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FOTOBIOGRAFIA | PHOTOBIOGRAPHY | PHOTOBIOGRAPHIE 2.ª edição, aumentada | 2nd edition, enlarged | 2e édition, augmentée
textos | texts | textes
Catarina Alfaro Helena de Freitas Leonor de Oliveira
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D O C U M E N TA
C AT Á LO G O R A I S O N N É
AMADEO DE SOUZA-CARDOSO
AMADEO DE SOUZA-CARDOSO F OTO B I O G R A F I A
C AT Á LO G O R A I S O N N É
C AT Á L O G O R A I S O N N É
FOTOBIOGRAFIA
PINTURA
AMADEO DE SOUZA-CARDOSO PINTURA
C AT Á LO G O R A I S O N N É
C AT Á L O G O R A I S O N N É
PINTURA
AMADEO DE SOUZA-CARDOSO PINTURA
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AMADEO DE SOUZA-CARDOSO 1887-1918 FOTOBIOGRAFIA | PHOTOBIOGRAPHY | PHOTOBIOGRAPHIE
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C AT Á L O G O R A I S O N N É
FOTOBIOGRAFIA
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Catarina Alfaro Helena de Freitas Leonor de Oliveira
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Os fundos documentais mais referenciados surgem com as seguintes abreviaturas: Espólio Amadeo de Souza-Cardoso da Colecção da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian: Espólio ASC-BA Colecção do Centro de Arte Moderna, Fundação Calouste Gulbenkian: CAM-FCG Espólio Paulo Ferreira disponibilizado pela viúva Margarida Ferreira: Espólio M.F.
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO Teresa Patrício Gouveia
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ENTRADA Helena de Freitas
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FOTOBIOGRAFIA Catarina Alfaro 1887-1904 1905 1906 1907 1908 1909 1910 1911 1912 1913 1914 1915 1916 1917 1918 NOTAS
19 35 41 53 75 99 113 137 147 175 195 217 229 257 271 281
BIBLIOGRAFIA Leonor de Oliveira
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PHOTOBIOGRAPHY PHOTOBIOGRAPHIE
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A P R E S E NTA ÇÃ O
A
obra de Amadeo de Souza-Cardoso e a Fundação Calouste Gulbenkian mantêm entre si uma ligação inseparável. O Centro de Arte Moderna possui na verdade a maior e mais significativa colecção de obras deste artista, e recebeu, em 1987, o seu valioso espólio documental proveniente da doação de Lucie de Sousa Cardoso, e hoje incorporado na Biblioteca de Arte. A inauguração do próprio Centro, no dia 26 de Julho de 1983, abriu com a mostra Amadeo de Souza-Cardoso, o pioneiro da arte moderna Portuguesa. A Fundação Calouste Gulbenkian, consciente da responsabilidade associada a este Património e ao seu valor simbólico, tem assumido desde sempre um papel central na divulgação da obra deste artista, quer em Portugal quer no estrangeiro. A edição em fac-simile do livro manuscrito e ilustrado pelo artista La Légende de Saint Julien L’Hospitalier, a partir do texto de Gustave Flaubert, e a exposição Diálogo de Vanguardas, constituíram-se muito recentemente como acontecimentos emblemáticos, no ano da celebração do Cinquentenário da Fundação (2006), abrindo novos caminhos ao reconhecimento internacional do artista. Na continuidade deste conjunto de iniciativas, a Fundação Calouste Gulbenkian apresenta agora a Fotobiografia de Amadeo de Souza-Cardoso, primeiro volume do catálogo raisonné, que será concluído até ao final de 2008, com a edição de mais dois volumes dedicados, respectivamente, à Pintura e ao Desenho. O trabalho de pesquisa exaustivo, baseado no estudo do espólio do artista e na consulta de muitos outros fundos documentais, em Portugal e no estrangeiro, permitiu a actualização dos seus dados biográficos e um avanço significativo na requalificação do percurso artístico do Pintor, contribui, assim, para uma maior compreensão e divulgação da obra de Amadeo de Souza-Cardoso. Te re sa Patrí cio Gou veia Ad mi nis tra do ra, Fundação Calouste Gulbenkian
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E NT R A DA
