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BABILÓNIA
René Crevel
Aníbal Fernandes
BABILÓNIACreveltraduçãoeapresentação
René
T ÍTULO DO ORIGINAL: BABYLONE © SISTEMA SOLAR CRL
ESTE LIVRO FOI IMPRESSO NA ULZAMA
ISBN 978-989-568-045-0
NA CAPA: UMA GRAVURA DE MAX ERNST
REVISÃO: DIOGO FERREIRA
RUA PASSOS MANUEL 67B, 1150-258 LISBOA tradução © ANÍBAL FERNANDES
1.ª EDIÇÃO, AGOSTO DE 2022
DEPÓSITO LEGAL 504384/22
Era bonito e simpático; era surrealista, comunista, homossexual, opiómano e tuberculoso. Na madrugada de 18 de Junho de 1935, apenas com trinta e cinco anos de idade, suicidou-se.
Breton, fomentando divisões no seu grupo, quis o Surrealismo integrado de pleno direito no Comunismo. Houve deserções que
Comecemos pelo Surrealismo, onde o encanto pessoal de Crevel desculpou perante o seu papa, o André Breton homofóbico e machista, o incómodo da sua não disfarçada homossexualidade; onde o Crevel-romancista enfrentou com desenvoltura «a proibição» de Breton, que expulsava da prática surrealista qualquer veleidade de se escrever um romance que cumprisse as características centrais e clássicas deste género de literatura.
Costumava dizer: Na nossa família suicidamo-nos muito. Esta frase, tocada por um exagero e uma vocação para se exprimir com humor-negro, chegava-lhe essencialmente de um momento cruel da sua adolescência, encenado com grande frieza por Madame Blok, a sua mãe, que ao som das nove badaladas do relógio caseiro o chamou para ver o seu pai, o mais querido dos homens, enforcado.Sepode associar-se um conjunto de más circunstâncias ao desespero implícito no seu acto, temos também de levar em conta outros e piores malefícios; os de uma sensibilidade excessivamente emotiva, os de uma entrega dramática às causas que ele elegia como paixões maiores da sua vida.
argumentavam a incompatibilidade de um movimento de estéti ca amplamente cultural com posições políticas; e também houve, do outro lado, o franzir de sobrolho de um Partido que enfrentava mal aquela vocação traquinas de escândalo público, aquela hostilização em espectáculo dos valores bem comportados da sociedade burguesa, a querer meter-se na política sem sorrisos que a Rússia soviética associava ao bem-estar do seu disciplinado povo trabalhador.Inquieto com uma possível aceitação dos surrealistas no partido comunista francês, Moscovo encarregou o escritor Ilya Ehrenburg, representante dos Izvestia em Paris, de travar qualquer hipótese de uma adesão formal. E na noite do 14 de Junho de 1935, no bulevar Montparnasse, houve o fatal encontro Breton-Ehrenburg. O escritor russo já tinha falado publicamente sobre os surrealistas e emitido esta opinião ofensiva: «Os surrealistas querem estar ligados a Hegel, Marx e à Revolução, mas aquilo que recusam é trabalhar. Têm as suas ocupações. Estudam, por exemplo, a pederastia e os sonhos… E começaram a fazê-lo com palavras obscenas. Os menos lúcidos confessam que o seu programa é beijar raparigas. Mas os peritos no assunto compreendem que isso não os leva longe. Para eles, as mulheres são conformismo. Põem em des taque outro programa: o onanismo, a pederastia, o feiticismo, o exibicionismo e até a sodomia.» Irritado, Breton aproximou-se de Ehrenburg.—Senhor, venho ajustar contas consigo.
— BretonQuem?repetiu várias vezes o seu nome, acompanhando-o com uma bofetada, a punição endémica no seu Movimento. Depois
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— Sou o André Breton.
— Quem é o senhor?
dele, foi a vez de Benjamin Péret ajustar contas com o mesmo gesto punitivo. O esbofeteado, que não alinhou na mesma linguagem física, depois da correcção declarou:
Crevel era dos que achava importante os surrealistas estarem presentes no Congresso do Partido Comunista francês, e que Breton fizesse lá uma alocução. Foi visto a estabelecer contactos, com o objectivo de conseguir uma reconciliação entre Breton e Ehrenburg. Mal sucedido, no meio de palavras mais ásperas cortou relações com Breton. Salvador Dali escreveu no seu prefácio ao ro mance de Crevel A Morte Difícil: «O mais terrível drama foi o seu imediato desentendimento com Breton. Crevel, com lágrimas infantis, veio ter comigo para o contar. Não o desencorajei a abandonar a via comunista. […] René saiu dali acabrunhado.»
