Sérgio Dias Branco «Escrita em Movimento — Apontamentos críticos sobre filmes»

Page 1


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 1

w w w. s i s t e m a s o l a r. p t


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 3

Sérgio Dias Branco

ESCRITA EM MOVIMENTO a p o n t a m e n t o s c r í t i c o s s o b re f i l m e s

D O C U M E N TA


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 4

Sérgio Dias Branco é Professor Auxiliar Convidado de Estudos Fílmicos na Universidade de Coimbra, onde coordena os Estudos Fílmicos e da Imagem e dirige o Mestrado em Estudos Artísticos. Integra o Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra e o grupo de análise fílmica da Universidade de Oxford, «The Magnifying Class». Leccionou na Universidade Nova de Lisboa e na Universidade de Kent, onde lhe foi atribuído o grau de doutor em Estudos Fílmicos. Co-edita as revistas Cinema: Revista de Filosofia e da Imagem em Movimento (http://cjpmi.ifl.pt/) e Conversations: The Journal of Cavellian Studies (https://uottawa.scholarsportal.info/ojs/index.php/conversations). O seu trabalho de investigação sobre a estética das obras da imagem em movimento, nas suas relações com a filosofia, a história, o marxismo e a religião, tem sido apresentado em várias universidades portuguesas e estrangeiras e publicado em revistas com arbitragem científica como a Fata Morgana e a L’Atalante. Mais informações em: www.sdiasbranco.net


P_SĂŠrgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 5

Para o meu pai, Avelino, que me levou pela primeira vez ao cinema e isso ĂŠ bastante


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 6


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 7

Índice

Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

11 13

Escrita em Movimento 2 Dias em Nova Iorque (2012) | Fábula Mundana . . . . . . . . . . . . 2001, Odisseia no Espaço (1968) | A Densidade do Mistério. . . . . 48 (2009) | Liberdade Encarcerada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . À Prova de Morte (2007) | Cine-Vampirismo . . . . . . . . . . . . . . . . Abraço do Vento (2004) | Canto do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . Acordar para a Vida (2001) | A Condição do Sonhador . . . . . . . . Alta Jogada (1995) / Do Lado do Inferno . . . . . . . . . . . . . . . . . . Amigo entre Inimigos, Inimigo entre Amigos (1974) | Um Reencontro com o Passado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Árvore da Vida, A (2011) | Filme-Oração . . . . . . . . . . . . . . . . . . Às Segundas ao Sol (2002) | A Solidão Comovente . . . . . . . . . . . . Autografia (2004) | Uma Máquina de Passar Vidro Colorido . . . . Caso Spotlight, O (2015) | A Verdade Liberta . . . . . . . . . . . . . . . . Cativa, A (2000) | O Enfado da Burguesia . . . . . . . . . . . . . . . . . Coleccionador de Ossos, O (1999) | A Estrutura da Urbe . . . . . . . . Colo (2017) | A Ronda da Morte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Comunidade, A (2012) | Espaço Comum . . . . . . . . . . . . . . . . . . Índice |

19 21 22 24 25 27 28 30 32 33 34 36 39 41 42 45 7


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 8

E Agora Invadimos o Quê? (2015) | Na Terra de Oz . . . . . . . . . . . Eldorado XXI (2016) | Terras Mineiras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Eu, Daniel Blake (2016) | A Voz de Dan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Fábrica de Nada, A (2017) | A Fábrica de Tudo . . . . . . . . . . . . . . Filho de Saul, O (2015) | A Vida sobre a Morte . . . . . . . . . . . . . . Filme Socialismo (2010) | Visão Apocalíptica . . . . . . . . . . . . . . . . Flores da Guerra, As (2011) | Um Massacre nos Olhares . . . . . . . . Fora-de-Jogo (2006) | As Regras do Jogo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ganhar a Vida (2001) | A Vida Ganha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Gritos 4 (2011) | Catarse do Medo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Homem na Lua (1999) | Gigantesco Palco . . . . . . . . . . . . . . . . . . Hostel (2005) | Violência sem Freio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Inquietude (1998) | Nomes da Inquietação . . . . . . . . . . . . . . . . . Iré a Santiago (1964) | Festa Popular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Lei do Mercado, A (2015) | A Lei do Capital . . . . . . . . . . . . . . . . Lisbonnenuit (1985) | Imagens Arrastadas de Uma Cidade . . . . . Lula e a Baleia, A (2005) | Amargo Humor . . . . . . . . . . . . . . . . . Luz de Inverno (1963) | A Noite Escura da Fé . . . . . . . . . . . . . . . Máscara, A (1966) | A Reverberação das Imagens . . . . . . . . . . . . Medo de Morte (2006) | Noite Tenebrosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . Melancolia (2011) | Luminosa Tristeza Profunda . . . . . . . . . . . . . Meu Maior Desejo, O (2011) | Elogio do Desconhecimento . . . . . Money Monster (2016) | O Dinheiro como Monstro . . . . . . . . . . Mundo, O (2004) | Por entre as Brechas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Mundo Perdido: Parque Jurássico, O (1997) | O Exercício da Sequela . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Nada a Esconder (2005) | Desvelar o Reprimido . . . . . . . . . . . . . Não Acordem o Rato Adormecido (1997) | Ratos e Homens . . . . . 8

