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Um Museu do outro Mundo A Museum from another World
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Um Museu do outro Mundo A Museum from another World José de Guimarães nos 30 Anos da Fundação Oriente e nos 10 Anos do Museu do Oriente José de Guimarães on the 30th Anniversary of the Fundação Oriente and 10th Anniversary of the Museu do Oriente
Museu do Oriente
José de Guimarães
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Em 2018 a Fundação Oriente celebra 30 anos de existência e 10 anos de actividade do Museu do Oriente. Neste âmbito, foi dirigido um convite ao artista plástico de referência José de Guimarães, no sentido de realizar no Museu do Oriente uma grande exposição que unisse em articulação e diálogo obras do Museu pertencentes à coleção Kwok On de artes performativas asiáticas e peças da autoria do artista e da sua própria colecção particular de arte chinesa, em conjunto com outros objectos e imagens que constituíssem o universo de referências do autor, também ele um coleccionador. Tendo como base um trabalho conjunto com o Curador Nuno Faria e o Arquitecto Pedro Campos Costa, esta exposição revela-nos uma intervenção inédita em Portugal, onde esculturas, marionetas, papagaios, máscaras, trajes de rituais tradicionais e altares domésticos dos séculos XIX, XX e XXI, de países tão distintos como a China, Índia, Indonésia e Tibete, pertencentes ao acervo do Museu, entram em diálogo, entre outras peças, com Jades das dinastias Shang, Zhou e Han, e Bronzes da Dinastia Han, pertencentes à colecção do artista, e são expostas de forma original em “caixas favela” ou “relicários”, sob a forma de uma arquitectura de experiências, efémera e precária, mas ao mesmo tempo repleta de cor e de luz (néon), a que o artista já nos habituou, ao longo das várias décadas durante as quais tem vindo a desenvolver a sua obra. Nesta intervenção de grande escala, distribuída ao longo das duas galerias expositivas do piso 0 do Museu do Oriente, e sob a forma de dois espaços opostos e contrastantes, um preto, outro branco, à semelhança das duas energias Yin e Yang, a que as cores das obras de ambas as colecções imprimem ritmo e equilíbrio, artista, arquitecto e curador propõem um
diálogo/reflexão em torno da ideia de Museu como espaço de alteridade, onde diferentes lugares e proveniências dialogam e ressoam entre si. Neste 2018 em que se comemora o Ano Europeu do Património Cultural, procurámos, com a realização desta exposição, dar o nosso contributo para um olhar contemporâneo sobre a arte, desde o delicado objecto produzido em jade no período neolítico, carregado de prestígio e de grande significado espiritual e simbólico, às pinturas em acrílico sobre papel “marouflé” sobre tela, produzidas mais recentemente pelo artista, ou à peças da colecção Kwok On utilizadas em rituais tradicionais das diferentes culturas orientais, que mostram como todo este imprevisível conjunto de peças, este universo imaginário, se funde, revelando ao espectador uma nova concepção e abordagem ao tradicional conceito de espaço museológico. Gostaria de agradecer reconhecidamente ao mestre José de Guimarães, que aceitou com grande entusiasmo este nosso desafio, e à equipa que com ele trabalhou na construção deste “Museu do outro Mundo” que, parafraseando Pedro Campos Costa, é “um novo mundo de muitos mundos”, que aqui se encontram e se dão a conhecer. Uma palavra também de agradecimento a todos os elementos da equipa da Fundação Oriente que colaboraram na organização e apresentação desta exposição. Carlos Augusto Pulido Valente Monjardino Presidente do Conselho de Administração da Fundação Oriente
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In 2018 the Fundação Oriente is celebrating its 30th anniversary and the 10th anniversary of the Museu do Oriente. In this context, the Foundation invited the renowned fine artist, José de Guimarães, to stage a major exhibition in the Museu do Oriente that aims to combine and forge a dialogue between works held in the Museum’s Kwok On collection of Asian performing arts, works produced by the artist and works from his private collection of Chinese art, together with other objects and images associated to the artist-collector’s universe of references. Based on joint work with the curator Nuno Faria and the architect Pedro Campos Costa, this exhibition is an unprecedented initiative in Portugal. It forges a dialogue between works from the Museum’s collection – including sculptures, puppets, kites, masks, traditional ritual costumes and domestic altars from the 19th, 20th and 21st centuries, from a wide array of countries including China, India, Indonesia and Tibet – and other works, including jades of the Shang, Zhou and Han dynasties, and Han Dynasty bronzes, that belong to the artist’s private collection. The works are exhibited in an original manner – in “shanty boxes” or “reliquaries” – in the form of an architecture of ephemeral and precarious experiences filled with colour and light (neon), a practice that the artist has familiarized us with over the several decades of his career. This major exhibition is distributed across the two exhibition galleries of the ground floor of the Museu do Oriente, in the form of two opposing and contrasting spaces, one black, the other white, reminiscent of the Yin and Yang energies, wherein the colours of the works from both collections impart a unique sense of rhythm and balance. In this context, artist, architect and curator propose a dialogue / reflection
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around the idea of Museum as a space for otherness, in which different places and sources interact and resonate with each other. Given that 2018 is the European Year of Cultural Heritage, we also wanted this exhibition to offer a contemporary view towards art, ranging from delicate jade objects produced in the Neolithic period, charged with prestige and major spiritual and symbolic significance, to works using acrylic paint mounted on canvas, produced more recently by the artist, or items from the Kwok On collection used in traditional rituals in various oriental cultures, which show how this entire unpredictable set of works, this imaginary universe, blends together, thereby revealing a new conception and approach to the traditional concept of the museum space. I would like to express my profound gratitude to the artist, José de Guimarães, who embraced this challenge, and the team that worked with him to build this “Museum from another World”, which, to paraphrase Pedro Campos Costa, is “a new world comprised of many worlds” that coalesce here and reveal themselves. I would also like to thank all the members of the team of the Fundação Oriente who assisted in the organization and presentation of this exhibition. Carlos Augusto Pulido Valente Monjardino Chairman of the Board of Directors of the Fundação Oriente
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José de Guimarães Caixa de madeira contendo objectos em jade Wooden box with jade artifacts 137 × 112 × 35 cm
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Sala Preta Black Room
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Territórios íntimos e universais de outro mundo Este nosso mundo, dos meios tecnológicos e de comunicação, revela-nos grandes porções do território reduzidas a pequenas e perfeitas imagens sintéticas, assim como nos informa rapidamente de tudo o que é conhecido. Conhecemos todo o território sem nunca termos saído de casa, mapeando-o rigidamente de forma vertical e atribuindo significado apenas às figuras capazes de se expressar de uma forma completa e dentro de uma superfície visível e bidimensional. Conhecemos também as culturas e os seus lugares, associados a narrativas igualmente sintéticas e analíticas que nos chegam via web. Inevitavelmente, estas formas de conhecimento da superfície visível e bidimensional esperam um certo “distanciamento” entre o observador e o território, esquecendo o essencial: o território não é só uma estratificação de “níveis de realidades”, mas também um modo coletivo, múltiplo, não sistemático, de pensar o espaço. José de Guimarães, no seu trabalho, procurou territórios, investigou realidades, confrontou-se com culturas, coleccionou memórias, apaixonou-se por artefactos, relacionou perspectivas emocionais, numa longa viagem de vida à volta do mundo, de Oriente a Ocidente, sem esquecer a África e a América Latina. Através da sua viagem, o seu trabalho fez o mapeamento de um território íntimo, quase ritualista e místico e ao mesmo tempo universal. Por ser íntimo é universal. O seu trabalho ajuda-nos na procura de respostas outras, que não as “dos níveis de realidade” tangíveis. A sua pesquisa fala do local versus o global, fala do artesão e da arte, fala do profano e do religioso, fala do lugar e do genérico. A generosidade da obra de JG é um respiro humano que nos leva nessa viagem pelos territórios e pelas culturas, às profundidades da nossa existência e das nossas emoções.
