Jorge Martins, «Cadernos | Cuadernos 1964-2020»

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Jorge Martins CADERNOS CUADERNOS 1964-2020



Jorge Martins CADERNOS CUADERNOS 1964-2020

edição | edición

Óscar Alonso Molina textos

Óscar Alonso Molina Joana Baião Miguel Fernández-Cid José Gil Jorge Martins

D O C U M E N TA M A RC O Museo de Arte Contemporánea de Vigo



Miguel Fernández-Cid Que «crime» comete um pintor ao pintar um quadro? ¿Qué «crimen» comete un pintor al pintar un cuadro?

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Óscar Alonso Molina Ideias para um auto-retrato Ideas para un autorretrato

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Joana Baião Um texto é um texto e não é um texto. Transcrever Jorge Martins Un texto es un texto y no es un texto. Transcribir a Jorge Martins

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José Gil Uma espécie de dandismo Una especie de dandismo

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Jorge Martins Pré-Post Pre-Post

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CADERNOS | CUADERNOS 1964-2020

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HAI KU(ASE) | HAIKU (CASI) 2009-2011

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Sombras y Paradojas de Jorge Martins (MARCO)

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QUE «CRIME» COMETE UM PINTOR AO PINTAR UM QUADRO?

M IGUEL F ERNÁNDEZ -C ID Para Antonio Franco, tão próximo

«Who is the third who walks always beside you?» T.S. Eliot. The Waste Land, 1922 («Quem é o terceiro que caminha sempre a teu lado?», T.S. Eliot, A Terra Sem Vida)

Há artistas que, ao escreverem, recriam questões técnicas, outros que anunciam o novo ou argumentam as suas posições éticas ou estéticas; há os que comentam a obra, a sua ou a de outros, valorizando-a ou criticando-a; outros, seja qual for o assunto, referemse sempre à arte. Alguns realçam certos aspectos e explicam-nos, oferecendo excelente literatura. Umas vezes são sistemáticos na organização, outras é o acaso que os guia. Quase sempre permitem que nos envolvemos e uns poucos incitam à imersão, à paixão. Os escritos reunidos neste livro não nasceram como textos soltos, individuais, pensados para publicar sob pretexto de um evento ou por uma necessidade estética concreta: nasceram acompanhando esboços, apontamentos e essas revelações que fazem dos cadernos dos artistas um desses tesouros em que apetece entrar, passear à maneira de Robert Walser e entreter-nos. Jorge Martins expôs uma ampla selecção dos seus desenhos no Museo Extremeño e Iberoamericano de Arte Contemporáneo, o MEIAC de Badajoz, o MEIAC de Antonio Franco, seu director durante os primeiros 25 anos. A exposição, comissariada por Óscar Alonso Molina, contava com o apoio da Fundação Carmona e Costa, que tinha editado uma publicação cuidadosamente desenhada por Manuel Rosa. «A minha mais “bonita” exposição», anota Martins num caderno a 18 de Outubro de 2018. Programámos uma segunda edição, com os mesmos apoios, para o MARCO de Vigo no final de 2019. A montagem e as obras variaram, em função dos espaços. Queríamos dar um bónus à mostra e propusemos ao artista a inclusão de umas vitrinas com uma selecção dos seus cadernos de notas; era fácil imaginar que existiam, porque nalguns catálogos publicava pequenas frases e aforismos de cariz poético, mas de uma maneira que pareciam títulos destinados a dar ritmo à publicação. A surpresa foi comprovar, no seu belíssimo atelier em Lisboa, a sua verdadeira dimensão, e que os 8


¿QUÉ «CRIMEN» COMETE UN PINTOR AL PINTAR UN CUADRO?

M IGUEL F ERNÁNDEZ -C ID Para Antonio Franco, tan próximo

«Who is the third who walks always beside you?» T. S. Eliot. The Waste Land, 1922 («¿Quién es el tercero que camina siempre a tu lado?», T. S. Eliot, La tierra baldía)

Hay artistas que, cuando escriben, recrean cuestiones técnicas, otros que señalan novedades o razonan con argumentos sus posiciones éticas o estéticas; los hay que comentan la obra, propia o ajena, y la valoran o critican; otros, traten de lo que traten, siempre se refieren al arte. Algunos destacan por lo que apuntan y por el cómo, y ofrecen excelente literatura. Unas veces se organizan de un modo sistemático, otras es el azar quien los guía. Casi siempre permiten mecerse en ellos y unos pocos incitan al buceo, a la pasión. Los escritos reunidos en este libro no nacieron como textos aislados, individuales, pensados para publicar con motivo de un acontecimiento o por una necesidad estética concreta: nacieron acompañando a bocetos, apuntes y esas sugerencias que hacen de los cuadernos de los artistas uno de esos tesoros en los que conviene entrar, pasear al modo de Robert Walser y entretenerse. Jorge Martins había expuesto una amplia selección de sus dibujos en el Museo Extremeño e Iberoamericano de Arte Contemporáneo, el MEIAC de Badajoz, el MEIAC de Antonio Franco, su director durante sus primeros 25 años. La exposición, comisariada por Óscar Alonso Molina, contaba con el apoyo de la Fundação Carmona e Costa, que había editado una publicación pulcramente diseñada por Manuel Rosa. «Mi exposición más “bonita”», anota Martins en un cuaderno el 18 de octubre de 2018. Programamos una segunda versión, con los mismos apoyos, para el MARCO de Vigo a finales de 2019. Montaje y obras variarían, en función de los espacios. Queríamos dar un plus a la muestra y propusimos al artista la inclusión de unas vitrinas con una selección de sus cuadernos de notas; era fácil imaginar que existían, porque en algunos catálogos publicaba pequeñas frases y aforismos de pulso poético, pero de un modo que parecían títulos para dar ritmo a la publicación. La sorpresa fue comprobar, en su bellísimo estudio lisboeta, su verdadera dimensión, 9


cadernos contêm em si mesmos a condição de um arquivo, em que se desdobram num ou em vários mundos. Ao artista pedimos que fizesse a selecção, na qual colaborou Óscar Alonso Molina. Em Vigo, durante a montagem, dispôs os cadernos dentro das vitrinas, desordenados. Senti que perdiam o foco de atenção mas supus que tinha os seus motivos; a variedade de formatos e suportes dos cadernos davam uma pista: não havia uma intenção serial, unificadora, algo que, como saberá o leitor deste livro, desagradaria a Martins. Conscientes da importância do que estava ali reunido, e da qualidade do conjunto global da sua obra, manifestámos-lhe a vontade de preparar uma publicação, sem estabelecer um limite. O resto foi uma súmula de afectos, começando pela paciência do artista e a cumplicidade e entrega de Maria da Graça Carmona e Costa, cujo resultado é um livro especial. Pergunto-me sempre o que faz um pintor nos tempos de pausa. Augusto Monterroso escreveu brilhantemente: «Não gosto de trabalhar, mas quando o faço gosto de fazê-lo como os pintores. Ficam parados em frente à tela, olham, medem, calculam; de seguida fazem uns traços com lápis, assustam-se (penso eu) e saem ou vão ler (são grandes leitores) e voltam, e da porta para dentro vem aquilo, que os faz aproximarem-se, agora com uns pincéis e uma mesinha onde põem muitas cores, ou poucas, por esta ordem: vermelho, azul, verde, anil, branco, violeta; pensam, titubiam, olham para a tela, aproximam-se e põem uma cor aqui e outra ali; detêm-se, pincelam um lado e olham, vacilam, pensam, e vão ler ou saem, até terem outro momento.» Diz-se que pensava em Vicente Rojo e, inclusivamente, que este não gostou da dedicatória, mas Monterroso tem razão, e que maravilha deve ser assistir ao momento anterior à decisão de converter uma imagem — o seu processo — num final. Uma emoção semelhante deve ter sentido Joana Baião quando transcreveu as anotações de centena e meia de cadernos, datados entre 1964 e 2020. Confessa no seu texto, com um certo espírito do marinheiro que se salva no Maelström de Edgar Allan Poe: «Assim que vi as dezenas de cadernos e blocos que Jorge Martins reuniu no seu atelier, e os comecei a folhear, tive noção do maravilhoso mundo em que iria mergulhar e da extensão do trabalho que teríamos pela frente.» Certamente, o nosso artista dá o nome Maelström a um dos seus desenhos mais felizes e poéticos, com linhas apuradas e o eco de um movimento circular interno, ascendente, e algo de maelström têm aqueles a que chama «desenhos barrocos», em que dialogam um gesto algo emaranhado, formas definidas e o seu modo tão peculiar de introduzir a sombra — ou é ela que precede ao objecto? «Serão estes novelos de linhas que me têm parecido ultimamente auto-retratos?», pergunta-se o pintor. Este livro reúne uma ampla selecção de 55 anos de notas soltas, sem as exigências do diário literário, e tem-se a sensação de que se está perante uma espécie de fragmentos 10


y que los cuadernos tienen en sí mismos la condición de un archivo en el que se despliegan uno o varios mundos. Al artista se le pidió que hiciese la selección, en la que colaboró Óscar Alonso Molina. En Vigo, durante el montaje, dispuso los cuadernos dentro de las vitrinas, en voluntario desorden. Pensé que perdían un punto de seducción pero supuse que tenía sus motivos; la variedad de formatos y soportes de los cuadernos daban una pista: no había intención serial, unificadora, algo que, como sabrá el lector de este libro, a Martins le aburriría. Conscientes de la importancia de lo allí reunido, y de la calidad del conjunto global de su obra, le planteamos el deseo de preparar una publicación, sin acotar límite. El resto fue una suma de afectos, empezando por la paciencia del artista y la complicidad y entrega de Maria da Graça Carmona e Costa, cuyo resultado es un libro especial. Siempre me pregunto qué hace un pintor en los tiempos intermedios. Augusto Monterroso lo escribió con brillantez: «No me gusta trabajar, pero cuando lo hago me agrada hacerlo como los pintores. Se paran ante su tela, la miran, la miden, calculan; luego hacen unos trazos con lápiz, se asustan (creo yo) y se van a la calle o leen (son grandes lectores) y vuelven, y desde la puerta ven aquello, a lo que se acercan, ahora con unos pinceles y una mesita en la que han puesto muchos colores, o pocos, según: rojo, azul, verde, añil, blanco, violeta; piensan, titubean, miran su tela, se acercan a ella y ponen un color aquí y otro allá; se detienen, se hacen a un lado y miran, vacilan, piensan, y leen o se van a la calle, hasta otro rato». Dicen que pensaba en Vicente Rojo, e incluso que a este no le gustó la dedicatoria, pero Monterroso tiene razón, y qué maravilla debe ser asistir al momento previo a la decisión de convertir una imagen —su proceso— en final. Una emoción similar debió sentir Joana Baião cuando transcribió las anotaciones de centenar y medio de cuadernos, fechados entre 1964 y 2020. Lo confiesa en su texto, con ánimo análogo al del marinero que se salva en el Maelström de Edgar Allan Poe: «Cuando vi las decenas de cuadernos y libretas que Jorge Martins había reunido en su taller, y empecé a hojearlos, fui consciente del maravilloso mundo en el que me iba a sumergir y de la extensión del trabajo que teníamos por delante». Por cierto, nuestro artista titula Maelström uno de sus dibujos más felices y poéticos, de líneas tamizadas y el eco de un movimiento circular interno, ascendente, y algo de maelström tienen esos que él llama «dibujos barrocos», en los que conviven un gesto con algo de maraña, formas definidas y su tan peculiar modo de introducir la sombra, ¿o es ella quien precede al objeto? «¿Serán estas madejas de líneas las que se me aparecen últimamente como autorretratos?», se pregunta el pintor. Este libro reúne una amplia selección de 55 años de anotaciones libres, sin las exigencias del diario literario, con la sensación de estar ante una especie de retazos 11


que permitem ao artista retomar um trabalho ou voltar a uma questão que o preocupa. «Recordar é subir uma encosta»: assim inicia José-Miguel Ullán o prólogo à sua selecção de escritos de María Zambrano, intitulada Esencia y hermosura. Martins deve pensar o mesmo e evita contar histórias: «ODEIO passear pelo meu passado!» Além da confissão sincera, surpreende a qualidade literária de muitos jogos de palavras, os recursos empregados e a tranquilidade com que esses textos convivem com outros em que deixa muito clara a sua intenção de assinalar uma perplexidade ou uma contrariedade. Não existe o filtro da revisão editorial: aborda com a mesma naturalidade quer o valor que lhe parece excessivo atribuído à obra de um artista quer a sua admiração por alguém que está à margem. Mas o impulso geral, aquilo que unifica o material reunido, é a pergunta constante sobre o sentido das coisas e a vida que escolheu. Como todos os artistas, tem temas recorrentes: a tendência para o excesso e a procura da simplicidade; o sentido da vida e a proximidade da morte; a atracção pela indisciplina e o caos; a religião; amar e ser amado; o sexo; a luz; a vida e a pintura; a escultura, a fotografia; a linha e a cor; o impulso do balanço, o fracasso, o trabalho inacabado; a procura de um lugar próprio, do seu Rosebud; a sua admiração por Vermeer e pelos pintores de obra quieta e intensa; a leitura contemporânea pelo prisma de Duchamp-Malevitch; a tentação do quadro negro; a diversão da escala; as leituras de Eliot e Pound, Valéry e Rilke, Wittgenstein e Nietzche, Tolstói e Tchékhov, Pessoa e Teixeira de Pascoaes; as personagens de Stendhal e Thomas Mann atravessando as páginas: Tonio Kröger como alter ego; o desenho; a relação de êxito e tempo; um amor intenso e crítico pela sua terra e o impulso de sentir-se desterrado, errante… Questões que aborda a partir da paixão, por vezes com distanciamento; questões que se resumem a um constante porquê e para quê. Os de Jorge Martins são desenhos íntima e duplamente colados ao papel. Ao caderno de notas e ao que se converte em suporte que detém e sintetiza um processo. É-me inevitável ver muitos dos seus desenhos como fotogramas que condensam uma acção, um momento final mágico que resume e desvela os anteriores. Os prévios, os que o constroem e o tornam possível. O mesmo acontece com os seus textos: com frequência assumem a forma de pensamento elaborado, final, do qual desconhecemos o seu fundamento. São precisos mas estão contaminados pela obra plástica: ocupam uma margem, um momento de pausa, de reflexão, o seu olhar em descanso, ou surgem, crescem e acompanham o processo de realização de uma pintura ou de um desenho. Muitos são textos ruminados, feitos para serem repetidos, para serem interrogados. E, contudo, são textos poéticos. Nomeiam e fecham. Muitos têm essa forma (haiku, aforismo), que os apresentam limpos, depurados, mas que nasceram num caderno de apontamentos e têm algo, portanto, imagético, desenhos. É inevitável lembrar Mallarmé, Eliot e Pound: a palavra é imagem e o fundo poético tem colorações 12


que permiten al artista retomar un trabajo o volver sobre una cuestión que le preocupa. «Recordar es subir una cuesta»: así inicia José-Miguel Ullán el prólogo a su selección de escritos de María Zambrano, que titula Esencia y hermosura. Martins debe pensar lo mismo y huye del relato: «¡ODIO pasear por mi pasado!». Tras la confesión sincera, sorprende la calidad literaria de muchos juegos de palabras, los recursos empleados y la tranquilidad con la que conviven esos textos con otros en los que deja muy explícita su intención de señalar una perplejidad o un enfado. No existe tamiz de corrección editora: comenta con la misma naturalidad lo excedido que le parece el valor dado a la obra de un artista que su admiración por alguien marginado. Pero el pulso general, el que unifica lo reunido, es la pregunta constante por el sentido de las cosas y la vida elegida. Como todos, tiene sus temas recurrentes: la tendencia al exceso y la búsqueda de la sencillez; el sentido de la vida y la proximidad de la muerte; la atracción de la indisciplina y el caos; la religión; amar y ser amado; el sexo; la luz; la vida y la pintura; la escultura, la fotografía; la línea y el color; la tentación del balance, el fracaso, el trabajo inconcluso; la búsqueda del lugar propio, de su Rosebud; el aprecio a Vermeer y a los pintores de obra quieta e intensa; la lectura contemporánea en clave DuchampMalévitch; la tentación del cuadro negro; el divertimento de la escala; las lecturas de Eliot y Pound, Valéry y Rilke, Wittgenstein y Nietzsche, Tolstói y Chéjov, Pessoa y Teixeira de Pascoaes; los personajes de Stendhal y Thomas Mann atravesando las páginas: Tonio Kröger como alter ego; el dibujo; lo relativos que son el éxito y el tiempo; un amor intenso y crítico hacia su tierra junto a su tentación de sentirse desterrado, errante… Cuestiones que aborda desde la pasión, aunque a veces marca distanciamiento; cuestiones que se resumen en un constante por qué y para qué. Los de Jorge Martins son dibujos íntima y doblemente apegados al papel. Al del cuaderno de notas y al que se convierte en soporte que detiene y sintetiza un proceso. Me resulta inevitable ver muchos de sus dibujos como fotogramas que condensan una acción, un mágico momento final que resume y desvela los anteriores. Los previos, los que lo construyen y hacen posible. Eso ocurre también con sus textos: con frecuencia tienen forma de pensamiento elaborado, final, del que desconocemos su razonamiento previo. Son precisos pero están contaminados por la obra plástica: ocupan un margen, un momento de pausa, de reflexión, son mirada en el descanso, o surgen, crecen y acompañan el proceso de realización de una pintura o un dibujo. Muchos son textos rumiados, perfilados a fuerza de repetirlos, de interrogarlos. Y, con todo, son textos poéticos. Nombran y encierran. Muchos tienen esa forma (haiku, aforismo), que los presenta limpios, depurados, pero nacieron en un cuaderno de apuntes y tienen algo, por tanto, de imágenes, dibujos. Resulta inevitable recordar a Mallarmé y a Eliot y Pound: la palabra es imagen y el fondo poético tiene tintes épicos pero actuales, se refiere a conceptos clásicos pero desde lo más próximo, 13


