comosechamaodiahoje?
Fotografias de Augusto Rainho Textos de José Luís Porfírio
Ao Pedro Morais
A PROPÓSITO DE HAIKUS
Há formas de arte e poesia que trazem em si uma espécie de pudor face à impermanência da vida. Um pudor e também uma humildade que as faz conter-se na expressão. Haverá nestas formas, sem forma permanente, um silêncio que lhes cala o sentido, deixando-o mover-se no seu intrínseco devir.
閑かさや 岩にしみ入る 蝉の声 ah, o silêncio! entranhando-se nas pedras a voz da cegarrega
Silêncio O Tempo espera A Pedra grita
Sim, há formas que calam fundo. Um haiku, uma fotografia e um haiku... E eis o silêncio, eis as pedras em Matsuo Bashô, Augusto Rainho e José Luís Porfírio. Por um lado, em diário de viagem, o Bashô [1644-1694] perante uma paisagem: «as grandes pedras amaciadas pelo musgo que se erguem sobre mais e outras pedras levantadas, pedregulhos e penhascos, entre pinheiros e carvalhos, no alto de uma montanha rochosa de Yamagata,
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Japão» [«Risshakuji», Oku no hosomitchi – «Risshakuji, o templo sobre as pedras levantadas», O Caminho Estreito para o Longínquo Norte, 1702]. Por outro lado, neste livro, o Augusto perante outra grande pedra levantada, risshaku, de cavidades fundas, e escuras, e o José Luís perante a sua imagem, a preto e branco, captada numa penedia de Castelo de Vide, Portugal [Comosechamaodiahoje?, página 102 -103]. O texto do Bashô traz-nos as origens de uma dessas formas poéticas que por excelência calam, o haiku. O seu maior atributo será esse: calar fundo o sentido – contê-lo, sem o exprimir, descrever ou definir em detrimento da própria natureza da vida, ou realidade: tudo o que tem sentido sofre de falta de realidade, diz o aforismo do pintor António Dacosta [António Dacosta, Quetzal Editores/Galeria 111, 1995]. Um haiku terá falta de tudo menos de realidade. Porque é um incidente, como lucidamente entendeu Roland Barthes [L'Empire des signes, 1970; Incidents, 1987], e, enquanto tal, é aquilo que cai e atinge, imprevisivelmente, mas também de forma inevitável e indiscriminada, vindo não se sabe bem de onde, e incidindo no próprio coração da vida: o seu fluir – feito de incidentes –, o seu devir – gerado por incidentes. Ao haiku falta-lhe tudo porque ele sabe que, a cada instante, a realidade é já outra coisa, diferente, contraditória, complementar daquela que percepcionou, e na qual nem uma incerteza se segura [Pág.108]. Falta-lhe tudo, e é esse vazio, ou melhor, essa não fixação de sentido, que lhe dá a oportunidade de ser realidade – plena de sentidos. Porque precisamente ele não separa o vazio da plenitude, nem a plenitude do vazio. Aparentemente sem importância nenhuma, a maior gravidade de um incidente recai sobre os seus limites: o haiku impõe-se os limites ou a finitude da linguagem – uma linguagem que termina no mistério – um mistério que se abre no respeito pelo «caminho sem nome» [Pág.48]. O haiku sustém o passo da linguagem, o passo do nome, limitando-o à sua função de sinalizar o sentido como numa exclamação (um significante): «aqui há sentido!» O poema contenta-se assim em apontar uma forma ou uma imagem fluida, cujo fulgor está na incisão imediata que provoca no nosso
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coração – esse lugar solitário, onde o sentido feito silêncio se imprime e afunda, propaga e eleva ao quadrado, caindo em si e dispensando a expressão. O efémero canto da cigarra interrompe a voz da cegarrega – a «cabeça» (a profusão de sentidos, o julgamento), que, se tivesse forma, podia até ser a grande pedra do Augusto. O texto do José Luís, por sua vez, traz-nos o devir desta forma poética, ao dar a mão a uma imagem – o quadrado espelhante do Augusto. Na sua origem, o haiku é um poema particularmente visual, ou visível, imagético, que nos oferece «instantes visuais» [José Luís Porfírio]. Talvez por isso também o Pedro Morais dissesse que os objectos de arte in loco que fazia eram «haikus visuais». O Pedro fazia «pintura a três dimensões», como ele gostava de dizer, criando situações/ilusões onde se pudesse ver – sem ver – sem intenção – como num incidente. Um dia, o José Luís, que escrevia sobre essa arte do Pedro, viu! E descobriu o gosto de escrever haikus, sobretudo a partir da arte visual. Mais tarde, entusiasmou-se, e pôs-se a escrever haikus a partir da arte por excelência visual das fotografias do grande amigo Augusto. Também os escreve sem ser a partir destas artes, dos seus objectos, imagens, ilusões... Partindo antes das próprias «pedras», como faz o haiku mais tradicional – ou a própria fotografia do Augusto.
