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Maria José Oliveira 40 anos de trabalho
textos
ana godinho cristina filipe joão pinharanda josé gil paulo henriques raquel henriques da silva sílvia t. chicó
D O C U M E N TA
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Este livro foi publicado por ocasião da exposição «Maria José Oliveira – 40 Anos de Trabalho», com curadoria de Manuel Costa Cabral, realizada na Sociedade Nacional de Belas-Artes, Lisboa, com o apoio da Fundação Carmona e Costa, de 15 de Maio a 17 de Junho de 2017
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índice
Dupla transmutação, ana godinho
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ADN A cosmogonia estética de Maria José Oliveira, josé gil
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ARQUEOLOGIA
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MÃO
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ALQUIMIA O exercício da (in)disciplina, paulo henriques
60 73
CORPO Maria José Oliveira: r umo ao infinito, joão pinharanda
76 91
VESTIR O CORPO As (não) jóias de Maria José Oliveira, cristina filipe Maria José Oliveira 1987-2017, sílvia t. chicó
94 99 102
EMPURRAR O MUNDO
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CABINET DE CURIOSITÉS Auto-retrato enquanto seio e coração, raquel henriques da silva
126 129
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Dupla transmutação ana godinho
Percorremos, demoradamente um a um, com o olhar os objectos preciosos e quase mágicos de Maria José Oliveira, e uma multiplicidade de transmutações parece estar a ocorrer a cada instante. E logo a seguir ou ao mesmo tempo é o nosso próprio olhar a transmutar-se também. Deslocamo-nos por entre planos verticais e horizontais, labirintos na terra, no ar, no fogo, na água, séries e séries, camadas sobre camadas. Dir-se-á que viajamos, como se um grande navio nos levasse. E, num grande oceano ou numa milésima parte de uma história entre o século XX e XXI desenha-se uma banda de Moebius. Iniciamos uma formidável e inevitável viagem. Viajamos como viajou Jasão em direcção ao Velo de Oiro. Do ocidente ao oriente e ao seu inverso num mesmo plano. São ciclos (cheios de aberturas e clausuras) dentro de círculos (Corpo, Empurrar o Mundo, Alquimia, Arqueologia) ou segmentos de segmentos dentro de cada ciclo, no interior de cada objecto. Perguntamo-nos: o que é voltar ao ponto de partida? E se o percurso se fizer ao avesso como numa escrita ao contrário? Numerosas são as descontinuidades, as zonas de inversão e de cruzamento, as distâncias em múltiplas escalas. Somos levados constantemente por Invisíveis Correntes, transportados para um infinito escondido nas zonas mais inusitadas, estranhas e transparentes. Encontramo-nos diante de uma prática de transmutação que abre os corpos dispersos, quotidianos e naturais, e permanecerá de forma mediúnica neles. Uma prática iniciática específica material-úrgica e espagírica. O que falta ao mundo? Maria José Oliveira responde com uma «prática» de ligar, juntar, secar, esperar, rasgar, depurar, abrir crateras, quebrar, partir, coser, cozer, fundir materiais até chegar à justaposição que compõe e recompõe
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sem cessar. Até chegar à verdadeira natureza, de onde nascem os novos objectos, que só por segundos, e nesse mesmo momento, se transmutam numa só face. Trabalho de Penélope que utiliza a força da matéria e dos materiais para (nos) dizer e experimentar o que haveria no princípio e repetir e repetir sem princípio nem fim, nem direcção fixa, porque a Alma não se mede em centímetros. Sonhar com a «matéria-prima» cada vez mais distante, uni-la e estendê-la nos materiais mais elementares, e fazer uma arqueologia estranha e impossível, do presente mais fugaz. Passar do sonho à realidade, criar espaço e tempo em objectos, estranhá-los espacializando-os, dissolvendo-lhes os contornos, tirando-os do caos e abandonando-os ao acaso de uma costura ou cozedura ou tecelagem. Em Herança, com fragmentações de linhas temporais, arquivadas em terracota, fazem-se rupturas que