educação crescente
Relação entre a família e a escola é parte essencial para potencializar o desenvolvimento de capacidades dos estudantes
Página 08
ENTREVISTA A docência frente às novas
tecnologias
Entrevista exclusiva com Jacir J. Venturi, educador e pesquisador, traz análises sobre os impactos dos avanços tecnológicos na atuação dos professores
Página 20
Demanda e valorização altas
Gestores educacionais com formação e experiência são visados pelo mercado. Planejamento, visão de negócios, comunicação e liderança são qualidades essenciais
Página 22
Número 52 | Ano 11
setembro 2023
Publicação Sinepe/PR
Índice
REVISTA ESCADA
Publicação periódica de caráter informativo, com circulação dirigida e gratuita, desenvolvida para o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado do Paraná.
Conteúdo e comercialização V3COM
Projeto gráfico e ilustrações V3COM
Design gráfico e arte final Marcelo Winck
Redação Jorge de Sousa Nathalie Oda
Jornalista responsável Ari Lemos | MTB 5954
Críticas e sugestões ari@v3com.com.br
Conselho editorial Carmem Murara
Everton Drohomeretski
Fatima Chueire Hollanda
Marcio Mocellin
Haroldo Andriguetto Júnior
Adriana Veríssimo Karam Koleski
Os artigos assinados são de responsabilidade dos seus autores e não expressam, necessariamente, a opinião desta revista.
ENTREVISTA DO MÊS
08
PAIS PRESENTES, EDUCAÇÃO CRESCENTE
Criação de pontes para maior presença das famílias nas instituições de ensino é fundamental para desenvolvimento dos estudantes
Construindo um ambiente alfabetizador
Composição da sala de aula é parte importante na criação de autonomia dos estudantes na fase de alfabetização
Do quadro negro aos meios on-line
Educação midiática estimula o uso consciente de novas tecnologias e potencializa as capacidades dos estudantes no ambiente escolar
16
Novas diretrizes por maior eficiência
Mudanças na metodologia de ensino começaram a ser aplicadas em 2022 e ainda geram debate dentro da comunidade acadêmica
12 18
Foco na qualidade
Ensino a distância cresce exponencialmente no Brasil e instituições de ensino precisam manter em alta os indicadores educacionais
A docência frente às novas tecnologias
Jacir J. Venturi, professor e pesquisador, comenta as mudanças do mundo digital e as consequentes transformações no papel dos docentes
Demanda e valorização altas
Gestores educacionais com formação e experiência são visados pelo mercado
Caros leitores e leitoras, Com grande alegria, trazemos mais uma edição da Revista Escada. Em meio ao retorno do período de férias escolares, junto ao planejamento do próximo ano letivo, destacamos temas relevantes para o cenário educacional brasileiro. Convidados especiais e profissionais do setor agregam, a cada entrevista, novos pontos de vista e compartilham os desafios e as conquistas do dia a dia nas instituições de ensino. Para tratar sobre a relação entre a docência e as novas tecnologias, o professor Jacir J. Venturi concedeu uma entrevista exclusiva que oferece análises valiosas, tidas por seus anos de experiência como educador e pesquisador. O impacto dos avanços tecnológicos vai além da repercussão entre os estudantes e influencia diretamente no papel dos professores. A capacidade de reinvenção dos profissionais e o reflexo desse quadro no setor são temas trazidos à discussão.
Voltando os olhares para a educação infantil, levantamos a reflexão sobre a relação entre a escola e a família, parte essencial do processo de aprendizagem e que potencializa o desenvolvimento dos estudantes desde cedo. Além disso,
abordamos também a importância de inserir as crianças que passam pela fase de alfabetização em ambientes que estimulem a autonomia e os encorajem para interagir com as informações à sua volta.
Para além da sala de aula, consideramos também o valor da gestão educacional para que a engrenagem das instituições funcione da melhor forma possível. Vista essa importância, abordamos, sob o ponto de vista de especialistas, as questões que circundam a formação de novos gestores e as adaptações dos indivíduos em etapas de mudança na carreira educacional. Por fim, discorremos também sobre os debates acerca das mudanças do Novo Ensino Médio, sobre os desafios do ensino a distância no contexto atual e sobre o papel da educação midiática em um mundo digital.
Desejo a todos uma boa leitura e que as próximas páginas possam ser combustível para reflexão e contribuições em um setor tão valioso como é o da educação.
Boa leitura!