Por estas razões, usamos os dispositivos expositivos para criar uma viagem emocional através de uma arquitetura de experiências, onde se veem territórios, gentes, procissões, crenças, medos, alegrias e morte. Como nas charadas populares entre o bem e o mal, ou como na arquitetura onde existe um interior e um exterior, a exposição é desenhada de forma dualista entre dois espaços formalmente e esteticamente diferentes. Este Yin e Yang são ligados por uma passagem, uma ligação entre dois opostos que não se tocam. Sem mais, como se pudéssemos nesta viagem por estes territórios íntimos sair e entrar sem qualquer complicação. Esta ligação é a sala mundana e dourada. A primeira sala, negra e escura, é construída numa sucessão de espaços oblíquos e intricados. A sua forma é labiríntica, como se fosse uma sucessão de espaços urbanos, eclécticos, diversos e inesperados. O peso e a energia das obras de JG permitem essa evocação de construções das cidades contemporâneas orientais, ou de espaços urbanos onde se encontram o profano e sagrado. Quando visitar esta parte do mundo é natural que a terra trema, sinta tonturas ou que a vertigem lhe invada as entranhas, tal como Italo Calvino descreveu a cidade de Zoé no seu livro As Cidades Invisíveis. A segunda sala é branca e sem limites. Um mundo que se prolonga pela eternidade ou, mais prosaicamente, pela cidade de forma contínua. Quando André Branzi desenhou nos anos 60 a Non Stop City, queria fazer essa cidade eterna. Uma cidade sem fim. As personagens colocadas nesta cidade sem sombras confrontam-se como se se tratasse de um diálogo através do vidro, dos reflexos e das transparências. Estão todos ali na sala a olharem para um infinito qualquer, sem um tempo ou um lugar específico. Neste mundo tudo é mais lento e os lugares são naturalmente mais leves e imprecisos. Nesta cidade sem fim, a vida prolonga-se pelo espaço.
Na arquitetura, os espaços de intimidade, sejam eles espaços para dormir, para meditar, para rezar ou para socializar, são espaços reconhecidos pela sua universalidade. Aqui nestas salas, misturam-se esses dois territórios, o íntimo e o universal. A arquitetura não se distingue, está ligada ao museu, às salas e às suas formas e figuras. Perante a gigantesca máquina de mapeamento instantâneo há, mais do que nunca, lugar para outros mapeamentos incertos. Um museu de outro mundo é um novo mundo de muitos mundos. Pedro Campos Costa
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Intimate and universal territories from another world The modern world, shaped by technology and communication media, reveals large portions of the territory to us, in the form of small and perfect synthetic images, and rapidly informs us of everything that is to be known. We thus gain an overview of the entire territory without ever leaving the comfort of our home. We vertically and rigidly map the territory and only assign meaning to figures that can express themselves completely, within a visible 2D surface. We also become familiar with cultures and cultural sites, associated to equally synthetic and analytical narratives that reach us via the Internet. Inevitably such forms of knowledge of a visible 2D surface presuppose a certain “distance” between the observer and the territory, while overlooking the essential factor: the territory is not only a stratification of various “levels of realities”, it is also a collective, multiple, unsystematic way of thinking about space. Throughout his oeuvre, José de Guimarães has sought out territories, investigated realities, confronted cultures, collected memories, embraced artifacts and shared emotional perspectives, during an extensive life journey around the world – from East to West, including Africa and Latin America. Over the course of this journey, his oeuvre has mapped out an intimate, almost ritualistic, mystical territory and at the same time a universal territory. It is universal precisely because it is intimate. His work helps us seek alternative responses, that lie beyond the tangible “levels of reality.” His research addresses issues of local vs. global, artisan and art, profane and religious, the specific and generic locale. The generosity of his oeuvre is a human spirit that transports us on this journey across territories and cultures, to the depths of our existence and emotions.
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In view of the above, we made the decision to use various exhibition devices to create an emotional journey, spanning an architecture of experiences that convey territories, people, processions, beliefs, fears, joys and death. As in popular charades between good and evil, or as in architecture, which incorporates an interior and an exterior, the exhibition is dualistically structured between two formally and aesthetically distinct spaces. These Yin and Yang spaces are connected by a passage, a connection between two opposites, that never touch. It is as simple as that. As if during this journey across such intimate territories we may leave and enter at ease. The connecting point is the golden mundane room. The first room, black and dark, encompasses a succession of oblique and intricate spaces. It has a labyrinthine form, resembling a succession of urban, eclectic, diverse and unexpected spaces. The weight and energy of José de Guimarães’ works underpins this evocation of constructions of contemporary Oriental cities, or of urban spaces that harbour the sacred and the profane. When you visit the Orient it is natural for the earth to tremble, causing us to become dizzy, and overwhelmed by a sense of vertigo, as in Italo Calvino’s description of the city of Zoé in his book The Invisible Cities. The second room is white and boundless. A world that extends to eternity or, more prosaically, to the city in a continuous manner. When André Branzi designed the Non-Stop City in the 1960s, he wanted to make this city eternal. An endless city. The characters placed in this city, without shadows, confront each other, as if they were involved in a dialogue through the glass, reflections and transparencies. They are all located in the room and stare out at some infinity, without any specific time or place. In this world, everything is slower and places are naturally lighter and more imprecise. In this endless city, life extends across space.
In architecture, spaces of intimacy – whether places to sleep, meditate, pray or socialize – are spaces that are recognized by their universality. Two territories blend together in these rooms – the intimate and the universal. The architecture is indistinct, but is linked to the museum, to the rooms and their forms and figures. Now more than ever – in the age of the gigantic instant mapping machine – there is room for other uncertain mappings. A museum from another world is a new world of many worlds. Pedro Campos Costa
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José de Guimarães Guardiães de Túmulos Tomb guardians Slot Machine 64 × 167 × 58 cm Locapalas (terracota, Dinastia Tang, China) Locapalas (terracota, Tang Dynasty, China)
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Sala Dourada Golden Room
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José de Guimarães Máscara Mask
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Papel artesanal policromado com espelhos Polychrome handcrafted paper with mirrors (150 ) × 60 × 20 cm
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Um Museu do Outro Mundo é um diálogo entre produções artísticas e culturais de diferentes contextos geográficos, temporais e utilitários, reunidas num mesmo espaço expositivo. Um diálogo entre as obras de José de Guimarães, da sua criação e da sua colecção arqueológica privada, e os artefactos da colecção Kwok On, do Museu do Oriente, doada à Fundação Oriente em 1999 e, desde então, apresentada a público como uma colecção etnográfica, de cariz popular, das artes performativas asiáticas e dos seus patrimónios religiosos, narrativos e rituais associados. Este diálogo entre arte contemporânea, arqueológica e etnográfica impõe-nos reflexões urgentes na área da museologia e da antropologia, sobre como os museus, de um modo geral, têm vindo a construir conhecimento e representações sobre o outro, social, cultural ou geograficamente distante, através do estudo e apresentação da sua cultural material. Reflexões sobre o poder do aleatório, da construção de um conhecimento menos polissémico, com menos significados, sobre as convenções e a diversidade, sobre os mundos dentro de outros mundos e dento do museu: o dos objectos, o da constituição de uma colecção, o dos museus-instituição, o da exposições e das pessoas nesta envolvidas. Pese embora uma visão positivista e crente sobre a objectividade do conhecimento produzido, no contexto de uma investigação transdisciplinar da história e da antropologia, e também a vontade de promover a diversidade de práticas sociais e culturais, a realidade é mais complexa e aleatória. Os museus estão dependentes de influências de diferentes escalas, pessoais e colectivas, de um universo de escolhas em detrimento de outras. Têm vindo a produzir exposições e publicar textos que não abrangem toda a complexidade histórica, cultural e social dos objectos, ou melhor dizendo, das comunidades que estes representam, desvalo-