épicas mas actuais, refere-se a conceitos clássicos mas a partir do que é mais próximo, do quotidiano. Desvendam observações, um modo de olhar; contêm muitas confissões pessoais, intervalos necessários. Nos cadernos, desenhos e escrita requerem o lápis, mas a sua velocidade não é a mesma. «Ao escrever sei porque escrevo, ao desenhar não sei porque desenho»; deste modo Jorge Martins explica a vontade de síntese que tem a escrita e a sensação de estar cativo do exercício da pintura e do desenho. Os textos de Jorge Martins não são um corpo linear, não têm essa intenção: reclamam a sua origem, a sua condição de nota num caderno e, no seu conjunto, parecem uma caixa de surpresas em que convivem a voz e o achado poético com a franqueza extrema, o comentário directo, quotidiano. O que anda à volta da pintura, as anotações, os pensamentos, as vozes, os ecos, isso que a escultura converte numa nova dimensão e a pintura assume como matizes, pequenas inspirações, ritmo de oração, força interior. Convivem a intensidade do poema breve, a rebeldia do aforismo, o toque moral do epigrama, a síntese poética do haiku, a precisão concisa do pensamento, da confissão. Não são um ponto de chegada, mar matissiano, senão espessura atlântica. Tem muitos matizes, não menos densidades e um extremo amor crítico pela sua terra: «— Estou doente. / — E o que é que tens?! / — Tenho Portugal!» Palavras, frases, textos, pensamentos, reflexões. Por estes cadernos transitam autores distintos que coincidem num, Jorge Martins, preferindo este manter as suas vozes dissonantes, independentes, mas mescladas. Martins fica apavorado com o controlo alheio, por isso não ordena cronologicamente os seus escritos e gosta de misturar obras de épocas diferentes (em especial nas exposições de desenho), deixando que uma mergulhe e se deixe levar pela corrente para perceber que tem vida própria, movimento interno, motivos. Confessa nos seus cadernos, embora eu desconheça o ano em que o escreveu: «As Histórias de Arte são o contrário da contemplação e da fruição estética. / A cronologia mata o prazer relativizando-o quando ele deve ser absoluto. / E os historiadores de Arte gostam dos artistas mortos. Julgam que é mais fácil entender a arte à distância.» […] «A história mata o prazer da fruição duma obra de arte (e até a estética!) / Prazer histórico! / Prazer histérico!» Contra essa visão, a certeza do pensamento livre, do artista vivo, capaz de confessar: «O meu gosto pelo desenho vem (também) da minha dificuldade em desenhar. / O meu corpo não memoriza gestos, por isso não sei repetir formas nem tenho esquemas feitos. / Cada linha que começo é sempre a primeira e estou sempre a continuar. / Cada desenho é uma aventura! […] A linha como melodia.» E, para terminar, a pergunta-chave: «Que espécie de “crime” comete um pintor ao pintar um quadro?»

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lo cotidiano. Desvelan observaciones, un modo de mirar; tienen mucho de confesiones privadas, de intermedios necesarios. En los cuadernos, dibujos y escritura requieren del lápiz, pero su velocidad no es la misma. «Cuando escribo sé por qué escribo, cuando dibujo no sé por qué dibujo»; de ese modo aclara Martins la voluntad de síntesis que tiene la escritura y la sensación de estar atrapado por el ejercicio de la pintura y el dibujo. Los textos de Jorge Martins no son un cuerpo lineal, no tienen esa intención: reclaman su punto de origen, su condición de nota en un cuaderno y por ello, como conjunto, tienen algo de caja de sorpresas en la que conviven la voz y el hallazgo poético con la franqueza extrema, el comentario directo, cotidiano. Lo que ronda a la pintura, las anotaciones, los pensamientos, las voces, los ecos, eso que la escultura convierte en nueva dimensión y la pintura asume como matices, sugerencias leves, ritmo de oración, pulso interior. Conviven la intensidad del poema breve, la rebeldía del aforismo, el toque moral del epigrama, la síntesis poética del haiku, la escueta precisión del pensamiento, de la confesión. No son punto de llegada, mar matissiano, sino espesor atlántico. Contiene muchos matices, no pocas densidades y un extremo amor crítico hacia su tierra: «—Estoy enfermo. / —¡¿Qué tienes?! / —¡¡Tengo Portugal!!». Palabras, frases, textos, pensamientos, reflexiones. Por estos cuadernos transitan distintos autores que coinciden en uno, Jorge Martins, que ha preferido mantener sus voces díscolas, independientes, pero mezcladas. A Martins le aterra el control ajeno, por eso no ordena sus escritos de un modo cronológico y se encuentra a gusto mezclando obras de distintas épocas (en especial en las exposiciones de dibujo), dejando que uno bucee y se deje llevar por la corriente para notar que esta tiene vida propia, movimiento interno, razones. Lo confiesa en sus cuadernos, aunque por supuesto ignoro el año en el que escribe: «Las Historias del Arte son lo contrario a la contemplación y a la fruición estética. / La cronología mata el placer relativizándolo cuando debe de ser absoluto. / A los historiadores del Arte les gustan los artistas muertos. Creen que es más fácil entender el arte a distancia» (…) «La historia mata el placer de la fruición de una obra de arte (¡e incluso la estética!). / ¡Placer histórico! / ¡Placer histérico!». Contra esa visión, la certeza del pensamiento libre, del artista vivo, capaz de confesar: «Mi gusto por el dibujo procede (también) de mi dificultad para dibujar. / Mi cuerpo no memoriza gestos, por eso no sé repetir formas ni tengo esquemas previos. / Cada línea que empiezo es siempre la primera y estoy siempre continuando. / ¡Cada dibujo es una aventura! […] La línea como melodía». Y lanzar, casi como cierre, la pregunta clave: «¿Qué especie de “crimen” comete un pintor al pintar un cuadro?».

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IDEIAS PARA UM AUTO-RETRATO

Ó SCAR A LONSO M OLINA

«Ah! A rapidez do lápis!», exclama Jorge Martins num dos seus mais de cento e cinquenta cadernos1 que o artista dedica a anotações, reflexões, citações e desenhos desde praticamente o início da sua carreira, há mais de cinquenta anos. Trata-se de um lampejo, mais uma centelha flutuando numa dessas, não menos fulgurantes, milhares de páginas acumuladas; embora não saibamos com exactidão se o disse pensando na mina que desenha ou na que escreve, pois ambas partilham a mesma imediatez face às formas em que se manifesta o pensamento: as imagens, as palavras… Os mesmos blocos de notas a que dedicamos este livro demonstram de maneira fidedigna este tema, e neles tudo se converte em ideia. Suponho que seja esta a causa do tom aforístico que neles predomina, com as suas frases breves, em tom assertivo e sentencioso, e com um certo estilo telegráfico; ideias sintetizadas até ao essencial, muitas vezes expressas quase sem gramática e em formatos de esquema, guião ou listagem, quando não adoptam a forma poética mais sucinta do haiku. Seguindo a retórica aforística, nos escritos de Jorge Martins a economia da linguagem é inversamente proporcional à sua ambição totalizadora, e o artista mostra-se sempre preocupado com a perspectiva ontológica, quase metafísica, da arte. Tempo, espaço, forma, energia, matéria, linha, cor, mancha, figura, luz, ritmo… categorias genéricas do fazer artístico, materiais abstractos, poderíamos dizer, aos quais o artista volta uma e outra vez, abordando-os com estocadas breves e precisas, revelando a sua natureza e as relações que estabelecem entre si com frases certeiras que, como vos digo, de tão concisas quase não o são. Com efeito, lendo-as muitas vezes tem-se a sensação de se estar perante equações matemáticas, fórmulas químicas ou uma espécie de aritmética, só que, em vez de números, elementos químicos e suas valências, temos a nomenclatura da arte. Jorge Martins mantém nestes escritos uma assombrosa continuidade com o que o seu próprio desenho expressa. As mesmas preocupações, uma lógica semelhante de abordá-las, e um resultado igualmente limpo, despojado e elegante. De facto, nestes cadernos que nos ocupam eu não saberia já definir o limite entre desenho e pensamento, considerando o que no século XVI, entre os tratadistas do ma1

«Ah! A rapidez do lápis!» Caderno n.º 15: de 31 de Outubro de 2006 a 16 de Agosto de 2007, s/p.

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IDEAS PARA UN AUTORRETRATO

Ó SCAR A LONSO M OLINA

«¡Ah! ¡La rapidez del lápiz!», exclama Jorge Martins en alguno de sus más de ciento cincuenta cuadernos1 que el artista dedica a anotaciones, reflexiones, citas y dibujos desde casi el principio de su carrera, hace más de cincuenta años. Se trata de un destello breve, una chispa más flotando en una de esas, no menos fulgurantes, miles de páginas acumuladas; aunque no sabemos con certeza si lo dice pensando en la mina que dibuja o en la que escribe, pues ambas comparten la misma inmediatez frente a las formas en que se manifiesta el pensamiento: las imágenes, las palabras… Los mismos carnets a que dedicamos este libro demuestran de manera fehaciente este hecho, y en ellos todo se convierte en idea. Supongo que sea ésta la causa del tono aforístico que predomina en ellos, con sus frases breves, tono asertivo y sentencioso, e incluso un cierto estilo telegráfico; ideas sintéticas hasta la pura esencia, a menudo expresadas sin apenas gramática y ya bajo los formatos del esquema, el guion o el listado, cuando no adoptan la forma poética más sucinta del haiku. Siguiendo la retórica aforística, en los escritos de Jorge Martins la economía del lenguaje es inversamente proporcional a su ambición totalizadora, y el artista aparece de continuo preocupado por la perspectiva ontológica, casi metafísica del arte. Tiempo, espacio, forma, energía, materia, línea, color, mancha, figura, luz, ritmo… categorías genéricas del hacer artístico, sus materiales abstractos podríamos decir, sobre las que el artista vuelve una y otra vez, abordándolos con estocadas breves y precisas, revelando su naturaleza y las relaciones que establecen entre sí con certeras frases que, ya os digo, de tan escuetas casi no lo son. En efecto, a menudo leyéndolas tiene uno la sensación de encontrarse frente a ecuaciones matemáticas, formulación química o una suerte de aritmética, solo que, en vez de números, elementos químicos y sus valencias, tenemos la nomenclatura del arte. Jorge Martins mantiene en estos escritos una asombrosa continuidad con lo que su propio dibujo expresa. Las mismas preocupaciones, una lógica similar para abordarlas, y un resultado igualmente limpio, despojado y elegante. De hecho, en estos cuadernos que nos ocupan yo no sabría señalaros ya el límite entre dibujo y pensamiento, viniéndome a mano lo que en el siglo XVI, entre los tratadistas del Manie1

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«¡Ah! ¡La rapidez del lápiz!» Cuaderno n.º 15: del 31 de octubre de 2006 al 16 de agosto de 2007, s/p.


neirismo tardio, se denominou desenho interno, isto é, a estrutura mental, puramente intelectual (para Zuccari de origem divina: una scintilla della divinitá 2) formadora de imagens, que se contrapõe ao desenho externo, tomando corpo em formas preferencialmente lineares e de contorno, dentro do qual se distinguiam três géneros, o natural, o artificial e o fantástico. Desenhar como pensar, escrever como desenhar… conformar ideias em todos os momentos. E são tantas, e tão matizadas as de Jorge Martins! Surpreendeu-me tamanha riqueza quando vi os cadernos pela primeira vez: anotações filosóficas sobre leituras, música e arte, sim, mas intercaladas com outras mais quotidianas sobre a existência, o corpo, o sexo, a história ou as paisagens que contempla. Todos os estratos da sua actividade intelectual e anímica se mesclam nestes materiais sem solução de continuidade, dando lugar a uma intensa sensação de vida, apesar da frialdade e formalidade das categorias com que se expressam. E assim, o resultado deste dizer entrecortado que se deixa ver ao longo das páginas — uma descrição articulada a partir de frases soltas e enunciados solenes —, podemos interpretá-lo como um autêntico auto-retrato. Um auto-retrato intelectual que para ser delineado precisou de mais de meio século e milhares de retoques nestes Cadernos, até ao último pormenor. Para dizer a verdade, não consigo imaginar outro mais completo e vibrante de alguém que me confessava há pouco ser capaz de falar ao telefone com a mão esquerda enquanto desenha com a direita. [Naz de Abaixo, Lugo, Abril de 2020]

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Uma centelha da divindade.

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rismo tardío, se denominó disegno interno, es decir: la hechura mental, puramente intelectual (para Zuccari de origen divino: una scintilla della divinitá 2) formadora de imágenes, que se contrapone al disegno esterno, encarnado en formas preferentemente lineales y de contorno, dentro del cual ellos distinguían tres especies, el natural, el artificial y el fantástico. Dibujar como pensar, escribir como dibujar… conformar ideas en todo momento. ¡Y cuántas, y qué matizadas las de Martins! A mí me sorprendió semejante riqueza cuando me enfrenté a sus cuadernos por primera vez: anotaciones filosóficas sobre lecturas, música y arte, sí, pero entremezcladas con otras más cotidianas sobre la existencia, el cuerpo, el sexo, la historia o los paisajes que contempla. Todos los estratos de su actividad intelectual y anímica se amalgaman en estos materiales sin solución de continuidad, dando lugar a una intensa sensación de vida, incluso a pesar de la frialdad y la formalidad de las categorías con que se expresan. Y así, el resultado de este decir entrecortado que se deja ver a lo largo de las páginas —un relato articulado a partir de frases rotas y enunciados solemnes—, podemos interpretarlo al cabo un auténtico autorretrato. Un autorretrato intelectual que ha necesitado para perfilarse más de medio siglo y miles de toques en estos Cuadernos, ultimándose aún en sus postreros detalles. Si os digo la verdad, no puedo imaginar otro más completo ni vibrante de alguien que me confesaba hace poco ser capaz de hablar por teléfono con la mano izquierda mientras dibuja con la derecha. [Naz de Abaixo, Lugo, abril de 2020]

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Una chispa de la divinidad.


