro Rosa Maria Cianci Vianna de Barros Diretor de Legislação e Normas Nilson Izaias Pegorini Diretor de Planejamento Carmem Regina Murara DIRETORIA DE ENSINO Diretor de Ensino Superior Diretor de Ensino Médio/Técnico Diretor de Ensino Fundamental Diretor de Ensino da Educação Infantil Diretor de Ensino dos Cursos Livres Diretor de Ensino dos Cursos de Idiomas Diretor de Ensino das Academias Diretor de Marketing Diretor de Ensino da Educação Profissional Técnica de Nível Médio Diretor de dos Cursos Pré-Vestibulares Diretor de EaD Diretor de Sistemas de Ensino Diretor de Ensino de Pós-Graduação

Fábio Hauagge do Prado Cristiano Vinícius Frizon Pe. José Alves de Melo Neto Raquel Adriano M. Maciel de Camargo Everton Drohomeretski Leonora Maria J. M. Rossato Pucci Artur Gustavo Rial Rocimar Santos Oliani Josiane Domingas Bertoja Jaime Maurício Marinero Vanegas Raphael Bonatto Fernando Luiz Fruet Ribeiro Osni Mongruel Júnior Fabrício Pretto Guerra Gelson Luiz Uecker Bruno Ramos Neves Branco Liya Regina Mikami

DELEGADOS REPRESENTANTES - FENEP Ademar Batista Pereira Douglas Oliani

DIRETORIAS REGIONAIS REGIONAL CAMPOS GERAIS Diretor Presidente - Osni Mongruel Junior Diretor de Ensino Superior - Patrício Vasconcelos e José Sebastião Fagundes Cunha Filho Diretor de Ensino da Educação Básica - Rosângela Graboski e Valquíria Koehler de Oliveira Diretor de Ensino da Educação Infantil - Bianca Von Holleben Pereira e Carla Moresco Diretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Paul Chaves Watkins REGIONAL CATARATAS Diretor Presidente - Artur Gustavo Rial Diretor de Ensino Superior - Fábio Hauagge do Prado Diretora de Ensino da Educação Básica - Edite Larssen

Diretor de Ensino da Educação Infantil - Ana Paula Krefta Diretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Lucimar Neis REGIONAL CENTRAL Diretor Presidente - Dilceméri Padilha de Liz Diretor de Ensino Superior - Roberto Sene Diretor de Ensino da Educação Básica - Cristiane Siqueira de Macedo e Juelina Marcondes Simão Diretor de Ensino da Educação Infantil - Ir. Roselha Vandersen e Ir. Sirlene N. Costa Diretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Marcos Aurélio Lemos de Mattos REGIONAL SUDOESTE Diretor Presidente - Fabricio Pretto Guerra Diretor de Ensino Superior - Ivone Maria Pretto Guerra

Diretor de Ensino da Educação Básica - Velamar Cargnin Diretor de Ensino da Educação Infantil - Márcia Fornazari Abasto Diretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Vanessa Pretto Guerra Stefani REGIONAL OESTE Diretora Presidente - Marta Regina Andre Diretora de Educação Infantil - Sônia Regina Spengler Xavier Diretor de Educação Básica - Valmir Gomes Diretor de Ensino Superior - Gelson Luiz Uecker Cursos Livres/idiomas - Denise Veronese


Foto: Adobe Stock

I n g l ês co m o seg u n d a l í n g u a É p o s sível inici a r o apren diz a do d e u m i diom a est ra n geiro d e fo rma re m o ta na infân c ia?