rizando a alteridade entendida como uma convergência de diferentes identidades. Uma miríade de questões eclode diariamente quando se trata de identificar, legendar e redigir informação legítima sobre o outro, que raras vezes conhecemos de perto, e a quem raramente damos voz directa. Deslocamos e isolamos os objectos dos seus contextos de uso. Classificamo-los em categorias que dificilmente abrangem a sua multifuncionalidade e apresentamo-los em construções cénicas, de luz, vitrinas, sozinhos ou acompanhados, reduzindo a sua polissemia local, os seus diversos significados e usos. Perante a falta de informação e a ambiguidade recorremos, de consciência menos tranquila, a metonímias que os transfiguram e apropriam, representando o todo pela parte. No contexto desta reflexão é particularmente apropriada a ocorrência da exposição Um Museu de outro Mundo. Esta desprotege convenções hegemónicas que têm vindo a definir o outro sempre a partir dos nossos conceitos, de verdades absolutas e obsoletas, não conseguindo enriquecer-se a si próprias de novos e diferentes modos de conceber, agir e viver a vida pessoal e colectiva. Mais que uma exposição, é um projecto que problematiza, de modo latente, a apropriação dos objectos, e vai mais longe. Atribui-lhes novos significados e destaca os que são comuns, os que os une. Os objectos podem perder a polissemia do seu contexto de origem, quando chegam aos museus, mas sem dúvida ganham outros, novos, do novo contexto em que são incorporados. O outro fez sempre parte do trajecto de vida e obra de José de Guimarães. As suas manifestações culturais, as ideias estruturais comuns ao ser humano, encontre-se este na Ásia, na Europa, na África, nas Américas. O medo da morte e do desconhecido, a transcendência, o apaziguamento das forças da natureza, dos deuses e dos seus entes falecidos, e os rituais, performances e ob-
jectos que cada comunidade, sendo aldeia, região, nação, definiram como meios para alcançar a paz e a prosperidade. Práticas entre as quais encontramos os ritos funerários que inspiram a obra de José de Guimarães e a variedade performativa ritual que a colecção Kwok On pretende documentar. Afinal quais são os objectos do outro? A colecção Kwon On foi doada pela Association des Arts e Traditions de l’Asie, através do sinólogo francês Jacques Pimpaneau. A origem e designação da colecção remonta a 1971 e resulta de um feliz acaso. À data Pimpaneau lecciona na universidade chinesa de Hong Kong, destacado pelo Institut National des Langues et Civilizations Orientales, e conhece Kwok On, um chinês apaixonado pelos diversos aspectos do teatro chinês, dedicado a recolher ou criar ele próprio instrumentos musicais e marionetas, e a organizar encontros de amigos para encenações de libretos de óperas de Cantão e de espectáculos de marionetas. É pela amizade e mútua dedicação ao ensino e divulgação das artes performativas e literatura chinesas, que Kwok On decide, pouco antes de falecer, confiar a sua colecção, de cerca de seiscentos objectos e documentos, a Pimpaneau. A partir deste pequeno núcleo oferecido, Pimpaneau decide criar o que veio a ser o Musée Kwok On em Paris. Seguiu-se um processo difícil, o de encontrar um espaço para uma colecção de arte popular cuja importância ainda menos era reconhecida à altura. O museu instalou-se na Cinemateca Francesa, depois no CARI de Nice, foi de seguida deslocado para a Biblioteca Nacional Francesa em 1977 e termina na rue du Thèâtre, em Paris, onde em 1994 fecha por falta de condições. A história da constituição desta colecção, as pessoas nesta envolvidas, o seu trajecto até e dentro da Fundação, as opções para a definição dos seus conteúdos e escolha dos objectos, são realidades raramente
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tornadas públicas. E, estas, a saberem-se aproximam os objectos do público, à falta dos gestos, dos movimentos e das palavras ouvidas. Esta é uma colecção singular. A sua particularidade, no meio de tantas outras colecções ditas etnográficas, é a de ter sido reunida por um indivíduo, que define um tema, um fio condutor, à volta do qual orienta toda a recolha e reunião dos objectos, as artes performativas no contexto religioso. A recolha passa a ser minuciosamente orientada para as tipologias de objectos que documentem estas artes rituais; os seus instrumentos musicais, os seus trajes, as máscaras, as estatuetas, os altares domésticos e de templos, entre outros objectos rituais. A coleção Kwok On conta hoje com cerca de 13 000 artefactos e a este número acrescem todos os anos objectos recolhidos em missões levadas a cabo pela Fundação Oriente, desde a sua doação. A Kwok On documenta teatros de marionetas de fios, luvas, varas e sombras da Turquia à China, passando pela Índia, Indonésia, Camboja e Tailândia. Representa o teatro Noh, Kabuki e Bunraku japoneses, o Koothyattam e Kathakali indiano, a ópera chinesa, o teatro Khon tailandês e o Tazieh do Irão.
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Porquê as artes performativas asiáticas? Porque apesar da sua função de entretenimento, e das técnicas teatrais estranhas ao realismo do teatro moderno ocidental, muito codificadas e estilizadas, são capazes de representar tão bem a História quanto a mitologia, e existem indissociadas dos cultos religiosos que fazem parte do quotidiano das civilizações asiáticas, da devoção aos deuses e a outras entidades sobrenaturais. Porque reproduzem ao longo do tempo as narrativas, lendas, episódios históricos e práticas culturais que definem as suas identidades. Sofia Campos Lopes Subdirectora da Fundação Oriente
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José de Guimarães Série Oceanos Oceans Series, 2017 Acrílico sobre papel “marouflé” sobre tela Acrylic on "marouflé" paper mounted on canvas 206 × 209 cm
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José de Guimarães Esfinge Sphinx, 1988
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Papel artesanal policromado com espelhos Polychrome handcrafted paper with mirrors 137 × 180 cm
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Um Museu do outro Mundo Uma intervenção de José de Guimarães no Museu do Oriente. Obras da colecção do Museu do Oriente, da Colecção de JG e do artista. [ALT ERIDA DE ] A intervenção em escala alargada que José de Guimarães realiza no Museu do Oriente e a que chamou “um museu do outro mundo” traz para o primeiro plano da recepção pública e crítica do seu trabalho uma relevante característica que marca, com maior ou menor visibilidade, o seu percurso enquanto artista e coleccionador, a saber: a dimensão curatorial. Apesar de ser uma dimensão esquecida, mesmo na sua evidência, ela é determinante para (re)pensarmos o trabalho do artista – tal é a importância desta singular e rara intervenção. Dois momentos, inextricavelmente ligados por uma relação de necessidade: um fundacional – a Instalação no Museu de Luanda, em 1968 – e o outro estrutural, como um gesto alongado no tempo, o acto de escolher, curar um conjunto de colecções de objectos artísticos e etnográficos. Neles, o abismo do desconhecido e o rigor do olhar (judicativo ou de raiz antropológica) andam de mãos dadas. É preciso recuo, sobre si em primeiro, para construir uma colecção a partir do “outro”. Em rigor, retrospectivamente considerado, foi sempre de alteridade que tratou o trabalho de José de Guimarães. Estranheza feita familiaridade, distância tornada ingestão, compulsão para a antropofagia – a posse do outro, entendida no sentido cultural do termo. Contudo, aquilo que distingue o gesto de JG enquanto coleccionador não é o deslumbramento mas, antes e inversamente, a capacidade de transformar o maravilhamento ou a emoção em clarividência (cara palavra!) – lembremos que JG bebeu da experiência dos melhores mestres (Mesquitela Lima, Padre Carlos Estermann, José Redinha).