UM TEXTO É UM TEXTO E NÃO É UM TEXTO TRANSCREVER JORGE MARTINS

J OANA B AIÃO

Recordo o meu entusiasmo quando o Jorge telefonou e perguntou se eu conhecia alguém que o pudesse ajudar a transcrever os seus cadernos. Lembro-me que não hesitei em dizer que eu mesma teria muito gosto em lançar-me nessa tarefa. E lembro-me do aviso: «Olhe que são muitos cadernos, uma longa cronologia, textos por vezes confusos e em várias línguas! E a minha letra nem sempre é fácil de ler.» Ainda assim não vacilei, antevendo a oportunidade única que constituiria este projecto. Não me enganei. Assim que vi as dezenas de cadernos e blocos que Jorge Martins reuniu no seu atelier, e os comecei a folhear, tive noção do maravilhoso mundo em que iria mergulhar e da extensão do trabalho que teríamos pela frente. Centenas de páginas, algumas só com desenhos ou palavras e frases dispersas, outras com linhas, formas, cores e escritos que se cruzam, interagem e confundem, outras ainda totalmente preenchidas com texto. Os conteúdos? Notas íntimas sobre amores e desamores, inquietações e dúvidas existenciais e filosóficas, descrições de sonhos e evocações de memórias, comentários sobre livros que se leram e músicas que se ouviram, considerações sobre arte e artistas passados e presentes, observações sobre notícias da actualidade, reflexões sobre o futuro, aforismos, jogos de palavras pejados de humor e ironia, originais haiku, transcrições de poemas e trechos de obras científicas ou literárias, citações, apontamentos de pesquisas para o seu trabalho artístico e projectos a realizar e, até, listas de compras, orçamentos de obras domésticas e receitas culinárias — em suma, testemunhos fragmentados de 55 anos da vida de Jorge Martins (o caderno mais antigo data de 1964, o mais recente é de 2020), nas suas múltiplas dimensões. A minha empreitada parecia ser simples: transcrever os textos. Contudo, nada em Jorge Martins é simples, e as páginas dos seus cadernos comprovam-no. Embora a sua relação com a escrita seja diferente da que tem com o desenho («Ao escrever sei porque escrevo, ao desenhar não sei porque desenho. […] Desenho porque isso me ajuda a conhecer melhor do que a escrita.»), Jorge Martins escreve como desenha — com a cabeça, com os olhos, com o coração, com a mão e, sobretudo, com um visível regozijo, mesmo nos momentos de frustração ou inquietude. Assim, muitos dos seus escritos desenvolvem-se em jogos de e com as palavras, em cuidadosas (des)construções frásicas, sempre com grande atenção às relações entre forma e con20


UN TEXTO ES UN TEXTO Y NO ES UN TEXTO TRANSCRIBIR A JORGE MARTINS

J OANA B AIÃO

Recuerdo mi entusiasmo cuando Jorge me telefoneó y me preguntó si conocía a alguien que pudiese ayudarle a transcribir sus cuadernos. Recuerdo que no dudé al decirle que yo misma tendría mucho gusto en encargarme de esa tarea. Y recuerdo su advertencia: «Son muchos cuadernos, una larga cronología, ¡textos a veces confusos y en varias lenguas! Y mi letra no siempre es fácil de leer». Pese a ello no vacilé, adivinando la oportunidad única que constituiría este proyecto. No me equivoqué. Cuando vi las decenas de cuadernos y libretas que Jorge Martins había reunido en su taller, y empecé a hojearlos, fui consciente del maravilloso mundo en el que me iba a sumergir y de la extensión del trabajo que teníamos por delante. Cientos de páginas, algunas solo con dibujos o palabras y frases sueltas, otras con líneas, formas, colores y escritos que se cruzan, interactúan y confunden, y otras solo con texto. ¿Los contenidos? Notas íntimas sobre amores y desamores, inquietudes y dudas existenciales y filosóficas, descripciones de sueños y evocaciones de recuerdos, comentarios sobre libros leídos y músicas escuchadas, consideraciones sobre arte y artistas pasados y presentes, observaciones sobre noticias de actualidad, reflexiones sobre el futuro, aforismos, juegos de palabras cargados de humor e ironía, originales haikus, transcripciones de poemas y fragmentos de obras científicas o literarias, citas, apuntes de investigaciones para su trabajo artístico y proyectos por realizar e, incluso, listas de la compra, presupuestos de obras domésticas y recetas de cocina. En suma, testimonios fragmentados de 55 años de la vida de Jorge Martins —el cuaderno más antiguo data de 1964, y el más reciente es de 2020—, en sus múltiples dimensiones. Mi cometido parecía sencillo: transcribir los textos. De todos modos, nada en Jorge Martins es sencillo, y las páginas de sus cuadernos dan muestra de ello. A pesar de que su relación con la escritura es diferente de la que tiene con el dibujo («Cuando escribo sé por qué escribo, cuando dibujo no sé por qué dibujo. […] Dibujo porque es algo que me ayuda a conocer mejor que la escritura»), Jorge Martins escribe de la misma manera que dibuja —con la cabeza, con los ojos, con el corazón, con la mano y, sobre todo, con un evidente regocijo, incluso en los momentos de frustración o inquietud. Así, muchos de sus escritos se despliegan en juegos de y con las palabras, en cuidadosas (de)construcciones de frases, prestando siempre una gran atención a las relaciones entre forma y contenido. Y el dibujo está casi 21


teúdo. E o desenho está quase sempre presente, mesmo quando não o é — intuímo-lo no aspecto ou tamanho de cada letra, palavra, frase, no modo como cada elemento é colocado no papel. Apresentando qualidades literárias, poéticas, descritivas e estéticas, a escrita de Jorge Martins é de «um género inqualificável», como tão bem observa José Gil. Os seus textos são textos e não são apenas textos. Daí a dificuldade em transcrever Jorge Martins. Como transpor para uma folha de Word os detalhes que tornam tão ricas e singulares as páginas dos seus cadernos? Para transcrevermos temos de ser leitores. Sendo-se leitor, é-se intérprete. As transcrições destes textos são, então, o resultado de um cuidadoso trabalho de leitura e de interpretação das palavras escritas e desenhadas por Jorge Martins; a sua transposição para um novo suporte tentou captar o mais fielmente possível a organização, as nuances e o sentido dos textos originais. O processo foi sempre acompanhado pelo artista, que leu, releu, reviu e revisitou minuciosamente páginas e páginas de si mesmo. Pelo caminho, ficaram alguns escritos que, por motivos diversos, o seu autor decidiu que não deveriam ser publicados. Os cadernos de Jorge Martins dão-nos acesso à expressão mais crua e «sem filtros» do seu ser, fornecendo elementos para conhecer as suas ideias e a sua obra. Por essa razão, uma ínfima parte dos textos que são agora publicados já foi citada em catálogos e, por vezes, os próprios cadernos são apresentados como elemento documental em exposições, dispostos em vitrinas, abertos em páginas criteriosamente seleccionadas, oferecendo ao visitante um vislumbre do universo mais pessoal do artista. Estes cadernos não foram, porém, originalmente concebidos para serem mostrados ao público. (Será mesmo assim, tendo em conta os anseios do ser humano em alcançar a imortalidade?) Ao revelar-nos este conjunto impressionante dos seus escritos, Jorge Martins desvenda-se, num acto de grande coragem e generosidade. As suas obras bastavam para comunicar connosco, agora temos a possibilidade de descobrir novas dimensões do seu pensamento como homem e como artista. Diz-se que escrever ajuda a pensar. Devo acrescentar que transcrever também. Obrigada, Jorge.

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siempre presente, incluso cuando no está —lo intuimos en el aspecto o tamaño de cada letra, palabra, frase, en el modo en el que cada elemento está colocado en el papel. Mostrando cualidades literarias, poéticas, descriptivas y estéticas, la escritura de Jorge Martins pertenece a «un género incalificable», como observa acertadamente José Gil. Sus textos son y no son textos. De ahí la dificultad al transcribir a Jorge Martins. ¿Cómo trasladar a una página de Word los detalles que hacen tan ricas y singulares las páginas de sus cuadernos? Para transcribir tenemos que ser lectores. Si eres lector eres intérprete. Así pues, las transcripciones de estos textos son el resultado de un cuidadoso trabajo de lectura y de interpretación de las palabras escritas y dibujadas por Jorge Martins; su transposición en un nuevo soporte intentó captar lo más fielmente posible la organización, los matices y el sentido de los textos originales. El proceso fue siempre acompañado por el artista, que leyó, releyó, volvió a ver y revisitó minuciosamente páginas y páginas de sí mismo. Por el camino, se quedaron algunos escritos que, por motivos diversos, el autor decidió que no deberían ser publicados. Los cuadernos de Jorge Martins nos dan acceso a la expresión más cruda y «sin filtros» de su ser, aportando elementos para conocer sus ideas y su obra. Por esa razón, una ínfima parte de los textos que son ahora publicados ya ha sido citada en catálogos y, a veces, los propios cuadernos se presentan como elemento documental en exposiciones, dispuestos en vitrinas, abiertos por páginas seleccionadas cuidadosamente, ofreciendo al visitante un atisbo del universo más personal del artista. Sin embargo, estos cuadernos no fueron originalmente concebidos para ser mostrados al público. (¿Será así, teniendo en cuenta el deseo del ser humano de alcanzar la inmortalidad?). Al revelarnos este impresionante conjunto de sus escritos, Jorge Martins se muestra ante nosotros, en un acto de enorme coraje y generosidad. Sus obras bastaban para comunicarse con nosotros, ahora tenemos la posibilidad de descubrir nuevas dimensiones de su pensamiento como hombre y como artista. Como dice el adagio, escribir ayuda a pensar. Debo añadir que transcribir también. Gracias, Jorge.

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UMA ESPÉCIE DE DANDISMO

J OSÉ G IL

Não formam um diário pessoal ou artístico, nem um livro de confissões ou um conjunto de ensaios sobre a pintura e a arte. Não sendo nada disso, de tudo isso estes Cadernos têm um pouco. São de um género inqualificável, não se assemelhando a nenhum escrito conhecido de artista. Escrito que pode parecer um texto literário: ora, à maneira de Duchamp, brinca com as palavras («Sei que anseio um seio.»), ora procura a fórmula lapidar («As mulheres são seres bioagradáveis.»), ora, mais sofisticadamente, a expressão exacta para um conceito novo. Chega a compor longos haiku: sim, a literatura é uma fascinação permanente do pintor Jorge Martins. E, para o leitor que percorre de um fôlego esta vasta colecção de apontamentos e observações dispersas, anotadas ao longo de mais de cinquenta anos, a sua dispersão faz enigmaticamente sentido, traduzindo, sem se saber como, preocupações constantes e obsessivamente interligadas. Os Cadernos são um manancial para conhecer o pensamento e, sem dúvida, a obra do artista. As suas frases breves contêm teorias precisas sobre a técnica e a natureza da pintura e do desenho, sobre as suas diferenças e relações, sobre a arte moderna e contemporânea, sobre a luz, a cor, a sombra, sobre a física, sobre artistas e escritores, sobre exposições, curadores, sobre a vida e a morte. Evoquemos um só exemplo da riqueza e complexidade dos temas abordados: o modo como o plano da prática artística se enreda no plano da vida pessoal. Uma questão recorrente atravessa os Cadernos: «que ando eu a fazer na (com a, para a, pela, etc.) pintura?» Uma espécie de dúvida radical assalta amiúde Jorge Martins sobre a sua vocação de pintor, que o leva a procurar a «origem» (na infância), o acontecimento original que determinou o seu destino. Talvez compreenda assim o destino que ele pretende dar à pintura. Encontraria a sua própria linguagem, encontrando, ao mesmo tempo, o sentido da vida. Os dois planos estão intimamente ligados: «Tenho por vezes a sensação de ainda não ter “realmente vivido a minha verdadeira vida”. / Nem pintado a MINHA pintura!» Mas adquirir a sua própria linguagem é resolver a crise da pintura moderna, de que ele próprio é uma manifestação. É dar uma solução a toda a série de problemas abertos pelo Quadrado Negro de Malevitch e o Urinol de Duchamp. Daí a importância atribuída a estes dois artistas, daí toda uma perspectiva que Jorge Martins elabo24


UNA ESPECIE DE DANDISMO

J OSÉ G IL

No constituyen un diario personal o artístico, ni un libro de confesiones o un conjunto de ensayos sobre pintura y arte. Sin ser nada de eso, estos Cuadernos tienen un poco de todo eso. Pertenecen a un género incalificable, que no se parece a ningún escrito conocido de ningún artista. Escrito que puede parecer un texto literario: ora, a la manera de Duchamp, juega con las palabras («Sé que ansío un seno»), ora busca la fórmula lapidaria («Las mujeres son seres bioagradables»), ora, más sofisticadamente, la expresión exacta para un concepto nuevo. Llega a componer largos haikus: en efecto, la literatura es una fascinación permanente del pintor Jorge Martins. Y, para el lector que recorre sin interrupción esta vasta colección de apuntes y observaciones dispersos, escritos a lo largo de más de cincuenta años, su dispersión cobra enigmáticamente sentido, traduciendo, sin saber cómo, preocupaciones constantes y obsesivamente relacionadas entre sí. Los Cuadernos son un manantial para conocer el pensamiento y, sin duda, la obra del artista. Sus frases breves contienen teorías precisas sobre la técnica y la naturaleza de la pintura y el dibujo, sobre sus diferencias y relaciones, sobre el arte moderno y contemporáneo, sobre la luz, el color, la sombra, sobre la física, sobre artistas y escritores, sobre exposiciones, comisarios, sobre la vida y la muerte. Evoquemos un solo ejemplo de la riqueza y complejidad de los temas abordados: el modo en que el plano de la práctica artística se enreda en el plano de la vida personal. Una cuestión recurrente atraviesa los Cuadernos: «¿qué estoy haciendo yo en la (con la, para la, por la, etc.) pintura?». Una especie de duda radical asalta a menudo a Jorge Martins sobre su vocación de pintor, que lo lleva a buscar el «origen» (en la infancia), el acontecimiento original que determinó su destino. Quizás así comprenda el destino que él pretende darle a la pintura. Encontraría su propio lenguaje, encontrando, al mismo tiempo, el sentido de la vida. Los dos planos están íntimamente relacionados: «A veces tengo la sensación de no haber “vivido realmente mi verdadera vida”. / ¡Ni pintado MI pintura!». Pero adquirir su propio lenguaje es resolver la crisis de la pintura moderna, de la que él mismo es una manifestación. Es dar una solución a toda la serie de problemas abiertos por el Cuadrado negro de Malévitch y el Urinario de Duchamp. De ahí la importancia atribuida a estos dos artistas, de ahí toda una perspectiva que Jorge 25


ra sobre a crise da arte moderna, crise que ele compara — e, sem dúvida, mais do que isso — à da física, espartilhada, e à espera da «grande unificação», entre a mecânica quântica e a relatividade. Em 2007, escreve: «Quero desesperadamente passar para o outro lado. / Há já demasiados anos que me sinto à porta. / À porta da “grande unificação”.» O sentimento de estar sempre na iminência de «passar para o outro lado», isto é, de resolver todos os seus problemas artísticos (mas também os da pintura em geral) com uma obra, por assim dizer, singular e absoluta, proporciona uma espécie de eterna juventude ao pintor («estou sempre nos 18 anos!»), ao mesmo tempo que o mantém, com um olhar crítico, em alerta constante perante o que se vai criando na arte contemporânea. Um longo cortejo de dúvidas e incertezas estende-se pelas páginas dos Cadernos. Dúvidas sobre si próprio (o que sou eu? Para onde vou? O que é viver a minha vida?) e sobre a sua arte («Ignoro porque quis ser pintor. / Ignoro porque quero ser pintor. / Ou já esqueci? / Ou será que ainda quero?»). Ora, as oposições e incertezas tornam-se tanto mais difíceis de resolver quanto elas se desdobram em contrários proliferantes («Eu não sou bipolar, sou polipolar!»). Na verdade, é um ninho de problemas, impasses e aporias que se vai tecendo entre o plano da vida pessoal e o da prática artística. Problemas estéticos, problemas existenciais, problemas técnicos, problemas filosóficos, dúvidas sobre a pintura, certezas sobre a sua mestria e a falta dela, sobre a literatura, o amor, o erotismo, a imagem artística. Como resolver todas estas questões de um só golpe? E não será necessário um outro plano que «unifique» a sua diversidade? Constatamos, então, que a própria existência, material e imaterial, dos Cadernos parece oferecer-se como solução: não será a reiteração constante, pela escrita, dos mesmos problemas, a verdadeira solução? Assim se conciliariam a necessidade imperiosa e a impossibilidade de os resolver, a iminência da passagem «para o outro lado» e o tempo longo em que isso se manifesta e nunca acontece, isto é, entre a própria exigência de solução de todos os problemas e a não menos exigente ausência permanente de solução. A resposta a esta «aporia das aporias», enunciada pela palavra escrita, seria afinal a própria escrita literária, ou melhor, um certo estilo de escrita literária capaz de agenciar pintura e existência, criando um plano novo em que as duas pudessem fluir lado a lado, com os seus conflitos, dilemas, diferenças, exasperações, frustrações, júbilos e prazeres — sem o drama da guerra e da obstrução recíproca. Esse estilo, Jorge Martins afirma-o plenamente, construindo paradoxos expostos em frases curtas e secas, máximas, aforismos e sentenças lapidares e definitivas que pressupõem longos raciocínios e visões. É claro que o estilo dos Cadernos não se resume a este, pois aqui também o seu autor é «polipolar», de múltiplos estilos, porventura «heteronímico» (com a «autorização de Pessoa», como confessa). Mas é nele 26