descobrem a outra face. As Heras morrem como todas as coisas da terra. As estações passam, aparecem e desaparecem e voltam a aparecer. A justaposição não deixa de se fazer: Passado, Presente e Futuro. Trincar o Pão, Engolir o Pão, fazer e desfazer, reduzir a cinzas. O acaso purificado, rectificado pela chuva ou pela mão, intuição da hora incerta numa resposta material: as Heras são conexões vivas, verdes e viçosas. De que é a natureza capaz? A natureza e a arte? Nos lugares de invenção e criação tudo pode acontecer. Tudo, o que o plano macro não nos permite dizer e o que o micro não nos permite deduzir. Desses lugares (Detail) e de uma alquimia muito pessoal, trabalho preparatório de uma liturgia lenta e elaborada, sai uma inquietante e minuciosa interrogação que é exaustivamente detalhada, anotada, pensada e experimentada. Com recolhas e pesquisa (de todos os dias, científica, crítica, ecológica, reciclada), armazenamento de «informação genética», registos de memória, classificações precisas, misturas de elementos inertes ou em «carne viva», fazem-se as transmutações mais essenciais, diagramas, desenhos, fotografia, construções e moldes: de cinza, de lama, de pó e pólen, de madeira, de fogo, vulcânicos. Cálculos justos e infinitamente repetidos nas operações da mão, em cada minúsculo gesto da feitura, golpes de vista e de escuta absolutamente primeiros, perseveram nos interstícios e sempre numa tensão que deixa os procedimentos e os objectos sem garantias, instáveis e imprevisíveis. Maria José Oliveira conhecedora do segredo da sua arte cria uma tensão borderline, nas fronteiras, nas orlas, das propriedades íntimas
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(expansivas, maleáveis, dúcteis) e virtuais dos materiais (minerais, vegetais e animais) com que trabalha. Transforma, numa equação aparentemente simples, matéria em energia. E a sua obra não deixa de ser uma arte de ganhar e fazer tempo no espaço. Os aspectos alquímicos e arqueológicos mas também geográficos e geológicos estarão sempre presentes. O esboço de uma cosmogonia alia-se a uma preocupação cosmológica. Como num mesmo material coexistem muitos outros. A atracção pelo familiar é um dos trajectos possíveis de mundo fantasmado, como a atracção pela história da arte o será: as referências serão minimalistas, serialistas, conceptuais – cartográficas em palimpsesto. O que une o que é diferente? Com cortes finos e subtis (Transformations: knives), não mais se volta ao lugar de origem. Transformações cortantes. Mas nesse radical corte transferiu-se qualquer coisa que testemunha e se exibe nos vestígios, nas pegadas (Step ou Transformations (spoons)), restos fósseis e fragmentos animistas enrolados em espirais, nos efémeros materiais e nos fugazes objectos que ousam persistir e durar na sua loucura alquímica. Da «destilação», «dissolução», «calcinação» sempre incompleta e instável, saem objectos abertos (e saem também as suas sombras), que são eles mesmos os elementos. Todos em processos de transformação e «rectificação» da natureza para fazer variar as formas. Pelos corpos tornados «naturais» e íntegros, nos entre-tempos e entre-espaços passam o acaso e o tempo expressivos. E nesse intransmutável que escapa, Maria José Oliveira «vê» a ferida aberta do orgânico e traça imperceptíveis linhas que atravessarão as dimensões conhecidas e desconhecidas e ligarão para sempre o que vai e o que fica, tornando-o inorgânico (Vulcão, Vaso Sagrado ou Cíclico). Em O Que é a Filosofia? Deleuze dirá: «Do fundo dos tempos chega-nos o que Worringer chamava a linha setentrional, abstracta e infinita, linha de universo que forma tiras e correias, rodas e turbinas, toda uma “geometria viva” “elevando à intuição as forças mecânicas”, constituindo uma poderosa vida não-orgânica.» O Vaso Sagrado, é «coisa» arqueo… que guarda e contém vidas (o Desejo) e afectos já decantados e que o serão ainda vezes sem conta. Pela sua ampla abertura pressentimos que é habitado. Reservatório de vida que contém forças puras vindas de fluidos purificadores que unem o céu e a terra. É literalmente um objecto aberto.