As visitas ao Museu de Luanda foram para o jovem oficial do exército e artista um ritual semelhante àquele que o conduzia com frequência, ainda adolescente, às salas vazias do Museu Alberto Sampaio, em Guimarães, sua terra natal. O apelo do desconhecido, daquilo que parece estar na origem, foi sempre forte. Como reconhecer aquilo que nunca se viu? Como distinguir o indiscernível, a fina membrana que envolve alguns objectos e algumas imagens e a que Marcel Duchamp chamou “coeficiente artístico”? [UM MUSEU DO O U TR O M U N D O ] O outro mundo é o mundo espiritual ou o mundo para além da morte. Outrora, não saberíamos compreender que houvesse arte que não fosse funerária. O trabalho de José de Guimarães é profundamente marcado pelas culturas funerárias antigas, traçando um arco de influências que vai da América até ao Extremo-Oriente, da pré-história à arte sua contemporânea. A intervenção no Museu do Oriente tem como ponto de partida o amplo e diverso espólio do Museu, em particular a colecção Kwok On, em articulação e diálogo com peças do artista, da sua coleção de arte chinesa, assim como de outros objectos e imagens que constituem o universo de referências do autor. À imagem das caixas-relicário do artista, a intervenção assume a forma de uma arquitectura efémera e precária – a estrutura padrão da intervenção é a caixa-favela ou relicário, que José de Guimarães vem utilizando quer como objecto escultórico autónomo quer como receptáculo ou suporte para incorporar objectos vários que, não sem estranheza, dialogam e ressoam entre si. É uma intervenção de grande escala onde o artista propõe uma reflexão em torno da ideia de museu como estrutura, casa ou constructo cultural e social e em que objectos de diferentes lugares e pro-
veniências reenviam para usos, funções, ostentações e simbolismos diversos, por vezes coincidentes, outras contraditórios. Num lugar que escrutina a expansão cultural do universo português, a exposição constitui-se como uma poderosa e incisiva reflexão sobre o museu enquanto espaço de alteridade, em permanente troca e diálogo com a estranheza e a familiaridade entre a arte e vida, o museu e o mundo. [ L A B I R INTO] O espaço articula-se como um labirinto (o labirinto da História?) e faz referência a algumas outras estruturas construídas por artistas ao longo do século XX. Aqui, o museu é proposto como estrutura híbrida de pensamento, como devir formal, matéria processual. O panorama de Claude Manet, “la maison du jouir” de Paul Gauguin, o “merzbau” de Kurt Schwitters, o “Musée du XIX Siècle – Section des Aigles” de Marcel Broodthaers, os ambientes de Helio Oiticica ou, mais próximo de nós, “Bataille Monument” de Thomas Hirshhorn, são exemplos notáveis de como os artistas repensam criticamente a entidade, ontologicamente ambígua, que é a “exposição”. A intervenção dá-se a dois tempos e em diferentes modos. Tem uma natureza cumulativa, por um lado, e em abismo, por outro. Ambos os modos – plasmados em duas salas, uma preta, a outra branca, permeados por uma sala dourada, de simbolismo exacerbado – remetem para uma concepção orgânica do museu em que o tempo não é “o tempo da história”, linear e teleológico, mas o tempo para além da história, em espiral, regressando sobre si mesmo para avançar lenta mas seguramente – pensamos em “O Anjo da História”, de Walter Benjamin. Dentro deste espaço, o visitante perde os seus pontos de referência, a segurança da estabilidade retiniana. No arcano deste labirinto, qual Dédalo, José de Guimarães
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repensa as relações, as tensões, as forças de atracção e repulsa, os choques, entre objectos de diferentes tempos e diferentes culturas. Não é estranho que JG convoque peças em jade da sua colecção de arte antiga chinesa: trata-se, afinal, de peças funerárias, concebidas para acompanhar e preservar o morto na sua viagem para além da morte. Estas caixas constituem, acima de qualquer outra função ou estatuto, uma remissão para uma ideia ambígua e difusa que sobrepõe a casa ao caixão, a cabeça ao corpo, a luz à escuridão. Em excesso. Por sua vez, o espelho é um duplo do caixão – instrumento de vaidade, de auto-reflexividade e em abismo. A caixa de transporte de obras de arte (ou declinações mais prosaicas, como o caixote para transportar bens de local para local) é um elemento recorrente do trabalho de JG. Elementar, de uso corrente, remete para uma realidade em movimento, marcada pela migração, o nomadismo, a incerteza, a fragilidade ou a precariedade. Trata-se, surpreendentemente, de uma intervenção que apela, sobretudo, à percepção pelo corpo. As salas são espaços em abismo, em reverberação, onde o visitante se torna estrangeiro – um estranho num lugar distante. Vê-se pouco ou vê-se demais, em caleidoscópio, fragmentariamente. Perdemos o equilíbrio, a segurança dos pontos (visuais) de ancoragem. Neste museu do outro mundo estamos a sós com os nossos fantasmas, perdidos no labirinto do museu e da história. Nuno Faria
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A Museum from another World An intervention by José de Guimarães in the Museu do Oriente. Works from the collection of the Museu do Oriente, the José de Guimarães Collection and works by the artist. [OTHERN E S S ] José de Guimarães’ large-scale intervention in the Museu do Oriente – which he has entitled “a museum from another world” – highlights a key characteristic of his work, for the purposes of public and critical reception – the curatorial dimension. This dimension has marked his career as an artist and collector, with greater or lesser visibility. Although often overlooked, even in cases where it is clearly evident, it plays a decisive role in (re) thinking about the artist’s work – and thus renders this singular and rare intervention particularly important. The exhibition relates to two moments in time, that are inextricably linked by a relationship of necessity: a foundational moment – his Installation in Luanda Museum in 1968 – and a structural moment, a gesture extended over time, his act of choosing, curating various collections of artistic and ethnographic objects. Across these two moments, the abyss of the unknown and the rigour of the (judgemental or anthropological) gaze go hand in hand. It is necessary to step back, firstly in relation to oneself, to build a collection based on the “other”. In fact, with the benefit of hindsight, José de Guimarães’ oeuvre has always addressed the theme of otherness. A sense of strangeness that becomes familiar, a sense of distance that becomes ingestion, a compulsion for anthropophagy – possession of the other, understood in a cultural sense. However, what distinguishes JG’s activity as a collector is not his sense of astonishment but, rather, and conversely, his ability to transform a sense of wonder or emotion into clairvoyance (a cherished word!). It is important to remember that
JG was inspired by the experience of the finest mentors (Mesquitela Lima , Father Carlos Estermann, José Redinha). As a young army officer and artist, his former visits to the Luanda Museum were a ritual that recalled his teenage trips to the empty rooms of the Alberto Sampaio Museum, in his hometown of Guimarães. He has always been attracted to the unknown, to things that seem to lie at the origins of others. How can we recognize that which has never been seen? How can we distinguish the indiscernible, the thin membrane that surrounds certain objects and images, which Marcel Duchamp called the “artistic coefficient”? [ A MUS EUM F R O M A N OTHER W O R L D ] The other world is the spiritual world or the world beyond death. In times gone by, it would have been difficult to understand the reason for producing art unless it were funerary art. José de Guimarães’ oeuvre is deeply marked by ancient funerary cultures, and traces an arc of influences ranging from America to the Far East, and from prehistoric art to contemporary art. The starting point for this intervention in the Museu do Oriente was the Museum’s extensive and diverse collection, particularly the Kwok On collection, in articulation and dialogue with the artist’s own works, his collection of Chinese art, and other objects and images from his universe of artistic references. Reminiscent of the artist’s reliquary boxes, this intervention takes the form of an ephemeral and precarious architecture. The standard structure of the intervention is the shanty-box or reliquary that José de Guimarães has used either as an autonomous sculptural object or as a receptacle or support to incorporate several objects that forge a dialogue and resonate with each other, while maintaining a certain sense of strangeness. This is a large-scale intervention in which the artist explores the idea of a museum
as a structure, house or cultural and social construct, in which objects from different places and origins conjure up various uses, functions, ostentations and symbolisms, some of which coincide, whereas others are contradictory. In a locale that scrutinizes the cultural expansion of the Portuguese universe, the exhibition constitutes a powerful and incisive reflection on the museum as a space of otherness, in permanent exchange and dialogue with the strangeness and familiarity between art and life, the museum and the world. [ L A BYRIN T H ] The space is articulated as a labyrinth (perhaps the labyrinth of History?) while referring to several other structures built by artists during the 20th century. The museum is proposed as a hybrid thinking structure, a formal becoming, a procedural material. Notable examples of the way in which artists have critically rethought the ontologically ambiguous entity of the “exhibition”, include Claude Manet’s panorama, Paul Gauguin’s “la maison du jouir”, Kurt Schwitters’ “merzbau”, Marcel Broodthaers’ “Museum of Modern Art. The Eagles. 19th-Century Section”, Helio Oiticica’s environments or, closer to us, Thomas Hirshhorn’s “Bataille Monument”. The intervention takes place in two stages and in different modes. On the one hand, it is a cumulative construction, on the other, descends into an abyss. Both modes – embodied in two rooms, one black and the other white, permeated by a golden room with exaggerated symbolism – refer to an organic conception of the museum in which time is not the linear and teleological “historical time”, but rather time beyond history, spiralling back on itself, before advancing slowly but surely. It is reminiscent of Walter Benjamin’s “The Angel of History.” Within this space, the visitor loses his references, the safety of retinal stability.