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A crise sanitária abriu os olhos da população brasileira para a realização de atividades de forma remota: cursos, reuniões de trabalho, encontros virtuais com amigos e familiares e até mesmo graduações, além do ensino infantil. Durante a pandemia, todos os públicos foram para frente das telas para consumir diferentes conteúdos. Na Educação infantil, contudo, principalmente para crianças de zero e cinco anos, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) deixa clara a importância de campos de experiências como corpo, gestos e movimentos para o aprendizado. Nesse cenário, os cursos de idiomas já estão na frente do ensino tradicional. “A criança está sempre ocupada descobrindo o mundo. Assim, aulas com momentos de jogos, contação de histórias, expressão corporal, criatividade e canções aliam a curiosidade ao prazer e à interação entre todos, culminando em um amplo aprendizado, que deve ser cíclico, revisitado e enaltecido, pois crianças se esquecem e precisam de reconhecimento de seu esforço”, conta o gerente executivo de conteúdo do PES English, Luiz Fernando Schibelbain. Esses diferenciais valem também para as aulas presenciais, que devem ser atrativas e interessantes para o público infantil. “Acreditamos que as metodologias comunicativas são as mais indicadas; aulas em que o lúdico prevaleça, em que a criança tenha vontade de ir para o encontro e usar o inglês para falar sobre coisas que s]ao relevantes para ela. São momentos em que o dia a dia dos pequenos possa ser trazido para o contexto da aula, junto com músicas e jogos”, salientam as coordenadoras

educacionais da Talken English School, Tatiana Mendonça e Dafny Neves. Apesar da possibilidade do ensino remoto, a preferência dos pais na hora de escolher o formato de estudo dos filhos ainda é o presencial. Isso porque há uma espécie de gap geracional entre pais e filhos. “A valorização do aprendizado de inglês em ambiente escolar é recente e os pais, em sua ampla maioria, não possuem fluência, pois são de uma geração em que o inglês conversacional era terceirizado para fora da sala de aula. E temos visto que as famílias clamam pelos espaços com contato físico, uma vez que a educação integral entre pessoas em idade de formação necessita de socialização, de convivência. Talvez na próxima geração haja um impacto mais significativo, quando os pais já serão bilíngues”, acredita Schibelbain. Nesse cenário, o importante é pensar nos benefícios do início do aprendizado de uma nova língua logo na infância. Segundo os especialistas, os principais ganhos de um início precoce são: desenvolvimento do cérebro em outras áreas, como Matemática, Ciências, música e pensamento abstrato; aumento da massa cinzenta em uma região associada à aquisição de vocabulário; estímulo das funções cognitivas, melhorando a concentração e a memória; pronúncia muito próxima à de um falante nativo, já que as crianças têm mais facilidade para imitar e produzir sons; motivação, pois o brincar dá significado à aprendizagem; e aprendizado mais fácil, porque as crianças não têm medo de se expor e errar.

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Quando o reforço é necessário Es t u dantes pod em enf rentar d if ic ulda de s de re n dim e n to n o re to rn o às au l as p res en c iais Além dos desafios de metodologia, adaptação e inteligência emocional que pais, professores e estudantes precisarão encarar nos primeiros meses de retorno à presencialidade, alguns alunos devem enfrentar com dificuldades de rendimento. Diretora de Ensino do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado do Paraná (Sinepe/PR), a psicóloga e psicodedagoga Rocimar Santos Oliani afirma que todos os estudantes sofreram, em alguma medida, com a pandemia e, consequentemente, com o ensino remoto, da Educação Infantil ao Ensino Superior. Ainda que não tenha sido perfeita, essa foi a melhor saída encontrada para o momento. “Para alguns segmentos,

trabalhada, porque além de os estudantes não estarem no ambiente socioeducacional desenvolvendo sua aprendizagem, a questão emocional provocada pela situação pandêmica gerou um grande estresse”, diz a especialista. Diante desse cenário, as aulas de reforço e apoios educacionais podem se tornar uma saída para aqueles alunos que precisarão de uma atenção

“(...) será essencial conhecer os alunos de maneira cautelosa para garantir que o processo de ensino e aprendizagem de fato aconteça” Rocimar Santos Oliani, Diretora do Ensino do Sinepe/PR

houve uma fragilidade maior em virtude da própria fase de desenvolvimento, da faixa etária

maior no retorno ao ensino presencial. Segundo Rocimar, é importante que a escola faça uma avaliação diagnóstica para conhecer os discentes, logo no primeiro mês do novo ano letivo. “Rotina da criança, ritmo de sono, histórico na pandemia e dificuldades atuais são pontos fundamentais. Será importante

a Coordenação Pedagógica e o setor de Orientação Educacional apresentarem aos professo-

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res as demandas existentes de seus alunos para que seja feito um planejamento pedagógico mais assertivo para a turma e para os estudantes de forma individualizada, quando necessário. Os estudantes estão diferentes, porque ficaram muito tempo convivendo com momentos de insegurança e incertezas. Desta forma, será essencial conhecer os alunos de maneira cautelosa para garantir que o processo de ensino e aprendizagem de fato aconteça”, explica Rocimar.

