Gestão em Saúde

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FRANCISCO RAFAEL DE ARAÚJO RODRIGUES MARCOS PAULO DE OLIVEIRA LIMA

GESTÃO EM SAÚDE DA TEORIA ÀS PRÁTICAS NO GERENCIAMENTO EM ENFERMAGEM

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FICHA TÉCNICA edição: edições Ex-Libris (Chancela Sitio do Livro) título: GESTÃO EM SAÚDE

Da Teoria às Práticas no Gerenciamento em Enfermagem autores: Francisco Rafael de Araújo Rodrigues Marcos Paulo de Oliveira Lima revisão: Professora Luana Monteiro paginação: Alda Teixeira capa: Patrícia Andrade

1..ª Edição Lisboa, Novembro 2015 isbn: 978-989-8714-58-9 depósito legal: 400259/15 © Francisco Rafael de Araújo Rodrigues Marcos Paulo de Oliveira Lima

publicação e comercialização:

www.sitiodolivro.pt

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PREFÁCIO É com grande satisfação que estou prefaciando o livro “Gestão em Saúde: da teoria às práticas no gerenciamento em enfermagem”, de autoria dos enfermeiros Francisco Rafael de Araújo Rodrigues & Marcos Paulo de Oliveira Lima. Os métodos de entrevista e observação escolhidos para a abordagem da temática, complementam-se e possibilitarão inquietude para repensar o “fazer” diário, uma vez que o significado do gerenciamento do cuidado de enfermagem é amplo, complexo e envolve questões inerentes à atuação profissional dos enfermeiros durante as atividades cuidativas. Esta Obra é uma rica e uma compreensível leitura que recomendo, inequivocadamente, seja para o deleite de gestores, enfermeiros, estudantes e/ou pesquisadores interessados. Por fim, sou de parabenizá-los, tanto como enfermeiros e investigadores, na intenção de promover grandioso estímulo e entusiasmo nestes autores, para que obras semelhantes possam emergir das suas mentes e tragam contribuição para a Enfermagem. Por Edite Lopes da Silva Professora da Universidade de Cabo-Verde, África 5

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Agradeço aos enfermeiros, pela magnitude que descreveram o valioso conteúdo do vosso cotidiano para a concretização desta obra. OS AUTORES

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ÍNDICE

Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

CAPÍTULO I – Gerenciamento do Cuidado de Enfermagem

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CAPÍTULO II – Como a Enfermeira, no Contexto Hospitalar,

Gerencia o Cuidado de Enfermagem? . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 A INTERAÇÃO INTERPESSOAL DO ENFERMEIRO:

O cuidado indireto de enfermagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 Observações do gerenciamento do ambiente hospitalar, com foco no cuidado de enfermagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 Observações do gerenciamento de recursos humanos, com foco no cuidado de enfermagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 Observações do gerenciamento de recursos materiais, com foco no cuidado de enfermagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 Observações do gerenciamento de sistemas de informática, com foco no cuidado de enfermagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 ASSISTÊNCIA CLÍNICA DE ENFERMAGEM:

O cuidado direto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

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Observações do gerenciamento do ambiente hospitalar, com foco no cuidado de enfermagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 Observações do gerenciamento de recursos humanos, com foco no cuidado de enfermagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 Observações do gerenciamento de recursos materiais, com foco no cuidado de enfermagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 Observações do gerenciamento de sistemas de informática, com foco no cuidado de enfermagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

Capítulo III – Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

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APRESENTAÇÃO

Compreendemos que um ser que está em uma situação de doença, não apresenta apenas um processo patológico, mas, sobretudo, uma experiência, uma vivência. Pesquisar esse momento singular, se aproximando dessa experiência humana, tornar-se ímpar. Desta forma, resgatamos o tema cuidado, o qual mantém estreita ligação com o ser humano. Ser que contempla, ao mesmo tempo, dimensões biológica, psicológica, social, cultural, espiritual, dentre outras (BRESCIANI, 2000). Nasce, cresce e se desenvolve. Neste caminhar, relaciona-se consigo e com outros e, desta forma, vai se construindo. Um sujeito individual e coletivo que vive em um determinado ambiente social, cultural ou físico e convive com regras, proibições, costumes e crenças (BAGGIO; CALLEGARO; ERDMANN, 2008. Este possui singularidades e especificidades, que o tornam único no universo. Cada um é um mundo vasto de significados que intriga pesquisadores com o complexo objeto de estudo. Um ser complexo requer ação complexa, de cuidado.