Martins elabora sobre la crisis del arte moderno, crisis que él compara —y, sin duda, más que eso— con la de la física, encorsetada, y a la espera de la «gran unificación», entre la mecánica cuántica y la relatividad. En el año 2007, escribe: «Quiero desesperadamente pasar al otro lado. / Hace ya demasiados años que me siento a las puertas. / A las puertas de la “gran unificación”». El sentimiento ante la constante inminencia de «pasar al otro lado», es decir, de resolver todos sus problemas artísticos (y también los de la pintura en general) con una obra, por así decirlo, singular y absoluta, proporciona una especie de eterna juventud al pintor («¡tengo siempre 18 años!»), al mismo tiempo que se mantiene, con una mirada crítica, en alerta constante ante lo que se va creando en el arte contemporáneo. Una larga serie de dudas e incertidumbres se extiende por las páginas de los Cuadernos. Dudas sobre sí mismo (¿qué soy yo? ¿Hacia dónde voy? ¿Qué es vivir mi vida?) y sobre su arte («Ignoro por qué quise ser pintor. / Ignoro por qué quiero ser pintor. / ¿O ya lo he olvidado? / ¿O todavía quiero?»). Ahora bien, las oposiciones e incertidumbres son más difíciles de resolver puesto que se desdoblan en contrarios proliferantes («¡Yo no soy bipolar, soy polipolar!»). Ciertamente, constituye una madeja de problemas, impasses y aporías que se va tejiendo entre el plano de la vida personal y el de la práctica artística. Problemas estéticos, problemas existenciales, problemas técnicos, problemas filosóficos, dudas sobre la pintura, certezas sobre su maestría y la carencia de esta, sobre la literatura, el amor, el erotismo, la imagen artística. ¿Cómo resolver todas estas cuestiones de golpe? ¿No será necesario otro plano que «unifique» su diversidad? Así pues, constatamos que la propia existencia, material e inmaterial, de los Cuadernos parece ofrecerse como solución: ¿será la reiteración constante, mediante la escritura, de los mismos problemas, la verdadera solución? De este modo se conciliarían la necesidad imperiosa y la imposibilidad de resolverlos, la inminencia del paso «al otro lado» y el tiempo interminable en el que eso se manifiesta y nunca sucede, es decir, entre la propia exigencia de solución de todos los problemas y la no menos exigente ausencia permanente de solución. La respuesta a esta «aporía de las aporías», enunciada por la palabra escrita, sería, finalmente, la propia escritura literaria o, mejor dicho, un cierto estilo de escritura literaria capaz de aunar pintura y existencia, creando un nuevo ámbito en el cual las dos pudiesen fluir de la mano, con sus conflictos, dilemas, diferencias, exasperaciones, frustraciones, júbilos y placeres —sin el drama de la guerra y de la obstrucción recíproca. Ese estilo —Jorge Martins lo confirma plenamente— construye paradojas expuestas en frases cortas y secas, máximas, aforismos y sentencias lapidarias y definitivas que presuponen largos raciocinios y visiones. Claro que el estilo de los Cuadernos no se resume en este, pues aquí también su autor es «polipolar», de múltiples estilos, por suerte «heteronímico» (con la «autorización de Pessoa», como él mismo confiesa). 27


que melhor se exprime a solução das aporias que acabámos de referir. Cria assim, por vezes, um certo dandismo, que emerge aqui e ali e se conjuga perfeitamente com o pendor aforístico do conjunto: quando nada leva a sério, fá-lo com elegância, com estilo e inteligência, sempre com uma nobreza formal superior, inatacável. Porque se trata afinal de algo muito sério. Este é o plano de todos os planos, de resolução de todas as aporias: o plano da escrita que se diz num palco de proferição, à la cantonade (para todos como se não houvesse ninguém), construído pelos próprios Cadernos. Por aqui se vê como eles fazem parte da obra de Jorge Martins, em estreita conexão com a sua pintura e os seus desenhos. De resto, compreende-se o seu gosto pelos haiku, que implicam uma espécie de contracção em palavras de um pensamento ou de uma visão (literária-visual, que encerra por sua vez imagens literárias, ou consonâncias fonéticas, aliterações e também imagens visuais que se combinam com as primeiras). Pensamento contraído num golpe de escrita instantâneo, conciso e definitivo. Mas poderíamos, também, procurar no sentido inverso: não há qualquer coisa, na pintura de Jorge Martins, que vem deste estilo de escrita, qualquer coisa de limpo, preciso e lapidar, que contrai em si mil turbilhões contrários e dissonantes?

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Mas es con este estilo como mejor expresa la solución de las aporías que acabamos de referir. Crea así, a veces, un cierto dandismo, que emerge acá y allá, que combina perfectamente con el enfoque aforístico del conjunto: cuando no se toma algo demasiado en serio, lo hace siempre con elegancia, estilo e inteligencia, con una nobleza formal superior, inexpugnable. Porque al final se trata de algo muy serio. Este es el ámbito de todos los ámbitos, de resolución de todas las aporías: el ámbito de la escritura, que se pone sobre la palestra, à la cantonade (para todos, como si no hubiese nadie), construida por los propios Cuadernos. Así, vemos cómo estos forman parte de la obra de Jorge Martins, en estrecha conexión con su pintura y sus dibujos. Por lo demás, se comprende su gusto por los haikus, que implican una especie de contracción en palabras de un pensamiento o de una visión (literaria-visual, que encierra a su vez imágenes literarias, o consonancias fonéticas, aliteraciones y también imágenes visuales que se combinan con las primeras). Pensamiento contraído en un golpe de escritura instantáneo, conciso y definitivo. Pero también podríamos buscar en el sentido inverso: ¿hay algo, en la pintura de Jorge Martins, que procede de su estilo literario, limpio, preciso y definitivo, que contrae mil torbellinos contrarios y disonantes?

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PRÉ-POST

J ORGE M ARTINS

Tenho de dizer que acho verdadeiramente irónico, e até cómico, ver publicados estes textos que fui escrevendo ao longo dos anos, no meio dos desenhos, esboços e rabiscos, despreocupadamente e quase sem dar por isso. É claro que alguém acabaria por lê-los, mais cedo ou mais tarde, se os cadernos entretanto não tivessem desaparecido também. Assim, aqui ficam tal e qual foram escritos, ao acaso, sem ordem nem nexo, como convém. Apenas eliminei uma dúzia de «desabafos» demasiado pessoais, íntimos, e alguns outros quiçá injustos ou impróprios para consumo. Resta-me agradecer ao Óscar tê-los descoberto e ao Miguel Fernández-Cid a decisão de os publicar. À Joana o empenho e a paciência a decifrá-los e ao Manuel Rosa ter-me presenteado com mais um belo objecto, ainda mais substancial graças à proverbial generosidade da Maria da Graça Carmona e Costa. Finalmente um pensamento de gratidão e saudade para o Antonio Franco, que tão subitamente nos deixou.

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PRE-POST

J ORGE M ARTINS

Debo decir que encuentro verdaderamente irónico, e incluso cómico, ver publicados estos textos que he ido escribiendo a lo largo de los años, en medio de dibujos, esbozos y trazos, despreocupadamente y casi sin darme cuenta. Está claro que alguien acabaría leyéndolos tarde o temprano, si los cuadernos mientras tanto no hubiesen desaparecido también. Así pues, quedan aquí tal cual fueron escritos, al azar, sin orden ni nexo alguno, como debe ser. Solo eliminé una docena de desahogos demasiado personales, íntimos, y otros, quizás, injustos o inapropiados para ser publicados. Quiero agradecer a Óscar haberlos descubierto y a Miguel Fernández-Cid la decisión de publicarlos. A Joana, el empeño y la paciencia que puso en descifrarlos, y especialmente a Manuel Rosa por haberme regalado otro bello objeto, todavía más valioso gracias a la proverbial generosidad de Maria da Graça Carmona e Costa. Finalmente, un pensamiento de gratitud y nostalgia para Antonio Franco, quien tan súbitamente nos dejó.

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CADERNOS CUADERNOS 1964-2020


















































Pintar é um suplício!

É muito mais difícil desenvolver corolários da aventura malevitchiana que da duchampiana. Os resultados estão à vista!

O imaginário e o metafórico em arte O «teatral» em arte A distância entre o que o actor representa e a realidade É nessa distância que reside a emoção estética

Perda de sensibilidade às metáforas. O público ficou cego e surdo precisa de realidade e de verdade. «A arte foi dada ao homem para ele não morrer pela verdade.» (nietzsche) Ou então: « Les drames sont les tragédies des femmes de chambre. » (napoleão)

Porquê e COMO ainda a pintura? Excluir tudo o que não é da ordem da pintura. O que ficar É pintura.

É muito gratificante e divertido que não se possam utilizar os critérios da estética — por muito lógicos, claros e precisos que eles sejam — para analisar, classificar ou valorizar uma obra de arte. *

Todas as notas são da autoria do artista, excepto as notas com indicação específica (NdE).

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¡Pintar es un suplicio!

Es mucho más difícil desarrollar corolarios de la aventura malevitchiana que de la duchampiana. ¡He ahí los resultados!

Lo imaginario y lo metafórico en arte Lo «teatral» en arte La distancia entre lo que el actor representa y la realidad En esa distancia es donde reside la emoción estética

Pérdida de sensibilidad ante las metáforas. El público se ha quedado ciego y sordo necesita realidad y verdad. «El arte ha sido dado al hombre para no morir a causa de la verdad». (nietzsche) O bien: «Los dramas son las tragedias de las criadas». (napoleón)

¿Por qué y CÓMO todavía la pintura? Excluir todo lo que no pertenece a la pintura. Lo que queda ES pintura.

Es muy gratificante y divertido que no se puedan utilizar los criterios de la estética —por muy lógicos, claros y precisos que sean— para analizar, clasificar o valorar una obra de arte. *

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Todas las notas, a excepción de las señaladas específicamente, son propiedad del artista.


Como ou em que medida, a morte ou a doença, têm que ver ou podem gerar espaço plástico?

Ah! Ser simples, pintar simples!

As duas pessoas que (além de mim) sabem ver pintura, isto é ver pintura em absoluto, uma está em França (P.G.) e a outra no Brasil (P.H.). Entretanto já conheci algumas mais!!

As linhas vão para onde muito bem lhes apetece.

Pensar sobre o DESVIO da função de objectos para a categoria ARTE (em vez de real-shift dizer: ART-SHIFT). Como se a funcionalidade lhes retirasse a possibilidade de serem ARTE (mesmo sendo BELOS).

O lápis é o prolongamento do braço, o pincel é o prolongamento do cérebro (ou do olho?)

Com a Arte é como com as mulheres!

Calcular quanto leite já foi vertido pela leiteira de Vermeer desde que foi pintado em 1660.

«Que muero porque no muero.» (s. juan de la cruz) My God, que trabalheira morrer!

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¿Cómo o en qué medida, la muerte o la enfermedad tienen relación o pueden generar espacio plástico?

¡Ah! ¡Ser simples, pintar simples!

De las dos personas (aparte de mí) que saben ver pintura, es decir, ver pintura de un modo absoluto, una está en Francia (P. G.) y la otra en Brasil (P. H.). ¡¡He conocido a algunas más!!

Las líneas van hacia donde les apetece.

Pensar sobre el DESPLAZAMIENTO de la función de los objetos a la categoría ARTE (en vez de real-shift decir: ART-SHIFT). Como si la funcionalidad les quitase la posibilidad de ser ARTE (incluso siendo BELLOS).

El lápiz es la prolongación del brazo, el pincel es la prolongación del cerebro (¿o del ojo?)

¡El Arte es como las mujeres!

Calcular cuánta leche ha sido vertida por la lechera de Vermeer desde que el cuadro fue pintado en 1660.

«Que muero porque no muero». (s. juan de la cruz) My God, ¡qué trabajo, morir!

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Sou um misto de Tonio Kröger e de Flying Dutchman.

A imobilidade da pintura e do desenho. Mas a cor dá (empresta) movimento à pintura. A cor é a rima da pintura. A cor é o logos da pintura.

Uma epifania por dia.

«Oh, qué cautiverio de gran libertad.» (santa teresa d’ávila)

Que pergunta(s) é que eu ainda NÃO fiz à pintura? 86


Soy una mezcla Tonio Kröger y de Holandés errante.

La inmovilidad de la pintura y del dibujo. Sin embargo, el color le da (le presta) movimiento a la pintura. El color es la rima de la pintura. El color es el logos de la pintura.

Una epifanía al día.

«Oh, qué cautiverio de gran libertad». (sta. teresa de ávila)

¿Qué pregunta(s) todavía NO se ha hecho a la pintura? 87


Sempre desconfiei dum Deus que proíbe ao homem o acesso ao conhecimento. É claro que poderia acreditar noutro Deus qualquer, mas o facto é que a vida não faria qualquer sentido com Deus. (Assim também não, é claro!)

Técnicas de criação de imagens/formas (Mimese vs. Metáfora) Weird Associações espúrias Descontextualização Deslocação de funções Deformações Metáfora Sinestesia Analogia 88


Siempre he desconfiado de un Dios que prohíbe al hombre el acceso al conocimiento. Por supuesto, podría creer en otro Dios cualquiera, pero la cuestión es que la vida no tendría ningún sentido con Dios. (¡Y así tampoco, claro!)

Técnicas de creación de imágenes/formas. (Mímesis vs. Metáfora) Weird Asociaciones espurias Descontextualización Desplazamiento de funciones Deformaciones Metáfora Sinestesia Analogía 89


«Não pensem que o destino seja mais do que aquilo que está condensado na infância.» («7.ª Elegia de Duíno»)

Que fazer duma com

}

uma figura*

Desenhar uma dúzia de haiku!

Uma das funções da arte é ampliar a consciência.

A «revolução» duchampiana já tem um século! E já pariu os seus académicos!

— Readypaint — Afinal ainda não utilizei esta ideia de há tantos anos já. Usar só para um título é muito pouco, então?…

A cor é a rima da pintura.

O desenho é independente autónomo dissociado da realidade A lógica do desenho é imanente interior/interna autogerada

Será que havia tédio no Paleolítico?

*

Figura no sentido restrito da figura humana.

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«No crean ustedes que el destino es más del que cupo en la infancia». («7.ª Elegía de Duino»)

Qué hacer de una con

}

una figura*

¡Dibujar una docena de haikus!

Una de las funciones del arte es ampliar la consciencia.

¡La «revolución» duchampiana ya tiene un siglo! ¡Y ya ha parido sus académicos!

—Readypaint— Al final todavía no he utilizado esta idea de hace tantos años. Utilizarla solo para un título es poco, ¿así pues?…

El color es la rima de la pintura.

El dibujo es independiente autónomo disociado de la realidad La lógica del dibujo es inmanente interior/interna autogenerada

Tal vez había tedio en el Paleolítico.

*

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Figura en el sentido estricto de la figura humana.


Todas as religiões, sobretudo o islão e os cristianismos, têm desenvolvido grandes esforços e despendido grande energia para desculpabilizar deus. E culpabilizar o sexo!