No dia seguinte (embora não seja possível, como tantas vezes tem sido feito, estabelecer uma ligação indesmentível entre factos), Crevel foi encontrado inanimado e conduzido ao hospital. Sabe-se que o informaram sobre a sua má situação clínica, por lhe ter sido diagnosticada uma tuberculose renal. E nessa noite também ficou, a acrescentar-se a esta má notícia, definitivamente afastada a hipótese de o Partido Comunista Francês admitir a intervenção surrealista de Breton no seu congresso.
— Foi um erro fazerem isto.
Quando chegou ao seu apartamento, Crevel escreveu uma carta a Tota de Cuevas de Vera, a condessa apaixonada por Buñuel e sua amiga, onde há desespero mas nenhum esclarecimento directo sobre o acto que a seguir vai levar a cabo. E também rabiscou num papel, que prendeu com um alfinete ao seu casaco: Prière de m’incinérer. Dégoût. (Pede-se o favor de me incinera rem. Fastio.) A seguir cumpriu à letra o que tinha escrito em 1924 em Détours, o seu primeiro romance: Uma tisana no fogão a
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1 Em francês, o verbo crever (com um som próximo de Crevel) é uma forma popu lar de «morrer» e rené significa «renascido».
Voltemos a Salvador Dali para transcrever frases que antecedem, num tom muito adequado, este Babilónia, romance surrea lista: «Já observastes, com certeza, a cara retorcida de uma voluta de feto, como a de um mau anjo surdo e beethoveniano! Se ainda não pensastes nisto, fazei-o com atenção e tereis uma ideia exacta daquilo com que pode parecer-se o rosto protuberante do bebé retardado deste caro René Crevel. Nesses dias ele representava para mim o mais vivo símbolo da embriologia, embora hoje também se tenha transformado aos meus olhos no exemplo perfeito desta muito nova ciência intitulada fenixologia, da qual vos falarei se tiverdes paciência para me ler. É provável que ainda não saibais nada a seu respeito. A nós, vivos, a fenixologia ensina-nos as melhores hipóteses de sermos imortais no decurso desta vida terrestre, e isto se dermos graças às nossas possibilidades secretas de reencontrar o nos so estado embrionário e poder assim renascer realmente, para sempre, das nossas próprias cinzas como a Fénix, a ave mítica com um nome que serviu para baptizar esta nova ciência que se pretende particular entre as mais particulares da nossa época.
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«Nunca houve ninguém que tivesse tantas vezes “ crevé ”, ninguém que tivesse tantas vezes “ rené” 1 para a vida como o nosso René Crevel. A sua existência passava-se em constantes
gás, a janela bem fechada, abro o bico do fogão, esqueço-me de acender o fósforo. «O suicídio é uma solução?», tinha-se pergun tado alguns anos antes na Révolution surréaliste n.º 2. Resposta de Crevel: A mais justa e verosímil, e a mais definitiva das soluções. Em Entretiens, Breton virá a dizer: «É bem certo que o gesto de desespero de Crevel só pode ter sido superdeterminado e que ele, desde há muito, admitia para isto outras causas latentes.»
“idas para” e “vindas de” casas de saúde. Ia para lá crevé, para reaparecer rené, florescente, novo, luzidio e eufórico como um bebé. Mas durava pouco. O frenesi da autodestruição recuperava-o e recomeçava depressa a angustiar-se, a fumar ópio, a bater-se contra insolúveis problemas ideológicos, morais, estéticos e sentimentais, entregando-se sem medida à insónia e às lágrimas até, com tudo isto, crever. Olhava-se nessa altura como um obcecado em todos os espelhos que havia para os maníacos-impulsivos do Paris deprimente desses tempos, e sempre a repetir: “Tenho o ar de um crevé, tenho uma cara de crevé”, até chegar a confessar, completamente esgotado, a alguns íntimos: “Prefiro crever do que continuar a viver assim mais um dia.” Mandavam-no para um sanatório, para ele se desintoxicar, e depois de meses de cuidados assíduos voltava a renascer. Víamo-lo ressurgir em Paris, a transbordar de vida como uma criança feliz, vestido como um gigolô superior, brilhan te, super-ondulado, já a crever de um optimismo que se dava com pleno fôlego a generosidades revolucionárias; e depois mais uma vez, progressivamente mas de forma fatal, voltava a fumar, a tor turar-se crispado, retorcido como uma não viável voluta de feto!” E ainda esta conclusão: “Crevel era uma destas gavinhas de feto que só podem desenrolar-se à beira dos turbilhões claros, atormentados e leonardescos dos viveiros ideológicos. Depois de Crevel, mais ninguém discutiu com seriedade o materialismo dialéctico, nem qualquer outra coisa. […] René Crevel; o René “crevelerá”, e eu grito: Renasce, Crevel. E tu, à maneira espanhola e em castelhano, vais responder-me: — Presenté!»
