O PLANTADOR DE MALATA
Joseph Conrad O PLANTADOR DE MALATA
tradução e apresentação
Aníbal Fernandes
T ÍTULO DO ORIGINAL: THE PLANTER OF MALATA
© SISTEMA SOLAR CRL
RUA PASSOS MANUEL 67B, 1150-258 LISBOA tradução © ANÍBAL FERNANDES, 2023
ISBN 978-989-568-061-0
1.ª EDIÇÃO, JANEIRO DE 2023
NA CAPA: PAUL GAUGUIN, PAISAGEM
REVISÃO: DIOGO FERREIRA
DEPÓSITO LEGAL 509772/23
ESTE LIVRO FOI IMPRESSO NA ULZAMA
Pode parecer inesperado um «amor louco» no mundo de histórias masculinas que foram centro na vocação literária de Joseph Conrad. Este escritor, inspirado sobretudo pelo mar, pelos seus homens, pelas suas lutas contra os maus humores do oceano, poucas vezes escolheu mulheres como centro das suas imaginações de ficcionista. Podemos lembrar-nos de Amy Foster, que até ficou no título de uma das suas novelas; da Freya que andava por sete ilhas; ou mesmo dessa desencantada mulher de Alvan Hervey, sem direito a nome, que só viu no «regresso» a solução para o irremediável tédio do seu matrimónio. Estas e algumas outras são evidências de uma personagem feminina destituída de um qualquer papel de vida ou morte num enlouquecido amor e que deslocam para um lugar de excepção o que nos é contado em O Plantador de Malata, onde encontramos a sua personagem central transtornada por um irremediável amor; onde não vemos nesse sentimento a bivalência mortal que é destino no Romeu e na Julieta, no Tristão e na sua Isolda, mas uma Miss Moorsom que se desfaz perante o seu apaixonado em irremediáveis e inatingíveis distâncias.
O próprio Conrad, que se casou em 1896 com a inglesa Jessie George e lhe deu um matrimónio com dois filhos gerados nos descansos breves de lar tradicional permitidos por longos períodos marítimos, teve uma vida de sentimentos amorosos pouco frequentada. Descobrem no entanto os seus biógrafos que oito anos
antes deste casamento viveu ele próprio um grande desconforto sentimental; o que está na base — excitado literariamente até ao paroxismo — da história contada em O Plantador de Malata.
O tímido polaco Józef Teodor Konrad Korzeniowski (anglicisado na literatura como Joseph Conrad), tímido com as mulheres e perante elas de uma sensibilidade quase amedrontada, conseguiu viver uma frágil aventura romanesca em Porto Luís, e que até chegou ao insensato pedido de casamento.
Korzeniowski acabava de ser nomeado pela primeira vez capitão de um navio; profissão que confere, diz ele, «a mais bela vida que podemos ter debaixo do sol». Em Janeiro de 1888 foi determinado que o «seu» Otago iria navegar até Melbourne. Houve no longo caminho nove homens com ataques de malária e um consequente atraso em Banguecoque; depois Singapura, onde os porões do Otago ficaram a transbordar de arroz. No regresso de Melbourne, com porões vazios e linha de flutuação muito alta, teve uma paragem em Sydney, onde lhe foi dito que devia dirigir-se à ilha Maurícia carregado com sebo e sabão. Konrad viu, temeu e admirou o perigoso estreito de Torrens; e em 30 de Setembro, já no Índico Sul, atracou no Porto Luís da ilha Maurícia, a mais conhecida das Mascarenhas. Foram nove semanas de pausa, com o Otago a aliviar-se do sebo, do sabão, e o capitão Korzeniowski a ser perturbado por um incómodo amor.