“Levando em consideração que o aluno é um ser social e necessita de interação, a escola tem importante papel no desenvolvimento de diversas habilidades nos estudantes, tanto as físicas, sociais e afetivas como as cognitivas. O momento de buscar essas atividades extras vai depender das demandas e necessidades do estudante”, comenta. De acordo com Silvia, o importante nessa tomada de decisão é verificar a real demanda da criança ou do adolescente para que não ocorra uma sobrecarga no contraturno, uma vez que o excesso de atividades extras pode desmotivar o aluno na escola e comprometer o aprendizado. “Acredito muito na parceria da família e da escola, uma vez que ambos têm o mesmo objetivo: a melhor educação para seus filhos, nossos alunos”, pontua a gestora.

Ilustração: Adobe Stock

Auxílio dos pais é importante Gestora do Ensino Médio do Colégio Positivo Ângelo Sampaio, em Curitiba (PR), Silvia Mattar ressalta ser primordial que os pais e responsáveis compreendam a importância de uma rotina de estudos com hábitos diários. “A criança e o adolescente em idade escolar devem inserir no seu dia algumas horas para se dedicarem às atividades educacionais, sejam tarefas de casa, leituras de livro ou revisão das aulas dadas. Aos pais, cabe proporcionar um ambiente adequado para os estudos, auxiliar no processo de gestão de tempo e, ainda, acompanhar os resultados”, orienta Silvia. Além disso, as atividades extracurriculares culturais, esportivas e até mesmo pedagógicas, que ocorrem após o horário das aulas dentro do ambiente escolar, devem ser pensadas com cuidado.

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Foto: Adobe Stock

Aprendizado livre Cursos livres e pós- gra dua çã o possuem in dica ções distintas para quem preten de in crem entar currículo Em 2020, com a chegada da pandemia, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) constatou um aumento de 64% nas matrículas em cursos a distância em comparação com 2019. Até o mês de novembro, foram 1,189 milhão de matrículas. Além disso, segundo um levantamento realizado pela HeroSpark, plataforma de EAD, foi registrado um aumento de 50 vezes no número de matrículas de novos alunos nos cursos oferecidos pelo serviço, além de mais de 60 mil novas contas. Segundo o diretor de Cursos Livres do Sindica-

to dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado do Paraná (Sinepe/PR), Valdecir Cavalheiro, a crise sanitária popularizou o segmento e gerou oportunidades. “A pandemia acelerou uma série de situações que nós víamos que aconteceriam no decorrer do tempo, inevitavelmente. Foi um cenário favorável aos cursos livres, que costumam ser de menor duração e estar associados às necessidades específicas”, explica. E para quem pensa no formato como uma saída para alavancar a carreira, essa é uma opção que

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faz cada vez mais sentido, segundo Cavalheiro. “Eu tenho visto muitas adaptações que antes só se configuravam no modelo presencial. A pandemia trouxe a oportunidade de observação por meio do vínculo tecnológico, com os cursos livres sendo a ponta de lança para as chamadas ‘pílulas’ nesse conhecimento adaptado. E cada vez mais a gente observa uma reconfiguração no pensar do currículo; o que está posto nesse documento está valendo cada vez menos, pois o aspecto experiencial conta muito. Nesse sentido, os cursos livres têm uma abertura excelente”, argumenta.