Sergio Herrero MoraesSINEPE/PR
Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado do Paraná www.sinepepr.org.br | www.facebook.com/sinepepr
CONSELHO DIRETOR - GESTÃO 2022/2024
DIRETORIA EXECUTIVA
Presidente Sergio Herrero Moraes
1.º Vice-Presidente Haroldo Andriguetto Júnior
2.º Vice-Presidente Celso Maurício Hartmann
Diretor Administrativo Everton Drohomeretski
Diretor Econômico/Financeiro Cristiano Vinícius Frizon
Diretor de Legislação e Normas Nilson Izaias Pegorini
Diretor de Planejamento Carmem Regina Murara
DIRETORIA DE ENSINO
Diretor de Ensino Superior Adriana Veríssimo Karam Koleski
Diretor de Ensino Médio Felipe Mazzoni Pierzynski
Diretor de Ensino Fundamental Ir. Maria Zorzi
Diretor de Ensino da Ed. Infantil Dorojara da Silva Ribas
Diretor de Ensino dos Cursos Livres Valdecir Cavalheiro
Diretor de Ensino dos Cursos de Idiomas Magdal Justino Frigotto
Diretor de Marketing Rogério Pedrozo Mainardes
Diretor de Ensino da Educação Profissional
Técnica de Nível Médio Carolina Caramico Berg
Diretor dos Cursos Pré-Vestibulares Fernando Luiz Fruet Ribeiro
Diretor da EaD Dinamara Pereira Machado
Diretor de Sistemas de Ensino Acedriana Vicente Vogel
Diretor de Ensino de Pós-Graduação Ana Lucia Cardoso Ribeiro
CONSELHEIROS
1.º Conselheiro Fábio Hauagge do Prado
2.º Conselheiro José Mário de Jesus
3.º Conselheiro Angela Silvana Basso
4.º Conselheiro Raquel Adriano Momm Maciel de Camargo
5.º Conselheiro Durval Antunes Filho
6.º Conselheiro Leonora Maria Josefina Mongelós Rossato Pucci
7.º Conselheiro Artur Gustavo Rial
8.º Conselheiro Newton Andrade da Silva Júnior
9.º Conselheiro Josiane Domingas Bertoja
10.º Conselheiro Ricardo de Albuquerque Todeschini
12.º Conselheiro Guilherme Isensee Andrade
13.º Conselheiro Osni Mongruel Junior
14.º Conselheiro Fabrício Pretto Guerra
15.º Conselheiro Marcelo Ivan Melek
16.º Conselheiro Jose Luiz Coimbra Drummond
17.º Conselheiro Daniela Ferreira Correa
CONSELHO FISCAL
Efetivos Suplentes
Dilceméri Padilha de Liz Marta Regina Andre
Marcelo Pereira da Cruz Gisele Mantovani Pinheiro
Luiz Antônio Michaliszyn Filho Charles Pereira Lustosa Santos
DELEGADOS REPRESENTANTES - FENEP
Ademar Batista Pereira
Sergio Herrero Moraes
DIRETORIAS REGIONAIS
REGIONAL CAMPOS GERAIS
Diretor Presidente - Osni Mongruel Junior
Diretor de Ensino Superior - Patrício Vasconcelos e José Sebastião Fagundes Cunha Filho
Diretor de Ensino da Educação Básica - Rosângela
Graboski e Valquíria Koehler de Oliveira
Diretor de Ensino da Educação Infantil - Bianca
Von Holleben Pereira e Carla Moresco
Diretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas -
Paul Chaves Watkins
REGIONAL CATARATAS
Diretor Presidente - Artur Gustavo Rial
Diretor de Ensino Superior - Fábio Hauagge do Prado
Diretora de Ensino da Educação Básica - Edite Larssen
Diretor de Ensino da Educação Infantil - Ana
Paula Krefta
Diretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas -
Lucimar Neis
REGIONAL CENTRAL
Diretor Presidente - Dilceméri Padilha de Liz
Diretor de Ensino Superior - Roberto Sene
Diretor de Ensino da Educação Básica - Cristiane
Siqueira de Macedo e Juelina Marcondes Simão
Diretor de Ensino da Educação Infantil - Ir.
Roselha Vandersen e Ir. Sirlene N. Costa
Diretor de Ensino dos Cursos Livres/IdiomasMarcos Aurélio Lemos de Mattos
REGIONAL SUDOESTE
Diretor Presidente - Fabricio Pretto Guerra
Diretor de Ensino Superior - Ivone Maria Pretto
Guerra
Diretor de Ensino da Educação Básica - Velamar
Cargnin
Diretor de Ensino da Educação Infantil - Márcia
Fornazari Abasto
Diretor de Ensino dos Cursos Livres/IdiomasVanessa Pretto Guerra Stefani
REGIONAL OESTE
Diretora Presidente - Marta Regina Andre
Diretora de Educação Infantil - Sônia Regina Spengler Xavier
Diretor de Educação Básica - Valmir Gomes
Diretor de Ensino Superior - Gelson Luiz Uecker
Cursos Livres/idiomas - Denise Veronese
REGIONAL LITORAL
Diretor Presidente - Luiz Antonio Michaliszyn Filho
Diretor de Ensino Superior - Ivan de Medeiros
Petry Maciel
Diretor de Ensino da Educação - Básica (Ensino
Fundamental)- Selma Alves Ferreira
Diretor de Ensino da Educação Básica (Ensino
Médio) - Mirian da Silva Ferreira Alves
Diretor de Ensino da Educação Infantil - Lilian R.
M. Borba
Diretor de Ensino dos Cursos Livres/IdiomasLiliane C. Alberton Silva
Construindo um ambiente alfabetizador
Composição da sala de aula é parte importante na criação de autonomia dos estudantes na fase de alfabetização
Por Nathalie OdaDesde o momento do nascimento, os bebês são expostos a inúmeras informações. Nos primeiros dias de vida, é preciso aprender a respirar, a comer e a sobreviver em um ambiente novo. A partir daí, as novidades não param. Cores, alimentos, pessoas e lugares devem ser compreendidos, afinal, se trata de um novo mundo. Na fase de alfabetização, o desejo por explorar todas as informações à sua volta é intrínseco às crianças. Em sala de aula, em casa ou em momentos de lazer, é imprescindível que se construa ao redor deles um ambiente alfabetizador. Brinquedos que estão perto, podem ser pegos. Letras que estão à vista, podem ser lidas. Todos os objetos que rodeiam a criança são uma oportunidade de interação e, quanto mais facilitado e mais frequente for esse contato, maiores os benefícios no processo de aprendizagem.
