Jorge Pinheiro «Discurso Silencioso»

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Este livro foi publicado por ocasião da exposição Discurso Silencioso de Jorge Pinheiro com curadoria de António Gonçalves realizada na Galeria Ala da Frente em Vila Nova de Famalicão 10 de Abril a 31 de Julho de 2021


Jorge Pinheiro

discurso silencioso

D O C U M E N TA


© Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão (Ala da Frente) © Sistema Solar Crl (chancela Documenta) © Jorge Pinheiro, 2021 1.ª edição, Abril de 2021 ISBN 978-989-9006-77-5 Fotografia: Lumen Imaging & Design Studio Na capa: Jorge Pinheiro, sem título, s/d, tinta-da-china e grafite sobre papel Design gráfico: Manuel Rosa Depósito legal: 481576/21 Impressão e acabamento: Gráfica Maiadouro SA Rua Padre Luís Campos, 586 e 686 (Vermoim) 4471-909 Maia Portugal

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De facto, nós não sabemos por que razões chegamos a determinadas coisas. Há tanto em jogo naquilo a que pomposamente se chama o acto de criação. Entrevista de Pedro Cabrita Reis a Jorge Pinheiro, D’après Fibonacci e as coisas lá fora, Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Fundação Carmona e Costa, Sistema Solar (Documenta), 2017, p. 130

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O criador — já a palavra é extremamente pomposa — é, de facto, apenas um demiurgo, sem dúvida. Nós não somos criadores. O Homem não tem capacidade, em termos absolutos, de criar. Tem apenas a capacidade de juntar coisas com coisas, para obter um resultado quantas vezes imprevisto. E isso, estou de acordo, é o trabalho do demiurgo. Entrevista de Pedro Cabrita Reis a Jorge Pinheiro, D’après Fibonacci e as coisas lá fora, Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Fundação Carmona e Costa, Sistema Solar (Documenta), 2017, p. 131

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[…] nos estudos para um quadro, os primeiros croquis são extremamente livres, duma total manualidade. Depois, vão-se cristalizando, vão-se coisificando. Depois, do que se trata é de perceber como é que a pintura se resolve, como se resolvem os valores cromáticos na composição, como se organizam os elementos eventualmente significantes para estruturar a composição no segundo nível: o nível semântico, etc… Porque na última fase figurativa eu não me comporto como o pintor que vai gradualmente construindo o quadro, num fazer e desfazer de formas. Pelo contrário, tudo é projectado previamente. No quadro não há, praticamente, emendas. Trata-se, no essencial, de executar o que havia sido projectado, incluindo as harmonias cromáticas e não só o desenho. Entrevista de João Pinharanda e Nuno Faria a Jorge Pinheiro, Jorge Pinheiro 1961-2001, Fundação Calouste Gulbenkian, p. 58

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Em mim, após a fase da influência cómoda do estruturalismo é o «descalabro». Após repouso nessa «verdade» provisória vem a falta completa e total de coordenadas; da comodidade das coordenadas que me orientaram nas duas fases abstractas veio a deriva. Primeiro era a «verdade» da Gestalt, depois era a do estruturalismo, desenvolvida com a aplicação da «série de Fibonacci». Com as «verdades» está-se sempre descansado… Depois, quando essas verdades me fugiram, como um tapete foge debaixo dos pés, regressei à figuração. Mas hoje tenho ao meu serviço toda a história da arte e do pensamento estético, pela qual navego, não para contar histórias, mas para dar livre curso à minha necessidade de expressão, sem o espartilho das verdades […] Entrevista de João Pinharanda e Nuno Faria a Jorge Pinheiro, Jorge Pinheiro 1961-2001, Fundação Calouste Gulbenkian, p. 26

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Eu não necessito de nove ou dez meses para fazer o quadro. Eu necessito primeiro, de coragem para o começar e depois para o acabar. Porque frequentemente o seu discurso incomoda-me. Em segundo lugar, quando existem no quadro «personagens», e existem sempre, há uma série enorme de desenhos prévios, de que eu não necessito para construir a imagem final, mas de que necessito para me identificar, ou assenhorear-me delas. Entrevista de João Pinharanda e Nuno Faria a Jorge Pinheiro, Jorge Pinheiro 1961-2001, Fundação Calouste Gulbenkian, p. 54