diferencial. “Ainda é muito forte a questão do requisito básico de ser pós-graduado. Querendo ou não, o mercado ainda tem essa visão dos profissionais. Assim, eu diria que, se você é um profissional recém-formado, com dois ou três anos de experiência, procure aquela área na qual você precisa se capacitar com conhecimentos específicos e faça uma pós”, orienta. Como não errar na escolha dos temas Além da escolha entre cursos livres e pós-graduação, saber escolher os temas certos para cada área faz toda a diferença para que haja um bom aproveitamento do investimento feito em conhecimento. Para o diretor de Recursos Humanos (RH) do Grupo Marista, Leandro Figueira Neto, é essencial que a pessoa analise seu plano de carreira com calma. “Uma coisa que eu uso para a minha vida é o princípio de definir, antes de tudo, exatamente o que se quer. Primeiro, você precisa saber aonde quer chegar para depois definir o caminho. O primeiro ponto é saber o que você quer para a sua carreira. Você precisa aprender programação? Precisa conhecer novas formas de organização de trabalho? Precisa de técnicas modernas? É importante fazer esse filtro do que você quer para sua carreira, pois tem muita oferta no mercado de cursos. Conhecimento é sempre bom, mas nós podemos ficar perdidos nessa variedade toda”, conclui.

Quando é a hora de procurar uma pós-graduação? Para quem está na dúvida sobre qual caminho seguir na hora de retomar os estudos por meio de cursos livres ou realizar uma especialização, alguns pontos podem ser levados em conta para que seja feita a escolha. Segundo o diretor de Pós-Graduação da FAE Centro Universitário, José Vicente de Mello Cordeiro, a principal diferença entre a pós-graduação e os cursos livres é a carga horária. “Em geral, os cursos livres têm uma carga horária pequena. Quando falamos nesse tipo de curso, em termos de denominação acadêmica, entendemos que todo e qualquer programa com menos de 360 horas vai entrar nessa classificação, mesmo sendo um curso de extensão, programa de formação ou especialização”, explica. De acordo com Cordeiro, para quem é novo no mercado, a pós-graduação ainda é um

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Rumo a um ensino cada vez mais inclusivo Como a pandemia de Covid-19 afetou o ensino especial no Brasil e quais são os caminhos para sua evolução Estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2019 e publicado em agosto de 2021 indicou que 8,4% da população brasileira possui algum tipo de limitação, seja mental ou física. Essa porcentagem representa aproximadamente 17,3 milhões de pessoas, sendo que somente 32,4% desses indi-

víduos concluíram o Ensino Fundamental. Para o Ensino Médio, o número de concluintes é ainda menor: somente 16%. O que os números indicam, portanto, é que aprendizado para quem sofre com algum tipo de limitação segue sendo um desafio na educação brasileira, ainda mais no formato de edu-

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cação remota. Mestre em Saúde da Criança e do Adolescente e especialista em autismo e hiperatividade, o neuropediatra Sérgio Antonio Antoniuk afirma que durante a pandemia de Covid-19 o aprendizado das crianças com necessidades especiais no Brasil foi comprometido em mais de 70%. Segundo o médico, até mesmo os pequenos sem dificuldades de aprendizagem foram prejudicados, em razão dos obstáculos para acompanhar as aulas online ao vivo e pouco estímulo para estudar as aulas gravadas. Para Antoniuk, até houve interesse em adaptar as aulas, mas pouca efetividade. “Na grande maioria dos casos, para os alunos especiais, houve uma adaptação curricular com conteúdos diferenciados apresentados de forma online em um curto período de tempo. Outras escolas encaminharam material escrito. Muitas vezes, contudo, era um familiar que realizava as atividades”, comenta. Como consequência, o especialista conta que o emocional dos alunos ficou ainda mais abala-

do. De acordo com o médico, as crianças e adolescentes apresentaram problemas emocionais graves, como agitação psicomotora, irritabilidade, depressão e agressividade. Com o retorno para o presencial, contudo, as instituições de ensino têm uma chance para receber os estudantes com necessidades especiais de forma adequada. “Com o retorno dos alunos especiais ao ensino presencial, eles irão vivenciar um melhor equilíbrio emocional e melhores perspectivas para a aprendizagem. Nesse cenário, o importante é o preparo dos professores e da equipe escolar para a identificação das dificuldades de cada estudante e a capacitação dos profissionais. É preciso que sejam planejados currículos adaptados às adversidades. Nos casos mais graves, deve-se providenciar um profissional tutor para ajudar tanto nas dificuldades pedagógicas como na prevenção de dificuldades comportamentais. Medidas preventivas de bullying para as crianças mais vulneráveis são um exemplo”, finaliza.