Andreia Schneiders, coordenadora de Edu-
cação Infantil e professora alfabetizadora do Colégio Imperatriz, em Guarapuava, entende o ambiente escolar como um facilitador para a criação de autonomia nas crianças na etapa de alfabetização. “Quanto mais rico esse ambiente for, mais ele vai proporcionar estímulos de desenvolvimento aos alunos. O interesse e a curiosidade são despertados e, consequentemente, isso auxilia todo o processo”, observa. Expor o alfabeto nas paredes da sala de aula na altura dos olhos e disponibilizar livros e gibis adequados à idade da turma são fatores que possibilitam a inserção da criança em um cenário onde ela se torna protagonista. “Na minha prática em sala de aula, muitas vezes temos níveis diferentes de alfabetização e agilidade de alunos. Uma criança que já terminou a sua atividade, pode ir ao cantinho da leitura e tentar fazer esse primeiro contato e primeira leitura”, adiciona.
Ao invés de se adequar ao universo dos adultos, a criança, no momento de estudo, se vê diante de um mundo adequado à sua fase de desenvolvimento. A partir disso, se torna intuitiva a interação com os materiais e o interesse pelo aprendizado. Para Schneiders, o uso de imagens também é de extrema importância: “trazer figuras para expor perto do alfabeto estimula os alunos para que eles iniciem a relação entre fonema e grafema”.
O estímulo à participação
Na esfera metodológica, o papel dos professores responsáveis pela fase de alfabetização envolve também a promoção do engajamento das crianças em atividades que estimulem o desenvolvimento da autonomia, o termo conhecido no setor como “aprender a aprender”. Kiwia Cardoso foi diretora pedagógica e coordenadora do Fundamental I e do Programa de Línguas. Hoje, com 32 anos de experiência na educação, se volta às origens de sua carreira e atua como professora de turmas de 3º e 4º anos no Colégio Betta, em Foz do Iguaçu.
“As crianças são como esponjas, principalmente em línguas. Elas absorvem tudo o que ensinamos a ela. A faixa etária que leciono vem de um cenário de pandemia. Como o processo de alfabetização é uma sequência, essa quebra que a gente percebe, por crianças que foram alfabetizadas em casa, reflete não só no português, mas nas outras matérias também”, analisa. Visto o impacto do afastamento do ambiente escolar durante a pandemia de Covid-19, crianças com idades mais avançadas continuam a jornada da alfabetização. Nesse momento, as metodologias de ensino complementam a falta de convivência em sala de aula. “Eles assistem o programa Pequenos Gênios, que passa na televisão, e queriam fazer a soletração na sala. Eu trabalho muito a parte lúdica com eles e, conforme surgem algumas situações em sala, eu aproveito o gancho. Iniciamos com palavras de quatro letras e sem acento. No fim, quase todos estavam soletrando palavras de seis letras acentuadas. A iniciativa partiu deles, foram motivados e eu obtive essa resposta”, compartilha. Assim, é possível perceber a repercussão da imersão na cultura escrita nos anos iniciais de aprendizado entre as crianças. “Nessa fase, eles precisam de material concreto, precisam ter contato com a leitura. Eles não podem ter medo de errar, pois essas tentativas de erros e acertos são fundamentais. Eles estão tentando ler e escrever. Por isso, a sala de aula deve ser um espaço em que a criança queira chegar e brincar de alfabetizar”, conclui a professora.
“Quanto mais acessíveis esses materiais estiverem para que eles possam manusear, mais rico esse processo se torna”.
Pais presentes, educação crescente
Criação de pontes para maior presença das famílias nas instituições de ensino é fundamental para desenvolvimento dos estudantes
Por Jorge de SousaA integração de pais e responsáveis com as escolas é apontada como um vetor para o desenvolvimento dos estudantes. A ONG Todos Pela Educação apresentou, em 2014, um estudo pioneiro em que coloca como fundamental a participação das famílias no dia a dia das crianças e adolescentes a partir de atividades simples, como conversas sobre a rotina acadêmica, até a participação mais ativa na realidade dessas instituições de ensino.
O estudo dividiu os pais em quatro escalas: ativistas, envolvidos, vinculados e distantes. Quanto maior o vínculo criado por responsáveis com a escola, maior é o desempenho escolar das crianças. No entanto, para que essa ponte seja construída, é preciso também que as escolas estejam prontas para ouvir e receber auxílio das famílias, para assumir o lugar não apenas de um ente formador, mas também de um catalisador do desenvolvimento social da comunidade.
“Para que essa sinergia promova impactos positivos, é preciso a colaboração entre escola e família. Enquanto os pais devem demonstrar interesse pela vida escolar da criança, valorizando suas experiências e conhecimentos construídos, a escola fica com a incumbência de envolver os pais ou responsáveis em vivências significativas, permitindo que participem do cotidiano escolar”, explica Dorojara da Silva Ribas, diretora de Ensino da Educação Infantil do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR).
