José Pedro Croft et sic in infinitum
A programação da Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva para 2023 inicia-se com a exposição de José Pedro Croft Et sic in infinitum, constituída, na sua quase totalidade, por obras realizadas nos últimos dois conturbados anos e que exploram a complexidade e as múltiplas virtualidades das relações entre a escultura, o desenho e a gravura, meios através dos quais o artista nos propõe um exercício estimulante de liberdade estética e interpretativa.
Realizar este projecto, em cuja concretização José Pedro Croft tanto se empenhou, é um privilégio que gostaria de lhe agradecer reconhecidamente e representa também um passo mais no sentido de inserir a Fundação no circuito da criação contemporânea, proporcionando aos visitantes a fruição de um diálogo estimulante com a obra de Vieira e de Arpad. Este é um caminho para a permanente renovação dos nossos públicos, atraindo os mais jovens a quem oferecemos programas pedagógicos inovadores.
Indissociável da qualidade desta exposição é também a curadoria de Sérgio Mah, que soube resolver o desafio que as características do espaço museológico e a diversidade das obras colocava, enriquecendo este catálogo com uma reflexão fundamental para a compreensão da obra aqui apresentada e, em termos mais gerais, do próprio processo criativo do seu autor.
A concretização desta exposição só foi possível graças à virtuosa e consistente parceria com a Fundação Carmona e Costa, cujo apoio aos artistas portugueses nunca será demais realçar, e ao empenhamento pessoal da sua Presidente, Maria da Graça Carmona e Costa, a quem devemos um profundo agradecimento.
Uma palavra para todos os que colaboraram neste projecto, nomeadamente as equipas das duas Fundações e o editor deste catálogo, Manuel Rosa e Documenta.
Quis José Pedro Croft trazer à nossa memória Bernardino Gomes, dedicando-lhe esta exposição e nela incluindo uma sua obra preciosa que lhe pertencia. Permita-me que nos juntemos a essa evocação lembrando um amigo e Alguém que esteve na origem da nossa Fundação e a quem tanto ficámos a dever.
António Gomes de Pinho (Presidente da Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva)The Arpad Szenes – Vieira da Silva Foundation’s 2023 programming opens with José Pedro Croft’s Et sic in infinitum, an exhibition that is almost completely composed of works that were created over the past two troubled years and explore the complexity and manifold potentialities of the relationships between sculpture, drawing and engraving, techniques he employs to offer us an exciting exercise in aesthetic and interpretative freedom.
The opportunity to host this project, to which José Pedro Croft has deeply committed himself, is a privilege for which I sincerely thank him, as well as one further step towards keeping the Foundation within the circuit of contemporary creation, by inviting its visitors to enjoy a stimulating dialogue between his works and the pieces by Vieira and Arpad. This provides a means for the continual renovation of our audiences, by attracting a younger crowd to which we offer a number of innovative pedagogic programmes.
Equally crucial to the quality of the present exhibition is the curatorial work of Sérgio Mah, who rose to the challenge posed by the features of our museological space and the exhibits’ diversity, while also enriching this catalogue with an essay that is not only indispensable to the understanding of the work presented here, but also, in more general terms, of this artist’s creative process.
This exhibition was made possible by our rich and consistent partnership with the Carmona e Costa Foundation, whose support of Portuguese artists cannot be overpraised, and the personal commitment of its President, Maria da Graça Carmona e Costa, to whom we offer our deepest thanks.
I would also like to thank all who collaborated in this project, namely the staff of the two Foundations and the publisher of this catalogue, Manuel Rosa, as well as his publishing house, Documenta.
José Pedro Croft wishes to honour the memory of Bernardino Gomes, by dedicating this exhibition to him and including in it a precious work of his that once belonged to this figure. We ask him to join that tribute, in remembrance of a friend who was at the source of our Foundation and to whom we owe so much.
António Gomes de Pinho (President of the Arpad Szenes – Vieira da Silva Foundation) Ao Bernardino GomesDeflexões da forma (e da visão)
Sérgio MahNa produção artística de José Pedro Croft das últimas duas décadas é notória a estreita cumplicidade entre a escultura, o desenho e a gravura. São três disciplinas, três domínios funcionais, que se intersectam de forma não hierárquica, o que não impede reconhecer que questões e dilemas da escultura estão no cerne de muitas das suas realizações, como também podemos apontar, a partir de um outro ângulo de visão, que o desenho — como conceito, método e experiência das formas — é uma presença matricial e estruturante nos seus processos de composição e organização estética.
