Correspondência Fernando Lemos e Jorge de Sena

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correspondênciaFernandoLemoseJorgedeSena

apresentação Perfecto E. Cuadrado transcrição Isabel de Sena edição, notas, índices Rui Moreira Leite e Isabel de Sena DOCUMENTA

CORRESPONDÊNCIAFERNANDOLEMOSEJORGEDESENA

A Fundação Cupertino de Miranda acompanhou a preparação e lançamento deste livro, o qual representa um importante contributo para a história da crítica literária do século XX em Portugal, mostrando as rela ções entre diferentes grupos, incluindo nomes essenciais do Surrealismo.

Com este livro, depois do lançamento do livro Cânone e do espaço expositivo Torre Literária, ficamos com um conhecimento muito completo das perspectivas de Fernando Lemos e de Jorge de Sena sobre algumas das personalidades-chave da literatura e da cultura em Portugal e no Brasil, para além da visível amizade e do enorme apreço que existia entre os dois.

A capa do livro, com a maravilhosa fotografia de Fernando Lemos da Gárgula de Notre-Dame de Paris, e no seu interior com o Auto-retrato, o Eu, Jorge de Sena – A mão que espera outra, Mécia de Sena, ou mesmo a fotografia com Fernando de Azevedo, Vespeira, Adolfo Casais Monteiro, ilustram, da melhor forma, a correspondência entre Fernando Lemos e Jorge de Sena. Assim, este livro dá-nos uma visão muito interessante das vivências e narrativas do tempo destes dois grandes autores.

Vila Nova de Famalicão, 8 de Setembro de 2022 Pedro Álvares Ribeiro Presidente da Fundação Cupertino de Miranda

Quero agradecer a colaboração muito especial de Isabel de Sena e de Rui Moreira Leite na organização deste livro, assim como de Beatrix Overmeer, de Manuel Rosa, e de todos os que contribuíram para concluir este importante livro que dá uma perspectiva de dois dos prin cipais protagonistas da literatura portuguesa no século XX — Jorge de Sena e Fernando Lemos.

um importante contributo para a história da crítica literária

1. Fernando Lemos, Auto-retrato, 1949-52 Impressão em gelatina e prata com viragem a selénio, 46,2 × 46,2 cm Colecção Fundação Cupertino de Miranda

2. Fernando Lemos, Eu, 1949-52 Impressão em gelatina e prata com viragem a selénio, 46,2 × 46,2 cm Colecção Fundação Cupertino de Miranda

3. Fernando Lemos, Jorge de Sena, 1949-52 Impressão em gelatina e prata com viragem a selénio, 46,2 × 46,2 cm Colecção Fundação Cupertino de Miranda

4. Fernando Lemos, Luz do olhar, 1949-52 Impressão em gelatina e prata com viragem a selénio, 46,2 × 46,2 cm Colecção Fundação Cupertino de Miranda

5. Fernando Lemos, Jorge de Sena – A mão que espera outra, 1949-52 Impressão em gelatina e prata com viragem a selénio, 46,2 × 46,2 cm Colecção Fundação Cupertino de Miranda

6. Fernando Lemos, Adolfo Casais Monteiro – O bom adolescente, 1949-52 Impressão em gelatina e prata com viragem a selénio, 46,2 × 46,2 cm Colecção Fundação Cupertino de Miranda

7. Fernando Lemos, Fernando de Azevedo, Vespeira, Adolfo Casais Monteiro, 1949-52 Impressão em gelatina e prata com viragem a selénio, 46,2 × 46,2 cm Colecção Fundação Cupertino de Miranda

8. Fernando Lemos, Mécia de Sena, 1949-52 Impressão em gelatina e prata com viragem a selénio, 46,2 × 46,2 cm Colecção Fundação Cupertino de Miranda

9. Fernando Lemos, Jorge de Sena, Poeta – A mão que espera outra, 1949-52 Impressão em gelatina e prata com viragem a selénio, 46,2 × 46,2 cm Colecção Fundação Cupertino de Miranda

DIÁLOGOapresentaçãoDEEXILADOS

Com referência aos tempos da “longa noite de pedra” (como chamou o poeta galego Celso Emilio Ferreiro ao período franquista em Espanha) passou a ser frequente falar-se de dois exílios paralelos, o chamado exílio exterior e o exílio interior. Poder-se-ia falar da primeira parte desta correspondência extraordinária entre Fernando Lemos e Jorge de Sena adoptando os termos dessa duplici dade de exílios; com um Lemos que parte para o Brasil em Agosto de 1953 e ali permanece até à sua morte em Dezembro de 2019 e um Jorge de Sena que se mantém no exílio interior do Portugal salazarista até que em 1959 decide passar a partilhar com o seu fraternal amigo Lemos o exílio exterior no Brasil e depois nos EUA, onde viria a morrer, em Santa Bárbara, Califórnia, em 1978. No Brasil partilhariam experiências com outros exilados portugueses, especialmente com Adolfo Casais Monteiro e com João Sarmento Pimentel, omnipresentes nesta correspondência, ficando todos eles traduzidos artisticamente nas fotografias de Fernando Lemos.

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Os finais da década de 40 e princípios da década de 50 do século passado ficariam no Portugal artístico e literário (e não só…) marcados pela “intervenção surrealista”, que teve como um dos seus momentos de afirmação mais importantes a exposição de Vespeira, Fernando de Azevedo e Lemos na Casa Jalco de Lisboa. Um movimento, uma poética, uma presença e uma intervenção a que não foi alheio Jorge de Sena, que em 1942 publicaria o seu primeiro livro de poesia, Perseguição, promovido por José Blanc de Portugal (também muito presente na correspondência Sena

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-Lemos), Tomaz Kim e Ruy Cinatti, que lhe tinham deixado a Petite anthologie poétique du surréalisme (1936) de Georges Hugnet e A Short Survey of Surrealism (1935) de David Gascoyne, segundo a confissão do próprio Sena; depois, em 1944, publica no jornal O Globo (n.º 31, 15/09) uma apresentação do Surrealismo, com textos traduzidos de Breton, Éluard, Péret ou Georges Hugnet, entre outros, e em 1947 conseguiria publicar na Seara Nova uma série de artigos sobre a aparição pública dos surrealistas em Por tugal, protestando por não ter sido convidado — e talvez daí a manifesta “inimizade” com alguns dos nomes destacados da dita “intervenção”, como Mário Cesariny, Alfredo Margarido ou Carlos Eurico da Costa, os dois últimos autores da antologia Doze Jovens Poetas Portugueses, publicada em 1943 no Rio de Janeiro sob a chancela do Ministério de Educação e Saúde (carta de Sena de 15/8/1955, pp. 123-125).