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In the midst of this labyrinth, like Daedalus, José de Guimarães rethinks the relations, tensions, forces of attraction and repulsion, and shocks, between objects from different times and cultures. It’s no wonder that JG has chosen pieces of Jade from his collection of ancient Chinese art. After all, these are funereal items designed to accompany and preserve the dead on their journey into the afterlife. These boxes constitute, beyond any other function or status, a remission towards an ambiguous and diffused idea, that merges the house with the coffin, the head with the body, light with darkness. In excess. In turn, the mirror is a reflection of the coffin – an instrument of vanity, self-reflexivity and abyss. The box used to transport works of art (or more prosaic forms of the box, such as the crate used to transport goods from one place to another) is a recurring element in JG’s oeuvre. Elementary, an item of common use, it refers to a moving reality, marked by migration, nomadism, uncertainty, fragility or precarious existence. Surprisingly, it’s an intervention that primarily appeals to perception via the body. The rooms are spaces that are structured in an abyss, in reverberation, in which the visitor is a foreigner – a stranger in a distant place. We can see little or too much, fragmentarily, as if looking into a kaleidoscope. We lose balance, the safety of the normal (visual) anchor points. In this museum from another world we are alone with our ghosts, lost in the labyrinth of the museum and of history. Nuno Faria
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José de Guimarães Dançarina Female dancer, 1983 Papel artesanal policromado com espelhos Polychrome handcrafted paper with mirrors 155 × 153 cm
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Obras de José de Guimarães
Sala Preta Caixas para jades Caixa de madeira contendo objectos em jade 77 × 87 × 34 cm Caixa de madeira contendo objectos em jade 170 × 65 × 60 cm Caixa de madeira contendo objectos em jade 170 × 65 × 60 cm Caixa de madeira contendo objectos em jade 137 × 112 × 35 cm
Jades 1 Figura antropomórfica Jade Cultura Hongshan. Período Neolítico 3400-2300 a.C. Período Neolítico 4,8 × 2,2 cm 2 Figura humana Jade Dinastia Han 202 a.C - 220 9,1 × 5,2 cm 3 Ornamento Jade Dinastia Han 202 a.C – 220 10 × 17,4 cm 4 Zhulong, dragão-porco Jade Cultura Hongshan. Período Neolítico. 3400-2300 a.C. 16,5 × 10 cm 5 Ornamento Jade Dinastia Han 202 a.C – 220 7,6 × 7,6 cm 6 Yue, machado Jade Dinastia Shang 1600-1045 a.C. 15,6 × 8,1 cm
7 Zhulong, dragão-porco Jade branco Cultura Hongshan. Período neolítico. 3400-2300 a.C. 16,3 × 16,2 cm
Works of José de Guimarães
8 Xi bi, pendente em forma de disco Jade Dinastia Han 202 a.C – 220 Ø 19,5 cm
Wooden box with jade artifacts 77 × 87 × 34 cm
Ornamento em forma de tigre Jade Dinastia dos Zhou Ocidentais, Períododos Estados Combatentes / Dinastia dos Han Ocidentais 475-221 a.C. 4,5 × 14,2 cm Bi Jade Dinastia Han 202 a.C – 220 Ø 22,5 cm Zhulong, dragão-porco Jade Cultura Hongshan. Período Neolítico 3400-2300 a.C. 16,5 × 17,5 cm Cabeça de figura Jade Dinastia Shang 1600-1045 a. C. 7,2 × 8 cm Zhulong, dragão-porco com pássaro Jade Cultura Hongshan. Período Neolítico. 3400-2300 a.C. 18 × 11,5 cm Pendente em forma de porco Jade Dinastia Han 202 a.C – 220 3 × 14,6 cm Pendente em forma de porco Jade Dinastia Han 202 a.C – 220 3 × 13,9 cm Cigarra Jade Dinastia Han 202 a.C – 220 2,6 × 5,8 cm Sapo Jade Dinastia Han 202 a.C – 220 9,5 × 11 × 12 cm Selo em forma de tartaruga Jade Dinastia Han 202 a.C – 220 10,4 × 8,7 cm
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Black Room Boxes for jades
Wooden box with jade artifacts 170 × 65 × 60 cm Wooden box with jade artifacts 170 × 65 × 60 cm Wooden box with jade artifacts 137 × 112 × 35 cm
Jades 1 Anthropomorphic figure Jade Hongshan Culture. Neolithic Period 3400-2300 B.C. 4,8 × 2,2 cm 2 Human Figure Jade Han Dynasty 202 B.C. – 220 9,1 × 5,2 cm 3 Ornament Jade Han Dynasty 202 B.C. – 220 10 × 17,4 cm 4 Zhulong, dragon-pig Jade Hongshan Culture. Neolithic Period. 3400-2300 B.C. 16,5 × 10 cm 5 Ornament Jade Han Dynasty 202 B.C. – 220 7,6 × 7,6 cm 6 Yue, axe Jade Shang Dynasty 1600-1045 B.C. 15,6 × 8,1 cm 7 Zhulong, dragon-pig White Jade Hongshan Culture. Neolithic Period. 3400-2300 B.C. 16,3 × 16,2 cm
8 Xi bi, pendent in the form of a disc Jade Han Dynasty 202 B.C. – 220 Ø 19,5 cm Ornament in the form of a tiger Jade Western Zhou Dynasty, Combatent States Period / Western Han Dynasty 475-221 B.C. 4,5 × 14,2 cm Bi Jade Han Dynasty 202 B.C. – 220 Ø 22,5 cm Zhulong, dragon-pig Jade Hongshan Culture. Neolithic Period 3400-2300 B.C. 16,5 × 17,5 cm Bust Jade Shang Dynasty 1600-1045 BC 7,2 × 8 cm Zhulong, dragon-pig with bird Jade Hongshan Culture. Neolithic Period. 3400-2300 B.C. 18 × 11,5 cm Pendent in the form of a pig Jade Han Dynasty 202 B.C. – 220 3 x 14,6 cm Pendente in the form of a pig Jade Han Dynasty 202 B.C. – 220 3 × 13,9 cm Cicada Jade Han Dynasty 202 B.C. – 220 2,6 × 5,8 cm Frog Jade Han Dynasty 202 B.C. – 220 9,5 × 11 × 12 cm Seal in the form of a turtle Jade Han Dynasty 202 B.C. – 220 10,4 × 8,7 cm Bi Jade Neolithic Period Ø 22,2 cm
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Bi Jade Período Neolítico Ø 22,2 cm Xi bi, pendente em forma de disco Jade Dinastia Han 202 a.C – 220 Ø 19,7 cm Hufu, salvo-conduto em forma de tigre Jade Dinastia dos Zhou Ocidentais, Período dos Estados Combatentes 475-221 a.C. 4,2 × 11,8 cm Hufu, salvo-conduto em forma de tigre Jade Dinastia dos Zhou Ocidentais, Período dos Estados Combatentes 475-221 a.C. 10,7 × 4,5 cm
Pote para guardar dinheiro (caucaris) Bronze Dinastia Han do Oeste 206 a.c – 25 33,5 x 18Ø cm
Peças com neon Selva, 2006 Caixa de madeira, técnica mista e luz NEON 93,5 × 66,2 × 35,3 cm aberta 93,5 × 132 × 35,3 cm Caixa relicário Caixa de madeira, técnica mista, luz NEON e objectos 69,2 × 62 × 20 cm aberta 69,2 × 118 × 20 cm
Xi bi, pendent in the form of a disc Jade Han Dynasty 202 B.C. – 220 Ø 19,7 cm Hufu, safe-conduct in the form of a tiger Jade Western Zhou Dynasty, Combatent States Period 475-221 B.C. 4,2 × 11,8 cm Hufu, safe-conduct in the form of a tiger Jade Western Zhou Dynasty, Combatent States Period 475-221 B.C. 10,7 × 4,5 cm
Favela, Série Brasil, 2010 Caixas de madeira, técnica mista e luz NEON 171 × 126 × 59 cm aberta 226 × 175 × 62 cm
Hufu, safe-conduct in the form of a tiger Jade Western Zhou Dynasty, Combatent States Period 475-221 B.C. 6,4 × 8,8 cm
Totem relicário Caixa de madeira, técnica mista e luz LED 208 × 67 × 65 cm aberta 250 × 77 × 65 cm
Human Figure Jade Shang Dynasty 1600-1045 B.C. 7,9 × 2,8 cm
Favela Série Negreiros Caixa de madeira, técnica mista e luz LED 125 × 112 × 30 cm aberta 238 × 112 × 30 cm
Ornament Jade Han Dynasty 202 B.C. – 220 8,7 × 16,6 cm
Relicário secreto, 2003 Caixa de madeira, técnica mista e luz NEON 109 × 121 × 48 cm aberta 109 × 177 × 48 cm
Human Figure Jade Shang Dynasty 1600-1045 B.C. 8,6 × 2,5 cm
Relicário Caixa de madeira, técnica mista e luz NEON 77 × 106,5 × 36 cm aberta 129 × 133 × 36 cm
Qi, axe Jade Shang Dynasty 1600-1045 B.C. 17,4 × 18,4 cm
Qi, machado Jade Dinastia Shang 1600-1045 a.C. 17,4 × 18,4 cm
Relicário Caixa de madeira, técnica mista e luz NEON 140 × 90 × 38,5 cm
Qi, axe Jade Shang Dynasty 1600-1045 B.C. 14,4 × 15,2 cm