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Do esqueleto ao sistema nervoso até à célula argilosa, e por meio de uma anatomia muito particular, percebem-se as relações problemáticas que marcam uma diferença de natureza que desafia as antigas dicotomias (feminino/masculino, superior/inferior). O vaso é o exemplo mesmo de um amor universal e de uma «simpatia» intuitiva que não confinam mais as mulheres às interpretações especulativas milenares acerca da sua biologia reprodutiva, aos estereótipos cruéis, às dicotomias tradicionais que aprisionam e asfixiam. O vaso é aberto e aparece sob muitas formas em cada grande ciclo (Cíclico). E Maria José Oliveira ao ligar os materiais, os fluidos, aqueles materiais exactos, desliga-os das ligações habituais e deixa que outros sentidos nasçam e se encaminhem felizmente desprotegidos, fecundos e activos para outras coordenadas que farão coincidir os opostos (Vulcão, Vaso Sagrado). Velo de oiro ou de argila, de animal, de tecido, vegetal, cinza, leite ou casca de ovo. Todos fermentos estranhos, talvez, à natureza humana e mortal mas não à natureza mesma. Aqui se pode dizer que a fragilidade é uma força atractora positiva que faz das irregularidades, da intrusão, dos imprevistos (ainda que possa não aparecer assim) elementos favoráveis e criadores. No interior do vaso trabalha-se a contenção, a discrição, a contracção, a passividade violenta, o sofrimento em «carne-viva», a submissão, o pudor, a ameaça, o silêncio, a injustiça e o desamor que coabitam planetariamente e quando saem gritam e derramam-se, não patogénicos, despatologizando-se e lançando-se a cada instante pelo sem-número de aberturas, cortes, fissuras, rasgões… Não há um só lugar, fixo e definitivo para estes objectos literais, animados de vida própria. Eles são viajantes emancipados, paradoxais, irreconciliáveis, coabitam, deslocam-se e suspendem-se de muitas maneiras, a sua distribuição e a sua nomeação não se limita nem se circunscreve. Sem base nem centro, vão e vêm nos interstícios, mostrando sempre que não existe uma única e invariável direcção. Isolam-se e repousam em comum, saturam-se e dessaturam-se. São objectos que não se querem aperfeiçoados, desconstroem-se, têm rugas, texturas, desvios, não são perfeitos, às vezes são ambíguos, têm cheiro e soam. Têm direitos de objecto. Livres nas suas disposições e transmutações ganham uma outra maneira de existirem. São cônscios da sua loucura, da doença, da tristeza, das forças mortíferas contrárias à vida. Da inquietude em ferida e da abertura para a vida que se joga constantemente com a morte. Que estranha metamorfose «a fazer» aos objectos
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«naturais», desdobrando-os, duplos, separando-os da terra para sempre, no mar longínquo entre duas margens que não se sabe se existem. O que se mostra afinal é que existem muitos e diferentes corpos e objectos e não um só, como não há uma só carne, nem são os mesmos nervos ou articulações, como nem toda a vida é orgânica. É de uma construção da diferença que se trata desde o início, mesmo que se desenhe uma só linha no branco e apareça ainda em esboço e fechada, ovo ou escrita para desinscrever. Continua a exorcizar-se uma parte do sofrimento do mundo numa espécie de luta paradoxal contra os determinismos, contra a passagem do tempo (ou ao contrário, desejando absolutamente o seu recuo), contra a expansão do espaço e do tempo. A acção transformadora mata e faz vir de novo tudo o que é novo e diferente. Não se pode recusar a morte como não se impede a transmutação ou a Vida (Heras Verdes). Quem engendra o quê? Talvez não se trate da origem mas de antecedentes. Nem todas as histórias se ligam de um modo decifrável ou analisável porque faltam sempre elos explicativos. As duplas transmutações são como enigmas em duplo que proliferam inesgotáveis. Entre uma história (a da racionalidade aritmética incontestável que se faz com relações familiares e semelhanças entre o possível e o impossível) e outra (a que se está a fazer sem garantias, aquela com a qual não podemos contar, onde nenhuma coisa se antecipa, nem se prepara, e para a qual não há respostas – por mais que se «empurre o mundo» ele não se deixa capturar), Gaia mistura os elementos e torna sensível a geometria. Aí, talvez possamos «realizar a sensação». Lisboa, 18 de Abril de 2017
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Maria José Oliveira com mãe, pai e irmão. Fotografia de San Payo.
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Rumo ao Infinito, 2007, técnica mista sobre papel, 25 × 29 cm. Desenho de criança simulando um avião e reprodução do Homem e da Mulher com as divinas proporções de Dürer, em acetato, e desenho do alfabeto em braile. Quadro com Prego, 1994, estafe e prego, 25 × 17 cm. O Corpo Contentor, 2005, desenho a grafite sobre estafe e cal, 25 × 17 cm. na página seguinte: Vestido da Mãe, organza de algodão, feito e usado pela sua mãe nos anos 30. Cabeça (escultura da mãe), madeira, esculpida pelo seu pai nos anos 40.
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nas páginas anteriores: Vestido da Mãe, Cabeça, Rumo ao Infinito e Coluna ADN, 2007, molas de cobre pintadas a tinta acrílica. Macaco Miguel, 2015, tela crua, casca de ovo e ferro, c. 25 cm de altura. Col. Catarina Maldonado e Luís Marques Pais. Caruncho, 2000, cadeira em madeira de pinho.
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Ciclo da Madeira, 1993/2017, impressão digital de desenho sobre papel, com carvão, cinzas, resinas, pigmentos e cal, 280 × 50 cm.
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Construção de Casa, 1994, enchimento com resíduos vegetais, papel, argila e simulação de fósseis e bivalves em argila, com encáustica, cal e um quadrado em fio preto, 160 × 85 cm. Memória cultural e poética das construções ainda usadas no século XVIII na zona costeira a Sul do Tejo. Os fósseis e bivalves eram apanhados nos areais das praias e trazidos para as construções de habitações.