Lemos começa a escrever a Sena a partir do Rio de Janeiro, dando notícias da sua chegada e dos primeiros tempos de procura de contactos, de fome, de raiva, de luta, anos que se seguem à inauguração do Museu de Arte Moderna de São Paulo (1948) e à realização da primeira Bienal Internacional de São Paulo em 1951, que tanta importância haviam de ter depois no desenvolvimento das actividades artísticas de Lemos no Brasil. Essas primeiras ex periências do exílio viriam a ser partilhadas também por Adolfo Casais Monteiro a partir de Agosto de 1954, momento em que já também Sena pensa na sua saída de Portugal, embora inicialmente a sua ideia era ir para Londres, coisa que o Lemos não lhe acon selhava, ao que Sena respondia, em carta de 21/11/1954: Obrigadíssimo, Lemos, pelas suas largas e libertas palavras acerca de mandar eu tudo isto à merda! Quem me dera! Mas é assim a ironia das coisas

comigo: quando me sinto, para uma coisa, rico do apoio e da consolação dos amigos, é que ela se afasta e esfuma. Não se apartam nem se esfumam só aquelas que são mesmo minhas, e não relevam do apoio de ninguém, nem do meu! Francamente, preferia sumir-me na noite nevoenta de Londres a espanejar-me ao sol do Brasil. Mas, se V. virem um furo por aí, não se esqueçam cá de mim, que pedia uma licença ilimitada e ia-me embora (p. 86).

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Nessa altura já Lemos começava a pensar no seu possível regresso a Portugal, como escreve na carta de 15/08/1955, embora acabe desistindo da ideia por razões materiais e, sobretudo, “sentimentais”.Emcartade 30/09/55, Lemos comunica a Sena o seu casa mento com Cláudia, como depois se passaria com a aparição dos filhos, a separação e o casamento com Beatrix (1970). Lemos fala já de uma maneira diferente da sua experiência brasileira, e assim, em carta de 4 de Maio de 58, escreve: Ando um pouco burro. Se estivesse mais cavalo, ainda podia arriscar-me no Jockey Clube. Assim, vou fazendo um pouco de publicidades para os mais ou menos americanos homens da Fórmica do Brasil, coisas que me têm dado uns dinheiros macios e escorregadios, a par de umas horas duras de infelicidade íntima. É quase o mesmo que se o chamasse a si, pelo facto de saber escrever bem, para fazer a escrita comercial do Grandella (p. 167).

O mais parecido a uma resposta de Sena, já em 11 de Abril de 63, inclui referências a instituições fundamentais para os sonhos (Fundação Calouste Gulbenkian, Moraes Editores) e os pesadelos (a PIDE) dos portugueses do exílio interior: Eu continuo dado às minhas camonices, e estão já saindo no Estadão artigos de salvaguarda da minha tese, que devem ser uns seis ou sete (já mandei cinco).

As cartas sucedem-se sempre à volta de confissões pessoais sobre a família ou a saúde, considerações gerais sobre a situação do Brasil e de Portugal, questões literárias e artísticas (percursos, projectos de exposições, de livros, de revistas, de colaborações com outros artistas e escritores, da criação de instituições para melhorar as relações culturais luso-brasileiras e, especialmente, para o maior e melhor conhecimento da cultura portuguesa no Brasil, etc.), as referências aos amigos (a morte de António Pedro em 1966 ou as actividades de José-Augusto França, por exemplo).

Parece que se consegue em boas condições uma edição paulistana, por obra e graça do Candido, para a tese; a resposta da Morais era catastrófica: faziam a edição já, mas à minha custa, ficando eu em dívida a ser paga por trabalhos e pela venda… O que me liquidava as possibilidades financeiras, tão escassas, em Lisboa. Mas a Gulbenkian talvez — o que não creio — pudesse salvar a situação, comprando exemplares (p. 209).

A correspondência cresce a partir da ida de Sena para os EUA (Wisconsin primeiro, Santa Bárbara na Califórnia depois). Lemos escreve a Sena em 5 de Março de 68: Fiquei contente de te saber bem adaptado no trabalho universitário, isto é, nos Estados Unidos. Sem dúvida que as condições de trabalho aí são excepcionais. É pena, que se tenham dado tão boas condições de preparação aos jovens numa sociedade que, depois disso, precisa deles para uma guerra ainda por cima mal planejada, mal sucedida, que põe melancolicamente em dúvida a tal capacidade e a tal iniciativa americana (p. 242).

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E já num tom completamente diferente, Lemos fala, em carta de 18 de Janeiro de 1971, da situação criada pelo golpe militar de 1964: Aqui, há o Brasil militar e a falência total da esperança civil. Também não havia outra chance de se criar uma aristocracia

nesta terra! Ausência de heróis em quantidade igual ao ufanismo, e um país formado por gentes mais humildes que outra coisa pois a nobreza não emigrava, uma história de trancos e barrancos que nunca permitiu que algum ciclo social se fechasse para a gente o apalpar, não se podia esperar melhor (pp. 276-277).

A partir de um dado momento, e depois da longa doença e da morte de Casais Monteiro, a quem Lemos dedicou o poema “Aviso para poetas / em memória de Adolfo Casais Monteiro”, que neste livro se reproduz, a saúde de Jorge de Sena passa a ser infelizmente um tema recorrente, agora com a Mécia como interlo cutora principal, mas nessa altura, a grande notícia da Revolução dos Cravos: É verdade mesmo. E agora? / Nobre povo, nação valente!

Em 1976, a saúde de Sena começa a ser preocupante, e assim seguiria até à data (4 de Junho de 1978) do seu falecimento, facto que preside às duas últimas cartas fundamentais desta correspondência: Prima Mécia, / Só agora ganhei alguma coragem para

/ Infelizmente não posso ir lá tão depressa. Estou, além do mais, num cansaço interior muito estranho. A gente, de repente, ter que acreditar de novo na nossa gente! (p. 321).

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E a seguir, a manifestação e as reflexões de Sena para Lemos em carta de 9 de Maio de 1974: E, logo depois, as notícias (e os jornais não deixam lugar a dúvidas) de que o golpe é realmente, em marcha, a revolução que sempre desejámos. Isto devia dar-me uma alegria imensa. E dá. Mas dá-me também a sensação de uma absoluta marginalidade, já que não estou lá, não tenho, com os encargos de família, possibilidade de me mudar para lá com a facilidade com que outros podem tomar o avião, e sinto que tudo aquilo se processará sem mim e me deixará de lado como a “outra senhora” nos forçou a viver (pp. 322-323).

te escrever. Mas parece-me que ainda não a suficiente para dizer alguma coisa. Fiquei aflito com mais uma maldição em cima da nossa cada vez mais reduzida roda de amigos. O Jorge não estava no programa tão cedo (p. 351).