Qi, machado Jade Dinastia Shang 1600-1045 a.C. 14,4 × 15,2 cm
Sarcófago para um Faraó, 2003 Caixa de madeira, técnica mista e luz NEON 72 × 84,5 × 21 cm aberta 72 × 133 × 21 cm
Cigarra Jade Dinastia Han 202 a.C – 220 4,5 x 2,1 cm
Favela, Série Brasil Caixas de madeira, objectos e luz NEON 175 × 103 × 39 cm aberta 244 × 169 × 39 cm
Hufu, salvo-conduto em forma de tigre Jade Dinastia dos Zhou Ocidentais, Período dos Estados Combatentes 475-221 a.C. 6,4 x 8,8 cm Figura Humana Jade Dinastia Shang 1600-1045 a.C. 7,9 × 2,8 cm Ornamento Jade Dinastia Han 202 a.C – 220 8,7 × 16,6 cm Figura Humana Jade Dinastia Shang 1600-1045 a.C. 8,6 × 2,5 cm
Corpo Caixa de madeira, técnica mista e luz NEON 121 × 215 × 21 cm aberta 215 × 500 × 21cm
Cigarra Jade Han Dynasty 202 B.C. – 220 4,5 × 2,1 cm Pot to keep money (caucaris) Bronze Western Han Dynasty 206 B.C. – 25 33,5 × Ø 18 cm
Neon works Jungle, 2006 Wooden box, mixed technique and NEON light 93,5 × 66,2 × 35,3 cm open 93,5 × 132 × 35,3 cm Reliquary box Wooden box, mixed technique, NEON light and objects 69,2 × 62 × 20 cm open 69,2 × 118 × 20 cm Favela (slum) Brazil Series, 2010 Wooden boxes, mixed technique and NEON light 171 × 126 × 59 cm open 226 × 175 × 62 cm Reliquary totem Wooden box, mixed technique and LED light 208 × 67 × 65 cm open 250 × 77 × 65 cm Favela (slum) Negreiros (slavers) Series Wooden box, mixed technique and LED light 125 × 112 × 30 cm open 238 × 112 × 30 cm Secret reliquary, 2003 Wooden box, mixed technique and NEON light 109 × 121 × 48 cm open 109 × 177 × 48 cm Reliquary Wooden box, mixed technique and NEON light 77 × 106,5 × 36 cm open 129 × 133 × 36 cm Reliquary Wooden box, mixed technique and NEON light 140 × 90 × 38,5 cm Sarcophagus for a Pharaoh, 2003 Wooden box, mixed technique and NEON light 72 × 84,5 × 21 cm open 72 × 133 × 21 cm Favela (slum) Brazil Series Wooden boxes, objects and NEON light 175 × 103 × 39 cm open 244 × 169 × 39 cm Body Wooden box, mixed technique and NEON light 121 × 215 × 21 cm open 215 × 500 × 21cm Wardrobe Wooden box, mixed technique and NEON light 169 × 95 × 33,5 cm open 320 × 180 × 33,5 cm
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Guarda robe Caixa de madeira, técnica mista e luz NEON 169 × 95 × 33,5 cm aberta 320 × 180 × 33,5 cm Relicário Caixa de madeira, técnica mista e luz NEON 105 × 135 × 39 cm aberta 130 × 160 × 39 cm Viagem na China, 2003 Caixa de madeira, técnica mista e luz NEON 70 × 88 × 11 cm aberta 70 × 215 × 15cm
Sala Dourada Guardiães de túmulos Slot Machine 64 × 167 × 58 cm Locapalas (terracota, Dinastia Tang, China)
Esculturas em papel Serpente Papagaio de papel japonês policromado com espelhos 240 × 70 cm Duende Papel artesanal policromado com espelhos 51 × 32 × 12 cm Arlequim, 1983 Papel artesanal policromado com espelhos 230 × 105 cm Máscara Papel artesanal policromado com espelhos (150 ) × 60 × 20 cm Duende Papel artesanal policromado com espelhos 193 × 165 × 50 cm
Pinturas
Serpente, 1983 Papel artesanal policromado com espelhos 173 × 120 × 30 cm
Série Oceanos, 2017 Acrílico sobre papel “marouflé” sobre tela 206 × 209 cm
Dançarina, 1983 Papel artesanal policromado com espelhos 155 × 153 cm
Série Oceanos, 2017 Acrílico sobre papel “marouflé” sobre tela 206 × 209 cm
Serpente Papel artesanal policromado com espelhos 165 × 48 × 20 cm
Série Oceanos, 2017 Acrílico sobre papel “marouflé” sobre tela 206 × 209 cm
Esfinge, 1988 Papel artesanal policromado com espelhos 137 × 180 cm
Série Oceanos, 2017 Acrílico sobre papel “marouflé” sobre tela 206 × 209 cm
Totem Papel artesanal policromado com espelhos 250 × 150 cm
Sala Branca
Série Oceanos, 2017 Acrílico sobre papel “marouflé” sobre tela 202 × 103 cm Série Oceanos, 2017 Acrílico sobre papel “marouflé” sobre tela 202 × 103 cm Série Oceanos, 2017 Acrílico sobre papel “marouflé” sobre tela 202 × 103 cm Série Oceanos, 2017 Acrílico sobre papel “marouflé” sobre tela 202 × 103 cm
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Reliquary Wooden box, mixed technique and NEON light 105 × 135 × 39 cm open 130 × 160 × 39 cm Journey in China, 2003 Wooden box, mixed technique and NEON light 70 × 88 × 11 cm open 70 x 215 x 15cm
Golden Room Tomb guardians Slot Machine 64 × 167 × 58 cm Locapalas (terracota, Tang Dynasty, China)
Paper sculptures Serpent Japanese polychrome kite with mirrors 240 × 70 cm Elf Polychrome handcrafted paper with mirrors 51 × 32 × 12 cm Harlequin, 1983 Polychrome handcrafted paper with mirrors 230 × 105 cm Mask Polychrome handcrafted paper with mirrors (150 ) × 60 × 20 cm
Paintings
Elf Polychrome handcrafted paper with mirrors 193 × 165 × 50 cm
Oceans Series, 2017 Acrylic on “marouflé” paper mounted on canvas 206 × 209 cm
Serpent, 1983 Polychrome handcrafted paper with mirrors 173 × 120 × 30 cm
Oceans Series, 2017 Acrylic on “marouflé” paper mounted on canvas 206 × 209 cm
Female dancer, 1983 Polychrome handcrafted paper with mirrors 155 × 153 cm
Oceans Series, 2017 Acrylic on “marouflé” paper mounted on canvas 206 × 209 cm
Serpent Polychrome handcrafted paper with mirrors 165 × 48 × 20 cm
Oceans Series, 2017 Acrylic on “marouflé” paper mounted on canvas 206 x 209 cm
Sphinx, 1988 Polychrome handcrafted paper with mirrors 137 × 180 cm
Oceans Series, 2017 Acrylic on “marouflé” paper mounted on canvas 202 × 103 cm
Totem Polychrome handcrafted paper with mirrors 250 × 150 cm
White Room
Oceans Series, 2017 Acrylic on “marouflé” paper mounted on canvas 202 × 103 cm Oceans Series, 2017 Acrylic on “marouflé” paper mounted on canvas 202 × 103 cm Oceans Series, 2017 Acrylic on “marouflé” paper mounted on canvas 202 × 103 cm
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Lista de obras da coleção Kwok On
Sala Preta Altares portáteis para procissão China, Shaanxi, séx. XIX Madeira 134 × 53 × 47 cm 126 × 48 × 64,5 cm Museu do Oriente / Colecção Kwok On, 6C277, 6C278 © Fundação Oriente Deusa Kali dançando sobre o cadáver de Shiva Índia, 1980 Argila, fibras vegetais, metal, papel 160 × 120 × 150 cm Museu do Oriente / Colecção Kwok On, 10IN33 © Fundação Oriente Máscaras dos teatros Lhamo e Cham (Tibete, séc.XX) © Fundação Oriente Máscaras do teatro Kolam (Sri Lanca, séc. XIX e XX) © Fundação Oriente Máscaras do teatro Khon (Tailândia, séx. XX) © Fundação Oriente Máscaras do teatro Wayang Topeng (Indonésia, Java, sécs. XIX e XX) © Fundação Oriente Cabeças de marioneta de vara executadas por sacerdote taoista (China, Guangdong, séc.XIX) © Fundação Oriente Sombras dos teatros Nang Sbek (Camboja) e Wayang Kulit (Indonésia, Java) © Fundação Oriente
Búfalo para cremação Indonésia, Bali, ca. 1970 Madeira e têxtil 280 × 130 × 410 cm Museu do Oriente/Colecção Kwok On, 6ID15 © Fundação Oriente Esculturas para culto dos espíritos bhuta Índia, Karnataka, Tulunadu, séc. XX Madeira policromada 198 × 47,5 × 44 cm 94 × 33 × 21 cm Museu do Oriente / Colecção Kwok On, 10IN137, 10IN188 © Fundação Oriente Papagaio [Sapo e Cobra] China, séc. XX Bambu, papel e seda 90 × 73 cm Museu do Oriente / Colecção Kwok On, 8.10C25 ©F undação Oriente Papagaio [Libélula] China, séc. XX Bambu, papel e seda 123 × 165 cm Museu do Oriente / Colecção Kwok On, 8.10C26 © Fundação Oriente Papagaio [Mocho] China, séc.XX Bambu, cartão e papel 180 × 190 × 25 cm Museu do Oriente / Colecção Kwok On, 8.10C19 © Fundação Oriente Dança ritual do Barong e Rangda. Trajes e máscarasIndonésia, Bali, séc. XX Têxteis, madeira, pele, fibras vegetais, missangas, cartão 216 × 110 × 354 cm 180 × 54 × 43 cm Museu do Oriente / Colecção Kwok On, 5.3ID1, 7ID111 e 5/3ID1 © Fundação Oriente