Se não é enigmático não é da ordem do artístico (como diria o Valéry doutra maneira!)

Sem luz não há sombra, mas, haverá luz sem sombra?

Donde se parte para fazer arte? O que, em cada época, é inspirador de formas?

A fotografia diz: «Olha o que eu vi!» A pintura diz: «Olha o que não vi!!» não viste

18 Dezembro 2018 Hoje estive a pintar até às 18h com algum prazer 

Um pincel NÃO É o prolongamento do braço e da mão, é um instrumento do cérebro!

Não se pode viver sem Haydn! Nem sem Malevitch!

Caravaggio A luz na sombra Vermeer A luz na luz

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Todas las religiones, sobre todo el islam y los cristianismos, han hecho grandes esfuerzos y han gastado mucha energía para desculpabilizar a dios. ¡Y culpabilizar al sexo!

Si no es enigmático no corresponde a lo artístico (¡como diría Valéry de otra manera!).

Sin luz no hay sombra, pero, ¿habrá luz sin sombra?

¿De dónde se parte para hacer arte? ¿Qué es, en cada época, lo que inspira las formas?

La fotografía dice: «¡Mira lo que he visto!». La pintura dice: «¡¡Mira lo que no he visto!!». no has visto

18 diciembre de 2018 Hoy estuve pintando hasta las 18h con cierto placer 

Un pincel NO ES la prolongación del brazo y de la mano, ¡es un instrumento de la mente!

¡No se puede vivir sin Haydn! ¡Ni sin Malévitch!

Caravaggio La luz en la sombra Vermeer La luz en la luz

93


Uma imagem é uma ideia veiculada pela linguagem e tornada sensível/efectiva (visível ou audível ou legível) pelo material da respectiva arte. Uma imagem é uma relação ideia —— forma. Uma imagem artística é uma relação mediada por um estilo (whatever that means).

Maio 2002 Re começar a Pintura absolutamente indispensável após 15 meses de morte submersão e dispersão What? How? Why? For whom? A vida vivida dos outros  Tonio Krüger & Me Tenho por vezes a sensação de ainda não ter «realmente vivido a minha verdadeira vida». Nem pintado a MINHA pintura!

Pathos fluido Pathos gramático Pathos erectus Pathos sombrio luminoso Metamorphoses

Antipathos

Portugal e o catolicismo cercearam a inspiração de Pascoaes; daí a quase constante sensação de «daté» que impede a fabulosa língua de Pascoaes de mais altos voos.

Tenho absolutamente e duma vez por todas de confessar a minha terrível dificuldade em desenhar.

Sei o que me falta: ETERNIDADE!

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Una imagen es una idea transmitida a través del lenguaje y convertida en sensible/efectiva (visible o audible o legible) por el material del arte respectivo. Una imagen es una relación idea —— forma. Una imagen artística es una relación mediada por un estilo (lo que quiera que signifique).

Mayo de 2002 Re comenzar la Pintura absolutamente indispensable tras 15 meses de muerte sumersión y dispersión ¿Qué? ¿Cómo? ¿Por qué? ¿Para quién? La vida vivida de los otros  Tonio Krüger & Me A veces tengo la sensación de no haber «vivido realmente mi verdadera vida». ¡Ni de haber pintado MI pintura!

Pathos fluido Pathos gramático Pathos erectus Pathos sombrío luminoso Metamorfosis

Antipathos

Portugal y el catolicismo truncaron la inspiración de Pascoaes; a eso se debe la casi constante sensación de «anticuado» que impide que la extraordinaria lengua de Pascoaes alcance más altos vuelos.

Debo confesar absolutamente y de una vez por todas mi terrible dificultad para dibujar.

Ya sé lo que me falta: ¡ETERNIDAD!

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MÉTODO Aprender, errar, até

Sei que anseio um seio.

Portugal não existe i.e. NADA acontece aqui. Nem pode acontecer. Inveja-se mais do que se admira.

A autonomia da cor precedeu a da pintura. 96


MÉTODO Aprender, equivocarse, incluso.

Sé que ansío un seno.

Portugal no existe esto es, NADA sucede aquí. Ni puede suceder. Se envidia más de lo que se admira.

La autonomía del color precedió a la de la pintura. 97


O perineu é verdadeiramente um conceito de espaço a desenvolver.

Porquê contar uma história E como? Porquê o episódio Waterloo na Cartuxa? Para mostrar como Fabrício era já um joguete nas mãos do destino. Apaixonou-se PORQUE foi preso. Fugiu PORQUE a Sanseverina o decidiu.

«A arte foi dada ao homem para ele não perecer pela verdade.» (nietzsche) «Quero ir buscar à natureza não formas, mas forças com que criar formas.» (valéry) Todos os segredos da criação artística estão resumidos nestas duas frases.

Um «vapor» de traços que por vezes se «condensa» em figuras.

To paint or not to paint.

Não posso pensar pintura só com um lápis. Mas posso sem lápis e de olhos fechados.

A sociologia, a antropologia, a história, têm ajudado a acabar com a estética ou pior ainda, a criar equívocos mortais na criação artística.

«Um desejo de desejos, o tédio.» (a.k. tolstói) «Gostava de gostar de gostar.» (fernando pessoa citando santo agostinho)

Tenho pouco, ou nenhum, poder sobre a minha cabeça.

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El perineo es verdaderamente un concepto de espacio que hay que desarrollar.

¿Por qué contar una historia? ¿Y cómo? ¿Por qué el episodio de Waterloo en La cartuja? Para mostrar que Fabricio ya era un juguete en las manos del destino. Se enamoró PORQUE estuvo encarcelado. Huyó PORQUE Sanseverina lo decidió.

«El arte ha sido dado al hombre para no morir a causa de la verdad». (nietzsche) «No quiero ir a buscar a la naturaleza formas sino fuerzas con las que crear formas». (valéry) Todos los secretos de la creación artística están resumidos en estas dos frases.

Un «vapor» de trazos que a veces se «condensa» en figuras.

Pintar o no pintar.

No puedo pensar pintura solo con un lápiz. Pero sí puedo sin lápiz y con los ojos cerrados.

La sociología, la antropología, la historia, han ayudado a acabar con la estética o, lo que es peor, a crear equívocos mortales en la creación artística.

«Un deseo de deseos, el tedio». (a. k. tolstói) «Le gustaba gustar gustando». (fernando pessoa citando a san agustín)

Tengo poco, o ningún, poder sobre mi cabeza.

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Assim que acabar esta confusão de exposições, tenho rapidamente que voltar à pintura.

Durante séculos uma boa parte da pintura, i.e. uma boa parte das superfícies pintadas era a representação de trajes, mantos, panejamentos, etc., pretexto para grandes superfícies de «cor em todos os seus estados». As vestimentas quase desapareceram da pintura. Onde se refugiou a cor? Ah! Mas o Rothko vestiu as telas!

Há duas histórias: 1. Dantes é que era bom e 2. dantes é que era mau. A X não faz história, faz saudosismo histórico. 100


Cuando acabe esta confusión de exposiciones, debo volver enseguida a la pintura.

Durante siglos una buena parte de la pintura, id. est, una buena parte de las superficies pintadas eran la representación de trajes, mantos, ropajes, etc., pretexto del «color en todos sus estados» para grandes superficies. Las vestimentas casi desaparecieron de la pintura. ¿Dónde se ha refugiado el color? ¡Ah! ¡Sin embargo Rothko vistió las telas!

Hay dos historias: 1. Antes era bueno y 2. antes era malo. La X no hace historia, hace saudosismo histórico.

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10 Março 2013 Daqui a uma hora estou a começar a montar a expo em Serralves. Não esquecer as gotas de água iluminadas com o sol rasante no vidro da casa de jantar do hotel. O Universo a um palmo do nariz!

A «boa» arte interroga sem dar respostas. A outra responde sem interrogar.

«A música excita mas não determina.» (tolstói)

A Arte contra a entropia. Cria ordem a partir da desordem. Uma anti-entropia. Mas a «ordem» em arte não passa duma emoção.

What not to do?

8 Maio 2013 Paixão: estado em que se está dependente exclusivamente da presença e até do estreitamento nos braços da pessoa amada. Nada mais conta para a felicidade e a própria vida; alienação, portanto! Pois é assim que estou com a Arte!

O que é que me está a escapar?

VOU TER DE DEIXAR DE PENSAR EM PINTURA COM PAPEL E LÁPIS!!

Inspiração: aquele momento em que se passa à acção depois de se ter pensado muito.

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10 marzo de 2013 Dentro de una hora empezaré a montar la expo en Serralves. No olvidarme de las gotas de lluvia iluminadas por el sol poniente en la ventana del comedor del hotel. ¡El Universo a un palmo de la nariz!

El «buen» arte interroga sin dar respuestas. El otro responde sin interrogar.

«La música excita pero no determina». (tolstói)

El Arte contra la entropía. Crea orden a partir del desorden. Una anti-entropía. Pero el «orden» en arte no deja de ser una emoción.

¿Qué no hacer?

8 mayo de 2013 Pasión: estado en que se depende exclusivamente de la presencia e incluso de ser abrazado por la persona amada. Es lo único que importa para la felicidad y la propia vida; alienación, por consiguiente. ¡Pues es así como estoy con el Arte!

¿Qué se me está escapando?

¡¡VOY A TENER QUE DEJAR DE PENSAR EN LA PINTURA CON PAPEL Y LÁPIZ!!

Inspiración: momento en que se pasa a la acción después de pensar mucho.

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O catolicismo tem sobre o protestantismo a vantagem de «conter» mais paganismo. Mas só! Como foi possível o sucesso duma crença que fundamenta na morte violenta dum homem a salvação da humanidade? Aliás, a humanidade NÃO é salvável. Aliás não sou católico, é claro, mas nem sequer cristão: a morte de Sócrates comove-me muito mais que a de Cristo!

Jamais terei uma «carreira» como artista! Jamais serei capaz de criar uma «imagem de marca» coerente, redundante, reconhecível, securizante e repetitiva. Acho aliás que sempre vivi como se a realidade não me tocasse verdadeiramente, ou antes, como se eu não a quisesse tocar.

Construir uma verdadeira e funcional casa de banho com uma Fountain de Duchamp assinada R. Mutt e tudo. E o público usá-la-ia.

Existe arte quando a emoção e a razão se sobrepõem coincidem se confundem se fundem se complementam

Numa época em que até a transgressão se academizou é cada vez mais urgente um retour à l’ordre.

Os jovens levam muito tempo para ficarem cansados; em contrapartida recuperam muito rapidamente; os velhos recuperam, ao contrário, muito lentamente, mas para haver um equilíbrio a sábia natureza fez com que se cansassem muito depressa! Ah! Ah!

A escultura não trata do desaparecimento.

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El catolicismo tiene la ventaja de que «contiene» más paganismo con respecto al protestantismo. ¡Pero solo eso! ¿Cómo ha sido posible el éxito de una creencia que fundamenta en la muerte violenta de un hombre la salvación de la humanidad? Además, la humanidad NO es salvable. Por cierto, no soy católico, por supuesto, ni siquiera cristiano: ¡la muerte de Sócrates me conmueve mucho más que la de Cristo!

¡Nunca tendré una «carrera» como artista! Nunca seré capaz de crear una «imagen de marca» coherente, redundante, reconocible, segura y repetitiva. Creo que siempre he vivido como si la realidad no me tocase verdaderamente, o mejor dicho, como si yo no la quisiese tocar.

Construir un verdadero y funcional cuarto de baño con un Urinario de Duchamp firmada por R. Mutt. Y el público la usaría.

Existe arte cuando la emoción y la razón se sobreponen coinciden se confunden se funden se complementan

En una época en la que incluso la transgresión se academizó es cada vez más urgente un retour à l’ordre.

Los jóvenes necesitan mucho tiempo para cansarse; en contrapartida se recuperan enseguida; los viejos, al contrario, se recuperan muy lentamente, ¡pero para que haya un equilibrio la sabia naturaleza hace como si se cansasen mucho más deprisa! ¡Ah! ¡Ah!

La escultura no trata de la desaparición.

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A pintura trata dum espaço imaginário. Será por isso que pouca gente está apta a compreendê-la?

Mas que história é esta dos novelos de linhas? Contrapunctus?

Só sei o que não sei Só conheço o que não conheço Porque há quem só saiba o que aprendeu Eu sei milhares de coisas que nunca aprendi (mas aprendi!).

A arte do séc. XX Uma sucessão de negações e contradições. Mas a arte é afirmação. De TUDO. A arte assimila, integra, digere, devora TUDO. 106


La pintura trata de un espacio imaginario. ¿Será por eso que poca gente es capaz de comprenderla?

¿Pero qué historia es esta de madejas de líneas? ¿Contrapunctus?

Solo sé lo que no sé. Solo conozco lo que no conozco. Porque hay quien solo sabe lo que ha aprendido. Yo sé miles de cosas que nunca he aprendido (¡y sin embargo las he aprendido!).

El arte del siglo XX Una sucesión de negaciones y contradicciones. Pero el arte es afirmación. De TODO. El arte asimila, integra, digiere, devora TODO. 107


Porquê o quadrado negro? Ainda assim um quadrado é qualquer coisa com quatro «coisas», quatro ângulos, quatro cantos. Um círculo não seria mais suprematista (ainda)?

Trago para Cacela um livro de Malevitch que já não lia há muito tempo. Vim agora à praia comer uma salada de polvo e beber uma imperial. Enquanto esperava, no meio de crianças barulhentas em fato de banho e dos respectivos paizinhos, pus-me a ler e de repente senti-me um pouco ridículo!

«O suprematismo é a cognição pela cor.» (malevitch) [Suprematismo, logo a arte/pintura] 108


¿Por qué el cuadrado negro? Incluso así un cuadrado es cualquier cosa con cuatro «cosas», cuatro ángulos, cuatro cantos. ¿Un círculo sería más suprematista (todavía)?

Me he traído a Cacela un libro de Malévitch que hacía mucho tiempo que no leía. Fui a comer a la playa una ensalada de pulpo con una Imperial. Mientras esperaba, en medio de unos niños ruidosos en traje de baño y de sus respectivos padres, me puse a leer y de repente ¡me sentí un poco ridículo!

«El suprematismo es la cognición a través del color». (malévitch) [Suprematismo, luego el arte/pintura] 109


Podemos ler, ou ler em voz alta, para os outros ouvirem. Podemos olhar um quadro; mas podemos olhá-lo em «visão alta»? Será isto só uma gracinha?

Ontem acordei às 5 da manhã a pensar no episódio de Waterloo da Chartreuse. Fui buscar o livro e pus-me a relê-lo. Fabrice perdido naquela batalha sem perceber nada de nada é o primeiro anti-herói da ficção, apesar de Stendhal de vez em quando lhe chamar «notre héros»!

?

30 Nov 2016

O que foi e o que poderia ter sido.

Na pesca miraculosa os discípulos/pescadores de Cristo pescaram 153 peixes!! (Evangelho de João) Curiosa precisão!

Ignoro porque quis ser pintor. Ignoro porque quero ser pintor. Ou já esqueci? Ou será que ainda quero? Para falar verdade, ignoro para que isso serve!!

O espaço NÃO É uma parede.

Quase 77 anos! É altura de parar, pensar, e recuar para saltar. Se ainda for a tempo. Eu não sou bipolar, sou polipolar!

Continuar ou saltar?

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Podemos leer, o leer en voz alta, para que los otros oigan. Podemos mirar un cuadro; ¿pero podemos mirarlo en «visión alta»? ¿Esto no será solamente una broma?

Ayer me desperté a las 5 de la mañana pensando en el episodio de Waterloo de La chartreuse. Fui a buscar el libro y me dispuse a releerlo. Fabricio perdido en aquella batalla sin enterarse de nada es el primer antihéroe de la ficción, pese a que Stendhal de vez en cuando se refiere a él como ¡«notre héros»!

¿?

30 noviembre de 2016

Lo que fue y lo que podría haber sido.

En la pesca milagrosa los discípulos/pescadores de Cristo ¡¡pescaron 153 peces!! (Evangelio de Juan) ¡Curiosa precisión!