O primeiro passo é compreender que pais e escolas precisam caminhar para o mesmo sentido: o desenvolvimento acadêmico, social e pessoal dos estudantes. Dessa forma, o objetivo é estabelecer um ambiente colaborativo, em que ambos os lados agem em conjunto, propondo ideias e conceitos para potencializar o trabalho dos professores nas salas de aula.
“Entre os impactos positivos na formação das crianças e adolescentes, podemos citar a motivação para a aprendizagem, os sentimentos de proteção e segurança, a promoção e desenvolvimento de habilidades sociais, o estímulo para prosseguir estudando, a prevenção de abandono da escola, o estímulo aos comportamentos saudáveis, entre outros”, destaca Oralda Adur de Souza, psicóloga, doutora em Educação e autora de livros sobre a relação família e escola pela Editora Opet.
Até porque, o conhecimento passado nas salas de aula também é reverberado fora dos muros das escolas. Além dos deveres de casa, a inserção da educação e de boas práticas de ensino
dentro das famílias auxilia os estudantes na formação de uma identidade cidadã e na construção do senso crítico. O desenvolvimento dessa relação também auxilia no combate a problemas dentro da escola. Um dos exemplos é o bullying, já que a participação dos pais na rotina acadêmica dos estudantes é vital para combater essa prática e fomentar um ambiente mais humanizado dentro das instituições de ensino.
Construindo pontes
“As escolas podem e devem ir muito além das reuniões para entrega de notas ou de momentos festivos para incentivar o diálogo e uma maior participação dos pais ou responsáveis. É necessário que as instituições desenvolvam programas de colaboração com o objetivo de favorecer uma cultura de parceria entre ambas as partes”, complementa a psicóloga.
Programas colaborativos voltados para o desenvolvimento social, emocional, físico e intelectual dos jovens são exemplos dessas interações. O projeto pode ser discutido com a comunidade escolar e ser efetivado ao longo de cada ano letivo, com avaliação de resultados. Essa iniciativa, com coparticipação família-escola, vai além de um simples documento e, para isso, precisa contar com a participação de todos os envolvidos.
As escolas também podem estimular a
“Para que essa sinergia promova impactos positivos, é preciso a colaboração entre escola e família.”
presença dos pais dentro do ambiente escolar por meio de reuniões pedagógicas periódicas, apresentação de atividades abertas à família, deliberações coletivas, práticas esportivas, festividades e eventos na comunidade, escola de pais e muitas outras ações para tornar o dia a dia da escola mais rico e colaborativo.
“A família desempenha grande influência nas relações das crianças com a escola e sua presença no espaço escolar contribui significativamente no desenvolvimento do sentimento de confiança que vai alicerçar uma cognição efetiva. Crianças adaptadas e seguras, com pais engajados, impactam de
maneira significativa o planejamento institucional, pois ratificam valores empreendendo ações que favorecem a todos”, finaliza a diretora.
“As escolas podem e devem ir muito além das reuniões para entrega de notas ou de momentos festivos para incentivar o diálogo e uma maior participação dos pais ou responsáveis”
Do quadro negro aos meios on-line
Educação midiática estimula o uso consciente de novas tecnologias e potencializa as capacidades dos estudantes no ambiente escolar
Por Nathalie OdaAs notícias nos jornais, as mensagens de aplicativos de conversa e os conteúdos em redes sociais são apenas uma parte da quantidade imensa de informações a que adolescentes e jovens são expostos diariamente em diversos meios. O equilíbrio e o filtro desses materiais, no entanto, são as peças-chave para que a relação entre o indivíduo e a mídia seja proveitosa. Em fase de formação tanto física, quanto intelectual, os estudantes do ensino médio são bombardeados com mensagens a todo tempo. Por um lado, o desenvolvimento enquanto cidadãos aproxima os jovens dos cenários político, econômico e social. Por outro, a necessidade de análise crítica apresenta limitações para o entendimento e para o manuseio de tantas plataformas.
Viviane Ongaro, professora dos cursos de Comunicação e Tecnólogos do Centro Universitário UniOpet e doutora em educação na linha de pesquisa de Mídia-Educação, ressalta que a compreensão do fluxo comunicacional na sociedade contemporânea e dos meandros que envolvem a proliferação das informações tornou-se um exercício obrigatório em todas as etapas da vida.
“A fase que corresponde ao Ensino Médio é ainda mais característica, já que os jovens estudantes, neste período, buscam seu lugar na sociedade e constantemente expõem suas opiniões - algumas vezes sem uma reflexão prévia - aos seus pares, utilizando, para isso, os recursos ofertados pelas ferramentas digitais”, complementa.
Vista a intensidade desse contato, Ongaro adverte também sobre os perigos do uni-
verso tecnológico.
Para ela, camufladas pelo direito à liberdade de expressão, as informações que circulam livremente precisam, na verdade, de uma análise crítica antes de serem disseminadas, curtidas ou compartilhadas pelas redes já que, sem essa filtragem, os conteúdos podem causar prejuízos incalculáveis a terceiros. Por isso, se torna indispensável o entendimento da construção da informação, seu alcance, a credibilidade de quem publica, a importância e a consciência de responsabilização do que se é postado e compartilhado.