Vejamos agora como ele próprio, com vinte e seis anos de idade, se avaliou a pedido das Éditions du Sagittaire: Nascido a 19 de Agosto de 1900, em Paris e de pais parisienses, o que lhe permite ter um ar eslavo. Liceu, Sorbonne, Faculdade de
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Direito, serviço militar até ao fim de 1923, o que lhe dá a impressão de só estar, desde há alguns meses, verdadeiramen te vivo. Não foi ao Tibete nem à Gronelândia, nem mesmo à América, mas as viagens que não se fazem à superfície deram-lhe a tentação de fazê-las em profundidade. Pode por isso vangloriar-se de conhecer bem determinadas ruas e os seus hotéis de dia e de noite.
1 Uma frase que tem a ver, como é evidente, com as casas do cenário de O Gabinete do Doutor Caligari de Robert Wiene. (N. do T.)
2 Uma observação que será plenamente entendida pelos leitores de Babilónia. (N. do T.)
3 O que resta desta busca pode encontrar-se nos seus textos de 1932, «Le clavecin de Diderot», classificados por Breton como «uma das mais belas volutas do surrealis mo». (N. do T.)
Começou, para uma tese de doutoramento em letras, a fazer buscas sobre Diderot romancista3, mas depois fundou com Marcel Arland, Jacques Baron, Georges Limbour, Max Morise, Roger Vitrac, a revista Aventure, o que lhe valeu esquecer-se do século XVIII a favor do XX. Foi nessa altura que co nheceu Louis Aragon, Paul Éluard, Philippe Soupault, Tristan Tzara e acabou por ter um dia, à frente de um quadro de Giorgio Chirico, a visão de um mundo novo. Votou de vez ao desprezo o velho sótão lógico-realista, compreendendo que era uma co
Tem horror a todos os esteticismos, quer se trate do de Oxford e das calças largas, do que há nos remorsos de cinema, com as suas casas vistas de esguelha1, do que há nos negros e no jazz, nos bailes-musettes, nas pianolas, etc. Teria muito in teresse que em romances futuros encontrasse personagens tão nuas, tão vivas como as facas e os garfos que fazem o papel de homens e mulheres nas histórias destinadas a permanecer iné ditas e ele contava a si próprio durante a infância2.
O seu primeiro romance Détours (N.R.F., 1924), uma obra, um retrato (esgotado), era um passeio preliminar onde os críticos e em particular Benjamin Crémieux, Edmond Ja loux, Albert Thibaudet, reconheceram atitudes, passeatas e raivas características do jovem actual. O Meu Corpo e Eu (1925), romance com um herói que traz dentro de si todas as suas aventuras e onde os gestos, as personagens não são mais do que pretextos, é um panorama interior.
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A seguir foi a vez dos romances A Morte Difícil (1926) e no ano seguinte Babilónia, aquele que Crevel escreveu ligando-o com mais intensidade à estética literária surrealista; o melhor dos três melhores romances do surrealismo francês — nomeiem-se aqui Hebdomeros de Chirico, A Liberdade ou o Amor de Ro bert Desnos e este Babilónia, com uma história contável dentro de parâmetros realistas, embora a deslizar em muitas das suas páginas para um discurso poético de intensa surrealidade.
Participou nas primeiras experiências hipnóticas de onde André Breton tirou argumentos para o seu «Manifesto do Surrealismo». Pôde por si próprio verificar que o surrealismo era o menos literário e o mais desinteressado dos movimentos; decidiu de uma vez por todas, persuadido de que não há via moral possível para quem não for dócil às vias subterrâneas ou se recuse a reconhecer a realidade das forças obscuras — mas com o risco de passar por um Don Quixote, um arrivista ou um louco — tentar pelos seus actos, como pelos seus escritos, afastar as barreiras que limitam o homem e não lhe conferem sustentação.
bardia confinar-se numa mediocridade de arrazoados, e embora não encontrasse nos verdadeiros poetas jogos de palavras nem jogos de imagens, amava-os — e em especial Rimbaud e Lautréamont, entre todos — pelo seu poder libertador.