Ignoro por qué quise ser pintor. Ignoro por qué quiero ser pintor. ¿O ya lo he olvidado? ¿O tal vez todavía quiero? A decir verdad, ¡¡ignoro para qué sirve eso!!

El espacio NO ES una pared.

¡77 años casi! Ha llegado el momento de detenerse, pensar, y retroceder para saltar. Si todavía estoy a tiempo. Yo no soy bipolar, ¡soy polipolar!

¿Continuar o saltar?

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Vamos avançando para uma idade do indiferenciado. A cozinha é de fusão, faz-se Bach em jazz e samba em fado e vice-versa. A moda é unissexo. O espúrio eliminou o sublime.

Ao ler Valéry (p. ex.) sinto os meus neurónios a trabalhar. Faz-me sentir mais inteligente. Valéry não é muito francês: ignora a verborreia!

Analogia e metáfora. Só o homem pode criar metáforas, i.e. pontes entre duas analogias.

O prazer da gastronomia ou de saborear um vinho é uma coisa «cultural», i.e. uma complexa mistura de memórias, sensações, etc. Estou a comer um guisado ou um cozido e por detrás dessa sensação está todo um historial que me transporta eventualmente até um guisado da minha avó ou um cozido em tal restaurante. O mesmo com o vinho. Com a nova cozinha não podemos comparar com nada do passado nem sequer do presente. É uma cozinha que não veicula nem história nem memórias. É imediatista, logo menor. Fusão  indiferenciação  entropia crescente  caos

Quase o fim de 2016 e eu com quase 77 anos e cada vez sei menos de tudo. De tudo! De arte, de amor, da vida dos outros e de mim. Não aprendi a viver, essa é que é essa! Agora é tarde! Nem vou saber morrer.

Voltando a Stendhal: que metáfora fabulosa e actual para o homem moderno Fabricio perdido em Waterloo sem perceber nada do que se estava a passar! Só vendo o que tinha diante dos olhos sem entender o todo.

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Avanzamos hacia una época del indiferenciado. La cocina es de fusión, se interpreta a Bach a ritmo de jazz y la samba a ritmo de fado y viceversa. La moda es unisexo. Lo espurio ha eliminado lo sublime.

Cuando leo a Valéry (p. ej.) siento que mis neuronas se ejercitan. Me hace sentir más inteligente. Valéry no es muy francés: ¡desconoce la verborrea!

Analogía y metáfora. Solo el hombre puede crear metáforas, id. est, puentes entre dos analogías.

El placer de la gastronomía o de saborear un vino es un acto «cultural», id. est, una compleja mezcla de memorias, sensaciones, etc. Estoy comiendo un guiso o un cocido y tras esa sensación existe toda una historia que me transporta eventualmente a un guiso de mi abuela o a un cocido en un restaurante. Lo mismo me sucede con el vino. No podemos relacionar la nueva cocina con nada del pasado y ni siquiera del presente. Es una cocina que no transmite ni historia ni recuerdos. Es inmediatista y por consiguiente, menor. Fusión  indiferenciación  entropía creciente  caos

Casi a finales de 2016, me falta poco para cumplir 77 años y cada vez sé menos de todo. ¡De todo! De arte, de amor, de la vida de los otros y de mí mismo. No he aprendido a vivir, ¡eso es todo! ¡Ahora es tarde! Ni voy a saber morir.

Volviendo a Stendhal: qué metáfora maravillosa y actual para el hombre moderno ¡Fabricio perdido en Waterloo sin enterarse de nada de lo que estaba pasando! Solo viendo lo que tenía delante de los ojos sin entender la totalidad.

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À imagem digital falta a «revelação», mas ela tem que ter algo que a substitua. Doutro modo não se nos revelava.

Qual é a função (tarefa, dever, —) do artista? — Revelar a essência (quintessência?) do real. O artista é um destilador do real. Uma obra de arte ou é inebriante ou não É!

16 Dez. Chove chove. Voltei para a cama depois do pequeno-almoço, li um conto do Tchekov. Não consigo nem pintar, nem desenhar, nem sequer rabiscar neste caderno. A História da Arte em Portugal continua por fazer mas o que está verdadeiramente por fazer é a Arte!

A cor é indesenhável!

Será que eu tenho andado enganado e tenha mesmo que haver uma ruptura radical na arte/pintura, tal como na física quântica em relação à física clássica em que não há compromisso possível?

A minha convicção íntima na sobrevivência da pintura vem (entre outros) do facto de só ela possuir os instrumentos para «representar» a «realidade» com as ambiguidades e contradições que a física tem vindo a descobrir.

E se o espaço e o tempo também fossem descontínuos?! Faz sentido??

Photos & Video O Artista e o Modelo O Artista deforma/molda o corpo ou partes do corpo do modelo com as mãos ou outros instrumentos (pincel, espátula, régua, espelho, etc.) — Grandes planos sobretudo

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A la imagen digital le falta la «revelación», pero tiene que tener algo que la sustituya. De otro modo no se nos revelaría.

¿Cuál es la función (tarea, deber, —) del artista? —Revelar la esencia (¿quintaesencia?) de lo real. El artista es un destilador de lo real. ¡Una obra de arte es embriagadora o no ES!

16 diciembre Llueve, llueve. He vuelto a la cama después del desayuno, he leído un cuento de Tchekov. No soy capaz de pintar, ni de dibujar, ni siquiera de trazar rayas en este cuaderno. ¡La Historia del Arte en Portugal sigue haciéndose pero lo que está verdaderamente por hacer es el Arte!

¡El color es indibujable!

Quizás esté equivocado pero creo que tiene que haber una ruptura radical en el arte/pintura, como la hay en la física cuántica con respecto a la física clásica. ¿Ahí no hay compromiso posible?

Mi convicción íntima en la supervivencia de la pintura procede (entre otras cosas) del hecho de que solo esta posee los instrumentos para «representar» la «realidad» con las ambigüedades y contradicciones que la física ha descubierto.

¡¿Y si el espacio y el tiempo también fuesen discontinuos?! ¿¿Tiene sentido??

Photos & Video El Artista y el Modelo El Artista deforma/moldea el cuerpo o partes del cuerpo del modelo con las manos u otros instrumentos (pincel, espátula, regla, espejo, etc.). —Sobre todo grandes planos.

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Art recepie Think & feel Think and don’t think Feel and don’t feel Feel & don’t think Think and don’t feel

Pintar é fechar formas com cor.

A pintura exige uma

inteligência rapidez do olhar, superior à da razão. acuidade

Como aprender algo que repudiamos? Solidão: a morte na vida.

Amazonas — Jan 2004 Será que ainda estou a tempo de me tornar selvagem?

Ai dos artistas que «encontram».

A integração no espaço plástico da figura humana é neste momento um grande e significativo desafio e certamente de muito maior dificuldade em pintura do que em fotografia.

Nov 2004 Completamente estéril e num grande e eterno impasse: ser ou representar? — Estou doente. — E o que é que tens?! — Tenho Portugal!

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Receta artística Piensa y siente Piensa y no pienses Siente y no sientas Siente y no pienses Piensa y no sientas

Pintar es cerrar formas con color.

La pintura exige una

inteligencia rapidez agudeza

de la mirada, superior a la de la razón.

¿Cómo aprender algo que rechazamos? Soledad: la muerte en vida.

Amazonas — enero de 2004 ¿Todavía estaré a tiempo de volverme salvaje?

Ay de los artistas que «encuentran».

La integración en el espacio plástico de la figura humana es en este momento un gran y significativo desafío y, ciertamente, de mayor dificultad en la pintura que en la fotografía.

Noviembre de 2004 Completamente estéril y en un gran y eterno impasse: ¿ser o representar? —Estoy enfermo. —¡¿Qué tienes?! —¡Tengo Portugal!

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Destruir a imagem com uma imagem. Mas isto ainda é uma imagem! Então: Destruir um certo regime da imagem com outro regime de imagem. Estou a ficar farto desta «iconorreia» das exposições de fotografia.

Se de repente uma verborreia se desencadeasse na minha cabeça, seria benéfica à minha pintura! Terá sido esta minha ainda dificuldade com o verbo (escrito e falado) um travão à minha pintura?

Gosto da «contenção» do barroco!

Conseguir ser «lateral» em relação ao próprio pensamento. Eis o segredo da invenção. Desviar-se e voltar à linha, constantemente. Não o desenho mas sim a cor é a verdadeira «honestidade» da Pintura. Aí estou de acordo com Goethe e em desacordo com Ingres.

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Destruir la imagen con una imagen. ¡Pero esto todavía es una imagen! Por consiguiente: Destruir cierto sistema de la imagen con otro sistema de la imagen. Estoy harto de esta «iconorrea» de las exposiciones de fotografía.

Si de repente una verborrea se desencadenase en mi cabeza, ¡sería beneficiosa para mi pintura! ¿Sería esta dificultad mía con el verbo (escrito y hablado) un obstáculo para mi pintura?

¡Me gusta la «contención» del barroco!

Conseguir ser «lateral» en relación al propio pensamiento. He ahí el secreto de la invención. Desviarse y volver a la línea, constantemente. No es el dibujo sino el color la verdadera «honestidad» de la Pintura. En esto estoy de acuerdo con Goethe y en desacuerdo con Ingres.

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«A cor é o lugar em que o cérebro se encontra com o Universo.» (cézanne)

Diferença: Na natureza — logo, na física —, a cor está na luz; em pintura é a luz que está na cor.

Por muito paradoxal que pareça, a felicidade está muito mais perto da morte que a infelicidade.

Arte não é só lateral thinking. REVIRAR O PENSAMENTO.

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«El color es donde se encuentran cerebro y Universo». (cézanne)

Diferencia: En la naturaleza —y por consiguiente, en la física—, el color está en la luz; en la pintura es la luz la que está en el color.

Por muy paradójico que parezca, la felicidad está mucho más cerca de la muerte que la infelicidad.

El arte no es solo lateral thinking. RETORCER EL PENSAMIENTO. 121




De l’aube à midi sur la mise en marche des cônes et des bâtonnets. La « réception » — la perception — la vision — la description.

Ainda não tinha cinco anos e já tinha desenhado uns bons milhares de desenhos a lápis de cor (em grande parte representando barcos e mar). Depois, já na escola, tinha muito jeito para fazer bilhas simétricas. Um dia a minha professora de instrução primária disse-me para desenhar uma moleira ao pé do moinho. Quando ela viu o desenho acabado disse-me que estava muito bom mas que a moleira parecia um homem porque tinha o peito chato. Aí fiquei muito vexado pela minha impotência técnica em reproduzir um volume a duas dimensões utilizando a luz e a sombra. Foi também neste momento que senti o prazer de reproduzir um corpo feminino e de acariciar volumes planos só com o olhar. Também já nesta altura me divertia a seguir com o dedo os feixes de luz até descobrir o buraco donde eles provinham. Em 1958 expus pela primeira vez numa exposição de profissionais. Um dos meus dois quadros chama-se Ilha no sol rasante da madrugada. Havia uma vaga forma no centro em ocres e vermelhos sobre um fundo azul que escurecia da esquerda para a direita de modo a indicar uma direcção luminosa. J.-A.F., que veio visitar a exposição, afirmou ser eu um jovem talento esperançoso e mais disse que o fundo desse quadro deveria ser uniforme e não percebia porque o azul passava por vários valores!!

Cores não são COR Formas não são FORMA Cor é FORMA Forma não é COR As formas são visíveis. A FORMA é invisível.

624


Del alba al mediodía mientras se encienden conos y bastoncillos. La «recepción» — la percepción — la visión — la descripción.

Aún no tenía cinco años y ya había hecho miles de dibujos con lápices de colores (la mayoría representando barcos y mar). Más tarde, en la escuela, se me daba muy bien hacer vasijas simétricas. Un día mi profesora de educación primaria me dijo que dibujase una muela al pie del molino. Cuando vio el dibujo terminado me dijo que estaba muy bien pero que la muela parecía un hombre porque tenía el pecho plano. Me quedé muy avergonzado por mi impotencia técnica para reproducir un volumen en dos dimensiones utilizando la luz y la sombra. Fue también en ese momento cuando sentí el placer de reproducir un cuerpo femenino y de acariciar solamente mirando volúmenes planos. En aquel momento también me divertía siguiendo con el dedo los haces de luz hasta descubrir el agujero del que provenían. En 1958 expuse por primera vez en una exposición de profesionales. Uno de mis dos cuadros se llama Illa no lumbrigar da madrugada. Había una vaga forma en el centro en ocres y rojos sobre un fondo azul que se oscurecía de izquierda a derecha para indicar una dirección luminosa. J.-A. F., que fue a visitar la exposición, afirmó que yo era un prometedor nuevo talento, pero dijo que ¡¡el fondo de aquel cuadro debería estar fundido y no entendía por qué el azul pasaba por varios tonos!!

Los colores no son COLOR. Las formas no son FORMA. El color es FORMA. La forma no es COLOR. Las formas son visibles. La FORMA es invisible.

625


Série de antinomias/oposições em categorias espácio-luminosas Visível — Invisível Sobre a noção de «campo» Contínuo — Descontínuo — interacção Determinado — Indeterminado — non-separabilité Cheio — Vazio Próximo — Longínquo À frente — Atrás Plano — Volume Transparente — Opaco Claro — Escuro Linear — Curvilíneo Frontal — Perspectivado Liso — Rugoso Mate — Brilhante Estruturado — Amorfo

O que é a verdade em Pintura? A Natureza A pedagogia em Arte O que é ensinável As fontes e os limites da pintura O inato — l’acquis A intuição — a razão Uma relação invisível extrínseca

Kant acabou com a metafísica, Wittgenstein com a lógica. Les formes vers l’indéfini  (pas l’informalisme !) — Ultrapassar a oposição matéria-espírito, fazer como Pessoa e Broglie.

Retrato Res traço Repaisagem 626


Serie de antinomias/oposiciones en categorías espacio-luminosas Visible — Invisible Sobre la noción de «campo» Continuo — Discontinuo — interacción Determinado — Indeterminado — non-separabilité Lleno — Vacío Próximo — Longincuo Delante — Atrás Plano — Volumen Transparente — Opaco Claro — Oscuro Lineal — Curvilíneo Frontal — En perspectiva Liso — Rugoso Mate — Brillante Estructurado — Amorfo

¿Qué es la verdad en Pintura? La Naturaleza La pedagogía en el Arte Lo que es enseñable Las fuentes y los límites de la pintura Lo innato — l’acquis La intuición — la razón Una relación invisible extrínseca

Kant acabó con la metafísica, Wittgenstein con la lógica. Las formas hacia lo indefinido  (¡no el informalismo!) —Superar la oposición materia-espíritu, hacer como Pessoa y Broglie.

Retrato Res trazo Repaisaje 627


Toda a Arte é fusão de contradições através da metáfora da forma. Toda a visão estruturante tende para o Invisível. Toda a Arte é um desafio ao Real e um constante alargamento do campo/domínio do visível sobre o invisível. Toda a História da Arte é uma permanente conquista/avanço sobre o invisível. Se não há progresso propriamente dito em Arte, é porque a fronteira entre o visível e o invisível está em movimento. A Arte não faz senão recolocar-se lá. Where it belongs.

L’espace devient la résultante d’oppositions, qui ne s’annulent/contredisent pas, mais qui sont présentes comme deux apparences d’une même vérité, les deux pôles de l’Invisible. (comparer avec les signes de force magnétique)

O curvo é de ordem divina. O direito, de ordem humana. A capacidade de abstracção do homem é superior à dos deuses. 628


Todo el Arte es una fusión de contradicciones a través de la metáfora de la forma. Toda la visión estructurante tiende a lo Invisible. Todo el Arte es un desafío a lo Real y una constante expansión del campo/dominio de lo visible sobre lo invisible. Toda la Historia del Arte es una permanente conquista/avance sobre lo invisible. Si no hay progreso propiamente dicho en Arte, es porque la frontera entre lo visible y lo invisible está en movimiento. El Arte no hace más que situarse ahí. Donde pertenece.

El espacio se convierte en la resultante de oposiciones, que no se anulan/contradicen, sino que están presentes como dos aspectos de una misma verdad, los dos polos de lo Invisible. (Comparar con los signos de fuerza magnética)

Lo curvo pertenece a lo divino. Lo recto pertenece a lo humano. La capacidad de abstracción del hombre es superior a la de los dioses. 629


O Espaço pictural é uma metáfora (paráfrase) [variação, no sentido musical] do modo como o homem está na Natureza.