List of works of the Kwok On collection
Black room Portable altars for procession China, Shaanxi, sex. XIX Wood 134 × 53 × 47 cm 126 × 48 × 64.5 cm Museu do Oriente / Kwok On Collection, 6C277, 6C278 © Fundação Oriente Goddess Kali dancing on the corpse of Shiva India, 1980 Clay, vegetable fibers, metal, paper 160 × 120 × 150 cm Museu do Oriente / Kwok On Collection, 10IN33 © Fundação Oriente Masks of the Lhamo and Cham theaters (Tibet, 20th century) © Fundação Oriente Masks of the Khon Theater (Thailand, sixteenth century) © Fundação Oriente Masks of the Kolam Theater (Sri Lanka, 19th and 20th Centuries) © Fundação Oriente Masks of the Wayang Topeng Theater (Indonesia, Java, 19th and 20th Centuries) © Fundação Oriente Stick puppet heads performed by Taoist priest (China, Guangdong, 19th century) © Fundação Oriente Shadows of Nang Sbek (Cambodia) and Wayang Kulit (Indonesia, Java) theaters © Fundação Oriente
Golden Room Sala Dourada Cinema ambulante Índia, 1960 Metal, Madeira e vidro 70 × 43 × 66 cm Museu do Oriente / Colecção Kwok On, 6IN8 © Fundação Oriente
Sala Branca Performance Ritual Teyyam. Traje de Karimkuttishastan Índia, Kerala, Cannanore ou Kannur, séc. XX Têxteis, madeira, caurim 200 × 180 × 40 cm Museu do Oriente / Colecção Kwok On, 5.1IN46 © Fundação Oriente
Performance Ritual Kathakali. Traje de Sugriva Índia, Kerala, 1970 Têxteis e madeira 219 × 70 × 47 cm Museu do Oriente / Colecção Kwok On, 5.1IN4 © Fundação Oriente Performance Ritual Kathakali. Traje de Hanuman Índia, Kerala, 1970 Têxteis e madeira 200 × 70 × 47 cm Museu do Oriente / Colecção Kwok On, 5.1IN7 © Fundação Oriente
Traveling cinema India, 1960 Metal, Wood and Glass 70 × 43 × 66 cm Museu do Oriente / Kwok On Collection, 6IN8 © Fundação Oriente
Buffalo for cremation Indonesia, Bali, ca. 1970 Wood and textile 280 × 130 × 410 cm Museu do Oriente / Kwok On Collection, 6ID15 © Fundação Oriente Sculptures for worship of the bhuta spirits India, Karnataka, Tulunadu, 20th century Polychrome wood 198 × 47,5 × 44 cm 94 × 33 × 21 cm Museu do Oriente / Kwok On Collection, 10In137, 10In 188 © Fundação Oriente Kite. Frog and Snake. China, 20th century Bamboo, paper and silk 90 × 73 cm Museu do Oriente / Kwok On Collection, 8.10C © Fundação Oriente Kite. Dragon-fly China, 20th century Bamboo, paper and silk 123 × 165 cm Museu do Oriente / Kwok On Collection, 8.10C26 © Fundação Oriente Kite. Owl China, 20th century Bamboo, card and paper 180 × 190 × 25 cm Museu do Oriente / Kwok On Collection, 8.10C19 © Fundação Oriente Ritual and Barong ritual dance. Costumes and masks Indonesia, Bali, XX Textiles, wood, fur, vegetable fibers, beads, cardboard 216 × 110 × 354 cm 180 × 54 × 43 cm Museu do Oriente / Kwok On Collection, 5.3ID1, 7ID111 and 5 / 3ID1 © Fundação Oriente Performance Ritual Kathakali. Suit of Sugriva India, Kerala, 1970 Textiles and Wood 219 × 70 × 47 cm Museu do Oriente / Kwok On Collection, 5.1IN4 © Fundação Oriente
White Room Teyyam Ritual Performance. Costume for Karimkuttishastan India, Kerala, Cannanore or Kannur, 20th century Textiles, wood, cowrie 200 × 180 × 40 cm Museu do Oriente / Kwok On Collection, 5.1IN46 © Fundação Oriente
Performance Ritual Kathakali. Hanuman Costume India, Kerala, 1970 Textiles and Wood 200 × 70 × 47 cm Museu do Oriente / Kwok On Collection, 5.1IN7 © Fundação Oriente
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Biografia José de Guimarães nasceu em Guimarães, em 1939, e desde 1995 que reparte a sua vida entre Lisboa e Paris. Uma estadia em Angola entre a década de 60 e 70 do século XX, tornar-se-ia um vector determinante na definição do seu vocabulário artístico, assim como o contacto com especialistas em etnologia africana que o conduzem à compreensão de uma simbologia existente em muitas peças de arte negra e lhe sugerem um projecto artístico movido por uma tentativa de osmose entre duas formas de expressão plástica, europeia e africana. Mas, se a primeira década de produção artística se baseia em África, nos seus mais de cinquenta anos de trabalho, encontram-se séries completas dedicadas às culturas chinesa e japonesa, à arte de Rubens, à literatura de Camões ou à concepção particular da morte no México. Nos últimos anos, verifica-se que o seu percurso reflecte uma vocação de formas e figuras tendencialmente cosmopolita. Assim, a sua expressão plástica tem vindo a acentuar a convivência de todos os factores dominantes num longo percurso artístico e tem priviligiado a luz de NÉON e a luz de LED, sobretudo em caixas de madeira, que propõem um exterior de austeridade, contrastante com a encenação do seu espaço interior, tratado com traços luminosos de NÉON e LED, pintura, colagens e objectos desviados do sentido que lhes é conferido pela sua função tradicional. Tendo realizado numerosas exposições em vários países, e, para além de exposições antológicas anteriores realizadas em Bruxelas no Palais des Beaux-Arts (1984), no Museu de Arte Moderna (Cidade do México, 1987), na Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, e na Fundação Serralves, Porto (1992), na última década, viu serem-lhe dedicadas exposições antológicas ou retrospectivas em Portugal (Cordoaria Nacional, Lisboa, 2001 e Fundação Carmona e Costa, Lisboa, 2012), na Alemanha (Museu Würth, Künzelsau, 2001), em Tóquio (Hillside Fórum, 2002), na Suíça (Art Fórum Würth, Arlesheim e Chur, 2003), no Brasil (Fundação Cultural FIESP, 2005 e Museu Afro Brasil, 2006, São Paulo), em Espanha (Fundação Caixanova, 2003, e Museu Würth La Rioja, 2008), em Luanda (Centro Cultural Português, 2009), em Itália (Art Fórum Würth, Roma, 2010), em Bruxelas (Espace Européen pour la Sculpture, 2007 e Parlamento Europeu, 2012) e na China (Museu Yan Huang, Pequim, 1994, Today Art Museum, Pequim, 2007, Suzhou Jinji Lake Art Museum, Suzhou, 2012 e Museu de Arte da província de Shaanxi em Xian, 2013). Em 2012,
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é eleito Presidente da Sociedade Nacional de Belas Artes. No Centro Internacional das Artes José de Guimarães, em Guimarães, participou nas exposições: “Para Além da História” (2012), “Lições da Escuridão” (2013), e “Provas de Contacto” (2014) e “Pintura: Suites Monumentais e Algumas Variações” (2015). Em 2016 inaugura a exposição “Esconjurações na Coleção Millennium bcp e noutras obras de José de Guimarães”, na Galeria Millennium, em Lisboa, e participa na exposição “Portugal Portugueses – Arte Contemporânea” no Museu Afro-Brasil, em São Paulo. Em 2017 faz parte da exposição “Portugal em Flagrante I” e “Portugal em Flagrante II”, no Centro de Arte Moderna, Fundação Gulbenkian, Lisboa, e integra a exposição “L’INTERNATIONALE DES VISIONNAIRES”, comissariada por Jean-Hubert Martin, em Montolieu, França. Em 2018 inaugura no Museu do Oriente, em Lisboa, a exposição “Um Museu do Outro Mundo”. O seu trabalho, representado nas mais relevantes colecções institucionais em Portugal e um pouco por todo o mundo, com especial incidência no Japão e Alemanha, propõe cruzamentos com a arte de civilizações não ocidentais – africana, chinesa e meso-americana – e uma busca incessante de relações não verbais, a que não é estranho o labor de coleccionador a que se vem dedicando há várias décadas.