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About Emptiness and Fullness, 1993, resíduos vegetais, papel, encáustica, cal e taça em argila, 180 × 115 cm.
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A cosmogonia estética de Maria José Oliveira josé gil
Há o tempo da obra de arte, que emana e resulta da sua fabricação, e o tempo cosmogónico, da origem e do desdobramento do universo. Se, de certo modo, a feitura da obra de arte repete a criação do mundo, então o artista retoma o gesto originário criador. Como foi possível o surgir desse gesto? Como descrevê-lo, ele que combina o fazer cósmico e o fazer artístico, integrando o último no primeiro? Foi a pensar nestas questões que Maria José Oliveira elaborou a sua estranha cosmogonia, que compreende uma estética esotérica e uma teoria do corpo. Porque a resposta àquelas interrogações centra-se no corpo. Com a passagem do tempo o corpo expõe-se, a pele seca e estilhaça-se, abre fendas e buracos que põem a nu o espaço interno. O que estava dentro vem para fora pela primeira vez, como um nascimento: a lenta desocultação do interior (vísceras, tripas, costelas, ossos, músculos) reproduz, invertendo-a, a progressão cósmica do engendramento dos seres. Corroendo as películas protectoras, as peles e coberturas que não deixam ver, a usura do tempo manifesta os mais arcaicos sedimentos da terra, os fósseis mais antigos, os artefactos dos primórdios da vida. Destruição igual manifestação. Retrogénese igual a filo e ontogénese. Longe de fazer desaparecer, a morte inicia o desvelamento mais profundo, em direcção às origens. A verdadeira revelação começa com a morte. Deve trabalhar o artista: gretando, fendendo ou tornando invisível a superfície que encobre, desfaz a formação das matérias e dos seres, como na inversão da criação cósmica. Nem a natureza nem a arte seguem uma morfogénese, mas sim o seu avesso, numa involução que vai do exterior dissolvido pelo tempo ao interior
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descoberto, da forma ao informe, do todo orgânico ao seu desmantelamento. Nada de trágico neste processo. Capta-se serenamente a erosão da forma, esta já desfeita ou em estado de vestígio. Costelas expostas, tronco engelhado como uma velha árvore (Torso), vestido de tripa apresentam-se como objectos naturais. Só que a arte vai mais longe do que a natureza, levando-a à sua última expressão, querendo refazer um corpo exterior com o corpo interior, criando uma espécie de forma do informe (Esqueleto). Inúmeros objectos de M.J. Oliveira retomam esta lógica – até os colares (e a Gola) são como tendões ou veias, segurando às vezes peças de alfaiataria abertas, em plena gestação, inacabadas; ou as ecografias, electrocardiogramas e outras sondagens do interior do corpo. A sua arte não é uma arte da formação, mas da desformação. Não se parte da forma na sua exuberância, mas de um momento de declínio e morte. Fixa-se esse momento como o de um trânsito involutivo para uma fase anterior e, paradoxalmente, atinge-se a origem. A origem é o tempo mítico em que nunca se morre. Alcança-se a imortalidade. O Macaco Miguel está na fase que precede a dos hominídeos e em que, graças à morte que fez retroceder o tempo, o corpo humano se abriu e secou em esqueleto de símio primordial, ganhando a imortalidade (a cabeça-ovo testemunha-o). O Macaco Miguel está vivo na eternidade, sentado e alerta. Por uma certa magia desta arte, recuar no tempo, trazendo à tona o interior do corpo, não significa passar simplesmente a um período cronológico anterior, mas aceder, imediata e definitivamente, à imortalidade da origem. Todas as obras de M.J. Oliveira sujeitas a este percurso situam-se no tempo originário e imortal do mito. Ao abrir o corpo, operou-se um salto: da duração empírica do exterior, mergulhou-se no interior sem tempo dos corpos. É o interior do tempo ou da morte, de que é feita a imortalidade. Para o artista, ser penetrado pelo tempo leva à morte que desvela o âmago mais escondido aonde está a origem viva, em prolongamento inverso da morte. O que visa o fazer artístico? Captar, no fundo dos corpos, a atemporalidade da morte imortal, aproveitar a imortalidade da morte para fabricar o tempo de origem do universo – que é também o tempo da origem e da eternidade do objecto de arte.