O problema da Forma em relação à Ideia é um falso problema. A Forma é Ideia, ideia visível (pensamento objectivado), mas não é senão um ponto material numa sucessão (cadeia) de raciocínios, condicionamentos, achados, compromissos, …, que se prolongam no tempo dum modo sintético antes do aparecimento visível da Forma, e dum modo analítico depois.

A Forma visível não é senão um catalisador do Invisível. A Forma não é senão a parte visível/material da Ideia (ideia, sucessão de ideias projectada no tempo). Um pouco como a energia ondulatória se pode «condensar» em partícula (matéria) para depois voltar ao estado de movimento ondulatório. Não será a Ideia a parte invisível da Forma? 630


El Espacio pictórico es una metáfora (paráfrasis) [variación, en el sentido musical] del modo en que el hombre está en la Naturaleza.

El problema de la Forma en relación a la Idea es un falso problema. La Forma es Idea, idea visible (pensamiento objetivado), pero no es sino un punto material en una sucesión (cadena) de raciocinios, condicionamientos, hallazgos, compromisos, …que se prolongan en el tiempo de un modo sintético antes de la aparición visible de la Forma, y de un modo analítico después.

La Forma visible no es sino un catalizador de lo Invisible. La Forma no es sino la parte visible/material de la Idea (idea, sucesión de ideas proyectada en el tiempo). Algo así como la energía ondulatoria, que se puede «condensar» en partícula (materia) para después volver al estado de movimiento ondulatorio. ¿Será la Idea la parte invisible de la Forma? 631


Hauser et Adorno se référent constamment à Riegl et Wolfflin et Francastel à Ruskin et Croce. Ruskin

Riegl

Wolfflin

Croce

A evolução das formas em Arte que se fazia por transformações lentas, sucedendo-se no tempo, vem, pouco a pouco, desde o final do século XIX — e graças a uma maior divulgação e uma maior capacidade de viagem dos artistas e das exposições, e a programas, livros, jornais e revistas de arte que colocam o público e os artistas numa dialéctica da novidade e da moda, como se houvesse «progresso» em Arte —, a efectuar-se contemporaneamente por sucessivas reacções de artistas ou grupos de artistas.

Deverá no entanto haver um fio condutor a ligar tudo isto, pois não é possível que a Arte que está a vir não tenha um elo de ligação com o passado.

Haverá FORMAS só dedutíveis da figuração (relações criadas pela representação de objectos familiares)?

A ignorância nun ca dá ver dade.

Retrospectiva: tentativa desesperada de apagar/fechar o passado para poder recomeçar tudo de novo.

A minha pintura não é fotogénica!

Os arquitectos deviam ser obrigados a viver nas casas que constroem!

632


Hauser y Adorno se remiten sin cesar a Riegl y a Wölfflin, y Francastel a Ruskin y a Croce. Ruskin

Riegl

Wolfflin

Croce

La evolución de las formas en Arte que se hacía mediante transformaciones lentas, sucediéndose en el tiempo, viene, poco a poco desde finales del siglo XIX — y gracias a una mayor divulgación y a una mayor capacidad para viajar de los artistas y de las exposiciones, y a programas, libros, periódicos y revistas de arte que sitúan al público y a los artistas en una dialéctica de la novedad y de la moda, como si hubiese «progreso» en Arte —, efectuándose actualmente por sucesivas reacciones de artistas o grupos de artistas.

Sin embargo, será necesario un hilo conductor que una todo esto, pues no es posible que el Arte que viene no tenga un eslabón de unión con el pasado.

¿Habrá FORMAS solo deducibles de la figuración (relaciones creadas por la representación de objetos familiares)?

La ignorancia en un ca dá ver dad.

Retrospectiva: intento desesperado de apagar/cerrar el pasado para poder volver a empezar todo de nuevo.

¡Mi pintura no es fotogénica!

¡Los arquitectos deberían estar obligados a vivir en las casas que construyen!

633


Creio ter sido o general C. de Gaulle que escreveu ou disse um dia: « Le bonheur c’est pour les imbéciles. » Tinha razão — mesmo nos homens inteligentes há um pouco de imbecilidade que anseia por felicidade gordurosa e chã que faz parar o tempo e o universo e que por aí mesmo se assemelha aos grandes tormentos de acção e criatividade.

Às vezes sinto-me como se estivesse a morrer no deserto.

Morreu o Ligeti. Reaprendi com ele coisas que também tinha aprendido na minha adolescência com o Pessoa. Liberdade. Tudo se resumindo a liberdade — de espírito, é claro! [e formal] Liberdade para a cada momento reinventar tudo e não estar preso a uma imagem de marca nem a um esquema formal. Não ter medo de voltar atrás aos fundamentos da linguagem. Não ter medo de utilizar nem os instrumentos, nem uma escrita «clássica». As revoluções não se fazem nem pelas aparências nem pela espectacularidade.

Densidade do Real A Realidade (o Real) tem diferentes densidades. A verosimilhança começa no mínimo de densidade do Real e por aí fora até ao máximo (naturalismo/realismo). Realismo em fotografia e pintura…

Eu faço Arte de dentro para fora! Oh! Yeh! [Que raio quis eu dizer com isto?? Out. 2019] Mas a minha pintura não é fotogénica. (talvez por isso?) A génese da Pintura mas também de cada pintura.

634


Creo que fue el general Charles de Gaulle quien escribió o dijo un día: «La felicidad es para tontos». Tenía razón —incluso en los hombres inteligentes hay un poco de imbecilidad que ansía la felicidad mantecosa y plana que hace que el tiempo y el universo se detengan y que por eso mismo se parece a los grandes tormentos de la acción y la creatividad.

A veces me siento como si estuviese muriendo en el desierto.

Ha muerto Ligeti. Con él volví a aprender cosas que también había aprendido en mi adolescencia con Pessoa. Libertad. Todo se resume en libertad —de espíritu, ¡claro! [y formal]. Libertad para reinventar todo en cada momento y no estar sujeto a una imagen de marca ni a un esquema formal. No hay que tener miedo de volver atrás, a los fundamentos del lenguaje. No hay que tener miedo de utilizar ni los instrumentos, ni una escritura «clásica». Las revoluciones no se hacen ni por las apariencias ni por la espectacularidad.

Densidad de lo Real La Realidad (lo Real) tiene diferentes densidades. La verosimilitud comienza en el mínimo de densidad de lo Real y así sucesivamente hasta el máximo (naturalismo/realismo). Realismo en fotografía y pintura…

¡Yo hago Arte de dentro afuera! ¡Oh, yeah! [¿¿Qué rayos habré querido decir con esto?? Octubre de 2019] Sin embargo mi pintura no es fotogénica. (¿tal vez por eso?) La génesis de la Pintura pero también de cada pintura.

635


Uma retrospectiva é (pode ser) a possibilidade de recomeçar não do zero, mas do todo — isto é, o passado tornado zero ou impossivelmente nulo ou apagado, uma tábua rasa. 22 Setembro 2006 daqui a um mês fecha a expo no CCB. E depois?

Estamos a criar gerações incapazes de entender metáforas, isto é, incapazes de compreender Arte e Poesia. O gigantismo (equivalente ao barulho/decibéis em música) e os grandes espectáculos, ou melhor, obras espectaculares, equivalem aos grandes espectáculos de circo do Império Romano. Grandes Bienais, Feiras de Arte, encomendas de Fundações, autarquias e outros Poderes públicos e privados, só servem para entreter — se não enganar — o público, alguns artistas e a eles próprios. Gigantismo = decadência, como se a Arte incapaz de criar novas formas não se conseguisse impor senão através da enormidade e da desmedida.

Há alturas na evolução das formas e dos estilos em que é preciso olhar para a frente (fins século XIX  início XX, ou século X/XI  XII, XIII), outras em que é olhando para trás que se vai para a frente (século XIV/XV ou século XX  XXI). (Am I wrong?)

22 Outubro 2006 Domingo, fim da expo no CCB. AND SO WHAT?!

Em Arte (só?) só se encontra o que se quer encontrar.

636


Una retrospectiva es (puede ser) la posibilidad de volver a empezar no de cero, sino del todo —es decir, el pasado convertido en cero o imposiblemente nulo o apagado, una tabula rasa. 22 septiembre de 2006 dentro de un mes cierra la expo en el CCB. ¿Y después?

Estamos formando generaciones incapaces de entender las metáforas, es decir, incapaces de comprender el Arte y la Poesía. El gigantismo (equivalente al ruido/decibelios en música) y los grandes espectáculos, o mejor, las obras espectaculares, equivalen a los grandes espectáculos de circo del Imperio Romano. Grandes Bienales, Feiras de Arte, encargos de Fundaciones, autarquías y otros Poderes públicos y privados, solo sirven para entretener —si no engañar— al público, a algunos artistas y a ellos mismos. Gigantismo = decadencia, como si el Arte incapaz de crear nuevas formas solo consiguiese imponerse a través de la enormidad y la desmesura.

Hay momentos en la evolución de las formas y de los estilos en los que es preciso mirar hacia delante (finales del siglo XIX  principios del XX, o el siglo X/XI  XII, XIII), otros en que es mirando hacia atrás como se mira hacia delante (siglo XIV/XV o el siglo XX  XXI). (¿Me equivoco?)

22 octubre de 2006 Domingo, fin de la expo en el CCB. ¡¿Y QUÉ?!

En el Arte (¿solo?) solo se encuentra lo que se quiere encontrar.

637


Pergunta constante: — Será esta ideia «desenvolvível»? ou — Será possível realizar «diferencias» a partir desta ideia?

As cores não andam a obedecer-me. Nem os materiais!!

A arte (o meio artístico) em Portugal está inquinada com uma quantidade considerável de novos ricos, saloios, parolos e deslumbrados. O «provincianismo cosmopolita» é mil vezes mais pernicioso que o provincianismo tout court.

Os artistas etc. ouvem pouca música ou, pelo menos, não tiram dela os ensinamentos que deveriam tirar.

Acho que estou a perder a fé e o gosto na pintura. Cada gesto, até os mais simples (escolher um pincel, espremer um tubo, misturar duas cores…) é um verdadeiro suplício e uma horrível sensação de inutilidade e insignificância.

Vendo bem, o suicídio é tão insignificante grotesco sem sentido quanto a vida! Oh yeah! Mas ao menos não dura!

A dependência duma mulher pode ser a coisa mais bela, como a mais lamentável e obscena.

638


Pregunta constante: —¿Será esta idea «desarrollable»? o —¿Será posible realizar «diferencias» a partir de esta idea?

Los colores no me obedecen. ¡¡Ni los materiales!!

El arte (el medio artístico) en Portugal, está corrompido por una cantidad considerable de nuevos ricos, paletos, provincianos y alucinados. El «provincianismo cosmopolita» es mil veces más pernicioso que el provincianismo a secas. Los artistas, etc. oyen poca música o, por lo menos, no extraen de ella las lecciones que deberían extraer.

Creo que estoy perdiendo la fe y el gusto por la pintura. Cada gesto, hasta el más simple (escoger un pincel, exprimir un tubo, mezclar dos colores…) es un verdadero suplicio y una horrible sensación de inutilidad e insignificancia.

Pensándolo bien, el suicidio es tan insignificante grotesco sin sentido ¡como la vida! ¡Oh, yeah! ¡Pero por lo menos no dura!

La dependencia de una mujer puede ser la cosa más hermosa, así como también la más lamentable y obscena.

639


9 Agosto 2007 Quando morrer quero definitivamente que se toque a última das Quatro Últimas Canções de Richard Strauss, Im Abendrot, e se possível pela Schwarzkopf + Maazel. E também, too late!, definitivamente deveria ter sido músico. O tempo falta desesperadamente à pintura.

«É inconcebível um TEMPO sem Oceano.» (t.s. eliot) Como não foi um português a escrever isto??

Penso demais, logo, não existo! Brrrrr!

Será que só conheço aquilo que ESTOU A DESCOBRIR e só nesse preciso momento? Strange!

5 Abril 2008 Que tédio hoje my god !!

Muitas vezes as figuras estão lá só para ajudarem a fixar o olhar.

A diferença entre pintura e desenho: se a solução dum problema no espaço plástico/pictural é cromática, então estamos diante dum problema de pintura.

É na morte que mais precisamos da nossa condição de animais. Infelizmente fizemos tudo ao longo da vida para a perder!

640


9 agosto de 2007 Cuando muera quiero definitivamente que se toque la última de las Cuatro Últimas Canciones de Richard Strauss, Im Abendrot, si es posible por la Schwarzkopf + Maazel. Y también, demasiado tarde, definitivamente, debería haber sido músico. El tiempo falta desesperadamente a la pintura.

«Es inconcebible un TIEMPO sin Océano». (t. s. eliot) ¿¿Cómo no habrá escrito esto un portugués??

¡Pienso demasiado, luego no existo! ¡Brrrrr!

¿Acaso solo conozco lo que ESTOY DESCUBRIENDO en este preciso momento? ¡Qué raro!

5 abril de 2008 ¡¡Qué tedio hoy por Dios!!

Muchas veces las figuras están ahí solo para ayudarme a fijar la mirada.

La diferencia entre pintura y dibujo: si la solución de un problema en el espacio plástico/pictórico es cromática, estamos ante un problema de pintura.

Es en la muerte donde más necesitamos de nuestra condición de animales. ¡Por desgracia, a lo largo de la vida lo hemos hecho todo para perderla!

641


A partir de que bases ou fundamentos se deverá pensar a cor? É evidente que a decomposição espectral ou outros critérios como os de ordem da fisiologia visual, etc., não passam de árvores que escondem a floresta. A cor na natureza tem obviamente uma causa e uma função, mas tem ela uma lógica? (visual) Portanto, a cor na natureza e na Pintura têm funções, lógicas e significados diferentes, se não opostos.

« Les œuvres de l’esprit, poèmes ou autres, ne se rapportent qu’à ce qui fait naître ce qui les fit naître elles-mêmes, et absolument à rien d’autre. » (valéry, Cours de poètique)

Question : Qu’est-ce que (comment ?) mes problèmes picturaux (de forme, couleur, composition, etc.) ont-ils à voir avec une représentation figurative classique ? Quelles autres solutions plastiques en découleraient si j’utilisais une autre thématique ? Mes solutions peuvent-elles être applicables à d’autres thèmes ? — à suivre —

Dans l’Univers l’immobilité est inconcevable — elle n’est atteinte qu’en Peinture.

Le vrai chef-d’œuvre est quelque chose qui nous interdit de comparer. Le relatif n’y a pas de place.

… Eu que tive a chance de viver longe do meu país, isto é, perto da minha pátria…

A FORMA DO FOGO.

642


¿A partir de qué bases o fundamentos se deberá pensar el color? Es evidente que la descomposición espectral u otros criterios como los relativos a la fisiología visual, etc., solo son árboles que no dejan ver el bosque. El color en la naturaleza tiene obviamente una causa y una función, pero, ¿tiene una lógica? (visual). Por lo tanto, el color en la naturaleza y en la Pintura tiene funciones, lógicas y significados diferentes, si no opuestos.

«Las obras del espíritu, ya sean poemas o cualesquiera otras, solo se refieren a aquello que dio origen a lo que les dio origen, y a nada más». (valéry, Curso de poética)

Pregunta: ¿Qué (cómo) tienen que ver mis problemas pictóricos (de forma, color, composición, etc.) con una representación figurativa clásica? ¿Qué otras soluciones plásticas aparecerían si utilizase otra temática? ¿Son mis soluciones aplicables a otros temas? —continuará—

En el Universo, la inmovilidad es inconcebible —solo se alcanza en la Pintura.

La verdadera obra maestra es algo que nos impide comparar. En ella no cabe lo relativo.

…Yo que he tenido la suerte de vivir lejos de mi país, es decir, cerca de mi patria…

LA FORMA DEL FUEGO.