Catorze Abutres Pairando sobre a Aldeia O Silêncio voa
Mas não aqui. Os haikus deste livro não partem das «pedras de pedra» ou dos «abutres reais», nem são particularmente visuais. À nossa frente estão «coisas ainda mais mentais»: reflexos de reflexos da «realidade», haikus de fotografias das «pedras». O que o haiku vê ou ouve é sempre pura ilusão ou projecção da mente, se não, veja-se o tanque do Bashô – 古池や蛙飛びこむみずの音 ah, o velho tanque! / o
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baque da rã / a mergulhar – quando confrontado com o tanque do Ryôkan – 新池や蛙 とびこむ音もなし ah, o novo tanque! / nem um baque de rã / a mergulhar –, sendo que
este segundo haiku é uma resposta ao primeiro, nascida de uma outra visão-ilusão, tal como aliás o haiku visual do Pedro em Focus fatus [Avenida 211, 2008]: também aqui é pura a ilusão, o «reflexo» (projecção aleatória de uma chama) que volta a iluminar o escurecido «velho tanque» do Bashô ao som dos pingos de água vindos de uma meditativa «oval de mãos». Só que, neste livro, não só o que o haiku vê é ilusório; ilusório é também o seu ponto de partida, aquilo que está à sua frente. Resta a pergunta: onde está então a «realidade»? Separada da ilusão é que ela não está! Os haikus do José Luís podem assim ser mais mentais ou ilusórios do que os haikus tradicionais, no sentido de mais camadas de mental, ou subjectividade, mas isso não determina a sua maior ou menor realidade. A realidade destes poemas está na sua capacidade de incidir aqui agora, e atingir o seu face-a-face, neste caso, o seu convívio com a fotografia. A interrogação do título deste livro sobre o nome do dia de hoje parece espelhar esta aspiração, que será também a inspiração dos seus textos: versar sobre o hoje sem separações ou fixações. Não se poderá, por isso, confundir o seu «mental sem mente» com a «caixa dos pirolitos» ou mesmo «os macaquinhos do sótão», como diria o Pedro. A verdadeira ilusão é sem intenção, é expiração, é largar – é real. Embora se chamem aqui «haikus» aos textos do José Luís, o próprio sussurra-me que «se parecem, mas não são». Efectivamente, nem sempre a incisão é imediata, mas isso acontece sobretudo quando lemos separadamente o texto, e tomamos a imagem como uma ilustração, sem observar o todo, o instantâneo visual, que o texto perfaz com a imagem. Por vezes também, o texto poderá parecer-se com uma legenda da imagem. Vezes há ainda que mais se poderá parecer com um aforismo ou um outro poema que não um haiku...