Através destas três práticas o artista tem produzido conglomerados de obras em que explora inúmeras variações a partir de formas básicas e arquetípicas, que são submetidas a experiências de derivação e reconversão que inevitavelmente debilitam os seus princípios estáveis e lógicos e testam a nossa perceptibilidade relativamente ao que nos rodeia e nos habita enquanto seres impregnados de visualidade. Por outras palavras, somos frequentemente conduzidos por um eixo de disquisições estéticas e conceptuais, para níveis propensos à aporia, à oscilação, ao paradoxo, que desaconselham o estreitamento perceptivo suscitado pela clareza e objectividade genericamente associadas à geometria.
É igualmente manifesto o interesse de José Pedro Croft pelos aspectos generativos da criação artística, ou seja, pelas potencialidades imanentes a cada meio, material ou forma, enquanto faculdades que contribuem para a singularidade de cada obra, mas também como remissões para a complexidade de que se reveste a experiência do mundo e a vasteza de coisas e dinâmicas espaciais e temporais que o constituem.
A multiplicidade, a tónica fragmentária e permutacional são aspectos transversais ao seu processo criativo e marcam a natureza e o horizonte de cada obra, mas também os vínculos que
aglutinam as obras que integram um mesmo círculo de afinidades formais e conceptuais. Em vários conjuntos ou séries de obras observamos formas, figuras e cores que se interligam, para procurar as suas múltiplas intersecções e declinações, mostrando que a convergência, a univocidade de um só ponto de vista, designaria um campo de possibilidades (imaginárias, narrativas, simbólicas, poéticas) infinitamente mais limitado e precário.
Nada se fixa ou regulariza na percepção que José Pedro Croft nos pretende proporcionar e estimular. De modo reiterado, uma mesma forma é colocada perante questionamentos formais, materiais e físicos. No carácter específico de cada obra — bidimensional ou tridimensional — ou no percurso — descontínuo e expansivo — que as várias obras elaboram e congeminam entre si, projecta-se um deslocamento que ambiciona renovar o olhar sobre as possibilidades das formas, nas suas qualidades gráficas, espaciais e arquitectónicas. Somos assim levados a observar uma sucessão de realidades interdependentes que sobrepõem, repetem ou desdobram sentidos possíveis. A força reside, portanto, na migração, no ensaio, na alternância, na refutação. Não se trata de um movimento progressivo, nem a sua direcção aponta para um estado de plenitude. Pensemos antes numa sucessão de situações provisórias, de aproximação e afastamento, de separação do que está unido e de junção do que está desagregado, uma cadeia de oportunidades e acontecimentos que apenas são discerníveis no interior desse movimento, sem permitir, contudo, perspectivar uma evolução linear.
Todos estes aspectos e motivações são muito relevantes no conjunto das obras em escultura, desenho e gravura seleccionadas para esta exposição e publicação. Num primeiro olhar, constata-se que cada uma das obras revela elementos de círculos ou de circunferências, em planos mais abrangentes ou parcelares. Podemos supor inúmeras associações. Esfera, globo, olho. Terra, sol, lua. Ponto, centro, arena. Arco, curva, espiral. É uma forma, ou melhor, uma família de formas, que propicia inúmeras remissões para o mundo que conhecemos ou para ressonâncias simbólicas e figurais que continuam a prevalecer. O círculo é frequentemente encarado como sinal de união e eternidade. Sem princípio nem fim, em diversas culturas, o círculo é considerado a forma mais perfeita que existe. É também sinónimo de movimento, expansão e tempo, como também são incontáveis as suas assimilações nos domínios da religião, da astrologia e da arte.
Em todo o caso, a relação directa com o mundo, com as suas aparências e predisposições miméticas, está longe de ser uma motivação da produção artística de José Pedro Croft. O que não quer dizer que as diferentes remissões não se manifestem ou não deixem de ser pertinentes e activadoras no imaginário que é aberto por estes desdobramentos que o artista realiza.