Era um capitão com trinta e um anos de idade, que falava um francês impecável (com sotaque provençal) e um inglês (que viria a ser admirado na sua forma escrita, mas que ele iria pronunciar até ao fim da sua vida com uma sonoridade maculada pelos restos de um renitente polaco natal). Paul Langlois, um dos importantes comerciantes de Porto Luís, lembrou-se dele numa extensa carta dirigida a um amigo:
«Com uma altura ligeiramente acima da média, tinha feições enérgicas e muito móveis que passavam depressa da doçura a um nervosismo próximo da cólera; grandes olhos negros quase sempre melancólicos e sonhadores, também doces se estivessem fora desses frequentes momentos de irritação; um queixo de homem voluntarioso, uma boca formosamente desenhada, graciosa, sobreposta por um bigode castanho-escuro, espesso e bem aparado; era uma fisionomia agradável, de facto, mas acima de tudo estranha na expressão e difícil de se esquecer depois de uma ou duas vezes vista. «Exteriormente à distinção das maneiras, o que mais impressionava no capitão do Otago era o contraste entre ele e os outros capitães de navios… Estes andavam em geral vestidos com tecido leve, capacetes ou chapéus de palha, tinham rostos e mãos muitas vezes queimados pelo sol e pela água salgada, unhas enegrecidas pelo alcatrão que lhes denunciava o ofício, linguagem enérgica e com frequência grosseira, sem nada haver neles de modelos de elegância e requinte. Ao contrário dos seus colegas, o capitão Korzeniowski andava sempre vestido como um professor. Ainda o vejo chegar quase todos os dias ao meu escritório (e a minha memória, precisamente por causa do contraste com os outros marinheiros, é precisa) com um casaco preto ou de cor escura, um colete em geral claro e umas calças “de fantasia”, todo este conjunto bem construído e de uma grande elegância; com um chapéu de feltro preto ou cinzento, posto ligeiramente de lado, sempre com luvas e uma bengala de castão de ouro.
«Por esta descrição poderá ver que se diferençava dos outros capitães com os quais só mantinha, aliás, relações de estrita cortesia, na maior parte das vezes limitando-se a um cumprimento. Era no entanto muito popular entre os colegas, que lhe chamavam com ironia “O Conde Russo”. Isto no que respeita ao físico.
«Quanto ao moral, uma educação perfeita, uma conversa muito variada e interessante se estivesse nos seus dias comunicativos. Mas isto nem sempre acontecia. Este homem, que iria tornar-se célebre com o nome Joseph Conrad, mostrava-se muitas vezes taciturno e nervoso. Nesses dias tinha um tique no ombro e nos olhos; e qualquer coisa inesperada, a queda de um objecto no chão, uma porta a bater, fazia-lhe dar um salto…
«Joseph Conrad falava indiferentemente e com perfeição gramatical o inglês e o francês, mas preferia o seu francês usado com elegância…»
Korzeniowski julgou com severidade os habitantes das ilhas Maurícias, a avaliar por aquilo que Joseph Conrad escreveu no curto relato A Smile of Fortune, Harbour Story. Viu-os apenas preocupados com as actividades do seu porto e todos com o ar falso que as conveniências de cada instante ditavam. Mas durante as suas nove semanas de Porto Luís frequentou, além dos homens com quem teve de falar por causa de assuntos relacionados com o Otago, famílias da mais alta sociedade local.
A rapariga que forçou Conrad a desviar-se com muita decisão de uma vida que parecia toda feita de mar, era uma francesa de vinte e seis anos de idade, chamada Eugènie Renouf. Foi-lhe apresentada no dia seguinte ao da sua chegada a Porto Luís pelo seu tio Gabriel Renouf, capitão de um navio, seu velho conhecido que ele encontrou nos escritórios da Blyth Bros.
A família Renouf, um casal com cinco filhos (três raparigas e dois rapazes) era muito conceituada em São Luís. E as maneiras corteses de Korzeniowski, o seu impecável francês, as histórias que se sucediam enfeitadas por uma vocação de contador que lhe dava o fascínio de um moderno Ulisses, mesmo sem ter Circes nem Calipsos a ouvi-lo encantou. Houve, no entanto, quem começasse
dias depois a notar-lhe um ar preocupado. Não eram, como podia imaginar-se, problemas suscitados pelas tarefas lentas do Otago; Korzeniowski tinha-se apaixonado por Eugènie, que ele destacava num acto de sedução múltipla às irmãs Renouf. A sua timidez, a incapacidade de se afirmar corajosamente perante aquela que o apaixonava, desviou-o para uma solução transversa. Não se dirigiu ao patriarca Renouf, mas a um dos seus filhos; Gabriel, esse irmão mais velho, na atmosfera burocrática da Blyth Bros teve de explicar-lhe que Eugènie estava noiva de um farmacêutico e seria, dali a dois meses, uma mulher casada.