| Índice

47 50 53 56 59 62 64 66 67 68 70 72 73 75 76 79 81 82 86 88 89 91 92 95 97 98 99


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 9

Ne change rien (2009) | Música Nocturna . . . . . . . . . . . . . . . . . . Neil Young: Heart of Gold (2006) | Concerto Imaginado . . . . . . . Okraina (1933) | O Rumor da Guerra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Onde Bate o Sol (1989) | Os Dias Vastos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Outro Lado da Esperança, O (2017) | Fronteiras e Foragidos . . . . Palavra, A (1955) | Provas de Vida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Palavra e Utopia (2000) | Fala e Lugar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Paterson (2016) | A Poesia Nasce na Rua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Pina (2011) | A Doce Utopia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Porque não Sou o Giacometti do Século XXI (2015) | Guardar a Tradição Musical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Prisioneiros da Cave, Os (1991) | A Parábola da Comunidade Destroçada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Quatro Voltas, As (2010) | Um Lugar Habitado . . . . . . . . . . . . . . Rapazes não Choram, Os (1999) | O Lugar onde as Pessoas Se Amam . . . . . . . . . . . . . . . . . . Romeo Deve Morrer (2000) | Coreografias da Acção . . . . . . . . . . . Rosetta (1999) | A Poesia do Concreto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Serviçais, As (2011) | A Segregação na Intimidade . . . . . . . . . . . . Sim, Sr. Hulot (1971) | A Orgânica dos Objectos . . . . . . . . . . . . Snowden (2016) | A Solidão do Denunciante. . . . . . . . . . . . . . . . Solaris (2002) | Outra Existência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Solidão dos Números Primos, A (2010) | A Permanência da Infância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sombra do Caçador, A (1955) | A Noite da Infância . . . . . . . . . . . Still Life — Natureza Morta (2006) | Contemplação da Transformação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Super 8 (2011) | A Vida da Fantasia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Índice |

102 104 105 108 110 112 114 115 119 120 122 124 126 127 128 130 131 132 135 136 138 140 141 9


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 10

Syriana (2005) | Combustíveis da Economia Neoliberal . . . . . . . Tapete Voador, O (2008) | Tecer e Voar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . THX 1138 (1971) | O Desejo do Humano . . . . . . . . . . . . . . . . . Titanic (1997) | Profundo Oceano de Fantasmas. . . . . . . . . . . . . Transformers 3 (2011) | Conjugar o Diferente . . . . . . . . . . . . . . . Trumbo (2015) | O Homem Que Escrevia Demasiado . . . . . . . . Tudo o Que o Céu Permite (1955) | A Encenação da Margem . . . . Última Hora, A (2002) | As Feridas Abertas . . . . . . . . . . . . . . . . Voo 93 (2006) | Um Memorial Cinematográfico . . . . . . . . . . . . . Voo da Papoila, O (2011) | A Desilusão Confrontada . . . . . . . . . Y… tenemos sabor (1967) | Ritmo Conjunto . . . . . . . . . . . . . . . .

144 145 147 149 153 155 158 162 163 164 165

Filmes por Cineasta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167 Outras Obras Citadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171

10

| Índice


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 11

Agradecimentos

Agradeço em primeiro lugar ao Nuno Antunes (Cinema2000), ao José Vieira Mendes (Premiere), ao Jorge Pinto (Metropolis), à Sara Quelhas e ao Luís Martins (O Interior), ao Manuel Rodrigues (Avante!), à Graça Gonçalves (AbrilAbril) e ao António Marujo (7 Margens) por me terem convidado a escrever alguns destes textos, recebendo-os e publicando-os com demonstrado interesse. Deixo também o meu reconhecimento a quem me propôs apresentações e discussões de filmes que aparecem aqui na forma de apontamentos: Elizabeth Cowie (Universidade de Kent), Andrew Klevan (Universidade de Oxford), Paulo Cunha (Cineclube de Guimarães), Vladimir Ivanovitch Pliassov (Centro de Estudos Russos – Universidade de Coimbra), Carla Silva (A CORES – Associação de Apoio a Crianças e Jovens em Risco), Pedro Sá Valentim (Círculo de Artes Plásticas de Coimbra) e Daniel Ribas (Porto/Post/Doc). Cada uma destas pessoas obrigou-me a escrever muito mais vezes do que aquelas em que escrevi sem ser por dever profissional ou em resposta a um convite. Sem este grupo de cúmplices, este livro não existiria. A minha esposa Filipa tem sido uma parceira de vida, mas também uma companheira em sessões de cinema e conversas sobre filmes. Por isso, estas notas críticas não podiam deixar de incorporar esta leitura partilhada.

Agradecimentos |

11


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 12


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 13

Prefácio

Toda a técnica reenvia a uma metafísica. — André Bazin, «Como Se Pode Ser Hitchcocko-Hawksiano?»

É a minha tarefa conduzir um lado da conversa, como crítico amador entre críticos amadores. E eu serei útil e interessante apenas na medida em que o meu julgamento amador seja sensato, estimulante ou esclarecedor. — James Agee, The Nation, 26 Dez. 1942

Um livro que reúne textos de crítica de cinema talvez não precise de um prefácio. Cada texto refere-se a um filme e pode ser lido em separado. No entanto, a reunião destes textos num volume pede, no mínimo, uma breve reflexão sobre o conjunto que deles resulta e sobre a crítica de cinema que neles se ensaia. Aqui se juntam, essencialmente, artigos publicados nas revistas Premiere e Metropolis, nos jornais O Interior, Avante!, AbrilAbril e 7 Margens, e no sítio electrónico Cinema2000. Apesar das diferenças entre estas publicações e das diferentes relações que estabeleci com elas desde o início, houve um aspecto que permaneceu igual na minha escrita para cada uma delas: pude escrever livremente, sem imposições, sem sequer pedidos, em todos os casos. Mas o firme e ousado exercício da liberdade, na crítica como na vida, não pode ser desligado das convicções sobre a arte cinematográfica, o seu valor humanista, o seu entrecruzamento estético e Prefácio |

