CORAÇÃO DAS TREVAS
Joseph Conrad
CORAÇÃO DAS TREVAS
tradução e apresentação Aníbal Fernandes
T ÍTULO DO ORIGINAL: HEART OF DARKNESS
© SISTEMA SOLAR CRL
RUA PASSOS MANUEL 67B, 1150-258 LISBOA tradução © ANÍBAL FERNANDES, 2024
ISBN: 978-989-568-107-5
1.ª EDIÇÃO, FEVEREIRO DE 2024
CAPA: O KURTZ DE APOCALYPSE NOW
REVISÃO: DIOGO FERREIRA
DEPÓSITO LEGAL: 527671/24
IMPRESSÃO E ACABAMENTO: TÓRCULO
Por muito que pese a admissível oscilação nos gostos e nos critérios, ainda assim Coração das Trevas (novela de 1902, publicada em três números consecutivos do Blackwood’s Magazine) dificilmente escapará a quem destaque, na extensa obra literária de Joseph Conrad, os maiores títulos do autor. Coração das Trevas, novela que se viu acrescentada no seu interesse ao inspirar a parte mais inquietante do argumento de Apocalypse Now, filme dos maiores em Francis Coppola e no cinema americano da década de 70.
Mas de Joseph Conrad registe-se o seu complicado nome de aristocrata polaco, Jósef Teodor Konrad Korzenlowski (o que ele teve como cidadão e homem do mar, antes de reduzi-lo a mais simples e a mais ocidental na Literatura), e que nasceu em Cracóvia no ano 1857; que era órfão e adolescente quando se meteu como marinheiro num barco francês (o pai, autor de comédias e dramas, e tradutor de Shakespeare, tinha participado na insurreição de 1863 e sofrido uma deportação para Vologda; a mãe, muito sofredora, fora vítima física desse exílio); e admiremo-nos, sobretudo, como pôde surgir desta infância só dominada pelas complicadas sonoridades do idioma polaco, desta juventude em que ele explorou o mar na companhia de franceses, da sua tardia aprendizagem do inglês (aos vinte e três anos, quando se fixou na
Inglaterra e na sua marinha, percorrendo águas que o levavam a terras exóticas) um tão rápido e espantoso domínio da língua inglesa.
Mais tarde, ele próprio tentou explicar esta surpreendente proeza aos intrigados com os seus brilhantismos formais: — «A verdade é que escrever inglês surge-me naturalmente como um dom que trago porventura comigo desde nascença. Tenho a estranha e penetrante sensação de que o inglês sempre fez parte de mim. Nunca se me pôs como escolha ou adopção. A simples ideia de escolha esteve sempre arredada do meu espírito; e é verdade que o adoptei pelo seu génio como língua. Tomou conta de mim, mal ultrapassei o período em que o balbuciava, e estou em crer que teve uma acção directa sobre o meu temperamento, modelando-me o carácter na altura em que ele ainda era moldável.» No entanto, por muito que Conrad se explique continua com esse mistério ou prodígio a intrigar-lhe a obra extensa e de uma ponta à outra formalmente notável, onde existem (opinião nossa) quatro culminâncias: o romance Nostromo (já houve quem se lembrasse de citá-lo como o mais impressionantemente estruturado em inglês, antes do Ulisses de Joyce), este Coração das Trevas1 e ao seu lado Lord Jim e Tufão (admitindo como suplentes as novelas Mocidade e O Preto do «Narcissus»).
1 Note-se que o título original desta novela — Heart of Darkness — pode ser traduzido para português como Coração das Trevas e como Coração de Trevas. No entanto, a opção Coração de Trevas leva o leitor a fazer dele uma interpretação mais restritiva, a tomá-lo por uma directa referência a Kurtz. Coração das Trevas dá-lhe uma grande amplitude que transcende o Homem, a desejada pela extraordinária metáfora de Conrad.