A influência do meio
A tecnologia para eles, claro, não é um problema. O assunto em questão é a capacidade de selecionar a qualidade e a quantidade de informações e, a partir disso, compreender e absorver os conhecimentos úteis, seja para o lazer, seja para o estudo. Para fazer essa ponte, a educação midiática é indispensável para complementar as matérias presentes nos currículos escolares e dar subsídio para esses estudantes enfrentarem a era da tecnologia com um senso crítico apurado.
“Vivemos e respiramos comunicação e informação e isso não faz parte apenas do universo adulto, mas do infantil e do juvenil. É um caminho sem volta, queiramos ou não!”
Adriana Veríssimo Karam Koleski, diretora de Ensino Superior do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR) e especialista em Inovação em Educação, aponta que boa parte da comunicação dos jovens, hoje, é feita por meios digitais. “A comunicação estabelece o relacionamento entre as pessoas e esse relacionamento constitui a identidade delas, promove a inserção social e a constituição enquanto ser humano. Isso tem sido mudado pela tecnologia”, observa.
A especialista explica que a tecnologia pode potencializar o processo de aprendizado e oportunizar relações que vão além do mundo analógico. No entanto, é preciso entender o papel dessas ferramentas e fazer escolhas para garantir uma integração estratégica das plataformas no projeto pedagógico das instituições.
“Por outro lado, existem plataformas que entram no ambiente escolar sem pedir licença, pois fazem parte de um movimento social, como é o caso da inteligência artificial de linguagem generativa. Então, a escola precisa conhecê-las e integrá-las. Fazer de conta que essas tecnologias não existem ou, então, proibir o uso delas sem entendê-las não é um caminho produtivo”, orienta.
A mudança de cenários
Sem o devido treinamento, profissionais ficam à deriva na tarefa de orientar e estimular a interação raciocinada com todos os tipos de mídia. Uma vez que esse olhar para a educação midiática não fez parte da formação nas décadas anteriores, professores e gestores podem enfrentar as mesmas dificuldades dos jovens na relação com a mídia.
Sem o entendimento da participação das tecnologias no ambiente escolar, não é possível estimular suas potencialidades no ensino. “Tecnologia por tecnologia não faz sentido. Ela faz sentido enquanto desenvolve e apoia as competências que precisam ser desenvolvidas nos nossos estudantes”, reforça Karam.
A partir dessa compreensão, Ongaro aponta o treinamento dos docentes como o primeiro passo para a mudança desse cenário. “A formação continuada dos profissionais é fundamental para que possam compreender o fluxo comunicacional numa sociedade altamente midiatizada para orientar, assim, os jovens estudantes sobre temáticas que envolvem tanto o uso consciente das tecnologias digitais quanto os riscos que permeiam o universo de notícias inverídicas disseminadas sem filtro e sem controle”, comenta. Para ela, o segundo passo também parte das instituições de ensino, que devem perceber a educação midiática como um processo constante e presente no currículo escolar. “Temas envolvendo a mídia-educação devem navegar naturalmente entre as disciplinas, fazendo com que os estudantes, que convivem diariamente com as tecnologias e com a informação, possam compreendê-las de forma crítica, consciente e responsável”, acrescenta. Assim, unindo as tecnologias ao conhecimento de professores e orientadores, as instituições podem promover uma relação equilibrada entre os estudantes e a mídia, além de contribuir para a formação de uma sociedade mais consciente e apta a acompanhar as velozes mudanças do mundo digital.
Novas diretrizes por maior eficiência
Mudanças na metodologia de ensino começaram a ser aplicadas em 2022 e ainda geram debate dentro da comunidade acadêmica
Por Jorge de Sousa
O Novo Ensino Médio é uma das principais reformas acadêmicas no Brasil neste século. As mudanças na metodologia do Ensino Médio começaram a ser implementadas em 2022 e, desde então, têm sido alvo de diversas discussões entre a comunidade acadêmica. Os debates provocaram o Ministério da Educação (MEC) que deve, ainda este ano, propor alterações no conjunto de normas.
Quando implementado, em 2022, o Novo Ensino Médio foi organizado por áreas de conhecimento e não por matérias, sendo composto pelas quatro áreas: matemáticas e suas tecnologias; linguagens e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias e ciências humanas e sociais aplicadas, além da educação técnica e profissional. Ao todo, serão três mil horas de carga horária para os estudantes, sendo 1,8 mil horas destinadas para as disciplinas da Formação Geral Básica (FGB) e 1,2 mil horas para os itinerários formativos.
As justificativas para a implementação do Novo Ensino Médio foram modificar o cenário à época, em que o MEC avaliou que predominava um ensino de baixa qualidade, generalista, com número excessivo de disciplinas, alto índice de evasão e de reprovação e distante das necessidades dos estudantes e dos problemas do mundo contemporâneo.
“Ao colocar a possibilidade da oferta do ensino técnico, o Novo Ensino Médio trouxe uma flexibilidade interessante para que a escola particular possa oferecer educação profissional de qualidade e adequada para os adolescentes que cursam o ensino médio. Cabe às escolas particulares, com sua costumeira competência, criar opções profissionalizantes adequadas às necessidades de um mercado em constante mudança.”
“É preciso diminuir o núcleo comum, inflado por conteúdos distantes das necessidades dos alunos, propiciando que o estudante possa conhecer e aprender aquilo que será necessário na sua vida adulta e implantar itinerários que permitam que os alunos possam desenvolver melhor o que aprenderam na FGB ou que possam cursar disciplinas técnicas que os levem a sair do ensino médio já preparados para o trabalho”, pontua Celso Hartmann, 2º vice-presidente do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR).