13


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 14

ético, e a sua imaginação de novas percepções. O resto das análises críticas aqui contidas seguem essa linha e têm origem em comentários que preparei para a apresentação ou discussão pública de filmes ou que escrevi quando o tempo e a vontade se conjugaram. Têm diversos tamanhos, mas podem ser todas classificadas como curtas, não ultrapassando as quatro páginas.1 Contas feitas por alto, esta colectânea condensa 20 anos de apontamentos críticos sobre filmes. Com a expressão apontamentos críticos pretendo sinalizar que sempre os considerei como mesclas de notas críticas sobre algumas obras de cinema às quais procurei dar alguma coerência, mas que podem ser refeitas, complementadas, desenvolvidas. Nalguns casos, foram. Têm uma marca de abertura em vez de fechamento, desta forma reflectindo o carácter inacabado das conversas em torno dos filmes. Neste sentido, esta escrita em movimento responde ao movimento próprio do cinema. Cada texto é um momento de afirmação de que o filme sobre o qual se escreve alimenta a «reflexão quotidiana do crítico»2, como escreveu Bazin. Cada encontro com um filme renova uma questão sempre em aberto, não por não ter resposta, mas por ter muitas respostas: o que é o cinema? A selecção e edição destes textos tornou-se um processo de (re)descoberta do meu discurso crítico. Escrevemos a partir daquilo que somos. Escrevemos aquilo que somos. Não há outra forma, a não ser talvez um modo mentiroso de falarmos sobre a nossa relação com os filmes e nós próprios. Encontrei, portanto, a mesma voz e a mesma convicção em registos diferentes. 1 Estão todas disponíveis no meu blogue Escritos de Um Espectador, http://writingsspectator.blogspot.com, mas surgem aqui em novas versões, nomeadamente nos casos em que as traduzi de inglês para português. 2 André Bazin, Qu’est-ce que le cinéma? (Paris: Les Éditons du Cerf, 2011), 7 (trad. minha).

14

| Prefácio


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 15

Nuns casos a dimensão política é mais saliente, noutros é a dimensão religiosa. Não sou alheio ou indiferente ao efeito de influência das ideias feitas sobre o projecto socialista ou a fé cristã. Há boas razões para pensarmos que aquilo a que chamamos ideias feitas não são verdadeiras ideias, que podem sempre ser refeitas sem se desfazerem, mantendo-se porosas e maleáveis, como respostas concretas e criativas ao mundo que são. Num caso como noutro, e igualmente em exemplos que aparentemente nada têm que ver com os domínios do político ou do religioso, trata-se apenas de levar a sério as matérias narrativas que os filmes convocam e de evitar fechar a discussão do cinema no próprio cinema. A arte será muita coisa, mas não deixa de ser um fenómeno histórico e social tal como a política e a religião. A arte cinematográfica não é um campo remoto, desligado do mundo. O cinema, como experiência perceptiva, facto estético, ou representação faz parte da tessitura mutável que compõe o mundo. Segundo Serge Daney, tal acaba por definir precisamente a «função crítica»3: criticar é compreender os filmes, mas sobretudo compreender como o mundo que eles exprimem e constroem se relaciona com o mundo ao seu redor que eles também integram. A evidente heterogeneidade que marca este livro não esbate a consistência deste discurso crítico. Este carácter heterogéneo é o produto, não só da diversidade da origem dos textos, mas também do eclectismo dos filmes que são objecto de apreciação crítica. As diferenças entre os textos foram trabalhadas ao longo dos anos e tornaram-se internas neste volume, demonstrando como promoveram, em lugar de contrariarem, uma disposição crítica que sustenta um discurso e que eu me apercebo agora que tentei guardar, cultivar e desenvolver. Guardei, cultivei e desenvolvi essa disposição a partir de duas ideias expressas nas duas epígrafes deste prefácio. Ver Serge Daney, «La fonction critique», in Critiques et Cinéphilie, org. Antoine de Baecque (Paris: Cahiers du cinéma, 2001), 99-121 (trad. minha). 3

Prefácio |

15


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 16

A primeira ideia é de que a técnica está relacionada com uma compreensão do que é a realidade e uma participação no que ela vai sendo, mediando e transformando. Bazin diz-nos que na arte se joga o fundamento da realidade como descoberta e criação. A técnica é assim entendida como um conjunto de procedimentos e complexo de escolhas situados na história e na cultura, uma articulação de detalhes que adensam e singularizam os filmes para além da sua origem — em suma, uma dialéctica da inscrição e da expressão. A segunda ideia é a do crítico como amador, aberto à experiência do novo, consciente dos limites do seu conhecimento, disponível para repensar. Jean Douchet argumenta que a crítica é a arte de amar e, por essa razão, prefere falar de amador, aquele que ama, em vez de crítico. Escreve ele que «um crítico oficial, infelizmente, não é necessariamente um amador, enquanto o amador, mesmo que não se saiba expressar, revela pela sua escolha uma atitude crítica».4 Agee liga este entendimento à concepção da crítica como conversa. A proposta fundamental deste livro é a de que a crítica de cinema é uma conversa entre nós e os filmes, entre nós sobre os filmes. Não é fácil ver e escutar atentamente, mas conversar é um meio que nos apela e conduz a fazê-lo. As palavras que se seguem não foram escritas para serem definitivas. Compõem apontamentos que habitam um espaço múltiplo ao qual se pode regressar depois do encontro ou reencontro com cada um dos filmes. Lendo. Relendo. Gerando outras palavras e outros discursos.