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O cuidado humano que sempre esteve presente na história da humanidade (WALDOW, 2001; CARNEIRO, 2008; NEVES, 2002). Waldow (2001), ao tratar da visão histórica da evolução humana e sua relação com o cuidado, afirma que os seres humanos desenvolveram formas e expressões de cuidar, e atitudes e sentimentos de não cuidado. A humanidade supostamente evoluiu, afirma a autora, visto que na história existem paradoxos e ambiguidades entre esses comportamentos, cuidado e não cuidado. Consideramos que essas formas cuidativas foram e, ainda, são essenciais para o crescimento e desenvolvimento da espécie humana. O cuidado visto como uma atitude ética em relação a si e aos outros levaria a inclusão de um todo maior, da sociedade, do meio ambiente, do respeito às pessoas (BOFF, 2005). Uma atitude, um sentimento, uma necessidade, um processo, uma ação, uma presença, o cuidado abrange dimensões teórico-filosóficas e, desta forma, torna-se difícil conceituá-lo. A literatura sobre o tema é ampla. Neves (2002) afirma o cuidado como uma necessidade humana essencial. Corrobora Boff (2005) quando coloca que o cuidado é o fundamento para qualquer interpretação do ser humano. O autor continua afirmando que o cuidado signi12

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fica desvelo, solicitude, zelo e atenção. Essas definições do termo são bastante pertinentes ao aproximar a característica humana do cuidado. De fato, o cuidado humano é essencial, pois sem ele, não haveria vida, significados para quem experimenta esse momento. Gargiulo et al. (2007, p. 698) continuam a definição de cuidado: “O cuidado é um sentimento inerente ao ser humano (...) e está presente em nossa vivência diária, na família, no trabalho, no convívio social, fortalecendo sentimentos e conservando a relação entre quem cuida e quem é cuidado”.

Esse cuidar passou a ser o constructo teórico central para a enfermagem (Moura; RABÊLO; SAMPAIO, 2008). A enfermagem descrita como profissão de ajuda, complexa e multifacetada, constituída por ampla variedade de elementos, em sua composição e em sua prática, incorporou o cuidar. Historicamente, os enfermeiros cuidam bem dos clientes e de forma organizada, sendo esta a essência da enfermagem, que envolve ajuda, atenção, respeito, amor e compreensão mútua (SOUZA et al., 2006). 13

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A literatura científica sobre o cuidado de enfermagem é diversificada, ora se discutem os aspectos teóricos, ora práticos; ora na visão dos cuidadores, os enfermeiros, ora na visão dos sujeitos cuidados, os usuários. A base do processo de atuação do profissional enfermeiro é o cuidado; e o agir do enfermeiro tem sua origem no cuidado direcionado ao cliente (GARGIULO et al., 2007); o processo de cuidar e o cuidado ao paciente é uma área específica da enfermagem (BUENO; QUEIROZ, 2006). Esta aproximação da enfermagem com o cuidado é muito ampla, torna-se necessário definir o que seja esse cuidado, como praticá-lo? Não resumi-lo a tarefas diárias ou protocolos de sistematização. Tanaka e Leite (2007) afirmam que o cuidar é prerrogativa de todos os profissionais da saúde, e questionam: qual é o cuidar do enfermeiro? Percebemos que o trabalho em saúde, tendo como base o cuidar, é muito complexo, cada ser humano é diferente, cada um responde de uma forma específica, não podemos generalizar ações e tarefas, não podemos reduzir o ser humano a um processo patológico e esquecer sentimentos, ignorar que cada um tem sua vida pessoal, suas questões íntimas que devem ser respeitada. 14

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Neste sentido, Sanna (2007, p. 222) aduz que “... a Enfermagem é uma ciência e uma prática que se faz a partir do reconhecimento de que o ser humano demanda cuidados de natureza física, psicológica, social e espiritual durante toda a vida...”. Com essas palavras, tenta aproximar o ato de cuidar às várias dimensões humanas, quais sejam: física, psicológica, social, espiritual e cultural. O ato de cuidar implica o estabelecimento de relação entre sujeitos, profissional e cliente (FERREIRA, 2006). Considero que o espaço intersubjetivo estabelecido entre ambos é permeado por emoções, significados e sentidos. Assim, destacamos neste livro o cuidar como relação, interação entre os sujeitos, por acreditarmos que sentir a presença de uma pessoa em momentos de grandes perturbações é muito importante, e seus efeitos são notáveis, na recuperação da saúde. As diversas situações de cuidado, aproximando aqui o ambiente hospitalar, implicam o estabelecimento de relações entre as pessoas. Estudar o cuidado de enfermagem ao cliente requer entender o próprio cuidado e os sujeitos envolvidos. Diversas circunstâncias podem levar uma pessoa a demandar cuidados de enfermagem. 15