Babilónia, a velha cidade da Mesopotâmia que o rio Eufrates banhava, mitificada pelos seus Jardins Suspensos, é citada no Apocalipse (17, 5) com a frase que mais convém a este livro: «Babilónia a grande, a mãe dos fornicadores e das abominações da terra.» A jovem que paira através da trama deste romance associa-se ingenuamente a esta memória (que lhe é desconhecida) com uma curiosa metáfora: a do vento. Crevel sente a velha Babilónia como uma cidade de vento vivo, que fazia o homem ceder sem entraves às suas verdades físicas e com elas, e principalmente, as ligadas à sua sensualidade. As personagens deste romance vivem numa França do princípio do século XX e ressuscitam, cada uma à sua maneira, as suas verdades sopradas por este Vento com uma actuação que ali persiste, saída das sombras da Antiguidade.RenéCrevel, o rebelde romancista do Surrealismo francês, regressa uma vez mais às suas obsessões de solidão e morte; persiste numa das suas denúncias preferidas, a da família orquestrada pela moral e por casamentos de burguesa virtude. A Menina, que se acha com direito a ver o mundo através de uma versão individual, dominada pela liberdade de ser e pensamento, começa a fazer-se mulher. E sente, com nitidez cada vez maior, que o seu pai, a sua prima Cynthia, a sua avó, a negrinha do Senegal, são todos invencivelmente dominados pelo desejo, todos ressuscitam o Vento sopra do pelas licenças de uma velha Babilónia. Ela; o seu avô-psiquiatra só capaz de perceber os actos humanos que se adaptam à sua matriz, e que a todos os outros chama actos-cogumelos; a sua mãe que se sujeita, por falta de vento, a acompanhar um marido anão na sua propaganda evangélica, não ressuscitam o Vento. Mas esta consciência de não conseguir entregar-se aos Ventos da vida, perturba-a; ao não se ver capacitada para ressuscitar o seu Vento, foge do mundo pela indiferença e pelo medo. O final da história é melancólico:
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Terra insensível, terra vazia, Babilónia; depois dos gritos, das mordidas, é o grande silêncio. No mar, um dique continua este chão carnal, este grande corpo de continente que a insolação diviniza.Uma mulher, uma cidade lutam, por indiferença.
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Angelo Rinaldi fez um dia uma curiosa observação sobre Crevel: «A longa frase de um monólogo febril que seria o de um Proust a mergulhar um biscoito de L.S.D. no seu chá, em vez da untuosa madeleine.» A.F.
Desenho de Max Ernst, fotografado por Man Ray (1931)
— Como achas que toda a gente morre, não vás tentar fazer-me acreditar que é como dormir. Os que se divertem nunca têm sono…
capítulo i o senhor faca, a senhorinha garfo
A resignada mãe de uma família que só bebe água, que desconfia dos efeitos da pimenta, que expulsou da sua mesa o molho inglês, os picles e até a mostarda, que fala de higiene social, instalada no limiar dos trinta anos verifica com a mais cinzenta e inútil das virtudes:
— Ah, sim, compreendo. A morte é parecida com a prima Cynthia.Mesmo antes de a conhecer, eu só pensava na Cynthia. Aliás, cá em casa durante todas as refeições falava-se dela. As pessoas estavam muito ansiosas por vê-la, e a avó repetia: «A Cynthia vai ser o nosso raio de sol.» Portanto, que satisfação no dia em que ela chegou. Trouxe para todos nós amáveis prendas; e com o seu cabelo vermelho, o vestido verde e olhos tão cinzentos como as nuvens, de imediato adivinhámos que tinha nascido num país que nunca iríamos visitar. Instalaram-na
Uma menina pergunta: «O que é a morte?»; mas sem dar tempo a uma resposta, previne:
— Os que se divertem, bem podem nunca ter sono; nem por isso morrem menos, como os outros. Nenhum homem escapa à lei fatal, minha filha, porque a morte… a morte…
ASilêncio.interrogada aperta o mais que pode os lábios, como se a surpresa pudesse fazê-la deixar escorregar uma frase, uma palavra. Mas a pueril curiosidade, com uma insistência que sobe até ao olhar da mulher, ainda assim não abdica e apoia-se ali para uma pressão fazer o nó secreto de um mutismo expe lir o seu jorro.