A sua biografia, que termina em Agosto de 1924 com uma morte banal aos sessenta e sete anos de idade (banal mas significativamente marcada pelo «coração das trevas» porque a sua saúde, sem mácula até 1890, foi tocada por um sopro maligno quando subiu de barco o rio Congo, cenário-personagem desta novela, passando a fazer dele um homem alquebrado por reumatismos e sezões, impróprio para as durezas do mar), ainda tem algumas aventuras no Oriente mas rapidamente se reduz ao trabalho literário, com pouco êxito junto do leitor anónimo mas com uma consagração relativamente fácil perante a crítica literária do seu país (isto é, a Inglaterra, porque se naturalizou inglês em 1886), e também da França (através das suas obras quase completas que a Gallimard editou por influência de André Gide, seu patrocinador incansável e esplêndido tradutor de Typhoon).
E agora o Mal; o Mal que tantos abismos góticos inspirou e perdura na memória popular à custa de criações vertiginosamente românticas. Não é de estranhar que Joseph Conrad, um escritor que tanto se preocupa com ele (sobretudo na primeira fase da sua carreira literária — Lord Jim, Coração das Trevas, Tufão), ao afastar-se da sua mais conhecida e popular «receita nocturna» seja raramente lembrado entre aqueles que o adoptaram com maior insistência e melhores resultados comerciais. Não é improvável que o seu gosto por situações-limite tenha-o feito sentir esta atracção temática pelo Mal — o Mal cultivado em cenários de uma estranheza que muito bem serve a sua caracterização, onde as personagens se confrontam violentamente consigo próprias e com uma Natureza cruel e selvagem, a Natureza como ser hostil e sequestrador do Homem, que o afasta
da sociedade e do mundo ditos civilizados, que o assombra in extremis, que é o agente dessa confrontação; o Mal — este Mal de Conrad — sempre indefinido e tão vasto como o universo físico, localizado numa Natureza unfathomable — «impenetrável» — cenário de eleição para esse confronto e sede das trevas da civilização humana. Na obra de Conrad, quem mais o enfrenta é Marlow, seu narrador privilegiado (centro de tantas obras suas, uma delas este Coração das Trevas), imagem virtual da consciência do próprio autor. Nas páginas que seguem vamos estar com ele numa subida «iniciática» do rio, até ao coração das Trevas1; o coração de África vai fazer-se coração do Mal e talvez do Homem; a sua atmosfera é atravessada pela morte e por crueldades que ora nascem da selva, ora da exploração colonialista e imperialista que ali se instalou para contaminar o mundo.
Kurtz, o homem que teria ali aparecido com a firme decisão de se entregar a práticas idealistas do Bem, acabará por ceder e fazer-se exemplo do pólo oposto porque a alucinada batalha num desses campos facilmente se transtorna perante valores contrários mas igualizados por uma insalubre ilusão. Marlow entra em cena quando Kurtz já se fez quase invisível, adorado como um deus pelos indígenas da região, confundido com a selva e as suas trevas. Marlow tende para Kurtz, esse anjo exterminador, quer dizer, tende a fundir-se com ele, com a sua grandeza maligna. Far-se-á
1 Expurgada do seu carácter simbólico e alegórico, esta subida do rio Congo (ou Zaire, como os Portugueses sempre gostaram de chamar-lhe, um rio com a foz na fronteira norte de Angola) tem correspondência muito directa com a subida que o próprio Conrad fez em 1890.
outro Kurtz, se Kurtz não for destruído1. Por isso o Marlow de Conrad nunca poderá matar Kurtz; destina-se a ser absorvido por ele desde que outras forças, exteriores, o não libertem dessa atracção (e jamais cometerá o anticonradiano acto de carrasco do Marlow que Coppola imaginou para as cenas finais do seu Apocalypse Now). Nesta novela, a morte de Kurtz será uma providencial solução do destino, capaz de partir o elo entre Marlow e Kurtz, capaz de consentir na sua libertação. Ou não será isto tão incontestável? Joseph Conrad não quis ser explícito, e mostra-nos um Marlow perplexo e de regresso a uma Europa já dominada pelas mesmas trevas, povoada pelos mesmos fantasmas pressentidos no coração da selva. Na verdade, que fim terá este Marlow que o autor nunca chegou, na sua obra, a enterrar?
