António Antunes, Caricaturas do metro Aeroporto - excerto

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Joaquim Vieira

CARICATURAS DO METRO AEROPORTO

Em finais do século XIX, Rafael Bordalo Pinheiro criou em folha de jornal o seu Álbum das Glórias, caricaturando personagens relevantes da sociedade portuguesa. Cinco gerações depois, António, em suporte mais resistente, segue-lhe os passos, actualizando a identidade das eminências portuguesas (e demonstrando a imutável concentração em Lisboa da macrocefalia nacional). Uma das personagens retratadas por Rafael foi o seu Zé Povinho, e mesmo esse António não deixou de fora, desenhando-o junto ao seu criador, como se fosse a 51.º personagem deste painel. É o fecho de um ciclo, e Portugal que continua.

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O novíssimo Álbum das Glórias Joaquim Vieira

O viajante do metropolitano de Lisboa, sendo mais provável que tenha nacionalidade portuguesa, sai na estação do Aeroporto da Portela e é surpreendido pelas caricaturas gigantes, a preto-e-branco sobre as paredes do cais, de quatro figuras políticas que ele bem conhece da recente história do seu país, cada uma delas de corpo inteiro, sentada numa cadeira de estilo clássico. O viajante de avião acabado de aterrar na capital, com grandes hipóteses de ser estrangeiro, desce ao comboio subterrâneo e fica do mesmo modo surpreendido, no amplo corredor de acesso à estação, pela distribuição, ao longo das paredes, de quase duas outras dezenas de caricaturas de personagens para ele desconhecidas — com a excepção, talvez, de Fernando Pessoa —, mas que adivinha, pela forte individualização fisionómica de cada uma delas, representarem gente viva, seja no passado ou no presente. O projecto do designer gráfico, caricaturista e cartoonista António Moreira Antunes — que assina apenas António — para a ornamentação do terminal do metro no aeroporto de Lisboa distingue-se deste modo, antes do mais, pelo efeito de surpresa que provoca no observador desprevenido. Tanto mais assim é que (à excepção de um caso com artistas do tango em Buenos Aires) julgo nenhuma outra estação de metro ter adoptado tal solução decorativa em qualquer parte do mundo. Tenho para mim que uma caricatura é tanto mais eficaz quanto melhor o observador conhece a imagem original do caricaturado, que usará como termo de comparação. Por isso imagino que nacionais e estrangeiros reagirão de forma

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diferente às imagens, os primeiros num jogo de correspondências («Deixa ver se sei quem é este. Está bem ou mal caricaturado? Merece aqui estar?»), os segundos num jogo de mistério («Que faz esta gente aqui? Deverei procurar saber? Como? Terei as respostas quando partir? E estarei mesmo interessado nisso?»). Mas uma coisa é certa: estas ilustrações não deixam ninguém indiferente. São meia centena os protagonistas assim retratados, em caricaturas larger

than life (em média com dois metros de altura), que se espalham pelas várias paredes da estação, interpelando o transeunte até ao dobrar uma esquina ou descer uma escada. O critério de selecção — sempre complexo e difícil neste tipo de circunstâncias — incidiu sobre pessoas relacionadas com a capital portuguesa que se notabilizaram nos seus ramos de actividade, se notabilizaram e, como diria o vate, da lei da morte se foram libertando. Entre as celebridades assim consagradas abaixo do nível do solo na Portela, distinguimos escritores (a maioria relativa), artistas plásticos, músicos, actores, arquitectos, filósofos, desportistas ou até mesmo políticos. Cada um tem direito ao seu próprio desenho autónomo, à excepção dos aviadores Gago Coutinho e Sacadura Cabral, unidos tanto na pioneira travessia aérea do Atlântico Sul como nesta representação de ambos junto ao aeroporto de Lisboa — onde, mais do que quaisquer outros, conquistaram o seu direito de aqui terem um lugar. António recebeu esta encomenda em 2005, e o processo da sua concretização passou por três administrações da empresa Metropolitano de Lisboa, tendo a inauguração da estação tido lugar no Verão de 2012. A juntar ao método da escolha dos caricaturados empreendida pelo autor, houve que considerar as próprias opções dos vários administradores que se foram sucedendo e entenderam ter uma palavra a dizer sobre essa ponderosa questão. De início (com uma ambição que incluía a representação de mais gente), projectou-se que a selecção incidiria apenas sobre personalidades do século XX. Mas o próprio António entendeu que seria para ele incontornável a inclusão de Eça de Queirós como contribuinte líquido para a construção da capital que todos conhecemos (por motivos que dispensam demonstração), e assim — diria eu — o crité-