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Mas, uma muito boa parte destes textos são incidentes caídos da imagem, e nela recaindo, e, enquanto tal, são apenas e tão somente o mínimo necessário da mente para poderem dizer, verbalizar alguma coisa: Rasa a luz / Sem fundo nem saída / E a Flor vive [Pág.40]; Escolher a via / Caminho sem nome / Suster o Passo [Pág.48]; Vazio / E em frente do Vazio / Porta fechada [Pág.66]; Indiferente a Vaca / No Pasto longo e liso / Lá onde a Morte dança [Pág.112]. O haiku é este «mínimo necessário» que aspira ao movimento e à cor que só o vazio e a escuridão conseguem gerar. Então, porque não chamar o dia de hoje «haiku»? Ou «aiku». Como quem diz «harte» em vez de «arte». No fundo de tudo [Pág.72], no sítio onde se cala, não importa se se tira ou acrescenta um agá, se se aspira ou não o nome. Não é a nossa pretensão que faz a poesia ou a arte. De intenções está o inferno cheio. Poesia e arte são encontros. E os encontros, tal como as (co)incidências, ou acontecem ou não – ou se coincide com a realidade-ilusão aqui agora, ou não. Mas, para isso, é necessário, isso sim, aspiração (voto íntimo) e apercepção (atenção). Tantas vezes, infindas vezes, nos encontramos perante um encontro, sem que no entanto nos apercebamos dele! José Tolentino Mendonça [A papoila e o monge, 2013] diz-nos neste seu haiku:
Não é raro que um bem nos seja confiado na hora que temos por errada
O nosso julgamento, espelho da nossa intenção, obstrui a apercepção desse encontro que se abre hoje, aqui agora, à nossa frente. Talvez seja por isso que Filomena Molder nos diz que «poesia e arte são formas de abstenção do juízo» [Não te esqueças de viver, Conferências Culturgest, 2016]. Mesmo sem intenção, o juízo é uma condenação e a condenação não poderá nunca ser um encontro, pois está separada da vida – não se pode julgar ou condenar aquilo que por natureza é impermanente, a vida, no seu mais complementar contraditório.
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Os cantos de cigarra do José Luís neste livro nascem de sucessivos encontros com o Augusto e cada uma das suas fotografias, que, por sua vez, nascem de cada um dos dias de contemplação dos campos e outros vestígios – coisas da natureza e da própria humanidade que restam na paisagem, e na imagem, assinalando sentidos já sem nome, ou ainda sem nome, à espera de serem nomeados. O conjunto destes encontros vai desenhando um convívio em folhas de papel. Se fosse em folhas de árvore, o convívio talvez fosse assim, como canta aquela que terá sido a última expiração do monge Ryôkan [1758-1831] – este haiku: 裏を見せ おもてを見せて 散る紅葉
mostram o verso mostram o reverso caem as folhas de outono
Embora os textos deste livro não designem, à maneira concretíssima do haiku tradicional, essa impermanência mais visível que é o fluir das estações, pois não têm uma origem directa nesta tradição poética, nem a intenção de serem «à sua maneira», eles apontam para um opaco, que, aqui, é o da própria fotografia do Augusto [Foto 77 e todas as outras]. Será esta qualidade que curiosamente permite a visão da impermanência. Nem sempre completamente cerrado, selado ou barrado, às vezes com profundidade, este opaco das fotografias de Comosechamaodiahoje? é como a chegada a um beco sem saída, no qual se escarrapacham os limites da vontade, da fuga ou da acção (linguagem). Ele é o muro, a parede, o tecto, o fundo, a fronteira, um pedregulho, uma fenda, um buraco, uma cavidade, o caos, o escuro, a sombra, o negrume, uma nuvem, uma névoa, neblina, nevoeiro, bruma – essa «parte nenhuma», aquilo que permaneceu: o opaco perante o qual só é possível a espera, a quietude, o silêncio. Chegados aqui, a este impenetrável, resta-nos desistir ou delegar, e receberver o que não permanece, o devir. Quando nada há a fazer, larga-se e deixa-se entrar