De forma distinta relativamente a conjuntos anteriores, nomeadamente nas séries de desenhos e gravuras em que as variações ocorrem a partir de uma mesma matriz, nas obras que
aqui se apresentam constata-se uma maior diversidade formal e gráfica — que é ainda mais acentuada na exposição devido à opção de privilegiar a instalação de apenas uma obra em cada segmento de parede e pelas disparidades entre as várias obras reunidas em cada sala. Ao percorrer estes desenhos, gravuras e esculturas facilmente nos damos conta da diversidade nos pontos de vista, entre planos globais e inflexões sobre secções e detalhes de formas circulares. Em simultâneo, vamos observando outros níveis de desmultiplicação e permutação: cortes, descentramentos e sobreposições, formas que se desmembram, que se dividem e se isolam, estabelecendo a tensão entre a totalidade e os seus fragmentos; variações entre as geometrias plana e sólida, diluindo a distância entre as qualidades bidimensionais e tridimensionais; mutações no uso da cor, entre o negro, o vermelho, o azul, o verde, laranja e o violeta. O uso da cor influi na métrica, nas proporções e nos ritmos de cada elemento no desenho ou na escultura. As manchas de cor nunca são uniformes. Nos casos mais extremos, nomeadamente na gravura, apenas um olhar mais atento permite contornar a ilusão de constância e homogeneidade de cada mancha cromática, permitindo-nos destrinçar oscilações subtis na intensidade de uma mesma cor; noutros casos vemos redes de linhas finas ou indícios da gestualidade do artista na aplicação do guache ou do gesso.
Em suma, observamos planos que se desalinham e se repartem, procurando desconformidades, desvios profícuos e sensíveis às alterações do olhar e às reformulações da forma, no traço e na cor, num evidente desafio à percepção. Deste modo, através de um vasto e complexo campo de possibilidades, estas formas simples seguem o apelo por experimentar e ensaiar soluções que por sua vez suscitam outras oportunidades construtivas e desconstrutivas, num horizonte criativo sem recorte definido e sem fim. Por conseguinte, cada obra é a manifestação singular de um momento pregnante no interior de um movimento, de natureza intuitiva e conceptual, que reformula as coordenadas da geometria e da sua perceptibilidade.
A maioria destas obras foi realizada nos últimos dois anos. Existem apenas duas obras que remontam a períodos mais remotos da trajectória do artista: uma gravura de 1996 e uma pequena escultura em calcário negro e ardósia, produzida em 1987. A sobreposição alinhada de lascas curvas de pedra formando três anéis circulares incompletos traz-nos à memória algumas das esculturas de Richard Long (referência pouco evidente na obra de José Pedro Croft dos últimos anos, em que é mais imediata a sua ligação a artistas como Ellsworth Kelly [Fig. 3] ou Sol LeWitt).
É uma escultura dissonante no contexto da exposição, sobretudo devido às suas conotações antropológicas, simbólicas e dramáticas. A peça agrega um conjunto de segmentos, de modo a constituir uma unidade material e objectual que desafia a estabilidade e auto-evidência da forma global. Ao mesmo tempo que enfatizam as características específicas do material — peso, temperatura, textura, densidade — os fragmentos parecem colaborar de modo a induzir a imagem
de um movimento circular e magmático. São elementos que se repetem, formas que convivem no paradoxo entre a montagem e a desmontagem, entre o que se vê e o que se imagina. Na exposição, é a única escultura que se apresenta numa posição horizontal. Todas as restantes esculturas são de parede e também por isso mais explicitamente vinculadas à prática e ideia de desenho.
O título Et sic in infinitum é uma citação da frase que consta em cada um dos lados de um desenho do físico e cosmologista Robert Fludd, reproduzido no seu livro Utriusque cosmi maioris scilicet et minoris metaphysica, physica atque technica historia in duo volumina secundum cosmi differentiam diuisa, 1617-1621 [Fig. 1]. Reconhecido como uma das primeiras representações da criação do universo, o desenho dá a ver um quadrado negro imperfeito (em rigor é um trapézio), a imagem do pré-universo, do nada, do vazio negro (e sem forma) anterior ao evento da criação. O quadrado negro de Robert Fludd ilustra um enigma fundacional, mas em simultâneo assinala os limites da representação, ao anotar em cada margem do quadrado a frase Et sic in infinitum [E assim por diante até ao infinito]. No contexto da cosmologia de Robert Fludd, o observador não se pode restringir ao visível, à literalidade de uma figura aparente — um quadrado negro. Assinala-se a exigência da observação e da imaginação para que, a partir do quadrado negro, qual ecrã ambivalente e generativo, possam emergir outras imagens, activadas pelo psiquismo e pela corporalidade do humano.