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Quando inicio o desenho ainda não sei o que vou fazer, como ele se vai desenvolver e como vai acabar. Faço-o como os japoneses fazem: há um momento de concentração de energias, de concentração e de atenção e, depois, o desenho é feito com rapidez, sem emendas. Fica ou não fica, deita-se fora ou não se deita fora. De facto, é um tipo de raciocínio completamente, uma forma de actuar diametralmente oposta a tudo o resto. Ele não necessita de ser feito em cima do estirador e, geralmente, não é. Mesmo no desenho preparatório, o que se destina ao estudo para uma pintura, há duas etapas: os desenhos do esboço — e nessa fase ainda há muito prazer até porque, frequentemente, eu ainda não sei bem qual é o conteúdo que vai surgir na obra completa — e há a longa e rigorosa fase do desenho que vai servir a composição final. Entrevista de João Pinharanda e Nuno Faria a Jorge Pinheiro, Jorge Pinheiro 1961-2001, Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 57-58

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obras de jorge pinheiro reproduzidas: 9 11 12 13 16 17 18 19 21 22 23 25 27 28 29 30 31 33 35 37

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Sem título, s/d, tinta-da-china sobre papel, 28 × 25,6 cm Sem título, s/d, grafite e esferográfica sobre papel vegetal, 29,5 × 41,7 cm Sem título, 1999, grafite sobre papel, 34,5 × 39,9 cm Sem título, s/d, tinta-da-china sobre papel, 20,1 × 20,9 cm Sem título, s/d, tinta-da-china e aguada sobre papel, 9 × 12,5 cm Sem título, 1980, grafite sobre papel, 25,6 × 28 cm Sem título, 1981, tinta-da-china e aguada sobre papel, 14 × 19,9 cm Sem título, 1981, tinta-da-china e aguada sobre papel, 13 × 18,2 cm Sem título, 1981, tinta-da-china e aguada sobre papel, 16,8 × 18,3 cm Sem título, 1986, tinta-da-china sobre papel, 16,9 × 23,8 cm Sem título, 1981, tinta-da-china e aguada sobre papel, 14,5 × 19,4 cm Sem título, 2007, tinta-da-china sobre papel, 21 × 29,7 cm Sem título, s/d, tinta-da-china sobre papel, 29,7 × 21 cm Sem título, s/d, tinta-da-china sobre papel, 29,7 × 21 cm Sem título, s/d, tinta-da-china sobre papel, 29,7 × 21 cm Sem título, 2012, grafite e tinta-da-china sobre papel, 42 × 29,2 cm Sem título, 2012, grafite, lápis de cor e tinta-da-china sobre papel, 42 × 29,2 cm Sem título, s/d, tinta-da-china sobre papel vegetal, 42 × 29,2 cm Sem título, s/d, tinta-da-china e grafite sobre papel vegetal, 42 × 29,2 cm Sem título, s/d, tinta-da-china e grafite sobre papel vegetal, 42 × 29,2 cm


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Sem título, s/d, grafite sobre papel vegetal, 42 × 29,2 cm Sem título, s/d, esferográfica sobre papel vegetal, 42 × 29,2 cm Sem título, s/d, tinta-da-china sobre papel vegetal, 42 × 29,2 cm Sem título, s/d, tinta-da-china sobre papel vegetal, 42 × 29,2 cm Sem título, s/d, tinta-da-china e grafite sobre papel, 42 × 29,6 cm Sem título, s/d, grafite sobre papel milimétrico, 42 × 31,9 cm Sem título, 2003, grafite sobre papel vegetal, 21 × 29,7 cm Sem título, 2003, grafite sobre papel vegetal, 21 × 29,7 cm Sem título, 2003, grafite sobre papel vegetal, 21 × 29,7 cm Sem título, 2003, grafite sobre papel vegetal, 21 × 29,7 cm Sem título, s/d, grafite sobre papel vegetal, 21 × 29,7 cm Sem título, s/d, grafite sobre papel vegetal, 21 × 29,7 cm Sem título, 2003, grafite e tinta permanente azul sobre papel vegetal, 21 × 29,7 cm Sem título, s/d, grafite e lápis de cor sobre papel vegetal, 21 × 29,7 cm Sem título, s/d, tinta-da-china e grafite sobre papel vegetal, 21 × 29,7 cm Sem título, s/d, grafite sobre papel, 29,7 × 21 cm Sem título, s/d, tinta-da-china e grafite sobre papel vegetal, 24,4 × 16,2 cm Sem título, s/d, grafite sobre papel, 28,3 × 13 cm Sem título, 2003, grafite sobre papel, 12 × 15,5 cm Sem título, 2003, tinta-da-china sobre papel, 21 × 29,7 cm Sem título, 2003, grafite sobre papel vegetal, 21 × 29,7 cm Jogo da Macaca I, 2004, óleo sobre tela, 140 × 180 cm

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