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ealizar um trabalho biográfico é estar perigosamente perto da vida de alguém. E essa aproximação pode ser tanto mais perigosa quanto o biografado esteja distante ou irremediavelmente ausente. Amadeo de Souza-Cardoso desapareceu quase há um século, depois de uma curtíssima e intensa vida (1887-1918). O silêncio caiu implacável sobre a sua morte e todos sabemos como foi tardio e fragmentário o resgate da sua memória. A organização de uma fotobiografia com rigor historiográfico obriga a uma metodologia exaustiva que atravessa mesmo sem querer os territórios do íntimo e do privado. São muitos os momentos em que somos surpreendidos pela incomodidade de um sentimento intrusivo ou que nos sentimos a terceira pessoa de um diálogo a dois. Consultada e analisada a vastíssima documentação dos variados fundos documentais, o trabalho foi desenvolvido na tentativa de construir uma distância lúcida sobre essa excessiva proximidade. Esta biografia afasta-se intencionalmente de um modelo ficcional ou mesmo interpretativo. A sua autora, Catarina Alfaro demarcou-se com disciplina desses caminhos e resistiu, tanto quanto possível, a qualquer inclinação literária, sentimental ou derivativa, deixando aos leitores uma escrita limpa e precisa, baseada em factos documentáveis e referenciados. O texto apresenta-se na sua exaustividade informativa, com uma estrutura simplificada (sempre que possível acompanhado de documentação relacionada), verdadeiro instrumento de consulta capaz de fornecer pistas de investigação para que noutros contextos o trabalho historiográfico possa progredir. Funcionando como uma «base de dados» actualizada sobre os conhecimentos disponíveis do artista, é nessa perspectiva, mais um trabalho de abertura que de fecho. A pesquisa biográfica foi iniciada enquanto suporte natural do trabalho de investigação de obras, com vista à realização do catálogo raisonné. A enumeração de todos os dados da sua vida foi crescendo à medida que também cresciam e se organizavam (e reorganizavam) os núcleos de imagens dos trabalhos recenseados. E de tal modo foi fundamental esse trabalho paralelo e comparativo que se assumiu apresentar a Fotobiografia como primeiro volume do referido catálogo. A estrutura formal desse esqueleto informativo evoluiu, mas
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foi conservada na sua matriz, para que esta biografia pudesse constituir-se não apenas como um livro autónomo mas também directamente articulável com os conteúdos do raisonné. A sua organização gráfica e científica possibilita vários níveis de leitura, múltiplas modalidades de aproximação, mais ou menos exigentes, mais ou menos rápidas. O texto e a imagem interagem preferencialmente, muito embora possam também ter leituras autónomas. A selecção rigorosa de documentos visuais e escritos foi feita em função do objectivo definido de traçar um mapa do seu percurso artístico. É a vida de Amadeo enquanto artista que nos motiva. Daí também a sinalização da complexidade desse percurso artístico através de uma restrita mas demonstrativa escolha de trabalhos ao longo dos anos. E também a reprodução de uma obra em cada uma das exposições mais relevantes em que participou. Foram muitos os documentos não reproduzidos, alguns já anteriormente publicados, outros dirigidos a temas que se assumiram como mais secundários, como por exemplo os pormenores da sua vida pessoal e familiar. É na Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian que actualmente se encontra o espólio mais importante do artista, proveniente da doação de Lucie de Sousa Cardoso ao Centro de Arte Moderna. Nele podemos encontrar classificado um vastíssimo espólio documental composto por material epistolar (com destaque para as cartas de Amadeo a Lucie) fotografias do artista, seus familiares e amigos, agendas, livros e muitos outros documentos avulsos. O projecto de realização da Fotobiografia impôs-se naturalmente no momento em que houve a percepção clara do potencial revelador deste espólio. Vários fundos documentais foram consultados e estudados1, tendo sido fundamental a disponibilização dos arquivos privados da família Sousa Cardoso. O acesso à correspondência inédita do artista com a mãe, intensa, emotiva e indiciadora de uma profunda cumplicidade espiritual, alarga o campo interpretativo sobre a personalidade e o perfil psicológico do artista. Foi nesse sentido a opção de reproduzir na íntegra algumas dessas cartas. A pesquisa em arquivos internacionais permitiu um avanço significativo no reconhecimento das relações do artista com o mundo, material informativo que foi determinante para alicerçar o projecto da exposição Diálogo de Vanguardas (Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2006). Um dos aspectos mais gratificantes desta pesquisa foi o esclarecimento de algumas etapas do seu percurso expositivo, a apresentação sistemática das obras expostas e o alargamento informativo e crítico sobre algumas das suas mais importantes presen-
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A discriminação destes fundos documentais está referenciada na Bibliografia.