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rio passou a versar sobre pessoas que mais ajudaram a construir a modernidade da Lisboa de hoje nas suas mais variadas facetas (quer essas pessoas tivessem ou não nascido na cidade). Tanto mais que outra das figuras caricaturadas, Rafael Bordalo Pinheiro — caricaturista ele próprio e portanto desempenhando aqui o papel de arroseur arrosé —, respirou também, sobretudo, a cidade (e sociedade) queirosiana. Mas mesmo o critério da centralidade lisboeta, por sugestão de uma das administrações da empresa, foi subvertido pela inclusão de Amadeo de Souza-Cardoso, tão minhoto como o arroz de sarrabulho, cuja ligação a Lisboa se ficou apenas pela frequência de um ano na Academia de Belas Artes e por uma exposição em finais de 1916. Tratou-se porém de uma exposição polémica, recebida por olhos que não estavam preparados para a ver, que fez história mais pelo que significou de incursão vanguardista em solo adverso do que pelo número de visitantes, e que permitiu a Almada Negreiros — também eleito por António para o elenco da Portela — classificar o amigo como «a primeira descoberta de Portugal na Europa do século XX» — e só por isso valeria a pena a inclusão de Amadeo nesta galeria de notáveis. Outra fuga à norma foi com Paula Rego, muito mais londrina do que outra coisa qualquer, mas que a Grande Lisboa tem procurado perfilhar, com mostras de consagração, encomendas diversas e a Casa das Histórias de Cascais. O mesmo se poderia ainda dizer da presença da parisiense Maria Helena Vieira da Silva, que tem a seu favor a certidão de nascimento lisboeta e a póstuma abertura na cidade de uma fundação e centro de exposições com o seu nome e o do marido, o húngaro Arpad Szenes. Tudo isto prova afinal a vocação cosmopolita de Lisboa, pretérito centro de irradiação dos Descobrimentos, tornando natural — logo no seu aeroporto — a apropriação destes nomes pelo empreendimento de António. Tal como natural, dentro do mesmo princípio, foi seleccionar alguém que nem sequer nasceu em Portugal ou teve nacionalidade portuguesa: o arménio naturalizado britânico Calouste Gulbenkian. Elegendo Lisboa como local de refúgio, Gulbenkian deixou

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Durante o processo de produção, na fábrica.

compete a sua talentosa intervenção semanal no Expresso, tem vindo, ao longo de décadas, tanto a incomodar poderes e interesses como a despertar consciências — e sempre através do riso com que se zurzem os costumes. Desta vez resolveu saltar do papel, frágil e efémero, para a pedra, anterior e posterior à humanidade. Fê-lo com a consciência de que o traço teria de ser mais depurado, reduzido ao essencial, e por isso mesmo mais preciso do que nunca. Acertou em cheio — basta verificar como os circunstantes se detêm para observar as suas caricaturas, comentá-las e até fotografá-las. O autor exigiu — e obteve — um mármore imaculado, sem quaisquer veios, nervuras ou outros sinais de impurezas, quer o branco que aqui — passe a redundância — faz o papel do papel, e que o empreiteiro foi encontrar na helénica Thassos, quer o negro equivalente ao traço da tinta da china, oriundo da Bélgica. Tudo assente — como que incrustado — em paredes forradas com a muito alfacinha pedra de lioz. O resultado é um prodígio do ponto de vista técnico, com os mármores cortados a jacto de água numa precisão que apenas o controlo digital permite, e assentando com tanto rigor que nem a passagem do dedo dei-