Jean Douchet, «L’art d’aimer», in Critiques et Cinéphilie, org. Antoine de Baecque (Paris: Cahiers du cinéma, 2001), 70 (trad. minha). 4

16

| Prefácio


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 17

ESCRITA EM MOVIMENTO a p o n t a m e n t o s c r í t i c o s s o b re f i l m e s


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 18


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 19

2 Dias em Nova Iorque (2012) Fábula Mundana 2 Days in New York, real. Julie Delpy. Alemanha/Bélgica/EUA/França, 2012. 35mm, DCP, cor, 96 min.

2 Dias em Nova Iorque é a sequela de 2 Dias em Paris (Deux jours à Paris, 2007), mas é uma continuação que pretende refazer uma história em vez de simplesmente a repetir. Estas duas comédias são um projecto pessoal da realizadora, argumentista e actriz Julie Delpy, uma francesa que se naturalizou americana. Nelas, Delpy reflecte com humor sobre a sua dupla condição de francesa e americana. 2 Dias em Paris explorava o regresso de Marion (Delpy) à sua cidade natal, à sua família, e aos seus conhecidos, acompanhada pelo namorado Jack (Adam Goldberg). As gargalhadas nasciam sobretudo do embate de Jack com a realidade francesa e com o passado de Marion. Era um filme espirituoso que procurava um sentimento de descontracção e indeterminação — através de uma câmara liberta e de um rumo narrativo em aberto, construído ao sabor de acontecimentos inesperados. 2 Dias em Nova Iorque, pelo contrário, tem o sentido de um fábula idiossincrática contada a uma criança. O teatro de marionetas que abre e fecha o filme dá-lhe uma forma redonda que contrasta com o anterior. Marion tem um novo companheiro, Mingus, que Chris Rock interpreta com subtileza e inteliEscrita em Movimento |

19


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 20

gência. Delpy examina mais uma vez o contexto cultural, nomeadamente as mudanças nos EUA após a eleição de Barack Obama como presidente. Por exemplo, Mingus encontra em Obama um interlocutor próximo e simula conversas entre os dois — ou melhor, entre ele e uma figura de cartão. Próximo do espírito da screwball comedy, 2 Dias em Nova Iorque investe muito do seu vigor na troca de palavras, mesmo que esta energia se disperse por vezes por falta de foco. A irreverência dos clássicos deste género, como A Irmã de Minha Noiva (Holiday, 1938), era complementada com uma aposta constante na palavra como expressão das personagens e das suas relações. Tal como o Johnny Case (Cary Grant) dessa comédia, também Marion está à deriva, sem saber o que fazer. A presença do pai (Albert Delpy), da irmã (Alexia Landeau), e do ex-namorado (Alexandre Nahon), expõe a falta de controlo que ela sente sobre a sua vida, o que a faz não conseguir escolher — não entre duas mulheres, como Johnny, mas entre possibilidades de vida. O crítico de arte que visita a exposição de fotografia dela descreve a sua obra como mundana, no sentido pejorativo de insípida, aborrecida. A arte cinematográfica de Delpy é, no entanto, mundana porque é terrena e se interessa pelos segredos do quotidiano, rejeitando a necessidade de o suplementar com outra coisa qualquer. Num aparente gesto conceptual, Marion põe a sua alma à venda na exposição. Primeiro, ela confessa que a sua alma «é bastante complicada» e tem-lhe trazido «muitos problemas». Depois diz que não acredita na alma e, por isso, a colocou cinicamente no mercado. São duas posições contraditórias que revelam o seu conflito, que não é com conceitos, mas com ela própria. O desenlace desta questão é precipitado, mas ao confrontá-la com a morte da mãe sugere pelo 20

| Sérgio Dias Branco


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 21

menos que a alma tem que ver com a história pessoal dela, ainda em construção. No fim, 2 Dias em Nova Iorque acaba por celebrar o sentimento de mundanidade da protagonista, a consciência íntima de estar finalmente à vontade no mundo.

2001, Odisseia no Espaço (1968) A Densidade do Mistério 2001: A Space Odyssey, real. Stanley Kubrick. EUA/Reino Unido, 1968. 35mm, 70mm, cor, 141 min.

Este é um filme para amar, para gostar de habitar: um filme que nos passa a habitar. É uma das obras de cinema sobre a quais mais se escreveu e, no entanto, é um filme sobre o qual não apetece falar, porque sentimos o peso da inutilidade do nosso discurso. Segundo Stanley Kubrick: «2001 é uma experiência não verbal. Em duas horas e dezanove minutos de filme há pouco mais de quarenta minutos de diálogos. Tentei criar uma experiência não verbal. Tentei criar uma experiência visual que rodeia o entendimento e as suas construções verbais, para penetrar directamente no inconsciente com o seu conteúdo emocional e filosófico. […] Quis que o filme fosse uma experiência intensamente subjectiva que atingisse um nível profundo de consciência do espectador, exactamente como a música.» Há um pacto de silêncio que este filme nos impõe. Nada há para explicar, mas sentimos que tudo faz sentido. É uma reflexão sobre o sagrado e o sentido último das coisas. Porquê? Porque aceita a densidade do mistério sem lhe querer dar outro estatuto. Ainda há quem pergunte o que é o monólito negro que espanta os antepassados da Escrita em Movimento |

21


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 22

humanidade e assombra os astronautas. Trata-se de um não-objecto que, no limite, nada representa. Tem o excesso simbólico de estar em lugar daquilo que não pode ser representado. O filme é uma viagem de descoberta tal como o monólito é um espelho: interessa menos saber o que estamos a olhar e mais saber quem somos nós, que olhamos e somos olhados. Sendo assim, não há nada de enigmático na imagem final de um feto com o rosto de um homem, porque não há maior mistério do que a vida. Esta é uma obra imensa. A escala vai mudando, de um osso para uma nave espacial, de uma paisagem crepuscular para uma dança de planetas, mas a solidão cósmica dos seres permanece. 2001, Odisseia no Espaço convida-nos a enfrentá-la.