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ças internacionais, como o Armory Show nos EUA ou o Erster Deutscher Herbstsalon em Berlim (1913). Sobre a sua presença no London Salon of the Allied Artist’s Association (1914) e depois de alguns avanços e recuos historiográficos, apresenta-se definitivamente a informação baseada na prova documental deste facto2. A rede de amizades que ligou Amadeo a Otto Freundlich e este a Wilhelm Niemeyer e a correspondência e documentação localizadas, foram essenciais para clarificar a sua passagem artística pela Alemanha, requalificá-la e aprofundar a compreensão da sua obra a partir de 1913. Amadeo refere essas presenças expositivas — Berlim, Colónia, Munique, Hamburgo — mas a verdade é que para além da sua participação no referido Primeiro Salão de Outono, na galeria Der Sturm , em Berlim (1913), nada mais se sabia. O texto biográfico desenvolve em pormenor todos os detalhes relacionados com estas exposições, com especial destaque para Hamburgo. Novos dados são avançados relativos a Colónia e ainda ao desejo do artista participar num Salão em Leipzig. Fica por esclarecer a sua passagem por Munique, já que a investigação realizada nesta cidade não permitiu localizar qualquer pista. Todavia numa car ta inédita a Walter Pach, o artista ao relatar as suas impressões sobre a sua primeira exposição no Porto (1916), aponta para a existência de vários catálogos, incluindo os de Munique e de Hamburgo. Mapeando o seu itinerário expositivo, Amadeo refere em entrevista a cidade de Moscovo. Sobre este local ficam ainda por apurar dados concretos, sendo que num balanço crítico, Frederick James Gregg (Publicity man do Armory Show), o apresenta como um artista de sucesso em Moscovo e Berlim. A confirmação da notoriedade do seu percurso internacional, passa também pela correspondência trocada com alguns dos artistas e protagonistas do meio com quem manteve fortes relações de amizade, como Modigliani, Otto Freundlich, Walter Pach e Brancusi. No caso do escultor romeno, para além dos postais inéditos localizados, encontraram-se várias referências que evidenciam um convívio muito próximo, nomeadamente o testemunho do amigo comum Otto Freundlich. As desordenadas agendas de Amadeo também nos fornecem pistas importantes sobre a poderosa rede de contactos que estava a construir e a eficaz metodologia da sua utilização. A consulta de algumas dessas páginas sinalizam-nos alguns dos momentos fulcrais da afirmação da sua identidade autoral, gerida com invulgar lucidez e sabedoria.
2 Não foi possível obter autorização de reprodução da página do catálogo desta exposição, mas surgem em lista as obras de Amadeo aí expostas.
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A Fotobiografia de Amadeo de Souza-Cardoso apresenta-se na forma de uma malha organizada entre texto e imagem. A multiplicidade de documentos e fotografias reproduzidos permite contextualizar a sua vida artística, fixar o seu rosto em sucessivas poses, cristalizar alguns dos seus pensamentos na grafia das cartas. Sabemos como Amadeo não se deixa aprisionar nesta rede. O artista não tem um discurso regular, desloca-se com destreza entre vários registos, na vida como na obra. Percebe-se na diversidade da pose, (entre o provinciano e o cosmopolita), no estilo versátil da escrita, na letra instável, no desconcertante traçado das assinaturas. Parte tudo isto de um sentido de velocidade que lhe percorre a vida e a obra, de um destino que tem que cumprir. He le na de Frei tas
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1. (p. 18) Amadeo em criança [s.d.]. Espólio ASC-BA: ASC 01/03. 2. Amadeo em criança [s.d.]. Espólio ASC-BA: ASC 01/01. 3. Certidão de baptismo de Amadeo. Mancelos, 23 de Setembro de 1905. Baptizado no dia 16 de Novembro de 1887. Espólio M.F.