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xa adivinhar a existência das juntas. Tratou-se ainda de um lúdico desafio para operários habituados a trabalhos decorativos de natureza repetitiva, que, ao invés, se depararam aqui com uma tarefa mais difícil, é certo, mas mais criativa. E há notícia da sua entusiástica adesão a esta empreitada. Se poderá ter sido difícil conciliar neste projecto a componente arquitectónica com a componente gráfica, houve ainda que encontrar um equilíbrio entre a parte artística e a parte comercial — e a resposta final só se saberá depois de colocados os painéis publicitários nas paredes da estação, que, no momento em que o presente livro é impresso, ainda estão em falta. Por enquanto, as caricaturas de António expõem-se, em fundos depurados, à plena apreciação de passantes e visitantes. É talvez o melhor momento para as poder usufruir. Em finais do século XIX, Rafael Bordalo Pinheiro criou em folha de jornal o seu Álbum das Glórias, caricaturando personagens relevantes da sociedade portuguesa. Cinco gerações depois, António, em suporte mais resistente, segue-lhe os passos, actualizando a identidade das eminências portuguesas (e demonstrando a imutável concentração em Lisboa da macrocefalia nacional). Uma das personagens retratadas por Rafael foi o seu Zé Povinho, e mesmo esse António não deixou de fora, desenhando-o junto ao seu criador, como se fosse a 51.ª personagem deste painel. É o fecho de um ciclo, e Portugal que continua.

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Desenhos de pedra do centímetro ao metro António Antunes

Estes desenhos nas paredes da estação de metro do Aeroporto podem ser, para muita gente, uma surpresa, por virem de um autor conotado com a imprensa e aparecerem, aqui, fora desse contexto — e também por se tratar de caricaturas. Se por um lado, a primeira razão, para os mais atentos, não é propriamente uma grande surpresa, já que há muito vinha fazendo incursões fora das páginas dos jornais, na escultura, na medalhística e no design gráfico; já a segunda é, seguramente, uma surpresa maior, tratando-se da caricatura a animar um espaço público — aventura nunca ousada em Portugal e também muito pouco frequente noutras paragens. Há, neste projecto, uma linha de continuidade com todo o meu trabalho na imprensa — o humor e o público. Ser cartoonista na imprensa é ter sempre o público como pano de fundo, tal como na animação gráfica desta estação, onde o humor é também denominador comum, ainda que, neste caso, desprovido de qualquer crítica ou acidez, resultando numa homenagem amável a todas as figuras representadas. Quanto às individualidades retratadas nunca haverá consenso: para uns, o conjunto deveria integrar também outras figuras; para outros, há figuras que não deveriam estar ali e, para outros ainda, as duas coisas: figuras que estão a mais e outras que estão a menos. Será sempre assim. E, no entanto, também este conjunto resultou de uma série de contingências — de gosto, de espaço disponível e de escala, entre outros.

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Resta-me esperar pelas opiniões do público e da crítica e deixar aqui o meu reconhecimento às pessoas que, no Metropolitano de Lisboa, acreditaram e acarinharam este projecto.

António Antunes publicou os seus primeiros cartoons no diário lisboeta República, em Março de 1974. No final do mesmo ano, ingressou no semanário Expresso onde continua a publicar as suas obras. Dos prémios recebidos destacam-se: Grande Prémio do XX International Salon of Cartoons (Montreal, Canadá, 1983), 1.º Prémio de Cartoon Editorial do XXIII International Salon of Cartoons (Montreal, Canadá, 1986), Grande Prémio de Honra do XV Festival du Dessin Humoristique (Anglet, França, 1993), Award of Excellence — Best Newspaper Design, SND — Estocolmo, Suécia (1995), Premio Internazional Sátira Politica (ex-æquo, Forti dei Marmi, Itália, 2002), Grande Prémio Stuart Carvalhais (Lisboa, Portugal, 2005) e o Prix Presse International (St. Just-Le-Martel, França, 2010). Realizou exposições individuais em Portugal, França, Espanha, Brasil, Alemanha e Luxemburgo. Publicou, entre outros, os livros, António — 20 anos de Desenhos (1994), Desenhos Satíricos (2000) e Traços Contínuos (2005); integrando também as colectâneas, Cartoons do Ano, desde 1999, e as internacionais, 1970’s The Best Political Cartoon of Decade (1981), The Finest International Political Cartoons of Our Time, volumes I, II e III (1992, 1993 e 1994) e Cartoonometter (1994). Foi júri de salões de desenho humorístico em Portugal, Brasil, Grécia e Turquia. António dedica-se também ao design gráfico, à Escultura e à Medalhística. É director do salão de humor gráfico, World Press Cartoon.