48 (2009) Liberdade Encarcerada 48, real. Susana de Sousa Dias. Portugal, 2009. DCP, pb, 93 min.

Que rostos são estes? São rostos de cadastrados, presos políticos da ditadura fascista em Portugal. A realizadora Susana de Sousa Dias descobriu-os nos arquivos da PIDE/DGS, hoje no Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Falou depois com as pessoas fotografadas. É através das vozes delas que ouvimos a descrição das suas detenções em casa, no trabalho, na clandestinidade, das suas vidas interrompidas, e as agressões, humilhações e torturas que lhes foram infligidas na prisão. O filme tem como título o número de anos que vão de 1926 a 1974: 48. É uma forma directa e concisa de dizer ao que 22

| Sérgio Dias Branco


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 23

vem: participar na batalha pela memória que se tem desenrolado desde a Revolução de Abril, contrariando o branqueamento da repressão fascista. O dispositivo é, em simultâneo, simples e subtil. As fotografias vão sendo mostradas, nalguns momentos com lentíssimos movimentos de câmara sobre elas, noutros com fundidos-encadeados entre as imagens de duas delas. O olhar plana, perscrutando, salientando as diferenças entre tempos, nos casos em que as pessoas foram presas mais do que uma vez. O desenho de som, da responsabilidade do compositor António de Sousa Dias, cria uma densa textura sonora. Os testemunhos surgem no meio da respiração, do contacto da pele e dos pêlos, dos lábios que se descolam, dos ruídos do ambiente. Se 48 consegue libertar verdadeiramente estes discursos de quem foi perseguido, silenciado e agredido é também porque lhes dá uma ressonância genuinamente humana. Estes são rostos que mostram as ventas do fascismo. O documentário prolonga o trabalho da cineasta com imagens em movimento da ditadura em Natureza Morta (2005) e demonstra que um arquivo é uma coisa morta sem a memória histórica que lembre a vida que gerou os seus documentos. Ao indagar as histórias que estas fotografias de cadastro evocam, o filme faz um retrato colectivo, entretecido de diferentes episódios pessoais, da luta unida e resistente pela democracia. No primeiro de três poemas de homenagem a Álvaro Cunhal, Manuel Gusmão descreve-o como «o homem livre encarcerado». Podemos dizer o mesmo destes 16 antifascistas, na sua maioria membros do Partido Comunista Português. Traziam a liberdade consigo, prenunciando-a, e para isso viveram como clandestinos e por isso foram feitos prisioneiros. A última imagem já não Escrita em Movimento |

23


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 24

é de um preso, mas de uma noite carregada, com árvores de muitos ramos que a luz instável vai desvendando. Se é verdade que a liberdade havia de triunfar em Abril, ouvindo-os atentamente, compreendemos que a liberdade deles ainda não é a nossa. Falando do passado, é sempre do futuro que eles falam.

À Prova de Morte (2007) Cine-Vampirismo Death Proof, real. Quentin Tarantino. EUA, 2007. 35mm, cor, 114 min.

A indulgência e imaturidade de Death Proof fazem dele um apogeu na obra de Quentin Tarantino. É um filme guiado pela paixão, disso ninguém duvida, mas é uma paixão com alguma inconsequência artística: os seus limites começam por ser os que o pequeno universo mental e referencial do autor impõe no seu jogo conceptual. Este é, e quer ser, exclusivamente um filme sobre filmes. Contraste-se esta infértil pretensão com obras com um olhar crítico e criativo sobre as imagens e as representações que o cinema nos foi dando — como Mulher Fatal (Femme Fatale, 2002) de Brian De Palma fez em relação ao film noir. Esteticamente, a primeira parte imita de modo calculado as características mais acidentais e superficiais do exploitation mostrado nas salas grindhouse — falhas de continuidade, fotogramas perdidos, película riscada, grandes planos de mamas e rabos, violência gráfica. O filme abraça o pior desse cinema de forma acrítica (veja-se o deleite na repetição da colisão assassina) e isso não se torna melhor por ser repetido por Tarantino, 24

| Sérgio Dias Branco


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 6


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 6


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 167

Filmes por Cineasta

Abrams, J.J. 141 Super 8 (2011). Akerman, Chantal. 39 Cativa, A (La Captive, 2000). Barnet, Boris. 105 Okraina (1933). Bartkowiak, Andrzej. 127 Romeo Deve Morrer (Romeo Must Die, 2000). Baumbach, Noah. 81 Lula e a Baleia, A (The Squid and the Whale, 2005). Bay, Michael. 153 Transformers 3 (Transformers: Dark of the Moon, 2011). Bergman, Ingmar. 82 Luz de Inverno (Nattvardsgästerna, 1963). 86 Máscara, A (Persona, 1966). Brizé, Stéphane. 76 Lei do Mercado, A (La Loi du marché, 2015). Cameron, James. 149 Titanic (1997). Canijo, João. 67 Ganhar a Vida (2001). Costa, Pedro. 102 Ne change rien (2009). Costanzo, Saverio. 136 Solidão dos Números Primos, A (La solitudine dei numeri primi, 2010). Craven, Wes. 122 Prisioneiros da Cave, Os (The People Under the Stairs, 1991). 68 Gritos 4 (Scre4m, 2011). Dardenne, Jean-Pierre e Luc. 128 Rosetta (1999). Delpy, Julie. 19 2 Dias em Nova Iorque (2 Days in New York, 2012).