Não apenas pelas suas qualidades formais, mas também pelas questões e dilemas que lança sobre a natureza e o alcance das imagens representacionais (prefigurando também o seu esgo-
LISTA DE OBRAS | LIST OF WORKS
p. 29
Sem título | Untitled, 1996
Água-tinta | Aquatint, 124 × 113 cm
Fotografia | Photograph: Laura Castro Caldas & Paulo
Cintra
p. 30
Sem título | Untitled, 2022
Guache, verniz, tinta-da-china sobre papel | Gouache, varnish, Indian ink on paper, 153 × 181 cm
Fotografia | Photograph: Daniel Malhão
p. 31
Sem título | Untitled, 2019
Guache, verniz, tinta-da-china sobre papel | Gouache, varnish, Indian ink on paper, 70 × 80 cm
Fotografia | Photograph: Daniel Malhão
pp. 32-33
Sem título | Untitled, 2022
Guache, verniz, tinta-da-china sobre papel | Gouache, varnish, Indian ink on paper, 153 × 181 cm
Fotografia | Photograph: Daniel Malhão
p. 34
Sem título | Untitled, 2020
Grafite, tinta sintética, verniz e tinta-da-china sobre papel | Graphite, synthetic ink, varnish and Indian ink on paper, 230 × 242 cm
Col. José Carlos Mestre Gomes
Fotografia | Photograph: Daniel Malhão
p. 35
Sem título | Untitled, 2021-2022
Guache, verniz, tinta-da-china sobre papel | Gouache, varnish, Indian ink on paper, 153 × 181 cm
Cortesia | Courtesy: Galería La Caja Negra
Fotografia | Photograph: Daniel Malhão
p. 36
Sem título | Untitled, 2021
Água-tinta, água-forte, maneira-negra e ponta-seca | Aquatint, etching, mezzo point and dry point, 164,5 × 170 cm [ed. 18 + 3 H.C.]
Cortesia | Courtesy: Galería La Caja Negra
Fotografia | Photograph: Bruno Lopes
p. 37
Sem título | Untitled, 2021
Desenho sobre gravura | Drawing on etching, 172 × 189 cm
Fotografia | Photograph: Bruno Lopes
p. 38
Sem título | Untitled, 2021
Desenho sobre gravura | Drawing on etching, 172 × 189 cm
Fotografia | Photograph: Bruno Lopes
p. 39
Sem título | Untitled, 2021
Guache, verniz, tinta-da-china sobre papel | Gouache, varnish, Indian ink on paper, 180 × 180 cm
Cortesia | Courtesy: Galería La Caja Negra
Fotografia | Photograph: Bruno Lopes
p. 40
Sem título | Untitled, 2021
Guache, verniz, tinta-da-china sobre papel | Gouache, varnish, Indian ink on paper, 180 × 180 cm
Fotografia | Photograph: Bruno Lopes
p. 41
Sem título | Untitled, 2021
Desenho sobre gravura | Drawing on etching, 172 × 189 cm
Fotografia | Photograph: Bruno Lopes
p. 43
Sem título | Untitled, 2020
Guache, verniz, tinta-da-china sobre papel | Gouache, varnish, Indian ink on paper, 189 × 234 cm
Fotografia | Photograph: Daniel Malhão
p. 45
Sem título | Untitled, 2022
Guache sobre gravura sobre papel | Gouache on etching on paper, 192 × 176 cm
Fotografia | Photograph: Daniel Malhão
p. 46
Sem título | Untitled, 2022
Ferro pintado | Painted iron | 62 × 48 × 3 cm
Fotografia | Photograph: Daniel Malhão
p. 47
Sem título | Untitled, 2022
Ferro pintado | Painted iron, 182 × 152 × 6 cm
Fotografia | Photograph: Daniel Malhão
p. 49
Sem título | Untitled, 2022
Ferro pintado | Painted iron | 62 × 48,5 × 5 cm
Fotografia | Photograph: Daniel Malhão
p. 50
Sem título | Untitled, 2021
Água-tinta, água-forte, maneira-negra e ponta-seca | Aquatint, etching, mezzo point and dry point, 66,8 × 83,8 cm [ed. 18 + 3 H.C.]
Cortesia | Courtesy: Galería La Caja Negra
Fotografia | Photograph: Bruno Lopes
p. 51
Sem título | Untitled, 2021
Água-tinta, água-forte, maneira-negra e ponta-seca | Aquatint, etching, mezzo point and dry point, 74,8 × 75,7 cm [ed. 18 + 3 H.C.]