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Desse tempo vem a fonte da vida (do leite do vulcão, do elixir do vaso sagrado, do seio da morte-esqueleto. Estética e cosmogonia fundem-se. No pensamento de M.J. Oliveira, esta cosmogonia estética é uma incessante cosmagonia – mas sem pathos. Como é que se capta essa mutação do tempo em duração infinita que não dura? Na verdade, a artista não a «capta» só, mas produ-la ou melhor, capta-a produzindo-a. O seu trabalho filtra, condensa e catalisa a produção da natureza, a sua techné. Não se trata de causalidade, nem de acções mecânicas de corpos em que se vai de um a outro estado de coisas. Aqui a matéria e o trabalho que a transforma fazem parte do resultado, o processo de transformação oferece todo o sentido à obra. Dá-se uma espécie de transmutação alquímica: por isso, o fazer tem tanta importância nos objectos de M.J. Oliveira. É um fazer mágico. Há como que uma grande alquimia do cosmos a que o artista tem de obedecer para entrar no curso da criação do mundo. Dois aspectos fundamentais, a artista acentua a participação da sua arte na produção da natureza: enquanto trabalho dos materiais e enquanto o corpo e, em particular, as mãos, são os seus instrumentos privilegiados. Conhece-se o extremo cuidado, o saber e a subtileza com que M.J. Oliveira lida com os seus materiais. Não apenas na sua escolha, mas no labor com que os transforma. Muitos factores contam aqui, como a paciência, o deixar o tempo efectuar a transmutação necessária das matérias, limitando-se às vezes a afinar e contrair as operações da natureza. Encarnando-as para melhor as dirigir: urdir com o corpo a tecelagem do tempo. Aplicar com o corpo pintado manchas de tinta no suporte, preparar os elementos, lavar, queimar, untar, combinar finamente as matérias, coser, deixar repousar – desposar o trabalho artesanal do tempo. Desta osmose com o cosmos nasce a arte. O corpo torna-se um instrumento do tempo cujos ritmos pulsam nos gestos do artista-artesão. Só assim se transmite o poder da natureza à obra de arte. Um subtil devir ocorre então entre o artista e o objecto que ele trabalha: as forças do primeiro transferem-se para o segundo, enquanto deste passam àquela as texturas, as energias físicas e as reacções químicas dos materiais. Vasta operação alquímica que equivale, do lado do sujeito, a um ritual iniciático (em direcção ao saber artístico do mestre) e, do lado do objecto, a uma transmutação interna (em direcção ao ouro final).
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A troca de forças entre o artista e a matéria é intensamente afectiva: não se imagina o trabalho artístico senão num estado especial que se assemelha talvez ao transe. Todo este processo entra na criação cosmogónica: retomando o fio do tempo cósmico no tratamento dos materiais, o artista visa a eternidade da origem. Transforma assim as coisas mais triviais, colheres, facas, cordas, ovos, em objectos preciosos, altamente elegantes e auráticos – objectos sagrados. Este, porventura, constitui um dos traços mais característicos da «arte povera», muito rica, de M.J. Oliveira. O segundo aspecto diz respeito às mãos. Quem executa o trabalho artista de modo a que o objecto incorpore o máximo de forças cósmicas? A incorporação ou inscrição acontece quando as formas acabadas, na sua elaboração máxima, reencontram o fluir das forças naturais. Quando os talheres moldados pelo artista se tornam peças arqueológicas ancestrais; quando o esqueleto interior, pela força do tempo, se sedimenta e forma o corpo exterior; quando as caixas de ovos e os pentes se transformam em ouro. E são as mãos que, combinando o cérebro e o corpo no seu movimento, transmitem às matérias todas as forças; enquanto, pelo seu lado, o tempo, com as suas mãos próprias, vai esculpindo corpos e coisas. As mãos são os grandes operadores alquímicos que criam os objectos, são elas os verdadeiros artistas (During work, fotografia da mão e do braço, chama-se também «self-portrait»). Nesta estética esotérica, as forças e os seus traços importam mais do que as formas e os símbolos. As formas partem-se, abrem-se, fragmentam-se: o tempo inscreve as forças nas fracturas, nas arestas quebradas, no traçado aleatório das texturas escancaradas. É isso que conta nos objectos de M.J. Oliveira: a inscrição de forças no quase-informe das formas. Então, ao desacelerarem, cruzando-se e sobrepondo-se, precipitam-se em imagens autónomas e sobredeterminadas: os símbolos nascem. E as forças ora entram em circuitos fechados de sentido, ora bifurcam multiplamente para fora. Assim o ovo simboliza o universo, mas também o germe do mundo ou a «pedra encefálica»… e mais não sei o quê que virei talvez a saber (a construir). Não se trata de um esoterismo bem codificado, antes de focos dispersos de simbolismo exotérico… As próprias ramificações do
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segredo podem romper-se pelo humor: às vezes, M.J. Oliveira parece troçar dos símbolos e da sua gravidade esotérica (os ovos pendurados num cabide ou dentro de cartões de supermercado). Ao desposar o percurso da cosmogonia, a artista dissolve-se e perde a sua identidade egóica. Abraça o fluxo do tempo e a transformação da morte em imortalidade. A sua «história» não é a de um nome ou a de um rosto (mesmo se estes teimam em se mostrar), é a de uma substância que se transmite de pais para filhos e netos e que a artista descobre disseminada, antes e depois de si, em corpos e imagens. O busto da mãe feito pelo pai, o vestido da mãe feito pela mãe, o macaco Miguel feito pelo tempo, a ecografia do neto, tornam-se, graças ao tratamento estético da artista, pontos de origem e mutação de um fluido criador que, de morte em morte, devém imortal. Como uma força poderosa, o ADN anima e assina toda a cosmogonia estética de Maria José Oliveira.