Filmes por Cineasta |

167


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 168

Demme, Jonathan. 104 Neil Young: Heart of Gold (2006). Dreyer, Carl Theodor. 112 Palavra, A (Ordet, 1955). Forman, Milos. 70 Homem na Lua (Man on the Moon, 1999). Foster, Jodie. 92 Money Monster (2016). Frammartino, Michelangelo. 124 Quatro Voltas, As (Le quattro volte, 2010). Gaghan, Stephen. 144 Syriana (2005). Godard, Jean-Luc. 62 Filme Socialismo (Film socialisme, 2010). Gómez, Sara. 75 Iré a Santiago (1964). 165 Y… tenemos sabor (1967). Greengrass, Paul. 163 Voo 93 (United 93, 2006). Grilo, João Mário. 145 Tapete Voador, O (2008). Haneke, Michael. 98 Nada a Esconder (Caché, 2005). Hughes, Albert e Allen. 28 Alta Jogada (Dead Presidents, 1995). Huguier, Françoise. 79 Lisbonnenuit (1985). Jarmusch, Jim. 115 Paterson (2016). Kaurismäki, Aki. 110 Outro Lado da Esperança, O (Toivon tuolla puolen, 2017). Koreeda, Hirokazu. 91 Meu Maior Desejo, O (Kiseki, 2011). Kramer, Wayne. 88 Medo de Morte (Running Scared, 2006). Kubrick, Stanley. 21 2001, Odisseia no Espaço (2001: A Space Odyssey, 1968). Lamas, Salomé. 45 Comunidade, A (2012). 50 Eldorado XXI (2016).

168

| Filmes por Cineasta


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 169

Laughton, Charles. 138 Sombra do Caçador, A (The Night of the Hunter, 1955). Lee, Spike. 162 Última Hora, A (25th Hour, 2002). León de Aranoa, Fernando. 33 Às Segundas ao Sol (Los lunes al sol, 2002). Linklater, Richard. 27 Acordar para a Vida (Waking Life, 2001). Loach, Ken. 53 Eu, Daniel Blake (I, Daniel Blake, 2016). Lucas, George. 147 THX 1138 (1971). Malick, Terrence. 32 Árvore da Vida, A (The Tree of Life, 2011). McCarthy, Tom. 36 Caso Spotlight, O (Spotlight, 2015). Mendes, Miguel Gonçalves. 34 Autografia (2004). Mikhalkov, Nikita. 30 Amigo entre Inimigos, Inimigo entre Amigos (Svoy sredi chuzhikh, chuzhoy sredi svoikh, 1974). Moore, Michael. 47 E Agora Invadimos o Quê? (Where to Invade Next, 2015). Nemes, László. 59 Filho de Saul, O (Saul fia, 2015). Noyce, Phillip. 41 Coleccionador de Ossos, O (The Bone Collector, 1999). Oliveira, Manoel de. 73 Inquietude (1998). 114 Palavra e Utopia (2000). Panahi, Jafar. 66 Fora-de-Jogo (Offside, 2006). Peirce, Kimberly. 126 Rapazes não Choram, Os (Boys Don’t Cry, 1999). Pereira, Tiago. 120 Porque não Sou o Giacometti do Século XXI (2015). Pinho, Pedro. 56 Fábrica de Nada, A (2017). Pinto, Joaquim. 108 Onde Bate o Sol (1989). Portugal, Nuno. 164 Voo da Papoila, O (2011).

Filmes por Cineasta |

169


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 170

Ribeiro, José Miguel. 25 Abraço do Vento (2004). Roach, Jay. 155 Trumbo (2015). Roth, Eli. 72 Hostel (2005). Sirk, Douglas. 158 Tudo o Que o Céu Permite (All That Heaven Allows, 1955). Soderbergh, Steven. 135 Solaris (2002). Sousa Dias, Susana de. 22 48 (2009). Spielberg, Steven. 97 Mundo Perdido: Parque Jurássico, O (The Lost World: Jurassic Park, 1997). Stone, Oliver. 132 Snowden (2016). Tarantino, Quentin. 24 À Prova de Morte (Death Proof, 2007). Tati, Jacques. 131 Sim, Sr. Hulot (Trafic, 1971). Taylor, Tate. 130 Serviçais, As (The Help, 2011). Verbinski, Gore. 99 Não Acordem o Rato Adormecido (Mousehunt, 1997). Villaverde, Teresa. 42 Colo (2017). Von Trier, Lars. 89 Melancolia (Melancholia, 2011). Wenders, Wim. 119 Pina (2011). Yimou, Zhang. 64 Flores da Guerra, As (Jin ling shi san chai, 2011). Zhang-ke, Jia. 95 Mundo, O (Shijie, 2004). 140 Still Life — Natureza Morta (Sanxia haoren, 2006).