Cortesia | Courtesy: Galería La Caja Negra
Fotografia | Photograph: Bruno Lopes
p. 53
Sem título | Untitled, 1987
Calcário preto e ardósia | Black limestone and slate, 25 × 60 × 60 cm
Col. Vasco Vieira Nunes Carvalho dos Santos
Fotografia | Photograph: Laura Castro Caldas & Paulo
Cintra
p. 54
Sem título | Untitled, 2021
Água-tinta, maneira-negra, ponta-seca | Aquatint, mezzo point, dry point, 135 × 118 cm [ed. 18 + 3 H.C.]
Cortesia | Courtesy: Galería La Caja Negra
Fotografia | Photograph: Bruno Lopes
p. 55
Sem título | Untitled, 2020
Guache, verniz, tinta-da-china sobre papel | Gouache, varnish, Indian ink on paper, 112 × 145 cm
Fotografia | Photograph: Bruno Lopes
p. 57
Sem título | Untitled, 2020
Guache, verniz, tinta-da-china sobre papel | Gouache, varnish, Indian ink on paper, 113 × 149,5 cm
Col. Particular | Private Coll.
Fotografia | Photograph: Daniel Malhão
pp. 58-59
Sem título | Untitled, 2020
Guache, verniz, tinta-da-china sobre papel | Gouache, varnish, Indian ink on paper, 243 × 259 cm
Fotografia | Photograph: Daniel Malhão
pp. 60-61
Sem título | Untitled, 2022
Ferro pintado com desenho na parede | Painted iron with wall drawing, 184 × 468 × 3 cm
Fotografia | Photograph: Daniel Malhão
p. 63
Sem título | Untitled, 2022
Ferro pintado com desenho na parede | Painted iron with wall drawing, 184 × 184 × 3 cm
Fotografia | Photograph: Daniel Malhão
p. 65
Sem título | Untitled, 2022
Ferro pintado com desenho na parede | Painted iron with wall drawing, 200 × 205 × 3 cm
Fotografia | Photograph: Daniel Malhão
p. 67
Sem título | Untitled, 2022
Ferro pintado com desenho na parede | Painted iron with wall drawing, 200 × 205 × 3 cm
Col. Vasco Vieira Nunes Carvalho dos Santos
Fotografia | Photograph: Bruno Lança / ArtWorks
p. 69
Sem título | Untitled, 2022
Ferro pintado com desenho na parede | Painted iron with wall drawing, 184 × 184 × 3 cm
Cortesia | Courtesy: Galería La Caja Negra
Fotografia | Photograph: Bruno Lança / ArtWorks
p. 71
Sem título | Untitled, 2022
Ferro pintado com desenho na parede | Painted iron with wall drawing, 215 × 215 × 3 cm
Fotografia | Photograph: Daniel Malhão
p. 73
Sem título | Untitled, 2022
Ferro pintado com desenho na parede | Painted iron with wall drawing, 184 × 184 × 4 cm
Fotografia | Photograph: Daniel Malhão
p. 74
Sem título | Untitled, 2022
Ferro pintado | Painted iron, 100 × 100 × 6 cm
Fotografia | Photograph: Daniel Malhão
p. 75
Sem título | Untitled, 2022
Ferro pintado | Painted iron, 95 × 95 × 6 cm
Fotografia | Photograph: Daniel Malhão
p. 76
Sem título | Untitled, 2022
Guache, verniz, tinta-da-china sobre papel | Gouache, varnish, Indian ink on paper, 157 × 153 cm
Fotografia | Photograph: Daniel Malhão
p. 77
Sem título | Untitled, 2022
Guache, verniz, tinta-da-china sobre papel | Gouache,
varnish, Indian ink on paper, 158 × 153 cm
Fotografia | Photograph: Daniel Malhão
p. 79
Sem título | Untitled, 2022
Guache, verniz, tinta-da-china sobre papel | Gouache, varnish, Indian ink on paper, 157 × 153 cm
Col. Particular | Private Coll.
Fotografia | Photograph: Daniel Malhão
p. 80
Sem título | Untitled, 2021
Água-tinta e água-forte | Aquatint and etching, 48,5 × 55 cm [ed. 18 + 3 H.C.]
Cortesia | Courtesy: Galería La Caja Negra
Fotografia | Photograph: Bruno Lopes
p. 81
Sem título | Untitled, 2021
Água-tinta, água-forte, maneira-negra e ponta-seca |
Aquatint, etching, mezzo point and dry point, 48,5 × 55 cm [ed. 18 + 3 H.C.]