Em 1917, com a autoridade que um autor pode ter em relação às suas criaturas, Joseph Conrad tentou dissuadir hipóteses demasiadamente complexas sobre o verdadeiro sentido de Marlow, sua personagem favorita. Fê-lo para uma edição conjunta de Mocidade, Coração das Trevas e The End of the Tether:
«As origens deste gentleman (com o meu conhecimento nunca houve quem sugerisse que ele pudesse ser menos do que isto), dizia eu que as suas origens já deram motivo a várias discussões literárias e, com gosto registo, muito amigáveis.
«Poder-se-á imaginar que eu esteja em melhores condições do que os outros para fazer luz sobre este caso, mas verdade é
1 Note-se que o guião feito por Orson Welles sobre este tema, e nunca filmado por falta dos meios financeiros necessários, previa que o próprio Orson Welles interpretasse os papéis de Marlow e Kurtz — o que revela um entendimento destas personagens muito próximo do que acaba aqui de ser referido.
que a empresa não seria fácil. Penso com agrado que até hoje ninguém o acusou de intenções fraudulentas, nem charlatão lhe chamou. Apesar disto, as mais variadas suposições não têm faltado. Já houve quem o tomasse por biombo esperto, por simples expediente, pseudónimo, espírito familiar, um daemon que me diz segredos. Chegou a aventar-se a hipótese de eu ter congeminado um amadurecido plano para me reflectir nele.
«Nada disto. Não fiz nenhum plano. Eu e o Marlow encontrámo-nos como se encontra alguém nas termas e que fica, apesar disso, a ser um nosso verdadeiro amigo. Com ele foi o que aconteceu. Apesar de ter nas suas opiniões um tom categórico, no Marlow não há nada de importuno. Preenche-me as horas solitárias quando partilhamos o nosso bem-estar e o nosso bom entendimento: sempre que nos separamos no fim de uma história, não tenho a certeza de voltar a encontrá-lo, embora eu não acredite que um de nós possa subsistir sem o outro. Não haja dúvidas de que ele deixaria assim de ter ocupação e sofreria imenso, uma vez que o imagino um pouco vaidoso. Digo vaidoso no sentido salomónico do termo. É entre todos os meus seres o único que nunca me cansou o espírito. O mais discreto e o mais compreensivo dos homens…»
E no mesmo texto, a respeito desta novela:
«Coração das Trevas constitui o resultado de uma experiência, apesar de ser uma experiência algo agravada (só um pouco) em relação aos factos que lhe fazem fundo e, julgo eu, com a intenção muito legítima de fazê-la mais sensível ao espírito e ao coração dos leitores. Não falo de sinceridade nas cores. Está em causa uma arte que nada tem a ver com isso. Havia que dotar
este sombrio tema de uma ressonância sinistra, de uma tonalidade especial, de uma vibração contínua e capaz (assim o espero) de persistir no ar e ficar no ouvido, depois de percurtidos os seus últimos acordes1.»
1 No seu Voyage au Congo (notas escritas no dia 9-8-1926), André Gide confirma a «verdade» ambiental desta narrativa: «Este caminho-de-ferro, que funciona desde 1900, atravessa a região que J. Conrad teve em 1890 de percorrer a pé e da qual fala no Coração das Trevas — um livro admirável, ainda hoje profundamente verdadeiro, pude convencer-me disso, e que terei muitas vezes de citar. Não há nenhuma desmedida nas suas pinturas: são cruelmente exactas, embora estejam desassombradas pelo êxito deste projecto (o caminho-de-ferro), que no seu livro tão inútil nos parece.»