Korzeniowski viveu amargurado os seus últimos dias de São Luís; viu-se obrigado a fazer descer às durezas do oceano os castelos esperançosamente construídos naquele ar tropical. O Otago abandonou as Maurícias em 22 de Novembro de 1888; e o seu capitão, que evitou melancólicas despedidas directas, deixou uma carta aos Renouf onde escreveu: «No dia 14 de Janeiro, à hora em que Mademoiselle Eugène estiver no altar, eu bem perto de vós estarei em pensamento.»
Vinte e cinco anos mais tarde, a persistente memória de Eugènie Renouf fê-lo escrever O Plantador de Malata, agravando na literatura os factos da vida real; este Renouard, que encontrará os sentimentos de Felicia Moorsom irremediavelmente comprometidos pela sombra de outro homem, escolhe-se como protagonista de uma decisão poética mas trágica. Era um tema bastante exterior aos visitados pela sua preferência literária, mas com uma feitura de que ele próprio pôde numa grande medida orgulhar-se, se atendermos às suas próprias palavras: «Considero O Plantador de Malata como uma realização quase bem sucedida da tentativa que eu fiz de levar a cabo uma coisa muito difícil, a de imaginar o que estas duas personagens conseguiriam encontrar para dizer
uma à outra naquele preciso momento e naquele lugar da superfície do globo. Porque se atendermos ao estado excepcional dos seus sentimentos, a disposição de espírito em que os dois estavam permitir-lhes-ia dizer fosse o que fosse. O iminente crítico que me acusou de um falso realismo nascido da minha timidez, redondamente se enganou. Gostaria de perguntar-lhe que união física poderia haver na vida de duas pessoas como Felicia Moorsom e Geoffrey Renouard. Poderia sequer existir? Não! Eu nada evitei por timidez nem por preguiça. Embora uma leve desconfiança a respeito das minhas próprias forças possa não parecer deslocada num caso como este. Mas não interveio; pareço-me com Geoffrey Renouard num pormenor, que é não conseguir suportar a ideia de uma renúncia numa aventura em que esteja metido. Chegava o momento de estes dois seres se descobrirem um ao outro, e teriam de fazê-lo. Descrever o tão decisivo instante de um sentimento apenas com o recurso a palavras da linguagem humana, é uma impossível tarefa. As palavras escritas só constituem uma espécie de tradução. E se esta tradução, por falta de habilidade ou por um extremo desejo de boa execução conseguir ser literal, as personagens dominadas pela obra da paixão, qualquer que ela seja, em vez de se revelarem a si próprias, o que seria fazer arte, acabam por se trair, o que não é arte, nem vida, nem sequer a verdade; ou nem toda a verdade, em qualquer caso, por ser a verdade privada de todas estas reservas, de todas estas distinções necessárias e simpáticas que lhe conferem a verdadeira forma, as suas justas proporções, a sua aparência de relação humana.
«Sim, pode afirmar-se que a tarefa que consiste em traduzir as paixões com um discurso é uma coisa “muito difícil”. A minha habitual impenitência faz-me ainda assim feliz por ter tentado levar a cabo este relato com todos os seus lados ocultos, todas as
suas complicações, incluindo a cena junto do rochedo pardo que coroa o mais alto ponto de Malata. Mas não me considero tão desmesuradamente satisfeito com o resultado, ao ponto de não poder perdoar ao leitor se ele se mostrar decepcionado.» Estas perplexidades de Conrad hesitam (dir-se-á que desrazoavelmente) em não se reconhecer por completo na mestria que é maior encanto da sua novela: a de uma realidade de fronteira com mais seduções do que as submetidas à disciplina do raciocinado mundo dos homens. Renouard, impelido por esta realidade-outra desliza com o seu sonambulismo por entre as cruas fealdades da vida; e esgotado, e desiludido, foge-lhes porque prefere outras não menos duras mas mais poéticas, as da invencível distância (no muito azul mar de Malata) que o separava da sua estrela.
CAPÍTULO I
Dois homens conversavam no gabinete privado do jornalista-editor do mais importante diário de uma grande cidade colonial. Eram ambos jovens. E o mais gordo dos dois, louro e mais acentuadamente citadino, era o jornalista e o co-proprietário do importante jornal.