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Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905)

«Genuinamente português por constituição e por temperamento, de olhos pretos, nariz grosso, cabelo crespo, tendendo para a obesidade, ele é um sensual, um voluptuoso, um dispersivo, um desordenado», escrevia Ramalho Ortigão, em 1891. A «Vendedeira de Queijos», o «Vendedor de Fósforos», «O Espirra-Canivetes», «O Vendedor de Palitos e Rocas», «Os Jogadores de Gamão», os célebres retratos do Zé Povinho — explorado e sofredor, queixoso e lamuriento, mas ainda assim conformado, sem querer perder pitada do drama político ou da vizinha —, o pançudo John Bull, as caricaturas de O Calcanhar d’Aquiles, a folha humorística A Berlinda, o periódico semanal

O Binóculo, A Lanterna Mágica, jornal dedicado à crítica social, em colaboração com Guilherme de Azevedo e Guerra Junqueiro. Referências dispersas, em comum a intervenção atenta e crítica à vida portuguesa da segunda metade do século XIX, dos costumes das gentes à política e às instituições. Do desenho passa para a cerâmica, ainda o humor e a caricatura. A fundação da Fábrica de Faianças nas Caldas da Rainha, sob a sua direcção artística, veio dinamizar uma arte dita ancestral.

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Índice

O novíssimo Álbum das Glórias, Jo aquim Vieira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Desenhos de pedra do centímetro ao metro, António Antunes. . . . . . . . . .

19

Caricaturas do Metro Aeroporto Eça de Queirós (1845-1900) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

22

Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

24

Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

26

Viana da Mota (1868-1948) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

28

Calouste Gulbenkian (1869-1955) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

30

Gago Coutinho (1869-1959) / Sacadura Cabral (1881-1924) . . . . . . . . . . .

32

Egas Moniz (1874-1955) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

34

António Sergio (1883-1969) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

36

Aquilino Ribeiro (1885-1963) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

38

António Silva (1886-1971) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

40

Amadeo de Souza-Cardoso (1887-1918) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

42

Stuart Carvalhais (1887-1961) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

44

Fernando Pessoa (1888-1935) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

46

Luís de Freitas Branco (1890-1955). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

48

Almada Negreiros (1893-1970) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

50

Pardal Monteiro (1897-1957) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Vasco Santana (1898-1958) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

54

Cassiano Branco (1898-1969) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

56

Ferreira de Castro (1898-1974) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

58

Leopoldo de Almeida (1898-1975) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

60

Duarte Pacheco (1900-1943) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

62

Vitorino Nemésio (1901-1978) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

64

Fernando Lopes Graça (1906-1994) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

66

Agostinho da Silva (1906-1994) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

68

Beatriz Costa (1907-1996) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

70

Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

72

João Villaret (1913-1961) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

74

Álvaro Cunhal (1913-2005). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Vergílio Ferreira (1916-1996) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

78

Sophia de Mello Breyner (1919-2004). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

80

Amália Rodrigues (1920-1999) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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José Saramago (1922-2010) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

84

Natália Correia (1923-1993) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

86

Mário Cesariny (1923-2006) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

88

Alexandre O’Neill (1924-1986). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

90

Mário Soares (1924) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

92

José Cardoso Pires (1925-1998) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

94

Carlos Paredes (1925-2004) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

96

Júlio Pomar (1926) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

98

David Mourão-Ferreira (1927-1996) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 João Abel Manta (1928) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102 Raul Solnado (1929-2009) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 Francisco Sá Carneiro (1934-1980). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106

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Paula Rego (1935). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108 Diogo Freitas do Amaral (1941) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110 Eusébio (1942) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 António Lobo Antunes (1942) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114 Maria João Pires (1944) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116 Carlos Lopes (1947) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118

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CARICATURAS DO METRO AEROPORTO

Em finais do século XIX, Rafael Bordalo Pinheiro criou em folha de jornal o seu Álbum das Glórias, caricaturando personagens relevantes da sociedade portuguesa. Cinco gerações depois, António, em suporte mais resistente, segue-lhe os passos, actualizando a identidade das eminências portuguesas (e demonstrando a imutável concentração em Lisboa da macrocefalia nacional). Uma das personagens retratadas por Rafael foi o seu Zé Povinho, e mesmo esse António não deixou de fora, desenhando-o junto ao seu criador, como se fosse a 51.º personagem deste painel. É o fecho de um ciclo, e Portugal que continua.

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