170

| Filmes por Cineasta


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 171

Outras Obras Citadas

2 Dias em Paris (Deux jours à Paris), real. Julie Delpy. Alemanha/França, 2007. À Beira do Mar Azul (U samogo sinego morya), real. Boris Barnet e Samad Mardanov. URSS, 1936. Abismo, O (The Abyss), real. James Cameron. EUA, 1989. Acossado, O (À bout de souffle), real. Jean-Luc Godard. França, 1960. Acto da Primavera, real. Manoel de Oliveira. Portugal, 1963. Aliens: O Recontro Final (Aliens), real. James Cameron. EUA, 1986. Amantes Regulares, Os (Les Amants réguliers), real. Philippe Garrel. França, 2005. Amistad, real. Steven Spielberg. EUA, 1997. Andando (Aruitemo aruitemo), real. Hirokazu Koreeda. Japão, 2008. Ao Encontro de Fidel (Looking for Fidel), real. Oliver Stone. Espanha/EUA, 2004. Ao Sul da Fronteira (South of the Border), real. Oliver Stone. Espanha/EUA, 2009. Arma Mortífera IV (Lethal Weapon 4), real. Richard Donner. EUA, 1998. Assassinos Natos (Natural Born Killers), real. Oliver Stone. EUA, 1994. Bowling for Columbine, real. Michael Moore. Alemanha/Canadá/EUA, 2002. Brincadeiras Perigosas (Funny Games), real. Michael Haneke. Áustria, 1997. Brisa de Mudança (The Wind That Shakes the Barley), real. Ken Loach. Alemanha/Espanha/Irlanda/Itália/Reino Unido/Suíça, 2006. Cabana do Medo, A (Cabin Fever), real. Eli Roth. EUA, 2002. Caça, A, real. Manoel de Oliveira. Portugal, 1964. Capitalismo — Uma História de Amor (Capitalism: A Love Story), real. Michael Moore. Canadá/ EUA, 2009. Cisne, real. Teresa Villaverde. Portugal, 2011. Comandante, real. Oliver Stone. Espanha/EUA, 2003. Cópia Mortal (Copycat), real. Jon Amiel. EUA, 1995. Crash, real. Paul Haggis. Alemanha/Austrália/EUA, 2004. Dois Dias, Uma Noite (Deux jours, une nuit), real. Jean-Pierre e Luc Dardenne. Bélgica/França/ Holanda/Itália, 2014. Domingo Qualquer, Um (Any Given Sunday), real. Oliver Stone. EUA, 1999. Doors — O Mito de Uma Geração, The (The Doors), real. Oliver Stone. EUA, 1991. Em Busca da Verdade (Såsom i en spegel), real. Ingmar Bergman. Suécia, 1961. Entrevista com o Vampiro (Interview with the Vampire: The Vampire Chronicles), real. Neil Jordan. EUA, 1994.

Outras Obras Citadas |

171


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 172

Esposas e Concubinas (Da hong deng long gao gao gua), real. Yimou Zhang. Hong Kong/RPC/Taiwan, 1991. Estrada Perdida (Lost Highway), real. David Lynch. EUA/França, 1997. E.T. — O Extra-Terrestre (E.T. the Extra-Terrestrial), real. Steven Spielberg. EUA, 1982. Exodus, real. Otto Preminger. EUA, 1960. Exterminador Implacável, O (The Terminator), real. James Cameron. EUA, 1984. Exterminador Implacável 2: O Dia do Julgamento (Terminator 2: Judgement Day), real. James Cameron. EUA, 1991. Fahrenheit 9/11, real. Michael Moore. EUA, 2004. Fasinpat (Fábrica sin patrón), real. Daniele Incalcaterra. Argentina, 2004. Faster, Pussycat! Kill! Kill!, real. Russ Meyer. EUA, 1965. Feiticeiro de Oz, O (The Wizard of Oz), real. Victor Fleming [King Vidor]. EUA, 1939. Férias em Roma (Roman Holiday), real. William Wyler. EUA, 1953. Gai savoir, Le, real. Jean-Luc Godard. França/RFA, 1968. Gritos (Scream), real. Wes Craven. EUA, 1996. Gritos 2 (Scream 2), real. Wes Craven. EUA, 1997. Gritos 3 (Scream 3), real. Wes Craven. EUA, 2000. Havre, Le, real. Aki Kaurismäki. Alemanha/Finlândia/França, 2011. Herói (Ying xiong), real. Yimou Zhang. EUA/Hong Kong/RPC, 2002. Idade Maior, A, real. Teresa Villaverde. Portugal, 1991. Irmã de Minha Noiva, A (Holiday), real. George Cukor. EUA, 1938. Janela Indiscreta (Rear Window), real. Alfred Hitchcock. EUA, 1954. Jeanne Dielman, 23 Quai du Commerce, 1080 Bruxelles, real. Chantal Akerman. Bélgica/França, 1975. Jetée, La, real. Chris Marker. França, 1962. JFK, real. Oliver Stone. EUA/França, 1991. Juventude em Marcha, real. Pedro Costa. França/Portugal/Suíça, 2006. Kes, real. Ken Loach. Reino Unido, 1969. Lista de Schindler, A (Schindler’s List), real. Steven Spielberg. EUA, 1993. Má Sorte (The Cooler), real. Wayne Kramer. EUA, 2002. Matrix (The Matrix), real. Andy e Larry Wachowski. EUA, 1999. Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto, As, real. Miguel Gomes. Alemanha/França/Portugal/ Suíça, 2015. Mil e Uma Noites: Volume 2, O Desolado, As, real. Miguel Gomes. Alemanha/França/Portugal/ Suíça, 2015. Mil e Uma Noites: Volume 3, O Encantado, As, real. Miguel Gomes. Alemanha/França/Portugal/Suíça, 2015. Mulher Fatal (Femme Fatale), real. Brian De Palma. França, 2002. Mulholland Drive (Mulholland Dr.), real. David Lynch. EUA/França, 2001. Nascido a 4 de Julho (Born on the Fourth of July), real. Oliver Stone. EUA, 1989.