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no quarto mais bonito, e teria podido ficar lá durante anos e anos; mas um belo dia deixou de haver a Cynthia. Tinha-se pirado sem dizer nada. Como uma ladra. E quando se foi embora levou o papá. Comecei por acreditar que era uma coisa para acharmos graça, mas não voltaram. Como sempre, a avó armou à superioridade; disse que não devíamos lamentá-los, e devíamos limitar-nos a deixá-los na boa-vai-ela. O avô, esse ficou, sobretudo, com pó à Cynthia. Chamou-lhe esquisitos no mes, e uma destas noites até gritou com muita força que ela era uma puta. Uma puta; uma puta, o que é isso? Diz-me lá a sério: a morte também é uma puta?
— O que é a morte? O que é uma puta?
Sem mostrar cansaço, uma voz fina repete a pergunta; e a surpresa materna, essa toupeira da inquietação, volta a escavar as suasAquelagalerias.loura melancólica, deixada prematuramente ao abandono, por atavismo privada das possibilidades pagãs da alegria, não está com meias medidas quando se trata de tirar de si a recordação da sua falência doméstica. Como o seu marido tinha partido para um destino desconhecido tão simplesmente como ela, quando deu nove meses da sua vida para fazer nascer outro corpo do seu corpo, decidiu que ia votar os anos seguintes à formação espiritual do fruto das suas entranhas. De
.................................................... 7
ÍNDICE
capítulo i – o senhor faca, a senhorinha garfo 17 capítulo ii – ressuscitar o vento .................... 31 capítulo iii – a bebedora de petróleo .............. 47 capítulo iv – mais um idílio ............................ 63 capítulo v – a criança que se faz mulher ........ 90 capítulo vi – a cidade de carne ....................... 107 capítulo vii – o triunfo indiferente ............... 125
Apresentação
O meu corpo e eu, René Crevel Manon Lescaut, Padre Prévost O duelo, Joseph Conrad
A felicidade dos tristes, Luc Dietrich Inferno, August Strindberg
Um milhão conta redonda ou Lemuel Pitkin a desmantelar-se, Nathanael West Freya das sete ilhas, Joseph Conrad
O senhor de Bougrelon, Jean Lorrain
A freira no subterrâneo, com o português de Camilo Castelo Branco
A Papisa Joana – segundo o texto de Alfred Jarry, Emmanuel Rhoides Bom Crioulo, Adolfo Caminha
O Lazarilho de Tormes, anónimo do século XVI e H. de Luna Autobiografia, Thomas Bernhard Bubu de Montparnasse, Charles-Louis Philippe Greco ou O segredo de Toledo, Maurice Barrès Cinco histórias de luz e sombra, Edith Wharton Dicionário filosófico, Voltaire
Billy Budd, marinheiro (uma narrativa no interior), Herman Melville
No sentido da noite, Jean Genet
Histórias da areia, Isabelle Eberhardt
Porgy e Bess, DuBose Heyward
David Golder, Irene Nemirowsky
Os génios, seguido de Exemplos, Victor Hugo
LIVROS SISTEMA SOLAR
As lojas de canela, Bruno Schulz
Amor de perdição, Camilo Castelo Branco Judeus errantes, Joseph Roth
O aperto do parafuso, Henry James
As mamas de Tirésias – drama surrealista em dois actos e um prólogo, Guillaume Apollinaire
Os manuscritos de Aspern (versão de 1888), Henry James
O romance de Tristão e Isolda, Joseph Bédier
Com os loucos, Albert Londres
A mulher que fugiu a cavalo, D.H. Lawrence
Bruges-a-Morta – romance, Georges Rodenbach
Paul Cézanne, Élie Faure, seguido de O que ele me disse…, Joachim Gasquet
O mentiroso, Henry James
As lágrimas de Eros, George Bataille
A guerra do fogo, J.-H. Rosny Aîné Hamlet-Rei (Luís II da Baviera), Guy de Pourtalès Messalina, Alfred Jarry
As amantes de Dom João V, Alberto Pimentel