“Com o retorno dos alunos especiais ao ensino presencial, eles irão vivenciar um melhor equilíbrio emocional e melhores perspectivas para a aprendizagem” Sérgio Antonio Antoniuk - neuropediatra

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Durante a crise sanitária do novo coronavírus, o ensino remoto foi a saída encontrada para que as atividades escolares pudessem ser mantidas, mesmo que com dificuldades. A pesquisa “Resposta educacional à pandemia de Covid-19 no Brasil”, realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) entre fevereiro e maio de 2021, indicou que 99,3% das escolas brasileiras suspenderam as atividades presenciais. Com a mudança, professores e alunos precisaram se adaptar a novos formatos de ensino de aprendizagem. Ainda de acordo com os dados do Inep, na rede estadual de ensino, 79,9% das instituições capacitaram os professores para usarem métodos ou materiais dos programas de ensino não presencial. Na rede municipal, 53,7% realizaram o treinamento. Além disso, 72,8% das escolas estaduais e 31,9% das municipais adotaram as aulas online ao vivo. Nesse cenário, ficou ainda mais clara a necessidade de regulamentar o formato. Quando se fala no ensino remoto, contudo, é necessário compreender a diferença en-

O ensino híbrido veio para ficar Modalidade remota deve ser utilizada como complemento ao ensino presencial nas escolas brasileiras

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tre modalidade e metodologia. Enquanto a educação a distância é uma modalidade de ensino, que pode ser realizada, inclusive, de forma 100% remota, a aprendizagem híbrida é uma metodologia. Esse quesito também é exemplificado no texto de referência de consulta pública, publicada pelo Ministério da Educação, para tratar do assunto. Documento elaborado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) traz que que “a nova abordagem de Aprendizagem Híbrida integra as diferentes formas de ensino presencial com atividades em diferentes tempos e espaços, sempre no interesse do processo de aprendizagem, tanto no nível da Educação Básica quanto da Educação Superior, em todas as suas etapas, formas e modalidades de oferta”. Uma nova forma de ensinar Fora a metodologia, o documento do CNE propõe que sejam repensados os conteúdos e interesses dos alunos dentro da sala de aula. No texto, é colocado que “os educadores brasileiros têm procurado estimular o protagonismo e a participação efetiva dos

estudantes nos resultados de sua aprendizagem” e que “esse esforço passou a exigir, cada vez mais, a adoção de práticas mais personalizadas, que buscassem respeitar o ritmo e os interesses daqueles que aprendem, exigindo, em consequência, metodologias mais diversificadas, que pudessem atender à diversidade e condições dos estudantes, fortalecendo a inclusão e o aumento da equidade de oportunidades”. Segundo o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado do Paraná (Sinepe/PR), Douglas Oliani, apesar da discussão atual por parte das autoridades, esse é um caminho que já vem sendo trilhado na educação. “Nós estamos indo para aquilo que todos pensam que é muito novo, mas é algo em que as escolas particulares já estão adiantadas – e muito. Então, a escola privada vai saltar na frente do que é a pretensão dessa regulação e do viés dos novos itinerários para se pensar o projeto de vida do aluno ao longo da trajetória estudantil”, afirma o professor.