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Maria JosĂŠ Oliveira na Charneca da Caparica. Fotografia de David Mota dos Santos.
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arqueologia
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Trincar o Pão, Engolir o Pão, 1994, massa de pão sobre tela crua, 60 × 49 cm. Pequenas bolas de massa de pão trincadas e cozidas no forno, sobre tela crua e expostas à chuva durante vários dias. Cinza, 2017, cinza de forno do padeiro Sr. António Gomes.
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Espaços Intermédios, 1980, polietileno perfurado, 98 × 115 cm.
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O que é o espaço, senão um intervalo pelo qual o pensamento desliza imaginando imagens? O pensamento da visualidade da escrita, quando ela já não é representação da fala, quando cria o seu universo próprio através de transparências em que se projecta a refracção da luz, esse é o universo dos ESPAÇOS INTERMÉDIOS que aqui se oferecem. Dar a ver esse espaço que se situa entre o que ele é e o seu interstício, eis o que nesta mostra cria leituras que são percepções, revelação de um pensamento da visualidade semelhante ao que Deleuze chamou metafísica da imaginação. Enquanto as palavras se dirigem umas às outras, as imagens, sobretudo aquelas que abrem para o mundo do espaço impalpável, aliciam a nossa sensibilidade, fatigada pelo quotidiano do óbvio. ana hatherly
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Escultura de Parede, 1990, técnica mista, 48 × 38 × 10 cm. Col. Madalena Braz Teixeira. Resíduos Vegetais, 1991, vegetais secos, fio de linho, papel, pó de mármore e óxidos, 47 × 39 cm.
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Residuos Vegetais, 1984, caules secos atados com fio de linho, resina vegetal, papel sobre tela crua, 170 Ă— 85 cm.
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Memória, 1998, tela crua com grafite, 30 × 22 cm. «Le dur désir de durer» (Paul Éluard), 2004, técnica mista sobre papel, 25 × 18 cm.
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Cerzir, 2004, papel feito à mão e linha de algodão de coser, 30 × 22 cm. Col. Catarina Maldonado e Luís Marques Pais.
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Mapa Astral, 2007, pintura com café e grafite sobre papel, 47 × 62 cm. Col. Fundação Carmona e Costa.
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Paleta, 1990, técnica mista, 57 × 45 cm. Col. Ana Isabel e Emílio Salgueiro. Feito com todos os materiais habitualmente usados pela autora.
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Sem título, 2015, desenho a x-acto e café sobre papel feito à mão, 70 × 50 cm. Col. Luís Campos.
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Sem título, 2008, desenho a x-acto e café sobre papel feito à mão, 67 × 50 cm.
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Desenho Vegetal, 1990, resíduos vegetais, papel e tinta acrílica sobre tela crua, 41 × 31 cm (cada).
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Escondido, 1995, papel com engobe e furações, c. 50 cm de altura.
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Cíclicos, 2006, desenho a x-acto sobre papel e pintura com café, 100 × 170 cm. Colecção Fundação Carmona e Costa.