A Nellie, chalupa de recreio, rodou à volta da âncora sem panejar as velas e ficou imóvel. A maré enchia quase sem vento, e como seguíamos rio abaixo só nos restava fundear à espera da viragem.
O estuário do Tamisa rasgava-se como a boca de um canal interminável. Céu e mar uniam-se ao largo, sem traço de separação, e as velas crestadas das barcaças, a subirem com a maré, pareciam imobilizar-se no espaço luminoso como fardos de uma lona muito pontiaguda, vermelhos, onde luzia o verniz dos mastros. As margens baixas corriam para o mar e carregava sobre elas uma névoa diluída na planura. O ar estava sombrio acima de Gravesend, e mais longe parecia condensar-se numa treva desolada, que pesava imóvel, a cismar sobre a mais vasta e grandiosa cidade do mundo.
O director da Companhia era nosso capitão e anfitrião. De costas, com os olhos postos no mar inspirava-nos a nós quatro simpatia. Em todo o rio nada havia mais náutico do que ele. Tinha ar de piloto de barra, o que entre marinheiros quer dizer confiança personificada. Era difícil admitirmos que a sua profissão o chamasse ali, ao luminoso estuário, e não o levasse para longe, para enigmáticas sombras.
Eu já disse noutro lado que o elo do mar a todos nos ligava. Em largos períodos de afastamento mantinha-nos os corações unidos mas garantia, além disso, a tolerância mútua que devíamos às nossas histórias — ou mesmo às nossas convicções. O advogado — o melhor dos camaradas — era um homem com tantos anos e tantas virtudes, que lhe dávamos o direito de ter a única almofada do convés e a estender-se na nossa única manta de viagem. O contabilista já tinha à sua frente a caixa do dominó, e entretinha-se a fazer construções com as pedras de osso. Marlow, esse, estava à popa com as pernas cruzadas e encostado ao mastro da catita. Era um homem com rosto cavado, tez lívida, tronco hirto, e assim, de braços caídos e com as palmas das mãos viradas para cima, tinha o ar ascético de um ídolo. O director tinha-se dirigido à ré, e já ciente da boa prisão da âncora tinha vindo sentar-se ao pé de nós. Depois de algumas palavras despreocupadas, houve no iate um silêncio. Por uma qualquer razão, a partida de dominó ficou por jogar. Estávamos pensativos e só dispostos à contemplação. O dia acabava numa paz de radiações calmas e esplêndidas. O brilho da água era pacífico; o céu sem nuvens era todo ele uma benigna e luminosa imensidão, e a própria névoa uma gaze leve nos pântanos do Essex, presa às encostas arborizadas do interior que se estendia com pregas diáfanas pela costa baixa. Só a oeste, suspensa por cima das extensões visíveis a treva ia-se fazendo minuto após minuto mais opaca e como que enraivecida contra o sol prestes a tocar-lhe. Por fim, numa queda de curvatura imperceptível o sol desceu e passou de um branco incandescente a vermelho-turvo,
Coração das Trevas
sem raios nem calor, como se fosse apagar-se de repente e estivesse ferido de morte ao tocar aquela escuridão caída em peso sobre a humanidade.