A correspondência encerra-se com algumas cartas de Jorge de Sena para amigos de cá & lá apresentando-lhes Fernando Lemos e Casais Monteiro, mais uma prova da profunda amizade que os unia, e a referência às dedicatórias de Sena para Lemos e deste para Sena, e tudo isso, acrescentado às abundantes referências a pessoas, acontecimentos, instituições, publicações, etc., que encontramos ao longo do livro e que fazem dele um instru mento fundamental para o conhecimento de Jorge de Sena, de Fernando Lemos, de Mécia de Sena, presente em referências e também autora de algumas cartas significativas, de importantes protagonistas dos exílios portugueses da época salazarista e anos imediatamente posteriores, e da situação da arte e da literatura no Brasil e no Portugal desse tempo, isto é, do nosso tempo… por muito tempo ainda.

Perfecto E. Cuadrado

[…]

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Meu caro Fernando Lemos / Não muda mas petrificada tenho andado por este mundo que dizem de Cristo, depois que meses de terror, quase por vezes histérico, culminaram na perda, sem remissão, do Jorge. E quando me pareceria solução única sentar-me a um canto e deixar-me acabar naturalmente, a verdade é que como, ando, falo, durmo e participo da vida da casa que, como sempre, é nos meus ombros que se apoia (p. 353).

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[Bilhete postal, Fernando Lemos para Mécia de Sena] [s.d. carimbo: Funchal, 2/8/53]

Obrigado pelo telefonema, Mécia. Todas e as maiores felicidades lhe desejo. Estou a chegar à Madeira e ainda é cedo para contar coisas.Abraços ao Sena e saudades amigas do F. Lemos

Por enquanto e até lá, saudades à Mécia e abraços para si do amigo

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[Cartão do Museu de Arte Moderna de São Paulo, anunciando inauguração da Exposição de Projetos de Painéis Decorativos de Eduardo Anahory e Fotografias de Fernando Lemos, no dia 18 de Agosto de 1953. Acompanhado de programa da exposição] “Resp.”

[nota manuscrita no Cartão] Amigo Sena

F. Lemos

Só por falta de [sossego] ainda não lhe escrevi a dizer coisas. Mas por enquanto, já deve saber que estou artísticamente comendo bem as coisas, e depois lhe direi mais resultados.

O Jorge de Lima está a morrer: cancro!

“Resp.Rio,13/9/1953”2/9/1953

[Carta de Fernando Lemos para Jorge de Sena]

O arranha-céus é uma obsessão visto de fora e uma angústia por dentro. Formigas com a fúria da cavação impressa a cores nos Tenhorostos. estado um pouco intimidado, porque nunca achei muito simpáticos os brasileiros; é uma questão de gosto como usar só camisas brancas. Mas vai andando porque na verdade, são de muito maior franqueza os grupos que tenho conhecido que geralmente o nosso meio. Todavia, que dificuldade em tomar a sério tudo isto! Ou então, que sério é isto tudo! Falam como os garotos andam no ar depois de os levantarmos ligeiramente do chão. E que optimistas! A naturalidade com que se enche o bucho logo de manhã com os jornais dos crimes que parecem acontecer ou não para dar assunto aos jornais. Um crime, um suicídio, que bem que asseguram a vida espiritual a um cidadão durante a sua viagem de bonde! A facada é uma realidade. Os portugueses muito patriotas, alheios a certas realidades e portanto uma barreira para desabafos. Em todo o caso, vou apertando

Amigo Sena

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Vai correndo tudo à medida dos nossos desejos, mas vai também custando os olhos da cara enfrentar no duro, a vida no novo mundo. Pouco ou nada aconteceu além da exposição, que foi bem recebida; mas vai começando a acontecer.

a tarracha aos mais responsáveis para quebrar um bocadinho a tranquilidade de espírito em que andam. Todos se interessam em saber se cá fico muito tempo, e eu respondo que a minha estadia seja onde fôr, depende das vontades que me fazem, e a maneira como mas fazem. Depois sou muito sentimentalista, e quando as saudades, que já são grandes, crescerem além dos braços como mangas alheias, dispo a camisa e lanço-me ao Atlântico. É a única coisa em que penso transigir; à saudade.

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Vou conhecendo tal e qual, o meio que nos interessa e o que não nos interessa, vou colaborando só no que nos interessa e ganharei dinheiro, só no que não nos interessa. Vou dizendo que aí passamos todos fome no duro, e explico como, porquê, desde quando e que não temos uma gota de esperança em arranjar comida digna. A melhor propaganda do SNI1 é ocultar, e não mostrar cá fora, e especialmente no Brasil é que se sente.

Tudo o que puder e estiver ao meu alcance, vou-vos man dando, e se fôr insistindo na lamúria de cartas não se vejam obrigados por isso a responder, porque isto é pieguice e a única maneira de me não sentir afastado dos amigos. Mas lá que gos to de receber cartas, isso gosto! E não quero deixar de saber o pouco que por aí se passa, se bem que com vocês se passa muito.

1 Secretariado Nacional de Informação, que substitui o Secretariado da Propaganda Nacional.

Quando vêem um português que não seja merceeiro, ficam um bocado perturbados e se insistirmos em falar com eles no bom tom eles sentem-se mal, que é como cavacas. Confessam mesmo que escrever, que sim, que sabem, com os pronomes e tudo, mas que a falar, mesmo a boa gente, que fala muito mal!

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3 O Jornal de Letras comandado pelos irmãos Condé. Elysio, o diretor responsável; e João e José, os diretores do jornal.

Estou a tratar de arranjar colaboração para si em coisas várias e no Jornal de Letras. Há a necessidade de umas crónicas lisboetas mensais, que pensei para o França1, mais indicado e prosas so bre arte do Azevedo2. O Condé3 está de acordo e incumbiu-me de vos convidar, mas parece-me que ele como tem os ouvidos cheios, receia gente de grupinhos. Estou a mostrar-lhe como são as coisas e vai lá, que é uma beleza. Ele trata-me com muita consideração e pergunta-me muita coisa daí. O artigo do Casais que sairá já este mês4, foi uma boa coisa, que eu respeitarei e saberei recordar. Todas as vossas apresentações me foram de uma grande utilidade5 e embora não tenha conhecido o Jorge de Lima porque está a morrer e por estes dias, os outros ainda é cedo para saber o que acham de mim e o que acharei deles, como pessoas evidentemente. Tenho sido convidado para colaborar em muitas revistas com fotografias e desenho, e estou sendo fotografado ao lado das senhoras elegantes que pagam para figurarem nas revistas e ao lado de artistas. Depois andam quase nuas, depois de nuas não querem estar sozinhas e depois de acompanhadas não querem outra vida. Eu preciso de ternuras, sou uma criança

2 Fernando de Azevedo (1923-2002), autor da pintura “Ofélia”, da coleção de Jorge de Sena, que inspira um dos poemas de sua coletânea Metamorfoses (Lisboa: Moraes, 1963, pp. 83-6).

1 O historiador e crítico de arte José-Augusto França (1922-2021), então organizador e editor dos Cadernos de Poesia e da série de inéditos de autores portugueses — de Unicórnio a Pentacórnio.

4 “Sobre o pintor Fernando Lemos e sobre a situação da pintura em Portugal”. Jornal de Letras. Rio de Janeiro (51) Set. 1953.