A
madeu Ferreira de Sousa Cardoso nasce no dia 14 de Novembro, às 2.30h, em Manhufe, na paróquia de Mancelos, concelho de Amarante. Filho do casal José Emídio de Sousa Cardoso, reconhecido produtor vinícola, e Emília Cândida Ferreira Cardoso. Estuda no Liceu Nacional de Amarante onde completa o exame da quarta classe do Curso Geral dos Liceus, como aluno interno, no dia 16 de Julho de 1901. Prossegue os seus estudos em Coimbra1. Já em 1902 outros documentos, como um conjunto de postais endereçados à sua irmã Helena Sousa Cardoso, confirmam a passagem de Amadeo por esta cidade. A relação de cumplicidade epistolar entre os dois irmãos vai manter-se ao longo dos anos.
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4. Amadeo e o seu irmão António. Manhufe [s.d.]. Espólio ASC-BA: ASC 02/28. 5. Família Sousa Cardoso [s.d.]. Amadeo, seus pais, o tio Chico, o tio Joaquim, a tia Joaquina, suas irmãs (Helena, Alice e Aurélia), os irmãos (Alberto e António), os primos (Fernando, Sara, Adelina, Francisco) e amigos. Espólio de ASC-BA: ASC 02/41.
6. Reprodução de um postal do Vinho Verde Especial Amarantino, Quinta de Manhufe — Amarante [s.d.]. Espólio ASC-BA: ASC 08/02. 7. Pais de Amadeo. Manhufe [s.d.]. Espólio de ASC-BA: ASC 02/27.
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8., 9., 10., 11. Livros escolares de Amadeo intervencionados graficamente pelo próprio [s.d.]. Espólio da Família Sousa Cardoso. 12. Livro de alemão. Espólio da Família Sousa Cardoso.
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13. Amadeo com familiares. Vizela [1904]. Espólio ASC-BA: ASC 02/31. 14. e 15. Camisaria Confiança. Porto [s.d.]. Centro Português de Fotografia, 15.
Espólio Aurélio Pais dos Reis. APR4938; APR4939.
Durante o ano de 1903 Amadeo trabalha na Camisaria Confiança um reconhecido estabelecimento comercial situado no n.º 181 da Rua de Santa Catarina (Porto) que pertencia a um primo e padrinho seu, Albano Lopes Cardoso2. Vive entre a quinta de Manhufe e a praia de Espinho, onde passa os verões numa casa de família situada na Avenida 8, n.º 66, perto da Estação. A praia da Granja, perto de Espinho, era também um dos locais de eleição da aristocracia e de intelectuais que aí se reuniam para assistirem a um programa de concertos variado, contando com interpretações de obras de Beethoven, Dvoˇrák, J. Strauss, Chopin,
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16. Vista da estação de comboio de Espinho, com o Café Chinez e o Casino Peninsular à esquerda. Espinho [s.d.]. Espólio ASC-BA: ASC 08/08. 17. Casino Peninsular. Espinho [s.d.]. Espólio ASC-BA: ASC 08/09.
18. Bilhete-postal da Quinta de Manhufe. Manhufe [s.d.]. Espólio ASC-BA: ASC 25/06. 19. Quinta de Manhufe. Manhufe [s.d.]. 17.
Espólio ASC-BA: ASC 08/01.
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20. Esplanada do Café Chinez. Espinho [s.d]. Centro Português de Fotografia, Espólio Aurélio Pais dos Reis: APR4763.
21. Teixeira de Pascoaes [s.d.]. Espólio Casa de Pascoaes.
22. Manuel Laranjeira [s.d.]. Espólio M.F. 23. Esplanada do Café Chinez. Espinho [s.d.]. Centro Português de Fotografia, Espólio Aurélio Pais dos Reis: APR4778
24. Interior do Café Chinez. Espinho [s.d.]. Centro Português de Fotografia, Espólio Aurélio Pais dos Reis: APR4777.
25. Amadeo com Manuel Laranjeira, Ramiro Mourão e Eurico Pousada (?) [Espinho, 1908]. Espólio ASC-BA: ASC 03/15.
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26. Amadeo com um amigo do grupo de Manuel Laranjeira [Eurico Pousada (?)] [Espinho, s.d.] Espólio ASC-BA: ASC 03/07.