643


Pintar e contemplar: duas coisas separadas por um abismo, dois estados do espírito que passam pelos olhos, e no entanto a anos-luz de distância — e quando digo contemplar, já não falo de olhar para pintura num museu, mas olhar para o quadro em que se esteve a trabalhar um segundo antes! Pintar  Sintetizar Ver  Analisar A visão vs. a pintura!!

Quand je dessine, je me sens le Maître de l’Univers ! Et pourtant… !

J’envie Marc Aurèle qui, soit par l’exemple soit par la parole a pu trouver dans sa vie 16 personnes à admirer et de qui apprendre quelque chose ou tirer quelque enseignement.

Que espécie de «crime» comete um pintor ao pintar um quadro? 644


Pintar y contemplar: de dos cosas separadas por un abismo, de dos estados del espíritu que pasan por los ojos y, sin embargo, a años luz de distancia —¡y cuando digo contemplar, no me refiero al acto de mirar pintura en un museo, sino a contemplar el cuadro en el que se ha estado trabajando un minuto antes! Pintar  Sintetizar Ver  Analizar ¡¡La visión vs. la pintura!!

¡Cuando dibujo, me siento Dueño y Señor del Universo! ¡Y sin embargo…!

Envidio a Marco Aurelio por ser capaz de encontrar durante su vida 16 personas que, por su ejemplo o por sus palabras, pudo admirar y de las que aprendió algo o que fueron una lección para él.

¿Qué especie de «crimen» comete un pintor al pintar un cuadro? 645



HAI KU(ASE) HAIKU (CASI) 2009-2011

NdE: en portugués Hai Ku(ase), en referencia al juego fonético entre Haiku y quase (casi).


Vendo bem ele há coisas do aquém. Ele há coisas!

Mar Ais Cais

Mãe Hoje Infinito

Sexo hoje Amanhã Morte

Sol Hoje Amanhã norte

Duplo Ubíquo Longínquo

Sexo Sol Silêncio

Bem Mal Lençol

Mar Voar Talvez

Pai Amanhã Morro

Ai Cai Cai!

648


Bien mirado hay cosas de este lado ¡Hay cosas!

Piélago Madre Ay Hoy Embarcadero Infinito

649

Sexo hoy Mañana Muerte

Sol Hoy Mañana norte

Doble Ubicuo Longincuo

Sexo Sol Silencio

Bien Mal Cobertor

Mar Volar Talvez

Padre Mañana Muero

Ay Cae ¡Cae!


Longe Voa Nuvem

Ama Fumo Nada

Simples Mente Sente

Penso Ego Sou

Navio Sulca Mente

Oceano Antiga Vida 650


651

Lejos Vuela Nube

Ama Humo Nada

Simple Mente Siente

Pienso Ego Soy

Navío Surca Mente

Océano Antigua Vida


Mar Lar Desaparecer

Se não voas Não Vês

Nua Continua A folha

Dormir Sonhar Acordar

A Consciência imita a viagem.

Os limites tocam a verdade.

Ser grande Mas Invisível.

O dizível pode ser Fatal.

Amor Espaço E é tudo

Espírito solta palavras 652


Mar Hogar Desaparecer

Si no vuelas No Ves

Desnuda Continúa La hoja

Dormir Soñar Despertar

La Consciencia imita al viaje

Los límites tocan la verdad

Ser grande Pero Invisible

Lo decible puede ser Fatal

Amor Espacio Y es todo 653

Espíritu suelta palabras


Palavras Vento Leva

Ah! Cu Nu

Liberdade Verdade Maldade

Verdade no vinho estĂĄ

Muito longe Passa A razĂŁo

As ideias pairam sobre o prato 654


655

Palabras Viento Lleva

ยกAh! Culo Desnudo

Libertad Verdad Maldad

Verdad en el vino estรก

Muy lejos Pasa La razรณn

Las ideas planean sobre el plato


Na minha mão Tudo Pode

A linha Fala a cor É

São quatro e meia É bom palavrar

Uma porta abriu-se mas ao lado

Avião Coração Das estrelas

Se o verbo vier Estou salvo!

Na sombra as ideias nascem

Vermelho Lampejo De amor 656


En mi mano Todo Puede

La línea Habla el color Es

Son las cuatro y media Es bueno palabrear

Una puerta se abrió pero al lado

Avión Corazón De las estrellas

Si el verbo viniese ¡Estaría salvado!

En la sombra las ideas nacen

Rojo Fulgor De amor 657


Dor Bolor de amor

In sonho Veritas ?

Da Sombra as ideias Brotam. Mas ao sol‌ 658


Dolor Moho de amor

In sueño Veritas ¿?

De la Sombra las ideas Brotan. Pero al sol… 659


Infinito com bonito rima. Também com palito.

A saudade atraca ao vento.

Palavras trá-las a mente leva-as o vento.

Palavras flores, Amores dores, Cores horrores.

Por alguns (uns) segundos o espelho não reflectiu Adormeceu.

Vou afoito na Noite como prá Morte.

O lesto Aquiles só pela razão alcançará tartaruga. 660


Infinito con bonito rima. También con palito

La nostalgia atraca al viento

Las palabras las trae la mente se las lleva el viento

Palabras flores Amores dolores Colores horrores

Durante (unos) segundos El espejo no reflejó Se adormeció

Camino valiente en la Noche como hacia la Muerte

El despierto Aquiles solo por la razón alcanzará a la tortuga 661


O caracol igual de Aquiles também Não alcança a tartaruga.

O caracol e a tartaruga Riem de Zenão.

Todo o concebível é Real como a Matemática. 662


El caracol igual que Aquiles tampoco Alcanza a la tortuga

El caracol y la tortuga Se ríen de Zenón

Todo lo concebible es Real como las Matemáticas 663


Entre dois Infinitos somos Infinitamente finitos.

Lá longe as estrelas morrem lentamente.

À noite a luz é uma memória.

O Tédio dissolve lentamente o infinito.

Dor é a cor do Amor.

Devagar se vai ao primeiro andar.

E entre as brumas da memória Evaporamo-nos/Portugal evapora-se Sem deixar rasto. 664


Entre dos Infinitos somos Infinitamente finitos

A lo lejos las estrellas mueren lentamente

De noche la luz es una memoria

El Tedio disuelve lentamente el infinito

Dolor es el color del Amor

Despacito se va al primer piso

Y entre las brumas de la memoria Nos evaporamos/Portugal se evapora Sin dejar rastro 665


No campo as sensações cheiram a terra.

Vendo bem O invisível está próximo.

Só a solidão pode contrariar os deuses.

À noite o sol brilha no dia dos outros. 666


En el campo las sensaciones huelen a tierra

Bien mirado Lo invisible estĂĄ cercano

Solo la soledad puede contrariar a los dioses

Por la noche el sol brilla en el dĂ­a de los otros 667


No campo os deuses pintam-se de verde.

Que maçada o sol pôs-se e o telefone tocou.

Ah! Ter que tirar conclusões de tudo sintetizar o absurdo.

Tornar simples sensações em formas emoções.

O sono chega sobre a inquietação mas o sonho…

Que esforço enorme dar sentido às cores e às palavras.

Da ordem nasce o caos do caos a ordem? 668


En el campo los dioses se pintan de verde

¡Qué faena!, el sol se pone y el teléfono suena

¡Ah! Tener que sacar conclusiones de todo sintetizar el absurdo

Convertir simples sensaciones en formas emociones

El sueño llega tras la inquietud pero el sueño…

Qué esfuerzo enorme darles sentido a los colores y a las palabras

Del orden nace el caos ¿del caos el orden? 669


Lar doce Mar

Mar doce Lar

Olho o mar e sei de nada ter saudades

As palavras sĂŁo a cor da poesia. A cor, da pintura, a dor. 670


Hogar dulce Mar

Mar dulce Hogar

Miro al mar Y sĂŠ que de nada tengo nostalgia

Las palabras son el color de la poesĂ­a El color, de la pintura, el dolor 671


Meu cérebro fala comigo! Dá-me a solução. Nada

Não. No campo não é um descanso. Os pássaros no entanto…

De tudo que me passa à mão Só as palavras é que não.

Só o Teu de tantos amores que não amei valeu.

Escrever é fixe Se não sair bem q’se lixe.

Pintar é um drama que pinte quem ama!

O meu reino por uma ideia ou mesmo meia! até 672


¡Mi cerebro habla conmigo! Me da la solución Nada

No En el campo no hay descanso Los pájaros sin embargo…

De todo lo que obtengo Con las palabras no hay modo

Solo el Tuyo de tantos amores que no amé valió

Escribir es fetén Si no sale bien que le den

Pintar es un drama ¡que pinte quien ama!

Mi reino por una idea ¡o media! incluso 673


Invisível rima com vermelho e amarelo com plausível.

Digo índigo e logo algo se move ao longo do lago.

Do caos nasce a ordem que dá as formas que levam ao caos

674


Invisible rima con rojo y amarillo con plausible

Digo Ă­ndigo y pronto algo se mueve a lo largo del lago

Del caos nace el orden que da las formas que llevan al caos

675


Dos opostos nasce o movimento da acção o êxtase

Que palavra falta ainda ser definida para além de qualquer dicionário?

Os lentos cactos parecem meditar sobre/acerca (d)a água e (d)a eternidade.

De orgasmo em orgasmo iludo o Tempo Mas (…)

Jorge O que queres ser quando fores grande? Ser grande.

Mulher rima com colher, de sopa ou sobremesa.

Um

Haiku Olhar Arrepio 676


De los opuestos nace el movimiento de la acción el éxtasis

¿Qué palabra falta todavía por definir al margen de cualquier diccionario?

Los lentos cactus parecen meditar sobre/acerca (d)el agua y de la eternidad

De orgasmo en orgasmo engaño al Tiempo Pero (…)

Jorge ¿Qué quieres ser cuando seas grande? Ser grande

Esposa rima con cuchara de sopa o sobremesa

Una

677

Haiku Mirada Estremecimiento


O Real O Visível O Mundo

O Uno O Todo Tudo

Um a um Um de cada vez Um por um

Os lentos cactos meditam acerca da água e do tempo 678


Lo Real Lo Visible El Mundo

Uno El Todo Todo

Uno a uno Uno cada vez Uno por uno

Los lentos cactus meditan acerca del agua y el tiempo 679


Os lentos cactos meditam sobre a sede de água e a lentidão do tempo

Os cactos meditam sobre a sede de tempo e a lentidão da água

Os lentos cactos meditam sobre a água e o tempo e a eternidade.

Navegar é preciso Desenhar é preciso Tudo é preciso Nada

Do caos nasce a ordem Do caos nasce a ordem Do caos NASCE A ORDEM Do caos nasce a ordem Da ordem não nasce o caos LOGO É o caos que é fecundo e poético! 680


Los lentos cactus meditan sobre la sed de agua y la lentitud del tiempo

Los cactus meditan sobre la sed de tiempo y la lentitud del agua

Los lentos cactus meditan sobre el agua y el tiempo y la eternidad

Navegar es necesario Dibujar es necesario Todo es necesario Nada

Del caos nace el orden Del caos nace el orden Del caos NACE EL ORDEN Del caos nace el orden Del orden no nace el caos LUEGO ÂĄEs el caos el que es fecundo y poĂŠtico! 681


no desire any desire but desire of desire

Deverá o sexo ter nexo? O nexo do sexo é paradoxal e flexível. E complexo!

Olhei-te e inscrevi escrevi sobre ti nexo, gesticular, cama coda, anis, ralos, tu, cana

Le vu et le su. Le non vu. Le su du non-vu.

FADO Se o mar me amasse da viagem me falasse longe eu iria norte morte

682


No desear ningún deseo salvo el deseo del deseo

¿Deberá el sexo tener nexo? El nexo del sexo es paradójico y flexible ¡Y complejo!

Te miré y anoté escribí sobre ti nexo, gesticular, cama coda, anís, finos, tú, cana

Lo visto y lo sabido Lo no visto Lo sabido de lo no visto

FADO Si el mar me amase del viaje me hablase lejos yo iría norte muerte

683



Sombras y Paradojas de Jorge Martins MARCO, Museo de Arte Contemporรกnea de Vigo 27-09-2019 > 12-01-2020 curadoria | comisariado

ร scar Alonso Molina














fundação marco | fundación marco Concello de Vigo Xunta de Galicia Ministerio de Cultura y Deporte

PATRONATO

Presidente de honra | Presidente de honor Alberto Núñez Feijóo Presidente Abel Caballero Álvarez Vice-presidente | Vicepresidente Abel Losada Álvarez Vogais | Vocales Jaime Aneiros Pereira María José Caride Estévez Teresa Egerique Mosquera María Carmen Lago Barreiro Anxo Manuel Lorenzo Suárez Oriana Méndez Fuentes Cayetano Rodríguez Escudero Nuria Rodríguez Rodríguez Begoña Torres González Patrona honorária | Patrona de honor Carlota Álvarez Basso Secretário | Secretario José Riesgo Boluda Director Miguel Fernández-Cid


MARCO Museo de Arte Contemporánea de Vigo

Proprietário | Propietario Concello de Vigo Director Miguel Fernández-Cid Gerente Martiño Nogueira Canle Secretária | Secretaria Patricia Verdial Garay Exposições | Exposiciones Pilar Souto Soto Comunicação e Didáctica | Comunicación y Didáctica Marta Viana Tomé Biblioteca e Documentação | Biblioteca y Documentación Iria Fernández Mouriz Montagem | Montaje Paul Edward Guy Administração | Administración Alberto Abal García



AGRADECIMENTOS | AGRADECIMIENTOS O MARCO quer expressar o seu agradecimento a D.ª Maria da Graça Dias Coelho Carmona e Costa e à Fundação Carmona e Costa, ao Camões – Centro Cultural Português em Vigo, a Antonio Franco Domínguez (In memoriam), à Universidad de Vigo e, muito especialmente, a Jorge Martins, pelo seu empenho e apoio a este projecto, pensado como celebração da exposição Sombras y Paradojas, de Jorge Martins, no MARCO, Museo de Arte Contemporânea de Vigo, de 27 de Setembro de 2019 a 12 de Janeiro de 2020, com curadoria de Óscar Alonso Molina El MARCO quiere expresar su agradecimiento a D.ª Maria da Graça Dias Coelho Carmona e Costa y a la Fundação Carmona e Costa, a Camões – Centro Cultural Português en Vigo, a Antonio Franco Domínguez (In memoriam), a la Universidad de Vigo y, muy especialmente, a Jorge Martins, por su implicación y apoyo a este proyecto, ideado con motivo de la celebración de la exposición Sombras y Paradojas, de Jorge Martins, en el MARCO, Museo de Arte Contemporánea de Vigo, del 27 de septiembre de 2019 al 12 de enero de 2020, comisariada por Óscar Alonso Molina


PUBLICAÇÃO | PUBLICACIÓN Coordenação editorial | Coordinación editorial Óscar Alonso Molina Pilar Souto Soto Patricia Verdial Garay Textos Miguel Fernández-Cid Óscar Alonso Molina José Gil Joana Baião Jorge Martins Transcrições | Transcripciones Joana Baião Tradução | Traducción Encarna Castejón (francês/inglês–espanhol | francés/inglés–español) Carmen Torres París (português–espanhol | portugués–español) Helena Roldão (espanhol–português | español–portugués) Revisão | Revisión Helena Roldão Patricia Verdial Garay María Casais Pena (Licenciatura em Tradução, UVIGO | Grado Traducción, UVIGO) Design e Paginação | Diseño y Maquetación Graça Manta Manuel Rosa Fotografia | Fotografía Antonio Jorge Silva Fuco Reyes Depósito legal 472178/20 Impressão | Impresión Gráfica Maiadouro SA Rua Padre Luís Campos 686, 4470-324 Maia, Portugal


© MARCO, Museo de Arte Contemporánea de Vigo Rúa do Príncipe 54, 36202 Vigo, Pontevedra, España © Sistema Solar (Documenta) Rua Passos Manuel 67 B, 1150-258 Lisboa, Portugal © das imagens | de las imágenes: Jorge Martins © dos textos: os autores | de los textos: los autores © das traduções: os tradutores | de las traducciones: los traductores 1.ª edição, Julho de 2020 | 1.ª edición, julio de 2020 ISBN MARCO: 978-84-120695-5-6 ISBN Sistema Solar (Documenta): 978-989-9006-36-2





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