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Biography José de Guimarães was born in Guimarães in 1939, and since 1995 has been dividing his life between Lisbon and Paris. A stay in Angola during the 1960s and 1970s was to become a determining vector in defining his artistic vocabulary, and the contact with specialists in African ethnology led him to the understanding of a symbology existent in many African art objects and suggested an artistic project driven by an effort to create an osmosis between two forms of visual expression, European and African. Yet, if his first decade of artistic production was based in Africa, his more than fifty years of work display complete series focused on the Chinese and Japanese cultures, on the art of Rubens, the literature of Camões and the unique conception of death in Mexico. In the last few years, his path has reflected a tendentiously cosmopolitan vocation of forms and figures.His visual expression has thus been highlighting the coexistence of all the dominant factors in a long artistic career and has privileged the light of neons and LEDs, especially in his wooden boxes, which propose an exterior of austerity in contrast with the scenographic setting of their interior space, fitted out with the luminous strokes of neons and LEDs, painting, collages and objects deflected from the meaning conferred by their traditional function.Having held a vast number of exhibitions in several countries and, apart from earlier anthological exhibitions held at the Palais des Beaux-Arts in Brussels (1984), at the Museo de Arte Moderno (Mexico City, 1987), at the Fundação Calouste Gulbenkian in Lisbon, and Fundação de Serralves in Oporto (1992), he has been the subject of several anthological or retrospective exhibitions in Portugal (Cordoaria Nacional, Lisbon, 2001, and Fundação Carmona e Costa, Lisbon, 2012), in Germany (Museum Würth, Künzelsau, 2001), in Japan (Hillside Forum, Tokyo, 2002), in Switzerland (Art Forum Würth, Arlesheim and Chur, 2003), in Brazil (Fundação Cultural FIESP, 2005, and Museu Afro Brasil, Sao Paulo, 2006), in Spain (Fundación Caixanova, 2003, and Museo Würth La Rioja, 2008), in Angola (Centro Cultural Português, Luanda, 2009), in Italy (Art Forum Würth, Rome, 2010), in Brussels (Espace Européen pour la Sculpture, 2007 e European Parliament, 2012) and in China (Museu Yan Huang, Beijing, 1994, Today Art Museum, Beijing, 2007, Suzhou Jinji Lake Art Museum, Suzhou, 2012 and Art Museum of Shaanxi Province in Xi’an, 2013). In 2012 he was elected President of the National Society of Fine Arts of Lisbon. On the International Arts Centre José de
Guimarães in Guimarães, he participated in the exhibitions: “Beyond History” (2012), “Lessons of Darkness” (2013) and “Contact Sheets” (2014), and “Painting: Monumental Suites And Variations” (2015). In 2016 he opens the exhibition “Conjurations in the Millennium bcp colection and in other works by José de Guimarães” at the Millennium Gallery in Lisbon and participates in the exhibition “Portugal Portugueses – Arte Contemporânea” at the Afro-Brazilian Museum in São Paulo. In 2017 he is part of the exhibition “Portugal em Flagrante I” and “Portugal em Flagrante II”, at the Centro de Arte Moderna, Fundação Gulbenkian, Lisbon, and was part of the exhibition “L’INTERNATIONALE DES VISIONNAIRES” curated by Jean-Hubert Martin, in Montolieu, France. In 2018 he inaugurates in the Museu do Oriente, in Lisbon, the exhibition “A Museum from another World”. His work, represented in the most relevant institutional collections in Portugal and a few others all over the world, with special incidence in Japan and Germany, proposes crossovers with the art of non – Western civilizations – African, Chinese and Mesoamerican; a never-ending search for nonverbal relationships, which is also reflected in his practice as a collector, on which he has been focusing for several decades.
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EXPOSIÇÃO EXHIBITION
CATÁLOGO C A TA L O G U E
Curadoria Curatorship Nuno Faria
Co-edição Publisher Documenta Fundação Oriente
Arquitectura de Espaço Expositivo Exhibition Architecture Pedro Campos Costa Coordenação Geral General Coordination Joana Belard da Fonseca Coordenação Executiva e Produção Executive Coordenation and Production Sofia Campos Lopes — Atelier José de Guimarães Maria Castel-Branco Luís Castel-Branco Marques — Campos Costa Arquitetos Daniela Figueiredo Marco Benfatto Marianne Ulmann Cornelius Thiele Assistentes de Produção Production Assistants Cátia Souto Helena Solano Montagem e Iluminação Assembly and Lighting Helena Solano João Faria Jorge Tomaz Mariana Neves Pedro Pais Divulgação Marketing Laura Alves Design Gráfico Graphic Design Pedro Gonçalves Tradução Translation Kevin Rose / Sombra Chinesa Lda
Coordenação Editorial Editorial Coordination Nuno Faria Textos Texts Carlos Monjardino Nuno Faria Pedro Campos Costa Sofia Campos Lopes Revisão de texto Proofreading Dulce Afonso Fotografia Photography Vasco Célio, Ricardo Nascimento e Filipe Farinha / Stills Tradução Translation Martin Dale / Sombra Chinesa, Lda Desenho Gráfico Graphic Design Atelier Pedro Falcão Proporção / Proportion [4:5] – 24 x 30 cm Tipos de letra / Typefaces Futura Impressão e acabamento Printing and binding Gráfica Maiadouro S.A. Tiragem Print run 500 exemplares (Março de 2018) ISBN 978-989-8834-92-8 Depósito Legal 438 616/18
Lettering L2 more than printing Acondicionamento e Transporte Conditioning and Transportation Feirexpo, S.A Seguradora da Exposição Exhibition Insurance Company Helvetia Art Insurance Seguradora Oficial Official Insurance Company Caravela – Companhia de Seguros S.A. Mecenas Principal Main Sponsor Novo Banco Apoio Support Barbot – Indústria de Tintas S.A.
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Exposição no âmbito do Exhibition held under the
Por vontade dos autores, alguns textos neste livro apresentam-se segundo a antiga ortografia.