Cortesia | Courtesy: Galería La Caja Negra
Fotografia | Photograph: Bruno Lopes
p. 82
Sem título | Untitled, 2021
Guache, verniz, tinta-da-china sobre gravura |
Gouache, varnish, Indian ink on etching, 48,5 × 55 cm
Fotografia | Photograph: Bruno Lopes
p. 83
Sem título | Untitled, 2021
Guache, verniz, tinta-da-china sobre gravura |
Gouache, varnish, Indian ink on etching, 60 × 60 cm
Fotografia | Photograph: Bruno Lopes
p. 84
Sem título | Untitled, 2021
Água-tinta, água-forte, maneira-negra e ponta-seca |
Aquatint, etching, mezzo point and dry point, 48,5 × 55 cm [ed. 18 + 3 H.C.]
Cortesia | Courtesy: Galería La Caja Negra
Fotografia | Photograph: Bruno Lopes
p. 85
Sem título | Untitled, 2021
Água-tinta, água-forte, maneira-negra e ponta-seca | Aquatint, etching, mezzo point and dry point, 48,5 × 55 cm [ed. 18 + 3 H.C.]
Cortesia | Courtesy: Galería La Caja Negra
Fotografia | Photograph: Bruno Lopes
p. 87
Sem título | Untitled, 2022
Ferro, gesso e tinta-da-china | Iron, plaster and Indian ink, 33,5 × 52 × 2 cm
Fotografia | Photograph: Daniel Malhão
p. 89
Sem título | Untitled, 2022
Ferro, gesso e tinta-da-china | Iron, plaster and Indian ink, 34 × 67 × 2,5 cm
Fotografia | Photograph: Daniel Malhão
pp. 90-91
Sem título | Untitled, 2022
Ferro, tinta-da-china e verniz | Iron, Indian ink and varnish | 184 × 303 × 10 cm
Fotografia | Photograph: Daniel Malhão
Deflections of form (and vision)
Sérgio MahOver the past two decades, José Pedro Croft’s artistic work has been clearly marked by a close connection between sculpture, drawing and engraving. Three art forms, three functional domains that intersect one another in a non-hierarchical manner, which does not prevent us from recognising that sculpture-based issues and dilemmas lie at the core of many of his creations, just as we may also observe, from a different angle, that drawing — as a concept, method and experience of forms — is a founding and structuring presence in his processes of composition and aesthetic organisation.
The artist has employed these three techniques to produce groups of artworks in which he explores countless variations on basic, archetypal shapes, subjecting them to derivation and reconversion experiments that inevitably debilitate their stable and logical principles and put to the test our perceptibility concerning all that surrounds us and inhabits us in our quality of visually saturated beings. In other words, we find ourselves frequently being led by a sequence of aesthetic and conceptual disquisitions into levels favourable to aporia, oscillation and paradox, which advise against the perceptive narrowing prompted by the clarity and objectivity that are usually associated to geometry.
Equally evident is José Pedro Croft’s interest in the generative aspects of artistic creation, i.e. in the potentialities that are immanent in each medium, material or form, as faculties that contribute to each work’s singularity, but also as hints to the complexity of one’s experience of the world and to the vastness of things and spatial and temporal dynamics that make up the world itself.
Multiplicity and a fragmentary, permutational tone are constant features of his creative process; besides marking the nature and scope of each piece, they also mark the ties between
works that are part of the same circle of formal and conceptual affinities. In several sets or series of works, we examine interconnected shapes, figures and colours, in search of their multiple intersections and declinations, thus showing that the convergence and univocality of a single point of view would bring about an infinitely more limited and precarious field of (imaginative, symbolic, poetic) possibilities.
Nothing is fixed or regularised in the perception José Pedro Croft wishes to bring to us and inspire in us. Repeatedly, the same shape is confronted with a variety of formal, material and physical questionings. The specific character (bidimensional or tridimensional) of each artwork, or the (discontinuous and expansive) itinerary that the various works define and plan between themselves, reflects a dislocation that aspires to renew our view of the possibilities of forms, in their graphic, spatial and architectural qualities. We are thus led to observe a succession of interdependent realities that superimpose, repeat or unfold a number of possible directions. Strength lies, then, in migration, practice, alternation, and refutation. This is not a progressive movement, and its direction does not lead to a state of plenitude. Let us instead conceive it as a succession of provisory situations, such as moving closer and moving away, separating what is united and joining what is disaggregated, a chain of opportunities and events that are only discernible within that movement, without allowing, however, any hint of linear evolution.