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como nunca o fulgor da vida e da sua impermanência no movimento entre a frente e o verso, o verso e o reverso, as várias faces... Quando se bate no fundo, o fundo é a saída, o trampolim! para a visão do incidente transformador: a aberta de um céu nublado, a luz de uma nuvem ou de um tecto, o voo de uma cegonha, o alado de um anjo, a cruz, a boca, o grito, o vento, a torre, o cocuruto da árvore, a cambalhota de um matraquilho, a serenidade da vaca, o espelho e o vazio. O «haiku visual» que precisamente terá despertado o José Luís para os «haikus escritos» foi Mu. Lua em chão de terra batida [Pedro Morais, CAM: Fundação Calouste Gulbenkian, 2009], um habitáculo iluminado por um «rectângulo de lua» – a «nua oval» do invisível, mas audível, Pedro sentado («as mãos repousam uma na outra e os polegares tocam-se»), a quem a peça faz alusão numa espécie de auto-retrato, e que, mais tarde, se torna visível em MA - Quadrado em Azul Profundo [Pedro Morais, CAM: Fundação Calouste Gulbenkian, 2010], na sua silenciosa pedra sentada – uma espécie de tatchi-ishi, uma pedra não-deitada, i.e., sentada ou levantada pelo homem no contexto dos jardins japoneses, imitando as pedras rishaku da natureza. O crítico de arte também se referiu ao habitáculo como um «haiku a três dimensões» [José Luís Porfírio, Expresso, 27 Junho 2009], chegando mesmo a responder-lhe, em registo menos público, com o seguinte «haiku a duas dimensões»:
é noite a lua no chão no ar o espirro!
Ora, a propósito do sentido do vocábulo japonês que intitula esta peça, «mu», o Pedro esclareceu: «significa literalmente nada – isto, não separação» [Pedro Morais, idem, 2009]. O mesmo poderá ser dito para um «haiku», tenha ele a forma de um texto, uma fotografia ou outra arte/poesia. Num haiku, o sentido é impermanente, e é por existir nesse devir que ele é mu – vazio – e simultaneamente um – não separado do resto. Assim, os sentidos, por mais separados que pareçam, fazem sempre «um!» no «mu», «um!» nos «nadas» da vida, nos seus
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incidentes, nas verdades chãs da lua! Como um baque na água, ouve-se o «um!» vindo do «mu» – a impermanência frente ao olho, isto: Admirável: / não pensa, ao ver um raio / «é fugaz a vida» [50 haiku, Bashô. Tradução de Paulo Rocha. Moraes Editores, 1970]. Só a cabeça – a nossa intenção – agarra e separa as coisas. O convívio e o natural movimento das várias faces no presente livro fazem com que nos desprendamos, e larguemos a legenda ou a ilustração de sentido único a que nos poderíamos ter agarrado... Porque, em última instância, trata-se aqui de um convívio de espelhos que infinitamente nos remete, não ao outro (imagem ou texto), mas a nós próprios [Pág. 21]. O caminho «sem nome» é afinal o caminho «vide» de Castelo de Vide, em que não se vai ou chega a lado nenhum senão a nós mesmos: o dia, hoje. É o branco nevoeiro, a negra cavidade, dentro dos quais o mundo só pode ser outro [Pág.52 - 53]!
Marta Morais Kannami, Japão, 6 Julho de 2019
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O Homem Uma caixa vazia Na Paisagem
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Fugir O Tempo apanha-nos Sempre
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Voar e Estar Uma Imagem sem Tempo Na Parede
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O negro não é negro O Tempo não é Tempo Apagou-se
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Oculto? O Tempo e a Sombra Tudo revelam
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Espelho cego Linhas perdidas Olhar certeiro
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Diagonal de Cinza Crescem Fragmentos Sobre a Areia
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Horizontes cerrados É pelo ar A fuga
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Solitário A um Canto do Espaço Espera Só
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Caminha Cercada de sombra Incertos passos
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Fechada a Negro Mais Além dos Limites A Vela foge
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A Tinta escorre O Tempo pára A Flor fica
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Rasa a Luz Sem Fundo nem Saída E a Flor vive
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Buraco Negro «Só há saída pelo fundo» Subir? Descer?