O outro chamava-se Renouard. Era evidente, no seu bonito rosto bronzeado, que tinha qualquer coisa a intrigar-lhe o espírito. Era um homem magro, desocupado mas activo. O jornalista continuava a conversar:
— Portanto, ontem jantaste na casa do velho Dunster. Não empregava a palavra «velho» com o sentido afectuoso que aplicamos por vezes aos íntimos, mas como simples comprovação de uma realidade. O Dunster em causa era velho. Tinha sido um eminente político da colónia, mas estava naquela altura retirado da actividade política, depois de fazer uma viagem na Europa com prolongada permanência na Inglaterra; e durante esse período a imprensa tinha-lhe feito muito boas referências. A colónia orgulhava-se dele.
— Sim. Jantei lá — disse Renouard. — O jovem Dunster convidou-me no preciso momento em que eu saía do seu gabinete. Pareceu que se tratava de qualquer coisa como uma ideia súbita. Mas não pude impedir-me de suspeitar que havia atrás dela uma intenção. Insistiu muito. Garantiu-me que o
seu tio teria muito prazer em estar comigo. Disse que ele tinha feito tempos antes uma referência à minha doação de Malata, considerando-a o derradeiro acto da sua vida pública.
— Muito comovente. O solteirão de vez em quando sentimentaliza o seu passado.
— De facto, não sei por que razão aceitei o convite — continuou Renouard a dizer. — Não é muito fácil que os sentimentalismos me comovam. Mas apesar de o velho Dunster ter sido amável para comigo, como realmente foi, não me perguntou nada sobre o estado em que eu me encontrava com as minhas plantas da seda. É provável que nem se tenha lembrado delas. Devo dizer que havia lá mais gente do que eu esperava encontrar. Era, de facto, uma grande reunião.
— Eu fui convidado — informou o jornalista. — Mas deu-se o caso de não poder ir. Quando é que chegaste aqui, vindo de Malata?
— Cheguei ontem ao nascer do dia. Ancorei fora da baía, no Garden Point. Apareci no gabinete do Dunster, antes de ele acabar de ler as suas cartas. Já viste alguma vez o jovem Dunster a ler as suas cartas? Vislumbrei-o através da porta aberta. Agarra com ambas as mãos nos papéis, encolhe os ombros até àquelas orelhas feias, aproxima deles o nariz e os grossos lábios como se fossem uma bomba aspirante. Um monstro comercial.
— Aqui não o consideram um monstro — disse o jornalista a olhar pensativamente para o seu visitante.
— É provável que não. Habituaram-se tanto ao rosto dele como ao das outras pessoas. Não sei por que razão isto acontece, mas quando venho à cidade o aspecto dos que passam na rua deixa-me muito impressionado. Parece-me imensamente expressivo.
— E nada agradável.
— Pois bem… não. Não é uma regra. O efeito é violento sem ser evidente… Acho que tens essa opinião devido à forma solitária como vivo longe daqui.
— Sim. Acho que sim. E que isso desmoraliza. Durante meses não vês ninguém perto de ti. Levas uma vida pouco saudável.
Renouard não fez mais do que um difícil sorriso; e murmurou, admitindo como bastante verdadeiro, que tinham passado bem mais de onze meses desde a sua última visita à cidade.
— Repara bem nisto — insistiu o jornalista. — A solidão funciona como uma espécie de veneno. E depois começas a encontrar misteriosas e violentas sugestões em rostos que nenhum desagrado causam a um homem saudável. É claramente o que acontece contigo.
Geoffrey Renouard não disse ao seu amigo jornalista que as sugestões do seu rosto, um rosto de amigo, lhe desagradavam tanto como as dos outros rostos. Notava nele uma degradação de qualidade que o trabalho da idade todos os dias acrescenta à aparência humana. Isso impressionava-o e perturbava-o como sinais de uma horrível e árdua luta interior, desagradavelmente visível a um olhar atento como o seu, acostumado à solidão de Malata, onde se tinha estabelecido desde há cinco esforçados anos de aventura e exploração.
— É um facto de que eu tenho consciência — disse ele.
— Quando estou na minha casa de Malata não convivo com ninguém. Aceito como inevitáveis os rapazes da plantação.
— Pois bem, aqui aceitamos como inevitáveis as pessoas das ruas. E é saudável.