All these aspects and motivations are highly relevant to the group of sculptures, drawings and prints selected for this exhibition and book. At first glance, we realise that every one of these works contains parts of circles or circumferences, with varying degrees of completeness. From this, we can draw countless associations. Sphere, globe, eye. Earth, sun, moon. Point, centre, arena. Arc, curve, spiral. It is a shape — or, more properly, a family of shapes — that provides countless references to the world we know, or to symbolic and figural resonances that continue to prevail. The circle is frequently seen as a sign of union and eternity. Without beginning or end, the circle is considered in many cultures to be the most perfect shape in existence. Also synonymous with movement, expansion and time, its manifestations in the realms of religion, astrology and art are equally innumerable.
Anyway, a direct relationship with the world, with all its appearances and mimetic predispositions, is far from being a motivation in José Pedro Croft’s artistic production. However, that does not mean that various references will not manifest themselves, or that they will not play pertinent, activating roles in the imaginative field that is opened by all the variations the artist generates.
Unlike previous sets of works, namely certain series of drawings and prints in which all variations come from the same visual source, the pieces shown here display greater formal and graphic diversity — something that is even more stressed in the exhibition, due to the fact that
Nasceu no Porto em 1957, vive e trabalha em Lisboa. Estudou pintura na ESBAL, e escultura com João Cutileiro. A sua obra transita sem hierarquias entre escultura, desenho e gravura.
Exposições individuais (uma selecção): Caminhos Cruzados – José Pedro Croft na Colecção António Cachola – MACE, 2022 | Campo/Contracampo, Anozero – Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra, 2020 | Campo/Contracampo, Fundación Cerezales Antonino y Cinia, León, 2019 | Medida Incerta, Representação Oficial de Portugal na 57.ª Bienal de Veneza, 2017 | Fora de Sítio, Paço Imperial, Rio de Janeiro, 2015 | Corpos Duplos – Duplas Imagens, Capela do Morumbi, São Paulo, 2015 | Objectos Imediatos, Fundação Carmona e Costa, Cordoaria Nacional, Lisboa, 2014 | Pinacoteca de São Paulo, 2009 | Paisagem Interior, Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2007 | Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 2006 | Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte, 2006 | Retrospectiva, Centro Cultural de Belém, Lisboa, 2002.
Colecções:
Museo de Arte Contemporáneo Helga de Alvear, Espanha | Centro de Arte Moderna – Fundação Calouste Gulbenkian, Portugal | Fundação EDP, Portugal | Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, Portugal | Museu de Serralves, Portugal | Coleção de Arte Contemporânea do Estado, Portugal | Fundació “la Caixa”, Espanha | Fundació Banc Sabadell, Espanha | Caixa Geral de Depósitos, Portugal | Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Espanha | Museu Coleção Berardo, Portugal | Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil | Pinacoteca de São Paulo, Brasil | Fundación Caja Madrid, Espanha | Colección Banco de España, Espanha | European Central Bank, Alemanha | Sammlung Albertina, Áustria | Centre Pompidou, França | Jorge M. Pérez Collection, Estados Unidos da América.
Born in Porto, in 1957. Lives and works in Lisbon. Studied painting at ESBAL (Lisbon), and sculpture with João Cutileiro. His work ranges from sculpture to drawing and etching without hierarchies.
Solo exhibitions (a selection): Caminhos Cruzados – José Pedro Croft na Colecção António Cachola – MACE, 2022 | Campo/Contracampo, Anozero – Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra, 2020 | Campo/Contracampo, Fundación Cerezales Antonino y Cinia, León, 2019 | Uncertain Measure, Official Portuguese Representation at the 57th Venice Biennale, 2017 | Fora de Sítio, Paço Imperial, Rio de Janeiro, 2015 | Corpos Duplos – Duplas Imagens, Capela do Morumbi, São Paulo, 2015 | Objectos Imediatos, Fundação Carmona e Costa, Cordoaria Nacional, 2014 | Pinacoteca de São Paulo, 2009 | Paisagem Interior, Museu Calouste Gulbenkian, Lisbon, 2007 | Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 2006 | Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte, 2006 | Retrospectiva, Centro Cultural de Belém, Lisbon, 2002.