No entanto, desde a implementação, diversos setores da educação brasileira têm criticado a proposta. Dessa forma, o MEC apresentou, no mês de agosto, algumas propostas de mudanças ao texto do Novo Ensino Médio. Alguns dos temas serão incluídos como projeto de lei encaminhados ao Congresso Nacional ou promulgados via portaria ou decreto do Ministério.
“Não é razoável esperar que as escolas particulares implementem mudanças profundas no ensino médio e criem itinerários adequados ao desenvolvimento dos estudantes sem que se saiba como será o principal instrumento de avaliação do ensino médio brasileiro. Isso desestimula as escolas a criarem itinerários transformadores, que façam os alunos aplicarem seu conhecimento, e estimula que os itinerários sigam as diretrizes previstas nas normatizações legais”, complementa Hartmann.
Dentro do cenário de instabilidade, as escolas particulares têm trabalhado para oferecer aos estudantes as melhores condições para se adaptarem ao novo cenário, como a possibilidade do oferecimento da educação profissionalizante.
Entre as mudanças apontadas pelo
MEC estão:
| Aumento da carga horária para a formação básica dos estudantes para 2,4 mil horas, ou seja, 80% da carga total para áreas comuns;
| Manutenção do conteúdo programático atual para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2023 e 2024;
| Inserção do inglês e espanhol (alternativamente), literatura, história, sociologia, geografia, química, física, biologia e educação digital junto de português, matemática, educação física, arte e filosofia como disciplinas obrigatórias;
| Vedação do ensino a distância para as disciplinas básicas;
| Duas ao invés de quatro opções de percursos de aprofundamento entre linguagens, matemática e ciências da natureza; e linguagens, matemática, e ciências humanas e sociais; além da formação técnica e profissional.
Foco na qualidade
Ensino a distância cresce exponencialmente no Brasil e instituições de ensino precisam manter em alta os indicadores educacionais
O ensino a distância (EAD) é uma realidade dentro do ensino superior no Brasil. Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e do Ministério da Educação (MEC), entre os anos de 2011 e 2021, o número de ingressantes em cursos de graduação a distância aumentou 474%, saltando de 18,4% do total para 62,8%, enquanto a taxa de novos alunos na modalidade presencial caiu 23,4%.
O crescimento foi alavancado pelos cursos de graduação em instituições privadas de ensino.
Em 2019, pela primeira vez na série histórica, o número de ingressantes em cursos de EAD superou o da modalidade presencial na rede particular. Em 2021, esse número chegou a 70,5% dos estudantes totais dos centros educacionais.
Ao todo, 2.574 instituições de educação superior foram registradas no Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2021. Dessas, 87,68% (2.261) eram privadas e 12,2% (313), públicas. No mesmo ano, 96,4% das vagas abertas foram de responsabilidade das instituições particulares.
“O EAD é uma realidade há vários anos, principalmente para a formação de professores. O que estamos vivenciando na atualidade é a inserção de novos cursos na modalidade, tais como: engenharia, agronomia e saúde. O formato democratizou o acesso e a permanência num país em que o ensino superior era um privilégio para poucos”, explica Dinamara Pereira Machado, diretora de EAD do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe-PR).
Dentro desse cenário, fica claro que o ensino a distância não está apenas estabilizado, mas segue em crescimento exponencial no Brasil. Por isso, é importante voltar os olhares aos centros
de ensino para que, em meio à alta demanda, a qualidade do ensino ofertada não sofra prejuízos, seja por meio do corpo docente ou pela infraestrutura oferecida aos estudantes.
“Apesar de termos regras idênticas de credenciamento, autorização e reconhecimento de cursos, ainda considerando as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), encontramos no mercado educacional uma discrepância na oferta. Cursos que não possuem uma quantidade mínima de anos para integralização, como posto na mesma legislação, continuam concorrendo. Falta fiscalização do MEC e dos Conselhos de Classe para além da visita in loco”, prossegue.
O EAD vai além da realização de uma videoaula. Trata-se de um processo educacional. Por isso, é importante combater o barateamento dentro do segmento, para evitar no mercado a entrada de instituições de ensino que não oferecem o suporte necessário para a aprendizagem dos estudantes, bem como o preparo desse profissional para o mercado de trabalho e a inserção dos indivíduos na sociedade como cidadãos e agentes de transformação.
“Os desafios estão centrados na concorrência desleal, em que impera o preço e não a qualidade. Quando o preço da mensalidade é a única referência para uma instituição de ensino, se negligencia os demais fatores, como a formação dos professores, o plano de carreira e as práticas formativas para os estudantes”, discorre a diretora.
O processo educacional como um todo passa por um maior entendimento sobre o próprio
EAD. Afinal, esse método de ensino não consiste apenas na relação entre o professor, que
propõe as atividades, e um aluno passivo, que não dá continuidade a esse processo de discussão e, consequentemente, de aprendizado. O estudante precisa ser ativo e, para isso, é necessário que haja estímulos do corpo docente para uma maior proposição de atividades e debates, em especial com a utilização proveitosa de ferramentas tecnológicas. “Professores no processo de transição desenvolvem capacidades além de trabalhar com televisão educativa, com ambiente virtual de aprendizagem e com o poder da interação pelas mídias sociais. O professor, no ensino a distância, transita entre a produção de livros, a interação com suporte de tecnologias e, ainda, realiza docência nas aulas ao vivo ou gravadas. É um profissional multifacetado”, complementa.