5 Ver Apêndices.

F. Lemos

1 Eduardo Anahory (1917-1985), pintor, ilustrador, decorador, arquiteto e cenógrafo; trabalha com Niemeyer e Louis Jouvet.

Isto tinha que acabar em mulheres, mas é afinal onde tudo começa também, e para onde se dirige.

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para as adorar e ainda me [lixo]. Como não sou de mundanices, vou arreando o cabaz e é assim que elas gostam.

Não sei quando irei para S. Paulo, porque aqui vai-se arran jando trabalho e o Anahory1 tem sido um excelente camarada nesse aspecto, não deixando nunca de me elogiar com um certo ar honesto que não lhe fica nada mal e que me agrada por ser honesto. De colegas do métier não estou apesar de tudo habituado. Vamos a ver o que se consegue para a embaixada de portugueses a São Paulo no IV Centenário. Se me forem dando ouvidos talvez consiga coisas.

E agora vou me deitar, porque aqui tudo se levanta às 7 horas da manhã e eu também. Saudades e abraços a Mécia aos mécios e para si um grande abraço deste seu amigo certo

Mécia, vê se é preciso tratar alguma coisa aqui. Manda sem hesitaçãoSuponhoalguma.quedeves querer ir para Portugal, mas aquilo por lá está num estado de penúria tão grande que não te dará nenhuma espécie de compensação nem de consolo. Esta semana fui almoçar com o Pimentel, mudos, penalizados. Ele tem aquela sua ma neira aparentemente indiferente de receber notícias desastrosas, mas por dentro é um monumento. É o que me resta aqui, se é que de Portugal ainda resta alguma coisa, além de uma esperança surgida em Abril mas que parece não ter nada a ver com a gente. O Sena escrevia-me na altura, assustado com a hipótese de ficar mais uma vez exilado de alguma coisa e eu já estava com essa pedra no sapato também.

SP 19/6/78

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Só agora ganhei alguma coragem para te escrever. Mas parece-me que ainda não a suficiente para dizer alguma coisa. Fiquei aflito com mais uma maldição em cima da nossa cada vez mais reduzida roda de amigos. O Jorge não estava no programa tão cedo. Eu sabia que ele andava mal há muito, esta semana mesmo dizia ao França que não recebia carta vossa há muito e ele dizia-me para escrever. Abro o jornal de repente e não queria acreditar. Mas há que acreditar até no insuportável.

Escreve-me, quero saber de vocês e como vai toda a tua tropa pelas Américas. Se fores a Portugal avisa. Eu tenciono ir a Lisboa

Prima Mécia,

[Carta de Fernando Lemos para Mécia de Sena, dactilografada]

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ainda este ano por vias de um serviço que me deram no Ministério.Aqui fico, à espera. Guarda já um abraço meu, que apesar de muito triste é um abraço antigo em tudo o que este vosso amigo guardou para os grandes amigos.

F. Lemos

Meu caro Fernando Lemos

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Santa Barbara, 28/9/78

[Carta Mécia de Sena para Fernando Lemos]

Não muda mas petrificada tenho andado por este mundo que dizem de Cristo, depois que meses de terror, quase por vezes histérico, culminaram na perda, sem remissão, do Jorge. E quando me pareceria solução única sentar-me a um canto e deixar-me acabar naturalmente, a verdade é que como, ando, falo, durmo e participo da vida da casa que, como sempre, é nos meus ombros que se apoia. Só que tudo agora é diferente: onde havia pressa há horas sem fim, onde havia [interesse] há total apatia, onde a utilidade era superior à capacidade de produzir, há inutilidade total, onde havia ternura há vazio ou não há objectivo para ela. Não sei que fazer de mim mesma, nem estou preocupada em pensar nisso. E, sim, fico aqui, não sei porquê nem para quê mas também não o saberia em Portugal, onde o ambiente se tornou absolutamente insuportável de relice, farsada, desonestidade. Pudesse eu trazer para aqui os poucos amigos que lá me restam para lhes poupar a consciência ao peso de terem de viver aquilo. Há muito que estávamos desiludidos. Para dizer a verdade, o Jorge já regressara totalmente desiludido em Setembro de 74, mas teimosamente continuava a pensar que ainda era tempo, que o bom-senso acabaria por vencer. Por fim era já com desespero que pensava naquela terra que ele não conseguia deixar de estimar,

Um[…] grande e grato comovido abraço da Mécia

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comovendo-se até as lágrimas de cada vez que chegava, para começar a enojar-se no dia seguinte.

APÊNDICES

O Fernando Lemos é um daqueles rapazes pintores nossos amigos, e que eu estimo e admiro. Creio eu V. pode entender-se francamente com ele — e ser-lhe utilíssimo nesses primeiros passos e contactos paulistas.

JS.

Pelo Milton Vargas, encantador de simplicidade, que V. me endereçou e o Delfim1 pôs em contacto comigo, soube as notícias suas que tanto ansiava. Mas eu sei o que é estar furando, furando… — e a gente escreve só mentalmente aos amigos.

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Um grande abraço do Jorge de Sena P.S. V. já foi de resto utilíssimo ao Lemos; o Vargas dispôs-se a apresentá-lo a gente do meio plástico paulista — abençoe V. tudo isso, com aquelas bênçãos autênticas dos verdadeiros deuses, que têm obrigação de estar gratos pelo que V. tem feito por eles.

Leva-lhe um grandecíssimo abraço meu, a reiteração de que continua a valer mais a pena uma côdea aí que uma manteigaria aqui, a informação de que se continua à espera da filosofia portuguesa (Vocês não me lêem…), e os meus melhores votos de que tudo se consiga e se resolva para V. do modo que melhor desejar.

1 Delfim Santos (1907-1966), filósofo, professor catedrático de pedagogia da Facul dade de Letras de Lisboa.

[Carta de Jorge de Sena para Eudoro de Sousa] Meu caro Eudoro de Sousa

O Fernando Lemos, que por mim o abraça e eu tenho infindo prazer em apresentar-lhe, lhe dirá da minha gratidão por ter recebido a Invenção de Orfeu, que ando estudando, e a Obra poética, sobre a qual para a Portucale preparei um estudo que… — tudo morre aqui, as revistas acabam, ele lhe dirá. Quando poderei dizer, por escrito, do muito que admiro a sua poesia? Entretanto, receba como um de nós esse rapaz, que é uma das mais puras coisas miraculosamente saídas nestes últimos tempos deste charco… (ai meu amigo, só para muitos dos seus versos, que a realidade de hoje…). Enfim, falemos de coisas alegres. Por exemplo, do grande abraço amigo e admirador do

Jorge de Sena

[De Jorge de Sena para Jorge de Lima]

Lisboa, 30/7/1953

Meu querido Jorge de Lima

[Série de 4 cartas de apresentação de Fernando Lemos, por Jorge de Sena, a 4 escritores Brasileiros]

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Jorge de Sena

O Fernando Lemos lhe dará o abraço que não pude ir dar e outros mais, sempre reservados ao Poeta e ao publicador da Coroa da Terra… V. vai ler os versos dele, ver-lhe a pintura e as fotogra fias — e vai conhecer uma personalidade curiosa, daquela cordialidade miraculosa que aqui ficou no ar, desamparada, depois que V. partiu.Creia V. que quanto do seu convívio admirável V. lhe der eu agradecerei profundamente. E traga-o, quando vier embaixador, que espero há-de vir. Entretanto, aqui vai o sempre amicíssimo abraço do

Lisboa, 30/7/1953

Meu muito querido Ribeiro Couto

Quando V. passou por aqui, estava eu engenheirando pelo Norte, ali ao pé de Fão e Esposende (V. conhece isto tudo, não preciso explicar nada).