O visitante nada respondeu, com receio de provocar uma discussão. Não tinha vindo àquele gabinete editorial para se meter em controvérsias, mas obter uma informação. Hesitava, no entanto, em abordar o assunto. A vida solitária faz um homem reticente a respeito de tudo o que possa parecer um mexerico, principalmente quando fala com alguém de um género que tem a bisbilhotice como um trivial exercício do seu discurso quotidiano.
— Estás muito ocupado? — perguntou Renouard. O redactor, que sublinhava a vermelho uma longa folha de papel impresso, pôs o lápis de lado.
— Não. Já acabei. Parágrafos mundanos. Este gabinete é o lugar onde se sabe tudo a respeito de todos… incluindo uma grande porção dos que nada valem. Nesta sala, gente estranha entra e sai. Vagabundos e os sem eira nem beira locais, do interior, do Pacífico. A propósito: da última vez que aqui estiveste, deitaste a mão a um deles para fazê-lo teu assistente… não deitaste?
— Só contratei um assistente para acabar com os teus sermões sobre os males da solidão — disse Renouard sem perder tempo.
E o jornalista riu-se do seu tom um pouco ressentido. Não era um riso muito forte, mas sacudia-lhe todo o anafado corpo. Estava convencido de que o seu jovem amigo tinha em conta a sua opinião, embora não desse mais do que um imperfeito crédito ao seu bom senso — ou à sua sagacidade. No entanto, tinha sido ele o primeiro a ajudar Renouard nos planos de explorador; os cinco anos de um programa de aventura científica, trabalho, perigo e tenacidade, levados a cabo com muito grande êxito, e que um governo colonial cheio de
LIVROS SISTEMA SOLAR
Os génios, seguido de Exemplos, Victor Hugo
O senhor de Bougrelon, Jean Lorrain
No sentido da noite, Jean Genet
Com os loucos, Albert Londres
Os manuscritos de Aspern (versão de 1888), Henry James
O romance de Tristão e Isolda, Joseph Bédier
A freira no subterrâneo, com o português de Camilo Castelo Branco
Paul Cézanne, Élie Faure, seguido de O que ele me disse…, Joachim Gasquet
David Golder, Irene Nemirowsky
As lágrimas de Eros, George Bataille
As lojas de canela, Bruno Schulz
O mentiroso, Henry James
As mamas de Tirésias – drama surrealista em dois actos e um prólogo, Guillaume Apollinaire
Amor de perdição, Camilo Castelo Branco
Judeus errantes, Joseph Roth
A mulher que fugiu a cavalo, D.H. Lawrence
Porgy e Bess, DuBose Heyward
O aperto do parafuso, Henry James
Bruges-a-Morta – romance, Georges Rodenbach
Billy Budd, marinheiro (uma narrativa no interior), Herman Melville
Histórias da areia, Isabelle Eberhardt
O Lazarilho de Tormes, anónimo do século XVI e H. de Luna
Autobiografia, Thomas Bernhard
Bubu de Montparnasse, Charles-Louis Philippe
Greco ou O segredo de Toledo, Maurice Barrès
Cinco histórias de luz e sombra, Edith Wharton
Dicionário filosófico, Voltaire
A Papisa Joana – segundo o texto de Alfred Jarry, Emmanuel Rhoides
Bom Crioulo, Adolfo Caminha
O meu corpo e eu, René Crevel
Manon Lescaut, Padre Prévost
O duelo, Joseph Conrad
A felicidade dos tristes, Luc Dietrich
Inferno, August Strindberg
Um milhão conta redonda ou Lemuel Pitkin a desmantelar-se, Nathanael West
Freya das sete ilhas, Joseph Conrad
O nascimento da arte, Georges Bataille
Os ombros da marquesa, Émile Zola
O livro branco, Jean Cocteau
Verdes moradas, W.H. Hudson
A guerra do fogo, J.-H. Rosny Aîné
Hamlet-Rei (Luís II da Baviera), Guy de Pourtalès
Messalina, Alfred Jarry
O capitão Veneno, Pedro Antonio Alarcón