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No Último Lugar de Luz ao David, à Zé e ao Manuel, com um grande abraço
Vem. Aqui é o último lugar de luz, o som é fresco, o sossego ardente. Fala e habita sob as escuras folhas. Há uma linguagem neste murmúrio longínquo do fundo do arvoredo entre minúsculas luzes. Os pássaros calaram-se. Vejo ainda os aloendros. Se adormeceres o teu sono será verde entre as hortênsias. O barco do vento passa na tranquila hora. antónio ramos rosa Junho, Charneca, 1987
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Maria José Oliveira
Nasceu em Lisboa em 1943. Vive e trabalha em Lisboa. Fez pesquisa de fornos de chão em Ribolhos, na região de Viseu, desde 1967, com Mestre Albino, um dos últimos oleiros arcaicos. Curso de cerâmica do IADE entre 1973 e 1976. Frequentou o curso de escultura do Ar.Co em 1978. Foi professora convidada do Departamento de Cerâmica do Ar.Co de 1991 a 1997. EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS 1987 Artefacto 3, Lisboa 1988 Museu Nacional do Traje, Lisboa 1989 Galeria Arcada, Estoril 1990 SNBA, Lisboa 1991 Centro Cultural de São Lourenço, Almancil 1994 Giefarte, Lisboa 1997 Galeria Trem e Arco, Faro Galeria Municipal de Faro, Faro Galeria Diferença, Lisboa 1998 Sala do Veado, Museu de História Natural, Lisboa Casa da Artes de Tavira, Tavira 1999 Dimensões – da Vida da Terra, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa 2000 Jarros – Azulejos, Objectos Cerâmicos e Desenhos, Galeria Ratton Cerâmicas, Lisboa
2001 Casa-Museu Bissaya Barreto, Coimbra Galeria Diferença, Lisboa Giefarte, Lisboa 2002 Évora-Arte, Évora Biblioteca Calouste Gulbenkian, Ponte de Sor 2003 Natureza/Cultura, Museu Almeida Moreira – Grão Vasco, Viseu Mas Onde Nós Estamos é a Luz – Primeira parte, Galeria Arte & Manifesto, Porto 2004 Mas Onde Nós Estamos é a Luz – Segunda parte, Giefarte, Lisboa 20 Para as 6, Galeria Jorge Shirley, Lisboa 2006 Analogias, Giefarte, Lisboa Cíclico, Galeria Artadentro, Faro 2007 A Geometria do Tempo, Fundação Carmona e Costa, Lisboa Intervenção artística em azulejo na estação ferroviária de Penalva (Refer), produção Ratton Cerâmicas 2008 O Corpo Contentor, Galeria Jorge Shirley, Lisboa 2010 Cone de Sombra. Linha de Luz, Sala Cinzeiro 8 – Museu da Electricidade, Lisboa 2016 Actualidade do Ovo e da Galinha. Espaço Quadrado, Galeria Diferença. Lisboa 2017 Maria José Oliveira – 40 anos de trabalho. SNBA, Lisboa
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E X P O S I Ç Õ E S C O L E C T I VA S ( s e l e c ç ã o )
1996 Art to Wear, Luxemburgo, Alemanha Art to Wear, Heidelberg, Alemanha
1982 SNBA, O Pequeno Formato, Lisboa
1997
SNBA, O Papel Como Suporte, Lisboa
1998
1983
Obras Sobre Papel, SNBA, Lisboa
1984 Artefacto 3, Lisboa 1986 Instituto Franco-Português, Lisboa Casa-Museu Álvaro de Campos, Tavira Museu Nacional do Traje, Lisboa 1988 Pintura Portuguesa em 1988, Covilhã Artefacto 3, Lisboa Bienal de Vila do Conde, Vila do Conde 1989 Ver Desenho Hoje, Galeria Municipal de Almada, Almada Galeria GU, Barcelona, Espanha Galeria Diferença, Lisboa 1990 Voz do Operário, Lisboa Traje: Objecto de Arte?, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa Joalharia Contemporânea Portuguesa, British Council, Lisboa 1991 Configura, Erfurt, Alemanha Arte Contemporânea Portuguesa, Palácio Galveias, Lisboa 1992 Galeria 1991, Lisboa 1993 Joalharia Contemporânea, Centro Cultural da Malaposta, Olival Basto Orientações, Fundação Akemi, Japão Bienal de Escultura e Desenho (Menção Honrosa), Caldas da Rainha 1994 Biombos, Giefarte, Lisboa Artes em Tempo de Sida, Centro Cultural de Belém, Lisboa Pintura Contemporânea, Mónaco 1995 Art to Wear, Dusseldorf, Alemanha Amnistia Internacional, Mitra, Lisboa