172

| Outras Obras Citadas


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 173

Nashville, real. Robert Altman. EUA, 1975. Natureza Morta, real. Susana de Sousa Dias. França/Portugal, 2005. Ninguém Sabe (Dare mo shiranai), real. Hirokazu Koreeda. Japão, 2004. Nixon, real. Oliver Stone. EUA, 1995. No Quarto da Vanda, real. Pedro Costa. Alemanha/Portugal/Suíça, 2000. Nova Vaga (Nouvelle vague), real. Jean-Luc Godard. França/Suíça, 1990. Número Dois (Numéro deux), real. Jean-Luc Godard. França, 1975. Ossos, real. Pedro Costa. Dinamarca/França/Portugal, 1997. Pacificador, O (The Peacemaker), real. Mimi Leder. EUA, 1997. Para Além do Paraíso (Stranger Than Paradise), real. Jim Jarmusch. EUA/RFA, 1984. Parque Jurássico (Jurassic Park), real. Steven Spielberg. EUA, 1993. Pianista, A (Die Klavierspielerin), real. Michael Haneke. Alemanha/Áustria/França, 2001. Platoon — Os Bravos do Pelotão (Platoon), real. Oliver Stone. EUA, 1986. Play Time — Vida Moderna (Playtime), real. Jacques Tati. França, 1967. Quando o Céu e a Terra Mudaram de Lugar (Heaven & Earth), real. Oliver Stone. EUA/França, 1993. Quinto Império — Ontem como Hoje, O, real. Manoel de Oliveira. França/Portugal, 2004. Rapaz e o Touro, O (The Brave One), real. Irving Rapper. EUA, 1956. Red Eye, real. Wes Craven. EUA, 2005. Roger e Eu (Roger & Me), real. Michael Moore. EUA, 1989. Salve-se Quem Puder (Sauve qui peut [la vie]), real. Jean-Luc Godard. Áustria/França/RFA/Suíça, 1980. São Jorge, real. Marco Martins. França/Portugal, 2016. Segredo dos Punhais Voadores, O (Shi mian mai fu), real. Yimou Zhang. Hong Kong/RPC, 2004. Selvagens (Savages), real. Oliver Stone. EUA/Japão, 2012. Sete Mulheres (7 Women), real. John Ford. EUA, 1965. Sétima Alma, A (My Soul to Take), real. Wes Craven. EUA, 2010. Seven — Sete Pecados Mortais (Se7en), real. David Fincher. EUA, 1998. Shoah, real. Claude Lanzmann. França, 1985. Sicko, real. Michael Moore. EUA, 2007. Silêncio, O (Tystnaden), real. Ingmar Bergman. Suécia, 1963. Silêncio dos Inocentes, O (The Silence of the Lambs), real. Jonathan Demme. EUA, 1991. Só os Amantes Sobrevivem (Only Lovers Left Alive), real. Jim Jarmusch. Alemanha/Reino Unido, 2013. Solaris (Solyaris), real. Andrei Tarkovski. URSS, 1972. Sozinho em Casa (Home Alone), real. Chris Columbus. EUA, 1990. Sozinho em Casa 2: Perdido em Nova Iorque (Home Alone 2: Lost in New York), real. Chris Columbus. EUA, 1992. Sozinho em Casa 3 (Home Alone 3), real. Raja Gosnell. EUA, 1997. Spartacus, real. Stanley Kubrick. EUA, 1960. Star Wars: Episódio IV — Uma Nova Esperança (Star Wars: Episode IV — A New Hope), real. George Lucas. EUA, 1977.

Outras Obras Citadas |

173


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 174

Sublime Expiação (Magnificent Obsession), real. Douglas Sirk. EUA, 1954. Tempo do Lobo, O (Le Temps du loup), real. Michael Haneke. Alemanha/Áustria/França, 2003. Terra de Ninguém, real. Salomé Lamas. Portugal, 2012. Terra e Liberdade (Land and Freedom), real. Ken Loach. Alemanha/Espanha/França/Itália/Reino Unido, 1995. This Is England — Isto É Inglaterra (This Is England), real. Shane Meadows. Reino Unido, 2006. Traffic — Ninguém Sai Ileso (Traffic), real. Steven Soderbergh. Alemanha/EUA, 2000. Tubarão (Jaws), real. Steven Spielberg. EUA, 1975. Uma Pedra no Bolso, real. Joaquim Pinto. Portugal, 1988. Unknown Pleasures (Ren xiao yao), real. Zhang-ke Jia. Coreia do Sul/França/Japão/RPC, 2002. Vencidos pela Lei (Down by Law, 1986), real. Jim Jarmusch. EUA/RFA, 2000. Verdade da Mentira, A (True Lies), real. James Cameron. EUA, 1994. Viagem ao Princípio do Mundo, real. Manoel de Oliveira. França/Portugal, 1997. Vítima do Medo, A (Peeping Tom), real. Michael Powell. Reino Unido, 1960. W., real. Oliver Stone. Austrália/EUA/Hong Kong/RPC/Suíça, 2008. Wall Street, real. Oliver Stone. EUA, 1987. Wall Street — O Dinheiro nunca Dorme (Wall Street: Money Never Sleeps), real. Oliver Stone. EUA, 2010. Wolf Creek, real. Greg McLean. Austrália, 2004.

Séries de Televisão 24, cr. Joel Surnow e Robert Cochran. EUA, 2001-10, 2014 (Fox). História não Contada dos Estados Unidos, A (The Untold History of the United States), cr. Oliver Stone. EUA, 2012-13 (Showtime).

174

| Outras Obras Citadas


P_Sérgio Dias Branco_Escrita em movimento_176.qxp:145x205 07/05/20 12:55 Page 175

© SISTEMA SOLAR, CRL (DOCUMENTA) RUA PASSOS MANUEL, 67 B, 1150-258 LISBOA © SÉRGIO DIAS BRANCO, 2020 CAPA: FOTOGRAMA DO FILME COLO, 2017, DE TERESA VILLAVERDE REVISÃO: LUÍS GUERRA 1.ª EDIÇÃO, MAIO 2020 ISBN 978-989-9006-32-4 ——————— DEPÓSITO LEGAL 469702/20

ESTE LIVRO FOI IMPRESSO NA ACD PRINT RUA MARQUESA D’ALORNA, 12-A (BONS DIAS) 2620-271 RAMADA PORTUGAL



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.