[De Jorge de Sena para Ribeiro Couto]

Eu não sei se estou em falta para consigo, se cheguei a agra decer-lhe os Contos de Aprendiz, magníficos, que tão descaradamente reclamei. Permite que seja o portador a, com as minhas desculpas, dar-lhe um grande abraço meu?

O Fernando Lemos é hoje, como pintor e como fotógrafo, uma das personalidades jovens de mais alto interesse em Portugal. Dos versos que também faz e dos quais tive o gosto de ser um dos publicadores, nada precisarei dizer, porque V. os lerá e não poderão ser alheios ao “sentimento do mundo” que a sua poesia em si Eletem.me dará as notícias suas que nunca chegam… Lembranças afectuosíssimas do seu muito amigo, e admirador,

Meu querido Poeta

Jorge de Sena

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[De Jorge de Sena para Carlos Drummond de Andrade] Lisboa, 30/7/1953

[De Jorge de Sena para Manuel Bandeira]

Lisboa, 30/7/953

Meu querido Poeta

Quando abrir esta carta é porque o Fernando Lemos, que que ro apresentar-lhe, acabou de ter o prazer, que ainda não tenho, de o conhecer pessoalmente. Depois de conversar com ele, precisarei de lhe explicar como é que esse pintor e poeta que admiro profundamente, até por qualidades de lealdade e franqueza que vão sendo raras em Portugual, e que o grande Poeta da “Evocação do Recife” saberá apreciar ainda melhor do que eu?

Ele lhe dará notícias de Portugal, dos amigos que V. cá tem e entre os quais me contará. E dar-lhe-á, por procuração, o grande abraço que sempre lhe envia o seu muito amigo e Jorgeadmirador,deSena

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362 correspondência fernando lemos e jorge de sena

S. Paulo, 25 de junho de 1953

É evidente que estou à sua disposição. Vou procurar o Amora e com ele combinar um plano a favor de sua visita aqui através da Universidade de S. Paulo. Sou amigo também do diretor da Faculdade de Filosofia, ao qual pode caber a iniciativa do convite e do qual depende a verba necessária. Dir-lhe-ei noutra carta o queOsoar.Fernando Lemos poderá ter muitas oportunidades em S. Paulo. Poderei, é evidente, auxiliá-lo, mas ele deve vir preparado para o impulso inicial.

Meu caro Casais Monteiro:

[De Paulo Duarte para Casais Monteiro]

Recebi sua carta de 14 de maio com grande atraso.

Juanita se recomenda à sua mulher e você continue a contar, como sempre com a velha amizade do Paulo Duarte

Dei o seu nome (Casais Monteiro) à lista de sugestões aos prováveis convidados para o próximo Congresso de Escritores a realizar-se aqui em 1954.

1 O desenhista, gravador, crítico de arte, pintor e professor Arnaldo Pedroso d’Horta (1914-1973), proprietário do Escritório de Serviços de Imprensa, através do qual Casais Monteiro distribuía seus artigos no Brasil.

correspondência fernando lemos e jorge de sena 363

Casais Monteiro

Segue por esses dias para o Brasil um pintor português, Fernando Lemos, que deve fixar-se em S. Paulo durante bastante tempo. E ao qual o sr. Horta fará o favor de pagar o equivalente a 750 escudos portugueses. Ele levará uma carta de apresentação minha. Não sei, com o câmbio a ir por aí abaixo — disseram-me que o escudo está a 55 centavos! — se o que eu tenho chegará para este pagamento… Mas enfim, espero que sim.

[Carta de apresentação de Casais Monteiro a Arnaldo Pedroso d’Horta]

Com os afectuosos cumprimentosAdolfodo

É possível que eu vá a S. Paulo para o ano que vem e, portanto, o meu saldo vá crescendo até que eu chegue — se chegar.

Lisboa, 30/VII/53

Dou em meu poder a sua carta de 30 de Junho, que agradeço. Juntamente mando outro artigo para o Estado e mais onde possa ser. Sei que veio no Jornal de Letras um artigo meu, mas creio que não chegámos a fazer nenhuma combinação sobre esse assunto, pois não? Em todo o caso, agradecia que me mandasse dizer se poderia encarregar-se de cobrar este e outros que possa mandar para lá. E em que condições.

Prezado Sr. Arnaldo Pedroso d’Horta1

Os Amantes (policopiado)

364 correspondência fernando lemos e jorge de sena

“Ao Fernando Lemos O Indesejado (António, Rei) com a esti ma e a admiração do Jorge de Sena 10/51.”

Líricas Portuguesas (3.ª série). Lisboa: Portugália, 1958.

Araraquara 29/9/61.”

O Reino da Estupidez . Lisboa: Moraes, 1961

[Dedicatórias de Jorge de Sena para Fernando Lemos]

Assis, Junho 1962.”

Araraquara 20/5/62.”

“Para Cláudia e o Fernando esta história que deveria, se o mundo fosse outro, ser o epílogo das Andanças com o abraço do Jorge

O Indesejado (Antó nio, Rei ). Porto: Portucale, 1951.

“Ao Fernando Lemos esta antologia em que estamos juntos com — helás — muito canalha profissional e o grande abraço Jorge de Sena

“Ao Fernando e à Cláudia com a velha amizade do Jorge este livro luso-brasileiro em que há, suponho, do melhor do vosso amigo

correspondência fernando lemos e jorge de sena 365

“Para o Fernando Lemos esta coleção e desaforos seculares, com o grande abraço do Jorge SB, Fev. 72.”

Trinta Anos de Poesia . Porto: Inova, 1972.

Exorcismos . Lisboa: Moraes, 1972.

Conheço o Sal… e Outros Poemas . Lisboa: Moraes, 1974.

O Indesejado (2 . ª ed.). Porto: Paisagem, 1974.

“Ao Fernando Lemos com a velha amizade do JorgeSB fev. 72.”

Poesia de 26 Séculos (1.º vol.). Porto: Inova, 1971.

“Ao Fernando Lemos com o velho abraço amigo do Jorge S. Barbara Junho 72.”

“Ao Fernando Lemos esta velha peça com o grande abraço do Jorge SB Junho 74.”