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E N T R EVISTA D O MÊS

“A educação é o único caminho possível para o desenvolvimento nacional” O sena dor pelo Paraná Flávio Arns é o entrevista do desta ediçã o da Revista Esca da

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Mesmo quando a pandemia de Covid-19 for superada em sua totalidade, as tecnologias de conectividade que foram aceleradas durante a crise sanitária devem permanecer na educação brasileira. Mas para que seu uso seja efetivo, ações que assegurem o acesso a recursos tecnológicos e de conexão à Internet de boa qualidade em todas as escolas, além da garantia de equipamentos para estudantes e professores, devem ser desenvolvidas. Essa é a opinião do senador paranaense Flávio Arns (Podemos), que já atuou como Secretário da Educação do Paraná (2011-2014) e Diretor de Educação Especial do estado (1983-1990). Em entrevista para a Revista Escada, Arns, presidente da Subcomissão Temporária para Acompanhamento da Educação na Pandemia no Senado Federal, fala sobre os principais desafios enfrentados no cenário educacional brasileiro hoje e as perspectivas para a educação nacional nos próximos anos.

da área e exposição das desigualdades e fragilidades que nosso país enfrenta nessa seara. Acredito que a mais evidente delas tenha sido em relação ao acesso às tecnologias de informação e comunicação. Apesar da tendência geral de crescimento do uso de Internet, as classes D e E estão excluídas digitalmente. Ademais, muitos profissionais não tinham familiaridade com o modelo remoto de aulas. Apesar do esforço dos educadores, a sensação geral é de que, durante esse longo período de ausência de aulas presenciais, toda uma geração de estudantes foi acumulando prejuízos em sua formação, junto do impacto emocional do afastamento repentino dos círculos de socialização que a escola proporciona. É certo que a crise exigiu, mais do que nunca, atuação integrada, coerente e articulada do Poder Público com a sociedade para implementar ações de redução de danos e, no médio prazo, ações sustentáveis com vistas a evitar prejuízos educacionais e retrocessos na garantia do direito à educação. De forma geral, no entanto, as poucas ações levadas a efeito parecem ter sido insuficientes ou mal desenhadas e implementadas, de forma que não param de surgir evidências de que os prejuízos à educação foram muito grandes, notadamente para os estudantes de famílias mais vulneráveis.

Que avaliação o sr. faz do cenário educacional brasileiro hoje? Não há como analisar o atual cenário da educação brasileira sem levar em conta o grande impacto causado pela pandemia na vida dos estudantes e profissionais da educação no decorrer dos últimos dois anos, com aprofundamento dos desafios

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O sr. acredita que o ensino remoto veio para ficar? O ensino remoto imposto em razão das medidas sanitárias e da necessidade de isolamento social nos mostrou que as tecnologias de conectividade serão sempre essenciais na educação, devendo permanecer mesmo quando a pandemia acabar de vez. Isso porque a tendência é de que, cada vez mais, as ferramentas e tecnologias que propiciem o ensino a distância sejam integradas ao ensino presencial, como um complemento pedagógico deste último.

qualidade em todas as escolas, bem como a garantia de equipamentos para estudantes e professores. Quais são as perspectivas para a educação nacional nos próximos anos? Na Subcomissão Temporária para Acompanhamento da Educação na Pandemia do Senado Federal, onde em 2021 realizamos oito audiências públicas, com a presença de especialistas, gestores e representantes de organizações da sociedade civil, formulamos seis diretrizes para a agenda estratégica da educação nos próximos anos. A primeira é o acesso educacional, com a realização de programas de busca ativa

Que ações serão necessárias para auxiliar os alunos que tiveram o aprendizado comprometido por conta do ensino remoto? Penso que o caminho seja instituir um programa nacional emergencial de recuperação dos prejuízos educacionais ocorridos durante a pandemia, o qual contemple a ampliação da jornada escolar e a escola de tempo integral como estratégias de recuperação de aprendizagens e proteção integral às crianças e adolescentes, além da ampliação de investimentos na formação e capacitação do corpo docente para formular uma metodologia adequada para as aulas no contexto do retorno à presencialidade. Fora isso, priorizar ações que busquem assegurar o acesso a recursos tecnológicos e de conexão à Internet de boa

“Apesar do esforço dos educadores, a sensação geral é de que, durante esse longo período de ausência de aulas presenciais, toda uma geração de estudantes foi acumulando prejuízos em sua formação”