Outra adequação importante que o modelo pode oferecer é uma ementa mais flexível e que leva em conta a realidade socioeconômica das regiões em que os estudantes estão inseridos. Os novos mercados da educação não englobam apenas os cursos tradicionais, mas, sim, disciplinas nichadas que vão de encontro a esses cenários regionais, fundamentais para maior assertividade com as necessidades profissionais dos alunos.
“Após mais de 30 anos atuando no EAD, acredito que precisamos de um novo momento para ressignificar o entendimento acerca da qualidade e entender que os novos cursos, em diferentes cenários, irão se mesclar.
Em um futuro próximo, compreenderemos o processo de aprendizagem como híbrido, para além de uma modalidade de ensino”, finaliza a especialista.
O professor que antes sujava as mãos de giz para passar ao quadro negro o conteúdo da aula, hoje expõe seus slides em projetores e compartilha arquivos de aula por plataformas on-line. Os estudantes que carregavam inúmeros cadernos nas mochilas, agora aprendem línguas, fórmulas e fatos históricos através de dispositivos digitais que cabem em uma mão. As dinâmicas em sala de aula mudaram e, da mesma forma, a profissão. As novas tecnologias transformaram a educação e os docentes passaram a ser alunos em cursos de especialização e treinamentos de capacitação para acompanhar as rápidas mudanças do mundo digital. Essa transformação deve, no entanto, ser acompanhada de uma reflexão sobre o equilíbrio entre as facilidades tecnológicas e os fundamentos que devem continuar sendo alicerces na educação. Para falar sobre o assunto, Jacir J. Venturi une os mais de 48 anos de experiência como educador às análises atuais envolvendo as novas tecnologias e o setor educacional. O professor, pesquisador e membro do Conselho de Ex-Presidentes do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR) concedeu uma entrevista exclusiva à Revista Escada. Confira:
A docência frente às novas tecnologias
Jacir J. Venturi, professor e pesquisador, comenta as mudanças do mundo digital e as consequentes transformações no papel dos docentes
Por Nathalie OdaAs novas tecnologias educacionais podem comprometer o desenvolvimento das habilidades socioemocionais?
Jacir J. Venturi: Cabe à escola conjugar o repasse do conhecimento produzido historicamente pela humanidade – principalmente com foco no desenvolvimento do raciocínio lógico, pensamento crítico, boa escrita e boa oralidade. Ademais, se há algumas décadas se enfatiza o importante papel da escola na socialização e no desenvolvimento das habilidades socioemocionais, um novo desafio se impõe: proporcionar também uma boa fluência digital. Sem isso, faltarão habilidades importantes para enfrentar a vida adulta, especialmente o mercado de trabalho.
A inteligência artificial no cenário escolar, gostemos ou não, é uma realidade crescente?
Jacir J. Venturi: A escola tem um papel fundamental, pois a ela é incumbida grande parcela da responsabilidade em preparar crianças e jovens para enfrentar os desafios vindouros. Grande parte dos empregos do futuro dependerá predominantemente da capacidade de articular diversas áreas do conhecimento e de trabalhar eficientemente em conjunto com a inteligência artificial. Diferentemente do passado, cada vez menos importante é o domínio de informações, memorizações ou técnicas específicas, que podem ser facilmente evocadas e aplicadas quase que instantaneamente pela máquina, o que propomos chamar de coautoria do trabalho.
Há necessidade de mudança no perfil do professor em relação a 10 ou 15 anos atrás?
Jacir J. Venturi: Muitos bons didatas do passado, com suas aulas expositivas bem-preparadas e bem dadas, estão perdendo espaço por não conseguirem o mesmo êxito em plataformas digitais. As características de uma boa aula expositiva não se perdem, porém é necessária a ênfase às metodologias ativas e ao uso de tecnologias educacionais. O professor precisa se atualizar, se capacitar. Nesse aspecto, valho-me de uma metáfora: os professores estão sendo convidados a embarcar em um ônibus de ida, sem retorno. A maioria embarca e no caminho se capacita, se adapta, é darwinista e segue em frente, mas alguns desembarcam ou são desembarcados.
O professor do século 21, pode ser substituído por máquinas?
Jacir J. Venturi: Diria que o professor do século 21 não vai ser substituído por máquinas, mas pode ser substituído por outro professor que tem boa capacitação para o uso dessas tecnologias educacionais. O professor tende a ser, mais do que nunca, exaltado, porém não mais como um expositor de conteúdos, mas sim transfigurado em mediador, mentor, motivador. Afinal, com os avanços das tecnologias educacionais e a informação ao alcance das mãos, a escola deve melhor equilibrar as habilidades cognitivas com as socioemocionais. Neste cenário desafiador, a maioria dos docentes se sente despreparada para uma boa mediação tecnológica, porém muito apreciaria receber capacitação na instituição de ensino, conforme indicam pesquisas.
Um dos principais desafios das instituições de ensino é a escolha de profissionais para funções de gestão, como diretores e coordenadores. Afinal, não é simples a busca por gestores que aliem o conhecimento técnico em educação às qualidades administrativas como planejamento, visão de negócios, comunicação e liderança.