“Ao Fernando Lemos este novo livro de seu velho Jorge de Sena SB Maio 74.”

Primeiras exposições individuais: Fernando de Azevedo, Fernando Lemos, Vespeira. Lisboa: Casa Jalco, 5 - 15 Jan. 1952.

“Para o Jorge de Sena, com a maior amizade e consideração de Fernando de AzevedoLemosVespeira1952.”

366 correspondência fernando lemos e jorge de sena

[Dedicatória de Fernando Lemos para Jorge de Sena]

[Funchal, 2/8/53], bilhete postal, para Mécia de Sena, 25 [São Paulo, 8/53], cartão de inauguração de exposição, 26 Rio de Janeiro, 2/9/53, Resp. 13/9/53, 27 Rio de Janeiro, 23/9/53, Resp. 12/10/53, 34 Rio de Janeiro, 17/11/53, Resp. 3/2/54, 42

Rio de Janeiro, 11/53, cartão, convite para abertura exposição, 46 Rio de Janeiro, 18/12/53, cartão de Natal, 47 Rio de Janeiro, 11/2/54, 52

ÍNDICE DE CARTAS

São Paulo, 30/9/55, 126

São Paulo, 21/2/56, 134

correspondência fernando lemos e jorge de sena 367

São Paulo, 30/11/54, Resp. 15/8/55, 89 São Paulo, 2/3/55, Resp. 15/8/55, 103

São Paulo, 8/56, cartão/convite para exposição, 137 São Paulo, 12/12/56, 138 New York, 11/4/57, postal, 144

FERN ANDO LEMOS PARA JORGE DE SENA

São Paulo, 4/5/58, 163

São Paulo, 8/8/59, 170 São Paulo, [4 ou 11]/10/59, 171 São Paulo, 30/12/59, para Mécia de Sena, 173

São Paulo, 7/4/55, incluída com carta de Casais Monteiro, 105 São Paulo, 12/6/55, carta de Casais Monteiro para Jorge de Sena, 108 São Paulo, s.d., acrescentada à anterior carta de Casais Monteiro, 113 São Paulo, 30/6/55, para Mécia de Sena, 116 São Paulo, 27/7/55, incluída com carta de Casais Monteiro, 119

Rio de Janeiro, 17/2/54, 59 Rio de Janeiro, 18/4/54, 62 São Paulo, 4/7/54, Resp. 15/9/54, 72 São Paulo, 28/9/54, incluída com carta de Casais Monteiro, Resp. 21/11/54, 80 São Paulo, 10/54, Cartão, convite de inauguração de exposição, 83 São Paulo, 24/10/54, incluída com carta de Casais Monteiro, Resp. 20/11/54, 84

São Paulo, 18/2/60, Resp. 21/2/60, 174 São Paulo, 29/3/60, 176 [Rio de Janeiro, 1961?] bilhete manuscrito, 181 [Rio de Janeiro], 3/1/61, recado deixado no hotel, 182 São Paulo, 28/8/61, Resp. 2/9/61, 183 São Paulo, 8/3/62, 190 Tokyo, 1963, postal, 196 Tokyo, 1/2/63, 197 Tokyo, 10/5/63, 211 Atenas, 24/5/63, postal, 215 Paris, 27/6/63, postal, 216 [?], [12/64], recado, 219 [?], [8/65?], bilhete, 220 São Paulo, 16/8/65, 221 São Paulo, 26/8/66, Resp. 16/9/66, 223 São Paulo, 5/3/68, Resp. 5/4/68, 238 São Paulo, 12/10/70, 257 São Paulo, 18/1/71, 276 São Paulo, 11/11/71, Resp. 23/11/71, 285 São Paulo, 3/12/71, Resp. 19/12/71, 296 São Paulo, 4/1/72, 304 São Paulo, 12/11/72, 312 São Paulo, 5/6/73, 313 São Paulo, 12/2/74, para Mécia de Sena, 317 São Paulo, 3/5/74, Rec. 9/5/74, 321 São Paulo, 15/5/74, 326 São Paulo, 6/8/74, 333 São Paulo, 29/6/75, 337 São Paulo, 19/4/76, 343 São Paulo, 2/6/76, 349 São Paulo, 19/6/78, para Mécia de Sena, 351

JORGE DE SENA PARA FERNANDO LEMOS

368 correspondência fernando lemos e jorge de sena

Lisboa, 13/9/53, 31 Lisboa, 12/10/53, 39 Lisboa, 3/2/54, 48

de Sena para Eudoro de Sousa, s.d., 357 De Jorge de Sena para Jorge de Lima, 30/7/1953, 358 De Jorge de Sena para Ribeiro Couto, 30/7/1953, 359 De Jorge de Sena para Carlos Drummond de Andrade, 30/7/1953, 360 De Jorge de Sena para Manuel Bandeira, 30/7/1953, 361 De Paulo Duarte para Casais Monteiro, 25/6/1953, 362

correspondência fernando lemos e jorge de sena 369

CartaAPÊNDICESdeJorge

Lisboa, 21/6/55, carta de Mécia de Sena, 115 Lisboa, 15/8/55, 123

Araraquara, 11/4/63, 206

Lisboa, 21/11/54, 86

Araraquara, 21/3/63, 200

Carta de apresentação de Casais Monteiro a Arnaldo Pedroso d’Horta, 30/7/1953, 363 Dedicatórias de Jorge de Sena para Fernando Lemos, 364 Dedicatória de Fernando Lemos para Jorge de Sena, 366

Porto, 20/4/54, 69

Araraquara, 4/1/62, 187

Santa Barbara, CA, 9/5/74, 322 Santa Barbara, CA, 10/5/76, de Mécia de Sena, 346 Santa Barbara, CA, 28/9/78, de Mécia de Sena, 353

Araraquara, 3/7/63, 217 Madison, WI, 16/9/66, 229 Madison, WI, 4/4/68, 245

Santa Barbara, CA, 15/11/70, 264 Santa Barbara, CA, 25/11/71, 288 Santa Barbara, CA, 19/12/71, 300

Lisboa, 15/9/54, 77

Araraquara, 15/8/62, 194

ÍNDICE ONOMÁSTICO

Cabeçadas, José Mendes, 40 Caetano, Marcello, 40, 269-270, 272-273, 292, 300-301, 306, 319, 335 Calmon, Pedro, 232-233, 235 Campos, Paulo Mendes, 54 Carmona, António Óscar, 226 Carvalho Pinto, Carlos Alberto Alves de, 207 Casanova, Mário Leônidas, 187 Castro, Paulo de (pseud. Francisco de Barros Cachapuz), 188