O aspecto das águas depois alterou-se, a calmaria enfraqueceu no seu brilho e tornou-se mais profunda. Planíssimo ao entardecer, o velho rio descansava na bacia vasta, após muitos séculos de bons serviços prestados à raça que lhe povoa as margens, ampliado na serena dignidade pela estrada de água que chega aos mais ermos recantos da terra. Olhávamos para a venerável torrente sem estar já tocados pela claridade vívida de um destes dias curtos que chegam e partem para sempre, mas pela luz augusta de infindáveis memórias. A um homem que respeitosa e afeiçoadamente «correu mares», como costuma dizer-se, nada é mais fácil, de facto, do que invocar no estuário do Tamisa o grandioso espírito do passado. Com um préstimo incansável a corrente movese de um lado para o outro, e povoa-se com a memória dos muitos homens e navios que já levou ao sossego do lar ou às batalhas do oceano. Conheceu e serviu todos esses homens que hoje são orgulho da pátria, desde Sir Francis Drake a Sir John Franklin, todos nobres, com ou sem título — os grandes cavaleiros-andantes do mar. Deu vida a todos esses navios com nomes que ardem como jóias na noite do tempo, desde o Golden Hind que chegou com o bojo a transbordar de ouro, para receber Sua Majestade a rainha e entrar numa epopeia gigantesca, ao Erebus e ao Terror, virados para outras conquistas — que não tiveram regresso. Conheceu navios e homens. Os que largaram de Deptford, Greenwich, Erith —
aventureiros e colonos; navios reais e navios de homens da Bolsa; capitães, almirantes, os sinistros «traficantes» do comércio do Leste e os «generais» — comissários das frotas das Índias Orientais. Todos eles caçadores de ouro ou aspirantes à fama, partiram deste rio com a espada em riste, quando não o faziam com o facho, mensageiros do poder em terras do interior, estafetas de uma centelha de sagrado fogo. Na maré deste rio que grandezas não vogaram até ao mistério de uma terra desconhecida!… Sonhos de homem, sementes de uma comunidade de nações, gérmenes de impérios.
Depois do pôr-do-sol o crepúsculo desceu até às águas e acenderam-se as luzes ao longo das margens. O farol de Chapman, tripé levantado num enlameado baixio, brilhou com toda a sua força. Luzes de navios andavam pela esteira navegável — uma grande agitação de luzes para cima e para baixo.
E mais a oeste, nos limites superiores do estuário o lugar da cidade monstruosa sinistramente marcado no céu, com uma tristeza a cismar à luz do sol, sinistro olhar sob as estrelas.
— E tudo isto — disse Marlow de repente — também foi um dos tenebrosos lugares do mundo.
Ele era o único de nós que ainda «corria os mares». E o pior que podia a seu respeito dizer-se é que não representava a classe. Marinheiro, sim, mas vagabundo também, enquanto a maior parte de nós leva um género de vida, digamos que sedentário. Como têm um espírito caseiro, arrastam consigo a sua casa — o navio; e a sua terra — o mar. Todos os barcos se parecem uns com os outros, e o mar é sempre igual. No imutável ambiente que os rodeia, as costas estrangeiras, as
caras estrangeiras, a versátil imensidão da vida deslizam rápidas e não veladas por um sentido de mistério, mas por uma certa ignorância desdenhosa; misterioso, para o marinheiro, só o mar que é sua amante de toda a vida e tão indevassável como o Destino. E quanto ao resto, depois das horas de trabalho bastam um acidental passeio, uma pândega em terra para o segredo de todo um continente ficar exposto e ele achar, como regra geral, que não vale o esforço de ser conhecido. As fábulas dos marinheiros são objectivamente simples e com um significado que cabe inteiro em meia casca de noz. Marlow, porém, não era típico (exceptuada a sua tendência para tagarelar); para ele, o significado de um episódio não estava no seu interior, como um caroço, mas fora a envolver a história e a dar-lhe realce como o calor que provoca a névoa, como esses halos de vapor que o fantasmático luar por vezes faz visíveis.