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para trazer os alunos de volta à instituição de ensino e combater a evasão. Vinculada a esta primeira está a diretriz de permanência na escola, que prevê que sejam criadas condições para que o estudante se sinta bem no ambiente escolar, com protocolos de segurança sanitária, oferta de alimentação de qualidade e política de acolhimento socioemocional. A terceira prioridade é a recomposição da aprendizagem, pois objetivamos instituir um programa nacional para superar os prejuízos educacionais da pandemia, com aumento da oferta de educação em tempo integral e dos investimentos em formação e capacitação do corpo docente. Outra preocupação é a conectividade, com a garantia de acesso a dispositivos com Internet de alta velocidade aos estudante e professores da rede pública de ensino. Quanto à infraestrutura das esco-

las, queremos assegurar que os estabelecimentos de ensino possuam instalações físicas adequadas para o pleno exercício do direito à educação. Por fim, estipulamos a diretriz de orçamento da educação, a fim de elevar substancialmente os investimentos educacionais nos próximos anos, considerando que a execução orçamentária na educação tem sofrido severos cortes nos últimos exercícios. Qual é o papel da educação na retomada econômica do pós-pandemia? Costumo dizer que a educação é o único caminho possível para o desenvolvimento nacional. Não há retomada econômica sustentável a médio e longo prazo sem investimentos maciços, eficientes e eficazes voltados à educação de nossas crianças e jovens. Investir na educação é investir no futuro.

“Não há retomada econômica sustentável a médio e longo prazo sem investimentos maciços, eficientes e eficazes voltados à educação de nossas crianças e jovens. Investir na educação é investir no futuro.”

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Cal en d á ri o de evento s 202 2 O Sinepe/PR realizou nada menos do que 45 eventos online, por meio do canal oficial no Youtube, durante o ano de 2021. Eventos que acumularam mais de 15 mil visualizações e mais de 3,5 mil horas de conteúdo assistido, o que representa para todos nós uma conquista, frente ao compromisso de levar informação de qualidade e instigar à reflexão. Dessa forma, contribuímos na disseminação do conhecimento, que era uma meta colocada pela Diretoria de Eventos da instituição. Encerramos esse período com a certeza de que superamos diversos desafios e de que estamos prontos para esse novo ciclo de realizações. Teremos muitas novidades para o ano de 2022 e, juntos com nossos patrocinadores e parceiros, vamos dar sequência à produção de eventos nos mais diversos formatos, sejam eles: podcasts, lives ou cursos de capacitações online e presenciais. Teremos, como novidade, o Momento Educação, no qual contaremos com um boletim de notícias, informações e orientações, contando sempre com a participação de expoentes em cada um dos assuntos. Esse é um serviço que levaremos aos associados e aos educadores, sempre com o compromisso da qualidade da informação e a diversidade de opiniões, buscando sempre enobrecer a missão de educar. Participe de nossos eventos sendo um apoiador e patrocinador.

Conheça nosso canal no YouTube e assista nosso último evento do ano, o Especial de Natal. Aproveitamos para ressaltar que temos muitos conteúdos disponíveis a todos.

Rocimar Santos Oliani, Diretora de Eventos do Sinepe/PR.

PAT ROCÍN IO

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NOVAS ASSOCIADAS Colégio Madalena Sofia - Cascavel/ PR Escola Plural - Pinhais/PR


A Saúde Ocular é vista como fundamental para o alcance da educação e saúde integral do educando, tendo em vista que as alterações na visão acarretam problemas que ultrapassam da dificuldade do estudante em enxergar o quadro, essas alterações podem também afetar o aprendizado e desenvolvimento do aluno. A TrierTec - Triagem Num Piscar de Olhos é um programa pioneiro no Brasil e tem como objetivo identificar e acompanhar condições oculares de forma preventiva, para busca de tratamento precoce e adequado. Em horário de aula, para comodidade dos pais e segurança dos alunos, nossa equipe vai até sua escola e realiza os exames oftalmológicos com equipamentos portáteis de alta tecnologia, que resultam em diagnósticos que medem acuidade visual e erros refrativos em crianças a partir de 6 meses de vida, de forma rápida e tranquila.

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