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Escada e Porta Caminho sem saída Ilusões
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Parte Alguma Estrada sem Fundo Caminho sem Pés
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Escolher a Via Caminho sem Nome Suster o Passo
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Nevoeiro Parte nenhuma Descaminhos
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Fronteira Dentro do Nevoeiro O Mundo é outro
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Fronteira passada Ficaram as Pedras Água sem limites
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Sinal cortado Cruz interrompida Corrente partida
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O Cobre, o Éter E a Cruz no Muro Espaço inteiro
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A Esperança está. Depois do fim de tudo O Caos não manda
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Sob sobre a Nuvem O Nome da Árvore Desenhado
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Indiferente a Vaca No Pasto longo e liso Lá onde a Morte dança
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Folhas e Nuvens Sobre a Raiz da Morte Uma Ilha flutua
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…e, o Pedro Morais (1944/2018) foi Pintor e meu Professor. Ensinou-me a ver, a sentir e a pensar. Libertou-me de preconceitos, deu-me a conhecer a importância do rigor, do vazio e do silêncio «no caminho aberto»*. O José Luís Porfírio foi, é, amigo antigo e, de outras resistências, do Pedro Morais e meu. Construímos uma amizade na companhia das Artes, em conversas sobre territórios e imaginários comuns cartografados com as circunstâncias, possibilidades e/ou impossibilidades que nos servem de abrigo e de oásis. Desafioume para esta travessia e remou para que ela fosse possível. A Marta Morais, filha de Pedro Morais, antropóloga, juntou-se a nós no final da viagem e ancorou-a e abraçou-a com o seu texto. a.r. - Outubro - 2019
* No Caminho Aberto, Hogên Daidô Assírio & Alvim, 1993
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Daniel Faria (1971-1999) Poesia, Assírio & Alvim
Todos os dias. Quase todos os dias. À sombra do fim. A minha Mãe perguntava-me: – Como se chama o dia hoje?
a.r. 26.01.19
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Índice Remissivo Imagens por página 17 - Salavessa 19 - Castelo de Vide 21 - Alpalhão 23 - Castelo de Vide 25 - Castelo de Vide 27 - Alpalhão 29 - Quiaios 30 - Castelo de Vide 33 - S. Pedro de Muel 35 - Marvão 37 - Sagres
39 - Alpalhão 31 - Castelo de Vide 43 - Castelo de Vide 45 - Marvão 47 - Vila do Bispo 49 - Castelo de Vide 51 - Castelo de Vide 53 - Castelo de Vide 55 - Póvoa e Meadas 57 - Alpalhão 59 - Montalvão
61 - Castelo de Vide 63 - Castelo de Vide 65 - Marvão 67 - Lisboa 69 - Castelo de Vide 71 - Castelo de Vide 73 - Castelo de Vide 75 - Marvão 77 - Castelo de Vide 79 - Sagres 81 - Fátima
© Augusto Rainho (fotografias) © José Luís Porfírio (textos) © Marta Morais (prefácio) Sistema Solar, Crl (chancela Documenta), 2020 Rua Passos Manuel 67-B 1150-258 Lisboa 1.ª edição, Novembro de 2020 ISBN: 978-989-8618-84-9 Concepção e edição: Augusto Rainho (arainho@net.sapo.pt) Revisão: Sistema Solar, Crl Depósito legal: 476317/20 Impressão e acabamento: Milideias / Rui Belo, Lda
83 - Castelo de Vide 85 - Castelo de Vide 87 - Marvão 89 - Castelo de Vide 91 - Castelo de Vide 93 - Castelo de Vide 95 - Castelo de Vide 97 - Castelo de Vide 99 - Nisa 101 - Castelo de Vide 103 - Castelo de Vide
105 - Póvoa e Meadas 107 - Nisa 109 - Castelo de Vide 111 - Montalvão 113 - Castelo de Vide 115 - Nisa