A sua observação não surpreendeu ninguém. Era exactamente do género Marlow. E foi acolhida em silêncio. Nenhum de nós se deu ao trabalho, sequer, de murmurar; e por fim ele disse-nos com uma voz pausada:
— Estava eu a pensar nos tempos remotos em que os Romanos aqui chegaram pela primeira vez, há cerca de mil e novecentos anos... já lá vão uns dias… Depois disso o rio iluminou-se… houve os Cavaleiros, não é assim que lhes chamam? Sim; mas isso lembra uma labareda a correr pela planície, o fulgor de um relâmpago entre nuvens. Vivemos nesse clarão… e saiba ele persistir enquanto o mundo girar! Mas ontem, aqui, havia trevas. Imaginem a sensação do comandante de um bonito… que nome tem?… trirreme do Mediterrâneo
LIVROS SISTEMA SOLAR
Os génios, seguido de Exemplos, Victor Hugo
O senhor de Bougrelon, Jean Lorrain
No sentido da noite, Jean Genet
Com os loucos, Albert Londres
Os manuscritos de Aspern (versão de 1888), Henry James
O romance de Tristão e Isolda, Joseph Bédier
A freira no subterrâneo, com o português de Camilo Castelo Branco
Paul Cézanne, Élie Faure, seguido de O que ele me disse…, Joachim Gasquet
David Golder, Irene Nemirowsky
As lágrimas de Eros, George Bataille
As lojas de canela, Bruno Schulz
O mentiroso, Henry James
As mamas de Tirésias – drama surrealista em dois actos e um prólogo, Guillaume Apollinaire
Amor de perdição, Camilo Castelo Branco
Judeus errantes, Joseph Roth
A mulher que fugiu a cavalo, D.H. Lawrence
Porgy e Bess, DuBose Heyward
O aperto do parafuso, Henry James
Bruges-a-Morta – romance, Georges Rodenbach
Billy Budd, marinheiro (uma narrativa no interior), Herman Melville
Histórias da areia, Isabelle Eberhardt
O Lazarilho de Tormes, anónimo do século XVI e H. de Luna
Autobiografia, Thomas Bernhard
Bubu de Montparnasse, Charles-Louis Philippe
Greco ou O segredo de Toledo, Maurice Barrès
Cinco histórias de luz e sombra, Edith Wharton
Dicionário filosófico, Voltaire
A Papisa Joana – segundo o texto de Alfred Jarry, Emmanuel Rhoides
Bom Crioulo, Adolfo Caminha
O meu corpo e eu, René Crevel
Manon Lescaut, Padre Prévost
O duelo, Joseph Conrad
A felicidade dos tristes, Luc Dietrich
Inferno, August Strindberg
Um milhão conta redonda ou Lemuel Pitkin a desmantelar-se, Nathanael West
Freya das sete ilhas, Joseph Conrad
O nascimento da arte, Georges Bataille
Os ombros da marquesa, Émile Zola
O livro branco, Jean Cocteau
Verdes moradas, W.H. Hudson
A guerra do fogo, J.-H. Rosny Aîné
Hamlet-Rei (Luís II da Baviera), Guy de Pourtalès
Messalina, Alfred Jarry
O capitão Veneno, Pedro Antonio Alarcón
Dona Guidinha do Poço, Manoel de Oliveira Paiva
Visão invisível, Jean Cocteau
A liberdade ou o amor, Robert Desnos
A maçã de Cézanne… e eu, D.H. Lawrence
O fogo-fátuo, Drieu la Rochelle
Memórias íntimas e confissões de um pecador justificado, James Hogg
Histórias aquáticas – O parceiro secreto, A laguna, Mocidade, Joseph Conrad
O homem que falou (Un de Baumugnes), Jean Giono
O dicionário do diabo, Ambrose Bierce
A viúva do enforcado, Camilo Castelo Branco
O caso Kurílov, Irène Némirowsky
Nova Safo – tragédia estranha, Visconde de Vila-Moura
A costa de Falesá, Robert Louis Stevenson
Gaspar da Noite – fantasias à maneira de Rembrandt e Callot, Aloysius Bertrand
Rimbaud-Verlaine, o estranho casal
O rato da América, Jacques Lanzmann
As amantes de Dom João V, Alberto Pimentel