27. Amadeo. Espinho, Phot. Evaristo [1902]. Espólio ASC-BA: ASC 01/04.
28. Pedro Blanco. Porto [s.d.]. Com dedicatória a Amadeo, 5 de Novembro de 1906. Espólio ASC-BA: ASC 13/07.
Liszt. Destaca-se o concerto da jovem violoncelista Guilhermina Suggia no dia 27 de Agosto de 1904. Durante essas estadas torna-se amigo de Manuel Laranjeira, médico, poeta e ensaísta, com quem se irá reunir sempre que visita Espinho, durante as férias do Verão. Esta relação de amizade, que terá começado quando Amadeo tinha 17 anos, está documentada na vasta correspondência que mantêm até ao ano da morte de Manuel Laranjeira, em 19123. Amadeo define-o como «um tipo de extraordinária elevação, alma artística de um misticismo antigo»4. Será determinante para uma aproximação do jovem artista a um restrito círculo literário e artístico português do norte, que se encontrava no Café Chinez, em Espinho5, e também certamente no Porto, onde se destacam Teixeira de Pascoaes, João de Barros, António Carneiro Ramiro Mourão, Pedro Blanco (compositor, pianista), Miguel de Unamuno e Augusto Santo (escultor).
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1. (p. 216) Amadeo. Manhufe [s.d.]. Espólio ASC-BA: ASC 01/22. 2. Amadeo a cavalo [Manhufe, s.d.]. Espólio ASC-BA: ASC 01/47. 3. Boneca regional. Espólio de Amadeo de Souza-Cardoso. Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
I
nstalado com Lucie no atelier da Casa do Ribeiro1, que seu pai mandara construir em 1910, Amadeo ocupa o tempo entre a pintura, a caça e os passeios a cavalo nas suas montanhas. O cenário da guerra, responsável pelo isolamento de Amadeo em Manhufe, alterou também por completo a vida (artística) dos seus companheiros de Paris: Apollinaire foi gravemente ferido; Blaise Cendrars perdeu o braço direito em combate; Modigliani foi rejeitado pelo exército devido à sua debilidade física; Robert e Sonia Delaunay viajam para Madrid, acabando por se fixar em Vila do Conde (na Villa Simultanée), depois de uma breve passagem por Lisboa, onde conhecem um grupo de jovens artistas portugueses constituído por Almada Negreiros, Eduardo Viana e José Pacheco. Fascinado com a luz de Portugal, desenvolvendo projectos artísticos atentos à luz e exploratórios dos aspectos plásticos e culturais locais (os mercados, a cerâmica, as bonecas
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4. Eduardo Viana (1881-1967), La petite [s.d]. Óleo, cera pigmentada e colagens sobre tela. Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. Inv.: 69P38.
5. Mulher decepada Brisement de la grâce croisée de violence nouvelle [c. 1914-1915]. Aguarela sobre papel. Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. Inv.: 92DP1109.
e os tecidos tradicionais), o casal Delaunay vai tornar-se um importante pólo de atracção para os artistas que integrarão a Corporation Nouvelle: Amadeo, Almada Negreiros, José Pacheco, Eduardo Viana e Baranoff-Rossiné, pintor russo que vivia em Paris. A eles se juntarão mais tarde os poetas Guillaume Apollinaire e Blaise Cendrars. Este grupo organizava exposições itinerantes e pretendia editar álbuns artísticos, executados a pochoir 2, acompanhados de poemas. Amadeo revela um grande entusiasmo pela action artistique dos Delaunay em Portugal e em Espanha: cela m’intéresse vivement, c’est une chose qui me touche de près, sobretudo no que respeita a projectos de exposições: Expositions Mouvantes da Corporation Nouvelle, exposições colectivas, com os Delaunay. A preparação dos álbuns, a inexistência de materiais artísticos (as cores pretendidas3) no mercado português, os problemas suscitados pela execução das pochoirs e o seu envio ocupavam um lugar de grande destaque na correspondência tro-
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6., 7. e 8. Lucie. Manhufe [1915]. Fotografias de Amadeo (?). Espรณlio ASC-BA: ASC 05/15, ASC 05/17 e ASC 05/10.