Collections: Museo de Arte Contemporáneo Helga de Alvear, Spain | Centro de Arte Moderna – Fundação Calouste Gulbenkian, Portugal | Fundação EDP, Portugal | Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, Portugal | Museu de Serralves, Portugal | Coleção de Arte Contemporânea do Estado, Portugal | Fundació “la Caixa”, Spain | Fundació Banc Sabadell, Spain | Caixa Geral de Depósitos, Portugal | Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Spain | Museu Coleção Berardo, Portugal | Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brazil | Pinacoteca de São Paulo, Brazil | Fundación Caja Madrid, Spain | Colección Banco de España, Spain | European Central Bank, Germany | Sammlung Albertina, Austria | Centre Pompidou, France | Jorge M. Pérez Collection, United States of America.
Este livro foi publicado por ocasião da exposição Et sic in infinitum , de José Pedro Croft, com curadoria de Sérgio Mah, realizada na Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva, com o apoio da Fundação Carmona e Costa, de 26 de Janeiro a 28 de Maio de 2023.
This book was published on the occasion of the exhibition Et sic in infinitum , by José Pedro Croft, curated by Sérgio Mah, held at Arpad Szenes – Vieira da Silva Foundation, with the support of the Carmona e Costa Foundation, from 26 January to 28 May 2023.
Agradecimentos | Acknowledgements
Helder Fernandes
Luís Rocha
João Croft Moura
José Miguel Pinto
José Maria Ferreira
Maria da Graça Carmona e Costa
Maria Renée Gomes
Pedro Canoilas
Esculturas produzidas por | Sculptures produced by ArtWorks. Gravuras editadas por | Engravings published by Galería La Caja Negra, Madrid. Estampadas por | Printed by Benveniste Contemporary, Madrid.
fundação carmona e costa
fundação arpad szenes – vieira da silva
Conselho Geral | General Boar d
Maria da Graça Carmona e Costa
Conselho de Administração | Board of Directors
Maria da Graça Dias Coelho
Carmona e Costa – Presidente | Presiden t
Álvaro Carmona e Costa Portela
José Amaro Martins Carmona e Costa
Administradora Executiva | Executive Director
Maria da Graça Carmona e Costa
Assessor para a Programação Cultural | Advisor for Cultural Programming
Pedro Valdez Cardoso
Conselho de Administração | Board of Directors
António Gomes de Pinho –Presidente | Presiden t
João Corrêa Nunes – Vice-Presidente | Vice-President
Vera Nobre da Costa
Simonetta Luz Afonso
José Manuel dos Santos
Rita Faden
Isabel Carlos
Directora | Director
Marina Bairrão Ruivo
EXPOSIÇÃO [ EXHIBITIO N ]
Curadoria | Curator
Sérgio Mah
Programação | Programming
Marina Bairrão Ruivo e Dinorah Lucas
Produção | Production
Renato Santos
Sandra Santos
Sandra Quintas
Sofia Sutre
Equipa de montagem | Set-up Team
Renato Santos
Comunicação | Media Department
Inês Eva
CATÁLOGO [ CATALOGUE ]
Concepção | Concept
Manuel Rosa
Traduções | Translations
José Gabriel Flores
Design Gráfico | Graphic Design
Manuel Rosa
Revisão | Proofreading
Helena Roldão
Sandra Santos
Fotografias | Photographs
Bruno Lança / ArtWorks: pp. 19, 67, 69
Bruno Lopes: pp. 36-41, 50, 51, 54, 55, 80-85
Daniel Malhão: pp. 17, 30-35, 43-49, 57-65, 71-79, 87-91
Isabella Matheus: p. 22
José Pedro Croft: pp. 1, 9, 24, 25, 96, 97, 112
Laura Castro Caldas & Paulo Cintra: pp. 29, 53
Depósito legal | Legal deposit 509837/23
Pré-impressão, impressão e acabamento | Pre-press, printing and bindin g
Gráfica Maiadouro SA
© Fundação Carmona e Costa, 2022 © Sistema Solar (chancela Documenta)
imagens | plates © José Pedro Croft textos | texts © Sérgio Mah
ISBN: 978-989-568-077-1
Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva
Praça das Amoreiras, 56/58
1250-020 Lisboa
www.fasvs.pt
Fundação Carmona e Costa
Edifício Soeiro Pereira Gomes
Rua Soeiro Pereira Gomes, Lote 1 - 6.º D
1600-196 Lisboa
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