Os cavalos de Abdera e mais forças estranhas, Leopoldo Lugones
Preceptores – Gabrielle de Bergerac seguido de O discípulo, Henry James
O Cântico dos Cânticos – traduzido do hebreu com um estudo
sobre o plano a idade e o carácter do poema, Ernest Renan
Derborence, Charles Ferdinand Ramuz
O farol de amor, Rachilde
Diário de um fuzilado, precedido de Palavras de um fumador de ópio, Jules Boissière
A minha vida, Isadora Duncan
Rakhil, Isabelle Eberhardt
Fuga sem fim, Joseph Roth
O castelo do homem ancorado, Joris-Karl Huysmans
Tufão, Joseph Conrad
Heliogábalo ou o anarquista coroado, Antonin Artaud
Van Gogh o suicidado da sociedade, Antonin Artaud
Eu, Antonin Artaud
A morte difícil, René Crevel
A lenda do santo bebedor seguido de O Leviatã, Joseph Roth
O Chancellor (Diário do passageiro J.R. Kazallon), Jules Verne
Orunoko ou o escravo real (uma história verídica), Aphra Behn
As Portas do Paraíso, Jerzy Andrzejewski
Tirano Banderas (novela de Terra Quente), Ramón del Valle-Inclán
Cáustico Lunar seguido de Ghostkeeper, Malcolm Lowry
Balkis (A lenda num café), Gérard de Nerval
Diálogos das carmelitas, Georges Bernanos
O estranho animal do Vaccarès, Joseph d’Arbaud
Riso vermelho – fragmentos encontrados de um manuscrito, Leonid Andreiev
A morte da terra, J.-H. Rosny Aîné
Nossa Senhora dos Ratos, Rachilde
O colóquio dos cães incluído no Casamento enganoso, Miguel de Cervantes
Entre a espada e a parede, Tristan Bernard
A vida de Rembrandt (história a ir para onde lhe dá), Kees van Dongen
Os meus Oscar Wilde, André Gide
As aventuras de uma negrinha à procura de Deus, George Bernard Shaw
Meu irmão feminino – «Noites Florentinas», Marina Tsvietaieva
Jean-Luc perseguido, Charles Ferdinand Ramuz
O filho de duas mães, Edith Wharton
A armadilha, Emmanuel Bove
Um jardim na margem do Orontes, Maurice Barrès
Erotika Biblion, Conde de Mirabeau
A minha amiga Nane, Paul-Jean Toulet
Paludes, André Gide
O bar dos dois caminhos, Gilbert de Voisins
Sol, D.H. Lawrence
Cagliostro, Vicente Huidobro
As magias do Ceilão, Francis de Croisset
Má sorte que ela fosse puta, John Ford
Chita – uma memória da Ilha do Fim, Lafcadio Hearn
A mulher 100 cabeças, Max Ernst
A dificuldade de ser, Jean Cocteau
O duplo Rimbaud (com um preâmbulo de Benjamin Fondane), Victor Segalen
A vida apaixonada da grande Catarina, Princesa Lucien Murat
Casa de incesto, Anaïs Nin
Morte de Judas seguido de O ponto de vista de Pôncio Pilatos, Paul Claudel
Os domingos de Jean Dézert seguido de contos, Jean de la Ville de Mirmont
Ser ou não ser – Três histórias, Honoré de Balzac
Babilónia, René Crevel
O encontro (uma história incerta), Henri de Régnier
Carmilla, Sheridan Le Fanu
Mulheres na vida, Guy de Maupassant
O plantador de Malata, Joseph Conrad
A mandrágora, Jean Lorrain
A biografia de Vénus, deusa do amor, Francis de Miomandre
Viagem ao país dos Tarahumaras, Antonin Artaud
O nevoeiro de 26 de Outubro e outras lições de abismo, Maurice Renard
Salomé, Salomés…, Gustave Flaubert, Oscar Wilde, Guillaume Apollinaire e ainda Mário de Sá-Carneiro, Eugénio de Castro, Fernando Pessoa
Battling Malone, pugilista, Louis Hémon
Kyra Kyralina, Panait Istrati
Codine, Panait Istrati
Carmen seguido de Lokis, Prosper Mérimée
Jésus-La-Caille, Francis Carco
Don Juan da Inglaterra ou o sonho de Lord Byron, Guillaume Apollinaire
O concílio de amor – Uma tragédia celeste, Oskar Panizza