Bandeira, Manuel, 32, 37, 48, 54, 78, 133, Barreto,361Costa, 70, 117, 127 Barros, Adhemar de, 130, 197, 203, 218 Barroso, Maurício, 166 Baptista, António Alçada, 291 Batista, Joaquim Duarte, 285 Beires, Sarmento de, 269, 301, 306 Belchior, Maria de Lourdes, 273 Ben Bella, Ahmed, 210 Bergman, Ingmar, 225 Bettencourt, Edmundo de, 226 Bill, Max, 191 Bollini, Flamínio, 166 Borges, França, 37-38 Botelho, Carlos, 97 Botto, António, 166 Braque, Georges, 53 Brecht, Bertolt, 166, 200 Breton, André, 18 Brizola, Leonel de Moura, 207

Abramo, Cláudio, 180 Abreu, Ester de, 62 Abreu Sodré, Roberto Costa de, Affonso,278-280Ruy, 166 Affonso, Sarah, 68 Afonso, Almino, 209 Almeida, Fialho de, 249 Amaral, Tarsila do, 75 Amaro, Luís, 293 Amora, António Soares, 135, 138, 140, 170-171, 174, 226, 234, 362 Amora, Helena, 135 Anahory, Eduardo, 26, 30, 42, 48, 56, Anchieta,91 José de, 72 Andrade, Eugénio de, 87 Andrade, Mário de, 167, 269 Andrade, Mário Pinto de, 269-270 Anselmo, Manuel, 192-193 Antoninho, 198 Antunes, 278, 280 Aragão, Augusto, 208, 210 Araújo, Carlos Maria de, 176, 191 Archer, Maria, 119, 129 Aurora, Conde d’ (v. Coutinho, José de Sá), 120, 124, 139 Azevedo, Fernando de, 5, 13, 17, 29, 57, 67, 78, 225-226, 286, 293, 297, 303, Baleizão,366João dos Santos, 239, 278, 280

correspondência fernando lemos e jorge de sena 371

Cidade, Hernâni, 271, 293, 303 Cinatti, Ruy, 18, 230, 272 Coccioli, Carlo, 99

Éluard, Paul, 18

Cochofel, João José, 124 Coelho, Joaquim-Francisco, 270 Colaço, Thomaz Ribeiro, 177 Condé, Elysio, 29

372 correspondência fernando lemos e jorge de sena

Condé, João, 29, 32, 35-36, 39, 43, 49, 53, 63, 64, 70, 72-73, 77 Condé, José, 29, 39, 43, 49, 64, 70, 72, Cortázar,77 Julio, 297

Delgado, Humberto, 177, 187-188 Della Costa, Maria, 166 Deus, João de, 166 Di Cavalcanti, Emiliano, 75 Dinis, D., Douchkine,166Wladimir, 75

Drummond de Andrade, Carlos, 32, 37, 54, 70, 133, 231, 269, 360 Duarte, Paulo, 57, 100, 130, 362

Faria, Estrela de, 75 Faria Lima, José Vicente, 243 Fausta, Itália, 167 Feteira, Lúcio Tomé, 278 Fernandes, Jorge, 239, 280 Ferreira, Oliveiros S., 172 Ferreiro, Celso Emilio, 17 Ferro, António, 55, 109 Figueiredo, Fidelino de, 135, 139 Flexor, Samson, 121 Fonseca, Branquinho da, 109, 226 França, José-Augusto, 20, 29, 33, 50, 53, 67, 70-71, 77, 113, 133, 139-140, 143, 158, 170, 187, 192, 221, 223, 230, 241, 260, 283, 286, 293, 297, 302-303, 306, 315, 331-332, 334, 351 Franco, Francisco, 124

Galvão, Henrique, 180, 188 Gama, Vasco da, 291 Garcez, Lucas Nogueira, 106 Garrett, Almeida, 101 Gascoyne, David, 18 Gomes, Alice, 112, 262 Gomes, Dordio, 97 Gomes, Manuel Teixeira, 249 Gomes, Ruy Luís, 40, 208 Goulart, João, 185, 207, 209 Gouveia, António de Medeiros, 35, Graciano,140 Clóvis, 75, 106 Guerra da Cal, Ernesto, 232 Gusmão, Artur Nobre de, 225-226 Hemingway, Ernest, 109 Holanda, Chico Buarque de, 305, 326

Cavafy, Constantino, 271

Cortesão, Armando, 72, 233, 235 Cortesão, Jaime, 40, 56, 60, 63, 72, Costa,150 Eurico da, 18, 123 Cosmo, Coutinho,198Afrânio, 231-236, 246, 273 Coutinho, José de Sá, 124 Cunha, Celso, 232-233 Cunha, Paulo, 80 Cunhal, Álvaro, 188, 344

César, Guilhermino, 272 Cesariny [de Vasconcellos], Mário, 18, Chicó,123Mário Tavares, 230

Machado, Lourival Gomes, 183-184, 186, 192-193, 224 Machado da Rosa, Alberto, 249, 347 Madeira, Arcindo, 75 Magalhães, Joaquim Figueiredo de, Manta,109Abel, 97

Kazan, Elia, 167 Kim, Tomaz, 18

Lopes, Francisco Craveiro, 40 Lopes, Óscar, 110-111, 117, 314 Losa, Ilse, 200

correspondência fernando lemos e jorge de sena 373

Holanda, Sérgio Buarque de, 326 Horta, Arnaldo Pedroso d’, 75, 363 Horta, Oscar Pedroso, 193 Hugnet, Georges, 18

Martins, Wilson, 234 Matarazzo, Ciccilo, 141, 225, 279 Maurício, Jayme, 43, 183 Matisse, Henri, 97-98 Meireles, Cecília, 74, 153 Meireles, Quintão, 40, 180 Mello e Souza, Antonio Candido de, 20, 183-185, 204, 209, 321 Mendes de Almeida, Paulo, 224 Menéndez Pidal, Diego Catalán, 289 Menezes, Amílcar Dutra de, 54-55 Menezes, Lúcio, 259 Mesquita, Ruy, 187 Mesquita Filho, Júlio de, 188, 241 Meyer, Augusto, 204 Miller, Arthur, 166 Milliet, Sérgio, 55, 137 Miranda, Tito de, 190 Moisés, Massaud, 226 Monteiro, Adolfo Casais, 5, 12-13, 17-18, 21-22, 29, 32-33, 36-37, 48, 50, 63-64, 71, 77-78, 80-84, 86-89, 98-106, 108-109, 112-113, 115, 118-119, 123, 127-129, 134-135, 139, 141-142, 151, 154, 158-159, 165-166, 170, 173, 188, 192, 202, 204, 206, 208, 211, 217-221, 223-224, 227, 230-231, 239, 242, 249-250, 259, 261-264, 271, 273, 278, 281-288, 294, 296, 303-304, 309, 312-314, 319-320, 326, 330, 336, 362-363 Monteiro, João Paulo, 283 Montello, Josué, 233 Monteuil, 189 Moraes, Manuel Tito de, 190 Moraes, Vinicius de, 54, 244 Moraes, Wenceslau de, 227 Morejón, Julio García, 186