Heliogábalo ou o anarquista coroado, Antonin Artaud
A viúva do enforcado, Camilo Castelo Branco
O rato da América, Jacques Lanzmann
A minha vida, Isadora Duncan
O caso Kurílov, Irène Némirowsky
Rimbaud-Verlaine, o estranho casal
A liberdade ou o amor, Robert Desnos
O livro branco, Jean Cocteau Verdes moradas, W.H. Hudson
O capitão Veneno, Pedro Antonio Alarcón
Memórias íntimas e confissões de um pecador justificado, James Hogg
Gaspar da Noite – fantasias à maneira de Rembrandt e Callot, Aloysius Bertrand
Dona Guidinha do Poço, Manoel de Oliveira Paiva
O dicionário do diabo, Ambrose Bierce
Rakhil, Isabelle Eberhardt
Fuga sem fim, Joseph Roth
Van Gogh o suicidado da sociedade, Antonin Artaud Eu, Antonin Artaud
Nova Safo – tragédia estranha, Visconde de Vila-Moura
O homem que falou (Un de Baumugnes), Jean Giono
O nascimento da arte, Georges Bataille
Os ombros da marquesa, Émile Zola
A maçã de Cézanne… e eu, D.H. Lawrence
O fogo-fátuo, Drieu la Rochelle
O Cântico dos Cânticos – traduzido do hebreu com um estudo sobre o plano a idade e o carácter do poema, Ernest Renan Derborence, Charles Ferdinand Ramuz
Tufão, Joseph Conrad
A costa de Falesá, Robert Louis Stevenson
Preceptores – Gabrielle de Bergerac seguido de O discípulo, Henry James
Os cavalos de Abdera e mais forças estranhas, Leopoldo Lugones
Histórias aquáticas – O parceiro secreto, A laguna, Mocidade, Joseph Conrad
Visão invisível, Jean Cocteau
O farol de amor, Rachilde
O castelo do homem ancorado, Joris-Karl Huysmans
Diário de um fuzilado, precedido de Palavras de um fumador de ópio, Jules Boissière
Cáustico Lunar seguido de Ghostkeeper, Malcolm Lowry Balkis (A lenda num café), Gérard de Nerval Diálogos das carmelitas, Georges Bernanos
A morte da terra, J.-H. Rosny Aîné Nossa Senhora dos Ratos, Rachilde
Entre a espada e a parede, Tristan Bernard
O duplo Rimbaud (com um preâmbulo de Benjamin Fondane), Victor Segalen
A vida apaixonada da grande Catarina, Princesa Lucien Murat Casa de incesto, Anaïs Nin
Ser ou não ser – Três histórias, Honoré de Balzac Babilónia, René Crevel
O bar dos dois caminhos, Gilbert de Voisins Sol, D.H. Lawrence
Má sorte que ela fosse puta, John Ford Chita — uma memória da Ilha do Fim, Lafcadio Hearn
A mulher 100 cabeças, Max Ernst
Cagliostro, Vicente Huidobro
Tirano Banderas (novela de Terra Quente), Ramón del Valle-Inclán
Um jardim na margem do Orontes, Maurice Barrès Erotika Biblion, Conde de Mirabeau
O filho de duas mães, Edith Wharton
Meu irmão feminino – «Noites Florentinas», Marina Tsvietaieva Jean-Luc perseguido, Charles Ferdinand Ramuz
Os domingos de Jean Dézert seguido de contos, Jean de la Ville de Mirmont
As aventuras de uma negrinha à procura de Deus, George Bernard Shaw
A lenda do santo bebedor seguido de O Leviatã, Joseph Roth
As magias do Ceilão, Francis de Croisset
O colóquio dos cães incluído no Casamento enganoso, Miguel de Cervantes
O estranho animal do Vaccarès, Joseph d’Arbaud
A armadilha, Emmanuel Bove
A minha amiga Nane, Paul-Jean Toulet Paludes, André Gide
Morte de Judas seguido de O ponto de vista de Pôncio Pilatos, Paul Claudel
A vida de Rembrandt (história a ir para onde lhe dá), Kees van Dongen Os meus Oscar Wilde, André Gide
A dificuldade de ser, Jean Cocteau
Riso vermelho – fragmentos encontrados de um manuscrito, Leonid Andreiev
A morte difícil, René Crevel
As Portas do Paraíso, Jerzy Andrzejewski
O Chancellor (Diário do passageiro J.R. Kazallon), Jules Verne Orunoko ou o escravo real (uma história verídica), Aphra Behn