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Livro de Artista, Galeria Municipal de Alverca, Alverca Livro de Artista, Galerias Municipais de Faro, Trem e Arco, Faro Livro de Artista, SNBA, Lisboa Arte Contemporânea Portuguesa, Círculo Cultural de Meerbusch, Dusseldorf, Alemanha 3.ª Bienal de Arte AIP’98, Porto 2000 Festival de Música dos Capuchos, Almada 2001 Mote e Transfigurações, SNBA, Lisboa Festival de Música dos Capuchos, Almada 2002 100 Anos-100 Artistas, SNBA, Lisboa 2003 Galeria Diferença, Lisboa 2004 Galeria Diferença, Lisboa Centro Cultural de São Lourenço, Almancil Movimentos Perpétuos (Homenagem a Carlos Paredes), Cordoaria Nacional, Lisboa e Porto Ponto de Encontro.Vinte e Cinco Anos de Intervenção do Departamento de Joalharia do Ar.Co, CAMJAP, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa Arte Lisboa’04, Stand de Galeria Jorge Shirley, Lisboa 2005 Birdinvest, Bélgica ARCO’05, Stand da Galeria Jorge Shirley, Madrid, Espanha Arte Lisboa’05, Stand da Galeria Jorge Shirley, Lisboa Sete a Sota, Casa das Artes de Tavira, Tavira 2006 ARCO’06, Stand da Galeria Jorge Shirley, Madrid, Espanha Cáceres’06, Stand da Galeria Jorge Shirley, Madrid, Espanha Arte Lisboa’06, Stand da Galeria Jorge Shirley, Lisboa Galeria Diferença, Lisboa
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2007 ARCO’07, Stand da Galeria Jorge Shirley, Madrid, Espanha 2008 Galeria Diferença, Lisboa O Puzzle Colectivo, Galeria Ratton Cerâmicas, Lisboa Representações do Corpo na Ciência e na Arte, Pavilhão do Conhecimento – Ciência Viva, Lisboa 2009 Galeria Diferença, Lisboa 2010 Livros de Artistas, Galeria Diferença, Lisboa Livro, Gravura, Azulejo. Espaços Intermédios, Galeria Ratton Cerâmicas, Lisboa 2011 Galeria Diferença, Lisboa Corpo IMAGEM. Representações do Corpo na Ciência e na Arte, Pavilhão do Conhecimento – Ciência Viva, Lisboa Da Discussão Nasce a Luz – Escultura na Colecção de Arte Fundação EDP, Convento de Santo António, Loulé, Faro Radiação – Edição 1 2011. Título: Água 3.47, RUA FM (Rádio Universitária do Algarve)
2012 Galeria Diferença, Lisboa Colecção de Arte Contemporânea da Portugal Telecom, Museu Municipal de Tavira, Palácio da Galeria, Tavira Presenças: Obras da Colecção de Arte Fundação EDP, Museu Municipal Amadeo de Sousa Cardoso, Amarante Até as Árvores São Sonhos. Galeria Reverso, Lisboa 2016 Mater Dei, Igreja da Conceição Velha, Lisboa 2017 Mater Dei, Santuário de Fátima, Fátima COLECÇÕES Colecção Companhia de Seguros Mundial Confiança Conselharia de Cultura da Extremadura, Espanha Fundação Carmona e Costa Fundação EDP Fundação PT
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AGRADECIMENTOS Este espaço longo da SNBA lembra um barco. Transportou e transformou estes meus «40 Anos de Trabalho». Maria da Graça Carmona e Costa, querida «fada-madrinha», como timoneira. Manuel Costa Cabral, curador desta viagem, em «arcanjo Manuel», dirigindo-a com sábia e calma sabedoria. A equipa de montagem e produção, formada por grandes profissionais, passaram assim à categoria de «anjos». A montagem resultou num ambiente de saber, silêncio e luz; perturbadora e exigente. Textos críticos abrangentes aumentam as variadas zonas do conhecimento, reforçando o diverso conteúdo. Manuel Rosa dirigiu, compilou e deu forma a múltiplas experiências, num objecto de memória inestimável chamado Livro. Agradeço a todos com gratidão e reconhecimento. Maria José Oliveira Lisboa, 3 de Maio de 2017
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EXPOSIÇÃO
C AT Á L O G O
Curadoria Manuel Costa Cabral
© 2017 Fundação Carmona e Costa © Sistema Solar (Documenta) © das fotografias e dos textos: os Autores
Produção Dinorah Lucas Pedro Valdez Cardoso Teresa Costa Cabral Equipa de montagem Edgar Massul Ivan Tito Fontes Paulo Óscar Gonçalves Thierry Simões Apoio técnico Sociedade Nacional de Belas-Artes Comunicação Fundação Carmona e Costa Sociedade Nacional de Belas-Artes A Autora e a Fundação Carmona e Costa agradecem a todas as entidades e coleccionadores que emprestaram as suas obras para esta exposição
ISBN: 978-989-8834-72-0 Fundação Carmona e Costa Edifício Soeiro Pereira Gomes (antigo edifício da Bolsa Nova de Lisboa) Rua Soeiro Pereira Gomes, Lte 1 - 6.º D 1600-196 Lisboa DOCUMENTA Sistema Solar, Cooperativa Editora e Livreira Crl. Rua Passos Manuel, 67 B 1150-258 Lisboa Concepção Manuel Costa Cabral Manuel Rosa Maria José Oliveira Fotografia Carlota Costa Cabral Depósito legal: 427315/17 Pré-impressão, impressão e acabamento Gráfica Maiadouro SA Rua Padre Luís Campos, 586 e 686 – Vermoim 4471-909 Maia
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