9. Lucie e Amadeo. Manhufe [1915]. Fotografia de Amadeo (?). Espรณlio ASC-BA: ASC 02/18.
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10. Robert e Sonia Delaunay com o seu filho em Vila do Conde, 1915. Fotógrafo anónimo. Fotografia Fundação Calouste Gulbenkian. Copyright Quote: © L&M Services B.V. the Hague 20070711.
cada com os Delaunay entre Junho de 1915 e Agosto de 1916. Para Amadeo, que durante este período prosseguia fervorosamente uma pesquisa pessoal, a sua colaboração no álbum representava um esforço de solidariedade amigável4. De facto, Amadeo não se interessava por desenvolver esta técnica, declarando mesmo que je n’ai aucun entraînement aux pochoirs […] je n’aime pas du tout ce travail que me rend esclave.5 No entanto, era-lhe suportável puisque la Corporation exige […]6, e a possibilidade de expor fora de Portugal interessava-lhe7: Barcelone pour cet automne, et aussi pour l’hiver. Ici, impossible, même compromettant, n’importe quelle action. Ah! Mais dites-moi, qu’est-ce qu’il fera le marchand Dalman? Il doit faire quelque chose! A sua preferência técnica era o óleo, e declara-se absolutamente medíocre8 na utilização do guache, da cera e do pochoir. Para além do álbum que acompanha as Expositions Mouvantes, Amadeo projecta realizar com Sonia Delaunay9 um livro10, seguindo provavelmente o modelo de La Prose du
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11.
11. Lucie e os pais de Amadeo. Quinta de Manhufe [1915]. Espólio ASC-BA: ASC 05/80.
Transsibérien, o primeiro livro simultâneo concebido em 1913 por Blaise Cendrars e a artista russa11. Vendredi, 11 Juin 1915, […] Cet album dont vous avez eu l’idée ne remplace pas le livre dont je vous ai parlé en projet. Le livre, nous le ferons plus tard; nous pouvons faire une chose unique, mais il nous faut toutes les facilités d’action communicative. Durante este ano, Amadeo visita pelo menos duas vezes La Simultanée12 uma vez que a 13 de Setembro e a 24 de Outubro de 1915 lhes escreve para agradecer a charmante hospitalité. No final do ano, o seu isolamento forçado parece-lhe insuportável. Informa Robert Delaunay que tenciona partir para Paris em Janeiro13, e que teve novidades de Solá e de Picasso: J’en ai assez de la vie à la campagne. L’hiver est sinistre. J’irai à Paris en janvier. J’ai des nouvelles de Solá et de Picasso. Celui-ci travaille, malgré qu’il dise le contraire. Je travaille aussi, mais j’en ai trop de la vie aux champs.
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12.
12. Oceano
vermelhão azul AZUL (continuidades simbólicas) Rouge Bleu Vert Aguarela sobre papel.
cabeça
Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. Inv.: 77DP358.
13. Amadeo com a avó materna e Lucie Manhufe [1915]. Espólio ASC-BA: ASC 02/22.
Várias cartas dirigidas aos Delaunay apontam para uma intensa actividade artística: Je travaille toujours vertigineusement14; Je travaillais comme un animal 15. Apesar da sua rejeição inicial à utilização do pochoir, Amadeo começa a incorporá-lo nas obras a óleo para executar a sua assinatura. Utiliza-o também, para além dos exercícios destinados aos álbuns que acompanhariam as Expositions Mouvantes, em obras executadas a guache/aguarela, de vocabulário mais expressionista (cabeças) ou cubista (violas). Surge a revista Orpheu, onde colaboraram várias personagens que marcaram o modernismo português.
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13.
PINTURA
AMADEO DE SOUZA-CARDOSO PINTURA
C AT Á LO G O R A I S O N N É
C AT Á L O G O R A I S O N N É
PINTURA
AMADEO DE SOUZA-CARDOSO PINTURA
C AT Á LO G O R A I S O N N É
C AT Á L O G O R A I S O N N É
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Catarina Alfaro Helena de Freitas Leonor de Oliveira
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D O C U M E N TA
C AT Á LO G O R A I S O N N É
AMADEO DE SOUZA-CARDOSO
AMADEO DE SOUZA-CARDOSO F OTO B I O G R A F I A
C AT Á LO G O R A I S O N N É
C AT Á L O G O R A I S O N N É
FOTOBIOGRAFIA