Dentro desse cenário, muitas instituições, ao não encontrarem profissionais com tais características, buscam dentro do corpo técnico essa contratação. Mesmo com experiência educacional, docentes e outros funcionários, ao assumirem cargos de gestão, apresentam falta de habilidades necessárias para essa função, o que pode acarretar em dificuldades no novo cargo.
“Esse profissional irá se ver diante de números, resultados, controle de vazão e qualidade de aprendizagem, que vão
Demanda e valorização altas
Gestores educacionais com formação e experiência são visados pelo mercado
além das questões pedagógicas. Então, vejo como uma dificuldade a necessidade de ensino a esses novos gestores de toda a base de gestão organizacional, porque, seja uma escola ou uma faculdade, existe uma estrutura organizacional, uma empresa”, explica Everton Drohomeretski, diretor Administrativo do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR).
A mudança profissional obriga os profissionais a adquirirem novas competências na rotina acadêmica, como a tomada de decisões impopulares dentro da instituição de ensino, por exemplo. Assim, a comunicação e a liderança são características fundamentais para um bom gestor dentro da educação.
“É como sair do campo de futebol e não ser nem o técnico, e sim o gestor do clube. Então, a grande dificuldade é transformar esses hábitos diários da profissão em pensamentos estratégicos”
“Por isso, é importante buscar formações que aproximem os profissionais do planejamento e da gestão estratégica, porque são necessárias a gestão de equipe e a liderança para que os profissionais gerem resultados”, complementa Drohomeretski. A coordenadora das pós-graduações da FAE em Marketing e Comunicação, Patrícia Piana, analisa que é preciso uma análise do cenário educacional no Brasil. A partir dessa visão, é possível traçar dificuldades a serem enfrentadas para formar melhores gestores em educação no país.
| Adaptação às novas demandas educacionais: as novas gerações de alunos têm diferentes formas de aprender e interagir com o conhecimento. Consequentemente, demandam uma abordagem pedagógica mais flexível e tecnologicamente integrada;
| Transformação digital: a transformação digital está revolucionando a forma como a educação é entregue e administrada. Gestores precisam compreender e integrar tecnologias educacionais eficazes, como plataformas de aprendizagem online e ferramentas de ensino remoto, além de lidar com a cibersegurança e privacidade dos dados dos alunos;
| Capacidade de lidar com a diversidade: a educação tornou-se mais inclusiva e diversificada, refletindo a sociedade contemporânea. A gestão educacional deve estar preparada para lidar com a diversidade de alunos, suas necessidades especiais e culturais, promovendo um ambiente de aprendizagem inclusivo e equitativo;
| Desenvolvimento de habilidades socioemocionais: além do conhecimento acadêmico, os gestores devem considerar o desenvolvimento de habilidades socioemocionais dos alunos, as ditas soft skills, como empatia, resolução de conflitos e pensamento crítico, e como integrá-las aos currículos escolares;
| Gestão financeira e sustentabilidade: as instituições educacionais enfrentam desafios financeiros, especialmente em períodos econômicos desafiadores. Dessa forma, os gestores precisam ser hábeis em gestão financeira e buscar alternativas de receitas para garantir a sustentabilidade da instituição.
“A dica é que esses profissionais se tornem gestores, que não se esqueçam da experiência como docente, mas que entendam que eles não são mais os técnicos, e sim os diretores do clube. Agora, eles têm que pensar em resultados, planejamento orçamentários e estratégias de crescimento. Essa pessoa que consegue planejar, tocar uma equipe muito bem e dar resultados vai conseguir ser valorizada. No entanto, é preciso mudar a chave, porque agora ela gere um negócio educacional”, pontua Drohomeretski.
Caminho para a qualificação
Dentro dessas novas funções, é importante que os profissionais busquem maior escopo acadêmico para exercerem esses cargos. Um dos caminhos é buscar graduações ou pós-graduações nas áreas de Administração, Ciências Contábeis, Pedagogia, Gestão e Economia ou, até mesmo, um MBA executivo.
“As próprias unidades podem trazer essas oportunidades para dentro, oferecendo cursos mais específicos para formar profissionais com capacidades em liderança, gestão financeira, orçamento, marketing, gestão de recursos e planejamento”, prossegue o diretor.
Por isso, é importante que gestores e instituições de ensino caminhem lado a lado para maior profissionalização dessa atividade, formando um ambiente acadêmico mais analítico e capaz de resolver problemas, sendo mais justo com o corpo técnico e abraçando a tecnologia como ferramenta de inovação.
“Um gestor precisa estar familiarizado com as tendências tecnológicas e saber como aplicá-las de maneira eficaz para melhorar a experiência educacional. Obviamente, o desenvolvimento de uma mentalidade de aprendizagem contínua é fundamental. Participar de cursos de atualização, workshops, conferências e buscar networking são maneiras de se manter informado sobre as últimas tendências e melhores práticas na gestão educacional”, finaliza Piana.
Autismo e Cuidado
Quando: 26 e 27 de setembro, às 19h.
18, 19 e 25 de outubro, às 19h
Onde: Mais informações no site do Sinepe/PR
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Onde: Híbrido. Mais informações no site do Sinepe/PR
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DESTAQUE
Homenagem ao
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