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Nesses casos, os tratamentos e recursos que a biomedicina pode oferecer são úteis, mas não são suficientes. Destaco a abordagem humanística das relações cuidativas em saúde. Avanços científicos não interagem, não penteiam cabelos, não fazem carinho, não falam palavras de conforto. Ainteração entre as pessoas pode ocorrer pela comunicação. Dias et al. (2008) corroboram os autores anteriores, afirmando que comunicação entre paciente e enfermeiro deve ser utilizada com uma das ferramentas utilizadas para proporcionar o cuidado e o conforto necessário ao restabelecimento da saúde. Complementam Vianna e Crossetti (2004, p. 62) destacando que “... quando a comunicação não acontece com qualidade entre os atores do mundo do cuidar, prejudica o estabelecimento do vínculo de ajuda e confiança”. Acredita-se que o resultado da ação de enfermeiros se traduza em benefícios concretos para saúde das pessoas, entendendo esta como holística e dinâmica. Assim, a falha na comunicação entre profissionais e clientes acarreta grandes prejuízos para ambos, o processo de cura pode não se concretizar, a relação fica conturbada e ambos ficam frustrados. No exercício do cuidar, em suas várias dimensões, o enfermeiro necessita aliar conhecimento técnico-científico 16

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ao ser humano. Assim, ao praticar o cuidado, agir e interagir com outra pessoa, e esta reage de alguma forma, em um processo contínuo de expressões que devem ser consideradas nas ações de cuidar e no cuidado de enfermagem. Desta forma, estabeleço como inquietação da pesquisa: ✓ Como a enfermeira, no contexto hospitalar, gerencia o cuidado de enfermagem?

O enfermeiro escuta o paciente, a história deste, a perspectiva pessoal e as estratégias utilizadas, enquanto que o doente recebe elementos que lhe facilitam o lidar com a situação. Sempre há interação. Lopes (2005) realizou pesquisa para compreender a natureza da relação entre cuidador e seres cuidados. Como resultado, foi encontrado que essa relação se constitui como um espaço de proximidade, confiança, disponibilidade e continuidade, que “... permite ao doente reorganizar-se de modo a ultrapassar a crise (...). Para isso contribuem uma extensa gama de cuidados...” (LOPES, 2005, p. 227). Tonam-se relevantes os questionamentos, visto que ao trabalharmos com os sujeitos cuidadores, enfermeiros, bus17

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cando concepções, valores, sentimentos, crenças, procurando compreender o gerenciamento do cuidado de enfermagem por eles atribuídos, e suas ações, contribuímos para o crescimento da profissão, seja na elaboração de conceitos teóricos que embasem as ações cotidianas, seja em definições de atitudes práticas. Também, a enfermagem na prática profissional, em diversos ambientes, lida com seres humanos, experienciando situações muito particulares. Através dessa apreensão de significados, a enfermagem pode buscar caminhos na aplicação desse conhecimento na prática, qualificando o ensino e a realidade assistencial. Também, ao focalizar o gerenciamento do cuidado de enfermagem, surge a necessidade de repensar o ser humano, ator nesse cenário de cuidado, enfatizando singularidade e integralidade. O estudo justifica-se pela necessidade de investigar a prática para compreender o fenômeno do cuidado em nossa profissão. Pois, o ato de cuidar é próprio da natureza humana. Considerando que todos somos cuidadores, é preciso investigá-lo dentro da profissão enfermagem, para buscar a compreensão do enfermeiro. 18

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Este livro teve como objetivo compreender o significado do gerenciamento do cuidado de enfermagem para enfermeiros do contexto hospitalar; entender como é praticado o gerenciamento do cuidado de enfermagem por enfermeiros do contexto hospitalar; elaborar uma representação visual, na forma de figura, que represente os resultados da pesquisa. Para agregar conhecimento acerca desses objetivos, realizou-se estudo qualitativo. A abordagem qualitativa apresenta-se como suporte para o estudo do objeto. Silva et al. (2005) salientam que a utilização da pesquisa qualitativa visa compreender os significados que os acontecimentos e as interações têm para os indivíduos em situações particulares. O estudo foi realizado em um Hospital Geral Secundário do Estado do Ceará, Brasil. A instituição, situada em Fortaleza-CE (Brasil), é gerenciada pela Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (SESA) e atende a pacientes dos 184 municípios cearenses. O atendimento realizado por esta unidade estadual de saúde é via Sistema Único de Saúde/SUS. A escolha pelo referido campo se deu devido ao fato de que o hospital é uma instituição de referência estadual, regional e municipal de atendimento em saúde, configurando

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