«Invade-me um pensamento exótico, um estranho desejo: o de seguir em frente, em linha reta, sobre aquela areia indefinida. Caminhar, apenas caminhar. Eu e o vazio. Em frente, para lugar nenhum, dissolvendo-me lentamente naquelas infinitas e quentes quantidades de nada.» Namíbia, 2014 «… senti-me como um alpinista sobre quatro rodas e só não fechei os olhos nalgumas curvas suicidas porque não convém fazer isso enquanto se conduz.» Canárias, 2013 « … musgos ondulados que apetecia acariciar, espelhos de água onde brincavam imagens e reflexos, sebes de azáleas que dançavam entre trilhos, pinheiros sublimemente esculpidos … e, sobretudo, uma sensação de bem-estar, de que não faz sentido sair dali para qualquer outro lugar.» Japão, 2014 «… além de exalar inúmeros e violentos hálitos esbranquiçados e de mostrar na sua caldeira principal pequenas zonas alaranjadas borbulhantes, alimentava rios de lava acinzentada com várias frentes ainda incandescentes. As escorrências rochosas dizimavam lentamente uma zona florestada, numa imagem de destruição implacável…» Havai, 2015 «Avistam-se de longe, como dois seios proeminentes de uma ilha-mulher deitada, belos, intrigantes, desejáveis, impossível não os olhar e admirar, difícil não querer chegar perto e contemplá-los, de norte para sul, de sul para norte, entre ambos, um à direita, outro à esquerda.» Santa Lúcia, 2013 «Teria entrado numa ofuscante nave espacial, um espaço tão misterioso quanto belo, quase sobrenatural, apenas explicável pelo engenho de seres alienígenas? Seria aquele espaço uma espécie de País das Maravilhas, imaginário, feérico, a ponto de me pôr a cabeça a rodopiar, perfeitamente siderado por tanta beleza?» Irão, 2015 «Com um carro nas mãos e centenas de quilómetros desconhecidos pela frente, limpos de tudo, incluindo de excessos de gente, percorrendo mesclas recônditas de prados, florestas e lagos, tinha todas as condições para ser feliz. E fui.» Finlândia, 2014
JOÃO ANTÓNIO TAVARES
A absurda capital do Turquemenistão, os fascinantes desertos da Namíbia, as longas estradas até ao Cabo Norte, os recantos menos conhecidos da Guatemala, são exemplos dos temas que integram os sedutores roteiros que João António Tavares nos convida a fazer An pelo planeta, ao longo de 21 crónicas de viagens que se procuram focar no interessante, no belo, no que nos enche a alma. Viajar é uma experiência de sentidos, em que se destacam as imagens, em «Folhas de Plátano Plátan - Crónicas de Algures» materializadas pela inclusão de numerosas fotografias; e é também uma experiência de sentimentos, partilhados pelo autor na sua forma pessoal de celebrar a vida e o mundo.
JOÃO ANTÓNIO TAVARES
«… os passarões eram tantos que mal se viam os ramos e arbustos em que pousavam: pelicanos, garças, abutres, anhingas e outras aves mais pequenas distribuíam-se por todos os recantos, compondo um quadro excêntrico de árvores carregadas de frutos com asas e bicos». Guatemala, 2013
João António Tavares nasceu nas Lajes das Flores em 1961, tendo vindo para o continente com cinco anos de idade e vivido desde então, quase ininterruptamente, no concelho de Oeiras. É licenciado em Ciências Militares pela Escola Naval, licenciado em Organização e Gestão li de Empresas pelo ISEG e mestre em Ciências Empresariais pelo ISCTE. Foi oficial da Marinha Portuguesa, consultor em Gestão e Tecnologias da Informação e, durante dez anos, administrador em Portugal de uma empresa multinacional de Consulemp toria, Tecnologia e Outsourcing. Conhecer o mundo sempre foi, desde muito cedo, a sua paixão, pelo que foi ao longo do tempo fazendo numerosas viagens aos cinco continentes, tentando gradualmente men materializar os seus sonhos. Nos últimos anos, tem-se dedicado à escrita como hobby, com interesses na escrita de viagens e na ficção. Três anos depois da edição de «De Mapas a Tesouros – Crónicas de Algures», este é o seu segundo trabalho de escrita de viagens. joao.a.m.tavares@gmail.com www.facebook.com/folhasdeplatano