Jorge, Artur, 75 Jouvet, Louis, 30

Margarido, Alfredo, 18, 123 Marques, Bernardo, 75, 226

Lacerda, Alberto de, 33, 250, 313 Lacerda, Carlos, 207 Lapa, Manuel, 63, 72, 75 Lapa, Rodrigues, 173, 218 Leal, José Simeão, 37, 57 Lemos, Cláudia, 19, 132, 135, 142, 167, 189, 192, 199, 205-206, 209, 211-213, 215, 217, 223, 237, 241, 244, 247, 257-258, 260, 265, 292, 336, 350, 364 Lima, Alceu de Amoroso, 100 Lima, Jorge de, 26, 29, 32, 192, 358 Lima, José Lezama, 297 Lins, Álvaro, 187

Moretto, Fúlvia, 305 Morgado, José, 208 Moser, Gerald M., 270 Muralha, Sidónio, 198, 201, 343-344

Quadros, António, 109 Quadros, Jânio, 106, 185, 192-193, Quadros,207 Walther, 48 Queiroz, Carlos, 100

Overmeer, Beatrix, 5, 19, 277-278, 286, 292, 296

374 correspondência fernando lemos e jorge de sena

Pimentel, João Sarmento, 17, 180, 194, 227, 231, 238, 249, 259, 278, 285, 301, 313-314, 318, 321, 323, 327, 333, Pimpão,349Álvaro Júlio da Costa, 139, Pirenne,164 Henri, 112 Pinto, Fernão Mendes, 227 Pomar, Júlio, 97 Portella, Eduardo, 218, 273 Portinari, Cândido, 43, 49 Portugal, José Blanc de, 17, 33, 71, 77, 99, 134, 261, 272, 290, 300, 314, 318 Possante, Maria Manuela, 241 Post, Houwens, 235 Powell, Baden, 244 Prado Coelho, Jacinto, 271, 293, 303 Prado Júnior, Caio, 206-207 Proença, Raul, 40

Parker, John, 265 Pascoaes, Teixeira de, 249 Patrício, António, 249 Pedro, António, 20, 33, 35, 158, 167, 223-224, 229-230, 241, 326, 336 Pedro II, imperador, 131 Perdigão, Azeredo, 225-226 Pereira, António Maria, 32 Pereira de Almeida, Abílio, 166 Perét, Benjamin, 18 Perón, Juan Domingo, 131 Pessoa, Fernando, 78, 80, 100, 109, 111, 166, 294, 305, 341, 343 Pfeiffer, Wolfgang, 48 Picasso, Pablo, 53 Pimentel, Francisco Sarmento, 301

Ramos, Graciliano, 66 Ramos, Dulce Helena, 322 Ramos, Vitor de Almeida, 160, 175, 178, 189, 231, 320-322, 325-326 Rangel, Lúcio, 48 Ratto, Gianni, 166 Reagan, Ronald, 274, 294 Rebelo, Marques, 235 Régio, José, 166, 226 Rego, Victor da Cunha, 202, 283 Rembrandt, 124, 131 Reys, Câmara, 40

Namora, Fernando, 239, 249 Negreiros, José de Almada, 57, 166, Nemésio,339-340 Vitorino, 35-36 Neruda, Pablo, 65 Neves, João Alves das, 174, 176-179, Neves,239 Manuel, 57 Niemeyer, Oscar, 30 Nixon, Richard, 274 Nóbrega, Manuel da, 72 Nóbrega, Nelson, 75

correspondência fernando lemos e jorge de sena 375

Urbano Tavares, 165 Romeralo, Antonio Sánchez, 289 Rommel, Erwin, 60 Rosa, Noel, 126, 135 Rosa, Tomás Santa, 96

Silva, Quirino da, 75 Silveira, Joel, 66 Siqueira, Silnei, 305 Simões, João Gaspar, 54, 110, 226 Soares, Mário, 329-330, 333, 344 Soromenho, [Fernando] Castro, 210, 227, 239, 249, 280, 326 Soromenho, Mercedes, 330 Sousa, Eudoro de, 50, 110, 357 Souza, Martim Afonso de, 72 Spina, Segismundo, 185 Spínola, António, 331, 336 Stroheim, Erich von, 60

Wasth Rodrigues, José, 75 Waugh, Evelyn, 109 Whitman, Charles, 256

Zerbini, Euryclides de Jesus, 297

Roche, Mazo de la, 49, 69 Rodin, Rodrigues,52 Amália, 185 Rodrigues, Antonio Pedro, 35 Rodrigues, Armindo, 87 Rodrigues Lobo, Francisco, 166 Rodrigues, Miguel Urbano, 165, 177, 180, Rodrigues,336

Salazar, António de Oliveira, 44, 63, 68, 82, 96, 101, 128, 155, 165, 188, 212, 249, 337, 339 Salgado, Plínio, 197 Salgueiro, Eduardo, 33, 111 Santamaria, Maria da Conceição de Castro Neves, 206 Santo, Henrique Pereira, 178 Santos, Delfim, 357 Santos, João Maria dos, 75 Santos, Reynaldo dos, 260, 293 Saraiva, António José, 314 Saraiva, Arnaldo, 231 Saraiva, José Hermano, 314 Saramago, José, 210 Sartre, Jean-Paul, 167 Sayers, Raymond, 232-233 Scalzo, Nilo, 313 Scarabôtolo, Hélio, 232 Sérgio, António, 40, 44, 101-102 Sertório, Manuel, 118 Silone, Ignazio, 109 Silva, Agostinho da, 110-111, 211, 218 Silva, Fernando, 178, 195, 198, 217

Unruh, Jesse, 274 Valera, Éamon de, 33 Vargas, Getúlio, 80, 130, 197 Vargas, Milton, 32, 37, 50, 57, 357 Vasconcellos, Irene de, 75 Velázquez, 131 Vellinho, Moysés, 110 Vermeer, 124 Vespeira, Marcelino, 5, 13, 17, 57, 127, 366 Viana, Eduardo, 97 Vieira, Lopes, 249

Tamen, Pedro, 198, 204, 210 Teixeira, Joaquim Novaes, 312 Torga, Miguel, 36, 139, 166, 226, 272 Trigueiros, Miguel, 36

© FUNDAÇÃO CUPERTINO DE MIRANDA , 2022

NA CAPA: FERNANDO LEMOS, NOTRE-DAME DE PARIS – GÁRGULAS , 1951 REVISÃO: LUÍS GUERRA

DEPÓSITO LEGAL 504979/22 IMPRESSÃO E ACABAMENTO: GRÁFICA MAIADOURO SA

© HERDEIROS DE FERNANDO LEMOS © HERDEIROS DE JORGE DE SENA apresentação © PERECTO E. CUADRADO fotografias © AUTORES OU HERDEIROS DOS AUTORES © SISTEMA SOLAR, CRL (DOCUMENTA) RUA PASSOS MANUEL 67 B, 1150-258 LISBOA

1.ª EDIÇÃO: SETEMBRO DE 2022 ISBN 978-989-568-034-4

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