Dona Guidinha do Poço, Manoel de Oliveira Paiva
Visão invisível, Jean Cocteau
A liberdade ou o amor, Robert Desnos
A maçã de Cézanne… e eu, D.H. Lawrence
O fogo-fátuo, Drieu la Rochelle
Memórias íntimas e confissões de um pecador justificado, James Hogg
Histórias aquáticas – O parceiro secreto, A laguna, Mocidade, Joseph Conrad
O homem que falou (Un de Baumugnes), Jean Giono
O dicionário do diabo, Ambrose Bierce
A viúva do enforcado, Camilo Castelo Branco
O caso Kurílov, Irène Némirowsky
Nova Safo – tragédia estranha, Visconde de Vila-Moura
A costa de Falesá, Robert Louis Stevenson
Gaspar da Noite – fantasias à maneira de Rembrandt e Callot, Aloysius Bertrand
Rimbaud-Verlaine, o estranho casal
O rato da América, Jacques Lanzmann
As amantes de Dom João V, Alberto Pimentel
Os cavalos de Abdera e mais forças estranhas, Leopoldo Lugones
Preceptores – Gabrielle de Bergerac seguido de O discípulo, Henry James
O Cântico dos Cânticos – traduzido do hebreu com um estudo
sobre o plano a idade e o carácter do poema, Ernest Renan
Derborence, Charles Ferdinand Ramuz
O farol de amor, Rachilde
Diário de um fuzilado, precedido de Palavras de um fumador de ópio, Jules Boissière
A minha vida, Isadora Duncan
Rakhil, Isabelle Eberhardt
Fuga sem fim, Joseph Roth
O castelo do homem ancorado, Joris-Karl Huysmans
Tufão, Joseph Conrad
Heliogábalo ou o anarquista coroado, Antonin Artaud
Van Gogh o suicidado da sociedade, Antonin Artaud
Eu, Antonin Artaud
A morte difícil, René Crevel
A lenda do santo bebedor seguido de O Leviatã, Joseph Roth
O Chancellor (Diário do passageiro J.R. Kazallon), Jules Verne
Orunoko ou o escravo real (uma história verídica), Aphra Behn
As Portas do Paraíso, Jerzy Andrzejewski
Tirano Banderas (novela de Terra Quente), Ramón del Valle-Inclán
Cáustico Lunar seguido de Ghostkeeper, Malcolm Lowry
Balkis (A lenda num café), Gérard de Nerval
Diálogos das carmelitas, Georges Bernanos
O estranho animal do Vaccarès, Joseph d’Arbaud
Riso vermelho – fragmentos encontrados de um manuscrito, Leonid Andreiev
A morte da terra, J.-H. Rosny Aîné
Nossa Senhora dos Ratos, Rachilde
O colóquio dos cães incluído no Casamento enganoso, Miguel de Cervantes
Entre a espada e a parede, Tristan Bernard
A vida de Rembrandt (história a ir para onde lhe dá), Kees van Dongen
Os meus Oscar Wilde, André Gide
As aventuras de uma negrinha à procura de Deus, George Bernard Shaw
Meu irmão feminino – «Noites Florentinas», Marina Tsvietaieva
Jean-Luc perseguido, Charles Ferdinand Ramuz
O filho de duas mães, Edith Wharton
A armadilha, Emmanuel Bove
Um jardim na margem do Orontes, Maurice Barrès
Erotika Biblion, Conde de Mirabeau
A minha amiga Nane, Paul-Jean Toulet
Paludes, André Gide
O bar dos dois caminhos, Gilbert de Voisins
Sol, D.H. Lawrence
Cagliostro, Vicente Huidobro
As magias do Ceilão, Francis de Croisset
Má sorte que ela fosse puta, John Ford
Chita – uma memória da Ilha do Fim, Lafcadio Hearn
A mulher 100 cabeças, Max Ernst
A dificuldade de ser, Jean Cocteau
O duplo Rimbaud (com um preâmbulo de Benjamin Fondane), Victor Segalen
A vida apaixonada da grande Catarina, Princesa Lucien Murat
Casa de incesto, Anaïs Nin
Morte de Judas seguido de O ponto de vista de Pôncio Pilatos, Paul Claudel
Os domingos de Jean Dézert seguido de contos, Jean de la Ville de Mirmont
Ser ou não ser – Três histórias, Honoré de Balzac
Babilónia, René Crevel
O encontro (uma história incerta), Henri de Régnier
Carmilla, Sheridan Le Fanu